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www.trilhante.com.br RECURSOS NO PROCESSO DO TRABALHO ÍNDICE 1. TEORIA GERAL E PRINCÍPIOS RECURSAIS NO PROCESSO DO TRABALHO 5 Teoria Geral dos Recursos ................................................................................................................................................ 5 Princípios Recursais no Processo Trabalhista .....................................................................................................6 2. EMBARGOS DECLARATÓRIOS .................................................................................10 3. RECURSO ORDINÁRIO NO PROCESSO DO TRABALHO ..................................15 Hipóteses de Cabimento..................................................................................................................................................16 Juízo de Retratação .............................................................................................................................................................18 4. RECURSO DE REVISTA ..............................................................................................20 5. AGRAVOS NO PROCESSO TRABALHISTA .......................................................... 25 Agravo de Petição no Processo Trabalhista ......................................................................................................25 Agravo de Instrumento no Processo Trabalhista ..........................................................................................26 6. RECURSO ADESIVO E REEXAME NECESSÁRIO ................................................30 Recurso Adesivo ..................................................................................................................................................................30 Reexame Necessário ...........................................................................................................................................................31 1 TEORIA GERAL E PRINCÍPIOS RECURSAIS NO PROCESSO DO TRABALHO www.trilhante.com.br 4 1. Teoria Geral e Princípios Recursais no Processo do Trabalho Teoria Geral dos Recursos Podemos ver que na doutrina existem várias conceituações quanto a definição de recurso, todavia uma definição que abarca boa parte da bagagem trazida pela temática é a realizada pelo professor Manoel Antônio Teixeira Filho, que traz o seguinte: Recurso é o direito que a parte vencida ou terceiro prejudicado, possui de, na mesma relação processual e atendidos os pressupostos de admissibilidade, submeter a matéria contida na decisão recorrida a reexame, pelo mesmo órgão prolator ou por distinto órgão e hierarquicamente superior com o objetivo de anulá-la ou reformá-la total ou parcialmente Na doutrina também encontra-se uma grande diversidade de teorias a respeito da natureza jurídica do recurso. Contudo pode-se dizer que as de maior relevância são as que afirmam tratar-se de uma ação autônoma ou como um direito de subjetividade processual. Não se deve confundir recursos com ações autônoma de impugnação, como por exemplo as ações rescisórias, ações anulatórias de atos processuais e habeas corpus. Podemos ver que o fundamento maior que move a existência de recursos processuais se quanto a tese que postula pela falibilidade humana, ou seja, o Magistrado, mesmo que seja investido de poder jurisdicional e pode ser tido como equiparado á um braço do estado, ainda assim não perde sua característica de pessoa humana, e por isso ainda fica vulnerável a cometer erros e se equivocar em suas sentenças e decisões. Dessa forma, o doutrinador Amauri Mascaro Nascimento aponta alguns fundamentos que movem a necessidade de se haver recursos em um processo, quais sejam: 1) a necessidade psicológica de formar o convencimento da parte inconformada para que passe a aceitar a decisão que a desfavoreceu 2) a falibilidade do ser humano, portanto, do juiz, pois maior que seja a sabedoria dos juízes nunca será a ponto de dotar as suas decisões da perfectibilidade que se possa pretender; o induzimento a maior prudência, pois a possibilidade processual de reapreciação da sentença por outro órgão atua no sentido de levar o prolator da decisão a julgar com maior cuidado. De forma inicial, temos que os recursos são interponíveis apenas contra as sentenças prolatadas em primeiro grau e acórdãos. Já a decisão interlocutória, é passível de recurso apenas quando produz efeitos de decisão definitiva, como ocorre no momento em que o Magistrado extingue a execução na fase de liquidação por forças da contestação de inexistência de crédito a ser satisfeito, por exemplo. Importante ressaltar que no processo trabalhista não cabem recursos contra despachos realizados pelo juiz. www.trilhante.com.br 5 Dessa forma, temos que de modo a evitar a preclusão do direito de se questionar determinadas decisões interlocutórias, é aceito que a parte deve manifestar seu protesto na primeira oportunidade que lhe caber, seja em audiência, seja nos autos do processo, sendo que tal protesto pode ser feito de forma escrita ou verbal. Princípios Recursais no Processo Trabalhista PRINCÍPIO DA TAXATIVIDADE Vemos que o artigo 22, I, da Constituição Federal de 1988, dota à União Federal a competência privativa para se legislar sobre direito processual, sendo que assim, somente deve ser considerado recursos no processo do trabalho, aqueles expressamente previstos em Lei Federal. A importância de tal principio se da justamente de modo a evitar que as partes criem recursos ao longo do processo, instaurando um caos normativo e comprometendo de forma definitiva a celeridade e a eficácia processual. PRINCÍPIO DA SINGULARIDADE OU UNIRRECORRIBILIDADE Principio que faz jus ao fato de que a lei prevê somente um tipo de recurso para cada decisão, sendo que dessa forma as partes não podem interpor dois ou mais recursos simultaneamente contra uma mesma decisão proferida. A consequência direta de tal logica é que os recursos devem ser interpostos sucessivamente, e jamais de forma simultânea. PRINCÍPIO DA CONSUMAÇÃO Uma vez interposto o recurso, ele não poderá ser repetido ou alterado. Trata-se de preclusão consumativa: interposto o recurso, o ato será consumido. É importante frisar que não existe mais a aplicação do Princípio da Variabilidade na CLT, que possui características opostas ao Princípio da Consumação. PRINCÍPIO DA FUNGIBILIDADE Vemos que existem decisões judiciais que acabam por trazerem debates e polêmicas no meio doutrinário e jurisprudencial a respeito de qual deve ser o recurso adequado para se interpor quanto a esta. Dessa forma, constatada essa situação e por força do princípio da fungibilidade admite-se a substituição do recurso erroneamente interposto por um que seria tido como adequado para se questionar determinadas decisões realizadas. Dessa forma, constata-se que a aplicação do princípio em questão visa impedir que a parte seja prejudicada frente a uma determinada situação que possa ser considerada escusável em detrimento de uma rigorosa aplicação do princípio da singularidade recursal. Dessa forma, temos algumas condições para a aplicação do princípio da fungibilidade, quais sejam: www.trilhante.com.br 6 • A ausência de erro grosseiro ou de má-fé • Ausência da utilização de recursos impróprios de maior prazo, por haver perdido o prazo do recurso cabível • Ausência da utilização do recurso de maior devolutividade visando escapar à coisa julga- da formal • Ausência de utilização de provocação apenas de divergências na jurisprudência para se assegurar, posteriormente, de outro recurso Nesse sentido, de forma a sistematizar de melhor forma o princípio da fungibilidade, o TST trouxe a Súmula 421, que trata especificamente do princípio em questão: I – Tendo a decisão monocrática de provimento ou denegação de recurso, prevista no art. 557 do CPC, conteúdo decisório definitivo e conclusivo da lide, comporta ser esclarecida pela via dos embargos de declaração, em decisãoaclaratória, também monocrática, quando se pretende tão somente suprir omissão e não, modificação do julgado. II – Postulando o embargante efeito modificativo, os embargos declara- tórios deverão ser submetidos ao pronunciamento do Colegiado, convertidos em agravo, em face dos princípios da fungibilidade e celeridade processual. (ex-OJ n. 74 – inserida em 8.11.2000) PRINCÍPIO DO NON REFORMATIO IN PEJUS O presente princípio postula que é vedado ao Tribunal no julgamento de um determinado recurso proferir decisões desfavoráveis para o recorrente, de forma a coloca-lo em situação mais gravosa do que aquela em que este já se encontra posto a sentença prolatada em primeira instância. A sentença pode vir a ser impugnada de forma total ou parcial, contudo não de forma a trazer mais danos ao recorrente do que outrora já existia. PRINCÍPIO DA VOLUNTARIEDADE Princípio que expressa a afirmação de que a parte tem a necessidade de recorrei ou aceitar a decisão de forma voluntária. Com isso, o Magistrado não pode conhecer matérias que efetivamente não foram objeto do recurso interposto. Contudo vemos que uma exceção a tal princípio se da quando se tratar de matérias de ordem pública, sobre as quais enquanto não houver o trânsito em julgado não é possível de se operar a preclusão, ou se vier a tratar de decisões desfavoráveis proferidas contra a fazendo pública, caso que se submete ao reexame. Sobre o reexame a Súmula 303 do TST traz o seguinte: www.trilhante.com.br 7 N. 303. FAZENDA PÚBLICA. DUPLO GRAU DE JURISDIÇÃO. (incorporadas as Orientações Jurisprudenciais ns. 9,71, 72 e 73 da SBDI-1) – Res. n. 129/2005 – DJ 20.4.2005 I – Em dissídio individual, está sujeita ao duplo grau de jurisdição, mesmo na vigência da CF/1988, decisão contrária à Fazenda Pública, salvo: a) quando a condenação não ultrapassar o valor correspondente a 60 (sessenta) salários mínimos; (ex-OJ n. 9 incorporada pela Res. n. 121/2003, DJ 21.11.2003) b) quando a decisão estiver em consonância com decisão plenária do Supremo Tribunal Federal ou com súmula ou orientação jurisprudencial PRINCÍPIO DA IRRECORRIBILIDADE DAS DECISÕES INTERLOCUTÓRIAS Tem-se como fundamento maior do princípio em questão que as decisões interlocutórias não são recorríveis de imediato, somente permitindo-se sua reapreciação em recursos da decisão definitiva. Contudo há algumas exceções quanto a essa lógica que pode ser vista através da leitura da Súmula 214 do TST: Na Justiça do Trabalho, nos termos do art. 893, § 1o, da Consolidação das Leis do Trabalho, as decisões interlocutórias não ensejam recurso imediato, salvo nas hipóteses de decisão: a) de Tribunal Regional do Trabalho contrária à Súmula ou Orientação Jurisprudencial do Tribunal Superior do Trabalho; b) suscetível de impugnação mediante recurso para o mesmo Tribunal; c) que acolhe exceção de incompetência territorial, com a remessa dos autos para Tribunal Regional distinto daquele a que se vincula o juízo excepcionado, consoante o disposto no art. 799, § 2o, da Consolidação das Leis do Trabalho. Vemos, dessa forma que temos que é possível o recurso contra decisão do TRT que contrarie a Jurisprudência Sumulada do TST ou de Sessões Especializadas. Ainda sobre as decisões interlocutórias de Tribunais que podem ser impugnadas mediante recurso para o próprio tribunal e por fim o entendimento de que a decisão de acolhimento de exceção de incompetência territorial que determina a remessa dos autos para vara pertencente a TRT distinto, o que leva ao exaurimento a jurisdição perante o tribunal que a proferiru. 2 EMBARGOS DECLARATÓRIOS www.trilhante.com.br 9 2. Embargos Declaratórios Primeiramente devemos ressaltar que o poder judiciário como um todo é baseado no princípio da inércia, sendo que este se refere que o judiciário somente pode se manifestar quando é provocado. Uma vez provocado, tem o dever de se manifestar e prestar a devida tutela jurisdicional, proferindo decisões, que se relacionam ou não com o mérito processual, coerente com o caso que lhe é apresentado. Ocorre que muitas vezes as decisões proferidas são passíveis de omissões, obscuridades ou de elementos contraditórios, sendo que nesses casos enseja-se a propositura dos embargos de declaração, que possui plenamente a natureza de recurso. Temos que nos embargos de declaração, a competência para se julgar é do próprio Magistrado que prolatou a decisão que está sendo embargada, o que se diferencia substancialmente dos demais recursos, que são julgados por um juízo diferente daquele que prolatou a decisão que encontra-se em questionamento. Dessa forma vemos que a competência para se julgar o presente recurso cabe ao mesmo órgão que proferiu a decisão embargada, contudo, não necessariamente do mesmo magistrado que veio a prolatar a decisão. Dessa forma, é possível notar que muitos tribunais estabelecem o seu próprio modo de se julgar os embargos declaratórios, tendo em vista seus próprios regimentos internos. HIPÓTESES DE CABIMENTO Como vimos, os embargos declaratórios fundamentam-se de forma vinculada, de modo tal que seu cabimento depende da presença de vícios específicos que são trazidos pelo artigo 897-A da CLT: Art. 897-A Caberão embargos de declaração da sentença ou acórdão, no prazo de cinco dias, devendo seu julgamento ocorrer na primeira audiência ou sessão subseqüente a sua apresentação, registrado na certidão, admitido efeito modificativo da decisão nos casos de omissão e contradição no julgado e manifesto equívoco no exame dos pressupostos extrínsecos do recurso. §1oOs erros materiais poderão ser corrigidos de ofício ou a requerimento de qualquer das partes. §2oEventual efeito modificativo dos embargos de declaração somente poderá ocorrer em virtude da correção de vício na decisão embargada e desde que ouvida a parte contrária, no prazo de 5 (cinco) dias. §3oOs embargos de declaração interrompem o prazo para interposição de outros recursos, por qualquer das partes, salvo quando intempestivos, irregular a representação da parte ou ausente a sua assinatura. Dessa forma constatamos que o essencial para se ter a premissa de propositura de um embargo de declaração é a presença dos elementos omissão, contradição, obscuridade ou manifesto equívoco no exame dos pressupostos extrínsecos do recurso. www.trilhante.com.br 10 A OMISSÃO Vemos que haverá omissão quando a decisão prolatada deixar de tangenciar determinados pontos ou questões sobre os quais o Juiz teria o dever de pronunciar sobre de ofício ou a requerimento. Dessa forma, temos que o artigo 1.022 do Novo Código de Processo Civil, que aplica-se subsidiariamente ao processo do trabalho, considera como omissa a decisão que possuir os seguintes elementos: • Deixar de se manifestar sobre a tese firmada em julgamento de casos repetitivos aplicáv- el ao caso sob julgamento. • Deixar de manifestar sobre incidentes de assunção de competência aplicável ao caso sob julgamento. • Se limitar à indicação, à reprodução ou à paráfrase de ato normativo, sem explicar sua devida relação com a causa ou a questão decidida. • Empregar conceitos jurídicos indeterminados, sem explicar o motivo concreto de sua incidência no caso em concreto • Invocar motivos que se prestariam a justificar qualquer outra decisão • Não enfrentar todos os argumentos deduzidos no processo capazes de, em tese, infir- mar a conclusão adotada pelo julgador • Se limitar a invocar precedentes ou enunciado de súmula, sem identificar seus funda- mentos determinantes nem demonstrar que o caso sob julgamento se ajusta aqueles fun- damentos • Deixar de seguir enunciado de súmula, jurisprudência ou precedente invocado pela parte, sem demonstrar a existência de distinção no caso em julgamento ou a superação do entendimento A CONTRADIÇÃO Se dará como contraditório aquela decisão jurisdicional que for dotada de incoerência interna na própria decisão. Poderá essa contradição ocorrer na fundamentação, no dispositivo, entre a fundamentaçãoe o dispositivo, bem como entre a ementa e o corpo do acórdão. Com isso, um exemplo importante de se ressaltar é que não se deve falar em contradição quando ocorre de a parte opor embargos alegando que determinada decisão se faz contraria as provas presentes nos autos, visto que o que a parte busca neste caso em específico é a reforma da decisão e não um mero afastamento de contradições, sendo que este deve constar dentro da própria decisão. Um exemplo pratico de contradição seria o Magistrado que fundamenta sua decisão no sentido de inocentar o reclamado ao pagamento de horas extras, contudo em seu dispositivo, condena-o a pagar as referidas horas. A OBSCURIDADE Vemos que o vício de obscuridade deve ser constatado quando houver falta de clareza ou precisão dentro da decisão. Importante destacar que o artigo 897-A da www.trilhante.com.br 11 CLT supracitado faz jus apenas à omissões, contradições e manifestos equívocos nos exames de pressupostos extrínsecos do recurso nos casos em que os embargos forem possuidores de efeitos modificativos, não mencionando diretamente o caso específico da obscuridade. Isso se deve em decorrência do fato de que a obscuridade em si não ter efeito modificativo, posto que a única finalidade do embargo relativo a obscuridade é fazer com que o Magistrado realize um novo pronunciamento esclarecendo o teor de seu primeiro, dotando esse novo pronunciamento de um conteúdo mais claro e autêntico. MANIFESTO EQUÍVOCO NO EXAME DE PRESSUPOSTOS EXTRÍNSECOS DO RECURSO Vemos que a presente situação não se constitui como um vício presente no artigo1.022 do NCPC, sendo uma característica com previsão unicamente no processo do trabalho, em decorrência direta do artigo 897-A da CLT. Assim, nota-se que caberão os embargos declaratórios quando houver dois requisitos que são cumulativos entre si: • A existência de manifesto equivoco. • O tratamento de pressupostos extrínsecos, quais sejam a tempestividade, representação, preparo, depósito recursal e regularidade formal Cumpre ressaltar que antigamente, o TST possuía o entendimento que a oposição de embargos declaratórios que possuíam como objeto o manifesto equívoco na análise dos pressupostos extrínsecos, somente seria cabível da decisão ad quem. Todavia, com o advento do NCPC, que veio a admitir de forma expressa o cabimento dos embargos em qualque situação judicial, o Tribunal Superior do Trabalho cancelou sua antiga Orientação Jurisprudencial nº 377, que postulava a antiga tese, de forma a viabilizar o cabimento de embargos com base no presente vício da decisão do juízo a quo, bem como do juízo ad quem. DA CORREÇÃO DE ERROS MATERIAIS Vemos que no processo civil, existe a possibilidade de correção de erros materiais presentes na decisão através dos embargos de declaração, conforme expresso pelo artigo 1.022, III do NCPC. Contudo, diferentemente do que ocorre nesta seara, no direito do trabalho a correção desses erros não dependem da oposição de embargos de declaração, fato que pode ocorrer de ofício ou a requerimento de qualquer uma das partes através da elaboração de uma simples petição, haja vista o estabelecido no artigo 897-A, §1º da CLT. Porem, não há qualquer impedimento de que a parte requisite tal correção por meio do embargo declaratório. DO PRAZO PARA OPOSIÇÃO DO EMBARGO DECLARATÓRIO Vemos que os embargos de declaração possuem uma regra de prazos um tanto quanto diferente dos prazos recursais dos demais recursos trabalhistas, possuindo prazo de 5 www.trilhante.com.br 12 dias para sua oposição. Destaquemos que a Fazenda Pública, o Ministério Público do Trabalho bem como a Defensoria Pública tem prazo em dobro, isto é, de 10 dias. Importante destacar que os litisconsortes devem ter procuradores distintos, bem como de escritórios de advocacia distintos. Estes não dispõe de prazo em dobro para se apresentar os embargos declaratórios, posto que não se aplica ao processo do trabalho o artigo 1.023, §1º e o artigo 229 do NCPC, haja vista a incompatibilidade existente em vista da celeridade que é inerente a Justiça Trabalhista. 3 RECURSO ORDINÁRIO NO PROCESSO DO TRABALHO www.trilhante.com.br 14 3. Recurso Ordinário no Processo do Trabalho Vemos que o recurso ordinário é o meio recursal utilizado no âmbito processual pelo qual as partes podem discutir novamente e de forma ampla a matéria que fora decidida em primeira instância, tanto em termos de direito quanto em termos de fatos, sendo, portanto, de natureza ordinária e de livre fundamentação pelas partes. O seu cabimento encontra-se na fase de conhecimento processual, haja vista que na fase executória, o recurso adequado seria o agravo de petição, sendo cabível inclusive nos procedimentos especiais que serão abordados em aulas futuras. A previsão legal do recurso ordinário encontra-se expressa através do artigo 895 da CLT, sendo que deve ser interposto dentro do prazo de 8 dias, sendo este o mesmo prazo para o protocolo das contrarrazões. Sempre importante ressaltar que a Fazenda Pública, o Ministério Público do Trabalho e a Defensoria Pública tem o prazo dobrado, ou seja, no caso de recurso ordinário terão o prazo de 16 dias, valendo a mesma regra para as contrarrazões. Art. 895 - Cabe recurso ordinário para a instância superior: I - das decisões definitivas ou terminativas das Varas e Juízos, no prazo de 8 (oito) dias II - das decisões definitivas ou terminativas dos Tribunais Regionais, em processos de sua competência originária, no prazo de 8 (oito) dias, quer nos dissídios individuais, quer nos dissídios coletivos. §1º - Nas reclamações sujeitas ao procedimento sumaríssimo, o recurso ordinário: I - (VETADO). II - será imediatamente distribuído, uma vez recebido no Tribunal, devendo o relator liberá-lo no prazo máximo de dez dias, e a Secretaria do Tribunal ou Turma colocá-lo imediatamente em pauta para julgamento, sem revisor; III - terá parecer oral do representante do Ministério Público presente à sessão de julgamento, se este entender necessário o parecer, com registro na certidão; IV - terá acórdão consistente unicamente na certidão de julgamento, com a indicação suficiente do processo e parte dispositiva, e das razões de decidir do voto prevalente. Se a sentença for confirmada pelos próprios fundamentos, a certidão de julgamento, registrando tal circunstância, servirá de acórdão. §2º Os Tribunais Regionais, divididos em Turmas, poderão designar Turma para o julgamento dos recursos ordinários interpostos das sentenças prolatadas nas demandas sujeitas ao procedimento sumaríssimo. Temos que o recurso ordinário trata-se de um recurso que possui devolutividade ampla, seja sob a ótica de sua profundidade, seja na extensão de seu conteúdo. Contudo, é importante se frisar que existe um caso específico que leva em conta a concessão judicial de efeito suspensivo no recurso ordinário. Este é a hipótese de recurso ordinário http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/Mensagem_Veto/2000/Mv0075-00.htm www.trilhante.com.br 15 de sentença normativa, no caso em que o presidente do TST confere efeito suspensivo, na proporção e extensão conferidas em seu despacho. Hipóteses de Cabimento Em regra, o recurso ordinário é cabível de todas as decisões definitivas ou terminativas das varas do trabalho, contudo, nos atentemos a algumas dimensões específicas das hipóteses de cabimento de tal recurso. RECURSO ORDINÁRIO DE SENTENÇA Como já dito, o recurso ordinário é cabível tanto de decisões definitivas quando de terminativas, sendo que dessa forma necessário se faz distinguir ambas as decisões. As decisões definitivas são, em regra, as que resolvem o mérito do processo, posto o artigo 487 do NCPC, senão vejamos: Art. 487. Haverá resolução de mérito quando o juiz: I- acolher ou rejeitar o pedido formulado na ação ou na reconvenção; II- decidir, de ofício ou a requerimento, sobre a ocorrência de decadência ou prescrição; IIl - homologar: a) o reconhecimento da procedênciado pedido formulado na ação ou na reconvenção; b) a transação; c) a renúncia à pretensão formulada na ação ou na reconvenção. Parágrafo único. Ressalvada a hipótese do§ 1 o do art. 332, a prescrição e a deca- dência não serão reconhecidas sem que antes seja dada às partes oportunidade de manifestar-se. Sob outra perspectiva, as decisões terminativas configuram-se como aquelas que extinguem o processo sem resolução de mérito, haja vista o artigo 485 do NCPC: www.trilhante.com.br 16 Art. 485. O juiz não resolverá o mérito quando: I - indeferir a petição inicial; li- o processo ficar parado durante mais de 1 (um) ano por negligência das partes; III- por não promover os atos e as diligências que lhe incumbir, o autor abandonar a causa por mais de 30 (trinta) dias; IV - verificar a ausência de pressupostos de constituição e de desenvolvimento válido e regular do processo; V- reconhecer a existência de perempção, de litispendência ou de coisa julgada; VI- verificar ausência de legitimidade ou de interesse processual; VII - acolher a alegação de existência de convenção de arbitragem ou quando o juízo arbitral reconhecer sua competência; VIII- homologar a desistência da ação; IX- em caso de morte da parte, a ação for considerada intransmissível por disposição legal; e X- nos demais casos prescritos neste Código. RECURSO ORDINÁRIO DE ACÓRDÃO DO TRT O recurso ordinário também tem a possibilidade de ser cabível em detrimento das decisões terminativas ou definitivas frente a competências que são originariamente dos TRTs, isto é, processos que se iniciam no TRT. Isso ocorre por exemplo nos dissídios coletivos, mandados de segurança e ações rescisórias. Sendo assim, havendo recurso ordinário nas hipóteses citadas, temos que o órgão competente para julgar tal recurso é o TST por meio das sessões de dissídios coletivos. Nos casos específicos de mandado de segurança, ações rescisórias e demais ações individuais de competência originária do TRT, ficam sob competência das sessões de dissídios individuais do TST. RECURSO ORDINÁRIO DE DECISÕES INTERLOCUTÓRIAS Como já vimos, os recursos ordinários se aplicam a sentenças de primeira instância ou acórdãos decorrentes de decisões de competência originária do TRT. Todavia, o TST veio a admitir o recurso ordinário de decisões interlocutórias na hipótese de reconhecimento de incompetência territorial com remessa dos autos para TRT distinto aquele a que se vincula o juízo excepcionado, através da Súmula 214. Há também o caso da incompetência absoluta, com o encaminhamento dos autos a outra Justiça (Federal ou Estadual), sendo que isso vem a ocorrer devido ao fato de que mesmo se tratando de decisão interlocutória, no caso o processo termina na justiça do trabalho, motivo pelo qual o artigo 799, §2º da CLT admite interposição de recurso. www.trilhante.com.br 17 Art. 799 - Nas causas da jurisdição da Justiça do Trabalho, somente podem ser opostas, com suspensão do feito, as exceções de suspeição ou incompetência. §2º - Das decisões sobre exceções de suspeição e incompetência, salvo, quanto a estas, se terminativas do feito, não caberá recurso, podendo, no entanto, as partes alegá-las novamente no recurso que couber da decisão final. Ainda, é cabível o recurso ordinário da decisão que julga parcial e de forma antecipada o mérito do processo, que corresponde ao julgamento antecipado dos pedidos ou parcela dos pedidos que já estiveram em condições de imediato julgamento ou forem incontroversos, o que vem a possibilitar a formação de coisa julgada material. Dessa forma, o TST, através de sua normativa 36/2016, aceita que nesses casos, o recurso ordinário é cabível, posto que considera tais decisões interlocutórias como equivalentes a sentenças. Por fim, ressalta-se que todas as demais decisões interlocutórias não são recorríveis de imediato, haja vista o artigo 893, §1º da CLT. Suas impugnações não ocorrerão imediatamente, mas no momento de insurgência da própria sentença. Juízo de Retratação Como regra temos que o juiz não pode alterar sua sentença após proferida, contudo há três hipóteses em que será possível o juiz se retratar. • Com o indeferimento da liminar da petição incial, o que provoca a extinção do proces- so sem resolução de mérito. Quando se trata de sentença, o recurso cabível no processo trabalhista é o recurso ordinário, que deve ser interposto no prazo de 8 dias. Com isso é facultado a retratação do juiz no prazo de 5 dias, isto é, o próprio juiz que prolatou a decisão pode reforma-la. Sem retratação, segue-se o trâmite normal do processo. • Com a extinção sem resolução de mérito. Interposto o recurso ordinário, o juiz terá 5 dias para se retratar • Com a improcedência liminar. Nesse caso, interposto o recurso, o juiz também tem 5 dias para se retratar, e havendo esta, determinará a o prosseguimento do processo com a citação do réu. Não havendo retratação, determinará citação do réu para apresentar con- trarrazões no prazo de 8 dias. 4 RECURSO DE REVISTA www.trilhante.com.br 19 4. Recurso de Revista Com relação ao recurso de revista, vemos que este é sobretudo um recurso que possui natureza extraordinária. Os recursos, como já visto, podem ser classificados sobre sua natureza em ordinários ou extraordinários, sendo que os ordinários são aqueles que visam a tutela de direitos subjetivos, ou seja, de tal modo que se permite discutir toda a matéria processual, seja esta de direito ou de fato. Já o recurso com natureza extraordinária se fundamenta sobre a tutela do direito objetivo, isto é. Visa a exata aplicação do direito, sendo que a verificação fática não se faz presente nestes recursos, bem como o reexame de provas, sendo que fica-se restrito somente a análise da matéria de direito, haja vista a Súmula 126 do TST. Com isso, chegamos a conclusão de que o recurso de revista não objetiva corrigir injustiças ou erros em matéria de fato no processo em questão, mas sim verificar se a norma foi aplicada de forma correta ao caso em concreto. Além disso, o recurso de revista visa buscar a exata aplicação da norma e dar uniformidade de interpretação da Constituição Federal para que dessa forma haja a garantia da segurança jurídica às partes e uma efetiva aplicação da tutela jurisdicional. Quanto ao reexame de provas, temos que tanto a doutrina quanto a jurisprudência são enfáticas ao postergar que: Súmula no 279 do STF. Para simples reexame de prova não cabe recurso extra- ordinário. Súmula no 7 do STJ. Pretensão de simples reexame de prova não enseja recurso especial. É necessário salientar que em tal recurso, o direito subjetivo pode ainda ser tutelado, contudo de modo indireto, sendo que a tutela do direito objetivo pode vir a provocar benefícios para o direito subjetivo das partes litigantes. O TST pode realizar qualificação jurídica dos fatos, e somente podem ser qualificados se forem incontroversos ou se constarem derivados do acórdão original PRAZO DO RECURSO DE REVISTA O presente recurso segue a regra geral dos recursos trabalhistas, devendo ser interposto no prazo de 8 dias, sendo que o mesmo prazo também vale para as contrarrazões do recurso de revista. Importante lembrar que a Fazenda Pública, o Ministério Público do Trabalho tem prazos em dobro, isto é, de 16 dias, sendo o mesmo válido para as contrarrazões. HIPÓTESES DE CABIMENTO A previsão legal do recurso de revista encontra-se no artigo 896 da CLT www.trilhante.com.br 20 Art. 896 - Cabe Recurso de Revista para Turma do Tribunal Superior do Trabalho das decisões proferidas em grau de recurso ordinário, em dissídio individual, pelos Tribunais Regionais do Trabalho, quando: a) derem ao mesmo dispositivo de lei federal interpretação diversa da que lhe houver dado outro Tribunal Regional do Trabalho, no seu Pleno ou Turma, ou a Seção de Dissídios Individuais do Tribunal Superior do Trabalho, ou contrariarem súmula de jurisprudência uniforme dessa Corte ou súmula vinculante do Supremo TribunalFederal; b) derem ao mesmo dispositivo de lei estadual, Convenção Coletiva de Trabalho, Acordo Coletivo, sentença normativa ou regulamento empresarial de observância obrigatória em área territorial que exceda a jurisdição do Tribunal Regional prolator da decisão recorrida, interpretação divergente, na forma da alínea a; c) proferidas com violação literal de disposição de lei federal ou afronta direta e literal à Constituição Federal. §1o-A. Sob pena de não conhecimento, é ônus da parte: I - indicar o trecho da decisão recorrida que consubstancia o prequestionamento da controvérsia objeto do recurso de revista; II - indicar, de forma explícita e fundamentada, contrariedade a dispositivo de lei, súmula ou orientação jurisprudencial do Tribunal Superior do Trabalho que conflite com a decisão regional III - expor as razões do pedido de reforma, impugnando todos os fundamentos jurídicos da decisão recorrida, inclusive mediante demonstração analítica de cada dispositivo de lei, da Constituição Federal, de súmula ou orientação jurisprudencial cuja contrariedade aponte IV - transcrever na peça recursal, no caso de suscitar preliminar de nulidade de julgado por negativa de prestação jurisdicional, o trecho dos embargos declaratórios em que foi pedido o pronunciamento do tribunal sobre questão veiculada no recurso ordinário e o trecho da decisão regional que rejeitou os embargos quanto ao pedido, para cotejo e verificação, de plano, da ocorrência da omissão §2oDas decisões proferidas pelos Tribunais Regionais do Trabalho ou por suas Turmas, em execução de sentença, inclusive em processo incidente de embargos de terceiro, não caberá Recurso de Revista, salvo na hipótese de ofensa direta e literal de norma da Constituição Federal. §7º A divergência apta a ensejar o recurso de revista deve ser atual, não se considerando como tal a ultrapassada por súmula do Tribunal Superior do Trabalho ou do Supremo Tribunal Federal, ou superada por iterativa e notória jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho. §8oQuando o recurso fundar-se em dissenso de julgados, incumbe ao recorrente o ônus de produzir prova da divergência jurisprudencial, mediante certidão, cópia ou citação do repositório de jurisprudência, oficial ou credenciado, inclusive em mídia eletrônica, em que houver sido publicada a decisão divergente, ou ainda pela reprodução de julgado disponível na internet, com indicação da respectiva fonte, mencionando, em qualquer caso, as circunstâncias que identifiquem ou assemelhem os casos confrontados. §9oNas causas sujeitas ao procedimento sumaríssimo, somente será admitido recurso de revista por contrariedade a súmula de jurisprudência uniforme do Tribunal Superior do Trabalho ou a súmula vinculante do Supremo Tribunal Federal e por violação direta da Constituição Federal. §10. Cabe recurso de revista por violação a lei federal, por divergência jurisprudencial e por ofensa à Constituição Federal nas execuções fiscais e nas controvérsias da fase de execução que envolvam a Certidão Negativa de Débitos Trabalhistas (CNDT), www.trilhante.com.br 21 §11. Quando o recurso tempestivo contiver defeito formal que não se repute grave, o Tribunal Superior do Trabalho poderá desconsiderar o vício ou mandar saná-lo, julgando o mérito. §12. Da decisão denegatória caberá agravo, no prazo de 8 (oito) dias. §13. Dada a relevância da matéria, por iniciativa de um dos membros da Seção Especializada em Dissídios Individuais do Tribunal Superior do Trabalho, aprovada pela maioria dos integrantes da Seção, o julgamento a que se refere o § 3opoderá ser afeto ao Tribunal Pleno. §14. O relator do recurso de revista poderá denegar-lhe seguimento, em decisão monocrática, nas hipóteses de intempestividade, deserção, irregularidade de representação ou de ausência de qualquer outro pressuposto extrínseco ou intrínseco de admissibilidade. Dessa forma, em suma, entende-se que cabe recurso de revista nas seguintes hipóteses: • Divergência jurisprudencial • Violação literal de disposição de lei federal ou afronta direta e literal à Constituição Feder- al da República A divergência jurisprudencial é considerada um pressuposto especifico para a interposição do recurso de revista como visto, sendo que nestes casos a turma do TST somente irá passar a analisar o mérito do recurso se for demonstrada a divergência alegada, sendo este um juízo de admissibilidade para seu julgamento. Ultrapassado esse juízo, a turma irá adentrar no mérito do recurso, definindo a melhor interpretação cabível a norma que pode ser a do acórdão recorrido ou a realizada no acórdão-paradigma, ou até mesmo pode optar por outra interpretação que entender mais adequada ao caso concreto. Já quanto a violação de dispositivo constitucional, basta o recorrente invocar o dispositivo constitucional que considera violado para eu se ultrapasse o juízo de admissibilidade do recurso. Após, a turma passa para o juízo de mérito, onde irá verificar se a decisão impugnada está violando ou não o dispositivo indicado. RECURSO DE REVISTA NO RITO SUMARÍSSIMO Vemos que no rito sumaríssimo, o recurso de revista deve preencher os pressupostos supracitados. Todavia, tendo em vista a celeridade que se busca no rito sumaríssimo, o seu cabimento nesta hipótese se torna bem restrito, sendo que somente se admite o recurso de revista nas seguintes hipóteses: • Contrariedade a Súmula do TST • Contrariedade à súmula vinculante do STF • Violação de forma direta a Constituição Federal, visto o artigo 896, §9º Desta forma, não cabe recurso de revista no rito sumaríssimo nas seguintes hipóteses: www.trilhante.com.br 22 • Violação de lei federal • Divergência jurisprudencial • Contrariedade a orientação jurisprudencial do TST RECURSO DE REVISTA NA FASE DE EXECUÇÃO Nota-se que na fase de execução o recurso de revista constitui-se como ainda mais restrito, sendo que somente é admitido quando houver ofensas diretas e leterais a normativas constitucionais, visto o artigo 896, §2º. Dessa forma, visualizemos o que postula a Súmula nº 266 do TST: Súmula no 266 do TST. Recurso de revista. Admissibilidade. Execução de sentença A admissibilidade do recurso de revista interposto de acórdão proferido em agravo de petição, na liquidação de sentença ou em processo incidente na execução, inclusive os embargos de terceiro; depende de demonstração inequívoca de violência direta à Constituição Federal. Ressalta-se que a Lei nº 13.015/14 veio a ampliar o cabimento do recurso de revista na fase executória em duas hipóteses, sendo estas a de execução fiscal e de controvérsias da fase de execução que enolvem certidão negativa de débitos trabalhistas. Em ambas as hipóteses caberá o recurso de revista nas seguintes hipóteses: • Violação à lei federal • Divergência jurisprudencial • Ofensa à Constituição Federal 5 AGRAVOS NO PROCESSO TRABALHISTA www.trilhante.com.br 24 5. Agravos no Processo Trabalhista Agravo de Petição no Processo Trabalhista Ao contrário do que temos no processo civil, em que o recurso de apelação é utilizado tanto na fase de conhecimento quanto executóraia, os recursos no processo trabalhista são fracionados. Dessa forma, quando tratamos de decisões que são prolatadas na fase de conhecimento, o recurso que é cabível é o recurso ordinário, enquanto na fase executória é o agravo de petição, devidamente previsto no artigo 897, “a” da CLT Art. 897 - Cabe agravo, no prazo de 8 (oito) dias a) de petição, das decisões do Juiz ou Presidente, nas execuções; Assim, deve-se interpô-lo no prazo de 8 dias, sendo o mesmo prazo para as contrarrazões, e sempre ressaltando que a Fazendo Pública, Ministério Público do Trabalho e Defensoria Pública tem prazo dobrado de 16, sendo o mesmo válido para as contrarrazões. EFEITOS O artigo 899 da CLT dispõe que os recursos trabalhistas terão efeito meramente devolutivo. No agravo de petiçãoesse dispositivo deve ser interpretado conjuntamente com o artigo 897, §1º da CLT, o que vem a provocar divergências por parte da doutrina e jurisprudência. Mesmo que saibamos que os títulos judiciais definitivos não se transformam em provisórios, vemos que pelo artigo 897, §1º há uma contrariedade a essa regra. Isso devido ao fato de que ao declinar que a parte não impugnada será executada até o final, há a imposição de que a interpetação de que a parte impugnada, por ter efeito meramente devolutivo, poderá ser executada de forma provisória, tendo as limitações impostas pelo artigo 520 do NCPC. Necessário frisar que a possibilidade do prosseguimento da execução é permitida mesmo na hipótese de agravo de petição de decisão de embargos à execução. Assim, não impedindo o prosseguimento da execução, o agravo de petição poderá ser interposto nos próprios autos, ocasião esta que a execução será feita por carta de sentença, ou em forma de instrumento, encaminhando-se ao tribunal as peças necessárias ao deslinde da controvérsia PROCEDIMENTO Temos que o agravo de petição é interposto no juízo prolator da decisão impugnada, dirigindo suas razões recursais ao órgão competente para se julgar o mérito do recurso. A petição que será interposta é uma petição simples, incidindo o artigo 899 da CLT. www.trilhante.com.br 25 Todavia, as razões recursais devem ser devidamente fundamentadas, bem como deve delimitar as matérias e os valores aos quais se discorda. Dessa forma, uma vez interposto o agravo, temos dois juízos de admissibilidade possíveis: • Juízo de admissibilidade negativo, quando não estiverem presentes os pressupostos recursais, sendo que neste caso o recurso será processado, podendo o interessado se valer de agravo de instrumento, que será abordado no próximo tópico • Juízo de admissibilidade positivo, se estiverem presentes todos os pressupostos recur- sais Sendo o juízo de admissibilidade positivo, o recurso deverá ser processado, de forma a intimar as partes contrárias para a apresentação de suas contrarrazões no prazo de 8 dias. Sendo o agravo de petição feito de forma instrumental, o recorrente deverá fornecer as peças necessárias para o exame das controvérsias. Apresentadas as contrarrazões o juiz poderá reexaminar os pressupostos de admissibilidade do recurso em questão. Mantida a admissibilidade, os autos serão encaminhados para o juízo competente. Após chegar ao tribunal e passar por todos os trâmites administrativos, não sendo caso de decisão monocrática, o relator elaborará seu voto no prazo de 30 dias. Após isso, realizar-se-á a audiência de julgamento, onde os procuradores terão a oportunidade de realizar suas sustentações orais. Na audiência pode ser constatada a necessidade de produção de provas ou saneamento de vícios, os quais o relator pode determinar diligencias e pericias. Proferido os votos, o presidente anunciará o resultado do julgamento, designando para redigir o acórdão o relator ou, se este for vencido na decisão, o autor do primeiro voto vencedor. O voto pode vir a ser alterado até o momento da proclamação do resultado pelo presidente. Salienta-se que o se for o caso do voto vencido, será necessariamente declarado e considerado parte integral do acórdão para todos os fins legais, inclusive possíveis prequestionamentos. Após lavrado o acórdão, sua ementa será publicada no órgão oficial no prazo de 10 dias. Agravo de Instrumento no Processo Trabalhista Vemos que no processo civil o agravo de instrumento possui a finalidade maior de impugnar as decisões interlocutórias. Já no processo do trabalho, como já dito, as decisões de cunho interlocutórias não são suscetíveis de interposição de recursos, tendo em vista o tão zelado princípio da celeridade processual, sendo que para essas decisões apenas é cabível impugnações de decisões negativas do primeiro juízo de admissibilidade dos recursos. www.trilhante.com.br 26 A previsão legal para o agravo de instrumento no processo trabalhista encontra-se expressa através do artigo 897, “b” e §2º a 7º da CLT, senão vejamos: Art. 897 - Cabe agravo, no prazo de 8 (oito) dias: b) de instrumento, dos despachos que denegarem a interposição de recursos. §2º - O agravo de instrumento interposto contra o despacho que não receber agravo de petição não suspende a execução da sentença. §3oNa hipótese da alínea a deste artigo, o agravo será julgado pelo próprio tribunal, presidido pela autoridade recorrida, salvo se se tratar de decisão de Juiz do Trabalho de 1ª Instância ou de Juiz de Direito, quando o julgamento competirá a uma das Turmas do Tribunal Regional a que estiver subordinado o prolator da sentença, observado o disposto no art. 679, a quem este remeterá as peças necessárias para o exame da matéria controvertida, em autos apartados, ou nos próprios autos, se tiver sido determinada a extração de carta de sentença. §4º - Na hipótese da alínea b deste artigo, o agravo será julgado pelo Tribunal que seria competente para conhecer o recurso cuja interposição foi denegada §5o Sob pena de não conhecimento, as partes promoverão a formação do instrumento do agravo de modo a possibilitar, caso provido, o imediato julgamento do recurso denegado, instruindo a petição de interposição: I - obrigatoriamente, com cópias da decisão agravada, da certidão da respectiva intimação, das procurações outorgadas aos advogados do agravante e do agravado, da petição inicial, da contestação, da decisão originária, do depósito recursal referente ao recurso que se pretende destrancar, da comprovação do recolhimento das custas e do depósito recursal a que se refere o § 7o do art. 899 desta Consolidação; II - facultativamente, com outras peças que o agravante reputar úteis ao deslinde da matéria de mérito controvertida §6oO agravado será intimado para oferecer resposta ao agravo e ao recurso principal, instruindo-a com as peças que considerar necessárias ao julgamento de ambos os recursos. §7oProvido o agravo, a Turma deliberará sobre o julgamento do recurso principal, observando-se, se for o caso, daí em diante, o procedimento relativo a esse recurso. PRAZO Vemos que o agravo de instrumento segue a regra geral dos recursos trabalhistas, possuindo 8 dias de prazo para sua interposição, sendo o mesmo prazo válido para as contrarrazões. Lembre-se sempre que a Fazenda Pública, o Ministério Público do Trabalho e a Defensoria Pública tem o prazo dobrado de 16 dias, sendo o mesmo válido para as contrarrazões. Nesse caso, apenas necessário de atentar ao fato de que o agravo que se destina a destrancar recurso extraordinário no STF tem prazo de 15 dias. HIPÓTESE DE CABIMENTO Vemos que no processo trabalhista, o agravo de instrumento é uma modalidade recursal restrita, isso porque não é destinado unicamente a destrancar o recurso não processado www.trilhante.com.br 27 no juízo a quo. O recurso visa a impugnação de decisões negativas do primeiro juízo de admissibilidade do recurso. Um exemplo prático dessa tese seria quando uma determinada sentença condena a empresa X a pagar horas extras ao reclamante. Não se conformando com a decisão, interpõe-se o recurso ordinário. Entretanto, no primeiro juízo de admissibilidade, que é feito pelo órgão prolator da sentença, é rejeitado o processamento do recurso, sob um argumento de que não houve pagamento correto das custas processuais. Dessa forma, para que o recurso ordinário possa chegar ao TRT, a empresa pode interpor o agravo de instrumento 6 RECURSO ADESIVO E REEXAME NECESSÁRIO www.trilhante.com.br 29 6. Recurso Adesivo e Reexame Necessário Recurso Adesivo O recurso adesivo não é um tipo de recurso, e sim uma forma de se interpor um dos tipos de recursos já estudados. Em outras palavras, o recurso adesivo é a interposição de um recurso por quem não manifestou intensão de recorrer no prazo próprio, contudo, ao observar a interposição de recursopela parte contrária, escolheu não apenas contrarrazoar o recurso oposto pela outra parte, mas também apresentar recurso próprio. Observa-se, portanto, que o recurso adesivo é interposto posteriormente ao prazo de recurso autônomo, ou seja, no prazo que é aberto para contrarrazões. Assim, para que seja possível a utilização do recurso adesivo a outra parte deve ter recorrido, o que só é possível caso ocorra sucumbência reciproca, pois apenas nesse caso haverá interesse de recurso pelas duas partes (art.997, §1º CPC). Importante observar, ainda, que o recurso adesivo é interposto no prazo de resposta do recurso da outra parte, ou seja, o recurso adesivo é subordinado ao recurso da outra parte, que se denomina “independente”. Isso ocorre porque a parte, no prazo de interposição de recurso independente, não manifestou interesse de recorrer, apenas surgindo esse interesse quando a outra parte recorreu. Consequência dessa subordinação é insculpida do parágrafo 2º do art. 997 do CPC: §2o O recurso adesivo fica subordinado ao recurso independente, sendo-lhe aplicáveis as mesmas regras deste quanto aos requisitos de admissibilidade e julgamento no tribunal, salvo disposição legal diversa, observado, ainda, o seguinte: I - será dirigido ao órgão perante o qual o recurso independente fora interposto, no prazo de que a parte dispõe para responder; III - não será conhecido, se houver desistência do recurso principal ou se for ele considerado inadmissível. Como se observa do supracitado parágrafo, a subordinação do recurso adesivo perante o recurso independente se relaciona com os requisitos de admissibilidade e julgamento, sendo a competência para julgamento do recurso adesivo a mesma do recurso principal. Em adição, maior consequência da vinculação entre recurso adesivo e principal é a subordinação do conhecimento daquele ao conhecimento deste, como preceitua o item II do parágrafo 2º do art.997 CPC. Por fim, o entendimento sumulado do TST encontra-se no sentido de entender compatível o recurso adesivo ao processo trabalhista, sendo possível a interposição adesiva do Recurso Ordinário (RO), do Agravo de Petição, do Recurso de Revista (RR) e de embargos, como se observa do texto da Súmula 283 da referida corte: www.trilhante.com.br 30 Súmula nº 283 do TST RECURSO ADESIVO. PERTINÊNCIA NO PROCESSO DO TRABALHO. CORRELAÇÃO DE MATÉRIAS (mantida) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003 O recurso adesivo é compatível com o processo do trabalho e cabe, no prazo de 8 (oito) dias, nas hipóteses de interposição de recurso ordinário, de agravo de petição, de revista e de embargos, sendo desnecessário que a matéria nele veiculada esteja relacionada com a do recurso interposto pela parte contrária. Reexame Necessário O reexame necessário também é conhecido como recurso obrigatório ou recurso ex officio, apesar de não ser considerado um recurso por faltar voluntariedade em sua interposição. Conceitua-se o reexame necessário como a garantia de que as sentenças contrárias, total ou parcialmente, à União, Estados, Municípios e Distrito Federal, bem como suas autarquias e fundações de direito público, sejam obrigatoriamente reexaminadas pelo Tribunal para que tenham eficácia, ainda que não haja provocação dos referidos entes. O instituto em comento encontra-se previsto no art. 496 do CPC, de aplicação subsidiária no direito processual laboral: Art. 496. Está sujeita ao duplo grau de jurisdição, não produzindo efeito senão depois de confirmada pelo tribunal, a sentença: I - proferida contra a União, os Estados, o Distrito Federal, os Municípios e suas respectivas autarquias e fundações de direito público; II - que julgar procedentes, no todo ou em parte, os embargos à execução fiscal. Depreende-se da análise do art. 496 que a remessa necessária não se aplica a pessoas jurídicas de direito privado, nem mesmo àquelas que integram a Administração Pública indireta, como é o caso de empresas públicas e sociedades de economia mista. Vale ressaltar que mesmo o art.496 trazendo duas hipóteses de aplicação da remessa necessária, divididas em inciso I e II, estas redundam em apenas uma: decisões contrárias à Fazenda Pública. Isso ocorre porque a execução fiscal apenas pode ser promovida por entes da Fazenda Pública. Consequência dessa constatação é o fato de as sentenças www.trilhante.com.br 31 de procedência dos embargos à execução fiscal serem decisões contrárias à Fazenda Pública. Todavia, existem casos em que mesmo a sentença sendo contrária à União, Estados, Municípios, Distrito Federal, suas autarquias e fundações de direito público, esta não será reexaminada. Isso ocorre por força da previsão da Súmula 303, item I, do TST que traz limites de valores de condenação que, quando não ultrapassados, levam à inaplicabilidade do reexame necessário: Súmula nº 303 do TST FAZENDA PÚBLICA. REEXAME NECESSÁRIO (nova redação em decorrência do CPC de 2015) - Res. 211/2016, DEJT divulgado em 24, 25 e 26.08.2016 I - Em dissídio individual, está sujeita ao reexame necessário, mesmo na vigência da Constituição Federal de 1988, decisão contrária à Fazenda Pública, salvo quando a condenação não ultrapassar o valor correspondente a: a) 1.000 (mil) salários mínimos para a União e as respectivas autarquias e fundações de direito público; b) 500 (quinhentos) salários mínimos para os Estados, o Distrito Federal, as respectivas autarquias e fundações de direito público e os Municípios que constituam capitais dos Estados; c) 100 (cem) salários mínimos para todos os demais Municípios e respectivas autarquias e fundações de direito público. Nessa senda, a mesma Súmula, em seu item II, ainda traz outras hipóteses que, quando configuradas no caso prático, obstam o reexame necessário: Súmula nº 303 do TST FAZENDA PÚBLICA. REEXAME NECESSÁRIO (nova redação em decorrência do CPC de 2015) - Res. 211/2016, DEJT divulgado em 24, 25 e 26.08.2016 II – Também não se sujeita ao duplo grau de jurisdição a decisão fundada em: a) súmula ou orientação jurisprudencial do Tribunal Superior do Trabalho; b) acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Tribunal Superior do Trabalho em julgamento de recursos repetitivos; c) entendimento firmado em incidente deresolução de demandas repetitivas ou de assunção de competência; d) entendimento coincidente com orientação vinculante firmada no âmbito administrativo do próprio ente público, consolidada em manifestação, parecer ou súmula administrativa. Por fim, a Súmula 303, em seus itens III e IV, afirma que a ação rescisória está suscetível ao reexame necessário assim como o mandado de segurança, nos termos que se seguem: www.trilhante.com.br 32 Súmula nº 303 do TST FAZENDA PÚBLICA. REEXAME NECESSÁRIO (nova redação em decorrência do CPC de 2015) - Res. 211/2016, DEJT divulgado em 24, 25 e 26.08.2016 III - Em ação rescisória, a decisão proferida pelo Tribunal Regional do Trabalho está sujeita ao duplo grau de jurisdição obrigatório quando desfavorável ao ente público, exceto nas hipóteses dos incisos anteriores. (ex-OJ nº 71 da SBDI-1 - inserida em 03.06.1996) IV - Em mandado de segurança, somente cabe reexame necessário se, na relação processual, figurar pessoa jurídica de direito público como parte prejudicada pela concessão da ordem. Tal situação não ocorre na hipótese de figurar no feito como impetrante e terceiro interessado pessoa de direito privado, ressalvada a hipótese de matéria administrativa. (ex-OJs nºs 72 e 73 da SBDI-1 – inseridas, respectivamente, em 25.11.1996 e 03.06.1996). www.trilhante.com.br /trilhante /trilhante /trilhante Recursos no Processo do Trabalho http://www.facebook.com/trilhante http://www.instagram.com/trilhante http://www.facebook.com/trilhante http://instagram.com/trilhante http://www.youtube.com/trilhante
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