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ÉTICA E RESPONSABILDADE SOCIAL

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Renato Stuart da Rocha
MBA em Gestão Pública
Ética e Responsabilidade Social e Profissional
ÉTICA E RESPONSABILDADE SOCIAL
	Viver em sociedade sempre foi uma experiência marcada por conflitos e disputas de poder, pratica comumente motivada por inúmeras desigualdades existentes entre os sujeitos que compõem os mais diversos grupos sociais. No intuito de mediar essa disputa desigual de poder, torna-se imprescindível a utilização da ética como instrumento atenuador dessas desigualdades, viabilizando, portanto, a harmonização do convívio entre seres humanos com interesses diversos. 
	A ética, nesse sentido, não necessita ser compreendida como um conjunto de regras de procedimentos ou normas a serem seguidas, mas apenas como um meio fazível de comportamento social que objetiva atenuar as diferenças entre as pessoas, isto é, trata-se da experimentação de uma forma mais adequada e justa de viver e conviver em sociedade, materializada a partir de diálogos entre iguais. Tem como objetivo tornar o mundo um lugar habitável e justo, através de ações, reflexões e de preocupar-se em agir constantemente de maneira que permita a vida social.
	Intencionando promover a redução das desigualdades sociais e aliada ao conceito de ética, se fortalece a partir de anos de 1990, no meio empresarial, a ideia de responsabilidade social empresarial, que se trata do comprometimento dos empresários em adotar medidas éticas e justas para a contribuição do desenvolvimento econômico, visando à melhoria da qualidade de vida dos seus empregados e suas famílias, assim como da comunidade local e da sociedade como um todo. 
	No entanto, apesar da inegável importância da responsabilidade social empresarial para os beneficiários dela, nota-se que suas ações muitas vezes não promovem as transformações necessárias nas estruturas geradoras das desigualdades sociais e que muitas corporações utilizam os mecanismos de responsabilidade social empresarial meramente como estratégia de mercado para angariar valor dentro das sociedades de consumo, por meio dos selos de responsabilidade social concedidos às empresas. 
	Nesses casos, não há, portanto, a ruptura das estruturas que causam as desigualdades sociais, nem ao menos ações transformadoras e emancipatórias capazes de tornar a sociedade mais justa, muitas vezes o que há são ações de assistencialismo que funcionam meramente como ajustes sociais. Isso decorre da falta de efetiva avaliação das ações de responsabilidade social empresarial, para verificar se as ações realmente visam à construção de uma sociedade mais justa, ultrapassando assim a ideia daquela ação ser apenas mais uma estratégia para ganho de mercado.
	Em um contexto ético e justo, ações de responsabilidade social empresarial oportunizam criticas ao sistema, o que possibilita a exposição de mecanismos que causam exclusão social, ao mesmo tempo em que propiciam movimentos que tornam possíveis transformações sociais que vão de encontro a praticas tais como a exploração do trabalho infantil, ausência de segurança no trabalho, o trabalho em condições análogas a de escravo, poluição ambiental, etc.
	A possibilidade de uma empresa agir com ética suficiente para transformar uma sociedade pode soar estranha, tendo em vista à ética se tratar normalmente de um comportamento humano, no entanto, a ética empresarial se materializa no momento em que os administradores das corporações praticam ações que possibilitam a aproximação da empresa, do público interno e da comunidade. 
	De todo modo, é necessário reconhecer que ainda que a empresa responsável socialmente receba certificações que lhe agreguem valor, muito maior do que isso é o valor encontrado na realização das ações necessárias para obter as referidas certificações, pois se tratam de ações humanitárias que buscam diminuir as diferenças sociais.
	Os selos que as empresas recebem estão diretamente condicionados a prática de determinadas ações, como por exemplo: para obter o certificado da fundação ABRINQ, as empresas precisam engajar ações que tratem da promoção e proteção dos direitos da criança e do adolescente; O certificado internacional SA8000 de responsabilidade social é dado a empresas que buscam o fortalecimento do trabalho descente, pois se preocupam com um mundo onde os trabalhadores, as empresas e as comunidades prosperem juntas; Para obter a certificação ABNT NBR ISO 26000 a empresa deve empreender um comportamento ético e contribuir para o desenvolvimento sustentável, assim como prestar contas socialmente das suas atividades e condições de desenvolvimento, respeitar as leis vigente e especialmente respeitar os Direitos Humanos.
	 Nesse sentido, nota-se que o recebimento do selo de responsabilidade social pela empresa encontra-se diretamente vinculado a pratica de ações que visam melhorar sua relação não apenas com a comunidade e com o publico interno, mas também com o meio ambiente. E que a empresa atua como o articulador responsável por buscar aproximação com os trabalhadores e com a comunidade onde está instalada. A responsabilidade, nesse contexto, deve ser entendida como “dar resposta com habilidade”, ou seja, a empresa responde habilidosamente aos anseios da sociedade. A articulação da empresa para com o publico interno e a comunidade ocorre por meio das práticas das ações de responsabilidade social decorrentes de diálogos entre os interessados, pautados na ética e em valores consagrados pela sociedade, isto é, oriundo dos desejos humanos. Isso faz com que ocorra a associação entre os valores da empresa e a ética.
	Logo, ainda que as empresas obtenham benefícios no mercado por praticarem a responsabilidade social empresarial, é inegável que essa prática torna mais justa a relação entre as empresas e a sociedade em geral. Isso é possível uma vez que a responsabilidade social empresarial se encontra diretamente ligada à ética, sendo que analiticamente é possível existir ética na sociedade sem a responsabilidade social empresarial, contudo, para haver responsabilidade social empresarial é imprescindível que haja ética e, portanto, necessitam caminhar juntas.

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