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apostila saneamento ambiental aplicado à arquitetura e urbanismo

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Saneamento Ambiental Aplicado à Arquitetura e Urbanismo 
 
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO PARANÁ 
ESCOLA POLITÉCNICA 
CURSO DE GRADUAÇÃO EM ARQUITETURA E URBANISMO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
APOSTILA DE SANEAMENTO AMBIENTAL APLICADO À ARQUITETURA E 
URBANISMO 
PROF. DR. ALTAIR ROSA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CURITIBA 
2018
 
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Saneamento Ambiental Aplicado à Arquitetura e Urbanismo 
 
SUMÁRIO 
 
1 PREFÁCIO ..................................................................................................... 1 
2 CONTEXTUALIZAÇÃO E CONCEITOS ........................................................ 2 
2.1 MEIO AMBIENTE ........................................................................................... 2 
2.2 IMPACTO AMBIENTAL .................................................................................. 4 
2.3 DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL ......................................................... 6 
2.4 ASPECTOS LEGAIS E INSTITUCIONAIS DO SANEAMENTO AMBIENTAL 7 
2.5 CICLO URBANO DA ÁGUA ........................................................................... 8 
2.6 DISPONIBILIDADE HÍDRICA ......................................................................... 9 
2.6.1 Disponibilidade hídrica global ................................................................... 10 
2.6.2 Disponibilidade hídrica brasileira ............................................................. 11 
2.7 QUALIDADE DAS ÁGUAS ........................................................................... 12 
2.7.1 Poluição e contaminação ........................................................................... 13 
2.7.1.1 Poluição e contaminação .............................................................................. 14 
2.7.2 Índice de Qualidade da Água (IQA) ........................................................... 15 
2.8 SANEAMENTO NO BRASIL ........................................................................ 17 
2.8.1 Diagnóstico Nacional ................................................................................. 18 
2.8.2 Prognóstico e desafios .............................................................................. 19 
2.9 RESÍDUOS SÓLIDOS .................................................................................. 21 
2.9.1 Reduzir, reutilizar e reciclar ....................................................................... 21 
3 URBANIZAÇÃO E MEIO AMBIENTE .......................................................... 23 
3.1 CULTURA E MEIO AMBIENTE .................................................................... 23 
3.2 PLANEJAMENTO AMBIENTAL E URBANO ................................................ 24 
3.2.1 Aspectos do saneamento no planejamento urbano ................................ 24 
4 PROJEÇÕES POPULACIONAIS................................................................. 26 
4.1 CASO EXEMPLO ......................................................................................... 31 
5 CONCEPÇÕES DE PROJETO .................................................................... 36 
5.1 UNIDADE DE PLANEJAMENTO .................................................................. 36 
5.1.1 Bacias hidrográficas, mananciais e corpos receptores .......................... 36 
6 ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DE ÁGUA – ETA ........................................ 38 
6.1 TRATAMENTO PRELIMINAR ...................................................................... 38 
6.1.1 Gradeamento .............................................................................................. 38 
 
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Saneamento Ambiental Aplicado à Arquitetura e Urbanismo 
6.1.2 Calha Parshall ............................................................................................. 39 
6.1.3 Desarenador ................................................................................................ 40 
6.2 COAGULAÇÃO ............................................................................................ 41 
6.3 FLOCULAÇÃO E FLOTAÇÃO ...................................................................... 41 
6.4 DECANTADORES ........................................................................................ 42 
6.5 FILTROS ...................................................................................................... 42 
6.6 DESINFECÇÃO ............................................................................................ 43 
6.7 RESERVATÓRIOS ....................................................................................... 43 
6.8 REDES DE ABASTECIMENTO .................................................................... 44 
7 ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DE EFLUENTES – ETE ............................. 46 
7.1 REDES DE COLETA .................................................................................... 48 
7.2 SISTEMA INDIVIDUAL ................................................................................. 49 
7.2.1 Fossa séptica .............................................................................................. 49 
7.2.2 Sumidouro ................................................................................................... 50 
7.2.3 Filtro anaeróbio........................................................................................... 50 
7.3 SISTEMAS COLETIVOS .............................................................................. 51 
7.3.1 Sistemas unitários ...................................................................................... 52 
7.3.2 Sistema separador ...................................................................................... 52 
7.4 TRATAMENTO PRELIMINAR ...................................................................... 53 
7.5 TRATAMENTO PRIMÁRIO .......................................................................... 54 
7.6 TRATAMENTO SECUNDÁRIO .................................................................... 54 
7.6.1 Reatores anaeróbios .................................................................................. 55 
7.7 TRATAMENTO TERCIÁRIO ........................................................................ 56 
7.7.1 Lagoas aeradas........................................................................................... 56 
7.7.2 Lagoas facultativas .................................................................................... 57 
7.7.3 Sistema australiano .................................................................................... 59 
7.7.4 Lagoas de maturação ................................................................................. 60 
7.7.5 Wetlands ...................................................................................................... 61 
8 ATERROS SANITÁRIOS ............................................................................. 63 
8.1 ATERRO CONTROLADO, ATERRO SANITÁRIO E LIXÃO ........................ 64 
8.2 BIOGÁS ........................................................................................................ 65 
8.3 CHORUME ................................................................................................... 66 
9 DRENAGEM URBANA ................................................................................ 67 
9.1 REDES DE DRENAGEM PLUVIAL .............................................................. 67 
 
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Saneamento Ambiental Aplicado à Arquitetura e Urbanismo 
9.2 IMPERMEABILIZAÇÃO DO SOLO ............................................................... 70 
9.3 DRENAGEM SUSTENTÁVEL ...................................................................... 71 
9.4 BIORETENÇÃO............................................................................................ 73 
9.5 CONSTRUÇÃO SUSTENTÁVEL .................................................................
73 
9.6 MOBILIDADE URBANA ECOLÓGICA ......................................................... 77 
10 VEGETAÇÃO ............................................................................................... 78 
10.1 MANUTENÇÃO DAS FUNÇÕES ECOSSISTEMICAS ................................. 79 
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 80 
 
 
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Saneamento Ambiental Aplicado à Arquitetura e Urbanismo 
1 
 
1 PREFÁCIO 
Esta apostila reúne os temas abordados na disciplina “Saneamento Ambiental 
Aplicado à Arquitetura e Urbanismo” da Pontifícia Universidade Católica do Paraná. Os 
textos apresentados possuem embasamento científico e foram selecionados de diversas 
fontes bibliográficas (livros, artigos, documentos, sites oficiais, etc.). 
O conhecimento a respeito destes temas não se encerra no conteúdo da apostila, 
cabendo aos discentes acompanhar as aulas, realizar as atividades propostas em sala e 
buscar outras fontes que complementem sua formação. 
Destaca-se que este material representa um esforço docente para que os alunos 
possam aprofundar seus estudos e complementar sua formação, visando o melhor 
aproveitamento do tempo regular da disciplina “Saneamento Ambiental Aplicado à 
Arquitetura e Urbanismo”, tendo seu uso restrito a mesma. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Saneamento Ambiental Aplicado à Arquitetura e Urbanismo 
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2 CONTEXTUALIZAÇÃO E CONCEITOS 
O espaço ocupado por localidades urbanas está aumentando mais rapidamente que 
a própria população urbana. Entre 2000 e 2030, o crescimento esperado da população 
urbana mundial é de 72%, enquanto as áreas construídas das cidades com 100 mil 
habitantes ou mais devem aumentar 175%. Até 2030, as cidades do mundo em 
desenvolvimento responderão por 80% da população urbana (UNFPA 2007). 
O atual crescimento urbano quando não planejado pode representar ameaças à 
saúde, principalmente nas periferias dos centros urbanos, onde a população pobre ocupa 
locais altamente vulneráveis a desastres ambientais. A falta de planejamento territorial 
dificulta o acesso aos serviços, expondo esta camada da população a diversos riscos 
ambientais (LIMA et al. 2010). 
Com o aumento da população vivendo nas cidades, a demanda de provisão dos 
serviços de saneamento básico também aumenta. Conforme divulgado pelo Instituto 
Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE (2008), 83,9% dos domicílios brasileiros 
localizados em centros urbanos têm acesso à rede de abastecimento de água. Apenas 
52,5% dos domicílios são atendidos por coleta de esgoto, 20,7% utilizam fossa séptica e 
26,8% não apresentam coleta de esgoto/fossa séptica. A região norte foi a que apresentou 
os menores índices para o acesso ao abastecimento de água que foi de 58,3% e de 9,5% 
de acesso a rede coletora de esgoto. É nítido que há desigualdades sociais entre as regiões 
do país. 
Segundo a OPAS (2007), saneamento básico é o conjunto de ações que se 
executam no âmbito do ecossistema humano para o melhoramento dos serviços de 
abastecimento de água, coleta de esgoto, o manejo dos resíduos sólidos, a higiene 
domiciliar e o uso industrial da água, em um contexto político, legal e institucional no que 
participam diversos atores do âmbito nacional, regional e local. 
2.1 MEIO AMBIENTE 
No sistema jurídico brasileiro foi a Lei n° 6938/81, que trata da Política Nacional do 
Meio Ambiente (PNMA), que definiu o conceito de meio ambiente como “o conjunto de 
condições, leis, influências e infraestrutura de ordem física, química e biológica, que 
 
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permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas” (BRASIL, 1981, p.01). Além do 
conceito apresentado pela PNMA, apenas a ISO 14001:2004 ousou fazer uma definição 
sobre meio ambiente: “circunvizinhança em que uma organização opera, incluindo-se ar, 
água, solo, recursos naturais, flora fauna, seres humanos e suas inter-relações” (BRASIL, 
2004, p. 01). 
A terminologia que tem sido adotada no Brasil é a da PNMA, que contempla todo o 
conjunto de bens, naturais ou não, produzidos pelo homem e que o afetam de algum modo 
em sua existência. O conceito de meio ambiente não serve apenas para designar um objeto 
específico, mas, de fato, uma relação de interdependência que deriva, necessariamente, 
do homem, por estar com ele relacionada. Silva (2000) conceitua o meio ambiente como a 
"interação do conjunto de elementos naturais, artificiais e culturais que propiciem o 
desenvolvimento equilibrado da vida em todas as suas formas". 
 O termo meio ambiente também é constantemente utilizado nos meios de 
comunicação, discursos políticos, livros didáticos e outros, apresentando grande 
diversidade conceitual, possibilitando diferentes interpretações, às vezes influenciadas pela 
vivência de cada um e até por informações da mídia (REIGOTA, 1991 apud MAROTI; 
SANTOS, 2004). 
O ambiente como natureza é aquele percebido de forma original e “puro”, do qual os 
seres humanos estão dissociados e no qual devem aprender a relacionar-se. As palavras 
chave e imagens que vêm à mente são “meio naturais”, “árvores”, “plantas”, “animais”, 
“cachoeiras”, etc. A natureza é como uma catedral, um monumento, que devemos admirar 
e respeitar. Segundo Sauvé (1996) nesta percepção o problema identificado para a 
Educação Ambiental (EA) é a dissociação do ser humano da natureza. Para este propósito, 
a EA deve promover estratégias de imersão na natureza, renovando, deste modo, os laços 
com a mesma, desenvolvendo um sentimento de pertencimento, de admiração e de 
respeito pelo meio natural. 
As saídas de interpretação são estratégias de EA, que permitem a imersão do ser 
humano no meio natural. Já o ambiente percebido como recurso é aquele que precisa ser 
gerenciado/administrado. Nesta ótica, os recursos naturais (água, ar, solo, fauna, bosque, 
enfim, o patrimônio natural), limitados e degradados, são percebidos como nossa herança 
coletiva biofísica, que sustenta a qualidade de nossas vidas. Neste caso, a EA deve ajudar 
o ser humano a aprender a manejar/gerenciar o meio ambiente (recursos) para alcançar o 
desenvolvimento sustentável. Entre as estratégias de ensino-aprendizado adotadas nessa 
 
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visão, estão as campanhas de economia de energia, recuperação e reciclagem e as 
auditorias ambientais do meio de vida (SAUVÉ, 1996). 
2.2 IMPACTO AMBIENTAL 
A definição de impacto ambiental é feita por vários autores e dentre eles, Plantenberg 
(2002) busca a terminologia na origem e significado da palavra, ressaltando que impacto 
vem do latim impactu e significa choque ou colisão (CUNHA e SUARTE, 2011). O conceito 
de impacto ambiental pode ser buscado na terminologia da palavra, a qual se origina do 
latim: impactu e significa choque ou colisão de substâncias nos três estados físicos da 
matéria (sólido, líquido e gasoso) de radiações ou formas variadas de energia, vindas de 
obras ou atividades realizadas com danosas alterações do ambiente natural, artificial, 
cultural ou social. Estas mudanças podem ser provocadas por diversas formas de energia 
ou matéria resultante de atividades antrópicas que afetam direta ou indiretamente a saúde, 
segurança da população, atividades econômicas e sociais, a biota e a disposição dos 
recursos do ambiente (PLANTENBERG, 2002; CUSTÓDIO, 1995; SPADOTTO 2002). 
Na visão de Sanchez (1999) impacto ambiental é decorrente de ações que provocam 
eliminação de um elemento do meio ambiente ou ainda a introdução da quantidade de 
fatores maior que a capacidade de suporte. Há na literatura visões diferenciadas de impacto 
ambiental, bem como opinião de que o homem pode viver em harmonia
com o meio 
ambiente. Assim, Barbosa (2006) ressalta que os impactos ambientais podem ser de forma 
positiva ou negativa, causando degradações significativas do ambiente ou degradações 
bem menores não tão significativas, não deixando é claro, de ser impacto ambiental. É 
notável que o homem usa os recursos da natureza para a manutenção da própria vida 
(sobrevivência) e como consequência disso promove o desarranjo ambiental. No entanto 
algumas atividades podem ser satisfatórias, as quais o homem adapta o meio ambiente 
para atender seus interesses sem causar danos significativamente negativos, e se ainda 
assim haver algum dano que este seja compensado. 
Os principais aspectos do impacto ambiental são a magnitude e a importância, pois 
ressaltam a significância do impacto ambiental. A magnitude é a medida de alteração de 
uma característica do ambiente, de modo amplo é a grandeza do impacto. A importância é 
 
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o grau de significância de impacto em relação aos fatores ambientais ou quando 
comparados a outros impactos (SPADOTTO, 2002). 
De acordo com Kurtz (2002), para verificar a magnitude e importância de um impacto 
são avaliados vários critérios: 
 
a) Magnitude – extensão: tamanho da ação ambiental do empreendimento; 
b) Periodicidade: tempo que dura a ação; Intensidade: grau (baixo, médio ou alto) da 
ação impactante; 
c) Importância – magnitude: que envolve todos os critérios descritos acima; 
d) Ação: quantidade de efeitos que a ação causa; 
e) Ignição: tempo que demora a sentir o efeito da ação (imediato médio ou mediato); 
f) Criticidade: nível de relação entre causa X efeito da ação. 
 
O impacto ambiental também pode ser classificado de forma qualitativa e 
quantitativa. Para Spadotto (2002) qualitativamente são levados em consideração seis 
critérios: (1) Valor, que se refere a impacto positivo quando causa benefício de um fator 
ambiental ou negativo quando provoca algum dano em um fator do ambiental; (2) Ordem, 
onde o impacto é direto, primário ou de primeira ordem, exprimindo simplesmente a relação 
de causa e efeito, impacto indireto, secundário ou de ordem enésimo sendo resultado de 
uma reação secundária em relação à ação feita ou quando ocorrem às reações em cadeia; 
(3) Espaço, verifica se o impacto é local, quando a ação acomete as imediações ou o 
próprio sítio. Regional, quando o impacto se propaga para além das imediações do sítio. 
Global, onde o impacto se propaga tão imensamente que afeta um componente do 
ambiente em nível nacional ou internacional; (4) Tempo, impacto de curto prazo, quando 
este surge imediatamente após a ação; Médio prazo, quando o impacto surge a um prazo 
médio que deve ser definido e; Longo prazo, quando surge em longo prazo que, da mesma 
forma, deve ser definido; (5) Dinâmica, quando o impacto é de caráter temporário, ou seja, 
é definido em curto prazo ou ao tempo determinado, após o término de realização da ação. 
Cíclico, o impacto ocorre em ciclos que podem ser constantes ou não ao longo do tempo. 
Permanente, uma vez realizada a ação os impactos se manifestam por tempo 
indeterminado; (6) Plástica, a qual os impactos são reversíveis, quando a ação é cessada 
e o fator do ambiente afetado volta as suas condições originais. Impactos irreversíveis 
 
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quando a ação é cessada, o fator ambiental afetado não retoma as suas condições 
originais. 
Spadotto (2002) destaca ainda que quantitativamente o que se tem em vista é a 
magnitude do impacto gerado por uma ação, sendo objetivo ressaltar o grau de alteração 
dos fatores ambientais em aspectos quantitativos. 
Por fim, consideram-se impactos ambientais de acordo com a Resolução CONAMA 
nº 001/1986 em seu artigo 1º, qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e 
biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante 
das atividades humanas que, direta ou indiretamente, afetam: (1) a saúde, a segurança e 
o bem-estar da população; (2) as atividades sociais e econômicas; (3) a biota; (4) as 
condições estéticas e sanitárias do meio ambiente; (5) a qualidade dos recursos ambientais. 
2.3 DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL 
Conforme Barbosa (2008), o termo “desenvolvimento sustentável” surgiu por meio 
dos estudos realizados pela Organização das Nações Unidas sobre as mudanças 
climáticas, como uma resposta para a humanidade perante a crise social e ambiental pela 
qual o mundo passava a partir da segunda metade do século XX. Na Comissão Mundial 
para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento (CMMAD), também conhecida como Comissão 
de Brundtland, presidida pela norueguesa Gro Haalen Brundtland, no processo preparatório 
a Conferência das Nações Unidas – também chamada de “Rio 92” foi desenvolvido um 
relatório que ficou conhecido como “Nosso Futuro Comum”. Tal relatório contém 
informações colhidas pela comissão ao longo de três anos de pesquisa e análise, 
destacando-se as questões sociais, principalmente no que se refere ao uso da terra, sua 
ocupação, suprimento de água, abrigo e serviços sociais, educativos e sanitários, além de 
administração do crescimento urbano. Neste relatório está exposta uma das definições 
mais difundidas do conceito: “o desenvolvimento sustentável é aquele que atende as 
necessidades do presente sem comprometer as possibilidades de as gerações futuras 
atenderem suas próprias necessidades”. 
O Relatório Brundland considera que a pobreza generalizada não é mais inevitável 
e que o desenvolvimento de uma cidade deve privilegiar o atendimento das necessidades 
básicas de todos e oferecer oportunidades de melhoria de qualidade de vida para a 
 
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população. Um dos principais conceitos debatidos pelo relatório foi o de “equidade” como 
condição para que haja a participação efetiva da sociedade na tomada de decisões, através 
de processos democráticos, para o desenvolvimento urbano (BARBOSA, 2008). O conceito 
de desenvolvimento sustentável foi firmado na Agenda 21, documento desenvolvido na 
Conferência “Rio 92”, e incorporado em outras agendas mundiais de desenvolvimento e de 
direitos humanos. 
Hofer (2009) destaca que a Rio 92 estabelece uma série de iniciativas para promover 
a aceitação da ideia de desenvolvimento sustentável. Na percepção de Ríos-Osório et al. 
(2013), na Rio 92 houve um esforço para reconhecer e compartilhar as responsabilidades, 
com o intuito de alterar as tendências dos impactos negativos sobre os recursos naturais. 
As conferências realizadas em 2002 (Rio +10) e 2012 (Rio +20) centraram-se em reforçar 
as discussões e os compromissos assumidos frente à questão da sustentabilidade pelos 
setores privado e público; e o direcionamento voltava-se à pobreza, à justiça social e ao 
crescimento e desenvolvimento econômico. Nas palavras de Barter e Russell (2012), a 
definição de desenvolvimento sustentável não se refere a salvar a natureza, mas à 
internalização de estratégias, agregando, assim, novos recursos para permitir o 
crescimento econômico e a prosperidade compartilhada por todos. 
O desenvolvimento sustentável pode ser conceituado como uma estratégia utilizada 
em longo prazo para melhorar a qualidade de vida (bem-estar) da sociedade. Essa 
estratégia deve integrar aspectos ambientais, sociais e econômicos, em especial 
considerando as limitações ambientais, devido ao acesso aos recursos naturais de forma 
contínua e perpétua (FEIL e SCHREIBER, 2017). O conceito de estratégias, ou seja, o ato 
de gerenciar é elaborado com base nos resultados das avaliações da sustentabilidade, e 
tem como foco os aspectos negativos, recuperando ou normalizando até o ponto em que o 
processo evolutivo do sistema ocorra normalmente.
2.4 ASPECTOS LEGAIS E INSTITUCIONAIS DO SANEAMENTO AMBIENTAL 
A Lei nº 11445 de 2007 tem como conceito de saneamento básico o conjunto de 
serviços, infraestruturas e instalações de abastecimento de água, esgotamento sanitário, 
limpeza urbana e manejo dos resíduos sólidos e drenagem de águas pluviais. Esta lei 
 
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definiu ao governo federal, coordenados pelo Ministério das Cidades a responsabilidade 
pela elaboração do Plano Nacional de Saneamento Básico (Ministério do Meio Ambiente). 
O decreto número 7217/2010 determina que a partir do ano de 2018 os municípios 
só receberão os recursos da União, voltados a obras de saneamento básico, caso tenham 
elaborado o Plano Municipal de Saneamento Básico. Esse decreto tem o objetivo de 
viabilizar os recursos por meio de diretrizes, metas e cronogramas para os investimentos. 
O Plano Municipal também deve interagir com outros planos setoriais existentes no 
município. 
2.5 CICLO URBANO DA ÁGUA 
O ciclo urbano da água é usualmente abordado numa perspectiva da ligação do ciclo 
natural da água com uma componente que está relacionada com o nosso consumo (Figura 
1). Tem-se a referida captação, tratamento, distribuição e depois a utilização. Após a 
utilização o tratamento para devolução ao meio natural. 
A água pode ser captada à superfície ou no subsolo (lençóis de água), através de 
furos ou poços. A captação pode incluir a atividade de elevação, que consiste em levar, 
através de processos de bombeamento, a água de pontos baixos para os altos. 
Depois de captada, a água segue para a Estação de Tratamento de Água (ETA), 
onde é feita a correção das caraterísticas físicas, químicas e bacteriológicas tornando-a 
adequada para consumo. A água tratada é depois transportada da zona de captação e 
tratamento (produção) para as zonas de consumo, ficando armazenada em reservatórios 
que asseguram a continuidade do abastecimento. Por vezes, quando no processo de 
encaminhamento da água até ao reservatório, é necessário levar a água de pontos baixos 
para os altos, recorre-se à atividade de elevação, através de processos de bombeamento. 
Em cada zona de consumo, é feita a distribuição de água até às torneiras dos consumidores 
através de uma rede complexa, garantindo que a água é distribuída em quantidade e com 
a pressão e qualidade adequadas. 
As águas residuais, resultantes da utilização da água pelas populações e atividades 
produtivas, são recolhidas e encaminhadas para as Estações de Tratamento de Esgoto. De 
acordo com as exigências e usos dos meios receptores, as águas residuais são sujeitas a 
diferentes tipos de tratamento – primário, secundário e terciário. Em situações particulares, 
 
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de maior exigência, as águas residuais são adicionalmente desinfetadas. Depois de tratada, 
parte desta água é reutilizada para regas e lavagens e a restante é devolvida à natureza 
em condições ambientalmente seguras, permitindo assegurar a reposição de água nos 
meios hídricos sem comprometer a saúde pública e os ecossistemas, protegendo a 
natureza e a biodiversidade. 
Em termos urbanos e no interior das habitações existem diversas necessidades de 
qualidade de água, por exemplo, para a rega ou lavagem de vias não é necessário atender 
padrões de potabilidade de água. Em um território é possível encontrar muitas fontes de 
água com qualidades diversas, mas genericamente pode-se considerar três principais tipos: 
água existente em aquífero (subterrâneo ou superficial) com potencial para se tornar 
potável (em qualidade e quantidade), água de aquífero sem potencial para se tornar água 
potável, por questões de qualidade e/ou quantidade e a água da chuva. 
 
Figura 1 – Ciclo urbano da água 
 
Fonte: Engenharia e Construção, 2018. 
2.6 DISPONIBILIDADE HÍDRICA 
Segundo Rebouças (2002), "água" é o elemento natural desvinculado de qualquer 
utilização e "recurso hídrico" corresponde a parte da água passível de utilização, portanto, 
dotada de valor econômico. Sendo assim, nem toda a água da Terra é, necessariamente, 
 
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um recurso hídrico, na medida em que seu uso ou utilização nem sempre tem viabilidade 
econômica (BRANCO, 2006). 
Conforme Branco, 2006, as águas da Terra encontram-se em permanente 
movimento, constituindo o chamado ciclo hidrológico. Duas variáveis regionais 
caracterizam a gênese das águas: as precipitações e a evapotranspiração. Além destas 
variáveis, utiliza-se do escoamento superficial e da infiltração para o chamado balanço 
hídrico. 
Contudo, a disponibilidade hídrica é avaliada a partir das descargas líquidas médias 
observadas nos cursos de água da bacia hidrográfica em estudo. Em seguida faz-se uma 
comparação dos volumes de água disponíveis com a demanda atual e projetada. 
2.6.1 Disponibilidade hídrica global 
Atualmente, segundo o World Water Development Report (WWDR), 40% da 
população mundial vive em países em situação de estresse hídrico (UNESCO, 2015). Cinco 
das dez bacias hidrográficas mais densamente povoadas do planeta, como as dos rios 
Yang-Tsé, na China, e Ganges, na Índia, já são exploradas acima dos níveis considerados 
sustentáveis. A África apresenta cerca de 9% dos recursos de água doce de todo o mundo 
e 11% da população mundial (WORLD BANK, 2007). 
 Nos últimos 30 anos, 57 milhões de pessoas foram afetadas pela seca na Etiópia. 
Na Índia, mais de 70% das chuvas ocorrem em apenas três meses do ano, o que faz com 
que haja escassez de água durante boa parte do ano na agricultura não irrigada (JACOBI 
e GRANDRISOLI, 2017). 
 O Banco Mundial estima que a degradação da qualidade da água nos países do 
Oriente Médio e do Norte da África custa entre 0,5% e 2,5% de seus PIBs anuais (WORLD 
BANK, 2007). Estimativas indicam que cerca de 30% da captação mundial de água é 
perdida em vazamentos (KINGDOM et al., 2006; DANILENKO et al., 2014). Mesmo em 
países desenvolvidos, a perda em sistemas de abastecimento de água pode ser superior a 
30%, com cidades como Londres alcançando 25% (THAMES LONDON, 2014), e a 
Noruega, 32% (STATISTICS NORWAY, 2015). 
De acordo com o WWDR de 2015, menos da metade da população mundial tem 
acesso à água potável. A irrigação corresponde a 73% do consumo de água, sendo que 
 
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21% vão para a indústria e apenas 6% destinam-se ao consumo doméstico. Um bilhão e 
200 milhões de pessoas não têm acesso a água tratada. Um bilhão e 800 milhões de 
pessoas não contam com serviços adequados de saneamento básico. Diante desses 
dados, tem-se a triste constatação de que dez milhões de pessoas morrem anualmente em 
decorrência de doenças intestinais transmitidas pela água. 
O Fórum Econômico Mundial listou a escassez de água como um dos três riscos 
sistêmicos globais mais preocupantes. A avaliação está baseada em uma ampla pesquisa 
global sobre a percepção de risco entre representantes de empresas, do mundo 
acadêmico, da sociedade civil, de governos e de organizações internacionais. Melhorias na 
eficiência do uso da água podem desacelerar o aumento de sua demanda, mas 
particularmente na agricultura irrigada elas provavelmente serão contrabalançadas por um 
aumento da produção (JACOBI e GRANDRISOLI, 2017). 
Em muitos países pobres ou em desenvolvimento, a situação é mais dramática. Falta 
acesso a água potável e saneamento para a maioria da população. Em países africanos, 
uma pessoa, para conseguir água de mínima qualidade, pode gastar duas horas por dia 
(JACOBI e GRANDRISOLI, 2017). Sendo assim, encontra-se mais suscetível a doenças, 
como a diarreia, uma vez que as pessoas que vivem nessas condições têm maiores
probabilidades de exclusão social. 
2.6.2 Disponibilidade hídrica brasileira 
O Brasil é dividido em doze regiões hidrográficas que representam uma ou mais 
bacias hidrográficas, que são utilizadas para analisar a conjuntura dos seus recursos 
hídricos. Cabe destacar que os limites dessas regiões não coincidem com os limites 
geopolíticos dos Estados (JACOBI e GRANDRISOLI, 2017). A vazão média anual dos rios 
em território brasileiro é de cerca de 180 mil m³/s, o que reflete a importância de sua 
disponibilidade hídrica regional e mundial. Dessa forma, o Brasil é classificado com 
possuidor de uma alta disponibilidade (vazão média por habitante), com cerca de 33 mil 
m³/habitante/ano. Porém essa distribuição não é uniforme, apresentando uma grande 
variação entre regiões e épocas do ano (ANA, 2010). 
A Região Hidrográfica Amazônica, por exemplo, detém 74% dos recursos hídricos 
superficiais e é habitada por menos de 5% da população brasileira. A distribuição regional 
 
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dos recursos hídricos é de 68,5% para a região Norte, 15,7% para o Centro-Oeste, 12,5% 
para as regiões Sul e Sudeste, que apresentam o maior consumo de água, e 3,3% para o 
Nordeste. Esta região, além da carência de recursos hídricos, tem sua situação agravada 
por um regime pluviométrico irregular, altas taxas de evaporação e baixa permeabilidade 
do terreno cristalino (ANA, 2010). Na Tabela 1, encontra-se o percentual da concentração 
dos recursos hídricos do Brasil conforme cada região. 
 
Tabela 1 - Recursos Hídricos no Brasil por região 
Região Densidade demográfica 
(hab/km²) 
Concentração dos recursos 
hídricos do país 
Norte 4,12 68,5% 
Nordeste 34,15 3,3% 
Centro-Oeste 8,75 15,7% 
Sudeste 86,92 6% 
Sul 48,58 6,5% 
Fonte: Adaptado de ANA, 2010. 
 
 Conforme a Agência Nacional de Águas (ANA), o uso mais intenso de água, no 
Brasil, está relacionado à irrigação para produção de alimentos (cerca de 70% do consumo 
de água é destinado a essa finalidade). Quanto a esse aspecto, o abastecimento urbano 
representa 11%; a dessedentação animal, 11%; o uso industrial, 7%; e o abastecimento 
rural, 2%. A demanda de água corresponde à vazão de retirada, ou seja, à água captada. 
2.7 QUALIDADE DAS ÁGUAS 
Segundo Von Sperling (1996), a qualidade da água resulta de fenômenos naturais e 
das interferências do homem. Assim, pode-se afirmar que a qualidade da água de uma 
determinada região está relacionada com as condições naturais e também ao uso e 
ocupação do solo de uma bacia hidrográfica (BH). Para avaliar a qualidade das águas 
superficiais, os padrões utilizados para a comparação dos resultados constam na 
Resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) nº357/2005 que trata da 
classificação dos corpos d’água e diretrizes ambientais para o seu enquadramento, 
baseado no uso predominante atual e pretendido, sendo divididas em cinco classes 
(Especial, 1, 2, 3 e 4) de acordo com sua qualidade. 
 A Agência Nacional de Águas (ANA) monitora a qualidade das águas superficiais e 
subterrâneas do país, com base nos dados fornecidos pelos órgãos estaduais gestores de 
 
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recursos hídricos. Além disso, por intermédio desse acompanhamento, a ANA consegue 
fazer uma gestão mais eficiente, essencial para conceder outorgas de direito de uso da 
água e realizar estudos e planos, entre outras atividades. 
 Os processos ecológicos em uma paisagem influenciam a qualidade da água e a 
forma como ela se movimenta através do sistema, assim como a formação do solo, a 
erosão, o transporte e a deposição de sedimentos – todos os fatores que podem ter grande 
influência na hidrologia. A infraestrutura urbana verde pode produzir resultados positivos 
em termos de disponibilidade e qualidade da água, bem como de redução de inundações 
e secas (WWDR 2018). No contexto da água e do saneamento, wetlands construídos para 
o tratamento de águas residuais podem ser uma solução baseada na natureza com custo-
efetivo que fornece efluentes de qualidade adequada para vários usos que não sejam o 
consumo humano, incluindo a irrigação, oferecendo benefícios adicionais, como a produção 
de energia. 
2.7.1 Poluição e contaminação 
A poluição, o crescimento populacional e as mudanças no clima estão entre os 
principais fatores que mais agravam a crise hídrica. Por dia, duas toneladas de lixo 
(industrial, químico, agrícola e de origem humana) são despejadas nas reservas de água 
limpa do planeta. A situação afeta, sobretudo, os países em desenvolvimento, onde cerca 
de 50% da população está exposta a fontes de água poluídas, como mostra a Figura 2. 
 Desde a década de 1990, a poluição hídrica piorou em quase todos os rios da 
América Latina, da África e da Ásia. Estima-se que a deterioração da qualidade da água irá 
se ampliar ainda mais durante as próximas décadas, o que aumentará as ameaças à saúde 
humana, ao meio ambiente e ao desenvolvimento sustentável. Em âmbito mundial, o maior 
desafio no que diz respeito à qualidade da água é a carga de nutrientes a qual, dependendo 
da região, é frequentemente associada à carga de agentes patogênicos. Centenas de 
produtos químicos também causam impactos na qualidade da água. Prevê-se que o 
aumento de exposição a substâncias poluentes será maior em países de renda baixa e 
médio-baixa, principalmente devido ao crescimento populacional e econômico, e à 
ausência de sistemas de gestão das águas residuais (WWDR 2018). 
 
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O grau de poluição da água pela agricultura é significativo e a perspectiva é 
preocupante, em virtude do aumento da agricultura intensiva, que só poderá ser reduzida 
mediante a combinação de instrumentos, incluindo uma regulamentação mais rigorosa e 
aplicada e subsídios bem definidos (UNESCO, 2015). Por outro lado, para enfrentar essa 
expansão da produção agrícola, as fontes hídricas são insustentáveis, devido ao seu uso 
ineficiente, que provoca o esgotamento de aquíferos e a redução do fluxo dos rios, além de 
degradar habitats naturais e causar a salinização de 20% da área total irrigada. 
 
Figura 2 - Poluição por resíduos sólidos sob palafitas no Rio Tefé, na cidade de Tefé (AM) 
 
Fonte: Edson Grandisoli, 2017. 
 
Em 18 de janeiro de 2000, foi aprovado pelo Plenário da Câmara dos Deputados o 
Projeto de Lei 1.617/99, que cria a Agência Nacional de Águas – ANA, como parte da 
regulamentação necessária para promover o desenvolvimento do Sistema Nacional de 
Recursos Hídricos. A ANA é uma autarquia sob regime especial, com autonomia 
administrativa e financeira, vinculada ao Ministério do Meio Ambiente. Essa Agência tem o 
papel de programar a Política Nacional de Recursos Hídricos, além de disciplinar o seu uso, 
controlando a poluição e o desperdício, para garantir a disponibilidade de água para as 
gerações futuras. 
2.7.1.1 Poluição e contaminação 
Entende-se por poluição qualquer alteração nos aspectos do sistema original, no 
caso da água pode-se considerar poluição a mudança de coloração, turbidez, sabor, 
temperatura, pH, entre outros. A poluição pode ocorrer de forma pontual ou difusa. As 
cargas pontuais são introduzidas através de lançamentos individualizados, como o que 
 
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ocorre no lançamento de esgotos sanitários ou de efluentes industriais. Cargas pontuais 
são facilmente identificadas e, portanto, seu controle é mais eficiente e mais rápido. 
A poluição difusa ocorre por cargas difusas, que são assim chamadas por não terem 
um ponto de lançamento específico ou por não advirem de um ponto preciso de geração, 
tornando-se assim de difícil controle e identificação. Exemplos
de cargas difusas: a 
infiltração de agrotóxicos no solo provenientes de campos agrícolas, o aporte de nutrientes 
em córregos e rios através da drenagem urbana. 
A contaminação é tida como o comprometimento das características da água ao 
ponto de poder causar prejuízo ao ambiente, bem como à fauna ou as pessoas em contato. 
Neste contexto, tem-se como exemplo a água de um rio, que pode estar poluída por sólidos 
em suspensão (suja, barrenta) e pode não estar contaminada. Para ser considerada 
contaminada deve conter microrganismos patogênicos, como bactérias, ou ainda algum 
contaminante químico como o mercúrio, mesmo que sua aparência seja própria para 
consumo. Com isto evidencia-se a necessidade de controle da qualidade de corpos hídricos 
utilizados para abastecimento. 
2.7.2 Índice de Qualidade da Água (IQA) 
Conforme a ANA, o Índice de Qualidade das Águas (IQA) é o principal indicador 
qualitativo usado no país. Foi desenvolvido para avaliar a qualidade da água para o 
abastecimento público, após o tratamento convencional. A interpretação dos resultados da 
avaliação do IQA deve levar em consideração este uso da água. Por exemplo, um valor 
baixo de IQA indica a má qualidade da água para abastecimento, mas essa mesma água 
pode ser utilizada em usos menos exigentes, como a navegação ou geração de energia. 
Os principais indicadores de qualidade da água são separados sob os aspectos físicos, 
químicos e biológicos. 
 A sua criação baseou-se em uma pesquisa de opinião feita entre 142 especialistas, 
os quais indicaram os parâmetros que deveriam ser medidos, bem como sua importância 
relativa. Dos trinta e cinco parâmetros indicados inicialmente, acabaram sendo 
selecionados apenas nove. Para esses nove, cada profissional elaborou uma curva de 
variação de qualidade, que fornece uma “nota” entre zero e cem, dependendo da 
concentração ou do valor do parâmetro ou variável pesquisada. O IQA é calculado com 
 
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base nos seguintes parâmetros: temperatura da água, pH, oxigênio dissolvido, resíduo 
total, demanda bioquímica de oxigênio, coliformes termotolerantes, nitrogênio total, fósforo 
total e turbidez. Trata-se de uma espécie de nota atribuída à qualidade da água, podendo 
variar entre zero e cem. 
De acordo com a Secretaria do Meio Ambiente e Recursos Hídricos, o IQA é 
determinado (modificado pela CETESB) pelo produto ponderado das qualidades 
estabelecidas para cada parâmetro, conforme a expressão: 
 
 
Onde: 
IQA = índice de qualidade da água 
qi = qualidade do i-ésimo parâmetro (obtido nas curvas) 
wi = peso relativo do i-ésimo parâmetro 
n = 9 
 
Os resultados são divulgados por meio de publicações em forma de Relatórios 
Técnicos, editados periodicamente pelo Instituto das Águas do Paraná. Na Tabela 2, 
encontram-se os parâmetros e os pesos relativos ao IQA conforme estabelecido pela 
CETESB. 
 
Tabela 2 – Parâmetros e pesos relativos ao IQA 
Parâmetros Pesos relativos 
1. Oxigênio Dissolvido 0,17 
2. Coliformes Fecais 0,15 
3. pH 0,12 
4. Demanda Bioquímica de Oxigênio 0,10 
5. Fosfato Total 0,10 
6. Temperatura 0,10 
7. Nitrogênio Total 0,10 
8. Turbidez 0,08 
9. Sólidos Totais 0,08 
Fonte: CETESB, 1997. 
 
 Depois de realizado o cálculo é feita a classificação da qualidade da água, segundo 
o IQA, utilizando os critérios conforme a Tabela 3 abaixo. 
 
 
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Tabela 2 - Classificação da qualidade das águas 
Valor Qualificação Cor 
80-100 Ótima 
52-79 Boa 
37-51 Aceitável 
20-36 Ruim 
0-19 Péssima 
Fonte: CETESB, 1997. 
2.8 SANEAMENTO NO BRASIL 
Saneamento é o conjunto de medidas que visa preservar ou modificar as condições 
do meio ambiente com a finalidade de prevenir doenças e promover a saúde, melhorar a 
qualidade de vida da população e a produtividade do indivíduo e facilitar a atividade 
econômica. No Brasil, o saneamento básico é um direito assegurado pela Constituição e 
definido pela Lei nº 11.445/2007 como o conjunto dos serviços, infraestrutura e instalações 
operacionais de abastecimento de água, esgotamento sanitário, limpeza urbana, drenagem 
urbana, manejos de resíduos sólidos e de águas pluviais. Embora atualmente se use no 
Brasil o conceito de Saneamento Ambiental como sendo os quatro serviços citados, o mais 
comum é que o saneamento seja visto como sendo os serviços de acesso à água potável, 
à coleta e ao tratamento dos esgotos (TRATA BRASIL, 2018). 
Ter saneamento básico é um fator essencial para um país poder ser chamado de 
país desenvolvido. Os serviços de água tratada, coleta e tratamento dos esgotos levam à 
melhoria da qualidade de vidas das pessoas, sobretudo na saúde infantil com redução da 
mortalidade infantil, melhorias na educação, na expansão do turismo, na valorização dos 
imóveis, na renda do trabalhador, na despoluição dos rios e preservação dos recursos 
hídricos, entre outros. Em 2013, segundo o Ministério da Saúde (DATASUS), foram 
notificadas mais de 340 mil internações por infecções gastrintestinais no país. Em vinte 
anos (2015 a 2035), considerando o avanço gradativo do saneamento, o valor presente da 
economia com saúde, seja pelos afastamentos do trabalho, seja pelas despesas com 
internação no SUS, deve alcançar R$ 7,239 bilhões no país. 
http://www.tratabrasil.org.br/lei-do-saneamento
 
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2.8.1 Diagnóstico Nacional 
No século passado, desde a década de 1950 até o seu final, o investimento em 
saneamento básico no Brasil ocorreu pontualmente em alguns períodos específicos, com 
um destaque para as décadas de 1970 e 1980, quando existia um “predomínio da visão de 
que avanços nas áreas de abastecimento de água e de esgotamento sanitário nos países 
em desenvolvimento resultariam na redução das taxas de mortalidade” (SOARES, 
BERNARDES e CORDEIRO NETTO, 2002). Nesse período, foi consolidado o Plano 
Nacional de Saneamento (Planasa), que deu ênfase ao incremento dos índices de 
atendimento por sistemas de abastecimento de água, mas que, em contrapartida, não 
contribuiu para diminuir o déficit de coleta e tratamento de esgoto, o que é ainda verificado 
atualmente. Até 2006, apenas 15% do esgoto sanitário gerado nas regiões urbanas dos 
municípios do Brasil era tratado (SNIS, 2007). 
 Atualmente, o setor tem recebido maior atenção governamental e existe uma 
quantidade significativa de recursos a serem investidos. No entanto, esses investimentos 
devem, além de gerar os benefícios já esperados quanto à melhoria da qualidade da água 
e dos índices de saúde pública, atender aos padrões mínimos de qualidade, sendo 
definidos pela legislação específica do setor, com a finalidade de garantir a sustentabilidade 
dos mesmos. 
Nestes últimos anos, as principais normas que regulam o setor de saneamento estão 
representadas pela Lei nº 11.445/2007, que estabelece as diretrizes nacionais para o 
saneamento básico, e pela Lei 9.433/1997, referente à Política Nacional de Recursos 
Hídricos (PNRH). Verificam-se nestas leis algumas exigências para garantir a 
sustentabilidade dos investimentos em saneamento, porém, para Souza, Freitas e Moraes 
(2007), ainda existe uma predominância de conceitos preventivistas e omissões 
discursivas, além de visões ambíguas dentro de uma mesma legislação. Soma-se a isso o 
fato de que ainda não estão definidas, de maneira clara, as atribuições de cada esfera 
governamental no que se refere ao saneamento básico. Devido a essa indefinição, União, 
Estados, Distrito Federal e Municípios poderiam criar ações redundantes em alguns casos 
ou se tornar negligentes em outros, deixando a responsabilidade para um dos demais 
agentes envolvidos. Nesse cenário, a aplicação dos recursos poderia ainda ser realizada 
sem a
adoção de uma visão mais global, que contemple as relações entre esses agentes, 
prejudicando o planejamento e a eficácia dos recursos aplicados. 
 
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 O Instituto Trata Brasil, em parceria com a GO Associados, divulgou o novo Ranking 
do Saneamento Básico – 100 Maiores Cidades do Brasil que aborda os indicadores de 
água e esgotos com base nos dados do Sistema Nacional de Informações sobre 
Saneamento (SNIS), divulgado anualmente pelo Ministério das Cidades, e que reúne 
informações fornecidas pelas empresas prestadoras dos serviços nessas cidades. Os 
dados consultados foram de 2016, os últimos publicados pelo Ministério das Cidades. Além 
disso, dos indicadores tradicionais, o relatório abordou perdas de água e investimentos das 
100 maiores cidades do país. 
 Na nova edição, três novos municípios foram incluídos nas amostras devido aos 
índices do IBGE em relação à população, tais como: Palmas (TO), Taboão da Serra (SP) e 
Camaçari (BA). Deixaram de integrar o Ranking os municípios de Foz do Iguaçu (PR), 
Juazeiro do Norte (CE) e Volta Redonda (RJ). Em 2016, os indicadores mostravam que 35 
milhões de brasileiros ainda não eram abastecidos com água potável, mais de 100 milhões 
não tinha coleta de esgotos e somente 45% dos esgotos gerados no país eram tratados. 
Ao transpor esta realidade para as 100 maiores cidades do Brasil, onde mais de 40% da 
população vive, constatou-se que 93,62% da população tinha abastecimento de água, 
72,14% coleta de esgotos e 54,33% dos esgotos gerados eram tratados, conforme o último 
ranking divulgado em abril de 2018. 
2.8.2 Prognóstico e desafios 
A necessidade da melhoria da qualidade de vida e ambiental vivenciada no mundo 
atualmente, aliada às condições insatisfatórias de saúde ambiental e à importância de 
diversos recursos naturais para a manutenção da vida, resulta na preocupação municipal 
em adotar uma política de saneamento básico adequada, considerando os princípios da 
universalidade, equidade, desenvolvimento sustentável, dentre outros. A falta de 
planejamento municipal, resultando em ações fragmentadas, conduz para um 
desenvolvimento desequilibrado, com desperdício de recursos, e ineficiente. A ausência de 
análises integradas conciliando aspectos sociais, econômicos e ambientais, pode acarretar 
sérios problemas ao meio ambiente, como a poluição/contaminação dos recursos hídricos, 
influenciando diretamente na saúde pública. Em contraposição, ações adequadas na área 
de saneamento resultam em redução de gastos com a saúde da população. 
 
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 O Plano Municipal de Saneamento Básico (PMSB) é essencial para um município 
que busca o desenvolvimento sustentável. O conhecimento da situação atual das 
necessidades e déficits, municipais ou regionais, referentes ao saneamento básico, 
possibilita que o planejamento seja eficaz para a resolução das carências diagnosticadas. 
Portanto, com essas preocupações e com o planejamento, o município poderá chegar a um 
elevado nível de desenvolvimento. O Plano Municipal de Saneamento Básico visa 
estabelecer um planejamento das ações de saneamento no município atendendo a 
princípio a Política Nacional de Saneamento Básico e à Política Estadual de Recursos 
Hídricos, bem como outras legislações vigentes no âmbito do saneamento, visando 
salubridade ambiental, proteção aos recursos hídricos, promoção à saúde pública. 
 O objetivo geral dos Planos Municipais de Saneamento Básico é estabelecer um 
planejamento das ações de saneamento em seus 4 eixos: abastecimento de água, 
esgotamento sanitário, manejo de águas pluviais e limpeza urbana e manejo de resíduos 
sólidos. Este planejamento deve atender aos princípios da Política Nacional de 
Saneamento Básico, através de uma gestão participativa, envolvendo a sociedade no 
processo de planejamento, considerando a melhoria da salubridade ambiental, a proteção 
dos recursos hídricos, universalização dos serviços, desenvolvimento progressivo e 
promoção da saúde pública. O PMSB compreende as seguintes fases: plano de trabalho, 
de mobilização e comunicação social; diagnóstico da situação do saneamento no município 
e seus impactos na qualidade de vida da população; desenvolvimento do Sistema de 
Informações Geográficas (SIG); definição de objetivos, metas e alternativas para 
universalização e desenvolvimento dos serviços; estabelecimento de programas, projetos 
e ações necessárias para atingir os objetivos e as metas; planejamento de ações para 
emergências e contingências; desenvolvimento de mecanismos e procedimentos para a 
avaliação sistemática das ações programadas e institucionalização do plano; criação do 
modelo de gestão, com a estrutura para a regulação dos serviços de saneamento no 
município. 
 Por meio dos índices de atendimento da população quanto ao saneamento básico, 
destaca-se que em relação ao atendimento à população de baixa renda, o índice ainda é 
mais inadequado, e alcançar uma cobertura mais ampla desse benefício é um grande 
desafio. 
 
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2.9 RESÍDUOS SÓLIDOS 
Com base na NBR 10.004 (ABNT 2004) resíduos sólidos são resíduos nos estados 
sólidos e semissólidos, que resultam de atividades da comunidade de origem industrial, 
doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e de varrição. Ficam incluídos nesta 
definição os lodos provenientes de sistema de tratamento de água, aqueles gerados em 
equipamentos e instalações de controle de poluição, bem como determinados líquidos 
cujas particularidades tornem inviável seu lançamento na rede pública de esgotos ou 
corpos de água, ou exijam para isso soluções técnicas e economicamente inviáveis em 
face de melhor tecnologia disponível. 
De acordo com a NBR 10.004, os resíduos são classificados em duas classes: classe 
I – Perigosos e classe II - Não perigosos. Ainda dentro da classe dos Não Perigosos, são 
divididas em outras duas categorias, classe II A - Não inertes e classe II B – Inertes. Para 
ser classificado como perigoso, o resíduo precisa apresenta alguma das seguintes 
categorias: 
 
a) Inflamabilidade; 
b) Corrosividade; 
c) Reatividade; 
d) Toxidade; 
e) Patogenicidade. 
 
Caso o resíduo não apresente nenhuma dessas características, porém apresenta 
biodegradabilidade, combustibilidade ou solubilidade em água, é considerado não inerte 
(Classe II A). Não apresentando nenhuma característica dos aspectos anteriores, é 
considerado inerte. 
2.9.1 Reduzir, reutilizar e reciclar 
A Agenda 21 apresentou o princípio dos 3Rs: redução (do uso de matérias-primas e 
energia), reutilização direta dos produtos e reciclagem de materiais. A ordem se baseia no 
 
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que causa menor impacto, sendo a redução menor causadora de impacto do que reciclar, 
visto que este, implica em gasto de energia. 
A redução é a primeira etapa do princípio dos 3R´s (Reduzir, Reutilizar e Reciclar), 
e consiste em ações que visem à diminuição da geração de resíduos, seja por meio da 
minimização na fonte ou por meio da redução do desperdício. 
A reutilização é a segunda etapa que pode ser implantada através de ações que 
possibilitem sua utilização para várias finalidades, otimizar o máximo seu uso antes de 
descarte final, ou, ainda seu reenvio ao processo produtivo, visando a sua recolocação para 
o mesmo fim ou recolocação no mercado. 
Reciclagem é um conjunto de técnicas que tem por finalidade aproveitar os resíduos, 
e reutilizá-los no ciclo de produção de que saíram. Materiais que se tornariam lixo, ou estão 
no lixo, são separados, coletados e processados para serem usados como matéria-prima 
na manufatura
de novos produtos. Reciclar é usar um material para fazer outro (ECO-
UNIFESP, 2018). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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3 URBANIZAÇÃO E MEIO AMBIENTE 
O ambiente urbano é formado pelo sistema natural, composto pelo meio físico e 
biológico (solo, vegetação, animais, etc.) e pelo sistema antrópico, constituído pelo homem 
e suas atividades. O homem tem no ambiente urbano a habilidade de coordenar suas 
ações, usufruindo do meio ambiente como fonte de matéria prima e de energia necessárias 
para sua sobrevivência, ou como receptor de seus produtos e resíduos gerados (MOTA, 
1999). 
A deterioração do meio urbano é um dos principais temas a serem abordados nas 
cidades, já que os resultados atingem diretamente a população, mesmo que de formas 
diferentes, levando em conta as diferenças socioeconômicas da população. Nesta 
perspectiva, os impactos causados pela urbanização são mais intensos nas áreas mais 
desprovidas de infraestrutura e de serviços urbanos (CAU/BR, 2015). 
3.1 CULTURA E MEIO AMBIENTE 
A relação entre o ambiente e os seres que cercam um povo são fundamentais na 
formação de sua cultura. O entendimento de cultura se relaciona com as diferentes 
maneiras como os homens compreendem, representam e se relacionam com os vários 
elementos presentes ao seu entorno. É perceptível a relação entre as características 
naturais dos indivíduos e sua interação com os elementos de sua existência (BOMFIM, 
2007). 
Segundo Bomfim (2007), o conceito de meio ambiente não está relacionado somente 
ao meio físico e biológico, ele também está interligado com as relações econômicas, sociais 
e culturais. Sendo assim, o meio ambiente deve ser entendido como a relação de 
componentes físicos e humanos das várias paisagens que compõem o meio em que estão 
inseridos. 
O meio ambiente, atualmente, baseia-se em um conceito muito aberto, que agrega 
a noção do patrimônio ambiental nacional tanto o meio ambiente natural quanto o meio 
ambiente cultural. O meio ambiente natural é aquele composto por elementos que são 
arranjados em um grupo biológico de três reinos: animal, vegetal e mineral. Meio ambiente 
 
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cultural é conceituado como o que tem interação entre o ambiente natural e os espaços 
ocupados ou edificados pelo homem. 
Os problemas referentes às questões ambientais também estão ligados a existência 
da sociedade e sua cultura. Como os recursos naturais são essenciais para a existência e 
qualidade de vida da população é necessário adotar medidas que utilizem de maneira 
consciente dos recursos vindos do meio ambiente (CÂMARA, 2015). 
3.2 PLANEJAMENTO AMBIENTAL E URBANO 
Segundo Mota (1999), a transformação de um ambiente rural em um ambiente 
urbano resulta em grandes alterações ambientais. Um planejamento urbano que pondere 
as questões ambientais pode minimizar os impactos, adequando os procedimentos de 
urbanização às características do meio ambiente existente. 
No passado, o planejamento urbano das cidades realizou-se atendendo os aspectos 
sociais, culturais e econômicos, e considerava que o ambiente físico é que deveria se 
ajustar as atividades do homem. Acreditava-se que os recursos naturais eram ilimitados, 
desde que atendessem as necessidades dos moradores da cidade. Esse tipo de 
pensamento causou a degradação dos recursos naturais, refletindo negativamente na 
qualidade de vida do homem (MOTA, 1999). 
De acordo com o Ministério do Meio Ambiente, o planejamento das cidades é um 
benefício constitucional da gestão municipal correspondente pela delimitação da zona 
urbana, rural e outros territórios, onde são direcionados os instrumentos de planejamento 
ambiental. Todos os planos ligados a qualidade de vida no processo de urbanização 
constituem instrumentos de planejamento ambiental. Esses instrumentos são fundamentais 
pois são compostos por ações preventivas que permitam minimizar os impactos negativos 
dos investimentos públicos-privados sobre os recursos naturais que compõem as cidades. 
3.2.1 Aspectos do saneamento no planejamento urbano 
O saneamento ambiental é o grupo de práticas que promovem a qualidade e 
melhoria do meio ambiente, contribuindo para a saúde individual, saúde pública e o bem-
 
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estar da população. As questões de saneamento básico são muito importantes no 
desenvolvimento urbano, assim, é essencial incluir essas ações no planejamento territorial 
das cidades (ENGRÁCIA, 1964). O saneamento é também um fator de infraestrutura: 
melhorar o acesso ao saneamento significa melhorar a infraestrutura do município. 
A insuficiência do saneamento aparece em escalas municipais e comprometem 
diretamente a saúde da população. A infraestrutura básica não acompanha o crescimento 
excessivo da população, gerando ambientes insalubres e exclusão social. Por esse motivo, 
o saneamento é um dos pontos mais vulneráveis da crise ambiental, interferindo 
diretamente no espaço da cidade e na dinâmica territorial. 
O uso do solo tem sido indispensável para o planejamento metropolitano, deve ser 
levada em consideração sua interação com o sistema de abastecimento de água, coleta e 
disposição de esgoto, drenagem, transporte, coleta e disposição de resíduos, poluição do 
ar, do solo e da água, etc. (MOTA, 1999). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
_________________________________ 
Saneamento Ambiental Aplicado à Arquitetura e Urbanismo 
26 
 
4 PROJEÇÕES POPULACIONAIS1 
Os principais métodos utilizados para as projeções populacionais são (FAIR et al, 
1968; CETESB, 1978; BARNES et al, 1981; QASIM, 1985; METCALF & EDDY, 1991): 
 
a) Crescimento aritmético; 
b) Crescimento geométrico; 
c) Regressão multiplicativa; 
d) Taxa decrescente de crescimento; 
e) Curva logística; 
f) Comparação gráfica entre cidades similares; 
g) Método da razão e correlação; 
h) Previsão com base nos empregos. 
 
Os Quadros 1 e 2 listam as principais características dos diversos métodos. Todos 
os métodos apresentados no Quadro 1 podem ser resolvidos também através da análise 
estatística da regressão (linear ou não linear). Estes métodos são encontrados em um 
grande número de programas de computador comercialmente disponíveis. Sempre que 
possível, deve-se adotar a análise da regressão, que permite a incorporação de uma maior 
série histórica, ao invés de apenas 2 ou 3 pontos, como nos métodos algébricos 
apresentados no Quadro 1. 
Os resultados da projeção populacional devem ser coerentes com a densidade 
populacional da área em questão. Valores típicos de densidades populacionais estão 
apresentados no Quadro 3. Já o Quadro 4 apresenta valores típicos de densidades 
populacionais de saturação, em regiões metropolitanas altamente ocupadas. 
_______________ 
 
1 Texto retirado de VON SPERLING, M. Princípios do tratamento biológico de águas residuárias. Vol. 1. 
Introdução à qualidade das águas e ao tratamento de esgotos. Departamento de Engenharia Sanitária e 
Ambiental - UFMG. 3a ed, 2005. 
 
 
_________________________________ 
Saneamento Ambiental Aplicado à Arquitetura e Urbanismo 
27 
 
 
Quadro 1 – Projeção populacional (métodos com base em fórmulas matemáticas) 
Método Descrição Forma da curva Taxa de 
crescimento 
Fórmula da 
projeção 
Coeficientes 
(se não for efetuada análise da 
regressão) 
Projeção 
aritmética 
Crescimento populacional segundo 
uma taxa constante. Método utilizado 
para estimativas de menor prazo. O 
ajuste da curva pode ser também 
feito por análise da regressão. 
 
 
aK
dt
dP
 
 
 
)t.(tKPP 0a0t  
 
02
02
a
tt
PP
K


 
Projeção 
geométrica 
Crescimento populacional função da 
população existente
a cada instante. 
Utilizado para estimativas de menor 
prazo. O ajuste da curva pode ser 
também feito por análise da 
regressão. 
 
 
.PK
dt
dP
g 
 
)t.(tK
0t
0g.ePP

 
ou 
)t(t
0t
0i).(1PP

 
02
02
g
tt
lnPlnP
K


 
ou 
1ei g
K
 
Regressão 
multiplicativa 
Ajuste da progressão populacional 
por regressão linear (transformação 
logarítmica da equação) ou 
regressão não linear. 
 
 
 
- 
 
 
s
00t )tr.(tPP  
 
r, s - análise da regressão ou 
transformação logarítmica 
Taxa 
decrescente 
de 
crescimento 
Premissa de que, à medida em que a 
cidade cresce, a taxa de crescimento 
torna-se menor. A população tende 
assintoticamente a um valor de 
saturação. Os parâmetros podem ser 
também estimados por regressão 
não linear. 
 
 
 
P).(PK
dt
dP
sd  
 
 
]e-[1 .
. )P-(P+P=P
)t-.(tK-
0s0t
0d
 
2
120
20
2
1210
s
P.PP
)P.(PP.P.P2.P
P


 
0
tt
)]P)/(PPln[(P
K
2
0s2s
d


 
 
_________________________________ 
Saneamento Ambiental Aplicado à Arquitetura e Urbanismo 
28 
 
 
Crescimento 
logístico 
O crescimento populacional segue 
uma relação matemática, que 
estabelece uma curva em forma de 
S. A população tende 
assintoticamente a um valor de 
saturação. Os parâmetros podem ser 
também estimados por regressão 
não linear. Condições necessárias: 
P0<P1<P2 e P0.P2<P12. O ponto de 
inflexão na curva ocorre no tempo 
[to-ln(c)/K1] e com Pt=Ps/2. 
 
 
 
P
P)(P
.P.K
dt
dP s
l

 
 
)t.(tK
s
t
0lc.e1
P
P


 2
120
20
2
1210
s
P.PP
)P.(PP.P.P2.P
P


 
 
00s )/PP(Pc  
 
]
)P-.(PP
)P-.(PP
.ln[
t-t
1
=K
0s1
1s0
12
l 
Fonte: adaptado parcialmente de Qasim (1985) 
 
 
a) dP/dt = taxa de crescimento da população em função do tempo 
b) Po, P1, P2 = populações nos anos t0, t1 , t2 (as fórmulas para taxa decrescente e crescimento logístico exigem valores equidistantes, caso não sejam 
baseadas na análise da regressão) (hab) 
c) Pt = população estimada no ano t (hab) ; Ps = população de saturação (hab) 
d) Ka, Kg, Kd, Kl, i, c, r, s = coeficientes (a obtenção dos coeficientes pela análise da regressão é preferível, já que se pode utilizar toda a série de dados 
existentes, e não apenas P0, P1 e P2). 
 
Quadro 2 – Projeções populacionais com base em métodos de quantificação indireta 
Método Descrição 
Comparação gráfica O método envolve a projeção gráfica dos dados passados da população em 
estudo. Os dados populacionais de outras cidades similares, porém maiores, são 
plotados de tal maneira que as curvas sejam coincidentes no valor atual da 
população da cidade em estudo. Estas curvas são utilizadas como referências na 
projeção futura da cidade em estudo. 
Razão e correlação Assume-se que a população da cidade em estudo possui a mesma tendência da 
região (região física ou política) na qual se encontra. Com base nos registros 
censitários a razão "população da cidade/população da região"é calculada, e 
projetada para os anos futuros. A população da cidade é obtida a partir da projeção 
populacional da região (efetuada em nível de planejamento por algum outro órgão) 
e da razão projetada. 
 
_________________________________ 
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29 
 
 
Previsão de empregos 
e serviços de utilidades 
A população é estimada utilizando-se a previsão de empregos (efetuada por algum 
outro órgão). Com base nos dados passados da população e pessoas 
empregadas, calcula-se a relação "emprego/população", a qual é projetada para 
os anos futuros. A população da cidade é obtida a partir da projeção do número 
de empregos da cidade. O procedimento é similar ao método da razão. Pode-se 
adotar a mesma metodologia a partir da previsão de serviços de utilidade, como 
eletricidade, água, telefone etc. As companhias de serviços de utilidade 
normalmente efetuam estudos e projeções da expansão de seus serviços com 
relativa confiabilidade. 
Fonte: Qasim (1985) 
 
Nota: a projeção futura das relações pode ser feita com base na análise da regressão 
 
 
 
30 
Quadro 3 – Densidades populacionais típicas em função do uso do solo 
Uso do solo Densidade populacional 
(hab/ha) (hab/km2) 
Áreas residenciais 
 Residências unifamiliares; lotes grandes 12 – 36 1.200 – 3.600 
 Residências unifamiliares; lotes pequenos 36 – 90 3.600 – 9.000 
 Residências multifamiliares; lotes pequenos 90 – 250 9.000 – 25.000 
 Apartamentos 250 – 2.500 25.000 – 250.000 
Äreas comerciais 36 – 75 3.600 – 7.500 
Áreas industriais 12 – 36 1.200 – 3.600 
Total (excluindo-se parques e outros equipamentos de grande 
porte) 
25 – 125 2.500 – 12.500 
Fonte: adaptado de Fair, Geyer e Okun (1973) e Qasim (1985) (valores arredondados) 
 
Quadro 4 – Densidades demográficas e extensões médias de arruamentos por ha, em condições de 
saturação, em regiões metropolitanas altamente ocupadas (dados médios da Região Metropolitana de 
São Paulo) 
Uso do solo Densidade 
populacional de 
saturação (hab/ha) 
Extensão média de 
arruamentos (m/ha) 
Bairros residenciais de luxo, com lote padrão de 800 m2 100 150 
Bairros residenciais médios, com lote padrão de 450 m2 120 180 
Bairros residenciais populares, com lote padrão de 250 m2 150 200 
Bairros mistos residencial-comercial da zona central, com 
predominância de prédios de 3 e 4 pavimentos 
300 150 
Bairros residenciais da zona central, com predominância 
de edifícios de apartamentos com 10 e 12 pavimentos 
450 150 
Bairros mistos residencial-comercial –industrial da zona 
urbana, com predominância de comércio e indústrias 
artesanais e leves 
600 150 
Bairros comerciais da zona central com predominância de 
edifícios de escritórios 
1000 200 
Fonte: Além Sobrinho e Tsutiya (1999) 
 
Ao se fazer as projeções populacionais, deve-se ter em mente que os estudos 
de projeção populacional são normalmente bastante complexos. Devem ser 
analisadas todas as variáveis (infelizmente nem sempre quantificáveis) que possam 
interagir na localidade específica em análise. Ainda assim podem ocorrer eventos 
inesperados que mudem totalmente a trajetória prevista para o crescimento 
populacional. Isto ressalta a necessidade do estabelecimento de um valor realístico 
para o horizonte de projeto, assim como da implantação da estação em etapas. 
As sofisticações matemáticas associadas às determinações dos parâmetros de 
algumas equações de projeção populacional perdem o sentido se não forem 
embasadas por informações paralelas, na maioria das vezes não quantificáveis, como 
aspectos sociais, econômicos, geográficos, históricos etc. 
 
 
 
31 
O bom senso do analista é de grande importância na escolha do método de 
projeção a ser adotado e na interpretação dos resultados. Ainda que a escolha possa 
se dar tendo por base o melhor ajuste aos dados censitários disponíveis, a 
extrapolação da curva exige percepção e cautela. 
Os últimos dados censitários no Brasil têm indicado uma tendência geral 
(naturalmente que com exceções localizadas) de redução nas taxas anuais de 
crescimento populacional. 
É interessante considerar a inclusão de uma margem de segurança na 
estimativa, no sentido de que as populações reais futuras não venham, a menos de 
forte causa imprevisível, facilmente ultrapassar a população de projeto estimada, 
induzindo a precoces sobrecargas no sistema implantado. 
A seguir apresenta-se um exemplo para melhor compreensão: 
4.1 CASO EXEMPLO 
Com base nos dados censitários apresentados a seguir, fazer a projeção 
populacional, utilizando-se os métodos baseados em fórmulas matemáticas (Quadro 
1). Dados: 
 
Ano População 
(hab.) 
1980 10.585 
1990 23.150 
2000 40.000 
 
Solução: 
 
a) Nomenclatura dos anos e populações 
 
De acordo com o Quadro 1, tem-se a seguinte nomenclatura: 
 
t0 = 1980 P0 = 10.585 hab 
t1 = 1990 P1 = 23.150 hab 
t2 = 2000 P2 = 40.000 hab 
 
b) Projeção aritmética 
 
8,1470
19802000
1058540000
tt
PP
K
02
02
a 






32 
1980)-(t x 1470,8 10585 )t.(tKPP 0a0t  
 
Para se calcular a população do ano 2005, por exemplo, deve-se substituir t 
por 2005 na equação acima. Para o ano 2010, t = 2010, e assim por diante. 
 
c) Projeção geométrica 
 
0665,0
19802000
10585ln40000ln
tt
lnPlnP
K
02
02
g 





 
 
1980)(t x 0,6665)t.(tK
0t 10585.e.ePP
0g   
 
d) Taxa decrescente de crescimento 
 
66709
231504000010585
)4000010585(231504000023150105852
P.PP
)P.(PP.P.P2.P
P
2
2
2
120
20
2
1210
s 






x
xxxx
 
 
A população de saturação é, portanto, 66.709 hab. 
 
0371,0
19802000
)]1058566709/()4000066709ln[(
tt
)]P)/(PPln[(P
K
02
0s2s
d 





 
 
) e-(1 x 10585)-(6670910585]e-[1 . )P-(P+P=P 1980)-(t-0,0371x 
)t-.(t-K
0s0t
0d  
 
e) Crescimento logístico 
 
66709
231504000010585
)4000010585(231504000023150105852
P.PP
)P.(PP.P.P2.P
P
2
2
2
120
20
2
1210
s 






x
xxxx
 
 
3022,5
10585
)1058566709(
P
)P(P
c
0
0s 



 
 
1036,0
)1058566709(23150
)2315066709(10585
ln.
1990-2000
1
]
)P-.(PP
)P-.(PP
.ln[
t-t
1
=K
0s1
1s0
12
l 








x
x
 
 
 
 
 
33 
1980)(t x 0,1036)t.(tK
s
t
 5,3022.e1
66709
c.e1
P
P
0l  


 
 
O ponto de inflexão na curva ocorre no seguinte ano e com a seguinte 
população: 
 
1996
0,1036
ln(5,3022)
1980
K
ln(c)
tinflexão Tempo
1
0 

 
 
hab 33354
2
66709
2
Ps
inflexão População  
 
Antes do ponto de inflexão (ano de 1996), o crescimento populacional 
apresenta uma taxa crescente e, após este, uma taxa decrescente. 
 
f) Resultados na forma de tabela e gráfico 
 
Nomenclatura Ano População 
medida 
(censo) 
População estimada 
Aritmética Geométrica Decrescente Logística 
P0 1980 10585 10585 10585 10585 10585 
P1 1990 23150 25293 20577 27992 23150 
P2 2000 40000 40000 40000 40000 40000 
- 2005 - 47354 55770 44525 47725 
- 2010 - 54708 77758 48284 53930 
- 2015 - 62061 108414 51405 58457 
- 2020 - 69415 151157 53998 61534 
 
 
 
 
34 
 
Projeção populacional (dados medidos e estimados). 
 
Pelo gráfico e pela tabela, observam-se os seguintes pontos, específicos para 
este conjunto de dados: 
 
a) Os dados observados (populações dos anos 1980 a 2000) apresentam uma 
tendência crescente de crescimento. Visualmente, observa-se que o modelo da 
taxa decrescente não se ajusta bem a esta taxa crescente; 
b) A projeção geométrica conduz a valores estimados futuros bastante elevados 
(que poderão vir a ser ou não verdadeiros, mas que se afastam bastante das 
demais projeções); 
c) Os métodos logísticos e de taxa decrescente tendem à população de saturação 
(66.709 hab., indicada no gráfico); 
d) Em todos os métodos, os valores calculados da população nos anos P0 e P2 
são iguais aos valores medidos; 
e) A projeção populacional propriamente dita é apenas a partir do ano 2000. Os 
anos com dados censitários são plotados no gráfico, para permitir uma 
visualização do ajuste de cada curva aos dados observados (1980, 1990 e 
2000); 
f) A curva de melhor ajuste aos dados observados pode ser selecionada por meio 
de métodos estatísticos, que deem uma indicação do erro (normalmente 
expresso na forma da soma dos quadrados dos erros), onde o erro é a 
diferença entre o dado estimado e o dado observado. 
PROJEÇÃO POPULACIONAL
0
10000
20000
30000
40000
50000
60000
70000
80000
1980 1985 1990 1995 2000 2005 2010 2015 2020
ANO
P
O
P
U
L
A
Ç
Ã
O
 
(h
a
b
)
CENSO
LOGIST
ARITM
GEOM
DECRESC
saturação 
 
 
 
35 
Quadro 5 – Projeção populacional. Métodos com base em fórmulas matemáticas 
Método Descrição Forma da curva Taxa de crescimento Fórmula da projeção Coeficientes 
(se não for efetuada análise da 
regressão) 
Projeção 
aritmética 
Crescimento populacional segundo uma taxa 
constante. Método utilizado para estimativas de 
menor prazo. O ajuste da curva pode ser 
também feito por análise da regressão. 
 
 
aK
dt
dP
 
 
 
)t.(tKPP 0a0t  
 
02
02
a
tt
PP
K


 
Projeção 
geométrica 
Crescimento populacional função da população 
existente a cada instante. Utilizado para 
estimativas de menor prazo. O ajuste da curva 
pode ser também feito por análise da regressão. 
 
 
.PK
dt
dP
g 
 
)t.(tK
0t
0g.ePP

 
ou 
)t(t
0t
0i).(1PP

 
02
02
g
tt
lnPlnP
K


 
ou 
1ei g
K
 
Regressão 
multiplicativa 
Ajuste da progressão populacional por 
regressão linear (transformação logarítmica da 
equação) ou regressão não linear. 
 
 
 
- 
 
 
s
00t )tr.(tPP  
 
r, s - análise da regressão ou 
transformação logarítmica 
Taxa 
decrescente de 
crescimento 
Premissa de que, à medida em que a cidade 
cresce, a taxa de crescimento torna-se menor. A 
população tende assintoticamente a um valor de 
saturação. Os parâmetros podem ser também 
estimados por regressão não linear. 
 
 
 
P).(PK
dt
dP
sd  
 
 
]e-[1 .
. )P-(P+P=P
)t-.(tK-
0s0t
0d
 
2
120
20
2
1210
s
P.PP
)P.(PP.P.P2.P
P


 
0
tt
)]P)/(PPln[(P
K
2
0s2s
d


 
Crescimento 
logístico 
O crescimento populacional segue uma relação 
matemática, que estabelece uma curva em 
forma de S. A população tende assintoticamente 
a um valor de saturação. Os parâmetros podem 
ser também estimados por regressão não linear. 
Condições necessárias: P0<P1<P2 e P0.P2<P12. O 
ponto de inflexão na curva ocorre no tempo [to-
ln(c)/K1] e com Pt=Ps/2. 
 
 
 
P
P)(P
.P.K
dt
dP s
l

 
 
)t.(tK
s
t
0lc.e1
P
P


 2
120
20
2
1210
s
P.PP
)P.(PP.P.P2.P
P


 
 
00s )/PP(Pc  
 
]
)P-.(PP
)P-.(PP
.ln[
t-t
1
=K
0s1
1s0
12
l 
Fonte: Von Sperling, 1996 
 
 
 
36 
5 CONCEPÇÕES DE PROJETO 
5.1 UNIDADE DE PLANEJAMENTO 
De acordo com a ANA (Agência Nacional das Águas), Unidades de 
Planejamento Hídrico são subdivisões de bacias hidrográficas, caracterizada por 
conformidade de fatores geomorfológicos, hidrográficos e hidrológicos que concedem 
a organização do planejamento e aproveitamento dos recursos hídricos. 
A bacia hidrográfica como unidade de planejamento constitui um sistema 
natural bem delimitado geograficamente, onde os fenômenos e interações podem ser 
integrados, sendo assim bacias hidrográficas são consideradas como unidades 
geográficas. Uma unidade espacial é de fácil reconhecimento e caracterização, 
levando em consideração que todas as áreas de terra sempre integram uma bacia 
hidrográfica (CARVALHO E MIRANDA, 2009). 
5.1.1 Bacias hidrográficas, mananciais e corpos receptores 
A bacia hidrográfica é uma área de captação natural de água de precipitação 
convergindo o escoamento para um único ponto de saída. A bacia hidrográfica é 
composta por um conjunto de superfícies vertentes e de uma rede de drenagem 
formada por cursos de água que confluem até resultar em um leito único no seu 
exutório. 
A bacia hidrográfica pode ser considerada um ente sistêmico. É onde se 
realizam os balanços de entrada proveniente da chuva e saída de água através do 
exutório, permitindo que sejam delineadas bacias e sub-bacias, cuja interconexão se 
dá pelos sistemas hídricos (PORTO e PORTO, 2008). 
De acordo com Tsutiya (2006), manancial é o corpo de água superficial ou 
subterrâneo, de onde é retirada a água para o abastecimento. Deve fornecer vazão 
suficiente para atender a demanda de água no período de projeto, e a qualidade dessa 
água deve ser adequada sob o ponto de vista sanitário. 
 
 
 
37 
De acordo com o CONAMA Resolução 357, de 17 de março de 2005, o conceito 
de corpos receptores são corpos hídricos superficiais que recebem o lançamento de 
um efluente. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
38 
6 ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DE ÁGUA – ETA 
Conforme Tsutiya (2006) estações de tratamento de água e efluentes são o 
conjunto de unidades destinado a tratar a água

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