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Pós-Graduação “lato sensu” | Criminalística, Balística e Medicina Legal Prof. João Bosco Silvino Júnior Criminalística, Balística e Medicina Legal Pós-Graduação “lato sensu” Prof. João Bosco Silvino Júnior Pós-Graduação “lato sensu” | Criminalística, Balística e Medicina Legal Prof. João Bosco Silvino Júnior Unidade IV Papiloscopia Aula 11 INTRODUÇÃO Papiloscopia é a ciência que estuda a identificação humana por meio das papilas dérmicas. O termo é resultante de um hibridismo entre a palavra papilla (papila), do latim, e a palavra skopêin, do grego. Se divide em: DATILOSCOPIA: análise dos desenhos formados pelas papilas dos dedos das mãos, chamados de impressões digitais. QUIROSCOPIA: estudo dos desenhos formados pelas papilas das palmas e das pregas de flexão das mãos, chamados de impressões palmares. PODOSCOPIA: trata dos desenhos formados pelas pregas de flexão e papilas das plantas dos pés e dos dedos dos pés, chamados de impressões plantares. As impressões papiloscópias são regidas por quatro princípios: Perenidade: formadas durante o sexto mês de gestação, duram até a morte; Variabilidade: não repetição dos desenhos dérmicos; Classificabilidade: podem ser agrupadas, permitindo rápida consulta; Imutabilidade: não mudam a sua disposição original. Pós-Graduação “lato sensu” | Criminalística, Balística e Medicina Legal Prof. João Bosco Silvino Júnior Pós-Graduação “lato sensu” | Criminalística, Balística e Medicina Legal Prof. João Bosco Silvino Júnior CLASSIFICAÇÃO DE IMPRESSÕES DIGITAIS Ao longo da história foram propostos vários sistemas de classificação das impressões digitais, entretanto, aquele que se mostrou mais adequado foi o sistema de Juan Vucetich, que se mostrou eficiente porque: Empregou as impressões digitais dos dez dedos; Arquivou as individuais dadiloscópicas com base na respectiva fórmula datiloscópica; Utilizou da combinação das letras A, I, E e V e dos números 1, 2, 3 e 4, resultando em um número grande de fórmulas datiloscópicas. Para a compreensão da classificação das impressões digitais segundo o sistema de Juan Vucetich, é importante entender os sistemas de linha e, a partir deles, o que é o delta em uma impressão. São três os sistemas de linhas, que são divididos pelas linhas diretrizes marginal, basilar e nuclear. O ponto de aproximação das três linhas diretrizes é chamado DELTA. É a característica mais importante do sistema datiloscópico e sua correta identificação é fundamental. O DELTA também pode ser formado pela junção das três linhas diretrizes, sendo chamado DELTA TRIPÓDIO. As impressões são divididas em quatro tipos, todos relacionados ao delta da impressão: Impressões que não apresentam o delta são denominadas ARCOS. Impressões com um delta são denominadas PRESILHAS. Quando o delta está à direita do observador, trata-se de uma PRESILHA INTERNA. Quando o delta está à esquerda, trata-se de uma PRESILHA EXTERNA. Quando ocorrem dois deltas, será chamada VERTICILO. Pós-Graduação “lato sensu” | Criminalística, Balística e Medicina Legal Prof. João Bosco Silvino Júnior Essa é a classificação fundamental das impressões. Existem subclassificações que permitem refinar o agrupamento das impressões, tais como as variações de cada tipo de impressão fundamental, tipo de núcleo, entre outras, cujo detalhamento não faz parte do escopo do curso. REVELAÇÃO DE IMPRESSÕES PAPILARES Na criminalística, as impressões são divididas quanto à sua visibilidade: IMPRESSÕES LATENTES são aquelas não visíveis a olho nu, precisando de métodos de revelação para serem levantadas; IMPRESSÕES VISÍVEIS não necessitam de quaisquer métodos para visualização; IMPRESSÕES PLÁSTICAS ou MODELADAS são deixadas em suportes maleáveis, apresentando três dimensões. Revelar uma impressão é torná-la visível a olho nu. São diversos os métodos de revelação, de acordo com o suporte pesquisado, o tipo de impressão e o tempo de produção da impressão. Impressões latentes são formadas pelo suor e oleosidade da pele humana, ou seja: água, gordura, sais minerais e uréia. Os principais métodos de revelação são os Métodos sólidos (pós levantadores), os Métodos líquidos (ninidrina, violeta de genciana, pequenas partículas) e os Métodos gasosos (vapor de cianocrilato). Conheça um pouco mais sobre cada um deles: PÓS REVELADORES: São partículas sólidas finíssimas que se aderem aos compostos presentes nas impressões. Em impressões recentes, aderem-se principalmente à água. Em impressões mais antigas, aderem-se aos compostos oleosos, gordurosos ou sebáceos das impressões. A aderência é gerada por forças de interação Pós-Graduação “lato sensu” | Criminalística, Balística e Medicina Legal Prof. João Bosco Silvino Júnior eletromagnética, em virtude da densidade de cargas elétricas superficiais das moléculas que compõem os pós. NINIDRINA: é um produto químico utilizado para a detecção de aminoácidos. Ao reagir com os aminoácidos existentes na impressão, revela o desenho na cor azul escura ou roxa. É recomendável a utilização de uma estufa para melhorar a qualidade do processo. VIOLETA DE GENCIANA: reage com componentes gordurosos do suor sebáceo, produzindo uma imagem roxa de grande intensidade. É recomendável para levantamento de impressões em fitas adesivas, no lado da cola, podendo também ser utilizada em superfícies contaminadas com óleos ou graxas. É extremamente tóxico, sendo recomendado o uso de EPI e capela de exaustão. REAGENTE DE PEQUENAS PARTÍCULAS: finas partículas dissolvidas em solução detergente, utilizada para revelar impressões inclusive em superfícies molhadas. Recomendado para superfícies não porosas, é um produto atóxico, entretanto, as impressões reveladas são facilmente danificadas. PRETO DE AMIDO (AMIDO BLACK): Não é propriamente um revelador de impressões, entretanto é utilizado para suportes manchados com sangue, melhorando a visualização das impressões ali existentes e permitindo o seu levantamento. VAPOR DE CIANOCRILATO: baseia-se na polimerização do éster de cianocrilato, que se adere aos aminoácidos, ácidos graxos e proteínas das impressões, produzindo um depósito branco sobre as impressões. A impressão revelada pode ser melhorada com a utilização de pós ou corantes e é extremamente resistente. Para a sua utilização, geralmente é necessária uma câmara para o acúmulo dos gases, exceto quando são utilizados fumegadores, que aplicam a fumaça diretamente sobre as impressões. Pós-Graduação “lato sensu” | Criminalística, Balística e Medicina Legal Prof. João Bosco Silvino Júnior LEVANTAMENTO DE IMPRESSÕES PAPILARES O levantamento das impressões reveladas consiste na perpetuação da impressão papilar. Podem ser utilizados desde o processo de fotografia até levantadores moldáveis, passando pelos tradicionais levantadores articulados. É uma etapa tão importante quanto a própria revelação das impressões. CONFRONTO PAPILOSCÓPICO O confronto de impressões papilares se dá pela comparação entre a impressão incriminada ou motivo (colhida no local de crime) e as impressões suspeitas. Além da comparação da classificação da impressão digital, são analisados também os pontos característicos detectados no desenho digital. Pontos característicos são desenhos específicos formados pelas cristas digitais, que permitem a individualização da impressão entre duas ou mais com a mesma classificação. Os pontos característicos são os responsáveis pelo princípio da variabilidade das impressões digitais. A utilização de um número mínimo de pontos característicos para confirmação da impressão é controverso. Alguns sistemas utilizam 7, outros 12 pontos característicos. Assim como a balística forense, a papiloscopia é um campo extremamentevasto da criminalística. Em alguns estados existe até uma carreira específica para peritos na área papiloscópica, dada a quantidade de conhecimento existente sobre o assunto! Até a próxima aula! Pós-Graduação “lato sensu” | Criminalística, Balística e Medicina Legal Prof. João Bosco Silvino Júnior REFERÊNCIAS DOREA, L. E., STUMVOLL, V. P.; QUINTELA, V. Criminalística. 4. ed. Campinas: Millenium, 2010. ESPÍNDULA, A. Criminalística para concursos. Campinas: Millenium, 2002. KEHDY, C. Manual de Local de Crime. São Paulo: Escola de Polícia de São Paulo, 1959. RABELLO, E. Curso de Criminalística. Porto Alegre: Sagra – Luzzatto, 1996. TOCCHETTO, D.; ESPÍNDULA, A. Criminalística - Procedimentos e Metodologia. Espíndula - Consultoria, Cursos e Perícias Ltda, 2005. VELHO, J. A.; GEISER, G. C.; ESPÍNDULA, A. Ciências Forenses - Uma introdução às principais áreas da Criminalística Moderna. Campinas: Millennium, 2012.
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