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lais.ubaldo.89@gmail.com CURSO DE EXTENSÃO EM CIÊNCIAS FORENSES - ANALYSIS Profª Esp. Laís Ubaldo – Perita Judicial e Consultora Técnica CRBio 109592/01-D MÓDULO 2 mailto:lais.ubaldo.89@gmail.com lais.ubaldo.89@gmail.com CURSO DE EXTENSÃO EM CIÊNCIAS FORENSES - ANALYSIS Profª Esp. Laís Ubaldo – Perita Judicial e Consultora Técnica CRBio 109592/01-D MATERIAL DE APOIO MÓDULO 2 – PAPILOSCOPIA INTRODUÇÃO À PAPILOSCOPIA FORENSE A Papiloscopia é a ciência que trata da identificação humana por meio do exame dos relevos irregulares formados pelas projeções das papilas dérmicas, pequenas bolsas de formação neurovascular projetadas a partir da camada mais profunda da pele, a derme. Estes relevos, denominados de desenhos papilares, são também visualizados na camada mais superficial da pele, a epiderme, podendo ser encontrados nas extremidades digitais, palma das mãos e planta dos pés (Senna, 2014). Papilla = do latim = significa papila Skôpein = do grego = significa examinar Camadas da pele As impressões papilares são formadas pela reprodução destes relevos em superfícies, as quais se dividirão, segundo a sua localização, em: impressões digitais, palmares e plantares. Os métodos que analisam estas regiões e que mailto:lais.ubaldo.89@gmail.com lais.ubaldo.89@gmail.com CURSO DE EXTENSÃO EM CIÊNCIAS FORENSES - ANALYSIS Profª Esp. Laís Ubaldo – Perita Judicial e Consultora Técnica CRBio 109592/01-D são subdivisões da Papiloscopia, são respectivamente: Dactiloscopia, Quiroscopia e Podoscopia (Ferreira e Brito, 2012). Se reproduzirmos o desenho digital em alguma superfície teremos a impressão digital, se for a reprodução do desenho palmar, teremos a impressão palmar e se for a reprodução da região plantar, teremos a impressão plantar. Quando for reproduzido as três regiões ou quando não é possível inicialmente determinar a que região pertence um fragmento de impressão, denomina-se impressão papilar, referente as três regiões anatômicas: pés, mãos e dedos. O objetivo da Papiloscopia será fornecer a autoria de uma impressão desconhecida (impressão questionada), por meio do confronto com uma impressão já individualizada (impressão padrão), seguindo-se os métodos científicos de Análise, Comparação, Avaliação e Verificação (Velho, Geiser e Espíndula, 2013). A identificação de uma pessoa por meio desta metodologia pode ser utilizada tanto para fins civis, como criminais, sendo que nos dois procedimentos, o objetivo principal será impedir que determinado indivíduo seja tido por outrem, evitando-se desta forma inúmeros problemas, como uma pessoa inocente seja acusada de autoria de um delito em virtude de equívoco na sua identidade. CONCEITOS, HISTÓRICO E METODOLOGIAS APLICADAS NA IDENTIFICAÇÃO HUMANA Cada pessoa apresenta uma característica própria que a diferencia dos demais e este conjunto de caracteres próprios e exclusivos que individualizam pessoas, animais ou coisas é que compõem a nossa identidade (Ferreira e Brito, 2012). mailto:lais.ubaldo.89@gmail.com lais.ubaldo.89@gmail.com CURSO DE EXTENSÃO EM CIÊNCIAS FORENSES - ANALYSIS Profª Esp. Laís Ubaldo – Perita Judicial e Consultora Técnica CRBio 109592/01-D Para se estabelecer a identidade de cada pessoa, é necessário que haja um método para que possamos diferenciar uma pessoa da outra. Este processo ou conjunto de processos destinados a estabelecer a identidade de uma pessoa é o que denominamos de identificação. Com o intuito de estudar estas particularidades de cada indivíduo é que ao longo da história surgiram diversos métodos de identificação, sendo que, os primeiros eram tidos como métodos primitivos de identificação, pois eram considerados como forma de simples reconhecimento dos indivíduos e somente após o avanço da ciência na segunda metade do século XIX, é que surgiram os métodos científicos de identificação. Os primeiros processos de identificação (os primitivos) buscavam apenas diferenciar uma pessoa natural em vida na sociedade, surgindo desta forma a individualização por nomes. Com o passar do tempo, o homem sentiu a necessidade de diferenciar as pessoas nocivas à sociedade e criou métodos de identificação criminal que desrespeitavam a dignidade da pessoa humana, sendo que isto só foi notado ao longo dos anos. Como exemplo destes métodos, pode-se citar o Ferrete, onde se utilizava um ferro em brasa para marcar os criminosos de acordo com o crime cometido, sendo este também aplicado aos escravos fugitivos; e a mutilação, que consistia na amputação de algumas partes do corpo. Estes processos de identificação tinham dupla finalidade, a de punir e identificar. Além destes métodos, a tatuagem também foi proposta como método de identificação em 1832 por Jeremy Bentham, sendo a primeira vez que se pensou em identificar todas as pessoas, mas como a proposta de Bentham era tatuar o indivíduo logo ao nascer com o seu nome no antebraço, esta ideia foi considerada extremamente constrangedora pela sociedade e o seu método acabou não sendo utilizado. Para suprir a necessidade de identificação mais humanizada, surge o processo fotográfico e os métodos científicos de identificação, como o Antropométrico de Bertillon, Odontológico, Papiloscópico e DNA. mailto:lais.ubaldo.89@gmail.com lais.ubaldo.89@gmail.com CURSO DE EXTENSÃO EM CIÊNCIAS FORENSES - ANALYSIS Profª Esp. Laís Ubaldo – Perita Judicial e Consultora Técnica CRBio 109592/01-D A diferença entre se identificar e reconhecer trata-se de que identificar não é apenas reconhecer, é provar por meios técnicos, precisos, inconfundíveis e irrefutáveis que uma pessoa é totalmente distinta de qualquer outra do universo. Os métodos de identificação utilizados são basicamente, o Papiloscópico, o Odontológico e o DNA. Destes, a Papiloscopia é o mais utilizado dentre estes métodos por ser considerada mundialmente um método seguro, eficaz e principalmente de baixo custo (Velho, Geiser e Espíndula, 2013). Quando pensamos em identificação, sempre parte-se do método mais barato para o mais caro, portanto em primeiro lugar utilizamos o método Papiloscópico, se este não puder ser utilizado, pensa-se no Odontológico, não sendo possível a utilização deste, pensa-se no DNA que é o mais caro. A biometria é também um método utilizado que auxilia o processo de identificação. Neste processo temos um reconhecimento do indivíduo mediante análise das características físicas (impressão digital, íris, ramificações venosas, entre outros), geometria (medida da face, mão, entre outros) e comportamentais únicas (frequência de voz). Estes métodos exigem a utilização de equipamentos sofisticados e de alto custo (Ferreira e Brito, 2012). Biometria = significa “medida da vida” Para o funcionamento de um sistema biométrico é necessário que existam nas unidades que o utilizarão, além de pessoas treinadas, terminais previamente configurados e providos de um sensor que capture a imagem a ser analisada. No caso de um sistema biométrico que analise as impressões digitais é necessário, por exemplo, de um sensor óptico (scaner) apto a fazer o escaneamento destas. O usuário coloca o dedo sobre o scaner, e o mecanismo o fotografa. O reconhecimento é feito com base nas cristas (partes mais salientes do dedo). O programa vai selecionar alguns pontos de destaque, mailto:lais.ubaldo.89@gmail.com lais.ubaldo.89@gmail.com CURSO DE EXTENSÃO EM CIÊNCIAS FORENSES - ANALYSIS Profª Esp. Laís Ubaldo – Perita Judicial e Consultora Técnica CRBio 109592/01-D chamados de pontos característicos, e a partir daí será gerado uma relação numérica que representará a imagem, isto faz com que gere mais espaço nos discos e aumente a agilidade nas buscas. Este método exige que o usuário se registre no sistema, permitindo a coleta de certas característicasexteriores, como por exemplo, a impressão digital, também será armazenada a fotografia e alguns dados qualificativos. Em seguida, os dados são convertidos em um padrão único e começam a integrar o banco de dados do sistema. Quando o usuário resolver acessar o sistema, suas medidas são comparadas àquelas do banco de dados e o acesso será permitido quando houver coincidência dos padrões. Apesar da existência de vários sistemas de identificação, aquele que conseguiu superioridade aos demais, principalmente em questão da praticidade da coleta de dados, além da segurança nos resultados que apresenta e do custo reduzido de sua utilização, foi o Sistema Papiloscópico. DACTILOSCOPIA É o método de identificação através das impressões digitais. Este método de identificação tem aplicação mais ampla, pois a tomada das impressões digitais é bem mais simples que das demais regiões, além dos dez dedos oferecem elementos abundantes para classificação e subclassificação, possibilitando desta forma, o arquivamento destas impressões. Existem dois tipos de identificação onde coletamos as impressões digitais, para identificação criminal e cível. Para Identificação Criminal as impressões digitais serão coletadas na chamada ficha dactiloscópica, que é um retângulo de papel, onde se tem determinado a posição de cada dedo e a mão a que se refere. mailto:lais.ubaldo.89@gmail.com lais.ubaldo.89@gmail.com CURSO DE EXTENSÃO EM CIÊNCIAS FORENSES - ANALYSIS Profª Esp. Laís Ubaldo – Perita Judicial e Consultora Técnica CRBio 109592/01-D No verso desta ficha, temos espaço para coleta de dados qualificativos e lugar para coletar as chamadas impressões de controle, que servem para verificar se não houve troca dos dedos pelo operador no anverso da individual dactiloscópica. Quando a ficha dactiloscópica recebe as impressões digitais é chamada de individual datiloscópica. Estas individuais dactiloscópicas são armazenadas no arquivo decadactilar pela chamada fórmula dactiloscópica, cada impressão digital recebe uma classificação de acordo com a configuração do desenho que ela apresenta, segundo o Sistema Dactiloscópico de Vucetich. SISTEMA DACTILOSCÓPICO DE VUCETICH Juan Vucetich observou que as impressões poderiam ser classificadas e reunidas em grupos, construindo inclusive formas mais eficientes para a sua coleta, e criou o método de identificação baseado na presença ou ausência do delta. Os quatro tipos fundamentais do Sistema Dactiloscópico de Vucetich são o Arco, Presilha Interna, Presilha Externa e Verticilo, representados nos polegares pelas letras A, I, E, V e pelos respectivos algarismos 1, 2, 3 e 4 nos demais dedos. Este tipo de classificação é utilizada no Brasil desde 1905, quando a Papiloscopia foi introduzida no país. Ilustração do Sistema Dactiloscópico de Juan Vucetich mailto:lais.ubaldo.89@gmail.com lais.ubaldo.89@gmail.com CURSO DE EXTENSÃO EM CIÊNCIAS FORENSES - ANALYSIS Profª Esp. Laís Ubaldo – Perita Judicial e Consultora Técnica CRBio 109592/01-D Fonte: Ferreira e Brito, 2012. - Arco: é representado pela letra A nos polegares ou número 1 nos demais dedos, não tem delta. As linhas percorrem o campo da impressão digital de um lado ao outro, assumindo uma configuração em forma de arcos mais ou menos paralelos e oblíquos. É a impressão digital mais difícil de ser encontrada, aparecendo em aproximadamente 5% das pessoas, além disto, é uma das figuras mais difíceis de se confrontar. - Presilha interna: é representada pela letra I nos polegares ou número 2 nos demais dedos. É a impressão digital que apresenta um delta a direita do observador e suas linhas centrais convergem para a esquerda formando presilhas ou laçadas. - Presilha externa: é representado pela letra E nos polegares ou número 3 nos demais dedos. É a impressão digital que apresenta um delta a esquerda do observador e suas linhas centrais convergem para a direita formando presilhas ou laçadas. As presilhas interna e externa são as impressões digitais mais comuns de serem encontradas, sendo frequentes em 60% das pessoas. - Verticilo: é representado pela letra V nos polegares ou número 4 nos demais dedos. É a impressão digital que apresenta dois deltas, um a direita e outro a esquerda do observador. Suas linhas centrais ficam encerradas por estes dois deltas, formando configurações variadas. Está presente em 35% das pessoas. Além dos quatro tipos fundamentais do Sistema Dactiloscópico de Vucetich existem os chamados tipos especiais, acidentais e anomalias. TIPOS ESPECIAIS mailto:lais.ubaldo.89@gmail.com lais.ubaldo.89@gmail.com CURSO DE EXTENSÃO EM CIÊNCIAS FORENSES - ANALYSIS Profª Esp. Laís Ubaldo – Perita Judicial e Consultora Técnica CRBio 109592/01-D Os tipos especiais para classificação dactiloscópica são tipos raros apresentados apenas em alguns indivíduos, sendo classificados da seguinte forma: - Gancho: representado pela letra G nos polegares ou número 5 nos demais dedos. É a impressão digital que apresenta suas linhas centrais em forma de gancho, ou seja, tendo a inflexão das linhas inclinada para o delta, sendo que devido ao intensificamento deste encurvamento da laçada pode surgir outro delta. Tipo especial de impressão digital classificada como gancho Fonte: Ferreira e Brito, 2012. - Anômalo: representado pelas letras An nos polegares ou número 6 nos demais dedos. É a impressão digital que não apresenta as necessárias características para serem classificadas ou incluídas nos quatro tipos de Vucetich. Tipo especial de impressão digital classificada como anômalo Fonte: Ferreira e Brito, 2012. mailto:lais.ubaldo.89@gmail.com lais.ubaldo.89@gmail.com CURSO DE EXTENSÃO EM CIÊNCIAS FORENSES - ANALYSIS Profª Esp. Laís Ubaldo – Perita Judicial e Consultora Técnica CRBio 109592/01-D - Dupla: representado pelas letras Dpl nos polegares ou número 7 nos demais dedos. É a impressão digital que apresenta uma combinação entre a presilha interna e o gancho, apresentando dois deltas e dois núcleos. Tipo especial de impressão digital classificada como dupla Fonte: Ferreira e Brito, 2012. TIPOS ACIDENTAIS Os tipos acidentais para classificação dactiloscópica são características presentes nos desenhos digitais adquiridas ao longo da vida, tendo origem em acidentes que afetam suas papilas digitais. São anomalias provocadas por queimaduras, traumatismos, cortes, esmagamentos e amputações, que atinjam os tecidos dérmicos de maneira irrecuperável. A nomenclatura desta classificação será apresentada abaixo (Codeço e Amaral, 1992). - Cicatriz: é utilizada para cicatrizes que prejudiquem o núcleo, dificultando ou impossibilitando a leitura. Representado pela letra X nos polegares ou número 8 nos demais dedos. mailto:lais.ubaldo.89@gmail.com lais.ubaldo.89@gmail.com CURSO DE EXTENSÃO EM CIÊNCIAS FORENSES - ANALYSIS Profª Esp. Laís Ubaldo – Perita Judicial e Consultora Técnica CRBio 109592/01-D Tipo acidental de impressões digitais classificadas como cicatriz Fonte: Ferreira e Brito, 2012. - Amputação: é quando temos a ausência parcial ou total do dedo. Representado por 0 (zero). TIPOS DE ANOMALIAS - Anomalias são aquelas que têm origem na formação embrionária. Estas podem ser de vários tipos diferentes: - Polidactilia: anomalia congênita caracterizada pela presença de dedos em número maior que o normal. - Ectrodactilia: anomalia congênita caracterizada pela presença de dedos em número menor que o normal. - Sindactilia: anomalia congênita caracterizada pela presença de dedos unidos (Araújo 1949). - Microdactilia: anomalia congênita caracterizada pela presença de dedos em tamanho menor que o normal. - Macrodactilia: anomalia congênita caracterizada pela presença de dedos em tamanho maior queo normal. - Anquilose: é uma anomalia congênita ou adquirida que consiste na falta de articulação parcial ou total dos dedos, de modo a prejudicar as impressões ou as suas coletas (Manual INI, 2004). - Adactilia: é a anomalia congênita que consiste na ausência total dos dedos de uma ou ambas as mãos. mailto:lais.ubaldo.89@gmail.com lais.ubaldo.89@gmail.com CURSO DE EXTENSÃO EM CIÊNCIAS FORENSES - ANALYSIS Profª Esp. Laís Ubaldo – Perita Judicial e Consultora Técnica CRBio 109592/01-D - Acheiria: anomalia congênita caracterizada pela ausência da(s) mão(s) (Brito, 2003). - Acheiropodia: é uma doença congênita autossômica recessiva caracterizada pela amputação dos membros superiores e inferiores e aplasia das mãos e dos pés. Esta condição grave de incapacidade parece afetar apenas as extremidades, não havendo outras manifestações sistêmicas relatadas (Ianakiev et. al, 2000). - Afalangia: anomalia congênita caracterizada pela inexistência de todas as falanges (Brito, 2003). - Amelia: anomalia congênita caracterizada pela ausência completa do membro superior (Brito, 2003); - Hemimelia: é um tipo de amputação congênita que se define como a ausência do antebraço e da mão, e é, dentre as anomalias na formação de membros, uma das mais frequentes. - Megalodactilia: anomalia congênita constituída por dedos mais longos que o normal (Araújo, 1949). - Polissindactilia: anomalia congênita rara que consiste na união de vários dedos (Tachdjian,1995). FÓRMULA FUNDAMENTAL DE VUCETICH Diferentemente de Galton que arquivava pela data da coleta das impressões digitais, ou seja, ordem cronológica, Vucetich organizou o arquivamento dactiloscópico pela chamada fórmula dactiloscópica ou também denominada fórmula fundamental (Ferreira e Brito, 2012). mailto:lais.ubaldo.89@gmail.com lais.ubaldo.89@gmail.com CURSO DE EXTENSÃO EM CIÊNCIAS FORENSES - ANALYSIS Profª Esp. Laís Ubaldo – Perita Judicial e Consultora Técnica CRBio 109592/01-D Estas individuais dactiloscópicas após serem classificadas e subclassificadas serão arquivadas e organizadas segundo Sistema Dactiloscópico de Vucetich, permitindo uma combinação de 1.048.5761, quando considerado apenas os quatro tipos propostos por Vucetich. A fórmula dactiloscópica é composta por um conjunto de símbolos representando os tipos fundamentais, sendo disposta sob a forma de fração ordinária, de tal forma que, o numerador representa os dedos da mão direita e o denominador, os dedos da mão esquerda, na sua ordem natural, isto é, polegar, indicador, médio, anular e mínimo. No sistema de Vucetich, a fórmula datiloscópica é dividida em duas partes: literal e numeral. - Fórmulas literais: é constituída pelas letras que representam os tipos fundamentais dos polegares, permitindo, desta forma, 16 combinações dos quatros tipos fundamentais, as quais são: A/A A/I A/E A/V I/A I/I I/E I/V E/A E/I E/E E/V V/A V/I V/E V/V - Fórmulas numerais: são constituídas pelos algarismos que representam os tipos fundamentais nos dedos indicadores, médios, anulares e mínimos, sendo que no sistema de Vucetich há 65.536 combinações numerais. Cada tipo fundamental apresenta variações na configuração do desenho digital, sendo estas variações passíveis de serem subclassificadas, não contrariando, nem prejudicando as características essenciais determinantes dos tipos fundamentais. A realização do procedimento de subclassificação em um arquivo decadactilar permite o desdobramento das fórmulas dactiloscópicas, sendo que esta atitude é de fundamental importância para que os arquivos não mailto:lais.ubaldo.89@gmail.com lais.ubaldo.89@gmail.com CURSO DE EXTENSÃO EM CIÊNCIAS FORENSES - ANALYSIS Profª Esp. Laís Ubaldo – Perita Judicial e Consultora Técnica CRBio 109592/01-D contenham em uma mesma classificação primária, milhares de individuais arquivadas, mantendo estas sempre em pequenas proporções para que a pesquisa seja possível. As subclassificações do tipo fundamental arco são: plano, angular, bifurcado à direita ou à esquerda, destro apresilhado e sinistro apresilhado. Subclassificações do Arco Fonte: Ferreira e Brito, 2012. As subclassificações dos tipos fundamentais das presilhas interna e externa são: presilha interna e externa invadida. Subclassificações das Presilhas Interna e Externa Fonte: Ferreira e Brito, 2012. As subclassificações dos tipos fundamentais do verticilo são: circular, espiral, ovoidal, sinuoso e duvidoso. mailto:lais.ubaldo.89@gmail.com lais.ubaldo.89@gmail.com CURSO DE EXTENSÃO EM CIÊNCIAS FORENSES - ANALYSIS Profª Esp. Laís Ubaldo – Perita Judicial e Consultora Técnica CRBio 109592/01-D Subclassificações do Verticilo Fonte: Ferreira e Brito, 2012. IDENTIFICAÇÃO DACTILOSCÓPICA CRIMINAL E CÍVEL No estado de São Paulo temos um dos maiores arquivos dactiloscópicos do mundo, apresentando três tipos de arquivamento, dois sistemas de arquivo, um para as pessoas com passagens criminais e um para civis (Fernandes et al., 2009). - Identificação Criminal Quando uma pessoa comete alguma infração penal e são coletadas as suas impressões digitais, estas serão coletadas em planilhas de inquérito, denominadas de Boletim de Identificação Criminal (BIC). Este conterá além das impressões digitais dos dez dedos, dados qualificativos do indiciado e a natureza do crime cometido pelo infrator. O BIC vai fazer parte do prontuário desta pessoa, o qual receberá um número que fará parte do arquivo criminal organizado em ordem numérica crescente. Existe também o BIC sem as impressões do identificando, pois este se recusou a coletar suas impressões digitais ou apresentou documento de identidade (Lei 12.037/2009). Nestes casos, chamamos de qualificação indireta, não há como comprovar se os dados apresentados pelo indiciado são verdadeiros, pois ele poderá estar utilizando da qualificação de outra pessoa indevidamente, sendo, portanto, imprescindível a exigência da legitimação mailto:lais.ubaldo.89@gmail.com lais.ubaldo.89@gmail.com CURSO DE EXTENSÃO EM CIÊNCIAS FORENSES - ANALYSIS Profª Esp. Laís Ubaldo – Perita Judicial e Consultora Técnica CRBio 109592/01-D antes da inclusão deste na Unidade Prisional. A legitimação irá confirmar, ou seja, tornar legítima a identidade de cada pessoa e, portanto, será necessária em todos os casos. Quando as impressões digitais forem coletadas no BIC estas também serão coletadas nas fichas dactiloscópicas, as quais, após serem classificadas e subclassificadas, serão arquivadas e organizadas segundo Sistema Dactiloscópico de Vucetich, distribuídas em 37 arquivos eletromecânicos giratórios, os quais irão compor um dos arquivos criminais do IIRGD, o arquivo decadactilar, contendo ao todo, aproximadamente, quatro milhões de individuais dactiloscópicas. Portanto, o IIRGD apresenta dois tipos de arquivos criminais, ou seja, o arquivo criminal organizado pelas impressões digitais e o arquivo onde os prontuários seguem uma numeração crescente de número de registro criminal, sendo abastecidos pelas BICs. Ainda como parte da identificação criminal temos no IIRGD uma seção responsável pela identificação de fragmentos advindos de locais de crime, sendo a seção monodactilar, onde são realizados confrontos das impressões papilares encontradas nos locais de crime com as impressões papilares dos suspeitos, vítimas e demais pessoas que poderiam estar presentes no local dos fatos. Esta seção também será responsável pela identificação por meio de perícia necropapiloscópica, método de identificação humana por meio da análise das impressões digitais de cadáveres em diversos estágios de morte. - Identificação civil Além dos arquivos criminais, há o arquivo civil, com organização em ordem crescente pelo número de Registro Geral (RG) e não pela fórmuladactiloscópica de Vucetich. Quando a pessoa requisita um documento de identidade, suas dez impressões digitais são coletadas na denominada Ficha de Identificação Civil (FIC), a qual ficará armazenada neste tipo de arquivo, que mailto:lais.ubaldo.89@gmail.com lais.ubaldo.89@gmail.com CURSO DE EXTENSÃO EM CIÊNCIAS FORENSES - ANALYSIS Profª Esp. Laís Ubaldo – Perita Judicial e Consultora Técnica CRBio 109592/01-D atualmente apresenta cerca de 52 milhões de fichas civis (Fernandes et al., 2009). Com o aumento da população ocorreu o crescimento destes arquivos desenfreadamente, tornando este tipo de pesquisa cada vez mais difícil pelos Papiloscopistas, os quais despendem muito tempo na busca manual pela codificação das fórmulas dactiloscópicas e análise visual de quantidades enormes de individuais, ocorrendo muitas vezes a demora, prejudicando o esclarecimento da identidade. Portanto, torna-se cada vez mais necessário o uso de um sistema de busca pelas impressões digitais automatizado, para que, nestes casos, houvesse mais agilidade na perícia realizada por estes profissionais, além de maior segurança nos resultados. Então criou-se o sistema denominado Automated Fingerprint Identification System (AFIS). As pesquisas relacionadas à implantação de um Sistema Automatizado de Identificação por Impressões Digitais (AFIS) iniciaram na década de 60 nos Estados Unidos. Devido ao crescimento demasiado ocorrido nos arquivos dactiloscópicos, esta tecnologia espalhou-se rapidamente pelo mundo inteiro e atualmente não mais se questiona a praticabilidade das impressões digitais no sistema de identificação datiloscópico e nem da viabilidade econômica de um AFIS (Araújo, 2000). O AFIS consiste em um sistema digital automatizado que otimizará o trabalho realizado pelo Papiloscopista no processo de identificação por meio das impressões digitais, capturando-as e permitindo processá-las estabelecendo um relacionamento entre as impressões digitais de pessoas que já foram previamente cadastradas, facilitando sobremaneira a pesquisa dactiloscópica e aumentando muito as chances de resolução dos casos. Com o resultado fornecido pelo sistema é realizado um procedimento pericial pelo Papiloscopista, o qual emitirá um parecer conclusivo, pois somente o cérebro humano consegue interpretar os detalhes presentes na mailto:lais.ubaldo.89@gmail.com lais.ubaldo.89@gmail.com CURSO DE EXTENSÃO EM CIÊNCIAS FORENSES - ANALYSIS Profª Esp. Laís Ubaldo – Perita Judicial e Consultora Técnica CRBio 109592/01-D impressão digital, descartando assim, os falsos positivos relacionados pelo software. Na Polícia Civil do Estado de São Paulo existe um Sistema denominado de ALPHA onde digitaliza-se todos os prontuários civis e criminais. Este sistema possibilita que o Papiloscopista ao realizar a perícia papiloscópica, possa consultar as imagens das impressões digitais de um prontuário civil ou criminal na tela de um computador e comparar com as impressões digitais investigadas. Esta comparação é feita com o auxílio de uma simples lupa, que aumenta de quatro a cinco vezes a visualização das impressões digitais investigadas. Para acessar este sistema são necessários alguns dados da pessoa a ser investigada, como por exemplo, número de RG e nome, porque o sistema acessa por estes dados e não pela impressão digital. Não podemos confundir o programa Alpha da Polícia Civil do Estado de São Paulo com o Sistema AFIS, usado pela Polícia Federal e demais estados. O segundo possui um banco de dados, impressões digitais, que mediante a consulta de um Papiloscopista sobre uma impressão questionada e informa um universo reduzido de possíveis. O Papiloscopista mesmo auxiliado pelos sistemas Alpha ou AFIS continua utilizando seus conhecimentos técnicos e perspicácia para chegar a um único resultado de uma identificação impressões padrões. Cabe ao Papiloscopista fazer a comparação e apontar a correspondência exata da impressão questionada e a sua identificação. QUIROSCOPIA É o método de identificação através das impressões palmares, ou seja, da palma das mãos. Não há no IIRGD um arquivo específico para a impressão palmar e, portanto, o trabalho da perícia é apenas através de confrontos entre a impressão questionada e a impressão padrão (Ferreira e Brito, 2012). mailto:lais.ubaldo.89@gmail.com lais.ubaldo.89@gmail.com CURSO DE EXTENSÃO EM CIÊNCIAS FORENSES - ANALYSIS Profª Esp. Laís Ubaldo – Perita Judicial e Consultora Técnica CRBio 109592/01-D A palma da mão é dividida em três regiões anatômicas: região tênar, superior ou infra-digital e hipotenar. Tomada de impressão palmar com destaque das três regiões anatômicas Fonte: Ferreira e Brito, 2012. PODOSCOPIA É o processo de identificação humana através das impressões plantares, sendo utilizada tanto para a identificação civil como também na criminal. A podoscopia tem sido mais utilizada para identificação civil dos recém-nascidos nas maternidades a fim de garantir a identidade da criança, prevenindo possíveis casos de trocas dos mesmos nos berçários (Ferreira e Brito, 2012). A planta do pé é dividida em cinco regiões anatômicas: região do grande artelho, região do 2º ao 5º artelho, região abaixo do grande artelho, região abaixo do 2º ao 5º artelho e região do calcanhar, as quais estão representadas abaixo: mailto:lais.ubaldo.89@gmail.com lais.ubaldo.89@gmail.com CURSO DE EXTENSÃO EM CIÊNCIAS FORENSES - ANALYSIS Profª Esp. Laís Ubaldo – Perita Judicial e Consultora Técnica CRBio 109592/01-D Tomada de impressão plantar com destaque para as cinco regiões anatômicas Fonte: Ferreira e Brito, 2012. POROSCOPIA É o método de identificação através dos poros. Este tipo de identificação quase não é utilizada e somente utiliza-se quando por exemplo um fragmento encontrado num local de crime não oferecer elementos suficientes para identificação, e assim, a poroscopia servirá de auxílio para a convicção do profissional (Ferreira e Brito, 2012). Imagem ampliada dos poros Fonte: Ferreira e Brito, 2012. mailto:lais.ubaldo.89@gmail.com lais.ubaldo.89@gmail.com CURSO DE EXTENSÃO EM CIÊNCIAS FORENSES - ANALYSIS Profª Esp. Laís Ubaldo – Perita Judicial e Consultora Técnica CRBio 109592/01-D PAPILOSCOPIA COMO CIÊNCIA DE IDENTIFICAÇÃO HUMANA A Papiloscopia foi aceita como ciência de identificação humana por obedecer a certos princípios científicos aceitos universalmente, denominados de Postulados da Papiloscopia ou Vantagens da Papiloscopia, tais como a unicidade, perenidade e imutabilidade das características analisadas, além de atender a requisitos técnicos, como a universalidade, classificabilidade e praticabilidade (Fernandes et al., 2009). Perenidade é a característica dos desenhos papilares surgirem desde o quarto ou sexto mês de vida fetal, ou seja, ainda na vida intrauterina e acompanham o indivíduo até mesmo após a sua morte (Araújo e Pasquali, 2006). Imutabilidade é a característica dos desenhos papilares não se modificarem durante toda a sua existência, pois os traços e pontos característicos do desenho papilar, não se alteram desde o seu surgimento até a completa decomposição dos tecidos na fase cadavérica. Unicidade é a característica dos desenhos papilares não se repetirem, nem mesmo nos dedos de uma mesma pessoa. Esta propriedade pode ser explicada devido a infinita variedade de detalhes que apresentam, e segundo Fernandes et al (2009) e Oliveira (2010), não se conhecem indivíduos com desenhos papilares iguais desde os primórdios de sua utilização, sendo que nem mesmo em gêmeos univitelinos estes serão os mesmos. Universalidade é a característica do desenho papilar estar presente em todo ser humano, em várias regiões do corpo, com algumas exceções decorrentes de enfermidades genéticas,como doenças autossômicas dominante que apresentam como um de seus sintomas a ausência dos desenhos papilares em mãos e pés. Classificabilidade: devido a esta variabilidade dos desenhos papilares, as impressões papilares podem ser classificadas e organizadas de forma mailto:lais.ubaldo.89@gmail.com lais.ubaldo.89@gmail.com CURSO DE EXTENSÃO EM CIÊNCIAS FORENSES - ANALYSIS Profª Esp. Laís Ubaldo – Perita Judicial e Consultora Técnica CRBio 109592/01-D sistemática e racional em arquivos e bancos de dados, para posterior perícia do profissional habilitado para este fim, o Papiloscopista Policial. Esta propriedade dos desenhos papilares favorecerá as buscas de forma rápida, possibilitando comparações futuras. Praticabilidade: os desenhos papilares podem ser rapidamente e facilmente registrados, necessitando para isto o emprego de tinta e papel. ESTRUTURAS ANATÔMICAS IMPORTANTES PARA A PAPILOSCOPIA A pele é o maior órgão do corpo humano, é uma camada mais ou menos espessa que recobre todo o corpo, nela nós encontramos os elementos necessários para a elaboração dos métodos de identificação humana, principalmente o papiloscópico. A pele é constituída de duas principais camadas, a derme que é camada mais profunda da pele e a epiderme que é a camada mais superficial (Kehdy, 1962). Conforme descrito anteriormente, o desenho papilar é formado na derme e se reproduz na epiderme. Este desenho papilar apresentará partes salientes denominadas de cristas dérmicas e epidérmicas, e partes reentrantes que são os sulcos interpapilares. Na pele também encontramos duas glândulas que serão importantes para o estudo da Papiloscopia, que são as glândulas sudoríparas que são responsáveis pela produção de suor e as glândulas sebáceas que são responsáveis pela produção de substâncias gordurosas. As glândulas sudoríparas são também conhecidas como glândulas écrinas, presentes em todo corpo, localizadas logo abaixo da epiderme, formam tubos celulares espiralados e um único canal, que se abre para a superfície da pele, excretando o suor. Estas aberturas dos canais de suor, denominados poros, estão alinhados ao longo das cristas das elevações mailto:lais.ubaldo.89@gmail.com lais.ubaldo.89@gmail.com CURSO DE EXTENSÃO EM CIÊNCIAS FORENSES - ANALYSIS Profª Esp. Laís Ubaldo – Perita Judicial e Consultora Técnica CRBio 109592/01-D papilares. Os poros iniciam na derme e terminam na superfície externa da epiderme (Araújo, 2009). Os materiais secretados por estas duas glândulas, ou seja, o suor e substâncias gordurosas estão intimamente ligados à qualidade da impressão papilar, sendo que no caso da tomada de impressões papilares com tinta, esses produtos devem ser removidos para que se possa obter impressões com nitidez suficiente para a análise pericial papiloscópica. Portanto, antes da coleta, deve-se realizar a limpeza minuciosa das regiões papilares antes de passar a tinta. Já nos locais de crime, o suor e a gordura serão responsáveis pela formação das impressões papilares latentes, que são aquelas invisíveis a olho nú e que se tornam visíveis após a aplicação de reveladores específicos. Nos locais de crime encontramos três tipos de impressões papilares: -Modeladas: impressão reproduzida pelo decalque da polpa digital, palma da mão e planta dos pés sobre substâncias plásticas em geral. Ex: massa de modelar. Visíveis: são aquelas deixadas pelos dedos, palma das mãos e planta dos pés impregnados de substâncias corantes. Ex: sangue. Latentes: são as impressões da polpa digital, palma das mãos e planta dos pés limpos deixadas sobre algumas superfícies. São invisíveis a olho nú e devem ser reveladas para se tornarem visíveis. CARACTERÍSTICAS DA IMPRESSÃO PAPILAR A impressão papilar é formada por vários elementos: Linhas pretas: correspondem as cristas da impressão papilar, ou seja, as partes salientes do desenho digital, palmar e plantar que recebem a tinta, possuindo configurações diferentes. mailto:lais.ubaldo.89@gmail.com lais.ubaldo.89@gmail.com CURSO DE EXTENSÃO EM CIÊNCIAS FORENSES - ANALYSIS Profª Esp. Laís Ubaldo – Perita Judicial e Consultora Técnica CRBio 109592/01-D Linhas brancas: correspondem aos sulcos interpapilares. Estas linhas acompanham as linhas pretas, refletindo todos os seus acidentes. Não devem ser confundidas com as linhas albodactiloscópicas. Delta: é o ângulo ou triângulo formado pelas cristas, sua principal função é determinar o tipo fundamental da impressão digital, porque o sistema papiloscópico é baseado na presença ou ausência do delta. Impressão digital com deltas Fonte: Ferreira e Brito, 2012. O prolongamento dos braços do delta formará as linhas diretrizes, as quais delimitam regiões distintas da impressão digital, dividindo-a em três sistemas de linhas: basilar, nuclear e marginal. A linha diretriz superior é formada pelo prolongamento do braço superior do delta e a linha diretriz inferior é formada pelo prolongamento do braço inferior. - Sistema nuclear: formado pelas linhas encerradas dentro das linhas diretrizes. - Sistema marginal: formado pelas linhas que estão acima da linha diretriz superior até a unha. - Sistema basilar: formado pelas linhas situadas abaixo da linha diretriz inferior até a prega interfalangiana. mailto:lais.ubaldo.89@gmail.com lais.ubaldo.89@gmail.com CURSO DE EXTENSÃO EM CIÊNCIAS FORENSES - ANALYSIS Profª Esp. Laís Ubaldo – Perita Judicial e Consultora Técnica CRBio 109592/01-D IMPORTANTE: Numa coleta de impressões digitais é fundamental que estejam presentes os três sistemas de linhas para que o processo de identificação seja eficaz. Linhas diretrizes e sistemas de linhas de uma impressão digital Fonte: Ferreira e Brito, 2012. Poros: são aberturas dos canais que expelem os produtos das glândulas sudoríparas. Aparecem na impressão papilar sob a forma de pontos brancos sobre as linhas pretas. Eles também obedecem aos postulados da Papiloscopia e seu estudo é chamado de Poroscopia. Linhas albodactiloscópicas: são formadas pela interrupção de duas ou mais linhas pretas, na mesma altura, de modo a constituir uma espécie de risco branco na impressão papilar. Não servem como elemento de identificação, pois não são permanentes, nem imutáveis. Pregas interfalangianas: correspondem a divisão das falanges digitais. A prega interfalangiana precisa estar presente em uma impressão digital para indicar o início e o final desta, portanto, é importante ter cuidado na tomada das impressões digitais, onde a tinta deve ser passada por 0,5 a 1,0 cm abaixo desta prega para se obter uma impressão digital completa. mailto:lais.ubaldo.89@gmail.com lais.ubaldo.89@gmail.com CURSO DE EXTENSÃO EM CIÊNCIAS FORENSES - ANALYSIS Profª Esp. Laís Ubaldo – Perita Judicial e Consultora Técnica CRBio 109592/01-D Impressão digital completa com presença da prega interfalangiana Fonte: Ferreira e Brito, 2012. Pontos característicos: são os elementos mais importantes de uma impressão papilar. Os pontos característicos são acidentes encontrados nas cristas, ou seja, em uma impressão papilar se tomarmos a extremidade de uma crista (linha preta) e acompanharmos essa linha em todo o seu trajeto, notaremos que, dificilmente, ela chega a outra extremidade sem sofrer qualquer acidente, geralmente sofre interrupções, bifurca-se, une-se a outra linha, entre outros. No Estado de São Paulo recebem a seguinte nomenclatura: - Extremidade de linha: é qualquer ponta de uma crista papilar. - Bifurcação: caracteriza-se por uma linha simples que em determinado ponto bifurca-se em duas outras. - Confluência: caracteriza-se por duas linhas que em determinado ponto se unem formando uma linha simples. - Encerro: caracteriza-se por uma linha simples, abrir e fechar sobre si própria. - Ponto:como o próprio nome diz é um ponto encontrado na impressão papilar, como se fosse o ponto final de uma frase. - Ilhota: é caracterizado como o menor pedaço de linha encontrado na figura analisada, como se fosse um hífen. - Cortada: é caracterizada por ser o dobro do tamanho da ilhota. mailto:lais.ubaldo.89@gmail.com lais.ubaldo.89@gmail.com CURSO DE EXTENSÃO EM CIÊNCIAS FORENSES - ANALYSIS Profª Esp. Laís Ubaldo – Perita Judicial e Consultora Técnica CRBio 109592/01-D - Haste ou crochê: caracteriza-se por uma linha menor que a ilhota que se liga a uma crista principal. É como se fosse uma agulha de crochê. - Anastomose: caracteriza-se por uma pequena linha ligando duas linhas principais, como se fosse a letra h. Impressão digital com pontos característicos Fonte: Ferreira, 2016. O sentido de leitura dos pontos característicos é um critério universal, onde este deve ser realizado no sentido do movimento dos ponteiros do relógio, ou seja, da esquerda para a direita e do centro para a periferia. Os pontos característicos apresentam a finalidade de estabelecer a identidade de duas impressões papilares. mailto:lais.ubaldo.89@gmail.com lais.ubaldo.89@gmail.com CURSO DE EXTENSÃO EM CIÊNCIAS FORENSES - ANALYSIS Profª Esp. Laís Ubaldo – Perita Judicial e Consultora Técnica CRBio 109592/01-D O Papiloscopista para individualizar uma impressão papilar há de utilizar- se de princípios científicos, conferindo-se desta forma, validade ao resultado, podendo ser repetido, com conclusões objetivas e não meras observações. A Papiloscopia estabelecerá a identidade por meio do método ACA-V, ou seja, divide-se em quatro etapas, referentes ao acrônimo do nome do método: Análise, Comparação, Avaliação e Verificação. Durante esta análise são verificados os pontos característicos, que em conjunto com outros elementos de valor intrínseco, como delta e os poros serão fontes únicas de individualização, e será uma etapa minuciosa e importante, principalmente, quando o nível de clareza não for o ideal (Fernandes et. al, 2009). Na maioria dos estados brasileiros para a identificação de um indivíduo utilizam-se de critérios quantitativos de análise destes pontos, estabelecendo como quantidade padrão o número mínimo de 12 pontos característicos coincidentes. PERÍCIA PAPILOSCÓPICA Há diversos tipos de perícias realizadas pelos Papiloscopistas, porém, consideramos quatro tipos mais importantes dentro da atuação do papiloscopista forense. Perícia papiloscópica é o conjunto de técnicas utilizadas na busca e exame de impressões papilares com a finalidade de se estabelecer a identidade de quem às produziu, avaliando-se o valor probante dos vestígios de impressões papilares e esclarecendo o papel destes no cenário do crime (Araújo e Morais, 2007). Esta divide-se em: Quanto à região papilar analisada - Perícia dactiloscópica - Perícia quiroscópica mailto:lais.ubaldo.89@gmail.com lais.ubaldo.89@gmail.com CURSO DE EXTENSÃO EM CIÊNCIAS FORENSES - ANALYSIS Profª Esp. Laís Ubaldo – Perita Judicial e Consultora Técnica CRBio 109592/01-D - Perícia podoscópica Atualmente, não há no Instituto de Identificação Ricardo Gumbleton Daunt (IIRGD), um arquivo específico para a impressão palmar e plantar, portanto, o trabalho da perícia nestes casos é apenas através de confrontos entre a impressão questionada, impressão de autoria desconhecida, cuja identidade se pretende estabelecer, e a impressão padrão, impressão papilar de origem certa, de autoria conhecida, cuja identidade não está sendo objeto de questionamento. QUANTO À APLICAÇÃO - Perícia papiloscópica em documento: conjunto de técnicas e procedimentos de confronto de impressões papilares apostas em documentos, visando à individualização de quem as produziu (Araújo e Moraes, 2007); processo para o estabelecimento da identidade de recém- nascidos em maternidades para garantir a identidade desde os primeiros momentos de sua vida (Kehdy, 1962). Em cada Unidade da Federação há um órgão oficial de identificação (Instituto de Identificação), sendo que no Distrito Federal há ainda o Instituto Nacional de Identificação (INI), que centraliza e dissemina informações criminais de alguns estados brasileiros, e também apresenta em seu arquivo as impressões digitais de todos os estrangeiros registrados no país. Os Institutos de Identificação contam com o acervo de impressões digitais de todas as pessoas que requisitaram um documento de identidade no Estado e daquelas encaminhadas por autoridade policial ou judiciária. Portanto, apresentam cadastrados em seus bancos de dados, impressões digitais de civis e criminosos. No estado de São Paulo, o Instituto de Identificação recebeu a mailto:lais.ubaldo.89@gmail.com lais.ubaldo.89@gmail.com CURSO DE EXTENSÃO EM CIÊNCIAS FORENSES - ANALYSIS Profª Esp. Laís Ubaldo – Perita Judicial e Consultora Técnica CRBio 109592/01-D denominação de Instituto de Identificação Ricardo Gumbleton Daunt em homenagem a um de seus diretores. - Perícia papiloscópica em local de crime: Conjunto de técnicas e procedimentos realizados em cenas de crime, visando localizar, revelar e registrar impressões papilares, informar seu vínculo com outras evidências, individualizar a autoria e relacionar as circunstâncias a elas relativas que contribuam para o esclarecimento dos fatos. “É feita pelo estudo detalhado e minucioso do local, das peças encontradas, das impressões ou fragmentos papilares e pela dinâmica visando elucidação do delito” (Codeço e Amaral, 1992). - Perícia papiloscópica em material: conjunto de técnicas e procedimentos realizados em materiais, visando localizar, revelar e individualizar impressões papilares (Araújo e Morais, 2007). - Perícia papiloscópica em veículo: conjunto de técnicas e procedimentos realizados em veículos, visando localizar, revelar e individualizar impressões. - Perícia necropapiloscópica: segmento da ciência Papiloscopia que tem por objetivo realizar a identificação pelas impressões papilares de cadáveres em diversos estágios de decomposição e condições de morte, quando esta identidade for ignorada ou supostamente conhecida, evitando possíveis trocas de cadáveres, e por meio de seu resultado, garantir a dignidade daquele a ser inumado, obedecendo ao artigo 166 do CPP. Necro = morte Papilla = papila Skopêin = examinar mailto:lais.ubaldo.89@gmail.com lais.ubaldo.89@gmail.com CURSO DE EXTENSÃO EM CIÊNCIAS FORENSES - ANALYSIS Profª Esp. Laís Ubaldo – Perita Judicial e Consultora Técnica CRBio 109592/01-D O PAPILOSCOPISTA POLICIAL O Papiloscopista Policial é o profissional habilitado para realizar todos os tipos de perícias citadas ao longo deste capítulo, é funcionário público pertencente aos quadros da Polícia Civil, e suas atribuições envolvem (Ferreira e Brito, 2012): a identificação de pessoas para efeitos civis tais como solicitação de documentos, identificação de pessoas desaparecidas, estabelecimento da identidade de pessoas doentes que perderam a memória, e que se encontram internadas em hospitais ou em casas de repouso, recém-nascidos em casos de troca, casos de homônimos e identificação de gêmeos univitelinos. a identificação de pessoas para efeitos criminais tais como solicitação de legitimações, mandados de prisão, flagrantes e Boletins de Identificação Criminal. a identificação de cadáveres vítimas de acidentes, desastres de massa e desconhecidos. a revelação de impressões papilares em diversos suportes, perícia papiloscópica realizada em locais de crime ou em laboratório nas peças advindas destes locais. o tratamento e recuperação das papilas dérmicas por meio da combinação de materiais químicos específicos. o levantamento e análise de impressões papilares em locais de crime. o domínio de técnicasde informática próprias e interpretação dos resultados correspondentes. o desenvolvimento de novas técnicas de Papiloscopia. e a elaboração de laudos papiloscópicos destinados à Justiça, de valor inconteste, para a apuração de infrações penais e sua respectiva autoria. Portanto, a análise pericial realizada pelos Papiloscopistas Policiais nestes relevos de característica única possibilitará a identificação humana de forma mailto:lais.ubaldo.89@gmail.com lais.ubaldo.89@gmail.com CURSO DE EXTENSÃO EM CIÊNCIAS FORENSES - ANALYSIS Profª Esp. Laís Ubaldo – Perita Judicial e Consultora Técnica CRBio 109592/01-D incontestável e irrefutável, de grande contribuição para a sociedade, tanto no âmbito civil quanto no criminal. O resultado obtido por meio de todo este trabalho pericial realizado nas impressões papilares é concluído através da emissão do Laudo Pericial Necropapiloscópico ou Papiloscópico, destinados às autoridades policiais e à Justiça, e de valor inconteste. Os resultados fornecidos por meio dos Laudos Periciais Necropapiloscópicos e Papiloscópicos podem ser: - Positivo: referente à real identificação daquele indivíduo de identidade desconhecida ou questionada. - Negativo: indica que após os procedimentos periciais papiloscópicos, aquelas impressões papilares analisadas não pertencem a “tal” pessoa, evitando-se diversos problemas judiciais, e a utilização de qualificação alheia por outrem. - Impressões digitais com condições de aproveitamento papiloscópico, ou seja, que apresentam elementos individualizadores em quantidade e qualidade suficiente para que seja estabelecida a identidade necropapiloscópica ou papiloscópica. Neste caso, para que esta seja estabelecida há ainda a necessidade da autoridade policial enviar os nomes de prováveis vítimas ou suspeitos que possam estar relacionadas ao caso, para que seja possível a obtenção de padrões para confronto. Quando não for possível a obtenção de impressões digitais com condições de aproveitamento papiloscópico, devido às mesmas apresentarem altamente deterioradas, não sendo possível a recuperação por meio da Necropapiloscopia, ou um melhor levantamento nos locais de crime, este resultado é informado por meio de uma Informação Técnica. mailto:lais.ubaldo.89@gmail.com lais.ubaldo.89@gmail.com CURSO DE EXTENSÃO EM CIÊNCIAS FORENSES - ANALYSIS Profª Esp. Laís Ubaldo – Perita Judicial e Consultora Técnica CRBio 109592/01-D REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS E SUGESTÕES DE LEITURA ARAÚJO, Álvaro Pasceres. Pequena Enciclopédia Dactiloscópica. São Paulo: Tip. Do Departamento de Investigações, 1949. ARAÚJO, Clemil José. AFIS: Sistemas Automáticos de Impressões Digitais. Brasília, 2000. Disponível em: <http://www.papiloscopistas.org/afis.html> Acesso em: out/2020. ARAÚJO, Marcos Elias Claudio e PASQUALI, Luiz. Datiloscopia: a determinação dos dedos. Brasília: L.Pasquali, 2006. 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