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1 DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM E O USO DAS NOVAS TECNOLOGIAS COMO INSTRUMENTO POTENCIALIZADOR DO ENSINO APRENDIZAGEM Dilma Melo Carneiro dmc.dilma@gmail.com Licenciada em Letras Vernáculas (UEFS) Pós graduanda em Educação Contemporaneidade e Novas Tecnologias Universidade Federal do Vale do São Francisco Juliana Souza Bacelar Lima juliana_limass@hotmail.com Licenciada em Educação Física (UNEB-CAMPUS IV) Pós graduanda em Educação Contemporaneidade e Novas Tecnologias Universidade Federal do Vale do São Francisco Resumo Com o advento do uso das tecnologias, emerge uma sociedade marcada pela velocidade da disseminação da informação. Neste artigo, reflete-se sobre a importância do uso das novas tecnologias na sala de aula bem como seus desafios e o papel da escola frente às novas práticas educativas. Educar com as tecnologias da informação e da comunicação (TICs) exige uma capacitação contínua de educadores para que possam utilizar as novas tecnologias como ferramenta pedagógica facilitadora da aprendizagem. Diante disso realizou-se um estudo bibliográfico para afirmar a importância da inserção das novas tecnologias no âmbito escolar, uma vez que a escola tem que acompanhar as mudanças e o progresso da sociedade. . Conclui-se constatando que a tecnologia aliada à educação potencializa a produção de conhecimentos. Palavras- chave: Dificuldade da Aprendizagem. Novas Tecnologias. Ensino Aprendizagem. DIFFICULTIES OF LEARNING AND THE USE OF NEW TECHNOLOGIES AS AN INSTRUMENT POTENTIATING LEARNING TEACHING Abstract With the advent of the use of technologies, emerges a society marked by the speed of dissemination of information. In this article, reflected on the importance of using new technologies in the classroom as well as its challenges and the role of front school to new educational practices. Educating with information and communication technologies (ICTs) requires continuous training of educators to use new technology as a facilitator of learning pedagogical tool. Thus there was a bibliographical study to affirm the importance of integrating new technologies in schools, since the school has to follow the changes and the progress of society. . We conclude noting that the combined technology education enhances the production of knowledge. Key words: Learning Difficulty. New Technologies. Learning Education. mailto:dmc.dilma@gmail.com mailto:juliana_limass@hotmail.com 2 INTRODUÇÃO As dificuldades de aprendizagem tem sido tema constante dos debates entre os profissionais da educação e os próprios estudantes. Diversos são os fatores que podem provocar ou agravar esta realidade e eles podem estar associados a problemas de ordem comportamental ou emocional que se exteriorizam ou não, e, portanto, poderão de fato, interferir no rendimento escolar do aluno. Este artigo tem como objetivo propor uma reflexão sobre os problemas que dificultam a aprendizagem dos alunos/as, visto que estas dificuldades vêm provocando novos questionamentos sobre o processo de ensino-aprendizagem e os fazer refletir como as novas tecnologias podem servir como instrumento potencializador do processo de ensino aprendizagem e como estes podem interferir no sucesso escolar. A presente pesquisa surge diante do fato que, muito se tem questionado a respeito dos problemas de aprendizagem, entretanto, poucas são as pesquisas focadas na busca por identificar alternativas através das novas tecnologias, embora isto seja de grande importância na luta atual por melhoria na qualidade da educação contemporânea. Para Marli André (1997), a pesquisa com propósitos didáticos é indispensável na formação de sujeitos autônomos, pois, o desenvolvimento das habilidades de investigação torna o indivíduo um sujeito ativo, construtor do próprio conhecimento. E este terá novos significados por ter sido um processo dinâmico de criação e recriação para melhor compreensão e atuação na realidade onde está inserido. A sociedade contemporânea oferece um universo tecnológico bastante diversificado e variado no que diz respeito às novidades tecnológicas. Diante do contexto apresentado os entraves da sociedade da informação são inúmeros, principalmente no campo educacional no qual será essencial identificar o papel das novas tecnologias no processo de desenvolvimento educacional, e assim, resolver como utiliza-las de forma a facilitar uma efetiva aceleração do processo em direção à educação para todos com qualidade. Nesse sentido, a presença da tecnologia na educação requer um olhar mais abrangente principalmente para a formação docente, posto que envolva novas formar de ensinar e aprender, que são condizentes com o paradigma da sociedade da informação. As tecnologias da informação e da comunicação (TICs) têm proporcionado a inserção de diversas ferramentas como apoio às práticas pedagógicas no cenário atual da educação. O uso de ambientes virtuais de aprendizagem numa perspectiva de interação e construção 3 colaborativa de conhecimento evidenciou a potencialidade de promover o desenvolvimento de habilidades de escrever, ler e interpretar textos além de fomentar a interdisciplinaridade. Com o advento do uso da tecnologia de informação e comunicação, professores e alunos têm a possibilidade de trocar experiências, facilitar a comunicação, interagir com diversas pessoas de várias localidades, estreitando a questão espaço temporal, romper as paredes da sala de aula tradicional e partilhar da construção coletiva de conhecimento engajando-se em expressar seu próprio pensamento. Embora a internet disponibilize um número cada vez maior de informação, isso não se traduz em uma maior construção de conhecimento e de sentido. Caberá aos indivíduos transformar a informação em conhecimento. E a escola, como espaço oportuno para mediar à aprendizagem deverá potencializar a criação de novos espaços do saber. Justifica-se a pesquisa, tendo em vista a importância da inserção da tecnologia na educação e suas implicações na sociedade contemporânea. Uma vez que estamos imersos em um novo modelo de sociedade, onde a relação existente entre os indivíduos é cada vez mais a partir das tecnologias da informação e comunicação. 1. DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM: UM TEMA COMPLEXO As dificuldades de aprendizagem têm sido o foco de muitos estudos e pesquisas, como uma tentativa de encontrar respostas que possibilitem o caminho para solucionar esse problema. Visto que a aprendizagem é um fator de suma importância na vida do indivíduo, diversos especialistas buscam, por métodos diversos, desvendar os seus mistérios e, se considerarmos a realidade da educação brasileira, isto se torna um grande desafio. Para Loureiro (2003, p. 4), as dificuldades de aprendizagem muitas vezes estão associadas a problemas de natureza comportamentais e/ou emocionais. A autora expõe um trabalho realizado através da Escala Piers Harris de Autoconceito e da Escala Comportamental Infantil — A2 de Rutter com 58 crianças em idade escolar, sendo 32 delas com dificuldade de aprendizagem, das quais 23 apresentavam problemas de comportamento como agitação, agressividade e impulsividade. As crianças foram divididas em dois grupos que ela denominou G1, formado por crianças com dificuldade de aprendizagem e G2, formado por crianças de bom desempenho escolar. 4 Com os dados coletados a pesquisadora constatou a “presença de impacto negativo do fracasso escolar sobre o autoconceito das crianças com dificuldades de aprendizagem”, e mais que isso, as crianças que apresentam problemas associados, além deste fator, “apresentam dificuldade em reconhecer suas limitações e as expectativas dos pais, o que sugere imaturidade emocional delas”. Portanto, segundo a autora da pesquisa, os resultados demonstram que as crianças com dificuldades de aprendizagem sofremos reflexos que repercutirão na sua vida pessoal, social, familiar e, principalmente, na escolar, podendo prejudicar, inclusive, a vida acadêmica, ressaltando que aquelas crianças que possuem problemas comportamentais e emocionais associados às dificuldades de aprendizagem terão estes reflexos mais acentuados. Sobre o tema em questão, também Sulheio (2006, p. 9) realizou um trabalho no estado de São Paulo com 287 crianças de escolas públicas e privadas e idade entre sete e dez anos, que objetivava “estabelecer eventuais diferenças entre as crianças avaliadas, segundo as variáveis idade, gênero e natureza jurídica da escola”. O Teste realizado constou de um questionário de identificação e a Escala de Avaliação de Dificuldades na Aprendizagem da Escrita (ADAPE) que consistia num ditado de um texto composto por 114 palavras, sendo 60 delas de encontros consonantais, dígrafos, sílabas travadas e complexas, onde as características psicométricas são consideradas suficientes para a avaliação da escrita. Conforme os dados analisados, Sulheio constatou que a heterogeneidade de condições físicas e metodológicas das escolas, estão associadas às condições econômicas das crianças (classe alta e baixa) e a idade - já que os alunos de dez anos cometeram mais erros que os mais novos, contribuem de forma direta para as dificuldades de aprendizagem dos alunos. Para falarmos em distúrbios de aprendizagem é necessário compreender que, aprendizagem segundo a concepção de Faria (1989, p. 8), trata-se da “aquisição de material ideativo na estrutura cognitiva do indivíduo”. O autor ressalta que a aprendizagem pode ser mecânica quando se trata da memorização de nomes e datas, por exemplo, ou ainda significativa quando requer compreensão das relações de várias ideias. Já Khol (1998, p. 57), define aprendizagem como “o processo pelo qual o indivíduo adquire informações, habilidades, atitudes, valores, etc. a partir de seu contato com a realidade, o meio ambiente e outras pessoas.” Ela acrescenta que esta definição tem por base a concepção de Vygotsky (1934) sobre o aprendizado, pois para ele, este é um processo sócio histórico porque tem ênfase na interdependência dos indivíduos envolvidos no processo. 5 Atualmente, tem-se percebido um aumento significativo das dificuldades de aprendizagem com crianças, mesmo aquelas com habilidades cognitivas para satisfatório desempenho escolar. Isso porque a criança está exposta a fatores externos como a falta de motivação no lar, ciúmes do irmão, interação com problemas de desajustamento dos pais, entre outros, que entram em conflito com a vulnerabilidade interior, e assim, há o prejuízo no aprendizado. (SOUZA, 2001). As dificuldades de aprendizagem mais comumente observadas são: Dislexia, Disortografia e Discalculia. Gunspurn e Grunspun (apud Souza 200, p. 27) já afirmavam que esses distúrbios de aprendizagem derivam “da maturação, de problemas emocionais, de condições culturais ou de problemas específicos”. Mas, em sua opinião, indivíduos com grandes distúrbios de aprendizagem na infância poderão tornar-se célebres quando adultos, como podemos citar Albert Einstein. Souza (2001, p. 27) acrescenta que: Talvez muitas crianças apresentem fracasso na aprendizagem em virtude da falta de respeito ao seu ritmo pessoal e ao seu real processo de desenvolvimento. Isto pode partir de familiares e professores que pressionam a criança por suas expectativas altamente fora de seu alcance, resultando em insegurança, fracasso e frustração, fatores desencadeadores de sentimento de desvalia e incompetência pessoal. Marchesi (2006), numa tentativa de encontrar respostas para diversos questionamentos feitos pelos professores, pais e teóricos da educação, com relação aos problemas que dificultam a aprendizagem real dos alunos, trabalhou, em sua pesquisa, sobre o assunto, analisando tanto os alunos que apresentavam alguma dificuldade como aqueles que não apresentavam nenhum problema para aprender. Apresenta a definição das dificuldades de aprendizagem, baseadas na opinião de muitos professores. Segundo ele, os professores,quando questionados sobre esses alunos, afirmam que estes são os que demoram mais para aprender sobre diversos assuntos, em diversas matérias. Um fato importante, com relação a estes alunos, é que, de acordo com a opinião de muitos professores, os alunos que apresentam certa dificuldade para aprender, não é pelo fato de possuir alguma debilidade, incapacidade intelectual manifesta, mas que provavelmente, deve existir algum problema cognitivo que provoque esse problema. O autor diz ainda que as opiniões dos professores, quanto a isso, são válidas, mas que é preciso ainda um aprofundamento maior na análise desses problemas, na tentativa de responder alguns questionamentos sobre esse tema, razão da pesquisa do autor. García Sanchez (2004, p. 16) considera as dificuldades de aprendizagem como o transtorno da leitura, o da expressão escrita e o transtorno da aprendizagem sem outra 6 especificação. Apresenta, também, a visão que o Comitê conjunto sobre dificuldade de aprendizagem, tem sobre o assunto: As dificuldades de aprendizagens são algo heterogêneo, supõem problemas significativos na conquista das habilidades da leitura, escrita e /ou matemática, que se acredita ser intrínsecas ao indivíduo. “Oaklander (apud Souza 2001, p. 47) afirma que “nenhum bebê nasce com sentimentos ruins a respeito de si próprios”, e que “o autoconceito pobre é uma perda do senso de si mesmo”, pois, para ele, o desenvolvimento e o autoconceito da criança têm como seus determinantes as primeiras mensagens que ela recebe dos pais, podendo desenvolver uma baixa auto-estima se conviver frequentemente com frases negativas que serão armazenadas pelo subconsciente que influenciará seu comportamento futuro. Campos (apud Souza 2001, p. 47), diz que “o autoconceito é a atitude geral do indivíduo para com a vida, decorrendo do clima emocional do lar”. Ele enfatiza que um clima de tensões, preocupações ou autoritarismo constantes, certamente, contribuirá para a formação de um indivíduo tenso, revoltado ou inseguro com ações de sucessivos fracassos, ao contrário de um ambiente acolhedor que norteará a postura de um sujeito espontâneo, positivo e amistoso. Sobre o autoconceito, Souza (2001, p.41) ressalta que “é uma característica dinâmica que o ser humano adquire e aumenta à medida que desenvolve sua percepção e compreensão de seus valores pessoais e sociais”. Kohl (1998), na sua análise sobre os seus estudos de Vygotsky, vem afirmar que este pesquisador considerava que o aprendizado e o desenvolvimento estão interligados desde o nascimento da criança e, por esta razão, o aprender se inicia antes da vida escolar. Assim sendo, pode-se afirmar que as dificuldades de aprendizagem estão diretamente associadas à interação do indivíduo com o meio, especialmente, nos primeiros contatos com o não saudável e inamistoso ambiente familiar, que poderão também, promover problemas de ordem comportamental ou emocional. Alguns pesquisadores afirmam que estes distúrbios poderão se intensificar no ambiente escolar se não forem devidamente observados e sanados nos primeiros anos da vida escolar. Sabendo-se que a educação de qualidade é um dos maiores fatores que podem transformar a sociedade em que vivemos, faz-se importante analisar o perfil daqueles que apresentam algum entrave ao ato de aprender e que, por este ou aquele motivo, demonstram resistência muito forte com relação a um verdadeiro aprendizado. 7 O estudo do processo de ensino-aprendizagem, assim como das dificuldades de aprendizagem é muito importante para todos os interessados numa educação de qualidade. O conhecimento dos motivos que geram deficiência ao ato de aprender é de grande relevância para que esta situação seja revertida e para queverdadeiramente o que se aprende na escola seja algo que tenha significado para o aluno. Marchesi (2006, p. 32) afirma que: A aprendizagem é, portanto, um processo dinâmico em que o aluno estabelece relações entre a informação disponível e vai construindo passo a passo, com avanços e retrocessos, uma espécie de modelo mental ou representação interna que reflete o que aprendeu e que lhe serve para recuperar a informação já estruturada e para conectar a nova informação. Assim, é possível perceber que para se entender as dificuldades de aprendizagem, assim como a maneira que elas ocorrem, é preciso também tentar conceituar e analisar a forma em que se dá o processo de aprendizagem, visto que se existem pessoas que apresentam certas dificuldades, para analisá-las, é importante compreender o comportamento das pessoas que não apresentam transtorno de aprendizagem. Esse processo é de tamanha complexidade que, segundo Pozo (2002), é objeto de estudo desde a Grécia Antiga. Ele afirma que diversas teorias e modelos filosóficos e científicos do século XX, têm buscado dar conta desse fenômeno tendo seus fundamentos baseados nas tradições filosóficas gregas, embora trilhem por caminhos distintos e apresentem perspectivas nem sempre coincidentes. O racionalismo, por ele chamada de “mãe de todas as teorias” e elaborado primeiramente por Platão em A República no mito da caverna, nega a relevância da aprendizagem, afirmando que são as ideias puras (origem de todo conhecimento que trazemos desde o nascimento) e não nossas experiências, que nos propiciam as categorias do conhecimento, e isso é reafirmado por Chomsky com as Teorias Cognitivas. O empirismo iniciado por Aristóteles é o pêndulo oposto, pois, defendia a ideia da “tábula rasa” e da aprendizagem mediante leis da associação através da contiguidade, a similitude e o contraste, reformulada pelo Comportamentalismo no século XX que defendia o conhecimento aprendido como uma cópia da estrutura real do mundo, Skinner (1968). E, por fim, o construtivismo onde o conhecimento é um exercício de construção de modelos para interpretar as informações que recebemos e, portanto, um processo dinâmico. Podemos citar Piaget (1970) e Vygotsky (1934) como os maiores representantes desta teoria, a qual perdura com maior intensidade atualmente. Enfim, todas as teorias apresentadas apontam formas de aprendizagem distintas e os meios para adquiri-la. No entanto, as dificuldades de aprendizagem não são ressaltadas como 8 também parte desse processo, e os fatores que estão associados a elas só se tornaram enfoque de pesquisas e estudos nas últimas décadas, o que aguçou ainda mais nosso interesse pelo tema na tentativa de dar nossa contribuição para o processo de ensino-aprendizagem. 2. AS NOVAS TECNOLOGIAS: DESAFIOS DA INSERÇÃO NO AMBIENTE ESCOLAR E NA PRÁTICA DOCENTE A educação atual encontra-se diante de um grande desafio: constituir um espaço de mediação entre o aluno, o professor e o mundo tecnológico. Diante desse contexto, a escola deve ser entendida como um local de construção do conhecimento, de socialização do saber e como um ambiente de discussão e troca de experiências buscando maneiras de fazer com que o processo educativo seja mais prazeroso e principalmente contextualizado. De acordo com Mamede-Neves & Duarte (2008, p.782): [...] a escola precisa se deslocar das concepções de ensino/aprendizagem, nas quais o livro e ela própria se configuram como únicas possibilidades de aquisição de conhecimento e de cultura (tomada apenas como erudição), em direção a outras concepções, em que conhecimento, cultura e comunicação se aproximam, na medida em que são pensados a partir de novos parâmetros teórico/conceituais. A escola apresenta-se como um espaço em contínua construção, a inserção das TIC nas escolas acontece como um desafio no qual cada instituição de ensino, através de sua organização pedagógica, pode fazer com que a inclusão realmente aconteça para que todos possam se beneficiar do uso das ferramentas que estão disponíveis. O advento das tecnologias de informação e comunicação (TIC) gerou novos desafios e oportunidades para a incorporação das TIC na escola. Claramente, a implementação das TIC nas escolas não se limita ao provimento de infraestrutura de recursos técnicos ou conhecimentos específicos sobre as novas tecnologias. A inserção das TIC na educação oportuniza romper com as paredes da sala de aula e da escola, integrando-a à comunidade que a cerca, à sociedade da informação. Para Moran (1994), Valente (2005) e Chaves (1998), o emprego das TICs pode ser significativo no processo de ensino e aprendizagem, uma vez que elas contribuem significativamente para que os alunos se sintam motivados a aprender cada vez mais, na medida em que ajudam na contextualização dos conteúdos. 9 A tecnologia é um recurso a mais para fortalecer o processo de ensino-aprendizagem, mas sozinha não opera mudanças. A inovação não está restrita ao uso da tecnologia, mas também à maneira como o professor vai se apropriar desses recursos para criar projetos metodológicos que superem a reprodução do conhecimento e levem à produção do conhecimento (BEHRENS, 2000, p. 103). Portanto, inserir-se na sociedade da informação não quer dizer apenas ter acesso à tecnologia de informação e comunicação (TIC), mas principalmente saber utilizar essa tecnologia para a busca e a seleção de informações que permitam a cada pessoa resolver os problemas do cotidiano, compreender o mundo e atuar na transformação de seu contexto. Para empreender um trabalho, no espaço escolar, comprometido com uma nova realidade tecnológica, o professor como agente mediador no processo de formação de um cidadão apto para atuar nessa sociedade de constantes inovações, tem como desafios incorporar as ferramentas tecnológicas no processo de ensino e aprendizagem, devendo ampliar o espaço da sala de aula de formas variadas, complementando os conteúdos das aulas em ambientes virtuais, orientando projetos e pesquisas com os alunos, usando as ferramentas disponíveis de modo a orientar o aluno quanto à utilização das tecnologias de maneira contextualizada. Partindo do pressuposto de que os professores são peças essenciais na mudança educacional, os mesmos devem possuir uma capacitação sólida que subsidiará o desenvolvimento de sua prática pedagógica em relação às exigências da contemporaneidade, permitindo assim, a compreensão das potencialidades que estas ferramentas oferecem na construção do conhecimento, através da criação de novas didáticas e metodologias que possibilitem a interação do professor- tecnologia - aluno com as experiências vivenciadas dentro e fora do ambiente escolar. Mercado (1999, p.26) aponta que: Com as novas tecnologias, novas formas de aprender, novas competências são exigidas, novas formas de se realizar o trabalho pedagógico são necessárias e fundamentalmente, é necessário formar continuamente o novo professor para atuar neste ambiente telemático, em que a tecnologia serve como mediador do processo ensino-aprendizagem. Esse novo paradigma requer dos professores um domínio maior, não apenas de conteúdos disciplinares, mas também do processo de construção do conhecimento e formação do ser social bem como, adotar como atitude profissional a construção do conhecimento, 10 possibilitando assim a capacidade de criar, questionar, aprender e ensinar de forma reflexiva. Colaborando para a formação de seres autônomos capazes de transformar a realidade na qual estão inseridos. Nesse sentido, a presença da tecnologia na educação requer um olhar mais abrangente principalmente para a formação docente, posto que envolva novas formas de ensinar e aprender, que são condizentes com o paradigma da sociedade da informação. Porém o grande entrave é que muitos professores têm dificuldadesem trabalhar o conteúdo pedagógico aliado às tecnologias, pois alegam que isso demanda tempo, planejamento mais demorado, sem contar que ele não possui tempo suficiente para desenvolver os projetos com seus alunos, porque o horário destinado para suas aulas é insuficiente, até mesmo para ele trabalhar o conteúdo (SOUSA 2010). As considerações acima apontam a realidade de muitos educadores, pois devido à sua formação inicial encontram-se temporariamente desatualizados dessa nova realidade, acarretando assim as dificuldades em utilizar as tecnologias de forma vinculada aos fins educacionais, fato que ressalta a importância da formação continuada. Por fim, é necessário unir esforços entre professores, pedagogos e especialistas em tecnologias, a fim de potencializar o seu uso de maneira a contribuir para efetivação do aprendizado, por meio de programas de formação continuada, investindo na formação de equipes multidisciplinares que tenham o comprometimento de disseminação do uso das tecnologias no processo de ensino e aprendizagem, pois não há mais como omitir ou negar o benefício que as tecnologias podem oferecer ao processo educacional. 3. A UTILIZAÇÃO DAS NOVAS TECNOLOGIAS ENQUANTO ESTRATÉGIA FACILITADORA DO PROCESSO ENSINO-APRENDIZAGEM A concepção de ensino e aprendizagem revela-se na prática de sala de aula e na forma como professores e alunos utilizam os recursos tecnológicos disponíveis: livro didático, giz e lousa, televisão, projetor ou computador porém, apenas a presença desse aparato tecnológico na sala de aula não garante mudanças na forma de ensinar e aprender. A tecnologia deve servir para enriquecer o ambiente educacional, propiciando a construção de conhecimentos por meio de uma atuação ativa, crítica e criativa por parte de alunos e professores (MORAN, 1995). A inserção dos recursos tecnológicos no ambiente escolar requer uma atenção 11 diferenciada, como educadores e indivíduos temos a necessidade de nos adaptarmos a essas inovações, tentando compreendê-las, incorporá-las, socializando experiências e introduzindo essas transformações, no âmbito educacional de modo a contribuir na melhoria da qualidade dos processos de ensino aprendizagem e práticas docentes. 3.1 Novos ambientes de aprendizagem Muitas são as contribuições dos recursos tecnológicos para o processo de ensino e aprendizagem, a priori podemos citar o despertar para novos ambientes de aprendizagem, Kenski ( 2005, p. 97) define que os ambientes digitais de aprendizagem: ... são sistemas computacionais disponíveis na Internet, destinados ao suporte de atividades mediadas pelas tecnologias de informação e comunicação. Permitem integrar múltiplas mídias, linguagens e recursos, apresentar informações de maneira organizada, desenvolver interações entre pessoas e objetos de conhecimento, elaborar e socializar produções tendo em vista atingir determinados objetivos. O ciberespaço invade as novas possibilidades de ensinar e aprender fora dos tradicionais ambientes educativos, como escolas, universidades, biblioteca. Para Moraes (1997) “o simples acesso à tecnologia, em si, não é o aspecto mais importante, mas sim, a criação de novos ambientes de aprendizagem e de novas dinâmicas sociais a partir do uso dessas novas ferramentas”. 4.2 A internet O uso da internet como uma forma de interação no processo educativo, traz como contribuição no processo de ensino e aprendizagem a ampliação da ação de comunicação fazendo uma ponte entre a escola e o mundo, a ruptura das barreiras de tempo e espaço na busca pelo conhecimento, a contribuição na autonomia do educando, além de proporcionar acesso rápido à informação. Segundo Marque e Caetano (2002 p.158) para a educação, a Internet pode ser considerada a mais completa, abrangente e complexa ferramenta de aprendizado. Podemos, através dela, localizar fontes de informação que, virtualmente, nos habilitam a estudar diferentes áreas de conhecimento. A internet ainda possibilita interações significativas entre os sujeitos através da comunicação instantânea por meio de chats, fórum, blogs. Para MORAN (2000, p.53), “a 12 internet é uma mídia que facilita a motivação dos alunos, pela novidade e pelas possibilidades inesgotáveis de pesquisa que oferece”. 3.2 Os computadores O uso das mídias na educação, enfatizando os computadores, possibilita o aluno a ver vários aspectos da realidade, além de permitir ao educando trabalhar com situações problemas. De acordo com MORAN (2000, p. 44), Cada vez mais poderoso em recursos, velocidade, programas e comunicação, o computador nos permite pesquisar, simular situações, testar conhecimentos específicos, descobrir novos conceitos, lugares, ideias. Produzir novos textos, avaliações, experiências. As possibilidades vão desde seguir algo pronto (tutorial), apoiar-se em algo semidesenhado para complementá-lo até criar algo diferente, sozinho ou com outros. Para Valente (1993), o uso pedagógico do computador permite ao professor percorrer concepções de aprendizagem que se contrapõem à escola tradicional, onde a relação que o sujeito estabelece com o objeto define novos universos de construção do conhecimento. O uso do computador no cotidiano dos alunos é um meio de absorver e extrair a informação ali contida. Sendo assim, é necessário que o uso do computador esteja articulado com as concepções de aprendizagem, permitindo ao aluno construir e reconstruir o seu conhecimento. 3.3 Vídeo educativo Moran (1994) foi o precursor em escrever sobre o assunto, no seu artigo “vídeos na sala de aula” o autor aponta sobre as mais variadas linguagens da TV e do vídeo e sua importância na comunicação eficaz. A utilização do vídeo serve para aproximar o ambiente educacional das relações cotidianas. FERRÉS (1998) aponta que o vídeo torna-se muito mais do que uma simples tecnologia. Para a escola ele é um desafio, pois, é necessário que ele esteja aliado ao conteúdo proposto para que não se torne um reprodutor do discurso do professor. Orofino (2005) e Davel, Vergara e Ghadiri (2007) relatam uso dos vídeos em sala de aula e afirmam a importância destes recursos para o processo de ensino- aprendizagem. Quanto mais acesso o aluno tiver à tecnologia do vídeo, no sentido de manipulá-la 13 criativamente, pesquisar, fazer experiências que permitam a descoberta de novas formas de expressão, maior será a eficácia didática desse recurso. Antes da utilização da tecnologia nas salas de aula, as aulas expositivas e tradicionais se limitavam ao quadro e giz. Para Valente (1991), modificando as questões da escola, modifica-se também o papel do professor, em que passa de repassador de informação para facilitador no processo ensino-aprendizagem. A sociedade da informação exige da escola e dos respectivos docentes a busca de novos métodos para tornar as aulas mais integradas à realidade de seus alunos. Sancho (2006) aponta que as novas tecnologias assumem sem dúvida um papel preponderante no processo de ensino aprendizagem. Contudo, é importante que a utilização destes recursos tecnológicos como ferramentas pedagógicas estejam engajados de forma articulada com a produção do conhecimento. Portanto, o uso das TICs no processo educacional, principalmente na superação das dificuldades da aprendizagem, contribuem para a transformação não apenas das práticas educativas, mas proporciona a criação de uma nova ambiência em sala de aula e na escola que reflete em todas as instâncias e relações envolvidas nesse processo. METODOLOGIA O presente trabalho elegeu a Pesquisa Bibliográfica, de natureza interpretativa, reflexiva e argumentativa, como modalidade de abordagem metodológica. A realização do estudo respeitou e refletiu criticamente as temáticas abordadas no curso de pós graduação em Educação, Contemporaneidadee Novas Tecnologias da Universidade Federal do Vale do São Francisco. Além disso, a coleta das informações foi realizada no ambiente virtual e não virtual, através do levantamento e análise de diferentes ideias trazidas por livros, artigos, documentários, revistas, blogs, fórum de debate do moodle, entre outros, permitindo assim, um leque abrangente e diversificado do que se pensa sobre dificuldades da aprendizagem e como as tecnologias digitais oferecem novas possibilidades e ações pedagógicas para erradicação do déficit no processo de ensino aprendizagem. CONSIDERAÇÕES FINAIS 14 Diante das reflexões que enseja o assunto, este trabalho defende o uso da tecnologia na educação quando utilizada com significado e critério e, principalmente, quando calcada em abordagens teóricas sobre a natureza do conhecimento e do processo de ensino-aprendizagem. Numa sociedade digital e em permanente transformação, o professor como agente mediador do processo educacional utilizando-se dos aparatos tecnológicos como ferramenta de emancipação, deve estar consciente de que a implementação de tecnologias da informação e da comunicação no âmbito educacional tem reflexos na sua prática docente e nos processos de aprendizagem, conduzindo para a apropriação de conhecimentos e não para reprodução. Através da pesquisa bibliográfica realizada verificou-se a importância do uso das TICs no que tange à possibilidade do professor planejar tarefas que ajudem o aluno a reter mais informação, aumento do interesse dos alunos, além da inserção na nova cultura digital onde os alunos podem explorar novos ambientes, gerar perguntas e questões com a problematização dos conteúdos e produzir conhecimentos em vez receber passivamente; a independência temporal é mais um benefício adquirido com a utilização das TICs. Nessa perspectiva, para um uso significativo das tecnologias, que traga resultados no processo de ensino e de aprendizagem, evidencia-se a necessidade da formação e o aperfeiçoamento dos docentes quanto ao uso das tecnologias da informação e comunicação, uma vez, que estes precisam estar capacitados para acompanhar a evolução desse novo paradigma de sociedade. REFERÊNCIAS BEHERENS, Marilda Aparecida, "Projetos de aprendizagem colaborativa num paradigma emergente", em MORAN, José Manuel. Novas tecnologias e mediação pedagógica, Campinas: Papirus, 2000. CASTELLS, M. A galáxia da internet: reflexões sobre a internet, os negócios e a sociedade. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2003. 244 p. CHAVES, E. O. C. Tecnologia e Educação: o futuro da escola na sociedade da informação. Campinas: Mindware, 1998, 194 p. DEMO, Pedro. Nova mídia e educação: incluir na sociedade do conhecimento. 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