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UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO SECRETARIA DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA – SEAD CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM ENSINO SUPERIOR, CONTEMPORANEIDADE E NOVAS TECNOLOGIAS João Sotero do Vale Júnior USO DE REDES SOCIAIS E NOVAS TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO COMO INSTRUMENTO DA APRENDIZAGEM Petrolina – PE 2015 1 JOÃO SOTERO DO VALE JÚNIOR USO DE REDES SOCIAIS E NOVAS TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO COMO INSTRUMENTO DA APRENDIZAGEM Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Universidade Federal do Vale do São Francisco – UNIVASF, Campus Petrolina, como requisito para conclusão do Curso de Especialização em Ensino Superior, Contemporaneidade e Novas Tecnologias. Orientador: Prof. Dr. David Fernando Morais Neri Petrolina - PE 2015 2 Vale Júnior, João Sotero do * Cutter Uso de redes sociais e novas tecnologias de informação e comunicação como instrumento da aprendizagem / João sotero do Vale Júnior. -- Petrolina, 2015. 59f : il. 29 cm. Trabalho de Conclusão de Curso (Curso de Especialização em Ensino Superior, Contemporaneidade e Novas Tecnologias) - Universidade Federal do Vale do São Francisco, Campus, Petrolina, 2015. Orientador: Prof. Dr. David Fernando Morais Neri 1. Uso das redes sociais e novas tecnologias de informação e comunicação. 2. Ensino aprendizagem. 3. Facebook. I. Título. II. Universidade Federal do Vale do São Francisco * CDD Ficha catalográfica elaborada pelo Sistema Integrado de Biblioteca SIBI/UNIVASF Bibliotecário: 3 4 UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO SECRETARIA DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA – SEAD CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM ENSINO SUPERIOR, CONTEMPORANEIDADE E NOVAS TECNOLOGIAS FOLHA DE APROVAÇÃO JOÃO SOTERO DO VALE JUNIOR USO DE REDES SOCIAIS E NOVAS TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO COMO INSTRUMENTO DA APRENDIZAGEM Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Universidade Federal do Vale do São Francisco – UNIVASF, Campus Petrolina, como requisito para conclusão do Curso de Especialização em Ensino Superior, Contemporaneidade e Novas Tecnologias. Petrolina, 25 de setembro de 2015 Banca Examinadora ________________________________________________ Prof. Dr. David Fernando Morais Neri Universidade Federal do Vale do São Francisco (UNIVASF) Orientador e Presidente da Banca Examinadora ________________________________________________ Prof. Dr. Marcelo Silva de Souza Ribeiro Universidade Federal do Vale do São Francisco (UNIVASF) _________________________________________________ Prof. Dr Francisco Ricardo Duarte Universidade Federal do Vale do São Francisco (UNIVASF) 5 Dedico este estudo a minha mãe, a meus familiares, a amigos e colegas e a todos que contribuíram para a conclusão desta Especialização. 6 AGRADECIMENTOS À minha mãe, por sempre me apoia nas minhas decisões e na minha vida acadêmica. Agradeço a todos os meus familiares que acreditaram e contribuíram para o meu desenvolvimento. Ao Profº Me. Márcio Pereira Lobô, pelo incentivo e apoio na tabulação dos dados. Aos professores da Universidade Federal do Vale do São Francisco – UNIVASF – pelos conhecimentos transmitidos durante este período da Especialização e em especial ao Profº. Dr. Marcelo Ribeiro e Profª Ms. Maéve Melo. Ao Profº. Dr. David Fernando Morais Neri, orientador deste trabalho de conclusão de curso, por todo empenho, sabedoria, compreensão. Gostaria de ratificar a sua competência, paciência, e sugestões que fizeram com que concluísse este trabalho. Aos meus amigos de curso, pelos bons momentos que passamos juntos. Em especial a Marília Albertina. 7 "A vida é muito curta para ser pequena" 8 Mário Sergio Cortella 9 RESUMO As Novas Tecnologias da Informação e Comunicação (NTIC) surgiram durante a era informatizada para possibilitar a introdução de novos modelos de comunicação e estratégias de difusão da informação. O governo do estado do Pernambuco vem buscando auxiliar docentes e discentes quanto a inclusão digital através da implantação de laboratórios de informática com acesso a Internet, assim como, a disponibilização de tablets/PC para alunos do ensino médio por meio do Projeto de Lei Ordinária Nº 664/2011. Este estudo teve como objetivo discutir a importância do uso das redes sociais e das NTIC como instrumentos de apoio pedagógico no processo ensino aprendizagem no contexto do programa Aluno Conectado em uma escola pública do interior do Pernambuco. Trata-se de um estudo do tipo pesquisa- ação, que teve como participantes discentes e docentes do 3º ano de uma Escola Estadual do município de Floresta – PE, a reflexão a pesquisa aconteceu inicialmente por uma pesquisa aos participantes, tendo a necessidades de aplicação de questionário para traçar o diagnóstico da situação vivenciada pelos participantes, no que se refere a utilização das redes sociais e das NTIC como estratégia metodológica complementar no processo ensino aprendizagem. Os resultados apontam que docentes e discentes tem conhecimentos insipientes em informática; a utilização das redes sociais esta relacionada à atividades de entretenimento levando os discentes e docentes a não utilizarem diversas ferramentas desta rede como estratégia pedagógica. A abordagem inicial deste estudo apresentou a necessidades de uma ação de abordagem sociotécnica, onde buscamos o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sertão Pernambucano (IF-Sertão) como parceiro a pesquisa. Por meio desta parceria foi realizado um curso intervenção juntos aos docentes com o objetivo de difundir a utilização das NTIC e das redes sócias, com ênfase no Facebook, como suporte metodológico no processo ensino aprendizagem. Por meio do programa de curso de Formação Inicial e Continuado (FIC) do IF-Sertão, foram estimuladas o processo de aprendizagem dos sujeitos por meio de discussão e da disseminação de informações, visando à condução de trabalhos futuros. Provocados pela ação, os sujeitos criaram uma página na referida rede social Facebook, denominada Escola Inovadora que vem sendo alimentada por docentes e discentes de diversas Instituições do Brasil. Concluímos que a implantação de programas relacionados a inclusão digital de professores e alunos deve ter uma orientação prévia quanto a utilização das tecnologias fornecidas, vez que, a utilização das redes sociais e das NTIC perpassam pela necessidade de conhecimentos específicos do seu uso. Dessa forma, ações intervencionistas como a realizada na oficina direciona o olhar reflexivo dos professores para a utilização das redes sociais e NTIC como estratégia pedagógica complementar, melhorando o processo ensino aprendizagem dos alunos, além de conferir a estes a possibilidade da sua inserção no mundo digital. Palavras Chaves: Tecnologia, educação, rede social, Facebook, 10 ABSTRACT The New Information and Communication Technologies (ICT) have emerged during the era computerized to enable the introduction of new models of communication and information dissemination strategies. The Pernambuco state government has sought to assist teachers and students as digital inclusion through the implementation of computer labs with Internet access, as well as the availability of tablet / PC for high school students through the Annual Bill No. 664/2011.This study aimed to discuss the importance of using social networks and technologies as teaching support tools in the learning process within the framework of Connected Student program in a public school in the interior of Pernambuco. It is a study of the type action research that had as students participants and teachers of the 3rd year of a State forest municipality School - PE, reflection research initially happened for a research participants and the application needs questionnaire to outline the diagnosis of the situation experienced by the participants regarding the use of social networks and technologies as complementary methodological strategy in the teaching learning. The results show that teachers and students have ignorant knowledge in computer science; the use of social networks is related to entertainment activities leading students and teachers not to use different tools of this network as a pedagogical strategy. The initial approach of this study presented the needs of a socio-technical approach to action, where we seek the Federal Institute of Education, Science and Technology Pernambucano Hinterland (IF- Hinterland) as a partner research. Through this partnership was held together an intervention course for teachers with the aim of spreading the use of ICTs and partners networks, with emphasis on Facebook, as methodological support in the learning process. Through the Initial Training course program and Continued (FIC) of the IF- Hinterland, they were stimulated the process of learning the subjects through discussion and dissemination of information, aimed at driving future work. Caused by the action, the guys created a page on that social network Facebook, called Innovative School that has been fueled by teachers and students of various institutions in Brazil. We conclude that the implementation of programs related to digital inclusion of teachers and students must have a previous guidance on the use of technologies provided, since the use of social networks and NTIC underlie the need for specific knowledge of their use. Thus, interventionist actions as carried out in the workshop directs the reflective gaze of teachers for the use of social and NICT networks as a complementary pedagogical strategy, improving the learning process of students, as well as give them the possibility of their inclusion in the digital world . Key words: technology, education, social network, Facebook 11 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 12 2 JUSTIFICATIVA / RELEVÂNCIA .......................................................................... 15 3 OBJETIVOS .......................................................................................................... 17 3.1 Geral .................................................................................................................. 17 3.2 Específicos ....................................................................................................... 17 4 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ............................................................................ 18 4.1 Novas Tecnologias da Informação e comunicação e o mundo contemporâneo ...................................................................................................... 18 4.2 O crescente uso das redes sociais ................................................................. 19 4.3 Interfaces entre redes sociais e educação ..................................................... 23 5 METODOLOGIA ................................................................................................... 29 5.1 Tipo de Estudo ................................................................................................. 29 5.2 Campo de estudo ............................................................................................. 30 5.3 Participantes ..................................................................................................... 30 5.4 Técnica e Instrumento de coleta de dados .................................................... 31 5.5 Técnicas de análise dos dados ....................................................................... 32 6 RESULTADOS E DISCUSSÕES ......................................................................... 33 6.1 Concepções de discentes sobre a utilização da informática e do Facebook como instrumento de ensino-aprendizagem ....................................................... 33 6.2 Concepções de docentes sobre a utilização da informática e do Facebook como instrumento de ensino-aprendizagem ....................................................... 37 6.3 Construindo conhecimento sobre NTIC e o uso do Facebook no processo ensino aprendizado ................................................................................................ 42 CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................................... 46 12 REFERÊNCIAS ........................................................................................................ 49 APÊNDICE A – Instrumento de coleta de dados para discentes ........................ 51 APÊNDICE B – Instrumento de coleta de dados para docentes ........................ 54 APÊNDICE C – Edital IF-Sertão 02/2014 ............................................................... 57 APÊNDICE D – Página do Facebook construída para promover debates e divulgação de materiais pertinentes. .................................................................... 61 1 INTRODUÇÃO O aprendizado descrito em outrora limitando-se a espaços físicos delimitados pelas paredes da escolas, bibliotecas e faculdades e na relação verticalizada professor aluno, tornou-se obsoleta no final do século XX devido ao advento de tecnologias que permite o aprendizado de forma descentralizada por meio de equipamentos ligados ao mundo da informática. Assim, pensar em educação nos tempos atuais é um grande desafio, pois estamos inseridos na sociedade da informação e somos bombardeados constantemente por notícias oferecidas pelos diversos meios de comunicação. Vivemos cercados por tecnologias, como o computador, Internet, televisão, smartphone, tablets, e outros recursos utilizados diariamente pela sociedade em geral, indo dos grandes intelectuais até as crianças. No século XXI, essas tecnologias tornaram-se muito mais populares do que permitiu aos indivíduos obterem informações e construir conhecimento por meio da aprendizagem móvel (mobile learning), em qualquer lugar, independente de localização geográfica ou espaço temporal, assim como, o processo de aprendizagem dispensa a presença física do professor. Neste contexto a construção e compartilhamento do conhecimento tornaram- se mais simplificada. No entanto, a aprendizagem significativa no âmbito escolar vai além da oferta de informações veiculadas pelas novas tecnologias digitais conectadas a Web, ela necessita da operacionalização de metodologias, práticas e mediações 13 pedagógicas inovadoras que busquem melhores resultados na relação ensino aprendizagem entre professores e alunos utilizando as tecnologias digitais em seu favor. Salientamos que as redes de informações digitais disseminam grande quantidade de conteúdo úteis e também inúteis para uma aprendizagem significativa, cabendo os professores serem mediadores no processo de orientação referente ao uso destas informações. Neste sentido chamamos atenção para as redes sociais como Facebook, twitter, instagram dentre outras, em especial ao Facebook que oferece diversas ferramentas que podem ser utilizadas tanto para entretenimento como para fins educativos e profissionais. A transmissão de informações pode ser vista como um dos pontos para o ensino e aprendizagem. Porém,vale lembrar que Paulo Freire (1996) afirma que ensinar não é transferir conhecimentos, conteúdos, nem formar é ação pela qual um sujeito criador dá forma, estilo ou alma a um corpo indeciso e acomodado. Ensinar é possibilitar a construção do conhecimento. A partir desse ponto de vista, o Facebook se revela importante como um software social que agrega dinâmicas comunicacionais e que proporciona aos professores e seus estudantes outras formas de tecer “teias complexas de relacionamento com o mundo” (SANTOS, 2002, p. 121). Sensibilizada por esta necessidade de inclusão digital a Secretaria de Educação de Pernambuco lançou em 2011 o Programa Aluno Conectado que tem como objetivo proporcionar ao estudante a inclusão digital por meio da implementação de tecnologias móveis em favor do processo ensino aprendizagem. Para efetivação deste programa, desde março de 2012 o Governo Pernambucano passou a oferecer aos alunos do segundo e terceiro ano do Ensino Médio um tablet. O referido equipamento veio equipado com softwares educativos multidisciplinares, livros digitais e placa de Internet que possibilitam aos alunos acessarem ambiente virtual para realizarem pesquisas, assim como, redes sociais como o Facebook. Conforme difundido pela mídia em geral, assim como nas discussões empíricas entre membros da sociedade, as redes sociais oferecem aos internautas acesso a conteúdos e ferramentas diversas conforme o perfil do usuário, tornando-se salutar discutir a utilização do Facebook (rede social mais utilizada) no processo ensino aprendizagem. 14 Dessa forma, compreendemos que não se trata apenas de planejar métodos de comportamentos educativos dentro da rede social, mas também de potencializar essa dinâmica educacional que o Facebook pode proporcionar por meio de um novo canal comunicativo entre docente e discente. Para isso, é necessária formação profissional no tocante a metodologias corretas a serem aplicadas aos estudantes. 15 2 JUSTIFICATIVA / RELEVÂNCIA Habitamos em um mundo repleto de mudanças. Tudo é alterado de forma muito rápida, deixando-nos, muitas vezes, sem o preparo necessário para captar tantas informações que são disseminadas por meio das Novas Tecnologias da Informação e Comunicação (NTIC). Isso ocorre em todas as áreas, sendo destacadas, neste estudo, a educação e a rede social. Ao pensar em analisar a rede social Facebook no contexto do programa Aluno Conectado, de uma Escola Estadual do interior do Pernambuco, surge o seguinte questionamento: como é percebida a ideia do uso da rede social Facebook dentro do contexto educacional? Essa questão surge devido ao aumento e popularidade das redes sociais, que criam, atualmente, possibilidades de se unirem à educação, com o intuito de deixar este processo mais prazeroso proporcionando melhor interpelação entre educando e educador como vista a um objetivo comum – construir e compartilhar conhecimentos sobre diversos temas. Mas vale lembrar que, esse é um processo com muitos desafios, pois é algo inovador e que esta começando a ser usado no contexto educacional. Ao se trabalhar com a temática educação, o professor deve se apropriar das informações e recursos utilizados visando uma melhor resposta no processo ensino- aprendizagem. A simples tarefa de introduzir novas tecnologias no processo metodológico remete ao professor a necessidade de dominar as formas de transmitir estes conhecimentos por meio de estratégias inovadoras que estão utilizando. Assim, esta problemática torna-se uma realidade na vida do professor que deve estar se capacitando para acompanhar a evolução tecnológica, em que muitas vezes, seus alunos têm maior conhecimento quando os mesmo. Levando em consideração que muitos professores e alunos da turma possuem acesso às ferramentas tecnológicas cedidas pelo governo estadual, notebooks, kit multimídia com projetor, por parte do professor, e tablet/pc, por parte do aluno, é essencial que exista um estudo ou análise sobre a forma como estão sendo utilizados esses equipamentos, como também sobre o uso das redes sociais, em especial o Facebook. 16 Em um mundo imbuído de desafios para professores e alunos, buscamos por meio deste estudo fomentar uma discussão sobre os benefícios de novas tecnologias aplicadas no processo ensino aprendizagem e por meio das atividades realizadas durante o desenvolvimento desta pesquisa descrever a experiência da introdução da utilização das redes sociais, neste caso, o Facebook como aliado no processo ensino aprendizagem. Dessa forma teremos por meio desse estudo a oportunidade de discutir os desafios e possibilidades que a rede social Facebook poderá trazer à educação. Assim, o mesmo tem relevância acadêmica e social, possibilitando uma nova alternativa para uma educação mais significativa por meio de uma metodologia inovadora. 17 3 OBJETIVOS 3.1 Geral • Discutir a importância do uso das redes sociais e das NTIC como instrumentos de apoio pedagógico no processo ensino aprendizagem no contexto do programa Aluno Conectado em uma escola pública do interior do Pernambuco. 3.2 Específicos • Descrever as opiniões de alunos e professores acerca das redes sociais e das NTIC enquanto instrumento de aprendizagem; • Identificar se as redes sociais e as NTIC são utilizadas como estratégia pedagógica no processo de ensino aprendizagem dos alunos integrantes do programa Aluno Conectados; • Realizar oficina de capacitação com professores para utilização das redes sociais e das NTIC visando incentivar o uso destas tecnologias por alunos e professores; • Apresentar as ações de intervenções desenvolvidas pelos professores por meio da oficina de capacitação, com vista a utilização das redes sociais e das NTIC enquanto instrumento de aprendizagem junto aos alunos. 18 4 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 4.1 Novas Tecnologias da Informação e comunicação e o mundo contemporâneo O mundo atual obriga a criação ou aprimoramento de um sistema de ensino em que os cidadãos sejam protagonistas do seu próprio aprendizado, e as Novas Tecnologias da Informação e Comunicação (NTIC) poderão ter papel fundamental na contribuição de uma construção de conhecimento para a sociedade (CASTELLS, 2007). Segundo o referido autor, As NTIC são o conjunto de técnicas criadas ou aprimoradas que facilitam a forma de se comunicar e de divulgar a informação. Elas possibilitam o acesso à informação e à comunicação, podendo ocorrer de diversas formas, através das redes sociais, celulares, chats, blogs, etc. A partir do seu uso, a aprendizagem passa também a acontecer dentro de ambientes virtuais, utilizando as NTIC como meios que permitem essa nova interação, tais utilizações já se faz presente na difusão de tecnologia para aperfeiçoamento de profissionais por meio das Universidades Corporativas. De acordo com Kenski (2007), a tecnologia e a educação são dependentes uma da outra, e mais, elas estão presentes no cotidiano das pessoas. Segundo a citada autora, [...] para que as TIC’s possam fazer alterações no processo educativo, no entanto, elas precisam ser compreendidas e incorporadas pedagogicamente. Isso significa que é preciso respeitar as especificidades do ensino e da própria tecnologia para poder garantir que o seu uso, realmente, faça a diferença. Não basta usar a televisão ou computador, é preciso saber usar de forma pedagogicamente correta a tecnologia escolhida (KENSKI, 2007, p.46). É através de diversas plataformas como wikis (plataformas que permitem a construção coletiva de conteúdo colaborativo através de um navegador de web), blogs, mídias sociais e as diversas redes sociais, que se possibilitam aprendizagens significativas, sejam elas individuais ou coletivas, como também inteligências coletivas.19 Segundo Lévy (1999), inteligência coletiva é uma inteligência distribuída por toda a parte, incessantemente valorizada, coordenada em tempo real, que resulta em uma mobilização efetiva das competências.Nesse contexto, o saber é construído de maneira interativa através das redes sociais online que, inclusive, ganham cada vez mais usuários. Além disso, novas maneiras de conviver, refletir e aprender estão sendo inseridas na sociedade, principalmente, devido à informatização. Segundo Lemos & Levy (2010, p. 12), “as redes sociais online tornam-se cada vez mais tácteis, no sentido em que é doravante possível sentir continuamente o pulso de um conjunto de relações”. Neste contexto, faz surgir conceitos que contribuem para dar sentido aos novos ambientes em que ocorre a interação humana. Comociberespaço, “novo espaço de comunicação, de sociabilidade, de organização e de transação, mas também novo mercado da informação e do conhecimento” (LÉVY, 1999, p. 32). E a cibercultura que, segundo o mesmo autor, “é o conjunto de técnicas (materiais e intelectuais), de práticas, de atitudes, de modos de pensamento e de valores que se desenvolvem juntamente com o crescimento do ciberespaço” (idem. p. .17). Com essas perspectivas, tem-se atualmente a possibilidade de comunicação que vai além da presencial, tornando o ambiente virtual também um novo meio de interação significativo para as práticas pedagógicas. 4.2 O crescente uso das redes sociais Segundo Recuero (2009),as redes sociais na internet são reconhecidas justamente como agrupamentos complexos instituídos por interações sociais apoiadas em tecnologias digitais de comunicação. E nesse ambiente estão as pessoas que revelam seus anseios e ideias. Segundo Fernandes(2011) citando Panteli (2009), Alonet al. (2004) e Valcket al. (2006)o tempo que os usuários passam nas redes sociais proporciona o desenvolvimento de laços emocionais que leva ao aumento da frequência das visitas destes utilizadores neste tipo de comunidade. Esses fenômenos vêm modificando a forma da comunicação entre as pessoas. Exemplos como o acompanhamento da campanha presidencial do candidato a presidente Barack Obama mostram como o mundo acompanhou tudo de perto através 20 de blogs, vídeos e sites de redes sociais. E, ao mesmo tempo,houve aumento no número de pessoas ao comparecimento nas eleições americanas. Outro exemplo é o caso ocorrido também em 2008, já no Brasil, com relação às chuvas que geraram grandes desastres naturais no estado de Santa Catarina, como inundações e deslizamentos de terra. Diante deste cenário, blogs e redes sociais também foram utilizadas como meio de informar todo o mundo sobre o que estava acontecendo (RECUERO, 2009). Outro exemplo interessante é o caso das manifestações, ocorridas em 2013 no Brasil, em que as redes sociais desempenharam papel importante na divulgação dos acontecimentos.Ainda segundo Recuero(2009), esses exemplos representam: [...]aquilo que está mudando profundamente as formas de organização, identidade, conversação e mobilização social: o advento da comunicação mediada pelo computador. Essa comunicação, mais do que permitir aos indivíduos comunicar-se, amplificou a capacidade de conexão, permitindo que redes fossem criadas e expressas nesses espaços: as redes sociais mediadas pelo computador (RECUERO, 2009, p. 16). O comportamento da sociedade perante a comunicação por computador cria oportunidades para um novo modo de pensar e agir, em que a interação pode representar seus desejos e permitir contato com o outro. Essa troca de informações virtual desenvolve várias possibilidades na forma de expressão, pois a rede social cria um elo entre várias pessoas que buscam socialização com o mundo globalizado. Estudos realizados pelo Ibope Mídia em 2010 revelaram que quem não possui contas em redes sociais, possui uma intenção de aderir de 34%, ou seja, existe aumento de expansão. E mais, mostrou que quem já tem contas em redes sociais acessa via celular e geralmente escolhem o plano que melhor facilita o acesso a redes sociais. Em estudos mais atuais realizados pelo mesmo órgão em 2014 apresentam os seguintes dados: 65% dos jovens com até 25 anos acessam internet todos os dias, [...] Entre os usuários, a exposição é intensa e com um padrão semelhante: 76% das pessoas acessam a internet todos os dias, com uma exposição média diária de 4h59 de 2ª a 6ª-feira e de 4h24 nos 21 finais de semana. Eles estão em busca, principalmente, de informa- ções (67%) – sejam elas notícias sobre temas diversos ou informações de um modo geral –, de diversão e entretenimento (67%), de uma forma de passar o tempo livre (38%) e de estudo e aprendizagem (24%). [...] Entre as redes sociais e os programas de trocas de mensagens instantâneas mais usadas (1º + 2º + 3º lugares), estão o Facebook (83%), o Whatsapp (58%), o Youtube (17%), o Instagram (12%) e o Google+ (8%). (BRASIL, 2014, p.49,50) Outro dado interessante dessa pesquisa é que as redes sociais afetam o cérebro do mesmo jeito que a paixão. Um contato com outras pessoas numa rede social pode elevar os índices de oxitocina, mais conhecida como o “hormônio do amor”; 69% dos entrevistados revelam que se sentem felizes quando alguém comenta ou curte suas publicações. Portanto, visualizando em meio educacional, usar uma rede social proporcionará mais prazer ao aluno, tornando o processo de aprendizagem mais dinâmico e efetivo por meio da socialização de conteúdos vistos em sala de aula, dentre outros. O ensino via redes pode ser uma ação dinâmica e motivadora. Mesclam-se nas redes informáticas- na própria situação de produção e aquisição de conhecimentos – autores e leitores, professores e alunos. As possibilidades comunicativas e a facilidade de acesso às informações favorecem a formação de equipes interdisciplinares de professores e alunos, orientadas para a elaboração de projetos que visem à superação de desafios ao conhecimento; equipes preocupadas com a articulação do ensino com a realidade em que os alunos se encontram, procurando a melhor compreensão dos problemas e das situações encontradas nos ambientes em que vivem ou no contexto social geral da época em que vivemos(KENSKI, 2004,p.74). Vale salientar, conforme afirmativa do autor supracitado, que o uso das redes sociais, na educação, ainda faz parte de um debate recente, portanto ainda existe resistência por parte de muitos profissionais, seja porque não sabem manusear as redes sociais, por acomodação, fazendo o profissional usar sempre os mesmos recursos tradicionais (quadro, livros, projetores, etc), por preconceito ou mesmo ausência de formação que o auxilie quanto ao uso das redes sociais em contexto educacional. Portanto, quando se pensa em aliar redes sociais e educação, um dos motivos que levam a esse posicionamento é levar em consideração que 22 o propósito da escola deveria ser o de desenvolver as inteligências e ajudar as pessoas a atingirem objetivos de ocupação e passa tempo adequados ao seu espectro particular de inteligências. As pessoas que são ajudadas a fazer isso (...) se sentem mais engajadas e competentes, e portanto mais inclinadas a servirem a sociedade de uma maneira construtiva (GARDNER, 2000, p.16) Portanto, tendo a escola como meio que desenvolve o pensamento crítico das pessoas, é válido pensar em aspectos e metodologias de ensino que agreguem o conhecimento particular do aluno ao conhecimento técnico recebido na escola. Os aprendizes, hoje em dia, encontram-se cada vez mais conectados. Assim, é importante a sensibilização mediante o uso dessas ferramentas, que poderão auxiliá- los na construção do conhecimento, permitindo que aluno se envolva no processo de ensino e aprendizagem. Hoje em dia, as redes sociais são utilizadas por muitas pessoas.E existem muitas redes sociais que funcionam basicamente através de perfis e comunidades; o Facebook, rede social que permite o compartilhamento de informações através de perfis e páginas; o Twitter, rede social que permite aos usuários que enviem e leiam atualizações em textos de até 140 caracteres, dentre outras. Cada uma possui suas características, público específico e recursos diferenciados. A partir dai, é só escolher a de preferência e se cadastrar, dando início a uma jornada em que a pessoa é conduzida a interagir com opiniões, ideias e informações acerca de assuntos variados. A informação se encontra descentralizada, podendo fazer conexões com diversos assuntos numa mesma rede. Como consequência dessa disseminação em massa de informações, as pessoas se encontram cada vez mais expostas, pois cada membro divulga seus anseios e troca ideias com outros usuários da rede social. A exposição é global, e não mais localizada, e todo o mundo poderá ter facilmente acesso às publicações online. De acordo com dados da Brasil (2014), o Facebook tem 83% de participação de visitas, e manteve a liderança entre as redes sociais mais visitadas em 2014. Em comparação com julho de 2012, houve alta de 28,01 pontos percentuais. O Facebook é o primeiro colocado do ranking desde janeiro de 2012. Já o Youtube, serviço online de vídeos que permite a seus usuários carregá- los, compartilhá-los e publicá-los em formato digital através de websites, dispositivos móveis, blogs e e-mails, aparece em segundo lugar na preferência do usuário de 23 Internet, com 17,99% de participação de visitas. O Ask.fm, rede social em que é possível fazer perguntas e respostas com até 300 caracteres de forma anônima ou não, ficou com 1,96% de participação de visitas, portanto, em terceiro lugar, seguido peloTwitter, (1,83%) e do Orkut, com (1,54%). Em sexto lugar no ranking de maio de 2013, ficou o Yahoo! Respostas Brasil, no qual os usuários perguntam diretamente o que querem saber, cadastrando perguntas para serem respondidas por outros usuários, com (1,37%), seguido de Badoo, rede social para conhecer novas pessoas, ter novas amizades e namoros, (1,05%), Bate-papo UOL (0,80%), Google +, rede social com círculos de amizade para compartilhamento de conteúdos além da função Hangsouts que permite sala de bate papo através de vídeo, com (0,66%) e Instagram, aplicativo para smartphones para tirar fotos, escolher filtros e compartilhar nas redes sociais, ficou com (0,50%). Com isso, podemos observar o interesse crescente das pessoas para o uso das redes sociais, o que proporciona oportunidades de intercâmbio de ideias, seja em momentos informais para contatos com amigos, em ambiente profissional, no que cerne a troca de informações com funcionários e/ou chefe, ou até mesmo escolar, facilitando a comunicação entre professores e alunos. 4.3 Interfaces entre redes sociais e educação Desde o princípio o homem se organiza em grupos ou pequenos grupos, estabelecendo vínculos com outras pessoas para socialização de informações. E nessa “Era da Informação”, com tantos recursos de comunicação e informação, investigar como agem as pessoas dentro das redes sociais também virou foco de estudo e quem sabe oportunidade também do seu uso em âmbito educacional. Segundo Marteleto (2001, p.72), as “redes sociais representam um conjunto de participantes autônomos, unindo ideias e recursos em torno de valores e interesses compartilhados”. Por outro lado, a educação está se deparando com o desenvolvimento de uma sociedade que utiliza novas ferramentas para se comunicar, dentre elas as redes sociais virtuais. 24 O ensino via redes pode ser uma dinâmica motivadora. Mesclam-se nas redes informáticas – na própria situação de produção de conhecimento – autores e leitores, professores e alunos. As possibilidades comunicativas e a facilidade de acesso às informações favorecem a formação de equipes interdisciplinares de professores e alunos, orientadas para a elaboração de projetos que visem a superação de desafios ao conhecimento; equipes preocupadas com a articulação do ensino com a realidade em que os alunos se encontram, procurando a melhor compreensão dos problemas e das situações encontradas nos ambientes em que vivem ou no contexto social geral da época em que vivemos. (KENSKI, 2004, p. 74) De acordo com o que foi dito anteriormente, é possível perceber que as redes sociais possuem características para estudo em grupo, troca de conhecimento e aprendizagem. Esses aspectos podem ser utilizados com finalidades pedagógicas, auxiliando no processo de ensino e aprendizagem. As redes sociais, apesar de sua característica voltada ao entretenimento, atualmente, está começando a ser utilizada como ferramenta pedagógica. Um exemplo citado no artigo de Silva, Diniz e Santos (2012), foi a criação de um grupo no Facebook entre alunos de uma escola do município de Petrolândia-PE (Brasil) e alunos de escola da Cidade de Coimbra (Portugal).O grupo na rede social foi o recurso usado pelo professor e alunos para promover debates, missões e tarefas acerca dos assuntos abordados em sala de aula. O Facebook se tornou um espaço com um público criador de conteúdos que transmitem assuntos, com o intuito de socialização e interação com outras pessoas. Podemos observar que as NTIC estão transformando o comportamento da sociedade. A exemplo, os alunos que nasceram após os anos 90, também conhecidos como nativos digitais Prensky, 2001 (apud SCUDERE, 2007), que se utilizam do meio digital para se comunicar e também para estabelecer relações interpessoais. Segundo Lévy (1999), o futuro dos sistemas de educação está diretamente ligado a sua formação na cibercultura e a sua mutação contemporânea na relação com o saber. Nesse contexto, é através das relações com o outro que o indivíduo mostra e desenvolve suas habilidades pessoais que o auxiliam como profissional e/ou estudante. Usar de forma otimizada a rede social Facebook no auxílio do ensino e aprendizagem é inovador e desafiante, principalmente neste mundo contemporâneo que sofre transformações tecnológicas em um curto período de tempo. Para isso, 25 contextualizar o ambiente para a realidade do aluno, atualmente conectado na maior parte do tempo, é importante durante as aulas e o professor, como mediador nesse ensino, poderá apontar caminhos de como é possível potencializar o Facebook na educação. Os impactos deste processo [o uso da web e seus recursos, como as redes sociais] na capacidade de aprendizagem social dos sujeitos têm levado ao reconhecimento de que a sociedade em rede está modificando a maioria das nossas capacidades cognitivas. Raciocínio, memória, capacidade de representação mental e percepção estão sendo constantemente alteradas pelo contato com os bancos de dados, modelização digital, simulações interativas, etc.(BRENNAND, 2006, p.202) Segundo Facebook (2015) este site foi criado em 2004 por Mark Zuckerberg, é uma rede social mundial com mais de 61 milhões de usuários apenas no Brasil. Pesquisa realizada pelo site Social Bakers, em 2012, aponta que são os brasileiros que mais interagem com esta rede. Somos o país que mais publica entre todos os outros países nas chamadas funpages ou páginas do Facebook, ficando em quinto lugar quanto à média de publicações na categoria perfil de usuário. Outras pesquisas e dados divulgados pela própria companhia caracterizam a crescente demanda do uso do Facebook que chegou a 1 milhão de usuários no mesmo ano de fundação, passando a 12 milhões em 2006, alcançando em 2011 mais de 800 milhões de cadastros e, em 2013, ultrapassa a marca de 1,11 bilhão de usuários ativos na rede social. Segundo Fernandes (2011) apud PANTELI, (2009),o Facebook é uma rede social com um tipo de participação massiva, uma característica relacionadacomo número de membros registrados. Quando esse número é muito elevado provoca um efeito de aglomerado, formando um grupo muito sólido que tende a agir de uma forma homogênea e consistente. Pensando em um contexto educacional e percebendo que o alunoutiliza o computador para diversos objetivos, dentre elas o acesso a redes sociais, passa a ser uma possibilidade a inserção do professor e do aluno trabalhando em parceria nesse novo ambiente, seja para discussão ou execução de tarefas escolares. Sobre a atuação do professor nessa dinâmica, Lévy (1999) afirma que: 26 [...]a transmissão de informações e a notação dos exercícios deixam de ser a principal função do professor. Guiando a procura do aluno por informações nos programas, nos banco de dados e nos livros, ajudando-o a formular seus problemas, torna-se um animador do aprendizado (LÉVY, 1999, p. 27). Assim, o trabalho com as redes sociais no campo da educação exige adaptação tanto dos docentes como dos alunos, possibilitando o surgimento de outro debate que é a questão da democratização das novas tecnologias para os alunos de todas as camadas populares. Nesse contexto, o aprendizado, a formação e, principalmente, a vontade de desempenhar a docência, contribuirão para um sistema de educação que também utiliza as mídias digitais. Figueiredo (1995 apud FERNANDES, 2011) afirma que, hoje, aprende-se dentro e fora da escola e das mais variadas formas, o que no contexto de uma aprendizagem ao longo da vida, só pode acontecer precisamente fora das escolas, colocando-nos o desafio de construirmos sociedades de aprendizagem (FERNANDES, 2011, p.2). Mesmo que a rede social tenha um enfoque voltado para o entretenimento, observamos alternativas para realização de atividades de caráter educacional. O site da Associação Brasileira dos Autores de Livros Educativos (ABRALE) disponibiliza 100 dicas quanto ao uso do Facebook como ferramenta que auxilia na educação. Dentre elas, podemos citar algumas: • Museus: Pode-se indicar páginas de museus, galerias de arte e exibições para que os alunos possam enriquecer ainda mais o uso do Facebook e entrar em contato com diferentes conteúdos educacionais. • Jogos Educacionais: Muitos dos jogos disponíveis no Facebook são educacionais. Pode-se estabelecer metas e fazer um campeonato interno entre os alunos. • Livros: Pode-se pedir para que os alunos compartilhem no Facebook suas opiniões e análises sobre os livros que o professor sugerir. • Nota extra: Sugestão para realização de uma pequena gincana com os alunos. Organizar atividades relâmpago pela rede social para que eles realizem dentro 27 de um prazo limitado. Além disso, pode-se postar atividades extras, sem que haja limitação de tempo ou gincana. • Causas: a rede social possibilita a criação de grupos para defender causas. Pode-se estimular alunos para que se reúnam e façam um movimento, projeto, etc. Eles podem procurar por problemas nas áreas em que vivem ou ao redor da escola. • Perguntas: O Facebook disponibiliza a ferramenta de perguntas, que pode ser muito útil, tanto para os alunos quanto para os professores. Pode-se criar enigmas ou deixar o aplicativo disponível para que os alunos tirem dúvidas online. Como vemos, adotar estratégias de ensino impulsionará os alunos a agirem de forma mais crítica dentro de suas publicações online no Facebook. Essa capacidade das NTIC no ambiente educacional tem a ver coma aderência de metodologias de ensino aplicadas de maneira correta. Estas tecnologias facilitam o acesso a um imenso conjunto de informação e recursos cuja utilização implica o desenvolvimento de capacidades de avaliação, de interpretação e de reflexão crítica (OSBORNE & HANNESSY, 2003). Uma pesquisa realizada pela British Educacional Communications and Technology Angency (BECTA) demonstrou que a utilização da NTIC em sala de aula é mais motivadora para os alunos. A BECTA (2007) declara que a introdução das NTIC na escola e na sala de aula produziu desenvolvimentos positivos, motivando alunos e professores e modificando as experiências de ensino e aprendizagem de ambos. A escrita, a leitura e a oralidade, formas de comunicação utilizadas pela maioria dos professores em suas aulas, já não são suficientes. Adequar essas formas de comunicações às mídias sociais é um passo a ser concretizado para melhor interação entre aluno e professor. Além disso, o professor pode chamar atenção do aluno com recursos digitais para um melhor relacionamento entre eles, aumentando assim a probabilidade de aulas mais dinâmicas e de interesse do aluno. É fácil perceber o quanto os jovens vislumbram tudo o que forma a era digital. Basta utilizar as ferramentas disponíveis com metodologias corretas, que mostrem ao aluno segurança e certeza de que naquela aula ele irá desenvolver habilidades e conhecimentos que usará em seu cotidiano. Por exemplo, promover uma discussão de um determinado tema da aula nas redes sociais. 28 Com o uso otimizado do Facebook na educação o aluno passa de receptor de informações a criador e multiplicador de informações, construindo assim seu pensamento crítico por meio de publicações online. A partir daí, o estudante terá a oportunidade de construir um conhecimento que vivenciará no seu cotidiano, deixando de lado a ideia de que tudo que se aprende na escola, permanece na escola. As práticas docentes alinhadas à tecnologia usada garantirá êxito no processo de ensino e aprendizagem. Porém, vale lembrar que o uso do Facebook não é garantia de aprendizagem, devido à pouca abertura de alguns docentes diante desse novo debate, seja por falta de interesse ou recursos. No Facebook sabemos o quão diversificado são os temas, postagens e notícias que são publicados. Podemos “curtir”, compartilhar, comentar, publicar fotos e vídeos. Essa interação entre rede social e usuário é uma fonte ilimitada de informação. Nela, podemos conversar e trocar ideias com pessoas que estão do outro lado do mundo, descobrir um produto que foi lançado no mercado, ver notícias sobre sustentabilidade, economia, política, dentre outros aspectos. Outra característica interessante sobre o Facebook é que, além de promover a interação, fator primordial para a aprendizagem, ele desenvolve habilidade de trabalho em grupo. Essa característica é valorizada pela sociedade contemporânea e pela escola, que exige um comportamento com foco na formação de indivíduos que sejam agentes de transformação da realidade, de modo positivo e responsável. Diante desse contexto, tem-se também a visão da escola como espaço que busca desenvolver o senso crítico, colaborativo, incentivando os estudantes na construção de uma sociedade com acesso a uma educação de qualidade, no desempenho de atividades que despertam habilidades pessoais e profissionais. Assim, é necessário que a escola seja espaço de construção do conhecimento, contemplando o aluno, e em articulação com as demandas da sociedade. Dessa forma, estaremos contribuindo com a construção de uma educação democrática, de qualidade, contextualizada, a partir das experiências dos alunos e docentes, e que reflita uma proposta pedagógica que repense sua dimensão técnica (metodologias de ensino), humana (relação professor-aluno) e política (transformação social). 29 5 METODOLOGIA 5.1 Tipo de Estudo Diversos métodos de pesquisas vêm sendo desenvolvido por estudiosos visando embasar metodologicamente a apropriação de informações e analise de resultados referentes a diversos objetos de estudo. Nesta pesquisa, buscamos compreender a utilização de novas tecnologias como instrumento de aprendizagem, em especial a utilização da rede social Facebook como canal de aprendizagem entre professores e alunos, nos aparou nas bases teóricas da Pesquisa-ação.A Pesquisa-ação, segundo Vergara (2012) se incube de buscar resoluções de problemas por meio de ações simbióticas entre pesquisadores e participantes envolvidos em determinado campo propício de investigação. Este método, “objetiva simultaneamente a intervenção, a elaboração e o desenvolvimento de teoria” (p.191). Ainda segundo a autora supracitada, o método de pesquisa-ação é muitas vezes confundido com consultoria ou até mesmo como pesquisa participante. No entanto Thiollent (2009) esclarece que a pesquisa ação se diferencia da pesquisa participante e da consultoria pelo fato deste método envolver a relação pesquisador e participante como membros participes do processo, que tem como estrutura central,intervenções planejadas oriundas das vivências do participante em uma dada realidade. Dessa forma, a pesquisa-ação é definida por Thiollent (2009, p. 16) como: [...] um tipo de pesquisa social de base empírica que é concebida e realizada em estreita associação com uma ação ou com a resolução de um problema coletivo e no qual os pesquisadores e os participantes representativos da situação ou do problema estão envolvidos de modo cooperativo ou participativo. Considerando que a forma de abordagem de um estudo deve ser escolhido levando em consideração o objeto, encontramos na pesquisa-ação as diretrizes para as reflexões / análises da temática referente a utilização do Facebook como instrumento de aprendizagem. 30 5.2 Campo de estudo O estudo foi desenvolvido em uma escola pública estadual do município de Floresta – PE. Para uma melhor caracterização do local de investigação, faz-se necessário descrever aspectos básicos do município e a escolha do referido colégio como cenário do estudo. Floresta é um município brasileiro do estado de Pernambuco, distante 433 km de Recife, capital pernambucana. O município é o ponto de partida do Eixo Leste da Transposição do Rio São Francisco. No campo da educação a cidade conta com sete de escola públicas e uma privada (FLORESTA, sd). A escolha da escola estadual como cenário do estudo ocorreu devido a mesma ter sido escolhida como projeto piloto para a implantação do Programa Aluno Conectado no interior do Pernambuco. O referido programa foi instituído pelo Projeto de Lei Ordinária Nº 664/2011 e visa disponibilizar, gratuitamente, aos alunos dos segundo e terceiro anos do ensino médio da rede pública estadual, um Tablet/PC, para uso individual, dentro e fora do ambiente escolar, como material de apoio pedagógico permanente do estudante. Salientamos que neste cenário de estudo todos os alunos e professores tinham acesso a Internet por meio de conexão por cabo e rede wifi, fato que possibilitava o acesso destes ao “mundo virtual”. Além disso, como é comum em muitas repartições públicas, o sinal disponibilizado não oferecia bloqueio ao acesso a redes sócias como Facebook, fato que potencializou a utilização deste espaço como cenário de estudo. 5.3 Participantes O estudo foi realizado com 30 discentes do 3º ano do ensino médio e 13 docentes da escola definida como cenário da pesquisa, o que corresponde ao universo da pesquisa. Foi considerado como critério de inclusão para ser inserido na amostra discente, os seguintes critérios: ser alunos regularmente matriculados no ensino médio da referida escola e ter feito uso do tablet/PC recebido por meio do programa Aluno Conectado. Como critério de exclusão foi elencado: alunos não matriculados no ensino médio e que não tenham sido contemplados com os incentivos do programa alunos conectados. 31 Os critérios de inclusão para os docentes foram: ser professor do ensino médio e ministrar aula para discentes que tenham sido contemplados pelo incentivo do programa alunos conectados. Como critérios de exclusão foram elencados: professores que não foram alocados no ensino médio durante a realização da pesquisa e não ministraram aulas para os alunos contemplados pelo programa Alunos Conectados. 5.4 Técnica e Instrumento de coleta de dados Os dados da pesquisa foram coletados conforme técnica apresenta por Vergara (2012) no que se refere ao método de pesquisa-ação, a saber: inicialmente definimos o tema proposto para a pesquisa, neste caso, a relação ensino aprendizagem utilizando as ferramentas do fecebook como estratégia metodológica; posteriormente procedeu-se a analise de literatura referente ao objeto de estudo nas bases de dados do Scientific Electronic Library Online (SciELO) utilizando as palavras chaves: alunos conectados, metodologias de ensino aprendizagem e Facebook. Os participantes da pesquisa foram escolhidos de forma intencional pelo pesquisador obedecendo aos critérios de inclusão da pesquisa, sendo verificado a partir deste momento a viabilidade da realização da pesquisa utilizando a técnica de pesquisa-ação. Dando continuidade ao processo os participantes da pesquisa foram reunidos em momentos distintos, primeiro foi realizada uma reunião com os discentes e aplicado um questionário (APÊNDICE A) contendo questões referentes ao objeto de estudo. Segundo Gil (2008), o questionário é comumente utilizado, porque confere maior uniformidade às respostas e podem ser facilmente processadas, assim, esse instrumento de pesquisa evita ambiguidades e dúvidas quanto à opinião do respondente. Mediante aos resultados destes questionários fez-se necessário a realização de uma reunião com os docentes onde foi também aplicado um questionário (APÊNDICE B). Mediante as informações oriundas dos questionários aplicados aos discentes e docentes foi apresentados aos participantes deste estudo para que diante das fragilidades na utilização da tecnologia proposta pelo projeto Alunos Conectados http://www.scielo.org/ 32 passa ser desenvolvido um plano de ação. As fragilidades foram analisadas com base nos objetivos propostos pelo projeto de lei e a aplicabilidade dos instrumentos tecnológicos pelos alunos e professores. Diante da contestação diagnóstica das fragilidades no processo ensino- aprendizagem foi proposto um curso para instrumentalizar os docentes para a utilização das Novas Tecnologias da Informação e Inovação (NTIC) intitulada “o uso da rede social Facebook como instrumento de ensino – aprendizagem”. O referido Curso ocorreu em parceria com Instituto Federal de Educação, Ciências e Tecnologia do Sertão Pernambucano (IF-Sertão) conforme edital 02/2014 (APÊNDICE C). Conforme definido pelo método escolhido foi traçado um plano de ação e elaborado estratégias para melhor aplicabilidade das redes sociais no processo ensino-aprendizagem, colaborando assim para a efetivação dos objetivos propostos pelo Projeto de Lei Ordinária Nº 664/2011. Salientamos que a coleta de dados se deu após consentimento expresso dos participantes, assim como, foram mantidos o anonimato dos mesmos durante todo o estudo. Foi esclarecido ainda aos participantes do estudo que os resultados oriundos da pesquisa poderiam ser utilizados para fins científicos. 5.5 Técnicas de análise dos dados Os dados oriundos dos questionários foram tabulados no Microsoft Excel e apresentados na forma de gráficos, realizando-se a análise dos mesmos, considerando a revisão da literatura em profundidade. A implementação das ações com a realização do curso de capacitação foram descritas em termos práticos e de desenvolvimento de conhecimento teórico, sendo os resultados obtidos confrontados com as teorias que deram suporte a investigação. 33 6 RESULTADOS E DISCUSSÕES Os resultados deste estudo estão apresentados em três etapas, na primeira etapa registramos e discutimos os dados oriundos dos questionários aplicados aos discentes; na segunda etapa apresentamos as concepções dos professores relacionadas ao objeto de estudo e, na terceira etapa apresentamosa aplicação das ações planejadas, assim como, discutiremos a importância da instrumentalização de professores por meio de cursos de capacitação sobre NTIC aplicadas no processo ensino aprendizagem de alunos da rede pública de ensino inserido no programa Alunos Conectado. 6.1 Concepções de discentes sobre a utilização da informática e do Facebook como instrumento de ensino-aprendizagem Os discentes participantes desse estudo (n=30) conforme tabela 1, em sua maioria são do sexo feminino (73,3%), sendo a faixa etária mais prevalente a de 15 a 17 anos (70%), e a idade mínima de 15 anos e a máxima de 21 anos, com uma média de 17 anos. Tabela 1:Caracterização dos discentes por faixa etária em relação ao sexo. Floresta – PE, 2013 (n=30). MASCULINO FEMININO TOTAL FAIXA ETÁRIA N % N % N % 15 a 17 anos 5 62,5 16 72,7 21 70,0 18 a 20 anos 2 25,0 5 22,7 7 23,3 21 a mais 1 12,5 1 4,6 2 6,7 Total por sexo 8 26,7 22 73,3 30 100 Fonte: dados do autor Compreendendo que é necessário ter conhecimento em informática para manusear os equipamentos disponibilizados pelo governo por meio do programa Aluno Conectado, verificamos na tabela 2 que 60% dos discentes nunca realizaram curso de informática e apenas 40% deste realizaram o referido curso. Dentre estes 34 33,3% realizaram o curso básico de informática (noções básicas de Windows, Microsoft Office e Internet) e 6,7 realizaram curso avançado (Estudo avançado do módulo básico e outros programas específicos). Com base nestes dados é possível inferir que a maior parte dos discentes tem dificuldades de operar os equipamentos distribuídos pelo governo com a finalidade de inclusão digital. Tal fato se justifica pela não realização de curso na área de informática oferecido e/ou estimulado pela escola estadual. Tabela 2:Realização e tipo de curso de informática realizado pelos discentes. Floresta – PE, 2013 (n=30). Curso de Informática N % Curso Básico 10 33,3 Curso Avançado 2 6,7 Não realizaram 18 60 TOTAL 30 100 Fonte: dados do autor Dentre os discentes que não realizaram curso de informática (n=18), 33,3%relataram ter conhecimento em informática adquiridos de forma empírica através de conhecimentos informais obtidos com parentes e amigos (11,2%) e 22,1% afirmaram que o conhecimento que tem em informática foi adquirido por meio de consultas realizadas aos profissionais de lanhouse. No entanto 66,4% destes informantes (n=18) declaram que não tem conhecimento sobre informática (ver tabela 3) e para utilizar os tablets, solicita ajuda a algum colega ou amigo, o que viabiliza os mesmos a fazerem uso da tecnologia proporcionada pelo aparelho. Tabela 3:Aquisição de conhecimento em informática por discentes que não realizaram curso de informática. Floresta – PE, 2013 (n=18). Conhecimento em Informática N % Informalmente com amigos 4 22,1 Informalmente em lanhouse 2 11,2 Não possuo conhecimento 12 66,7 TOTAL 18 100 35 Fonte:dados do autor Como forma alternativa de se apropriar de conhecimentos para utilizar os tablets, os discentes que não realizaram curso de informática (n=18) obtiveram conhecimento em informática por meio de orientações informais com amigos ou parentes (66,4%). Mediante os dados apresentados anteriormente é perceptível que os discentes em sua maioria apresentam algum grau de dificuldade para a utilização de equipamentos de informática, assim como, os mesmos não são estimulados pelos docentes nem tiveram oportunidade de realizarem curso de capacitação para utilização da nova tecnologia que poderá auxiliá-los no processo ensino aprendizagem. Frente ao exposto, concordamos com Lévy (1999, p.27) quando este reflete que, antes mesmo de influir sobre o aluno, o uso dos computadores obriga os professores a repensar o ensino de sua disciplina. [...] A transmissão de informações e a notação dos exercícios deixam de ser a principal função do professor. Guiando a procura do aluno por informações nos programas, nos banco de dados e nos livros, ajudando-o a formular seus problemas, torna-se um animador do aprendizado. No contexto relacionado à utilização das redes sociais conforme demonstrado na figura 1, 90% dos discentes acessam as referidas redes, destes, todos utilizam o Facebook, sendo que 40% acessam além do Facebook o Orkut e 10% além do Facebook e Orkut acessam o Twitter. Estes dados revelam que o Facebook é a rede social mais acessada pelos discentes e mesmo acessando outras redes sociais todos os discentes que acessam redes sociais utilizam o Facebook. Neste ensejo, é possível compreender que a utilização das ferramentas oferecidas por esta rede social poderá ser muito útil no processo ensino aprendizagem, visto que, os discentes já fazem uso desta página de Internet facilitando a operacionalização direcional dos professores para diversos conteúdos que podem ser utilizados por meio desta ferramenta tecnológica. 36 Figura 1:Principais redes sociais utilizadas pelos discentes. Floresta – PE , 2013. (n=27) Fonte: dados do autor Considerando a utilização do Facebook por 90% dos discentes o que corresponde a um n=27, utilizaremos na analise a seguir este universo de participante, visto que, os questionamentos a seguir estão relacionados ao uso dessa rede social. Neste contexto, entre os discentes que acessam o Facebook (n=27), 100% deles chegam às notificações da rede social varias vezes ao dia, sendo que 66,7% dos entrevistados verificam pela primeira vez as notificações diárias do Facebook ao chegar à escola e, 33,3% realizam a atividade supracitada ao acordar, antes mesmo de levantar da cama. Compreendendo que o Facebook tem diversas ferramentas que podem ser utilizadas desde o entretenimento até a utilização com fins profissionais e didáticos, torna-se preocupante por parte dos professores a forma como estes discentes estão utilizado à rede social, visto que, a utilização da rede sem fins acadêmicos pedagógicos durante o período que estes estudantes encontram-se no ambiente escolar poderá comprometer o processo ensino aprendizagem aplicados pelos professores. Tal situação, torna-se mais preocupante quando é desvelado pelos discentes a real função do Facebook em seu cotidiano, onde 100% dos entrevistados relatam que utiliza o Facebook para atividades de entretenimento, como olhar perfil de colegas e utilizar a ferramenta Messenger que permite bate-papo virtual entre os membros desta rede social. Além disso, todos os informantes relataram que não participam de 50,00%40,00%10,00% 0 13 Apenas FacebookFacebook e orkutFacebook, orkut e Twitter 37 nenhum grupo no Facebook que trate de assuntos relacionados ao conteúdo das disciplinas ministradas pelos professores referentes ao ano letivo. No que se refere ao incentivo e orientação sobre o uso do Facebook enquanto atividade pedagógica todos os discentes (n=30) entrevistados formam unânimes em relatar que os professores não incentivam nem orientam as praticas de uso das redes sociais como o Facebook. Enfim, conforme dados apresentados pelos discentes é perceptível que os mesmos têm conhecimentos incipientes sobre informática, vem utilizando o tablet ofertado pelo programa Aluno Conectado para atividades voltadas para assuntos diversos não havendo foco da sua utilização para fins acadêmicos. Além disso, o Facebook, enquanto rede social mais utilizada pelos discentes tem sua utilização e funcionalidade relacionada a entretenimento não sendo utilizada como ferramenta tecnológica suplementar ao processo ensino aprendizagem desenvolvido pelos docentes do ensino médio, o que destoa dos objetivos do Projeto de Lei que institui o Programa Aluno Conectado no estado do Pernambuco. 6.2 Concepções de docentes sobre a utilização da informática e do Facebookcomo instrumento de ensino-aprendizagem Os docentes participantes desse estudo (n=13) em sua maioria são do sexo feminino (61,5%), sendo a faixa etária mais prevalente a de 41 a 45 anos, já o sexo masculino que apresenta a minoria com (38,5%), e a idade mínima de 30 anos e a máxima de 49 anos, com uma média de 41 anos (ver Tabela 4). Tabela 4: Caracterização dos docentes por faixa etária em relação ao sexo. Floresta – PE, 2013 (n=13). MASCULINO FEMININO TOTAL FAIXA ETÁRIA N % N % N % 30 a 35 anos 1 20,0 2 25,0 3 23,1 36 a 40 anos 1 20,0 1 12,5 2 15,4 41 a 45 anos 2 40,0 3 37,5 5 38,5 46 a 50 anos 1 20,0 2 25,0 3 23,1 Total por sexo 5 38,5 8 61,5 13 100 38 Fonte: dados do autor A capacitação em novas tecnologias de comunicação como a informática é uma das principais prerrogativas para a implementação de novas metodologias educacionais. Neste sentido, é salutar que os professores que estão atuando no ensino médio esteja capacitado para operacionalização de aparelhos informatizados assim como de softwares. Neste contexto, percebemos que os professores que atuam junto ao 3º ano do ensino médio na escola em pauta precisam de atualização e/ou capacitação em informática, visto que, 46,2% dos entrevistados afirmaram que tinha realizado curso de informática, no entanto, 53,8% relataram que não havia realizado curso especifico para operar equipamentos de informática e software (ver tabela 5). Tabela 5: Realização e tipo de curso de informática realizado pelos docentes. Floresta – PE, 2013 (n=13). Curso de Informática N % Curso Básico 6 46,2 Curso Avançado - - Não realizaram 7 53,8 TOTAL 13 100 Fonte: dados do autor Dentre os docentes que não realizaram curso de informática (n=7), conforme pode ser evidenciado na tabela 6, nenhum relatou não ter conhecimento em informática, sendo que 57,1% relatam que obtiveram conhecimentos em informática com amigos ou parentes e, 42,9% afirmam que os conhecimentos em informática foram obtidos informalmente junto aos profissionais da Instituição de ensino que trabalham. Diante do exposto percebemos que os professores também não encontra- se capacitados para usar as TICs o que compromete a implantação de metodologias inovadoras que buscam aliar a tecnologia aos recursos pedagógicos básicos. Tabela 6:Aquisição de conhecimento em informática por docentes que não realizaram curso de informática. Floresta – PE, 2013 (n=7). Conhecimento em Informática N % Informalmente com amigos 4 57,1 Informalmente em lanhouse - - 39 Orientado por profissional da instituição 3 42,9 Não possuo conhecimento - - TOTAL 7 100 Fonte: arquivo da pesquisa Em virtude dos docentes terem recebidos do governo do estado de Pernambuco em 2011 aparelhos de notebook para que pudessem incluí-los no mundo digital, foi questionado aos professores que não tinham realizados cursos de informática (n=7) como se deu a utilização destes aparelhos, neste aspecto, 71,4% dos entrevistados relataram que utilizaram e vem utilizando os recursos básicos do aparelho com a ajuda de amigos ou parentes que tem conhecimento em informática e, 28,6% informaram que utilizam serviço de lan house ou do laboratório de informática da escola para se apropriarem dos conhecimentos básicos sobre a utilização dos notebooks. Em síntese, a operacionalização dos notebooks que são utilizados pelos professores (n=13) conforme apresenta a figura 2 pode ser descrito da seguinte forma: 46,6% realizaram curso básico em informática, 30,8% utilizaram ajuda de amigos ou parentes, 23 % utilizaram ajuda de algum profissional de informática ou de lan house e nenhum dos professores realizaram curso avançado em informática. Estes dados reforçam os pressupostos de que os professores necessitam conhecer fundamentos básicos de informática e as NTIC para que possam utilizá-las junto aos alunos com o propósito de melhorar o processo ensino aprendizagem. 46,20% 0,00% 30,80% 23,00% 0,0% 12,5% 25,0% 37,5% 50,0% Realizou curso básico de informáticaRealizou curso Avançado de informáticaUtiliza ajuda de amigos ou parentesUtiliza ajuda de profissionais de informatica 40 Figura 2: Métodos utilizados pelos professores para utilização de notebooks entregues em 2011 pelo governo do Pernambuco. Floresta, 2013. (n=13) Fonte: arquivo da pesquisa No que se referem às Novas Tecnologias em Comunicação (NTIC), todos os docentes participantes da pesquisa relataram desconhecer sua definição e utilização. Silva, Vieira, Schineider (2010) ressaltam que o conhecimento e utilização das NTIC permitem o compartilhamento de informações de forma igualitária através do acesso ao mundo virtual, possibilitando tanto ao educando quanto ao professor fazer uso do conteúdo da rede para adquirir mais conhecimento. Em suas atividades em sala de aula conforme apresentado na figura 3, 84,62% dos docentes utilizam apenas o quadro branco e pincel como tecnologia de ensino, 7,69% utilizam além do quadro branco e pincel, TV e DVD e 7,69% utilizam o som associado ao quadro branco como tecnologia de ensino. Salientamos que nenhum professor cogitou a utilização de microcomputadores disponibilizado no laboratório de informática nem mesmo a utilização dos tabalets entregue aos alunos e dos notebooks entregue aos professores pelo governo pernambucano como estratégia tecnológica de ensino. Frente a estes dados, percebemos que os professores ainda vêm adotando a tecnologia tradicional no processo ensino-aprendizagem não utilizando as NTIC como instrumento de ensino aprendizagem complementar, fato que poderia maximizar a aquisição de conhecimento pelos discentes. 7,69 7,69 84,62 0, 22,5 45, 67,5 90, Som TV e DVD Quadro branco e pincel 41 Figura 3: Métodos utilizados pelos professores para utilização de notebooks entregues em 2011 pelo governo do Pernambuco. Floresta, 2013. (n=13) Fonte: arquivo da pesquisa No contexto relacionado à utilização das redes sociais pelos docentes (n=13), 30,8% dos informantes relataram que não acessam redes sociais e 69,2% fazem uso das redes sociais. Dentre os docentes que utilizam as redes sociais (n=4), todos fazem uso do Facebook e Orkut. Estes dados revelam que o Facebook é a rede social mais acessada também entre os docentes. A frequência de uso das redes sociais pelos discentes (n=4) em sua totalidade se da de forma esporádica uma a duas vezes por semana. Os referidos docentes assim como os alunos utilizam o Facebook apenas para atividades de entretenimento como a utilização da ferramenta Messenger para estabelecer contatos sociais com amigos. 100% destes professores não participam de grupos temáticos relacionados a assuntos educacionais inerentes a disciplina que lecionam, assim como, não utilizam as ferramentas do Facebook como estratégia metodológica para tratar de conteúdos relacionados às referidas disciplinas. Salientamos que todos os docentes (n=13) entrevistados não utilizam os recursos das redes sócias como o Facebook como coadjuvante a metodologia adotada por sua disciplina. Tais posicionamentos dos entrevistados ocorrem porque os mesmo não conhecem e/ou não acreditam que a utilização do Facebook pode contribuir com o processo ensino-aprendizagem dos discentes. Diante do exposto, é perceptível que os docentes em sua maioria não têm conhecimento sobre as redes sociais o que os impedem de estarem auxiliando e/ou utilizando-as como instrumento pedagógico auxiliar no processo ensino aprendizagem dos alunos do 3º ano do ensino médio da escola em pauta. No entanto todos os docentes entrevistados afirmaram que teriam interesse em participar de cursos de capacitação voltado para a utilização de NTIC como a utilização do Facebook como suporte metodológico. Enfim, os resultados oriundos dos questionários com os docentes nos apontama necessidade de instrumentalização dos mesmos quanto a utilização das TICs, sobre tudo da utilização adequada das ferramentas do Facebook como recurso auxiliar nas estratégias metodológicas utilizadas nas disciplinas do ensino médio. 42 Diante do exposto, foi realizado um curso de capacitação docente denominado “o uso de rede social como instrumento de ensino-aprendizado”, visando capacitar os profissionais quanto aos conceitos básicos e operacionais de tecnologia da informação e, as novas estratégias de ensino e interação através das TICs com ênfase na rede social Facebook. 6.3 Construindo conhecimento sobre NTIC e o uso do Facebook no processo ensino aprendizado O Brasil investe a cada ano em programas educacionais para melhorar a vida dos alunos e professores na sala de aula, um desses programas é o de Inclusão Digital. Esse programa é um dos caminhos para atingir a inclusão social. Por meio dele, as camadas mais carentes da população podem se beneficiar com novas ferramentas para obter e disseminar conhecimento, além de ter acesso ao lazer, à cultura e melhores oportunidades no mercado de trabalho. Sabemos que no país outros diversos programas estão relacionados a uma inclusão digital da comunidade escolar, como o programa Computador para todos – Projeto Cidadão Conectado criado em 2005 pelo governo federal, que oferece máquinas com configuração estipulada pelo governo a preços reduzidos. (BRASIL, 2005) No final do ano de 2012 as escolas públicas estaduais da cidade de Floresta– PE estavam se preparando para receber os tablets para as turmas do 2º e 3º ensino médio, fruto do projeto Aluno conectado que teve início em Julho deste mesmo ano. Os alunos começaram o ano de 2013 já com esses tablets com o objetivo de auxiliar no ensino e na didática do projeto em sala de aula. O secretário de educação de Pernambuco, Anderson Gomes, afirma que "nesse trabalho com a Intel® estamos capacitando os professores não apenas no uso das ferramentas, mas também de novas metodologias que já estão em funcionamento em outros países." (CLASSMATE PCS REVOLUCIONAM A EDUCAÇÃO NO ESTADO DE PERNAMBUCO, 2012). É sabido por todos que pouco adianta as escolas comprarem máquinas, obter uma banda larga de Internet, investir em informatização, se não houver profissionais para utilizar essas ferramentas, ou mesmo se a comunidade escolar não estiver pronta para saber dar utilidade a esses equipamentos. 43 Muitas vezes os laboratórios de informática ficam fechados por longos períodos por não terem professores que saibam utilizá-los em suas aulas, para torná- las mais dinâmicas, atrativas e participativas. Vale salientar que para se utilizar novas ferramentas educacionais é preciso que se tenha um conhecimento específico partindo da classe interessada, os profissionais que irão utilizá-los em seu dia a dia, ou seja, para que se utilize, é preciso antes capacitar os profissionais ou mesmo disponibilizar assistência técnica para os mesmos. Portanto, para que haja inclusão digital é necessário garantir três instrumentos básicos, que são: computador, acesso à rede e o domínio dessas ferramentas, pois não bastam apenas os indivíduos ou instituições possuírem um computador conectado à internet que se podem considerar todos incluídos digitalmente. É preciso saber o que fazer com essas ferramentas. Diante desta problemática e com base no diagnóstico traçado através da aplicação de questionários aos professores (n=13) do 3º ano do ensino médio de uma Escola municipal no municio de Floresta – PE que teve como temática a utilização das NTIC e das redes sócias, em especial o Facebook, como estratégia metodológica inovadora e complementar no processo ensino aprendizagem, o autor desta pesquisa desenvolveu um curso de intervenção junto aos docentes sobre a temática em pauta. A realização do Curso de Formação Inicial e Continuada (FIC) “o uso da rede social ‘FACEBOOK’, como instrumento de ensino – aprendizagem” ocorreu no período de 13 a 23 de março de 2014 e contou com a presença de 08 professores pertencentes ao grupo de informantes deste estudo. Os objetivos do curso foram traçados a partir das necessidades apresentadas pelos discentes e docente frente a utilização das NTIC, em especial, as das ferramentas do Facebook como instrumento coadjuvante no processo ensino aprendizagem de alunos do ensino médio contemplados pelo Projeto de Lei Ordinária Nº 664/2011 do Governo de Pernambuco. Neste sentido, esse curso de intervenção teve como objetivo geral, orientar profissionais da educação para que possam incorporar as NTIC à prática pedagógica, de forma a favorecer uma aprendizagem significativa aos alunos, nas escolas do município de Floresta-PE, tendo ainda os seguintes objetivos específicos: aprender conhecimentos práticos sobre o uso da NTIC; compreender o potencial pedagógico de recursos das NTIC no ensino e na aprendizagem em suas escolas; construir uma visão geral sobre a Informática, compreendendo seus conceitos básicos e, conhecer ferramentas que auxiliam o processo de ensino e aprendizagem. 44 O curso foi constituído em dois módulos, totalizando 20 horas, sendo desenvolvido por meio de aulas teóricas e práticas em que foram utilizados quadro branco, TV/DVD, computador/data show e livros didáticos/apostilas. Para o módulo referente à área de Informática, foram desenvolvidas práticas em laboratório de informática, aulas dialógicas, estudos individuais e/ou em grupos e resolução de exercícios. Durante a realização do curso, os facilitadores e participantes compartilharam experiências sobre o processo ensino aprendizagem, levando os mesmo a compreenderem o conteúdo e finalidade do curso. Assim, por meio desta ação intervencionistas os professores conseguiram se apropriar de informações sobre a utilização das NTIC e das redes sociais como estratégia metodológica complementar nas atividades desenvolvidas pelos mesmos junto aos alunos. A necessidade de intensificar a utilização de recursos audiovisual, assim como, de explorar a utilização dos equipamentos de informática distribuídos pelo governo de Pernambuco levaram os facilitadores a intensificarem as ações referentes a utilização do microcomputador em programas específicos como Microsoft Office e Internet, possibilitando aos participantes se apropriarem de conhecimentos referentes a construção de materiais audiovisuais, assim como, utilizar bases de dados de artigos científicos atualizados, o que segundo relatos dos mesmos possibilitou melhorar seus conhecimentos sobre os assuntos pertinentes a cada disciplina ministrada. Além disso, a utilização da gamificação na educação foi ponto de grande interesse entre alguns participantes que levaram esta ideia para dentro da sua disciplina, proporcionando melhoria na apreensão de conhecimento pelos alunos sobre determinados temas, principalmente os ligados a atualidade. Outra atividade que emergiu desta prática intervencionista foi a construção da pagina no Facebook, denominada como “Escola Inovadora” onde são promovidos debates e divulgação de materiais pertinentes. Disponibilizada pelo endereço eletrônico: https://www.Facebook.com/Escolainovadora?ref=hl. (apêndice D) Em setembro de 2015, de acordo com a figura 4, a página “Escola Inovadora” conta com 315 curtidas de fãs de diversas regiões do país e de Angola, sendo 66% representada por mulheres e 34% por homens com idade predominante entre 25 a 34 anos (ver figura 4). https://www.facebook.com/Escolainovadora?ref=hl 45 Figura 4: Fãs da página “Escola Inovadora” Fonte: https://www.facebook.com/Escolainovadora/insights/?section=navPeople&pnref=story Dessa forma, é perceptível que apesar dos esforços de programas políticos educacionais referentes à inclusão digital, é salutar que atividades intervencionistas
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