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Recursos nos Tribunais: Conceito e Princípios

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Recursos/atuação do advogado nos tribunais 
Teoria Geral dos Recursos 
Conceito de recurso e princípios que o regem
· Os recursos são instrumentos que objetivam a reforma, a invalidação, o esclarecimento ou a integração da decisão judicial impugnada, bem como a uniformização da jurisprudência dos Tribunais.
· Neste aspecto, o recurso é meio fundamental a assegurar a aplicabilidade dos princípios da igualdade, da segurança jurídica e do duplo grau de jurisdição.
· O recurso tem sido definido pela doutrina como “o remédio voluntário idôneo a ensejar, dentro do mesmo processo, a reforma, a invalidação, o esclarecimento ou a integração da decisão judicial que se impugna”. 
· Em outras palavras, trata-se de meio instrumental endoprocessual – ainda que em outros autos, v.g. agravo de instrumento – que objetiva alteração, formal ou material, da decisão judicial impugnada.
· Meio endoprocessual: meio dentro do processo – somente existe recurso dentro do mesmo processo, recurso não é uma nova ação. 
· Note-se que os recursos objetivam, diretamente, a reforma (error in judicando); anulação (error in procedendo); esclarecimento ou integração de uma decisão judicial, de maneira geral. Contudo, podem também visar à uniformização da jurisprudência, bem como, indiretamente, o impedimento da formação da coisa julgada, ao menos formal. 
· Fatores comuns a todos os recursos previstos na legislação atual:
· Não instauram um novo processo, mas prolongam o processo pendente, nos mesmos autos ou em autos distintos. 
· São remédios que nascem da iniciativa de alguém interessado em impugnar a decisão. 
· Princípios recursais
· Princípio do duplo grau de jurisdição 
· O princípio do duplo grau de jurisdição garante, num único ato, a efetividade das decisões, o acesso à justiça e a razoável duração do processo.
· Visa garantir a análise da questão processual, preferencialmente, por dois órgãos jurisdicionais hierarquicamente distintos, já que a decisão judicial está sujeita a erros e imperfeiçoes. 
· Salvo no caso dos Embargos de Declaração, os recursos são dirigidos sempre a um Tribunal superior. 
· Não se trata de uma garantia constitucional – não existe uma obrigação de sempre observar esse princípio (ex: ações ajuizadas diretamente aos Tribunais Superiores).
· Princípio da taxatividade
· Somente são admissíveis os recursos expressamente previstos na legislação. 
· Art. 994, CPC. 
· Princípio da singularidade
· Singularidade ou unicidade recursal significa que para cada decisão cabe apenas um tipo específico de recurso. 
· Decorre este da previsão legal do adequado cabimento de recurso específico contra uma espécie de decisão (legalidade e taxatividade), de forma que somente será recorrível, por vez, uma espécie de decisão por uma espécie de recurso. 
· Neste âmbito, é importante lembrar que os embargos de declaração, por objetivarem a integração ou correção de decisão obscura, omissa ou contraditória, fazem-se cabíveis a qualquer espécie de decisão, interrompendo o prazo do respectivo recurso cabível, sem ofensa à singularidade, para que o recurso cabível seja interposto a posteriori.
· Excetua-se legalmente (art. 1.031 do CPC) a decisão que, ofendendo num mesmo ato judicial a Constituição Federal e legislação federal, pode ser recorrida por recurso especial e recurso extraordinário, simultaneamente. 
· Princípio da voluntariedade (art. 996, CPC)
· As partes não são obrigadas a recorrer. 
· Note-se que, sendo ato voluntário, lícito ao legitimado deixar de recorrer, desistir ou renunciar do recurso (arts. 998 e 999 do CPC).
· Princípio da proibição da reformatio in pejus 
· Interposto recurso voluntariamente por um dos legitimados, com pedido certo e determinado, ainda que formulados pedidos subsidiários ou alternativos, o órgão ad quem não poderá decidir de modo mais gravoso ao recorrente do que a decisão impugnada.
· Não é permitido ao Tribunal, ao julgar o recurso, piorar a situação do Recorrente – ou melhora ou anula ou mantém a mesma situação processual. 
· A condenação em honorários poderá ser majorada em caso de recursos não conhecidos ou providos. 
· Observe-se que, mais de um sujeito recorrendo, poderá qualquer um deles ser prejudicado pelo novo julgamento, contanto que em decorrência de pedido formulado pelo outro. Ou, ainda, tratando-se de matéria de ordem pública, conhecida a qualquer tempo e ex officio, poderá ser o recorrente prejudicado em decorrência do efeito translativo dos recursos – respeitado o contraditório. 
· Princípio da fungibilidade
· Em decorrência do princípio da singularidade, interposto recurso diverso daquele previsto na legislação processual, como regra, este não preenche um dos requisitos essenciais de sua admissibilidade: o cabimento.
· Contudo, admite-se a aplicação do princípio implícito da fungibilidade, através do qual o órgão a quo e ad quem pode receber, conhecer e processar o recurso nesta hipótese de equívoco, desde que este tenha se dado em decorrência de dúvida objetiva, fundada em posições doutrinárias e jurisprudenciais divergentes, e não de mero erro grosseiro e quando não houver má-fé do recorrente. 
· Em casos em que existir dúvida quanto qual é o recurso cabível, não havendo má-fé ou erro grosseiro o Tribunal pode conhecer de recurso que foi equivocadamente interposto como se fosse o recurso correto. 
· Princípio da dialeticidade
· O recurso deve atacar os fundamentos da decisão recorrida. 
· Consiste este princípio em requisito quanto ao conteúdo do recurso, o qual deve se contrapor, de maneira específica e arrazoada, aos fundamentos da sentença impugnada.
· Os advogados ao interpor o recurso devem demonstrar os fundamentos em que se funda referido recurso. 
· Art. 932, III, CPC. 
· Princípio da irrecorribilidade em separado das decisões interlocutórias
· É impossível recorrer de todas as decisões interlocutórias proferidas no âmbito do processo, há algumas matérias específicas que podem ser objeto de Agravo de Instrumento. 
· Este princípio diz respeito ao prosseguimento do processo mesmo quando impugnada a decisão interlocutória, no que concerne aos demais atos processuais a serem praticados visando à resolução de mérito.
· Trata-se do excepcional efeito suspensivo conferido ao Agravo de Instrumento e também do princípio da duração razoável do processo. 
· Princípio da complementariedade
· É possível, por exemplo, com relação ao preparo, complementar o recurso (art. 1007, CPC), para evitar eventual deserção. 
· Consumado o direito de recorrer com a interposição de determinado recurso e sendo proferida nova decisão que nele exerça alguma influência, poderá o recorrente complementar as razões anteriormente apresentadas.
· Princípio da consumação 
· Uma vez interposto o recurso ele não pode ser complementado em relação a razões recursais. 
· O princípio da consumação está ligado à preclusão recursal, ao passo que, na legislação processual civil, todos os argumentos devem ser apresentados no ato de interposição do recurso.
Efeitos dos recursos 
· Devolutivo 
· Pelo efeito devolutivo o recurso devolve ao órgão ad quem o conhecimento da matéria impugnada (art. 1013, CPC). 
· O recorrente, à luz do princípio da dialeticidade, deve fundamentar as razões pelas quais impugna a decisão judicial recorrida. Assim, o recurso devolverá ao órgão ad quem o conhecimento da matéria tratada em primeira instância e impugnada em seu recurso (art. 1.013 do CPC).
· Trata-se, na verdade, de um efeito inerente a todos os recursos, decorrente da voluntariedade dos recursos e do princípio dispositivo, aplicável a todo processo civil, que dispõe que quem delimita o que será devolvido e, portanto, analisado pelo Tribunal são as próprias partes. 
· Decorre do princípio do dispositivo – quem delimita o que será devolvido a apreciação do Tribunal são as partes, sejam quem recorre, sejam quem não recorre. 
· A devolução se dá exatamente nos termos do que foi impugnado pela parte no recurso. 
· Excetua-se, contudo, a matéria de ordem pública, tratada a qualquer tempo e de ofício, bem como as questõessuscitadas pelas partes que deixaram de ser analisadas pelo Juízo a quo e as hipóteses expressamente legisladas, como a teoria da causa madura (v.g. art. 1.013, §3º, CPC).
· Suspensivo
· Regra geral: os recursos não impedem a eficácia da decisão (art. 995, CPC). 
· Pode, porém, ser concedido efeito suspensivo ao recurso, se demonstrado (i) risco de dano grave, de difícil ou impossível reparação e (ii) probabilidade do direito/verossimilhança das razões recursais. 
· Trata-se de efeito que objetiva impedir o início da eficácia da decisão de que se recorre, seja condenatória, constitutiva ou declaratória.
· Não há mais a adoção de ações cautelares para atribuição de efeito suspensivo ao recurso, basta fazer o pedido por petição simples (art. 1012, § 3º e 1029, § 5º, por exemplo). 
· Translativo
· Diz respeito as matérias cognoscíveis de ofício pelo magistrado (art. 485, § 3º, CPC). 
· O efeito translativo é o instituto que permite uma exceção à limitação do efeito devolutivo, possibilitando a análise de matérias cognoscíveis de ofício em qualquer tempo e grau de jurisdição, enquanto não transitada em julgado. 
· Decorre do princípio do inquisitivo, que permite ao juiz suscitar questões não arguidas pelas partes em busca da verdade, não havendo violação a non reformatio in pejus. 
· Permite, também, o julgamento da causa madura (art. 1.013, §3º, CPC), desde que independa o processo de provas e que seja respeitado o direito ao contraditório.
· Importante notar, contudo, que o Superior Tribunal de Justiça não tem admitido o referido efeito em sede de recurso especial, por tratar-se de recurso que exige, para sua admissibilidade, o prequestionamento da matéria.
· Expansivo
· A decisão do recurso atinge outras decisões além da recorrida e também os sujeitos processuais que não interpuseram recurso (em caso de litisconsórcio unitário). 
· Por exemplo: se for provido o Agravo de Instrumento interposto contra decisão que julgou improcedente a impugnação ao cumprimento de sentença, a decisão posterior que determinou a penhora também será atingida. 
· Substitutivo
· Trata-se de efeito expresso, previsto no art. 1.008 do CPC, o qual dispõe que a decisão de mérito do recurso substituirá a decisão recorrida, nos limites da impugnação do recurso
· A decisão do recurso substitui a decisão recorrida, desde que não a tenha invalidado. 
· Note-se que haverá a substituição mesmo na decisão que negue provimento ao recurso, sob os mesmos fundamentos ou não, ao passo que eventual recurso subsequente – ou, ainda, ação rescisória – deverá ser interposto contra esta última.
· Repercussão prática: verificação da competência para ajuizamento de ação rescisória, por exemplo. 
· Obstativo 
· Todos os recursos têm efeito obstativo, porque obstam a formação da coisa julgada, mantendo o estado de litispendência. 
· Extrai-se o referido efeito da definição de coisa julgada da legislação processual (art. 502), a qual exige a irrecorribilidade da decisão – e não especificamente de uma matéria –, bem como do prazo de ajuizamento da ação rescisória (art. 975), a contar da última decisão do processo, independentemente da matéria nela versada.
Juízo de admissibilidade 
· Juízo de admissibilidade: não conhecimento/rejeição do recurso. 
· Pode ser feito pelo juízo a quo ou pelo juízo ad quem. 
· Juízo de mérito: não provimento/não acolhimento ao recurso. 
· Somente é feito pelo juízo ad quem, salvo os EDs. 
· Juízo de admissibilidade 
· O juízo de admissibilidade dos recursos é antecedente lógico do juízo de mérito e tem como objeto a análise das condições formais a ensejarem o conhecimento do recurso, para que o órgão ao qual é destinado o recurso possa exercer a jurisdição.
· Cabe, em algumas hipóteses, a análise pelo próprio órgão prolator da decisão recorrida (v.g. recurso especial) de maneira provisória, caracterizando a admissibilidade dúplice, bipartida ou diferida, mas sempre respeitando a competência final do órgão ad quem para julgar o recurso de maneira definitiva, inclusive sua admissibilidade.
· O efeito do julgamento de admissibilidade é ex tunc, ou seja, retroage. 
· Exceção: quando o recurso for intempestivo. 
· Trata-se de decisão declaratória, com efeitos ex tunc, a qual exige declaração positiva para ensejar o efeito substitutivo, ou seja, ainda que não conhecido o recurso, deve a decisão de inadmissibilidade transitar em julgado para que se concretize a coisa julgada. 
· O momento para aferir a presença dos requisitos como regra, para o órgão a quo, no momento em que é interposto o recurso; e para órgão ad quem até apreciação do mérito recursal.
· Requisitos de admissibilidade do recurso 
· Requisitos intrínsecos
· Legitimidade recursal – art. 996, CPC
· São legítimos para recorrer a parte vencida, o terceiro prejudicado e o MP, como parte ou como fiscal da lei. 
· Interesse recursal – necessidade e utilidade do recurso 
· Verifica-se pela necessidade e utilidade de interposição do recurso. 
· Cabimento 
· Diz respeito à (I) previsão do meio impugnativo utilizado e (II) sua adequação à situação processual específica.
· Estritamente ligado ao princípio da taxatividade e da singularidade. 
· Em outras palavras, afere-se se o recorrente utilizou-se da espécie de recurso adequada a impugnar a decisão judicial que almeja a reforma, integração ou anulação.
· Requisitos extrínsecos 
· Tempestividade
· Afere-se se a interposição ou oposição do recurso ocorreu antes ou durante o prazo previsto em lei, ou seja, em cinco dias úteis no caso de embargos de declaração e quinze dias úteis para os demais recursos (arts. 218, §4º, e 1.003, §5º, do CPC).
· Preparo 
· Trata-se da verificação do pagamento da respectiva taxa judiciária recursal, a depender do órgão ad quem e da espécie de recurso, a qual se denomina “preparo” (v.g. art. 1.007 do CPC), sob pena de ser considerado deserto. 
· São isentos do pagamento das referidas taxas, contudo, os entes públicos da administração direta ou indireta (art. 1.007, §1º, do CPC) e os beneficiários da justiça gratuita (arts. 98/102 do CPC).
· Note-se que, por se tratar de vício sanável, poderá o relator intimar o recorrente a comprovar o pagamento. Contudo, nesta hipótese, este deverá recolher a taxa em dobro (art. 1.007, §4º, do CPC).
· Súmula n. 484 (STJ) - ”Admite-se que o preparo seja efetuado no primeiro dia útil subsequente, quando a interposição do recurso ocorrer após o encerramento do expediente bancário”.
· Regularidade formal
· O recurso deverá ser endereçado ao órgão competente, conter a exposição de fato e de direito, bem como as razoes recursais e o pedido de nova decisão, aliados os demais requisitos particulares de cada recurso. 
· Inovou a legislação processual vigente neste aspecto ao determinar ao relator dos Tribunais locais e aos próprios Tribunais Superiores a intimação do recorrente para a regularização de vícios sanáveis (art. 932, parágrafo único, e 1.029, §3º, do CPC). 
· Inexistência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito 
· Trata-se de requisito negativo, o qual exige a ausência de renúncia ao direito de recorrer, desistência do recurso ou aceitação da decisão impugnada (arts. 999 e 1.000 do CPC).
· Recurso adesivo
· Recurso contraposto ao da parte adversa, por aquele que não ia impugnar a decisão, porém o faz porque o fizera o outro litigante. 
· Requisitos 
· A existência de recurso contrário e anterior; 
· Somente apelação, recurso especial e recurso extraordinário, podem ser objeto de recurso adesivo; 
· Sua interposição deverá se dar dentro do prazo de resposta do recurso (15 dias úteis); 
· O recorrente deve ser parte no processo. 
Ordem dos processos nos tribunais/sustentação oral e técnica de julgamento
Uniformização de jurisprudência 
· A jurisprudência dos Tribunais deve ser estável, íntegra e coerente. 
· Não pode ter grandes variações. 
· As jurisprudências dos diferentes tribunais devem estar alinhadas entre si. 
· Jurisprudência é o conjunto de acórdãos dos tribunais sobre a interpretação de um mesmo preceito jurídico e sua aplicaçãoem face de fatos análogos. 
· A jurisprudência pode ser alterada no tempo e no espaço. 
· É, portanto, instituto mutável no tempo e no espaço, que traduz, em tese, a melhor interpretação de determinada legislação a determinada situação fática.
· Dispõe a legislação processual (art. 926/928) que referida interpretação deve ser uniforme, estável, íntegra e coerente. Neste aspecto, sabe-se que o entendimento dos Tribunais não é fixo e rígido; contudo, visa este dispositivo trazer segurança jurídica aos litigantes, à luz do princípio da confiança, da isonomia e da unidade do Poder Estatal. 
· Para o alcance da uniformização da jurisprudência que os Tribunais observem: I. as decisões do Supremo Tribunal Federal em controle concentrado de constitucionalidade; II. os enunciados de súmula vinculante; III. os acórdãos em incidente de assunção de competência ou de resolução de demandas repetitivas e em julgamento de recursos extraordinário e especial repetitivos; IV. os enunciados das súmulas do Supremo Tribunal Federal em matéria constitucional e do Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional; V. a orientação do plenário ou do órgão especial aos quais estiverem vinculados.
· Súmula 
· É o entendimento jurisprudencial pacífico nos Tribunais em certo espaço de tempo. 
· A súmula é “a cristalização de entendimentos jurisprudenciais que predominam nos Tribunais em certo espaço de tempo” (BUENO, 2013), ou seja, é o entendimento reiteradamente proferido pelas decisões de um mesmo Tribunal.
· Trata-se de meio de uniformização da jurisprudência do Tribunal através da fixação de teses, as quais são chamadas de enunciados de súmula, tendo como princípios a celeridade processual, a segurança jurídica e a isonomia; de outra banda, elas orientam o próprio Tribunal que as fixou, bem como os demais órgãos hierarquicamente inferiores, a decidir em consonância com o entendimento fixado os casos com similitude fática e material. 
· A súmula pode inclusive ter efeito vinculante em relação aos demais órgãos do Poder Judiciário e da Administração Pública direta e indireta, desde que: I. aprovada mediante decisão de dois terços dos membros do Supremo Tribunal Federal; II. haja controvérsia atual entre órgãos judiciários ou entre esses e a Administração Pública; III. acarrete insegurança jurídica e relevante multiplicação de processos; IV. reiteradas decisões; V. verse sobre a validade, a interpretação e a eficácia de norma constitucional
· Precedentes
· Precedente é uma espécie de fonte de direito que se constrói a partir de determinadas resoluções judiciais aplicadas a determinadas situações jurídicas. É gênero do qual são espécies as decisões proferidas em recursos repetitivos e com repercussão geral (NERY JÚNIOR & NERY, 2015), bem como nos incidentes de resolução de demandas repetitivas e de assunção de competência.
· Devem os precedentes ser observados pelos Tribunais, especialmente em suas circunstâncias fáticas, quando da criação de enunciados de súmula, e por todos os órgãos dos Poderes Judiciário e Executivo, quando do julgamento de casos com similitude fática e jurídica.
· À atuação do advogado e do próprio magistrado restam, portanto, três parâmetros para a aplicação do precedente: fundamentar a aplicação do precedente; realizar a identidade ou, ao contrário, o distinguishing entre o precedente e o caso concreto, ou seja, a distinção entre os casos, ou, ainda, o overruling ou superação da tese, a qual pode ter se tornado obsoleta ou incompleta no interregno de tempo decorrido, casos em que o próprio órgão que fixou a tese altera seu entendimento. 
· Neste último caso, para alteração de tese anteriormente fixada, podem ser convocadas audiências públicas e determinada, de ofício ou a requerimento da parte, a participação de amicus curiae. Ainda, pode o mesmo órgão modular os efeitos da nova tese, delimitando temporalmente sua aplicabilidade aos demais casos.
Ordem dos recursos e ações originárias nos tribunais
· Inicialmente o recurso é protocolado perante o juízo a quo ou diretamente no tribunal, sendo, então distribuído por sorteio (se nenhum recurso tiver sido ainda julgado naquele caso) ou prevenção (caso em que já houve recurso julgado anteriormente no processo). 
· Uma vez distribuído o recurso ele será encaminhado para a conclusão ao relator, que fará o juízo de admissibilidade. 
· Se estiverem presentes os requisitos de admissibilidade, o relator irá analisar se há pedido ou não de tutela de urgência. 
· Após o juízo de admissibilidade, o relator poderá:
· Proceder com o julgamento do recurso, elaborando o relatório e seu voto; 
· Determinar que a parte corrija vício sanável; 
· Não conhecer do recurso por conter vício insanável. 
· O relator tem o poder-dever, dentre outras atribuições previstas no art. 932 do CPC, de: 
· I. julgá-lo monocraticamente nas hipóteses de recurso inadmissível – vício insanável –, prejudicado ou que não tenha impugnado especificamente os fundamentos da decisão recorrida; 
· II. intimar o recorrente a suprir vício sanável ou as partes a se manifestarem sobre fato não apreciado pelo Juízo a quo;
· III. negar provimento ao recurso contrário à súmula dos Tribunais superiores, acórdão de repetitivos ou tese fixada em incidente de resolução de demandas repetitivas;
· IV. apreciar eventual pedido de tutela provisória e, ainda; 
· V. relatar e atuar primordialmente no julgamento do caso, proferindo seu voto e enviando os autos à secretaria, em 30 (trinta) dias.
· Principais atribuições do relator 
· Intimar o recorrente a sanar o vício em cinco dias; 
· Analisar o pedido de tutela provisória; 
· Realizar os juízos de admissibilidade e de mérito: o relator poderá decidir monocraticamente o recurso quando houver súmulas, repetitivos, IRDR e IAC; 
· Abrir contraditório sobre as questões não analisadas pelo juízo a quo, inclusive sobre as questões que puder conhecer de ofício. 
· Admitido o recurso e proferidos relatório e voto, o recurso será encaminhado ao presidente do Tribunal – ou de sua seção –, que designará dia para julgamento, publicando em pauta oficial ao menos cinco dias antes da data designada (arts. 934 e 935 do CPC), de modo a julgar os recursos, preferencialmente, por sua ordem cronológica (art. 12).
· Ordem de julgamento (art. 936, CPC)
· Regra geral:
· Primeiro serão julgados os recursos com pedido de sustentação oral; 
· Após, serão julgados os recursos com pedido de preferência simples (caso em que as partes pedem preferência por estarem presentes na sessão de julgamento, mas não irão sustentar oralmente);
· Depois serão julgados os recursos que ficaram pendentes da sessão anterior e os demais recursos da pauta. 
· Questões relevantes que podem surgir na sessão de julgamento 
· O julgamento pode ser convertido em diligência;
· O relator fará a leitura do relatório, que oportunizará a sustentação oral nos casos autorizados por lei – conforme trataremos adiante –, passando ao julgamento das questões preliminares e de mérito, respectivamente. Poderá, contudo, converter o julgamento em diligência se entender pela necessidade de provas suplementares àquelas já produzidas nos autos.
· Entendendo quaisquer dos magistrados que componham o julgamento do recurso – obrigatoriamente três juízes, nos casos de apelação e agravo de instrumento – ou ação em específico não se sentir apto a proferir o voto, poderá requisitar vistas dos autos, pelo prazo máximo de 10 (dez) dias, ensejando nova designação de sessão. A legislação prevê, ainda, a possibilidade de substituição do magistrado que, mesmo após o decurso do prazo, não de sentir apto ao julgamento da lide (art. 940, §2º, do CPC); 
· O voto vencido deverá ser declarado; 
· Proferidos os votos, realizar-se-á o julgamento de mérito da lide, por unanimidade ou maioria, devendo o voto vencido ser declarado no acórdão.
· O julgamento do Agravo de Instrumento é sempre anterior ao da Apelação.
· Nos casos em que houver em um mesmo caso, pendente recurso de Agravo e de Apelação. 
· Ainda, havendo julgamento de agravo de instrumentoe apelação da mesma demanda numa mesma sessão, deverá o julgamento do agravo preceder ao da apelação (art. 946 do CPC).
· Sustentação oral (art. 937. CPC)
· Além das razões escritas que instruíram o recurso, as contrarrazões opostas a ele ou mesmo os memoriais entregues aos julgadores, o advogado pode ampliar sua atuação por meio da sustentação oral em sessão de julgamento, conforme dispõe o art. 937 do Código de Processo Civil.
· Trata-se de ato facultativo e voluntário, requerido antes do início da sessão de julgamento pelo patrono constituído nos autos por qualquer das partes litigantes, ou pelo Ministério Público como fiscal da lei, e concedido pelo relator, com duração improrrogável de 15 minutos por parte. 
· Ainda, sendo o patrono domiciliado em comarca diversa da sessão, a sustentação oral poderá ser por videoconferência, desde que requerida até o dia anterior ao julgamento.
· Somente cabe sustentação oral, nos seguintes recursos:
· Apelação; 
· Recurso ordinário, especial e extraordinário; 
· Embargos de divergência; 
· Ação rescisória, mandado de segurança, reclamação e eventual agravo interno; 
· Agravo de instrumento sobre tutela provisória; 
· Incidente de resolução de demandas repetitivas; 
· Leis especiais e regimentos internos. 
· Técnica de julgamento: art. 942, CPC 
· Trata-se de técnica, portanto, aplicável quando do julgamento colegiado de mérito não é unânime – provimento ou não provimento por maioria – do recurso de apelação em qualquer hipótese, do agravo de instrumento quando do julgamento do mérito (v.g. arts. 487, II e III, e 365, §5º, do CPC) e da ação rescisória procedente.
· Quando estendido o julgamento, os desembargadores poderão mudar seus votos. 
· Quando houver voto divergente (2x1) em Apelação, Agravo de Instrumento que versa sobre o mérito e Ação rescisória procedente, serão chamados outros julgadores para complementar o julgamento. 
· Se os desembargadores que complementarem a Câmara não tiverem ouvido a sustentação oral do advogado, ele poderá sustentar novamente. 
Agravo de Instrumento 
Conceito
· O agravo de instrumento é o recurso apto a impugnar determinadas decisões interlocutórias, as quais compõem o rol taxativo do art. 1.015 do Código de Processo Civil, por entender o legislador haver prejuízo – ou tornar-se medida inútil – à parte sucumbente no caso de impugnação da referida decisão somente em preliminar da apelação ou em suas contrarrazões, à luz da legislação processual vigente. 
· Trata-se de recurso talhada para a impugnação de decisão interlocutória, ou seja, ao pronunciamento do juiz com conteúdo decisório (não são simples decisões de mero andamento processual) que não encerra a fase cognitiva nem extingue a execução. 
· Cabimento
· Cabe contra decisões interlocutórias que analisem as tutelas provisórias – tutela de urgência e de evidencia 
· Cabe contra decisões interlocutórios que analisam o mérito do processo (sem encerrar a fase de conhecimento)
· Ex: julgamento de improcedência de plano de um dos pedidos requeridos na inicial. 
· Cabe contra decisão interlocutória que rejeitar a alegação de existência de convenção de arbitragem 
· Os tribunais têm dado interpretação extensiva a essa hipótese para admitir que as decisões que versam sobre competência são passiveis de Agravo de Instrumento. 
· Cabe contra decisão que resolve incidente de desconsideração da personalidade jurídica 
· Cabe contra decisão interlocutória que rejeita pedido de gratuita da justiça ou acolhe o pedido de sua revogação 
· Não cabe AI contra decisão que concede a gratuidade da justiça. 
· Cabe contra decisão que determina a exibição de documento ou coisa 
· Cabe contra decisão que determina a exclusão de litisconsorte
· Cabe contra decisão que rejeita o pedido de limitação do litisconsórcio multitudinário 
· Cabe contra decisão que admite ou não admite a intervenção de terceiros 
· Cabe contra decisão que concede, modifica ou revoga efeito suspensivo aos Embargos à Execução 
· Cabe contra decisão que redistribuiu o ônus da prova
· Cabe contra quaisquer decisões interlocutórias proferidas na fase de liquidação de sentença ou de cumprimento de sentença, no processo de execução ou no processo de inventário
· Conforme estudado no recurso de apelação, as decisões interlocutórias que não integrarem o rol acima não são irrecorríveis, pois poderão ser impugnadas em preliminar de apelação ou de suas contrarrazões (art. 1.009, §1º, do CPC).
Aspectos formais 
· O prazo para interposição do recurso de Agravo de Instrumento é de 15 dias úteis. 
· O agravo de instrumento deverá conter:
· Nome das partes; 
· Nome dos advogados e endereço completo; 
· Exposição dos fatos e do direito; 
· Razões do pedido de reforma ou invalidação; 
· Pedido de anulação (error in procedento) ou reforma (error in judicando). 
· Se os autos do processo originário, ou seja, em que foi proferida a decisão agravada forem físicos, será necessário instrumento o Agravo de Instrumento com os seguintes documentos obrigatórios:
· Petição inicial (reconvenção e petição que deu início a fase de cumprimento de sentença);
· Contestação (e demais defesas do réu);
· Petição que ensejou a decisão agravada;
· Decisão agravada;
· Certidão de intimação ou outro documento oficial (tempestividade); 
· Procurações ortogadas aos advogados do agravante e do agravado.
· Há, ainda, possibilidade de parte juntar ao AI peças facultativas:
· Declaração de inexistência de peça obrigatória; 
· Demais peças que interfiram na resolução do recurso. 
· Em caso de omissão, o juiz concederá o prazo de cinco dias para a parte sanar o vício. 
· A interposição do Agravo de Instrumento é perante o Juízo ad quem (Tribunal de segundo grau).
Juízo de retratação 
· O art. 1.018 dispõe em seu caput que “poderá” o agravante informar a interposição do recurso ao Juízo a quo, em três dias, de modo a possibilitar o juízo de retratação deste.
· Contudo, depreende-se da leitura dos §2º e §3º do referido dispositivo que se trata de faculdade somente nos casos em que os autos originários do recurso são eletrônicos, e de requisito de admissibilidade quando os autos originários são físicos, desde que eventual descumprimento seja alegado pelo agravado.
· Se os autos são físicos e o agravante não comunica a sua interposição no prazo de três dias, ele corre o risco de ter seu recurso não conhecido, desde que isso seja efetivamente alegado pelo agravado. 
· Poderá o magistrado a quo, portanto, analisar as razões apresentadas em agravo de instrumento e retratar a decisão impugnada parcial ou integralmente, informando o Tribunal de modo a prejudicar o recurso, ao menos, na parte retratada, que perderá seu objeto.
Efeitos suspensivo e ativo 
· O agravo de instrumento, como regra, não possui efeito suspensivo da decisão agravada. Contudo, o art. 1.019, I, do CPC prevê a possibilidade de o relator atribuir efeito suspensivo ou deferir, em antecipação de tutela, total ou parcialmente, a pretensão recursal (chamado efeito ativo), comunicando ao juiz sua decisão. 
· Ausentes requisitos específicos, prudente demonstrar a probabilidade do direito e o risco de dano ao agravante, à luz do já estudado art. 995, parágrafo único, do CPC.
Julgamento 
· Destaca-se intimação da parte agravada pelo próprio Tribunal, visto que o recurso é interposto diretamente nele. Por essa razão é que se exige, no instrumento do recurso, a apresentação do mandato dos agravados, o que autoriza a intimação na pessoa de seu patrono.
· No caso de este recurso ser interposto antes da citação da outra parte (v.g. indeferimento da tutela antecipada requerida pelo autor), deverá a intimação se dar pessoalmente, por carta com aviso de recebimento (art. 1.019, II, do CPC).
· Outra peculiaridade é o julgamento em prazo não superior a 1 (um) mês da intimação da parte agravada. Contudo, não se trata de prazo preclusivo, mas somente de uma orientação aos Tribunais para a efetividade da garantia constitucional da duração razoável do processo (art. 5º, LXXVIII, CF).
Embargos de declaração 
Conceito e cabimento· O recurso de embargos de declaração é um remédio de natureza recursal, previsto nos artigos 994, IV e 1.022 do CPC, que se presta a integrar pronunciamentos judiciais viciados por omissão, obscuridade, contradição e erro. 
· Não se volta para a alteração da decisão, mas sim para sua complementação. 
· É, portanto, instrumento processual que, independentemente da demonstração de prejuízo ou sucumbência, gera interesse recursal de ambas as partes, que visam obter uma prestação jurisdicional por meio de decisões claras, completas e coerentes interna corporis. 
· Todos os atos judiciais comportam interposição de embargos de declaração, até mesmo os despachos de mero expediente. 
· Os embargos de declaração podem ser opostos a quaisquer decisões judiciais, à luz do art. 1.022 do Código de Processo Civil, depreendendo-se, à letra da lei, seu cabimento contra decisões interlocutórias, sentenças e acórdãos viciados pelos erros acima elencados.
· Ao lado disso, a doutrina entende seu cabimento, também, em face de despachos eivados dos vícios supracitados, não se aplicando, excepcionalmente, a cláusula da irrecorribilidade dos despachos. 
· Cabimento – vícios 
· Omissão 
· Quando a decisão não se manifesta sobre tese firmada em julgamento de casos repetitivos ou em incidente de assunção de competência aplicável; 
· Quando a decisão carece de fundamentação; 
· Quando a decisão se limita à indicação, reprodução ou paráfrase de ato normativo sem relacioná-lo ao caso concreto; 
· Quando a decisão emprega conceitos jurídicos indeterminados; 
· Quando a decisão invoca motivos genéricos; 
· Quando a decisão não enfrenta todos os argumentos deduzidos no processo capazes de infirmar a conclusão adotada; 
· Quando a decisão se limita a invocar precedente ou enunciado de súmula;
· Quando a decisão deixa de seguir enunciado de súmula, jurisprudência ou precedente invocado pela parte, sem demonstrar o distinguishing entre este e o caso concreto ou o overruling, a superação da tese.
· Obscuridade
· Obscura é a decisão que peca pela falta de clareza e precisão, comprometendo a interpretação do ato com certeza e a apreensão do sentido real do provimento por seus destinatários.
· Contradição 
· Conflito interno entre capítulos ou afirmações inconciliáveis ou ilógicas. 
· Contraditória é a decisão que, em regra, apresenta conflito interno, ou seja, aquela que conflita entre suas partes, capítulos ou meros trechos. Faz, portanto, afirmações inconciliáveis, não podendo dessa forma chegar ao dispositivo. Há doutrina minoritária que compreende pela possibilidade de contradição externa quando comparados dois ou mais atos judiciais do mesmo órgão. 
· Erro
· Erro de premissa fática: decisão que toma como verdade fato diverso do ocorrido. 
· Erro material: pode decorrer de erro de digitação, cálculo, entre outros meramente formais. 
Requisitos formais
· O prazo para interposição dos Embargos de Declaração é de cinco dias úteis. 
· Os Embargos independem de preparo, porte de remessa e retorno e instrumento. 
· A legislação não exige quaisquer informações, peças a instruírem o recurso ou custas de preparo, aplicando-se os requisitos gerais de admissibilidade dos recursos (art. 1.023, CPC).
· Trata-se de recurso dirigido ao órgão prolator da decisão embargada. 
· O ED deve indicar o vício a ser sanado e ser acompanhado de fundamentação e do pedido de integração, reparação ou correção. 
Efeitos 
· Devolutivo 
· Aptidão de devolver o conhecimento da matéria recorrida, na medida do vício que foi alegado. 
· No caso do ED ele devolve a matéria para o próprio prolator da decisão. 
· Interruptivo
· O ED interrompe o prazo para interposição de qualquer outro recurso.
· Os embargos declaratórios possuem, em todos os casos, o efeito interruptivo (art. 1.026, CPC), o qual faz com que o prazo para eventual interposição de outro recurso cabível reinicie a partir do julgamento desses embargos.
· Suspensivo
· O efeito suspensivo não é regra dos embargos de declaração. Contudo, poderá o juiz ou relator competente concedê-lo, excepcionalmente, desde que demonstrada a probabilidade de provimento do recurso ou, sendo relevante sua fundamentação, houver risco de dano grave ou de difícil reparação ao embargante (art. 1.026, caput e §1º, CPC).
· Infringente ou modificativo 
· Somente é possível quando o saneamento do vício ensejar alteração da decisão. 
· Da correção dos vícios elencados no art. 1.022 do códex processual civil vigente poderá decorrer alteração substancial da decisão, v.g. omissão quanto à prescrição na decisão embargada que, suprida, acarretará a extinção da lide. 
· Nesta hipótese, o acolhimento dos embargos de declaração ensejará a modificação da decisão embargada e, portanto, seus efeitos infringentes ou modificativos.
· Nesse caso em que se verifique que os embargos têm efeito infringentes será necessário, que seja dada oportunidade de manifestação à parte contrária para que apresente contrarrazões em cinco dias. 
Prequestionamento 
· Poderão os embargos de declaração ser opostos com o intuito de prequestionar matéria federal (requisito do recurso especial) ou constitucional (requisito do recurso extraordinário) para fins de posterior interposição dos recursos excepcionais, preenchendo-se o requisito do prequestionamento.
· Note-se apenas tratar-se de possibilidade de exigir o pronunciamento do Tribunal regional ou estadual em relação às questões já suscitadas pela parte e omissas no julgamento antecedente aos embargos de declaração, não se tratando de hipótese de inovação da matéria recorrida. 
· Por fim, não se exige o conhecimento ou provimento do recurso para que seja preenchido o requisito do prequestionamento, esclarecendo o art. 1.025 do CPC que basta a mera interposição do recurso tratando da matéria suscitada para fins de prequestionamento.
Julgamento
· Decorrido o prazo, independentemente da manifestação do embargado, deverá o magistrado de primeiro grau julgar os embargos de declaração em 5 (cinco) dias, à luz da duração razoável do processo (art. 5º, LXXVIII, CF). 
· Nos Tribunais, se embargada decisão monocrática, será o recurso julgado igualmente monocraticamente; caso contrário, será incluído na próxima pauta para ser julgado pelo órgão colegiado.
· Admitido o recurso, o magistrado competente para conhecer e julgar os embargos declaratórios intimará a parte embargada para, querendo, exercer o contraditório em relação ao recurso, no mesmo prazo de interposição, caso entenda que este possa ensejar a modificação da decisão embargada e, portanto, ter efeitos infringentes ou modificativos.
· Se do acolhimento do recurso decorrer alteração da decisão embargada, poderá o embargado complementar as razões de eventual recurso já interposto, observando-se os exatos limites da modificação, no prazo de 15 (quinze) dias da intimação do julgamento dos embargos declaratórios.
Fungibilidade
· Entendendo o órgão julgador pela hipótese de cabimento, no lugar dos embargos declaratórios, do recurso de agravo interno, aplicará o princípio da fungibilidade, conhecendo-o como este último e intimando o embargante – ora agravante – a complementar a minuta de acordo com os requisitos deste recurso.
Embargos protelatórios 
· Quando manifestamente protelatórios os embargos de declaração, o juiz ou o tribunal deverá condenar o embargante a pagar multa de até 2% (dois por cento) sobre o valor atualizado da causa, em favor do embargado, por meio de decisão fundamentada.
· Depreende-se que a intenção do legislador, por tratar-se de recurso cabível contra qualquer ato judicial decisório, é limitar seu uso tendo em vista a boa-fé processual e a duração razoável do processo. 
· Ainda, note-se que a multa deve ser paga em benefício do embargado, que será o prejudicado no caso de descumprimento dos princípios supracitados.
· Reiterados os embargos considerados protelatórios, a multa será elevada a até 10% (dez por cento) do valor atualizado da causa e, ainda, restará condicionada a interposição de qualquer recurso mediante depósito prévio do valor da multa,à exceção da Fazenda Pública e do beneficiário de gratuidade da justiça, que a recolherão ao final. 
· Ainda, não serão admitidos novos embargos de declaração se os 2 (dois) anteriores houverem sido considerados protelatórios
Recurso Especial 
Conceito e cabimento do recurso
· Conceito: trata-se de recurso denominado de estrito direito (pois não se pode discutir matéria de fato através dele), por meio do qual se colima o prevalecimento da unidade e a integralidade do direito federal, infraconstitucional, em todo território nacional. 
· Ele é um recurso excepcional, porque o legislador tem uma preocupação grande com a uniformidade da jurisprudência, sendo um recurso voltado para a extirpação das ilegalidades. 
· O recurso especial foi criado para ser, portanto, o meio próprio para proteger a integridade e a uniformidade de interpretação do direito federal infraconstitucional, mediante controle da fundamentação das decisões judiciais, proferidas pelos Tribunais de segundo grau, com o escopo de uniformizar, em âmbito nacional, o entendimento das normas federais.
· Não se trata, portanto, de recurso apto a criar um “terceiro grau de jurisdição” quando da mera sucumbência no caso concreto, mas de recurso hábil à provocação do Poder Judiciário para assentar a melhor interpretação da lei federal, aplicando o direito à espécie.
· Cabimento (art. 105, III, CF)
· Causas decididas (prequestionadas), em única ou última instância, pelos Tribunais Regionais Federais ou Estaduais (acórdão). 
· O recurso especial visa a tutela do direito objetivo/estrito. 
· Não cabe Recurso Especial para discutir interpretação da cláusula de contrato - súmula nº 5, STJ. 
· Não se pode discutir matéria de fato por meio de Recurso Especial – súmula nº 7, STJ. 
· A pretensão de simples reexame de prova não enseja recurso especial. 
· Hipóteses de cabimento 
· Cabe recurso especial contra decisão que:
· Contrariar tratado ou lei federal, ou negar-lhes vigência; 
· Julgar válido ato de governo local contestado em face de lei o federal; 
· Der a lei federal interpretação divergente da que lhe haja atribuído outro tribunal.
· Nota-se, portanto, não caber o recurso caso a divergência se dê num mesmo Tribunal.
· Para que seja considerado julgamento divergente, o paradigma com base nos mesmos fatos jurídicos apresenta decisão diferente. Deve, ainda, se tratar de divergência atual, não se aplicando o caso de overruling ou superação da tese jurídica anterior, inerente à evolução da jurisprudência.
· Depreende-se, portanto, que: a. se a matéria não foi suscitada nas instâncias ordinárias, não poderá ser suscitada em sede de recurso especial, exceto se se tratar de matéria de ordem pública em pedido de reforma da decisão recorrida; b. se, por outro lado, foi suscitada pelo recorrente, mas não decidida por omissão do Tribunal a quo, devem ser interpostos embargos de declaração para fins de suprir a omissão e prequestionar a matéria; c. se, não obstante a oposição dos referidos embargos, o Tribunal mantiver a omissão, ocorrerá o prequestionamento ficto (art. 1.025 do CPC).
· Cumpre notar que todas as hipóteses constitucionais de cabimento deste recurso dizem respeito à lesão ao direito objetivo ou estrito, podendo decorrer sua correção – aplicação correta da legislação federal ao caso concreto – e a satisfação do direito subjetivo.
· Forma 
· A interposição é feita no Tribunal a quo, porém as razões são endereçadas ao Tribunal ad quem (STJ). 
· Há necessidade de recolhimento de custas de preparo e eventual pagamento de porte de remessa e retorno, se os autos forem físicos. 
· Prazo para interposição: 15 dias úteis. 
· O recurso especial deverá conter:
· Exposição do fato e do direito federal; 
· Demonstração de cabimento; 
· Interposto recurso com fundamento na alínea “c” do dispositivo constitucional mencionado, o recorrente terá o ônus de demonstrar o dissídio jurisprudencial com a certidão, cópia ou citação do repositório de jurisprudência, oficial ou credenciado, inclusive em mídia eletrônica, em que houver sido publicado o acórdão divergente, ou ainda com a reprodução de julgado disponível na rede mundial de computadores, com indicação da respectiva fonte.
· Pedido de nova decisão, anulação ou reforma do acórdão recorrido. 
· Faltando ao recurso tempestivo quaisquer dos requisitos formais de modo a ensejar vício não considerado grave, poderá a Suprema Corte desconsiderá-lo ou, ainda, determinar sua correção. Ainda, entendendo o relator que o recurso trata de questão constitucional, concederá 15 (quinze) dias úteis para a complementação da peça pelo recorrente para que se enquadre nos requisitos do recurso extraordinário, remetendo os autos ao Supremo Tribunal Federa
· Poderá, ainda, ser interposto no mesmo ato do recurso extraordinário, em petições distintas, quando o acórdão violar norma constitucional e infraconstitucional. Nesta hipótese, deverá ocorrer o julgamento do recurso especial antes do extraordinário, podendo este, inclusive, ser declarado – provisoriamente – prejudicado pelo STJ, conforme dispõe o art. 1.031, §2º, do CPC.
Efeito suspensivo 
Recurso extraordinário 
Conceito e cabimento
· Trata-se de recurso excepcional, admissível em hipóteses restritas previstas na Constituição Federal, com a finalidade de tutelar a autoridade e aplicação da Carta Magna. 
· Trata-se de criação constitucional – leia-se, da Constituição Federal de 1981 –, um recurso excepcional de competência exclusiva do Supremo Tribunal Federal, admissível apenas em hipóteses restritas previstas na Constituição Federal, com o fito específico de tutelar a autoridade e aplicação da Carta Magna.
· Devido à sua exigência para os temas de repercussão geral, aplicase às questões relevantes do ponto de vista econômico, político, social ou jurídico, que ultrapassem os interesses subjetivos do processo.
· É, portanto, o remédio constitucional aplicável às demandas no que diz respeito à constitucionalidade da matéria decidida, que atinja mais do que um mero sujeito processual e garanta, portanto, a efetividades das garantias constitucionais.
· Dispõe o art. 102, III, da Constituição Federal sobre o cabimento deste recurso contra as decisões proferidas (presquestionadas) em única ou última instância que: 
· a. contrariem dispositivo constitucional; 
· b. declarem a inconstitucionalidade de tratado ou lei federal; 
· c. julguem válida uma lei ou ato de governo local contestado em face da Constituição; 
· d. julguem válida uma lei local contestada em face de lei federal.
· Note-se que, diferentemente do cabimento do recurso especial, não se exige aqui que seja proferida decisão por Tribunal, de modo que as causas decididas em recurso inominado, originárias dos Juizados Especiais Cíveis, poderão ensejar recurso extraordinário. Por outro lado, exigindo a decisão final de mérito, não se faz cabível contra decisões de cognição sumária, como aquelas que tratam de tutelas provisórias.
· A expressão “causas decididas” é uma referência ao princípio do prequestionamento da matéria constitucional, instituto que condiciona a admissibilidade do recurso às matérias constitucionais já suscitadas e decididas pelo órgão a quo. A este respeito assim dispõe o enunciado da Súmula n. 356: “O ponto omisso da decisão, sobre o qual não foram opostos embargos declaratórios, não pode ser objeto de recurso extraordinário, por faltar o requisito do prequestionamento”.
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