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NÃO POPULARIZAÇÃO DO TÊNIS

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Não popularização do tênis 
 
A origem do tênis remete ao século XII, com as práticas dos jogos conhecidos 
como paume, iniciando com jeu de paume, jogo que era praticado contra muros e com a 
palma da mão. Foi se difundido pela França e sofrendo modificações, passando a ser 
jogado em um retângulo, dividido por uma corda no meio. Com essas alterações, surgiu 
o longue-paume, que poderia ser jogado com até 6 pessoas para cada lado e, 
posteriormente, o court-paume, praticado em local fechado, com disputas de melhor de 
11 jogos, sendo vencedor quem fizesse primeiro os 6 jogos, o que influenciou na 
configuração de 6 games do set na atualidade, surgindo, assim, o lawn tennis, conhecido 
primeiramente por Sphairistike, jogo praticado em qualquer jardim ou gramado que 
pudesse ser pintado. Por não se restringir a um local específico, passou a ser praticado 
também pela classe média e, por isso, o seu idealizador Major Wingfield considerou a 
mudança do nome para lawn tennis, tendo seu primeiro torneio em 1887, que fez com que 
se tornasse um sucesso, ocasionando na criação do seu primeiro comitê para a mudança 
de regras, as quais se tornaram semelhantes ao tênis praticado na atualidade 
(BALBINOTTI, 2009). 
Tornou-se um fenômeno social, que proporcionava o entretenimento a famílias, 
tendo sua prática expandida para Inglaterra, França, Estados Unidos e Austrália, na 
segunda metade do século XIX. As tradições do primeiro Torneio de Wimbledon, 
realizado na Inglaterra em 1877, estão presentes até os dias atuais. Após sua primeira 
edição, tornou-se uma referência para o esporte, assim como de outras competições, como 
a Copa Davis de Tênis, que realizava disputas entre os melhores jogadores dos Estados 
Unidos e Grã-Bretanha e posteriormente incluiu outros países na disputa, estando 
presente até os dias atuais com a participação de mais de 130 países, além de fazer parte 
dos primeiros Jogos Olímpicos da Era Moderna, em 1896. Entretanto, as mulheres 
participaram pela primeira vez apenas em Paris, em 1900. Nas primeiras 7 edições dos 
Jogos Olímpicos, o tênis esteve presente, mas a partir de 1924 foi afastado por não ser 
permitido atletas profissionais, fazendo com que participassem apenas do Torneio de 
Wimbledon. Em 1988, a modalidade retornou para os Jogos Olímpicos, tendo participado 
duas vezes anteriormente apenas como demonstração (BALBINOTTI, 2009; SIPRIANO 
et al 2012). 
A partir da análise estratégico-tática, o desempenho dos atletas evoluiu e por isso 
o interesse do público para assistir também aumentou, o que resultou no processo de 
profissionalização, de modo que em 1950 havia remuneração para tenistas. Porém, os 
melhores tenistas ainda eram chamados para participarem dos torneios amadores e em 
virtude disso, muitos deles optaram pelo profissionalismo. Com um circuito mundial de 
torneios em 1970, a consolidação do profissionalismo se iniciou, pois era necessário 
somar ponto em cada etapa, o que causa a diminuição da participação de amadores. 
Segundo Balbinotti (2009), outro fato que apoiou esse processo foi a criação da 
Associação de Tenistas Profissionais (ATP) e o Conselho Internacional do Tênis 
Profissional Masculino, que contribuíram para o desenvolvimento do tênis, contudo, 
posteriormente permaneceu apenas a ATP com a organização do tênis profissional 
masculino e a Federação Internacional de Tênis (ITF) com o controle da Copa Davis e 
outros torneios. Enquanto isso, o tênis feminino passava pela falta de reconhecimento, de 
modo que a premiação era muito inferior comparada ao masculino. Em 1973, foi lançado 
como espetáculo, partindo para conquistar visibilidade. 
Desde sua origem, o tênis era praticado pela elite social e econômica em busca de 
lazer, sociabilidade, concorrência leal e respeitosa e distinção social. Em 1888, foi trazido 
ao brasil por engenheiros e famílias nobres inglesas, assim como a maioria dos esportes, 
que teriam praticado nos melhores clubes da Inglaterra, tanto que, nos anos que 
sucederam, era quase impossível ganhar uma partida contra um europeu, pois seus níveis 
eram muito elevados. Foram os ingleses os percussores do desenvolvimento do esporte 
no país, com a instalação de clubes, tendo as primeiras competições em 1904 em São 
Paulo. Os imigrantes alemães também contribuíram com a criação de clubes, mas 
voltados apenas a alemães e descendentes, sendo o primeiro denominado como Tennis 
Club Walhalla. Em Porto Alegre, a primeira competição aconteceu em 1908, o que 
despertou o interesse de realizar competições em outros clubes (BALBINOTTI, 2009; 
LUCCHETTI, 2013). 
A partir disso, houve a criação das federações regionais pelos ingleses e alemães, 
que tinham total autonomia sobre os assuntos relacionados à modalidade. Contudo, com 
as ideias nacionalistas do Estado Novo, as federações, associações e ligas se submeteram 
ao Conselho Nacional de Desportos, que decidiria sobre o funcionamento de cada. Devido 
a essa intervenção do Estado em busca do patriotismo nos esportes e pela falta de 
autonomia das associações, o esporte no país ganhou um novo rumo. O governo adotou 
medidas que fizeram com que os nomes dos clubes e estatutos mudassem para a língua 
portuguesa, além de exigir alvará, fazendo com que tivessem que procurar estratégias 
para continuar realizando atividades, que fez com que houvesse uma estagnação no 
desenvolvimento do tênis no país. Além desses fatores, por não ter uma entidade voltada 
para o tênis, apenas a Confederação Brasileira de Desporto, a popularização estava sendo 
impedida, visto que o esporte ficava em segundo plano em relação ao futebol, basquete e 
voleibol. Por isso, em 1955, houve a criação da Confederação Brasileira de Tênis, 
influenciando no aumento das competições nacionais e internacionais e no 
desenvolvimento do esporte (BALBINOTTI, 2009). 
Em 1966, Porto Alegre sediou a Copa Davis de Tênis, tendo o Brasil como 
campeão contra os Estados Unidos, considerada a melhor equipe, fato que fez com que o 
tênis brasileiro se inserisse no cenário internacional e em uma nova trajetória, devido a 
essa vitória a tenista Maria Esther Bueno, que foi campeã em Wimbledon e assim tornou 
a imprensa brasileira mais presente. 
Entretanto, apesar de todo esse processo de desenvolvimento e do esporte ser um 
dos mais praticados no mundo, sua prática não é tão popular no país como outros esportes. 
Na escola, o primeiro contato que os alunos têm é com basquete, vôlei e, sobretudo, 
futebol, principalmente por conta do espaço restrito e falta de materiais específicos. Ainda 
assim, deve-se levar em conta que a prática nas escolas pode ser simples, de maneira a 
utilizar materiais adaptados. Por isso, a Confederação Brasileira de Tênis trata o mini-
tênis como ideal para a propagação do esporte nas escolas, visando atrair novos 
participantes e possibilitar o aprendizado das habilidades motoras presentes na 
modalidade (LUCCHETTI, 2013). 
Em outros países, a popularização do tênis está relacionada à massificação do 
esporte e ao grande número de competições. De Bosscher et al (2009) citam que para o 
sucesso de um esporte, são necessários alguns pilares, que são o apoio financeiro, a 
organização estrutura e política do esporte, a participação e esporte de base, a 
identificação de talentos e sistema de desenvolvimento, o suporte pós-carreira, as 
facilidades do treino, o desenvolvimento do treinador, os campeonatos nacionais e 
internacionais e a pesquisa científica. Lucchetti (2013) afirma que um dos principais 
motivos para a pouca prática do tênis está relacionada com a desigualdade social, o que 
pode ser percebido nas competições na TV nas quais a maioria do público é composto 
por pessoas de alto poder aquisitivo. 
No início da trajetória no Brasil, o tênis, assim como outros esportes, era praticado 
pelos imigrantes europeus. Entretanto, ao contrário de outros, sua prática não era tão 
presente por conta dafalta de acesso aos clubes que eram voltados apenas aos imigrantes, 
o que é presente até os dias atuais, considerando que quadras de tênis estão presentes em 
sua maioria em clubes privados, dificultando o acesso a pessoas menos favorecidas. 
Apesar de haver muitas quadras espalhadas pelo Brasil, não existe uma escola de 
tênis com estilo próprio que realizem um trabalho de base para formar futuros tenistas 
profissionais. Dessa forma, ao buscar a divulgação e popularização do tênis, deve-se levar 
em conta muitos fatores, os quais estão relacionados com as questões econômicas, sociais 
e culturais, que tornam a prática dessa modalidade um privilégio para poucos cidadãos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
REFERÊNCIAS 
 
LUCCHETTI, Ademir. Tênis de campo, história e sociedade: uma abordagem crítica 
nas aulas de Educação Física. Os desafios da escola pública paranaense na perspectiva 
do professor pde. 2013, v. 1. 
 
BALBINOTTI, C. O ensino do tênis: novas perspectivas de aprendizagem. Porto 
Alegre, RS: Artmed, 2009. 288p. 
 
DE BOSSCHER et al. Comparing tennis success among countries. International Sports 
Studies, v. 25, n. 1, 2003. Disponível em: 
<https://www.researchgate.net/publication/239844205_Comparing_Tennis_Success_A
mong_Countries>. Acesso em: 15 mar. 2020. 
 
SIPRIANO et al. A ludicidade na aprendizagem do tênis. Lecturas: Educación Física y 
Deportes, Revista Digital. Buenos Aires, Año 17, Nº 167, abril de 2012. Disponível em: 
http://www.efdeportes.com/efd167/a-ludicidade-na-aprendizagem-do-tenis.htm.>. 
Acesso em: 15 mar. 2020.

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