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Prova Sociologia - Trabalho

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Disciplina: Trabalho e Movimentos Sociais 	 Docente: 
Curso: Ciências Sociais						Data:28/10/2019
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1) (2,0) Segundo Dal Rosso (2008), em “Mais-Trabalho: a intensificação do labor na sociedade contemporânea”, a lógica que estrutura a produção capitalista é a da eliminação das “porosidades” do trabalho. Assim, explique o conceito de intensidade e o aplique para analisar o trecho de entrevista abaixo:
“Como ontem: (...) eu me perdi na rua, eu não sei o que aconteceu comigo. Você acredita que eu [estava] na rua, andava nessa rua e não achava a rua. Passei umas trinta vezes. Três placas na minha frente! (...) Eu liguei para o cliente (...) e falei: ‘Olha, deu branco e eu não estou sabendo chegar na sua casa’. Ele falou: ‘Você está aonde?’. Eu falei: ‘Estou aqui virando uma esquina e tal (...)’. Ele falou: ‘Você está em frente à minha casa.’ Aí ele saiu, olhou para mim e ligou na pizzaria reclamando. (...) Eu sinceramente não sei o que aconteceu. (...) Parece que meu cérebro desligou e eu fiquei perdido, não sabia onde estava. E [meu chefe] chegou para mim e falou: ‘De que adianta eu ficar fazendo propaganda, gastar cem mil, para o cliente ligar para mim e falar que você estava debaixo da casa dele, ligando para ele!’. Eu abaixei a cabeça e fiquei quieto. Aí eu fui entregar as outras pizzas, trabalhei o resto da noite e pensei: ‘No fim da noite eu vou falar para ele que não venho mais’. Eu estava com essa disposição. Mas aí eu comecei a pensar, pensar e falei: ‘Nossa, e aquela conta, e aquilo, e aquilo? Não, não dá!’ (...). Sabe, eu não vejo a hora de parar de trabalhar à noite, eu não aguento mais. (...) Não é que eu estou velho, eu não me sinto velho, mas eu não tenho mais idade para ficar trabalhando tanto, tanto e não conseguir nada! Vão falar: ‘Você desistiu!’. Não. Eu não desisti. Eu simplesmente estou cansado! (Fernão, cedido para Godoi, 2012)”.
2) Sérgio Amadeu em texto “Trabalho imaterial não pago e vigilância”, afirma que estudos recentes vêm mostrando que realizamos cerca de 20 horas de trabalho gratuito no facebook. Assim, levando em consideração esse dado, explique a relação entre trabalho imaterial, avanço da tecnologia e liberação de tempo demonstrando porque Henrique Amorim, em “Trabalho Imaterial em discussão: teoria e política”, afirma que o trabalho intelectual é mais uma fronteira em que o capital avança.
3) Levando em consideração a análise de Sennet (2001) em “A corrosão do caráter”, explique a relação entre a flexibilidade e a mudança no caráter nas últimas décadas. 
1 - Hoje nos deparamos com uma maior cobrança no trabalho, querem dobrar ou até mesmo triplicar a produção, os lucros, os resultados, entre outros. Esse seria o conceito de intensidade investigado por Sadi Dal Rosso em “Mais trabalho”, essa intensificação do trabalho serve para que a produção seja maior, que os trabalhadores trabalhem mais. Não quer dizer que o horário de trabalho seja ampliado e sim sua produção, ou seja, a ideia é produzir mais do que era produzido antes da intensificação e dentro do mesmo período fornecido pelo empregador, dessa forma, não sendo obrigado a aumentar o salário dos trabalhadores, gerando assim, mais lucro para a empresa. 
Essa intensificação ocorre muitas vezes em trabalhos autônomos, assim como os novos trabalhos por aplicativos de entrega ou de transporte, assim como o de milhares de motoboys como visto no filme “Motoboys Vida Loca”, aqui há uma preocupação para produzir mais almejando maior lucro para si, quanto mais rápido a entrega for realizada maior o número de entregas por dia e como dito no próprio filme, o trabalho do motoboy começa a ficar perigoso quando se tem o prazer nisso, quando nada mais importa a não ser correr muito para entregar mais rápido e lucrar mais. 
A fala de Fernão nos diz muito sobre os resultados dessa intensificação, há um desgaste maior, um esgotamento tanto físico quanto mental, trabalha-se tanto e muitas vezes há pouquíssimo retorno, o estresse pode causar inúmeros problemas como a depressão, ansiedade, ou até mesmo causar acidentes de trabalho. Desse modo podemos ver que o capitalismo tem lucrado muito com a intensificação, enquanto o trabalhador apenas adoece. 
2 – Acreditamos que o tempo em que não estamos despendendo com o trabalho estamos utilizando com o lazer, de fato, estamos usufruindo do tempo de não trabalho, é o tempo que nós consumimos. Mas ao estarmos consumindo estamos também produzindo. Nossas ideias, interesses auxiliam empresas e marcas através da tecnologia, enquanto estamos em redes sociais ou nas diversas plataformas pelo mundo da internet estamos fornecendo informações, respondendo a questões de forma muitas vezes inconsciente da do destino dessas informações, 
Dessa forma, estamos utilizando nossa liberação de tempo para o trabalho imaterial através da tecnologia. Quando fornecemos nossas ideias e opiniões estamos cada vez mais instruindo as empresas sobre como e o que produzir e dessa forma gerar lucro.
3 – Como tratado também em “mais trabalho” o “emprego” que se caracteriza pelo longo prazo passa a ser chamado de “trabalho”, caracterizado pelo curto prazo, onde as relações se tornam curtas e distantes. Com o avanço das tecnologias nas últimas décadas, o trabalho se torna mais simples segundo Sennett, a ser realizado rapidamente e livrando o trabalhador da rotina. Podemos utilizar como exemplo os “Jobs” que se desprendem do tempo rotineiro, possuem mais flexibilidade e assim não conseguem manter uma relação contínua.
Segundo Diderot o curto prazo corrói o caráter, defendendo assim sua ideia de que o longo prazo e a rotina constroem o caráter pois prolongam as relações, Diderot via a rotina de maneira positiva, onde a rotina estava em constante evolução, onde as pessoas poderiam assumir o controle de suas vidas, o oposto do que pensava Smith, para ele a rotina é destrutiva, faz com que as pessoas percam o controle do tempo, ou seja, para Smith conseguiremos desenvolver nosso caráter a medida em que fugimos da rotina.

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