Buscar

Apostila 01_fitoterapia

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 24 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 24 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 24 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

1 
Curso de Fitoterapia Aplicada 
Capítulo 1. Introdução à Fitoterapia 
Índice 
Histórico ........................................................................................................... 2 
Legislação brasileira atual ................................................................................ 6 
Nomenclatura botânica .................................................................................... 7 
Metabolismo vegetal ........................................................................................ 8 
Compostos isolados versus extratos vegetais .............................................. 9 
Fitocomplexo: uma abordagem em múltiplos alvos .................................... 10 
Sinergismo natural ...................................................................................... 11 
Aceitação da fitoterapia pela comunidade médica e científica ....................... 12 
Falta de efeito ............................................................................................. 12 
Falta de legislação ...................................................................................... 12 
Falta de evidências científicas .................................................................... 12 
Falta de padronização ................................................................................ 13 
Quem pode prescrever fitoterápicos no Brasil? ............................................. 13 
Sistemas de prescrição fitoterápica ............................................................... 14 
Paradigmas na Medicina ................................................................................ 15 
Medicina Natural e Prática Complementares ................................................. 17 
Modalidades de prescrição fitoterápica .......................................................... 17 
1) Especificidade bioquímica ...................................................................... 17 
2) Tropismo fisiopatológico ......................................................................... 17 
3) Potencial Homeofitoterápico ................................................................... 17 
4) Potencial bioenergético .......................................................................... 18 
Preparações fitoterápicas............................................................................... 18 
Droga vegetal ............................................................................................. 18 
Chá medicinal ............................................................................................. 19 
Cápsula ...................................................................................................... 19 
Comprimido ................................................................................................ 19 
Drágea ........................................................................................................ 19 
Glóbulo ....................................................................................................... 19 
Infusão ........................................................................................................ 19 
Decocção .................................................................................................... 19 
Maceração .................................................................................................. 19 
Tintura ........................................................................................................ 20 
Alcoolatura .................................................................................................. 20 
Extrato ........................................................................................................ 20 
Extrato fluido ............................................................................................... 20 
Solução....................................................................................................... 20 
Pó ............................................................................................................... 20 
Extrato mole ............................................................................................... 20 
Extrato seco ................................................................................................ 21 
Extrato seco padronizado ........................................................................... 21 
Extrato glicólico .......................................................................................... 21 
Elixir ............................................................................................................ 21 
Xampu ........................................................................................................ 21 
Creme ......................................................................................................... 21 
Farmácia da Natureza 
 2 
Sabonete .................................................................................................... 21 
Pomada ...................................................................................................... 21 
Pasta .......................................................................................................... 22 
Emulsão...................................................................................................... 22 
Emplasto ..................................................................................................... 22 
Gel .............................................................................................................. 22 
Loção .......................................................................................................... 22 
Óvulo .......................................................................................................... 22 
Supositório .................................................................................................. 22 
Xarope ........................................................................................................ 22 
Referências .................................................................................................... 23 
 
Histórico 
Fitoterapia é o estudo das plantas medicinais e suas aplicações na cura das 
doenças (Ferro, 2008). O uso de plantas medicinais e seus derivados para o 
tratamento das doenças remonta às origens da humanidade. Há relatos do uso de 
plantas medicinais, na Babilônia, por volta do ano 3000 a.C. Por volta de 2000 a.C. 
foi produzida a Matéria Médica Chinesa. 
Por volta de 500 a.C. viveu Hipócrates (460–377 a.C.). Considerado o “Pai da 
Medicina,” conhecia profundamente a botânica e o uso medicinal de centenas de 
espécies de plantas aromáticas. Cita, em suas obras, mais de 400 plantas, entre elas: 
papoula, alecrim, sálvia e artemísia. Fundamentou a sua prática e a sua forma de 
compreender o organismo humano, incluindo a personalidade, na teoria dos quatro 
humores corporais (sangue, fleuma, bílis amarela e bílis negra), e afirmava que de 
acordo com os estados da mente, ou o ser entra em equilíbrio (eucrasia), 
ou em doença e dor (discrasia). 
Teofrasto, considerado “pai da botânica moderna” (370–285 a.C.), era grego e 
estudou com Platão, em Atenas, e depois com Aristóteles. Escreveu Historia 
Plantarum, a obra de botânica mais antiga que se conhece. A sua influência sobre os 
estudos das plantas se estendeu por 1800 anos. Historia Plantarum descreve um 
grande número de plantas, incluindo uma descrição do local onde vegetavam, 
germinação das sementes e respectivo uso na medicina e na preparação de perfumes. 
Galeno, (129–200 d.C.), foi um dos mais famosos médicos gregos. Ele 
conhecia e estudava as plantas medicinais e seus poderes curativos. Em sua obra De 
Simplicibus descrevia com detalhes cada planta medicinal. 
A cultura, nos primeiros séculos da Alta Idade Média (V–X),sofreu um 
retrocesso em termos civilizatórios. A produção intelectual foi cercada pela ignorância 
e desprezo pela vida terrena. Durante este tempo, os indivíduos que sabiam como 
usar as plantas medicinais começaram a ser perseguidos e acusados de bruxaria e 
pacto com o demônio. O conhecimento sobre a utilização das plantas medicinais só 
sobreviveu aos dias atuais dentro dos monastérios, onde os monges copiavam à mão 
os livros da antiguidade. Os monastérios dos beneditinos monopolizaram a cultura e 
distribuição de ervas aromáticas durante a Idade das Trevas na Europa. Esta situação 
durou até o fim do século XIX. A partir do Renascimento (1464–1534), novas luzes 
foram lançadas sobre a humanidade. Os armazéns de especiarias passaram a ser 
conhecidos como boticas e, seus proprietários, como boticários. Eram esses 
boticários que deram origem às “matérias médicas.” 
Carolus Linnaeus (1707–1778), naturalista sueco, “pai da taxonomia 
botânica,” em suas obras Espécies Plantarum (1758) estabelece o ponto de partida 
Farmácia da Natureza 
 3 
da nomenclatura moderna das plantas, baseado nos caracteres sexuais das flores; e 
na obra Genera Plantarum (1764), amplia esse conhecimento. 
No final do século XVIII e início do século XIX a química se estabelece como 
uma disciplina científica e os químicos que estudavam as plantas medicinais, a partir 
de recursos extremamente limitados, dedicaram-se a isolar compostos ativos de 
plantas consagradas pelo uso medicinal. Princípios ativos começam a ser isolados a 
partir de espécies vegetais. Em 1806, Serturner isola a morfina a partir da espécie 
Papaver somniferum L. (papoula). Em 1818, Pelletier e Caventou isolam a estricnina 
a partir da espécie Strychnos nux-vomica L. (noz-vômica). Já em 1831, Mein isola a 
atropina a partir da Atropa belladona L. (beladona). Mas foi somente em 1897 que o 
primeiro fármaco foi produzido. A partir da espécie Salix alba L. (salgueiro), usada 
medicinalmente há mais de 6000 anos, a substância salicina é convertida em ácido 
salicílico e depois em ácido acetil-salicílico (AAS) pela empresa Bayer®, tornando-
se sucesso de vendas no mundo todo (DerMarderosian & Beutler, 2011). 
 Fleming, em 1928, isola a penicilina a partir de um micro-organismo, dando 
início à era dos antibióticos, que vai do início do século XX até meados da década de 
1970. Este período foi marcado pela síntese de medicamentos a partir de correlação 
estrutura-atividade. A partir da espécie Erythroxylum coca Lam. (coca), foram 
sintetizadas, em 1904–1905, os anestésicos locais derivados da cocaína. 
Após a segunda guerra mundial, surgem os anti-histamínicos, 
antipsicóticos, antidepressivos, ansiolíticos e anti-inflamatórios sintéticos. 
Assim consolida-se o paradigma ocidental da terapêutica: o fármaco é uma molécula 
pura, geralmente oriunda de síntese, cujo modelo foi a aspirina. É o advento da 
Indústria Farmacêutica, cujas consequências foram: 
• Redução do uso de derivados vegetais como medicamentos; 
• Monoterapia para o tratamento de doenças complexas; 
• Desenvolvimento de drogas sintéticas; 
• Quebra da conexão entre plantas e saúde humana. 
Sem dúvida, os avanços na ciência proporcionaram aumento significativo da 
saúde e longevidade da população e, como resultado, a Fitoterapia passou a ser 
associada a curandeirismo, charlatanismo, práticas primitivas, engodo, misticismo, e 
até mesmo uma “medicina para quem não tem acesso à ‘verdadeira Medicina.’ ” 
Entretanto, a Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que 70–95% da 
população mundial faça uso de práticas de medicina tradicional, incluindo a fitoterapia, 
como única forma de terapia (WHO, 2013). O conhecimento tradicional sobreviveu 
através dos curandeiros e raizeiros que, com suas garrafadas, levaram alívio a 
incontável número de pessoas desassistidas pela medicina moderna. 
Por todas essas razões, há dificuldades de aceitação da fitoterapia pela 
comunidade médica (Robinson & Zhang, 2011; Sardesai, 2002). De fato, desde a 
primeira edição da Farmacopeia Brasileira, o número de plantas medicinais foi 
reduzido a quase zero (Figura 1), só voltando a crescer a partir deste século. 
 
Farmácia da Natureza 
 4 
 
Figura 1. Número de plantas medicinais descritas em todas as edições da 
Farmacopeia Brasileira. 
 
Reconhecendo a importância das práticas tradicionais na atenção à saúde das 
pessoas, desde a Declaração de Alma-Ata, em 1978, a OMS tem destacado a 
necessidade de se valorizar a utilização de plantas medicinais no âmbito terapêutico. 
O uso de medicamentos fitoterápicos com finalidade profilática, curativa, paliativa ou 
para fins de diagnóstico, passou a ser oficialmente reconhecido pela OMS, que 
recomendou a difusão, em nível mundial, dos conhecimentos necessários para o seu 
uso. 
No Brasil, foi somente em 1981 que o Ministério da Saúde começou a adotar 
as plantas medicinais como prioridade (Portaria Nº 212, de 11 de setembro de 1981). 
Em 1982, algumas plantas medicinais foram incluídas na lista da Central de 
Medicamentos (CEME), por intermédio do Programa de Pesquisa de Plantas 
Medicinais (PPPM), que objetivava o desenvolvimento de uma terapêutica alternativa 
e complementar, com embasamento científico, através do estabelecimento de 
medicamentos originados a partir de determinação do real valor farmacológico de 
preparações de uso popular à base de plantas medicinais. 
Em 1987, a Resolução 40.33 da 40ª Assembleia Mundial de Saúde, reiterou os 
principais pontos das resoluções anteriores e das recomendações feitas pela 
Conferência Internacional de Cuidados Primários em Saúde (Alma-Ata, 1978) e 
recomendou enfaticamente aos Estados-membros: 
1. Iniciar programas amplos, relativos à identificação, avaliação, preparo, 
cultivo e conservação de plantas usadas em medicina tradicional; 
2. Assegurar a qualidade das drogas derivadas de medicamentos 
tradicionais, extraídas de plantas, pelo uso de técnicas modernas e 
0
50
100
150
200
250
300
1ª 2ª 3ª 4ª 5ª
Nú
m
er
o 
de
 p
la
nt
as
 m
ed
ic
in
ai
s
Edição
Farmácia da Natureza 
 5 
aplicações de padrões apropriados e de boas práticas de fabricação 
(BPF). 
Em 1988, a Resolução CIPLAN Nº 08/88 regulamenta a implantação da 
fitoterapia nos Serviços de Saúde, nas Unidades Federadas. Já em 1991, o Parecer 
Nº 06/91 do Conselho Federal de Medicina reconhece “a atividade de fitoterapia 
desenvolvida sob a supervisão de profissional médico, é prática reconhecida pelo 
Ministério da Saúde.” 
O reconhecimento da fitoterapia como recurso terapêutico pelo Conselho 
Federal de Medicina (CFM) só ocorreu mais tarde (PROCESSO-CONSULTA CFM 
N.º 1301/91 – PC/CFM/Nº 04/1992). Naquele ano, o CFM reconhece a existência da 
Acupuntura e da Fitoterapia como métodos terapêuticos, podendo ser usados por 
diversas especialidades médicas. Necessitam de indicação médica por pressupor a 
elaboração de diagnóstico e avaliação da indicação de técnicas convencionais, 
podendo ser executadas por médicos ou técnicos habilitados sob prescrição e 
supervisão médica. Além disso, como método terapêutico, deve ter a rigorosa 
supervisão do Estado, por meio da Divisão de Vigilância Sanitária. Estabelecia ainda 
que a formação de recursos humanos necessita de regulamentação, devendo seguir 
os parâmetros éticos existentes. 
Em 1998 é criada a Sub-Comissão Nacional de Assessoramento em 
Fitoterápicos (CONAFIT), que teve como atribuições: 
1. Assessorar a Secretaria de Vigilância Sanitária – SVS, nos assuntos 
científicos, técnicos e normativos envolvidos na apreciação da eficácia e 
segurança do uso de produtos fitoterápicos; 
2. Manifestar-se sobre questões relacionadas a farmacovigilância e ao 
desenvolvimento de pesquisas clínicas na área de fitoterápicos; 
3. Subsidiar a SVS na realização de eventos técnico-científicos,do 
interesse dos trabalhos da Comissão e que concorram para a ampla 
divulgação de conhecimentos e informações pertinentes ao controle 
sanitário desses agentes. 
Foi somente no século XXI que a legislação brasileira começou a avançar de 
maneira significativa na área dos fitoterápicos. Em 2004, foram publicadas a RE nº 90 
(Guia para a realização de estudos de toxicidade pré-clínica de fitoterápicos) e a RDC 
nº 48 (Dispõe sobre o registro de medicamentos fitoterápicos). Em 2006, foi criada a 
Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC) (BRASIL, 
2006b), que incluía a fitoterapia, e em 2008 foi criada a Política Nacional de Plantas 
Medicinais e Fitoterápicos (PNPMF) (BRASIL, 2006a), e publicada a Instrução 
Normativa (IN) nº 5 (BRASIL, 2008), que regulamentava as 36 espécies de plantas 
medicinais de registro simplificado junto à ANVISA. Em 2009, foi publicada a 
RENISUS – Relação Nacional de Plantas Medicinais de Interesse ao SUS, que 
listava 71 espécies de especial interesse do SUS para uso medicinal. Em 2010, a 
ANVISA publicou a Resolução de Diretoria Colegiada (RDC) nº 10 (BRASIL, 2010c), 
que regulamentava a comercialização de drogas vegetais de venda isenta de 
prescrição médica destinados ao consumidor final. De acordo com essa resolução, a 
droga vegetal seria destinada ao uso episódico, oral ou tópico, para o alívio 
sintomático, devendo ser disponibilizadas exclusivamente na forma de droga vegetal 
para o preparo de infusões, decocções e macerações (66 plantas). No mesmo ano, a 
RDC nº 14 dispõe sobre o registro de medicamentos fitoterápicos, a RDC nº 17 dispõe 
sobre as Boas Práticas de Fabricação de Medicamentos, e a Portaria nº 886 (MS) 
institui a Farmácia Viva no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). 
Farmácia da Natureza 
 6 
Paralelamente, a OMS lançava uma série de publicações que embasavam e 
estimulavam a produção e utilização de fitoterápicos, como o WHO Traditional 
Medicine Strategy (2002–2005) (WHO, 2002), o WHO Guidelines on good agricultural 
and collection practices (GACP) for medicinal plants (2003) (WHO, 2003), as WHO 
Monographs on selected medicinal plants (4 volumes, 2004–2009) (WHO, 1999a, 
1999b, 2007c, 2009), o WHO Guidelines for assessing quality of herbal medicines with 
reference to contaminants and residues (2007) (WHO, 2007a), o WHO Guidelines on 
good manufacturing practices (GMP) for herbal medicines (2007) (WHO, 2007b), entre 
outros. 
Legislação brasileira atual 
Em 2011, foi lançada a 5a edição da Farmacopeia Brasileira (BRASIL, 2010a, 
2010b), que trazia descrição de 52 plantas medicinais, na forma de droga vegetal. No 
ano seguinte, foi publicado a 1a edição do Formulário Fitoterápico da Farmacopeia 
Brasileira (BRASIL, 2011), descrevendo 54 plantas medicinais, na forma de droga 
vegetal, tintura, gel, pomada, creme, xarope e sabonete. 
No ano de 2014, com a publicação da RDC Nº 26, de 13 de maio de 2014 
(BRASIL, 2014c), e da IN Nº 4, de 18 de junho de 2014 (BRASIL, 2014b), o Brasil 
passa a ter dois tipos de produtos com finalidade medicinal derivados de plantas: o 
medicamento fitoterápico (MF) e o produto tradicional fitoterápico (PTF). 
Medicamentos fitoterápicos (MF) são definidos na legislação brasileira atual 
como medicamentos obtidos a partir de plantas medicinais. Eles são obtidos 
empregando-se exclusivamente derivados de droga vegetal (extrato, tintura, óleo, 
cera, exsudato, suco, e outros). São considerados MF os obtidos com emprego 
exclusivo de matérias-primas ativas vegetais cuja segurança e eficácia sejam 
baseadas em evidências clínicas e que sejam caracterizados pela constância de sua 
qualidade (BRASIL, 2014c). 
São considerados produtos tradicionais fitoterápicos (PTF) os obtidos com 
emprego exclusivo de matérias-primas ativas vegetais cuja segurança e efetividade 
sejam baseadas em dados de uso seguro e efetivo publicados na literatura técnico-
científica e que sejam concebidos para serem utilizados sem a vigilância de um 
médico para fins de diagnóstico, de prescrição ou de monitorização. Os produtos 
tradicionais fitoterápicos não podem se referir a doenças, distúrbios, condições ou 
ações consideradas graves, não podem conter matérias-primas em concentração de 
risco tóxico conhecido e não devem ser administrados pelas vias injetável e oftálmica 
(BRASIL, 2014c). De acordo com a RDC nº 13/2013 (BRASIL, 2013), o PTF é “aquele 
obtido com emprego exclusivo de matérias-primas ativas vegetais, cuja segurança 
seja baseada por meio da tradicionalidade de uso e que seja caracterizado pela 
reprodutibilidade e constância de sua qualidade.” 
Não se considera MF ou PTF aquele que inclua na sua composição substâncias 
ativas isoladas ou altamente purificadas, sejam elas sintéticas, semissintéticas ou 
naturais e nem as associações dessas com outros extratos, sejam eles vegetais ou 
de outras fontes, como a animal. 
As principais diferenças entre MF e PTF estão listadas na Tabela 1. 
 
Tabela 1. Principais diferenças entre medicamento fitoterápico e produto tradicional 
fitoterápico. 
Medicamento 
Fitoterápico (MF) 
Produto Tradicional 
Fitoterápico (PTF) 
Farmácia da Natureza 
 7 
Segurança e eficácia Estudos clínicos Tradicionalidade de uso 
Boas práticas de fabricação RDC 17/2010 RDC 13/2013 
Informações ao consumidor 
final 
Bula Folheto informativo 
Autorização junto à ANVISA Registro e Registro 
simplificado 
Registro, Registro 
simplificado e Notificação 
Controle de qualidade SIM SIM 
Controle do Insumo 
Farmacêutico Ativo (IFA) de 
origem vegetal 
SIM SIM 
 
A principal característica dos MF e PTF é a presença do fitocomplexo. 
Denomina-se fitocomplexo ao conjunto de substâncias originadas no metabolismo 
primário e/ou secundário responsáveis em conjunto, pelos efeitos biológicos de uma 
planta medicinal ou de seus derivados (BRASIL, 2010d). 
Conforme previsto no Art. 22 do Decreto no 8.077, de 14 de agosto de 2013, 
as plantas medicinais sob a forma de droga vegetal, doravante denominadas chás 
medicinais, serão dispensadas de registro, devendo ser notificadas na categoria de 
PTF. Os chás medicinais notificados não podem conter excipientes em suas 
formulações, sendo constituídos apenas de drogas vegetais. 
Por fim, a IN Nº 2, de 13 de maio de 2014 (BRASIL, 2014a), substitui a IN nº 5 
de 2008, e publica nova lista de plantas medicinais de registro simplificado, tanto na 
forma de MF quando de PTF. Assim, o Brasil termina o ano de 2014 com uma das 
mais modernas legislações sobre fitoterapia do mundo. 
Nomenclatura botânica 
Nomenclatura botânica é a nominação científica e formal das plantas. Tem uma 
longa história, com início no período em que o latim era a língua científica da Europa, 
ou quiçá até ao tempo de Teofrasto. O evento-chave foi a adoção dos nomes binários 
para as espécies de plantas por Lineu na sua obra Species Plantarum (1753). Ele deu 
a cada espécie de planta um nome que permanecia igual independentemente de quais 
outras espécies fossem colocadas no gênero, separando assim a taxonomia da 
nomenclatura. Estes nomes de espécies de Lineu em conjunto com nomes de outros 
táxons de ordem superior, particularmente os das famílias (não utilizados por Lineu), 
podem servir para exprimir uma grande diversidade de pontos de vista taxonômicos. 
Os nomes formais da maioria destes organismos são governados pelo Código 
Internacional de Nomenclatura Botânica, ainda hoje. Um código separado foi adotado 
para governar a nomenclatura das bactérias, o ICNB. 
Os nomes são dados em latim para que haja mínima variação com o passar do 
tempo. Os nomes são compostos pelo nome do gênero (com inicial maiúscula, em 
itálico), seguido da espécie (em itálico), seguidos pela variedade (se houver), seguidos 
pelo nome da autoridade classificadora, ou seja, da pessoa que nomeou a espécie. 
Exemplos encontram-sena Tabela 2. 
 
Tabela 2. Exemplos de nomenclatura botânica. 
Farmácia da Natureza 
 8 
Nomenclatura Nome 
popular 
Gênero Espécie Classificador 
Curcuma longa L. Açafrão-
da-terra 
Curcuma C. longa Linnaeus, Carl 
(1707-1778) 
Pyrostegia 
venusta Miers 
Flor-de-
São-João 
Pyrostegia P. venusta Miers, John (1789-
1879) 
Achyrocline 
satureioides DC. 
Macela Achyrocline A. 
satureioides 
Candolle, Augustin 
Pyramus de (1778-
1841) 
 
Metabolismo vegetal 
Os compostos químicos presentes nas plantas podem ser derivados do 
metabolismo primário ou secundário. 
Metabolismo vegetal primário. Conjunto de processos metabólicos que 
desempenham uma função essencial no vegetal (fotossíntese, a respiração e o 
transporte de solutos). Possui distribuição universal e engloba proteínas, carboidratos, 
lipídeos e ácidos nucleicos. 
Metabolismo vegetal secundário. Conjunto de processos metabólicos que 
desempenham funções específicas em cada espécie ou conjunto de espécies 
vegetais (defesa, competição, comunicação, reprodução). Não possui distribuição 
universal, podendo ser distinto entre as espécies. Desempenha papel importante na 
interação das plantas com o meio ambiente e engloba compostos fenólicos, ácidos 
orgânicos, terpenos, alcaloides, entre outros (Figura 2, Tabela 3). O metabolismo 
vegetal secundário é extremamente influenciado por fatores externos como mudanças 
de temperatura, conteúdo de água, níveis de luz, exposição a UV e deficiência de 
nutrientes minerais. 
 
 
Farmácia da Natureza 
 9 
 
Figura 2. Metabolismo secundário dos vegetais. (Fonte: 
http://www.geocities.ws/plantastoxicas/rota-metabolica.html). 
 
Tabela 3. Principais classes de moléculas presentes no metabolismo vegetal 
secundário. 
• Ácidos orgânicos 
• Alcaloides 
• Compostos fenólicos 
• Compostos inorgânicos 
• Cumarinas 
• Flavonoides 
• Glicosídeos cardiotônicos 
• Antraquinonas 
• Mucilagens 
• Óleos essenciais 
• Saponinas 
• Taninos 
• Substâncias amargas 
• Compostos sulfurados 
• Lignanas 
• Gomas 
• Glucoquininas 
 
Compostos isolados versus extratos vegetais 
Geralmente plantas medicinais são pesquisadas com o intuito de identificar 
uma substância química responsável pela atividade terapêutica (Williamson, 2001). 
Entretanto, esta atividade pode ser resultante da combinação de vários compostos, e 
o processo de isolamento ou purificação leva a redução ou perda da efetividade 
(Raskin & Ripoll, 2004). De fato, já é sabido que ocasionalmente esta mistura de 
compostos de uma planta medicinal, chamado de fitocomplexo, possui atividade 
mais intensa ou importante do que compostos isolados (Cravotto, Boffa, Genzini, & 
Garella, 2010; Gomez Castellanos, Prieto, & Heinrich, 2009; Schmidt et al., 2008). As 
Farmácia da Natureza 
 10 
possíveis explicações para este fato incluem sinergismo, melhor biodisponibilidade, 
efeitos cumulativos, ou simplesmente as propriedades somadas dos constituintes 
(Williamson, 2001). Podem ocorrer exointerações (interações com substâncias não 
presentes no extrato vegetal) ou endointerações (interações entre substâncias 
presentes no extrato vegetal). De fato, endointerações já foram demonstradas em 
tomates, β-caroteno, brócolis, soja (Glycine max), flor-de-São-João (Hypericum 
perforatum) e cranberries (Vaccinium macrocarpon) (Lila & Raskin, 2005). Um bom 
exemplo encontra-se no estudo de Capasso et al, que mostra que um extrato 
padronizado de Cannabis sativa (maconha) é superior ao canabidiol, seu principal 
constituinte, na inibição da contratilidade vesical em ratos e seres humanos (Capasso 
et al., 2011). 
Fitocomplexo: uma abordagem em múltiplos alvos 
A medicina moderna advoga que o medicamento ideal deve agir em um alvo 
específico e único, como uma enzima ou um receptor. Estudantes de medicina são 
ensinados a usar esta “abordagem com bala de prata” (Williamson, 2001), pois seria 
mais elegante e correta. Esta abordagem tem sido encorajada pela indústria 
farmacêutica porque é muito mais simples estudar a farmacocinética, a 
farmacodinâmica, os mecanismos de ação, as interações e os efeitos adversos de 
uma molécula isolada. Além disto, a probabilidade de uma reação alérgica é 
potencialmente menor. 
A abordagem fitoterápica tem sido descrita como uma “metralhadora,” em 
virtude do grande número de compostos químicos presentes nos extratos vegetais 
(Williamson, 2001). Em nossa opinião, esta é a grande vantagem dos fitoterápicos. 
Doenças complexas, com etiologia multifatorial, ou com elevados índices de 
resistência ou falha terapêutica, ou ainda com respostas variáveis ao tratamento, são 
geralmente tratadas usando combinações de diferentes drogas. Exemplos incluem a 
hipertensão arterial sistêmica, aterosclerose, diabetes mellitus tipo 2, tuberculose, 
câncer, infecções por micro-organismos multirresistentes, insuficiência cardíaca e 
choque séptico. Seria então razoável supor que uma mistura de compostos químicos 
teria maior atividade biológica do que uma molécula única, pois poderia atingir 
múltiplos alvos (Schmidt et al., 2008). 
Outra vantagem do fitocomplexo é que cada um dos compostos está em 
concentração muito menor do que seria necessário se a substância fosse isolada. Isto 
contribui para menor risco de toxicidade (Figura 3). 
 
Farmácia da Natureza 
 11 
 
Figura 3. Aumento da toxicidade e redução da potencia em função do isolamento e 
purificação dos compostos. Adaptado de (Cravotto et al., 2010; Gomez Castellanos et 
al., 2009; Raskin & Ripoll, 2004). 
 
Podemos listar alguns exemplos de situações em que o uso do fitocomplexo é 
superior ao uso das substâncias isoladas: 
• Tomate x licopeno. Diversos estudos comprovam que ingerir tomates 
frescos e seus derivados (como molho de tomate) traz reduz mais o risco 
de câncer de próstata do que ingerir o licopeno isoladamente (Lila & 
Raskin, 2005). 
• Cannabis sativa x canabidiol. A ingestão de extratos derivados da 
maconha (Cannabis sativa) é superior à ingestão de canabidiol em 
vários modelos animais e em humanos (Williamson, 2001). 
• Hypericum perforatum x hipericina. A ingestão de extratos 
padronizados de Hypericum perforatum (flor-de-São-João) é superior à 
ingestão de hipericina no tratamento da depressão em humanos 
(Williamson, 2001). 
Sinergismo natural 
Os vegetais possuem combinações de moléculas que foram aperfeiçoadas por 
milhares de anos para desempenharem determinadas funções biológicas. Essas 
combinações contêm moléculas com diversas atividades biológicas que 
desempenham funções complementares (Koehn & Carter, 2005; Lila & Raskin, 2005). 
Os produtos naturais diferem significativamente das drogas sintéticas na frequência 
de diferentes átomos, radicais e configurações espaciais (Koehn & Carter, 2005). Elas 
contêm menos nitrogênio, fósforo, enxofre e halogênios, e possuem maior 
complexidade molecular, riqueza estereoquímica, diversidade de anéis e carboidratos 
(Schmidt et al., 2008). Além disto, derivados vegetais têm a capacidade de modular 
 
Isolamento e purificação 
Po
tê
nc
ia
 
Toxic
idade
 
Farmácia da Natureza 
 12 
ou inibir interações proteína-proteína, podendo modular processos celulares como a 
resposta imune, sinalizações, mitose e apoptose (Koehn & Carter, 2005). 
Aceitação da fitoterapia pela comunidade médica e científica 
A fitoterapia não tem sido bem aceita pela comunidade médica em geral e pela 
indústria farmacêutica porque existe uma crença de que não são eficazes nem 
seguros (Carmona & Pereira, 2013). Além disso, existe preocupação em relação a 
legislação, padronização e controle de qualidade, identificação correta das espécies, 
entre outros (Houghton, 1998; Raskin & Ripoll, 2004). 
Falta de efeito 
Existe uma crença comum de que, nos medicamentosfitoterápicos, a 
quantidade de constituintes com atividade biológica seja muito pequena para que haja 
efeito terapêutico. É por isto que muitos céticos afirmam que fitoterápicos não passam 
de placebo. Felizmente isto não é verdadeiro (Williamson, 2001). Em um relatório 
recente da American Association of Poison Control Center (AAPCC), com dados de 
1983 a 2009, nos EUA, mais de dois milhões de ingestões acidentais de plantas foram 
relatados, e somente 18,5% desses episódios puderam ser categorizados como não 
tóxicos. A maioria dos casos apresentava efeito irritante gastrointestinal ou da pele, 
anticolinérgico, alucinógeno, depressor ou estimulante. Além disso, esses episódios 
resultaram em 45 mortes (Krenzelok & Mrvos, 2011). Estes achados demonstram que 
a ingestão de plantas ou extratos vegetais pode resultar em efeito terapêutico. 
Falta de legislação 
As indicações e a posologia de produtos de origem vegetal varia entre as 
nações e continentes, de acordo com aspectos culturais e socioeconômicos. Desde 
2004, medicamentos fitoterápicos são regulados pelo FDA nos EUA, e são definidos 
como “extratos complexos de uma planta para ser usado no tratamento de doenças.” 
Foi só recentemente que o Brasil começou a avançar com a legislação sobre 
fitoterápicos. 
Hoje, um medicamento fitoterápico pode ser aprovado pela ANVISA para uma 
determinada indicação, em determinada forma farmacêutica, em determinada 
dosagem e posologia, para determinada faixa etária. Entretanto, muitas vezes 
fazemos uso “off-label” desses medicamentos, usando-os nas situações abaixo: 
• Medicamentos aprovados, porém para outras indicações 
• Medicamentos aprovados, porém em outras formas farmacêuticas 
• Medicamentos aprovados, porém em dosagens diferentes 
• Medicamentos aprovados, porém para outras faixas etárias 
• Medicamentos sem aprovação na ANVISA 
Ainda não existe mecanismo legal que regule a prescrição “off-label” de 
fitoterápicos. 
Falta de evidências científicas 
Uma pesquisa recente envolvendo aproximadamente 1000 medicamentos 
fitoterápicos, somente 156 deles possuíam estudos clínicos de alta qualidade 
embasando sua utilização em seres humanos. Nesse estudo, cerca de 500 
fitoterápicos possuíam somente estudos in vitro ou in vivo em animais. Em cerca de 
200 produtos, somente estudos fitoquímicos foram encontrados. Entre os 
medicamentos fitoterápicos atualmente comercializados no Ocidente, 12% não são 
Farmácia da Natureza 
 13 
embasados por estudos clínicos. Surpreendentemente, havia evidências na literatura 
de que um em cada 200 plantas era tóxica ou alergênica (Cravotto et al., 2010). 
Em outro estudo recente, uma revisão sobre medicamentos fitoterápicos para 
o tratamento da artrite, de aproximadamente 2500 citações, somente 35 (1,4%) 
possuía condições de ser incluídas em virtude de problemas metodológicos (Cameron 
et al., 2009). 
Esses dados mostram o quanto há escassez de estudos bem desenhados e 
conduzidos sobre os medicamentos fitoterápicos. Para orientar os pesquisadores, 
muitos esforços tem sido feitos, como a declaração Consolidated Standards of 
Reporting Trials (CONSORT), que propõe uma lista com itens que devem ser 
contemplados durante o desenho e a publicação de estudos clínicos com fitoterápicos 
(Gagnier et al., 2006b, 2006a). 
Falta de padronização 
Outro fator que contribui para a falta de aceitação da fitoterapia pela 
comunidade médica e científica, além de resultados inconsistentes em estudos pré-
clínicos e clínicos está relacionada à padronização dos extratos vegetais. Sabemos 
que diversos fatores podem influenciar a concentração de compostos secundários em 
uma determinada planta. Portanto, pode haver variação na atividade biológica de 
plantas de diferentes lotes, que foram cultivadas em diferentes condições de solo e 
clima, que foram submetidos a diferentes métodos de extração, etc (Raskin & Ripoll, 
2004). 
É possível que, no futuro, tenhamos áreas específicas para a produção de 
determinadas plantas medicinais, da mesma maneira que hoje determinadas 
variedades de uva são cultivadas nesta ou naquela região, resultando em diferentes 
tipos de vinho. 
Quem pode prescrever fitoterápicos no Brasil? 
Os profissionais que podem prescrever fitoterápicos no Brasil estão listados na 
Tabela 4. 
 
Tabela 4. Profissionais que podem prescrever medicamentos fitoterápicos no Brasil, 
e legislação específica. 
Profissionais Legislação 
Biomédicos Normativa CRBM 01/2012 
Resolução CFBM 241/2014 
Dentistas Lei nº 5081/1966 
Portaria SVS/MS nº 344/98 
Resolução CFO nº 82/2008 
Enfermeiros Resolução COFEN nº 197/1997 
Farmacêuticos Resolução CFF 546/2011 
Resolução CFF 572/2013 
Resolução CFF 586/2013 
Farmácia da Natureza 
 14 
Fisioterapeutas e 
Terapeutas ocupacionais 
Resolução COFFITO nº 380/2010 
Acórdão COFFITO nº 611/2017 
Médicos Processo-consulta CFM 1301/1991 
Processo-consulta CFM 04/1992 
Nutricionistas Resolução CFN 402/2007 
Resolução CFN 525/2013 
Legenda: CRBM, Conselho Regional de Biomedicina; CFBM, Conselho Federal de 
Biomedicina; SVS, Serviço de Vigilância Sanitária; MS, Ministério da Saúde; CFO, 
Conselho Federal de Odontologia; COFEN, Conselho Federal de Enfermagem; CFF, 
Conselho Federal de Farmácia; COFFITO, Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia 
Ocupacional; CFM, Conselho Federal de Medicina; CFN, Conselho Federal de 
Nutrição. 
 
Em conclusão, a fitoterapia é utilizada pela humanidade desde sua origem. 
Durante séculos foi abandonada, mas sua importância tem sido recuperada nas 
últimas décadas. O Brasil possui uma legislação moderna para os fitoterápicos, porém 
ainda há dificuldades de aceitação desta modalidade terapêutica por parte da 
comunidade científica. 
Sistemas de prescrição fitoterápica 
Um paradigma é um pressuposto filosófico, ou seja, uma teoria, um modelo de 
conhecimento que origina o estudo de um campo científico. 
Exemplos de paradigmas: 
• Teoria heliocêntrica (N. Copérnico) 
• Teoria da relatividade (A. Einstein) 
• Teoria do inconsciente (S. Freud) 
• Teoria da evolução (C. Darwin) 
A Teoria dos Humores foi um paradigma médico vigente durante muitos séculos 
no Ocidente. Esta teoria explicava a saúde a doença como uma combinação de 
elementos temperamentais, físicos e fisiológicos 
Farmácia da Natureza 
 15 
 
Um exemplo significativo de mudança de paradigma na Medicina é a 
‘revolução’ microbiológica. Uma nova área do conhecimento surgiu com os relatos de 
Robert Hooke e Antony van Leeuwenhoek. Estes pesquisadores desenvolveram 
microscópios que possibilitaram as primeiras observações de bactérias e outros 
microrganismos a partir da análise de diversos espécimes biológicos. 
A partir daí conceitos novos surgiram como microorganismos (bactérias, vírus, 
fungos, protozoários), infecção, contágio, contaminação. Algumas doenças de 
etiologias desconhecidas (p.ex: tifo, varíola, sífilis, cólera e peste) e de comportamento 
epidêmico passaram a ser denominadas ‘infecciosas’. 
Tais descobertas produziram um profundo impacto na compreensão da 
evolução natural destas doenças e, consequentemente, na sua prevenção (medidas 
de higiene, descontaminação e biossegurança) e tratamento. Na década de 30, 
Alexander Fleming, incidentalmente, descobriu um composto produzido por um fungo 
do gênero Penicillium, que eliminava bactérias do gênero Staphylococcus. Este 
composto, denominado penicilina, teve um papel fundamental na desfecho da II 
Guerra Mundial, uma vez que passou a ser administrado às tropas aliadas, enquanto 
o exército alemão continuava a sofrer pesadas baixas no campo de batalha. 
Paradigmas na Medicina 
Em toda história da medicina sempre houve uma busca por compreender os 
intrincados mecanismos do adoecimento humano. Algumas figuras se destacaram em 
função de suas notáveis contribuiçõesno campo do conhecimento médico. Estas 
contribuições partiam de determinados paradigmas e influenciavam na construção de 
outros mais novos que, ora substituíam os antigos, ora caminhavam simultaneamente 
com a predominância de um sobre o outro. 
Duas grandes ideias filosóficas permearam a história do conhecimento médico: 
Uma relacionada à compreensão do homem como uma unidade 
psicossomática, com características singulares e únicas, animada por uma força 
vital que se perturba diante de determinados agravos sejam físicos, psicológicos ou 
ambientais. Este modelo entende o funcionamento do organismo dentro de uma visão 
Farmácia da Natureza 
 16 
sistêmica na qual todas as partes deste funcionam de maneira integrada e 
interdependente (sistêmico). Desta forma, a doença se instala decorrente da 
alteração do funcionamento desta força que, apesar de se manifestar com sintomas 
semelhantes (doença), apresenta-se em cada indivíduo de maneira única (doente). O 
tratamento, segundo este modelo, visa o doente. Há várias correntes de pensamento 
médico, atualmente denominadas ‘medicinas naturais’, vinculados a estes princípios 
como a homeopatia, a medicina tradicional chinesa e a medicina indiana. 
A outra considera o ser humano fragmentado em suas partes constituintes e 
cada órgão/sistema é considerado separadamente do todo (organicista). A doença 
apresenta-se como um fenômeno isolado, sem correlação com outros sistemas. A 
terapêutica visa a doença e a remoção ou supressão dos sintomas, 
independentemente das características pessoais do doente. Atualmente está 
associado ao conceito de medicina ‘oficial’ de cunho fortemente biológico e 
bioquímico. 
Diante deste panorama histórico onde situa-se a fitoterapia? Com qual sistema 
médico ela se identifica? 
 
A fitoterapia moderna tem seus fundamentos tanto no modelo sistêmico/vitalista 
quanto no modelo organicista. 
Ela se compatibiliza com os princípios sistêmicos na medida em que tem no 
fitocomplexo um conjunto de substâncias que atuam simultaneamente em vários sítios 
biológicos (multi-targeted approach). Temos como exemplo os constituintes químicos 
da Curcuma longa que atuam em um amplo espectro de alvos farmacológicos 
atingindo, assim, os mecanismos fisiopatológicos de inúmeras doenças (doenças 
reumáticas, respiratórias, alérgicas, neurodegenerativas entre outras). 
A fitoterapia também pode ser utilizada no modelo organicista quando 
substâncias químicas isoladas das espécies medicinais atuam especificamente em 
determinado alvo ou doença, reduzindo ou removendo determinados sintomas. 
Temos como exemplo a espécie Salix alba (salgueiro) cujo princípio ácido salicílico 
atua diretamente na cascata inflamatória (inibidor inespecífico da enzima COX) 
promovendo ações antitérmica e anti-inflamatória. 
Modelo!!
Sistêmico-
-
-
Fitocomplexo-
Modelo-
Organicista-
-
-
Substâncias-
químicas-
isoladas-
Fitoterapia)
Farmácia da Natureza 
 17 
Medicina Natural e Prática Complementares 
Em junho de 2005, o Ministério da Saúde apresenta a Política Nacional da 
Medicina Natural e Práticas Complementares – MNPC – no SUS. Esta política 
atende, sobretudo, à necessidade de se conhecer, apoiar, incorporar e implementar 
experiências que já vêm sendo desenvolvidas na rede pública de muitos municípios e 
estados, entre as quais destacam-se aquelas no âmbito da medicina tradicional 
chinesa-acupuntura, da homeopatia, da fitoterapia e da medicina antroposófica. 
O campo da MNPC contempla sistemas médicos complexos e recursos 
terapêuticos, os quais são também denominados pela Organização Mundial de Saúde 
– OMS – de medicina tradicional e complementar/alternativa (MT/MCA) (WHO, 2002). 
Sistemas Médicos Complexos são abordagens que possuem teorias próprias 
sobre o processo saúde/doença, diagnóstico e terapêutica. 
• Estimular os mecanismos naturais de prevenção de danos e 
recuperação da saúde por meio de tecnologias eficazes e seguras. 
• Escuta acolhedora, fortalecimento do vínculo terapêutico. 
• Visão ampliada do processo saúde-doença. 
• Promoção global do cuidado humano, especialmente do autocuidado. 
• Integração homem-sociedade-ambiente 
Modalidades de prescrição fitoterápica 
Didaticamente é possível discriminar modalidades de prescrição terapêutica de 
fitoterápicos em função do(a): 
1) Especificidade bioquímica 
Esta forma de raciocínio terapêutico baseia-se no conceito de conjunto 
sintomático. É muito familiar e de fácil entendimento para o médico ocidental. 
• Arnica montana: anti-inflamatório (terpenos e flavonoides) 
• Pyrostegia venusta: antifúngica 
• Phyllantus niruri: diurético 
• Valleriana officinalis: sedativo 
• Sambucus nigra: antitérmico 
2) Tropismo fisiopatológico 
Esta forma de raciocínio terapêutico baseia-se no conceito de fitocomplexo. 
O fitocomplexo consiste no conjunto de compostos químicos 
biologicamente ativos encontrados em uma espécie vegetal. Estes compostos 
possuem múltiplas ações farmacológicas agindo em diversos ‘alvos’ de forma 
sinérgica (herbal shotgun). 
 
Para aprofundamento deste tema recomenda-se a leitura do artigo Herbal 
medicines: old and new concepts, truths and misunderstandings (Rev. Bras. 
Farmacogn. Braz. J. Pharmacogn. 23(2): Mar./Apr. 2013) 
 3) Fitoterápicos em diluições decimais 
Esta forma de raciocínio terapêutico baseia-se no uso de fitoterápicos em 
diluições decimais (DH1 a DH5). Estas formas farmacêuticas são utilizadas para 
espécies medicinais com alta toxicidade quando ingeridas em forma de tinturas ou 
extratos (uso oral). Exemplos: 
Farmácia da Natureza 
 18 
• Arnica montana (helenalina é cardio e hepatotóxica; timo reduz limiar 
convulsivógeno). 
• Symphytum officinale (hepatotoxidade) 
Considerações importantes sobre as pricipais diferenças das diluições em 
homeopatia e fitoterapia 
As prescrições em diluições decimais (e outras) em homeopatia seguem 
fundamentos como o vitalismo, a lei dos semelhantes, hierarquização sintomática, 
experimentação no homem são e medicamento único. 
A fitoterapia comunga com a homeopatia em relação a alguns princípios como 
doutrina vitalista (existência de uma força vital), à visão sistêmica do doente e à 
hierarquização dos sintomas. Os sintomas são hierarquizados e considerados para a 
prescrição de uma quantidade mínima e eficaz de espécies medicinais para cada 
doente. Importante salientar que a base da prescrição em fitoterapia é o conhecimento 
dos fitocomplexos, seus efeitos sinérgicos e seus sítios de ação, e não segue 
a 'similia' homeopática. 
 
 * Para saber mais sobre Vitalismo recomenda-se a leitura do artigo: O 
Vitalismo Homeopático ao Longo da História da Medicina (Homeopat. 
Bras., 8(2): 109-123, 2002) 
 
4) Potencial bioenergético 
Esta forma de raciocínio terapêutico baseia-se nos princípios vitalistas, da 
medicina tradicional chinesa e da indiana (ayurvédica). 
É pouco conhecido pelo médico ocidental. A ciência médica frequentemente 
coloca em dúvida a efetividade e a validade destas terapêuticas. 
Inclui a compreensão de conceitos complexos de energia vital, fisiopatologia 
energética, homeostase e interação homem-Natureza. 
 
Enfim, o médico irá buscar aqueles sistemas de prescrição com que tem 
maior afinidade ou facilidade de compreensão/manejo, mas sempre integrando-os 
ao raciocínio clínico moderno. 
Preparações fitoterápicas 
Tanto os medicamentos fitoterápicos (MF) quanto os produtos tradicionais 
fitoterápicos (PTF) podem ser prescritos em várias formas farmacêuticas. 
Forma farmacêutica é o estado final de apresentação dos princípios ativos 
farmacêuticos após uma ou mais operações farmacêuticas executadas com a adição 
ou não de excipientes apropriados a fim de facilitar a sua utilização e obter o efeito 
terapêutico desejado, com característicasapropriadas a uma determinada via de 
administração (BRASIL, 2010a). As principais formulações farmacêuticas fitoterápicas 
e suas definições, extraídas da Farmacopeia Brasileira (BRASIL, 2010a), estão 
listadas neste capítulo. 
Droga vegetal 
Planta medicinal ou suas partes, que contenham as substâncias, ou classes de 
substâncias, responsáveis pela ação terapêutica, após processos de coleta ou 
Farmácia da Natureza 
 19 
colheita, estabilização, secagem, podendo ser íntegra, rasurada ou triturada. A droga 
vegetal pode ser utilizada in natura (adicionada a alimentos ou bebidas, por exemplo), 
na forma de cápsulas, ou na preparação de derivados da droga vegetal (infusão, 
maceração, tintura, etc). 
Chá medicinal 
É o nome que se dá à droga vegetal destinada à preparação de infusão, 
decocção ou maceração pelo consumidor final. 
Cápsula 
É a forma farmacêutica sólida em que o princípio ativo e os excipientes estão 
contidos em um invólucro solúvel duro ou mole, de formatos e tamanhos variados, 
usualmente, contendo uma dose única do princípio ativo. Normalmente é formada de 
gelatina, mas pode, também, ser de amido ou de outras substâncias. 
Comprimido 
É a forma farmacêutica sólida contendo uma dose única de um ou mais 
princípios ativos, com ou sem excipientes, obtida pela compressão de volumes 
uniformes de partículas. Pode ser de uma ampla variedade de tamanhos, formatos, 
apresentar marcações na superfície e ser revestido ou não. 
Drágea 
São comprimidos revestidos com camadas constituídas por misturas de 
substâncias diversas, como resinas, naturais ou sintéticas, gomas, gelatinas, 
materiais inativos e insolúveis, açucares, plastificantes, poliois, ceras, corantes 
autorizados e, às vezes, aromatizantes e princípios ativos. 
Glóbulo 
É a forma farmacêutica sólida que se apresenta sob a forma de pequenas 
esferas constituídas de sacarose ou de mistura de sacarose e lactose. São 
impregnadas pela potência desejada e com álcool acima de 70%. 
Infusão 
Consiste em verter água fervente sobre a droga vegetal e, em seguida, tampar 
ou abafar o recipiente por um período de tempo determinado. É popularmente 
conhecido como chá ou chá medicinal. Trata-se de método indicado para partes de 
drogas vegetais de consistência menos rígida tais como folhas, flores, inflorescências 
e frutos, ou com substâncias ativas voláteis. 
Decocção 
Consiste na ebulição da droga vegetal em água potável por tempo determinado. 
Também é popularmente conhecido como chá. Trata-se de método indicado para 
partes de drogas vegetais com consistência rígida, tais como cascas, raízes, rizomas, 
caules, sementes e folhas coriáceas. 
Maceração 
Farmácia da Natureza 
 20 
Preparação que consiste no contato da droga vegetal com água, à temperatura 
ambiente, por tempo determinado para cada droga vegetal. Este método é indicado 
para drogas vegetais que possuam substâncias que se degradam com o aquecimento. 
Tintura 
É a preparação alcoólica (etanólica) ou hidroalcoólica (hidroetanólica) 
resultante da extração de drogas vegetais ou animais ou da diluição dos respectivos 
extratos. Na preparação da tintura usa-se em geral a planta seca. A menos que 
indicado de maneira diferente na monografia individual, 10 mL de tintura simples 
correspondem a 1 g de droga seca, ou seja, a tintura é preparada a 10%. 
Alcoolatura 
É a preparação alcoólica (etanólica) ou hidroalcoólica (hidroetanólica) 
resultante da extração de drogas vegetais ou animais ou da diluição dos respectivos 
extratos. Na preparação da alcoolatura usa-se em geral a planta fresca. A menos que 
indicado de maneira diferente na monografia individual, 10 mL de alcoolatura simples 
correspondem a 2 g de droga fresca, ou seja, a alcoolatura é preparada a 20%. 
Extrato 
É a preparação de consistência líquida, sólida ou intermediária, obtida a partir 
de material animal ou vegetal. O material utilizado na preparação de extratos pode 
sofrer tratamento preliminar, tais como, inativação de enzimas, moagem ou 
desengorduramento. O extrato é preparado por percolação, maceração ou outro 
método adequado e validado, utilizando como solvente álcool etílico, água ou outro 
solvente adequado. Após a extração, materiais indesejáveis podem ser eliminados. 
Extrato fluido 
É a preparação líquida obtida de drogas vegetais ou animais por extração com 
liquido apropriado ou por dissolução do extrato seco correspondente, em que, exceto 
quando indicado de maneira diferente, uma parte do extrato, em massa ou volume 
corresponde a uma parte, em massa, da droga, seca utilizada na sua preparação. Se 
necessário, os extratos fluidos podem ser padronizados em termos de concentração 
do solvente; teor de constituintes, ou de resíduo seco. Se necessário podem ser 
adicionados conservantes inibidores do crescimento microbiano. Devem apresentar 
teor de princípios ativos e resíduos secos prescritos nas respectivas monografias. 
Solução 
É a forma farmacêutica líquida; límpida e homogênea, que contém um ou mais 
princípios ativos dissolvidos em um solvente adequado ou numa mistura de solventes 
miscíveis. 
Pó 
É a forma farmacêutica sólida contendo um ou mais princípios ativos secos e 
com tamanho de partícula reduzido, com ou sem excipientes. 
Extrato mole 
É a preparação de consistência pastosa obtida por evaporação parcial de 
solvente utilizado na sua preparação. São utilizados como solvente, unicamente, 
Farmácia da Natureza 
 21 
álcool etílico, água, ou misturas álcool etílico/água em proporção adequada. 
Apresentam, no mínimo, 70% de resíduo seco (p/p). Se necessário podem ser 
adicionados conservantes inibidores do crescimento microbiano. 
Extrato seco 
É a preparação sólida; obtida por evaporação do solvente utilizado na sua 
preparação. Apresenta, no mínimo, 95% de resíduo seco, calculado como 
porcentagem de massa. Podem ser adicionados de materiais inertes adequados. Os 
extratos secos padronizados têm o teor de seus constituintes ajustado pela adição de 
materiais inertes adequados ou pela adição de extratos secos obtidos com o mesmo 
fármaco utilizado na preparação. Deve conter no máximo 5% de umidade. 
Extrato seco padronizado 
São aqueles que contêm uma concentração mínima determinada de um 
marcador ativo ou analítico. Exemplo: EGb 761 é um extrato padronizado de Ginkgo 
biloba que contém no mínimo 24% de flavonoides e 6% de ginkgolídeos. 
Extrato glicólico 
Assemelha-se a uma tintura ou alcoolatura, com exceção de que o solvente 
utilizado é a glicerina, no lugar do etanol. Em sua preparação usa-se a planta seca ou 
fresca. A menos que indicado de maneira diferente na monografia individual, 10 mL 
de extrato glicólico correspondem a 1 g de droga seca, ou seja, é preparado a 10%. 
Elixir 
É a preparação farmacêutica, líquida, límpida, hidroalcoólica, de sabor 
adocicado, agradável, apresentando teor alcoólico na faixa de 20% a 50%. 
Xampu 
É a forma farmacêutica líquida que consiste de uma base saponificante (xampu 
base), contendo um ou mais princípios ativos dissolvidos ou dispersos, sendo utilizada 
normalmente para aplicação externa no couro cabeludo. 
Creme 
É a forma farmacêutica semissólida que consiste de uma emulsão, formada por 
uma fase lipofílica e uma fase hidrofílica. Contém um ou mais princípios ativos 
dissolvidos ou dispersos em uma base apropriada e é utilizada, normalmente, para 
aplicação externa na pele ou nas membranas mucosas. 
Sabonete 
É a forma farmacêutica sólida que consiste de uma base, em geral à base de 
glicerina, contendo um ou mais princípios ativos dissolvidos ou dispersos, sendo 
utilizada normalmente para aplicação externa na pele. 
Pomada 
É a forma farmacêutica semissólida, para aplicação na pele ou em membranas 
mucosas, que consiste da solução ou dispersão de um ou mais princípios ativos em 
baixasproporções em uma base adequada usualmente não aquosa. 
Farmácia da Natureza 
 22 
Pasta 
É a pomada contendo grande quantidade de sólidos em dispersão (pelo menos 
25%). Deverão atender as especificações estabelecidas para pomadas. 
Emulsão 
É a forma farmacêutica líquida de um ou mais princípios ativos que consiste de 
um sistema de duas fases que envolvem pelo menos dois líquidos imiscíveis e na qual 
um líquido é disperso na forma de pequenas gotas (fase interna ou dispersa) através 
de outro líquido (fase externa ou contínua). Normalmente é estabilizada por meio de 
um ou mais agentes emulsificantes. 
Emplasto 
É a forma farmacêutica semissólida para aplicação externa. Consiste de uma 
base adesiva contendo um ou mais princípios ativos distribuídos em uma camada 
uniforme num suporte apropriado feito de material sintético ou natural. Destinada a 
manter o princípio ativo em contato com a pele atuando como protetor ou como agente 
queratolítico. 
Gel 
É a forma farmacêutica semissólida de um ou mais princípios ativos que contém 
um agente gelificante para fornecer firmeza a uma solução ou dispersão coloidal (um 
sistema no qual partículas de dimensão coloidal – tipicamente entre 1 nm e 1 µm – 
são distribuídas uniformemente através do líquido). Um gel pode conter partículas 
suspensas. 
Loção 
É a preparação líquida aquosa ou hidroalcoólica, com viscosidade variável, 
para aplicação na pele, incluindo o couro cabeludo. Pode ser solução, emulsão ou 
supensão contendo um ou mais princípios ativos ou adjuvantes. 
Óvulo 
É a forma farmacêutica sólida, de dose única, contendo um ou mais princípios 
ativos dispersos ou dissolvidos em uma base adequada que tem vários formatos, 
usualmente, ovoide. Fundem na temperatura do corpo. 
Supositório 
É a forma farmacêutica sólida de vários tamanhos e formatos adaptados para 
introdução no orifício retal, vaginal ou uretral do corpo humano, contendo um ou mais 
princípios ativos dissolvidos numa base adequada. Eles, usualmente, se fundem, 
derretem ou dissolvem na temperatura do corpo. 
Xarope 
É a forma farmacêutica aquosa caracterizada pela alta viscosidade, que 
apresenta não menos que 45% (p/p) de sacarose ou outros açúcares na sua 
composição. Os xaropes geralmente contêm agentes flavorizantes. Quando não se 
destina ao consumo imediato, deve ser adicionado de conservadores antimicrobianos 
autorizados. 
Farmácia da Natureza 
 23 
Referências 
BRASIL. Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos (2006). Brasília: 
Ministério da Saúde. 
BRASIL. (2006b). Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares no 
SUS. Atitude de ampliação de acesso. Brasília: Ministério da Saúde. 
BRASIL. Instrução Normativa (IN) no 5 de 11 de dezembro de 2008. Lista de 
Medicamentos Fitoterápicos de Registro Simplificado. Agência Nacional de 
Vigilância Sanitária (ANVISA). (2008). Brasília: Diário Oficial da União. 
BRASIL. (2010a). Farmacopeia Brasileira (Volume 1) (5a ed., Vol. 1). Brasília: Agência 
Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). 
BRASIL. (2010b). Farmacopeia Brasileira (Volume 2) (5a ed., Vol. 2). Brasília: Agência 
Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). 
BRASIL. (2010c). Resolução de Diretoria Colegiada (RDC) no 10 de 09 de março de 
2010. Notificação de drogas vegetais. Brasília: Agência Nacional de Vigilância 
Sanitária (ANVISA). 
BRASIL. (2011). Formulário de Fitoterápicos da Farmacopeia Brasileira (1a ed.). 
Brasília: Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). 
BRASIL. (2013). Resolução de Diretoria Colegiada (RDC) n. 13 de 14 de março de 
2013. Boas Práticas de Fabricação de Produtos Tradicionais Fitoterápicos. 
Brasília: Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). 
BRASIL. (2014a). Instrução Normativa (IN) n. 2 de 13 de maio de 2014. Lista de 
medicamentos fitoterápicos de registro simplificado e Lista de produtos 
tradicionais fitoterápicos de registro simplificado. Brasília: Agência Nacional de 
Vigilância Sanitária (ANVISA). 
BRASIL. (2014b). Instrução Normativa (IN) n. 4 de 18 de junho de 2014. Guia de 
orientação para registro de Medicamento Fitoterápico e registro e notificação 
de Produto Tradicional Fitoterápico. Brasília: Agência Nacional de Vigilância 
Sanitária (ANVISA). 
BRASIL. Resolução de Diretoria Colegiada (RDC) no 26 de 13 de maio de 2014. 
Registro de medicamentos fitoterápicos e o registro e a notificação de produtos 
tradicionais fitoterápicos. Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). 
(2014). Brasília: Diário Oficial da União. 
Cameron, M., Gagnier, J. J., Little, C. V, Parsons, T. J., Blümle, A., & Chrubasik, S. 
(2009). Evidence of effectiveness of herbal medicinal products in the treatment 
of arthritis. Part 1: Osteoarthritis. Phytother Res, 23(11), 1497–1515. 
Capasso, R., Aviello, G., Borrelli, F., Romano, B., Ferro, M., Castaldo, L., … Izzo, A. 
A. (2011). Inhibitory effect of standardized cannabis sativa extract and its 
ingredient cannabidiol on rat and human bladder contractility. Urology, 77(4), 
1006 e9-1006 e15. https://doi.org/10.1016/j.urology.2010.12.006 
Carmona, F., & Pereira, A. M. S. (2013). Herbal medicines: old and new concepts, 
truths and misunderstandings. Rev Bras Farmacogn, 23(2), 379–385. 
Cravotto, G., Boffa, L., Genzini, L., & Garella, D. (2010). Phytotherapeutics: An 
evaluation of the potential of 1000 plants. J Clin Pharm Ther, 35(1), 11–48. 
DerMarderosian, A., & Beutler, J. A. (2011). Willow Bark. In A. DerMarderosian & J. A. 
Beutler (Eds.), The Review of Natural Products. St. Louis: Facts and 
Comparisons Publishing Group. 
Gagnier, J. J., Boon, H., Rochon, P., Moher, D., Barnes, J., & Bombardier, C. (2006a). 
Recommendations for reporting randomized controlled trials of herbal 
interventions: Explanation and elaboration. Journal of Clinical Epidemiology, 
59(11), 1134–1149. 
Farmácia da Natureza 
 24 
Gagnier, J. J., Boon, H., Rochon, P., Moher, D., Barnes, J., & Bombardier, C. (2006b). 
Reporting randomized, controlled trials of herbal interventions: an elaborated 
CONSORT statement. Annals of Internal Medicine, 144(5), 364–367. 
Gomez Castellanos, J. R., Prieto, J. M., & Heinrich, M. (2009). Red Lapacho (Tabebuia 
impetiginosa)--a global ethnopharmacological commodity? J Ethnopharmacol, 
121(1), 1–13. 
Houghton, P. J. (1998). Establishing identification criteria for botanicals. Drug Inf J, 32, 
461–469. 
Koehn, F. E., & Carter, G. T. (2005). The evolving role of natural products in drug 
discovery. Nat Rev Drug Discov, 4(3), 206–220. 
https://doi.org/10.1038/nrd1657 
Krenzelok, E. P., & Mrvos, R. (2011). Friends and foes in the plant world: a profile of 
plant ingestions and fatalities. Clin Toxicol, 49(3), 142–149. 
https://doi.org/10.3109/15563650.2011.568945 
Lila, M. A., & Raskin, I. (2005). Health-related Interactions of Phytochemicals. J Food 
Sci, 70(1), R20–R27. 
Raskin, I., & Ripoll, C. (2004). Can an apple a day keep the doctor away? Curr Pharm 
Des, 10(27), 3419–3429. 
Robinson, M. M., & Zhang, X. (2011). The World Medicines Situation 2011. Geneve: 
WHO. 
Sardesai, V. M. (2002). Herbal medicines: poisons or potions? The Journal of 
Laboratory and Clinical Medicine, 139(6), 343–348. Retrieved from 
http://eutils.ncbi.nlm.nih.gov/entrez/eutils/elink.fcgi?dbfrom=pubmed&id=
12066132&retmode=ref&cmd=prlinks 
Schmidt, B., Ribnicky, D. M., Poulev, A., Logendra, S., Cefalu, W. T., & Raskin, I. 
(2008). A natural history of botanical therapeutics. Metabolism, 57, S3–S9. 
WHO. (1999a). WHO Monographs on selected medicinal plants (Volume 2) (1st ed., 
Vol. 2). Geneva: World Health Organization. 
WHO. (1999b). World Health Organization (WHO) Monographs on selected medicinal 
plants - Volume 1 (1st ed., Vol. 1). Geneva: World Health Organization. 
WHO. (2002). WHO Traditional Medicine Strategy2002-2005. Geneve. 
WHO. (2003). WHO Guidelines on good agricultural and collection practices (GACP) 
for medicinal plants, 1–80. 
WHO. (2007a). WHO Guidelines for assessing quality of herbal medicines with 
reference to contaminants and residues. 
WHO. (2007b). WHO Guidelines on good manufacturing practices (GMP) for herbal 
medicines, 1–92. 
WHO. (2007c). WHO Monographs on selected medicinal plants (Volume 3) (1st ed., 
Vol. 3). Geneva: World Health Organization. 
WHO. (2009). WHO Monographs on selected medicinal plants (Volume 4) (1st ed., 
Vol. 4). Geneva: World Health Organization. 
WHO. (2013). WHO Traditional Medicine Strategy 2014-2023. 
Williamson, E. M. (2001). Synergy and other interactions in phytomedicines. 
Phytomedicine : International Journal of Phytotherapy and Phytopharmacology, 
8(5), 401–409. https://doi.org/10.1078/0944-7113-00060

Mais conteúdos dessa disciplina