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5 Manipulação Capítulo 5 - Manipulação 1. Processos de Manipulação 1.1. Introdução Por se tratar de tarefa primordial e vital no universo de ati- vidade da farmácia de manipulação, os processos de manipulação devem ser efetuados por mão-de-obra especializada e acompanha- dos de perto pelo farmacêutico responsável. Além disso, o farmacêutico deverá analisar criticamente a receita a ser aviada, para isso, é essencial seguir alguns critérios técnicos, alguns destes relacionaremos a seguir. 1.1.1. Questões a serem consideradas antes da manipulação de uma prescrição A. Racionalidade da prescrição: ingredientes, intenção de uso, dose e modo de administração B. Propriedades físico-químicas, medicinais e usos farmacêuticos das substâncias prescritas C. Absorção e Via de administração adequadas: preparação do pro- duto manipulado de acordo com o propósito da prescrição D. Excipiente adequado: risco de alergia, irritação, toxicidade ou resposta organoléptica indesejável do paciente. E. pH ideal para maior estabilidade ou adequação ao uso F. Ingredientes da formulação: identidade e pureza asseguradas. G. Preparo da prescrição: treinamento adequado do manipulador (cálculos matemáticos, controle de qualidade: peso médio, pH, ob- servação visual) H. Equipamentos e ingredientes disponíveis e em quantidade sufici- ente. I. Referências bibiiográficas: uso, preparação, estabilidade, admi- nistração e embalagem do produto J. Vaiidade: projeção razoável e racional da validade do produto. K. Quantidade dispensada equivalente ao prazo de validade do pro- duto. L. Correto armazenamento do produto por parte do paciente. 110 Capítulo 5 - Manipulação 2. Processos de Manipulação - Laboratório de Sólidos Formas Farmacêuticas Sólidas de Interesse na Farmácia Magistral: Pós, Granulados e Cápsulas Introdução As formas farmacêuticas sólidas representam, de modo ge- ral, a maior porção das preparações aviadas na farmácia magistral, de modo destacado a forma de cápsulas. A seguir, estão algumas vantagens oferecidas pela forma só- lida sobre a liquida que explicam o motivo desta preferência: • As drogas e produtos químicos são mais estáveis na forma só- lida. • As drogas sólidas (e secas) podem ser dispensadas na forma compactada de comprimidos, cápsulas, pós divididos, dentre outros, podendo ser embalados, transportados, administra- dos e armazenados mais facilmente que as formas líquidas. • Paladares desagradáveis são mais evidenciados quando as substâncias estão na forma de solução do que na forma sóli- da. Sabores desagradáveis podem ser anulados totalmente pela inclusão da droga sólida em cápsulas ou em comprimi- dos revestidos. • Doses precisas são mais facilmente obtidas com formas for- necidas em doses individuais e unitárias, tais como, compri- midos, cápsulas e pós divididos. • Modificação da liberação das drogas (liberação lenta, contro- lada, retardada, etc) podem ser obtidas muito mais facil- mente em formas sólidas do que em preparações líquidas. Todavia, a absorção de uma droga veiculada na forma sólida de- pende de fatores diversos, tais como: a desintegração da forma só- lida com a liberação de partículas contendo a droga e excipiente, a posterior dissolução da droga, sendo esta influenciada por fatores físicos e químicos diversos e por último, a absorção propriamente dita ou permeação da droga através da membrana celular. Sabemos que características como o tamanho das partículas sólidas, solubili- dade da droga, propriedades do excipiente e adjuvantes influenciam na velocidade de dissolução das drogas e portanto na sua biodispo- nibilidade. Além de ter como objetivo a obtenção de uma forma 111 Capítulo 5 - Manipulação farmacêutica elegante e uniforme, o farmacêutico se depara com um desafio farmacotécnico maior na farmacotécnica de formas sóli- das, o de garantir a absorção dos fármacos veiculados. 1. Pós 1.2. Definição (USP-23) Pós são misturas intimas e secas de fármacos e ou outras substâncias finamente divididas que podem ser para uso interno (Pós Orais) ou para uso externo (Pós Tópicos). Os pós são constituídos de finas partículas que variam de 0,1 (.i a 10.000a, embora os tamanhos das partículas em preparações farmacêuticas variem na faixa de 0,1 a 10u. 1.3. Vantagens • Permite a prescrição precisa, requerida individualmente pelo paciente em cada dose. Os pós são normalmente mais estáveis que as preparações líquidas, devido a reações químicas de degradação entre as drogas associadas e entre as drogas e as condições atmos- féricas, ocorrem mais lentamente em pós do que em líquidos. • 0 tamanho reduzido das partículas na forma de pós, permite uma dissolução mais rápida nos fluidos orgânicos (meio aquoso gás- trico e entérico) do que o obtido em formas sólidas compactadas, como comprimidos, portanto, possuem maior biodisponibilidade. • Menor incidência de irritação gástrica quando comparada à formas sólidas compactadas, resultado da sua rápida dissolução. • Maior facilidade de deglutição, podendo ser ingeridos em maior quantidade, especialmente quando misturados com alimentos e bebidas. Pós podem ser administrados em sondas gástricas, em pacientes hospitalizados. • Pós tópicos possuem efeito secativo por aumento da superfí- cie de absorção 112 Capitulo 5 - Manipulação 1.4. Desvantagens • Drogas veiculadas nesta forma podem deteriorar quando ex- postas a condições atmosféricas (partículas finamente divididas, portanto há grande área de superfície exposta a atmosfera). • Drogas com sabores desagradáveis, normalmente, não têm suas características convenientemente mascaradas quando dispen- sadas na forma de pó. • Pós divididos demandam mais tempo para o seu preparo. 1.5. Características • Particulas reduzidas facilitam a preparação de um pó mais homogêneo e aumentam a capacidade adsortiva (ex.: antiácidos, antidiarréicos e pós tópicos). • Homogeneidade. • Tenuidade homogênea das partículas. 1.6. Classificação dos pós Pós simples: resultam da divisão de uma única droga. Pós compostos: obtidos da mistura de dois ou mais pós simples. 1.7. Preparação 1.7.1. Redução do tamanho das partículas (cominuição): Na farmácia com manipulação, normalmente o farmacêutico reduz o tamanho das partículas das substâncias químicas utilizando o gral com o pistilo por trituração. A trituração maior se obtém com gral de superfície áspera (gral de porcelana) do que com o de super- fície lisa (gral de vidro). A leviqação é o processo empregado para a redução de partí- culas, comumente em preparações semi-sólidas e líquidas. A leviga- ção é um processo de redução do tamanho de partículas sólidas pela trituração em um gral ou espatulação em uma placa com uma pe- quena quantidade de líquido no qual o sólido não é solúvel. 113 Capítulo 5 - Manipulação A pulverizoção por intervenção (recristalização) é emprega- da para substâncias que não permitem a trituração direta, como é o caso de algumas substâncias que se apresentam em estruturas cris- talinas duras que não podem ser trituradas facilmente. Este proces- so consiste em dissolver primeiramente o sólido em um mínimo de solvente volátil adequado (composto interveniente), tais como o álcool ou a acetona. Mistura-se então (triturando), o sólido com o solvente até que este úttimo evapore (ex.: trituração da cânfora por intermédio do álcool e do peróxido de benzoíla por intermédio da acetona). 0 solvente pode também ser vaporizado diretamente na superfície do gral durante o processo. 1.8.Tamisação A tamisação é uma operação que tem por finalidade obter pós cujas partículas tenham um determinado tamanho médio (mes- ma tenuidade). É necessário que o produto que esteja sendo pulve- rizado, seja tamisado por um tamis cuja abertura de malha corres- ponda à tenuidade do pó a obter, voltando para o gral as partículas maiores retidas. 1.8.1.Classificação dos Tamises: 0 tamis é o instrumento utilizado para fazer a tamisação. Ele é constituído por um aro de diâmetro variável, apresentando uma das extremidades fechada com uma tela aplicada de modo a ficar bem esticada. Esta tela é a parte fundamental do tamis, pois é ela que em função da abertura das respectivas malhas, permite a sepa- ração das partículas submetidas à tamisação em função dos diâme- tros das partículas. As telas utilizadas na fabricação de tamises são de natureza variada: ferro galvanizado, latão, aço inoxidável (mais empregada para fins farmacêuticos), seda ou fibras sintéticas. A tabela 14 apresenta uma correlação entre aberturas dife- rentes de malhas de tamises e a granulometria obtida bem com o seu emprego em diversas formas farmacêuticas relacionadas. 114 Capítulo 5 - Manipulação Tabela 14 - Classificação dos tamises e tenuidade obtida dos pós Tamis N° (USP) - Mesh 2 8 10 20 30 40 50 60 80 120 200 325 Abertura (mm) 9,52 2,38 2 0,84 0,59 0,42 0,297 0,250 0,177 0,125 0,074 0,044 Descrição Muito grosso Muito grosso Muito grosso Grosso Grosso Moderada- mente grosso Moderada- mente grosso Fino Muito fino Muito fino Micronizados Micronizados Emprego Sais granulados efervescentes e para pós de comprimidos Sais granulados efervescentes e para pós de comprimidos Sais granulados efervescentes e para pós de comprimidos Sais granulados efervescentes e para pós de comprimidos Sais granulados efervescentes e para pós de comprimidos Sais granulados efervescentes e para pós de comprimidos Pós efervescentes, pós dividi- dos, pós para encapsulação Sais granulados efervescentes, para pós de comprimidos e para encapsulação Sais granulados efervescentes, para pós de comprimidos e para encapsulação Sais granulados efervescentes, para pós de comprimidos e para encapsulação Pós divididos para polvilhar, adsorventes, inalantes, corti- cóides, antibióticos. Pós divididos para polvilhar, adsorventes, inalantes, corti- cóides, antibióticos. Fonte: Dispensing of Medication, 1984. Hota: A caracterização da tenuidade de um pó pode ser feita com a ajuda de um ou dois tamises. Quando o pó é caracterizado por um tamis, o tamis correspondente deve deixar passor pelo menos 97% deste pó; Quando o pó é caracterizado por dois tamises, o número imediatamente maior corresponde ao tamis que deixa passar pelo menos 95% deste pò e o menor corresponde ao tamis que deixa passar no máximo 40%. 115 Capitulo 5 - Manipulação 1.9. Mistura (Homogeneização) Antes de misturar duas ou mais substâncias é recomendável a redução isolada do tamanho das partículas de cada pó. 0 trabalho de mistura e homogeneização de pós é realizado após a pesagem e a redução do tamanho das partículas. Para quantidades reduzidas, tais como em preparações ma- gistrais, a mistura é realizada por espatulação, trituração e penei- ração (tamisação). • Espatulação: é o método pelo qual pequenas quantidades de pós são misturadas com a utilizaçáo de uma espátula farma- cêutíca em uma placa para pomadas. • Trituração: a trituração é utilizada tanto para a cominuição (redução do tamanho das partículas) como também para a mistura dos pós. • Peneiração (tamisação): os pós também podem ser mistura- dos passando-os por um tamis, o que resulta em um produto leve e "fofo" facilitando a mistura. Para quantidades maiores a mistura é realizada em misturadores de pós, tal como o misturador em forma de V . 1.9.1. Misturas Eutéticas Mistura eutética é definida como aquela que resulta da mis- tura de componentes sólidos cuja proporção Ihe confira o ponto de fusão inferior ao de qualquer dos componentes isolados, ou seja, trata-se da mistura de sólidos que se liquefaz ou se torna pastosa em temperatura ambiente. Tabela 15: Algumas substâncias que quando misturadas formam misturas eutéticas Acetanilida Ácido acetilsalicílico Acido salicilico Antipirina Cânfora Fenacetina Fenol Cloral hidratado Prilocaína Lidocaína Mentol p-naftol Resorcina Salicilatos Salol Timol Benzocaina aminopirina 116 Capítulo 5 - Manipulação • Medida corretiva: A mistura eutética pode ser evitada, in- terpondo entre os pós incompatíveis um pó absorvente. • Relação de pós absorventes (substâncias que podem evitar a formaçâo de misturas eutéticas) • Carbonato de magnésio leve* • Óxido de magnésio leve* • Caulim • Fosfato de cálcio • Fosfato tricálcico • Amido • Talco • Lactose • Sílica gel (Aerosil®) ' Nota: Normalmente, o absorvente mais eficaz na prevenqâo de misturas eutéticas é aquele que possui elevado ponto de fusão e grande superfície específica, como o óxido de zinco que apresenta elevado ponto de fusão (2800°C) e o carbonato de maçnésio (decompõe-se a 350°C). Esquema gráfico de uma mistura eutética P.F. A Ponto de Fusâo 2 u I A Crístais da substãncia Pura A+ Mislura Llqulda Substântía Sóiida deA+E Mistura Líquida deA+B ^ ^ - v ^ ^ E / ^ Compo Eutót i ição ca ^ Crisiais da substanoia Pura B* Mislura Líquida B RF. Ponlo de Fusào Temperatura Eutética B Composlção (Fração Molar) 117 Capitulo 5 - Manipulação 1.9.2. Misturas explosivas Podem ocorrer quando um agente oxidante forte é triturado (ex.: trituração em um gral) com um agente redutor forte. Tabela 16: Alguns agentes oxidantes e redutores fortes que po- dem formar misturas explosivas: Agentes oxidantes fortes Ácido clórico Acido hipocloroso Ácido nítrico Acido nitroso Bromo Clorato de potássio Cromatos Dicromato de potássio Hipocloritos lodo Nitrato de potássio Nitrato de prata Nitratos Nitritos Oxido de prata Perboratos Permanganato de potássio Peróxidos Sais de prata Trinitrofenol Agentes redutores fortes Substâncias orgânicas em geral Bissulfitos Glicerina Fósforo Taninos Ácido tânico Oleos essenciais Carvão Alcool Tiossulfatos Enxofre Açúcares Brometos lodetos Sulfuretos Açúcar (sacarose) Hipofosfitos Enxofre Sulfitos Acido sulfuroso 1.9.3.Problemas especiais, estabilidade e incompatibilidade de pós ou mistura de pós A.Pós Hisroscópicos e Deliqüescentes: Como regra geral, substâncias químicas na forma de pós apresentam maior afinidade para água do que aquelas não pulverizadas. 118 Capítulo 5 - Manipulação B. Substâncias higroscópicas: são aquelas que absorvem umidade do ar. C. Substâncias deliquescentes: são substâncias higroscópicas que absorvem a umidade do ar se liquefazendo parcialmente ou total- mente. Tabela 17: Relação de algumas substâncias higroscópicas e deli- qüescentes Acetato de potássio Brometo de amôneo Brometo de cálcio Carbômeros (Carbopóis®) Citrato de ferro amoniacal Cloral hidratado Cloreto de alumínio Cloreto de amôneo Cloreto de benzalcônio Cloreto de cálcio Cromoglicato dissódico Dexpantenol Fenitoína sódica Fosfato sódico de betameta- sona Heparina sódica Hioscinamina HBr lodeto de amôneo Pantotenato de cálcio* Pepsina Sulfato de Efedrina Fosfato de clindamicina Fenobarbital sódico Citrato de potássio Carboximetilcelulose (CMC) Cloreto de sódio Sais de colina Amoxacilina Pilocarpina Cloreto de benzetônio Brometo de sódio Cianocobalamina (vit. B12) Cloridrato de dietilpropiona (cloridrato de anfepramona) Cloridrato de Pilocarpina Subnitrato de bismuto* Cloridrato de oxitetraciclina Nitrato de sódio Acetato de potássio Carbachol Cloreto de magnésio lodeto de sódio Medidas corretivas • A higroscopia e a deliquescência podem ser atenuadas com o controle da umidade relativa do ar, através do uso de desu- midificadores e ar condicionado. A umidade relativa na faixa de 30 a 45% é a melhor para manipulação de pós. • A granulação de pós reduz a superfície de exposição ao ar. • Quando se trabalha com pós deliquescentes ou higroscópicos 119 Capítulo 5 - Manipulação é aconselhável mantê-los vedados com papel alumínio ou filme plástico durante o processo de manipulação, evitando- se assim a exposição à atmosfera úmida. A adição de substâncías absorventes (ex. óxido de magnésio leve, dióxido de silicio coloidal) pode reduzir a tendência a higroscopia de pós. 1.10. Pós e f lo rescentes 1.10.1. Substâncias eflorescentes: São substâncias cristalinas ou hidratadas que ao serem pulve- rizadas liberam água de cristalização ou de hidratação. Esta água pode ser liberada durante a manipulação ou com a exposição a um ambiente de alta umidade. A água libertada do pó pode torná-lo pastoso ou chegar a liquefazê-lo. A eflorescência é aumentada tam- bém com a pulverização, pelo aumento da superfície de evaporação da água de cristalização. Representação diagramática da estrutura cristalina do cloreto de aluminio hexahidratado 120 Capítulo 5 - Manipulação 1.10.2. Medidas corretivas: A eflorescência pode ser atenuada, substituindo o sal hidra- tado pelo sal anidro ou na impossibilidade da substituição através da exsicação. Tabela 18: Relação de algumas substâncias eflorescentes Acetato de sódio Acido cítrico Alúmen Borato de sódio Bromidrato de escopolamina Bromidrato de quinino Cafeina Carbonato de sódio (decahidratado) Ciclofosfamida Cloridrato de quinino Codeína Fosfato de codeina Fosfato de sódio Lactato de cálcio Sulfato de atropina Sulfato de cobre Sulfato de codeína Sulfato de quinino Sulfato ferroso 1.11. Dicas para manipulação de pós A mistura de pós com características similares de tamanho de partículas e densidade aparente, pode ser realizada em um saco plástico, utilizando uma espátula ou um rolo que irá reduzir a quan- tidade de pó em suspensão na área de manipulação. Na área de manipulação de pós os manipuladores devem uti- lizar máscara com filtro para pós. Pós muito leves e "fofos" podem ser compactados para faci- litar a mistura, com a adição de um pouco de álcool ou óleo mine- ral. Para aumentar a lubrificação e as características de escoa- 121 Capítulo 5 - Manipulação mento e f luxo dos pós, pode se util izar o estearato de magnésio em concentrações menores ou iguais a 1%. 0 lauril sulfato de sódio em concentrações de até 1% ou o docusato sódico em torno de 0,5% podem ser utilizados para neutra- lizar forças eletrostáticas em pós difíceis de manipular. A incorporação de pequenas quantidades de líquidos em um pó pode ser realizada, triturando-se o líquido com igual quantidade de pó. 0 pó remanescente pode ser adicionado aos poucos em várias porções com tr i turação. Pode se incorporar um absorvente (ex. dió- xido de silício) para se produzir um pó seco. Para se incorporar t inturas e extratos fluidos deve-se em primeiro lugar reduzir o volume do liquido por evaporação em ba- nho-maria até obter uma consistência xaroposa. Em seguida adicio- na-se o excipiente inerte (ex. lactose) até a obtenção de um pó seco (veja parágrafo anterior). 1.12.Formas farmacêuticas em Pó de Uso Oral de Inte- resse Magistral 1.12.1. Pós a granel ("Bulk powders") de uso interno São aqueles dispensados em frascos ou potes de "boca larga" e destinados a serem administrados por colheres de medição. A. Desvantagem Devido a inexatidão do processo de medida, somente devem ser dispensadas nesta forma, fármacos não-potentes (de fraca ativi- dade farmacológica). B. Vantagens Podem ser diluídos em uma quantidade de água ou outro lí- quido, facil itando a deglutição. C. Fármacos de uso interno normalmente veiculados Antiácidos Laxantes 122 Capítulo 5 - Manipulação D. Procedimento de preparo Em pós a granel de uso interno a substância ativa é dispen- sada em concentração peso do ativo I volume a ser in$erido ou ad- ministrado (ex. x mg do ativo/colher de chá). Passso 1: preparar o produto conforme a prescrição meça o volume do pó a ser tomado com o utensílio de medida apro- priado que será utilizado na administração do pó (ex.colher de chá) Passso 2: pese o volume do pó medido Passso 3: calcule o peso do(s) ingrediente(s) ativo(s) no volume a ser administrado, a partir da concentração ou percentual do(s) ingredi- ente(s) ativo(s) no peso total do pó e do peso do volume a ser admi- nistrado Passso 4: siga o método geral descrito anteriormente para mistura de pós Passso 5: embale e rotule Exemplos de formulações A. Pó para rehidratação oral (quantidade para ser diluída em 1 L de água) Dextrose anidra 25 g Cloreto de sódio 2,5 g Citrato de potássio .... 4,5 g B. Pó laxativo Sulfato de sódio anidro 20 g Fosfato de sódio anidro 40 g Bicarbonato de sódio 60 g C. Pó antiácido Carbonato de cálcio 32 g Carbonato de magnésio.... 32 g Carbonato de sódio 26 g Caulim (leve) 10 g Capítulo 5 - Manipulação 1.12.2. Pós divididos (papéis medicamentosos, sachês e fla- conetes) São formas farmacêuticas em pó que se destinam a adminis- tração em doses individuais para se administrar de uma só vez. A. Vantagens Permite o acondicionamento de volumes de pós ativos, de- masiados grandes, para serem veiculados na forma de cápsulas ou comprimidos. Os papéis medicamentosos permitem a administração de pe- quenos volumes de pó susceptíveis de se administrarem em cápsulas ou em comprimidos, especialmente, em pediatria, dada a dificulda- de da criança deglutir aquelas formas farmacêuticas sólidas e duras. B. Desvantagens A aparência dos papéis é vulgar e desvaloriza o produto. De- ve-se escolher preferencialmente envelopes impermeabilizados (plastificados e aluminizados) ou flaconetes plásticos. Substâncias higroscópicas ou deliquescentes estão mais ex- postas à umidade, devendo-se optar pelo uso de papéis encerados ou envelopes impermeabilizados. C. Procedimento de preparo Para se preparar doses individuais de pós na forma de pa- péis, envelopes ou sachês deve-se colocar uma quantidade específi- ca de pó em cada embalagem individualmente. 0 método mais preciso para o preparo desta forma farma- cêutica é a pesagem individual da quantidade de pó a ser acondi- cionada em cada dose unitária. É recomendável que se prepare uma quantidade excedente de pó (em torno de 5%) para compensar pos- síveis perdas durante o processo de preparação. Se a prescrição contiver substância sujeita a controle especial, a perda durante o processo de preparação deve ser mínima para não haver necessida- de de compensação. Passo 1: Calcular a quantidade a ser pesada de cada componente da formulação, levando-se em conta a perda durante o processo de preparação. Passo 2: Pesar precisamente os componentes da formulação con- forme o número de papéis, envelopes ou flaconetes solicitados pela prescrição. Passo 3: Completar com qs de excipiente flavorizado e edulcorado 124 Capitulo 5 - Manipulação para 2,5g, 5§, 10g ou mais conforme a prescrição (vejasusestoesabaixo). Passo 4: Preparar os pós conforme o procedimento geral de pós, diluindo geometricamente os ativos no excipiente. Passo 5: Pesar a quantidade unitária a ser acondicionada em cada papel, envelope ou sachê, um a um, até completar o número de unidades solicitadas. Passo 6: Acondicione os envelopes em uma caixa. Passo 7: Rotule. Sugestões de excipientes para pós divididos A. Excipiente edulcorado e flavorizado com lactose Aspartame 0,5% Acesulfame de K 0,5% Aroma pó (hidrossolúvel).... 0,3% Lactose* qsp 2,5 - 5 - 10g 'Para pacientes com intoleráncia à lactose ou em caso de incompatibilidade quimica com o ativo, a lactose pode ser substituida pelo leite de soja sem açúcar. B. Excipiente edulcorado e flavorizado com agente suspensor Ativo(s) Xg Celulose microcristalina e CMC - Na* .. 1,5 g (Avicel RC 591) Ácido cítrico 0,5 g Aspartame 0,1 g Aroma pó 0,3 g Lactose** qsp 10 g 'Utilize preferencialmente a celulose microchstalina de dissoluqão instantônea, comerciali- zada com o nome de Avicel RC 591®. " A lactose pode ser substituida por outro excipiente (ex. leite de soja sem açúcar) em caso de incompatibilidade quimica com o ativo, pacientes diabéticos ou com intolerância ó lacto- se. Exemplo de formulação Pó dividido com escopolamina Escopolamina HBr 5 mg Lactose 2,495 mg Mande papéis. 125 Capítulo 5 - Manipulação 2. Grânulos Efervescentes Os sais efervescentes são usualmente misturas eflorescidas de ácido cítrico / ou ácido tartárico (ácidos) com bifosfato sódico e ou bicarbonato de sódio (bases) e outros ingredientes medicinais. Estes sais também podem ser preparados a partir de sais não- eflorescidos de ácido cítrico e ácido tartárico. Em presença de á- gua, o ácido reage com a base e libera dióxido de carbono, produ- zindo efervescência. Os sais e gânulos efervescentes podem ser pre- parados na forma de misturas de pós a granel ou pós divididos. 2.1.Vantagens 2.1.1.Correção do paladar: A solução carbonatada e a liberação de C02 mascaram sabo- res salinos e amargos. Os grânulos apresentam vantagem sobre os pós, pelo controle da velocidade da efervescência. 0 pó dissolve mais rápido (maior superfície) do que os grânulos que se hidratam e dissolvem lentamente. 2.2. Desvantagens Baixa estabilidade, devido a alta reatividade (efervescência). Dificuldade na manipulação (dificuldade de manter os ingre- dientes secos durante o preparo e o armazenamento). 2.3. Procedimento de preparo de grânulos efervescen- tes Passo 1: Calcule a quantidade de cada ingrediente. Passo 2: Pese precisamente cada componente. Passo 3: Misture bem os pós. Passo 4: Aqueça a mistura em uma estufa a 75° a 105°C, até a for- mação de uma pasta (a liberação da água de cristalização ou hidra- tação, forma uma massa úmida). Passo 5: Passe a massa por um tamis n°10 e seque em um desseca- dor. 126 Capitulo 5 - Manipulação Passo 6: Quebre os grânulos, embale e rotule. Nota: os pós efervescentes podem ser preparados através da trituraçôo e mistura simples dos pós em um grat ou passando o granulado preparado por um tamis malha 50 ou 60. 2.4. Exemplos de formulações 2.4.1. Envelopes com ascorbato de cálcio efervescente (10 envelopes) Ascorbato de cálcio 97,4 g (1 g de cálcio em cada 9,74 g de ascorbato de cálcio) Ácido cítrico anidro fino 19,2 g Bicarbonato de sódio 18,8 g Flavorizante pó qs Procedimento: Passo 1: Triturar todos os pós juntos até a obtenção de pó uniforme. Passo 2: Pese cada dose separadamente (1 décimo do peso total) e embalar cada dose em um envelope. Cada envelope terá o equiva- lente a 1g de cálcio elementar. Passo 3: Sele bem o envelope, não permitindo o acúmulo de ar no seu interior. Passo 4: Armazene em local seco. Estabilidade aproximada: 2 meses 2.4.2. Citrocarbonato (10 envelopes) Lactato de cálcio 7,95 g Cloreto de sódio, USP 4,2 g Sulfato de magnésio anidro 3,72 g Fosfato de sódio dibásico anidro .. 5,1 g Ácido cítrico monohidratado 64,4 g Bicarbonato de sódio 56,6 g Procedimento: Passo 1: Pese e misture uniformemente os seis pós. Passo 2: Distribua o pó em bandeja tipo refratária. Passo 3: Inicie o aquecimento em um forno de microondas por 1 a 1,5 minutos. Passo 4: Na temperatura de aproximadamente 75°C, o ácido cítrico 127 Capitulo 5 - Manipulação irá perder a água e formar uma massa. Agite e revire o pó para a- quecimento. Passo 5: Continue o aquecimento até observar um vapor fumegante e formar uma massa contínua. Passo 6: Transferir para um papel alumínio e reduzir em pequenos grânulos. Passo 7: Assim que os srânulos esfriarem, embalar. Estabilidade aproximada: 3 meses. 2.4.3. Pó analgésico efervescente Salicilato de sódio 15 g Ácido cítrico monohidratado 34 g Bicarbonato de sódio 30 g Lactato de cálcio 10 g Sulfato de magnésio anidro 10 g Procedimento de preparo :idem ao da fórmula anterior. Estabilidade aproximada: 3 meses. 128 Capitulo 5 - Manipulação 3. Cápsulas 3.1. Definição - USP- 23; Ph Eur-3rd Cápsulas são formas farmacêuticas sólidas, com invólucro du- ro ou mole, de diversos formatos e tamanhos, normalmente conten- do uma dose unitária de ingrediente ativo. Os invólucros são nor- malmente formados de gelatina; entretanto, eles também podem ser constituídos de amido (hóstias) ou outras substâncias adequadas (Exemplo: A cápsula vegetal é constituída por um derivado da celu- lose, a HPMC*). As cápsulas são destinadas à administração oral. ' HPMC: hidroxipropilmetilcelulose 3.2. Vantagens da forma farmacêutica cápsula • Fácil deglutição. • Fácil de ser identificável (cor ou impressão serigrafada). • Farmacêuticamente elegante. • Mascaram de forma eficaz as características organolépticas desagradáveis (sabores e ou odores desagradáveis) de fárma- cos veiculados, uma vez que o invólucro da cápsula impede o contato sensorial direto com o(s) ativo(s) veiculado(s). • Fácil formulação. • Fabricação a seco. • Número de adjuvantes reduzidos. • Risco reduzido de contaminação cruzada. • Para crianças, podem ser abertas e o conteúdo dispersado facilmente na alimentação. • Limitado potencial de incompatibilidades. • Menos equipamentos para a fabricação. • Configurações únicas de cor e forma que realçam a identifi- cação do produto. • Menos exigências de validação. • Menos etapas de produção. • Boa estabilidade. • Versatilidade para o preparo de fórmulas e doses individuali- zadas (fórmulas magistrais). • Apresentam boas características de biodisponibilidade (ge- ralmente o invólucro se dissolve rapidamente no estômago, em torno de 10 a 20 minutos, liberando seu conteúdo). 129 Capitulo 5 - Manipulação • Permite, mais facilmente que outras formas farmacêuticas, a elaboração de sistemas de liberação modificada (liberação prolongada e revestimento gastroresistente). • Protegem o fármaco de agentes externos (pós, ar, luz, etc). Esta proteção não existe em relação à umidade. • Boa resistência física que pode ser aumentada com o uso de blister. • Boa aceitação pelos pacientes. Embora os comprimidos representem cerca de 75% das for- mas farmacêuticas sólidas comercializadas, somente 38% dos con- sumidores os preferem em relação às cápsulas. Em contraposição, as cápsulas moles que representam somente 2% do mercado, são preferidas por 44% dos consumidores. As cápsulas duras representam cerca de 23% do mercado de formas sólidas e 19% dos consumidores as tem como opção de escolha. (King, 1984). Entre 1970 e 1975 as cápsulas apresentaram taxas de cresci- mento de vendas que variaram de 8 a 21% nos quatro maiores mer- cados europeus. Esta é uma tendência que permanece. As cápsulas duras de gelatina, cada vez mais têm sido escolhidas para novos medicamentos na forma de dosagem oral sólida. Em 1982, somente 17,5% dos produtos recém licenciados eram apresentados como cápsulas duras de gelatina; em 1996, este número já havia chegado aos 34% (Fonte: Scrip,1999). 3.3. Desvantagens da forma farmacêutica cápsula • Maior custo de produção. • Não é fracionável (não pode ser partida). • Dificuldade de se conseguir uniformidade de peso em cápsu- las duras. • Se aderem mais facilmente à parede do esôfago, podendo levar a irritação deste, principalmente se o ativo for irritan- te. Devem ser ingeridas com bastante água e com o paciente sentado. • Necessidade de garantir condições determinadas de tempe- ratura e umidade, para manipulação e conservação, devido à sensibilidade a estes fatores. • Limitações de uso: dificuldade de serem utilizadas por de- terminados pacientes com dificuldades de deglutição (crian- ças e idosos). 130 Capítulo 5 - Manipulação • Incompatíveis com substâncias higroscópicas, deliquescen- tes, eflorescentes que formem misturas eutéticas, exceto se estas substâncias forem previamente diluídas em excipientes adequados ou então forem revestidas. • Não são adequadas para drogas que são muito solúveis, como sais (Exemplo: cloreto de potássio, brometo de potássio, clo- reto de amôneo). Nestas situações, os fluidos digestivos pe- netram rapidamente na cápsula, dissolvendo o sal e criando uma solução altamente concentrada que pode causar náusea e vômito quando entrar em contato com a mucosa gástrica. 3.4. Composição do invólucro da cápsula Gelatina ou outras substâncias* (ex.: amido, hidroxipropilme- tilcelulose); • Agentes surfactantes • Opacificantes (ex.: dióxido de titânio) • Conservantes • Antioxidantes • Edulcorantes • Corantes e flavorizantes certificados 0 invólucro da cápsula pode trazer impresso a marca do fa- bricante. As cápsulas constituídas a partir de matéria-prima de origem vegetal satisfazem hábitos vegetarianos e peculiaridades. 3.5. Conteúdo das cápsulas Pode ser: Sólido, líquido (não-aquoso) ou pastoso. • Ingrediente(s) ativo(s) • Solventes • Diluentes • Lubrificantes • Agentes desintegrantes 0 conteúdo não deve causar a deterioração do invólucro da cápsula (ex.: água). Todavia, o invólucro ao ser atacado pelos f lu i - dos digestivos deve liberar o conteúdo encapsulado. 131 Capitulo 5 - Manipulação 3.6. Classificação (categorias de cápsulas) • Cápsulas duras • Cápsulas moles ("softgel") • Cápsulas gastroresistentes (de liberação entérica) • Cápsulas de liberação modificada (liberação prolongada) 3.6 .1 . Cápsulas duras (púlvulas): As cápsulas duras têm forma cilíndrica, arredondada nos ex- tremos e são formadas por duas partes abertas numa extremidade, com diâmetros ligeiramente diferentes, devendo os seus extremos abertos encaixarem um ao outro. A cápsula gelatinosa dura consiste em duas partes: a. Corpo: porção longa e estreita (contém o ativo e o excipiente). b. Tampa: porção curta e mais larga. Esquema de sistema de fechamento de cápsulas Fonte: Pharmaceutical Practke,1998. Fechada Esquema de cápsula (Tampa, corpo) As cápsulas duras são comercializadas em diversos tamanhos, designados arbitrariamente por alga- rismos. Quanto maior o algarismo designativo, menor a capacidade da cápsula. Fonte: Pharmaceutical Practice, 1998. Tampa Corpo Pós X J 132 Capítulo 5 - Manipulação Tabela 18: Tamanhos de cápsulas disponíveis para uso humano Número 5 4 3 2 1 0 W~ 00 000 Capacidade em volume (mL) 0,12a0,13 0,20 a 0,21 0,27 a 0,30 0,37 0,48 a 0,50 0,67 a 0,68 0,85 0,92 a 0,95 1,36 a 1,37 A. Especificações de qualidade para cápsulas gelatinosas duras Conteúdo de umidade (dessecação a 105o): 10 a 16% Dimensões: devem estar de acordo com a sua forma e tamanho. Soiubilidade: devem se manter no mínimo 15 minutos sem se dissol- ver na água a 25°C. Devem se dissolver em 15 minutos quando em contato com uma solução de ácido clorídrico 0,5%p/v, a 36-38°C. Resistência à fratura: as cápsulas não devem quebrar ou rachar fa- cilmente Odor: não devem apresentar odor estranho quando armazenado em um frasco hermeticamente fechado durante 24h a 30-40°C. Defeitos do invólucro: deve se observar a forma, a superfície, a es- pessura da parede, a cor e a impressão (quando aplicável). B.Critérios para armazenamento, conservação e manipulação de cápsulas duras: A gelatina pode absorver até 10 vezes seu peso em água. Portanto, as cápsulas gelatinosas duras quando armazenadas em ambientes de alta umidade, absorvem a umidade amolecendo e se deformando. Em ambiente muito seco, as cápsulas ficam quebra- diças. C. Condições recomendadas para armazenamento e manipulação: Umidade relativa do ar*: entre 30 a 45% (máx. 50%) Temperatura: entre 20 a 25°C. 'Para manipulação de substâncias higroscópicas e detiquescentes è importante que a umidade retativa ambientat não seja maior que 40%. 133 Capitulo 5 - Manipulação 3.6.2. Cápsulas moles ("softgel"): A cápsula mole é constituída de uma única parte, estando o conteúdo hermeticamente selado em seu interior. Estão disponiveis em diversos formatos e tamanhos. Assim como as cápsulas duras são constituídas normalmente por gelatina e a sua maior flexibilidade está relacionada à presença de glicerina e ou sorbitol, que atuam como plastificantes. 0 invólucro das cápsulas gelatinosas moles é mais espesso do que o das cápsulas gelatinosas duras. As cápsulas moles se destinam preferencialmente a acondi- cionar líquidos, podem apresentar variadas formas e tamanhos e conter substâncias medicamentosas em quantidades variáveis, des- de 0,2 até 5g. A. Vantagens em relação às cápsulas duras • Fácil deglutição. • Maior preferência pelos pacientes. • Maior biodisponibilidade (princípio ativo líquido ou solubili- zado em veículo líquido). • Ideal para incorporação de fármacos suceptíveis à hidrólise ou oxidação. 0 sistema selado proporciona proteção frente ao ar e outros agentes externos. • Possibilita a incorporação de fármacos empregados em altas doses e com baixa capacidade de compressão. • Precisão no encapsulamento (±1 a 3%). B. Desyantagens • Preparação complexa (não podem ser produzidas na farmácia magitral). • Inadequada para incorporar substâncias líquidas com teor de água maior que 5%, substâncias hidrossolúveis de baixo peso molecular e compostos orgânicos voláteis. 134 Capítulo 5 - Manipulação 3.6.3. Cápsulas Gastro-resistentes BP-99: São cápsulas de liberação modificada destinadas a resistir ao fluido gástrico e liberar seus ingredientes ativos no fluido intestinal. Elas são preparadas, provendo cápsulas duras ou moles com um in- vólucro gastro-resistente (cápsulas entéricas) ou pelo preenchimen- to das cápsulas com grânulos ou partículas cobertas com um reves- timento gastro-resistente. 3.6.4.Cápsulas de Liberação Modificada BP-99: São cápsulas duras ou cápsulas moles nas quais o conteúdo, o invólucro ou ambos, contêm excipientes especiais ou são preparados por processo especial, destinado a modificar a velocidade ou o local no qual o(s) ingrediente(s) ativo(s) são liberados. 3.7. Revestimento Entérico de Cápsulas Duras 3.7.1. Introdução As cápsulas gastroresistentes são obtidas revestindo as cáp- sulas duras com um filme gastroresistente ou preenchendo as cápsu- las com granulados ou partículas já recobertas de um revestimento gastroresistente. Estas cápsulas devem resistir, sem alteração, à ação do suco gástrico. Entretanto, devem desagregar-se rapidamen- te no suco intestinal, e por isso se diz que são gastroresistentes ou enterossolúveis. Para formação do filme gastroresistente são empregados po- límeros gastroresistentes que apresentam grupos funcionais com natureza aniônica que em pH ácido do estômago os tornam insolú- veis (ex.: acetoftalato de celulose, copolímero do ácido metacríli- co/metacrilato de metila). Com a mudança do pH para valores su- periores a 5,5 estes grupos ficam ionizados e tornam-se solúveis no meio, promovendo a liberação imediata dos fármacos. Para melhor compreensão do comportamento da solubilidade do revestimento nas diferentes regiões do aparelho digestivo, a tabela 19 apresenta os diferentes pHs encontrados no trato gastro-intestinal. 135 Capítulo 5 - Manipulação Tabela 19: Variação pH no aparelho digestivo Local Estômago Duodeno Jejuno lleo Cólon Reto PH 1,0 a 3,5 5,0 a 6,0 6,3 a 7,3 +/-8,0 8,3 a 8,4 6,8 a 7,2 3.7.2. Situações em que se deve utilizar o revestimento gastroresistente: Para proteger fármacos instáveis em meio ácido da ação dos fluidos gástricos (exemplo: alguns antibióticos como a eritromicina base, enzimas, pantoprazol e etc). Quando o fármaco é irritante para a mucosa gástrica (exem- plo: antiinflamatórios como naproxeno, fenilbutazona, oxifenilbuta- zona, cloreto de potássio, indometacina, diclofenaco, etc). Quando o fármaco produz náuseas ou vômitos se liberado no estômago (exemplo: ácido nicotínico). Quando for importante que o princípio ativo não sofra dilui- ções antes de atingir o intestino (exemplo: mesalazina, sulfassalazi- na). Quando o fármaco só deverá produzir o seu efeito máximo no duodeno ou jejuno (exemplo: pancreatina). Quando se deseja fazer com que as substâncias ativas este- jam disponíveis após um período de tempo (Liberação retardada, ex.: fluoreto de sódio, quinidina, efedrina, etc). 136 Capitulo 5 - Manipulação 3.7.3. Procedimento de revestimento entérico de cápsulas gelatinosas duras utilizando a máquina de revestimento en- térico A. Objetivo: Revestimento externo de cápsulas gelatinosas duras, com filme gastroresistente em formulações contendo fármacos específicos, cuja estabilidade, bio- disponibilidade e eficácia dependem da liberação exclusiva em meio entérico. Foto: Máquina de Revestimento Entérico B. Materiais: Máquina de revestimento entérico. Frasco spray com propelente. Secador com fluxo de ar quente para secagem do revesti- mento. Solução de revestimento entérico com acetoftalato de celu- lose (recém-preparada) ou a solução de revestimento com Eudragit L-100. Cápsulas gelatinosas duras contendo o(s) fármaco(s) + exci- piente(s). Óculos de segurança para o manipulador. Máscara com filtro para proteção do manipulador. Luvas. C. Precauções: A inalação constante da solução de revestimento é potenci- almente perigosa à saúde do manipulador, portanto, é de suma im- portância a utilização de máscara protetora com filtro e que o pro- cedimento seja realizado em local ventilado ou preferencialmente em capela com exaustão para gases. 137 Capítulo 5 - Manipulação D. Procedimento: Cálculo da quantidade da solução de revestimento a ser utüizada: A quantidade de revestimento a ser utilizada deve ser calcu- lada em relação ao peso do lote de cápsulas vazias utilizadas no encapsulamento da fórmula que se deseja realizar o revestimento entérico, todavia é necessário deixar claro que o revestimento será realizado nas cápsulas "cheias". A quantidade de revestimento utili- zado no processo deve ser em torno de 15% do peso das cápsulas vazias, correspondente a quantidade e ao tamanho das cápsulas utilizadas na encapsulação da formulação. Com objetivo de esclare- cer melhor a efetuação deste cálculo, exemplificaremos a seguir: Utilizando cápsulas n°1 brancas, cujo peso médio é de 76,2mg/cápsula, qual a quantidade em massa da solução de reves- timento deverá ser utilizada para revestir 500 cápsulas, contendo um fármaco e seu excipiente cujo peso médio é de 380 mg? Como poderá ser evidenciado no processo a quantidade da solução de re- vestimento a ser empregada nas cápsulas "cheias"? Cálcuios: Peso total das cápsulas vazias=> 76,2mg (peso médio da cáp- sula vazia) x 500 (quantidade de cápsulas a serem revestidas) = 38.100 mg ou 38,1g. Quantidade em peso de revestimento a ser empregado: 15% do peso das cápsulas vazias, portanto no exemplo: 15% de 38,1 g => 5,715 g (quantidade de revestimento necessário para o processo de revestimento). Para sabermos o peso do revestimento nas cápsulas cheias, devemos realizar os seguintes cálculos: Peso Total das cápsulas cheias 380 mg (peso médio da cápsula cheia) X 500 (n° de cápsulas) = 190000 mgou 190g O peso final das cápsulas cheias, com a quantidade correta de revestimento após o processo de spray e secagem é dada pela soma da quantidade necessária de revestimento calculado e o peso total das cápsulas cheias, portanto: 5,715 (quantidade de revesti- mento calculado necessário ao processo) + 190 g (peso total das cápsulas cheias) = 195,715 g (peso final tecnicamente correto das cápsulas com o revestimento). 138 Capítulo 5 - Manipulação Passo 1: Acondicione as cápsulas a serem revestidas no tambor ou no copo da máquina de revestimento, ligue a máquina e faça os ajustes necessários para prevenir que as cápsulas se esvaiam do tambor durante o processo ou com a secagem pelo fluxo de ar quente do secador. 0 ajuste do ângulo ideal do tambor para o pro- cesso, pode ser realizado através das "borboletas" rosqueadas em parafusos situados nas laterais da máquina. No processo de giro, as cápsulas contidas no tambor não devem escapar do mesmo. Portan- to, teste a direção do fluxo de ar do secador no interior do tambor com a máquina ligada. 0 fluxo de ar quente pode ser inclinado para as laterais do tambor se a corrente de ar for muito forte e as cápsu- las estiverem "voando" para fora do tambor. Para cápsulas de ta- manho maior, o processo deve ser realizado com um menor número de cápsulas de cada vez. Passo 2: Encha o reservatório do frasco de spray, utilizando a solu- ção de revestimento recém-preparada (é aconselhável a adição nes- ta solução de revestimento de uma solução contendo um corante, como por exemplo, o azul de metileno, na proporção de 1 a 3 gotas da solução com corante para cada 100 ml da solução de revestimen- to, este procedimento permitirá a evidenciação da aderência da solução de revestimento nas cápsulas). Passo 3: Ligue a máquina e jateie a solução de revestimento dire- tamente no copo contendo as cápsulas por 10 segundos. Imediata- mente em seguida, também por 10 segundos, direcione para o inte- rior do copo o fluxo de ar morno (não quente) com o uso do secador em baixa velocidade. "Nunca jateie as cápsulas com a solução de revestimento se o tambor da máquina não estiver girando, pois esta conduta fará com que as cápsulas colem-se uma as outras, não formando um filme íntegro capaz de garantir o revestimento entérico". Caso ocorra aderência entre as cápsulas, elas devem ser separadas rapidamente, antes que a solução de revestimento seque, deixando-as no copo e continuando o processo. Se no final do processo algumas cápsulas permanecerem aderidas uma às outras, estas cápsulas deverão ser descartadas. Uma eventual perda deve ser levada em consideração no processo, portanto deve-se revestir uma quantidade maior de cápsulas do que a solicitada na prescrição, com o intuito de com- pensar esta perda. Sugerimos 5% a mais. 139 Capitulo 5 - Manipulação Passo 4: Uma vez realizado o passo 3 por várias vezes, remova as cápsulas e as deixe sobre um papel toalha estendido sobre uma bancada, para secagem ao ar por 5 a 10 minutos. Antes de jatear a solução de revestimento novamente (passo 4), pese, anotando o valor e certificando a quantidade de revestimento da cápsula com o valor calculado. 0 jateamento deve ser realizado até a proximidade do peso calculado das cápsulas cheias com o revestimento. Solução para Revestimento Entérico com acetoftalato de celulose (p/ 100mL) para utilização na máquina de revestimento Acetoftalato de celulose (CAP) 7,5 g Hidróxido de amônio NF 27% 2,63 mL Propilenoglicol 3,0 mL Álcool etílico 70% 95,5 ml Procedimento de preparo: Passo 1: No agitador, adicione o CAP ao álcool seguido pelo hidróxi- do de amônio. (A dissolução do CAP depende do pH básico). Passo 2: Deixe agitar por 1 hora ou até dissolver. Passo 3: Então, acrescente o propilenoglicol Validade desta solução: 1 ano, conservada em frasco de vidro âmbar e hermeticamente fechado. Solução para Revestimento Entérico para utilização na máquina de revestimento Eudragit®L-100 7g Polietilenoglicol 400 4,0 mL Solução Acetona/álcool absoluto (1:1) qsp 100 mL Procedimento de preparo: Passo 1: Dissolva o Eudragit L-100 em cerca de 90 mL da solução de Álcool/Acetona (1:1) em um béquer de vidro coberto. Passo 2: Adicione o PEG 400 e complete o volume para 100 mL com a solução com álcool/acetona (1:1). Passo 3: Validade estimada desta solução: 6 meses, conservada em frasco de vidro. 140 Capitulo 5 - Manipulação 3.7.4. Procedimento de preparo de granulado gastroresis- tente com o Eudragit L - 100® Uma alternativa farmacotécnica mais moderna e consistente é revestir o fármaco incluso em um granulado, com substâncias es- táveis em meio ácido que se dissolvem no meio neutro ou ligeira- mente alcalino, encontrado no duodeno e nos intestinos. A granula- ção do fármaco com o copolímero do ácido metacrílico/metacrilato de metila (Eudragit L 100®) mostra-se eficiente e seguro para o re- vestimento gastroresistente. 0 revestimento é insolúvel em ácidos diluidos e fluídos gástricos e solúvel em tampões e fluídos digestivos acima do pH 6,0; portanto, assegura tanto a não liberação do fár- maco em meio gástrico, como a liberação deste em meio entérico, em conformidade com o desejo terapêutico. A. Soluçào de Eudragit L-100® para granulacão gastro-resistente Eudragit L 100 20,0% PEG400 5,0% ou Propilenoglicol 10,0% Água destilada 3,0% Álcool isopropílico qsp 100,0mL Preparo: Passo 1: 0 Eudragit L 100® deverá ser dissolvido no álcool isopropí- lico Passo 2: Adicionar o restante dos componentes Passo 3: A solução poderá ser guardada em estoque, acondicionada em frasco de vidro âmbar herméticamente fechado. B. Preparo do granulado gastro-resistente Fármaco xg (quantidade a ser revestida) Solução de Eudragit L - 100® .. 50% do peso total da substância Passo 1: Umectar o fármaco ou o fármaco + excipiente, tamisados e pesados, com a solução de Eudragit L100®, até formar massa úmi- da. Passo 2: Granular em tamis com abertura de malha de 1,4mm a 2mm, forçando sua passagem com o uso de uma espátula e reco- Ihendo o granulado em superfície forrada com papel impermeável (ex.: papel manteiga). Colocar para secar em temperatura ambiente ou em estufa aberta a 40°C. 141 Capitulo 5 - Manipulação Passo 3: Determinar o Fator de correção para granulado: Fc = peso do granulado peso da susbstância Passo 4: Encapsular e envasar 3.7.5. Alguns fármacos comercializados com revestimento gastro-resistente: Mesalazina, Sulfassalazina, Pantoprazol, Pancreatina, Diclo- fenaco, Naproxeno, ácido acetilsalicílico (comercializado também na forma convencial), bisacodil, digitoxina, indometacina, lanzopra- zol, tripsina, bromelaína, omeprazol, etc. 3.7.6. Teste de Revestimento Entérico (USP23/NF18) A. Fiuido gástrico simulado (pH 1,2) 37°C - 1 a 2h Cloreto de sódio 2.0g Pepsina 3.2g HC137% 7.0ml Água destilada qsp 1000ml Não deve haver sinal de desintegraçâo após o periodo de 1 hora B. Fluido intestinal simutado (pH 7,5) 37°C Fosfato monobásico de potássio 6,8g NaOH0,2N 190,0ml Pancreatina 10,0g Água destilada qsp 10OOml Deve se desintegrar no prazo prescrito pela monografia farmacopéica. Nota: Para granulados e pellets é necessário realizar o teste de dissolução. 142 Capitulo 5 - Manipulação 3.8. Cápsulas de liberação lenta {Slow release) 3.8.1. Introduçao Algumas formas farmacêuticas sólidas, como cápsulas e com- primidos de liberação convencional são elaboradas para liberar o fármaco no organismo de modo a ocorrer absorção rápida e compte- ta. Nesses sistemas, busca-se manter determinada concentração do fármaco no sangue, prescrevendo-se doses unitárias constantes ao paciente durante o período de 24 horas. No entanto, pode ser ob- servada a ocorrência de picos e vales no perfil de biodisponibilidade do medicamento que devem estar situados dentro de uma faixa a- ceitável, (janela terapêutica - acima da concentração mínima eficaz e abaixo da concentração mínima tóxica) para que não haja com- prometimento da eficácia clínica do tratamento. Este perfil, deter- mina a posologia do esquema terapêutico (Ansel, Popovich, Alen, 2000; Helman, 1981; Lieberman, Lachman, 1982; Lieberman, Lach- man, Schwartz, 1990; Ritschel, 1982; Veiga, 1988). Contudo, outras formulações vêm sendo estudadas, na tenta- tiva de modular a liberação do fármaco, para que ocorra de modo lento e gradual propiciando ação terapêutica de longa duração (An- sel, Popovich, Alen, 2000; Helman, 1981; Lieberman, Lachman, 1982; Lieberman, Lachman, Schwartz, 1990; Lordi, 1986; Prista, Alves, Morgado, 1995; Ranade, 1991; Ritschel, 1982; Veiga, 1988). Nos sistemas de liberação controlada, a taxa de fármaco li- berada iguala-se a quantidade de fármaco eliminado, mantendo desta forma, a concentração plasmática dentro da janela terapêuti- ca (Uhrich et al., 1999). Tais preparações podem ser desenvolvidas para administração por diversas vias (cutânea, intravascular, intra- muscular, linfática, ocular, nasal, dentre outras). Entretanto, a ad- ministração pela via oral, continua sendo uma das mais desejáveis (Khan, 1995; Veiga, 1988). De acordo com a United States Pharmacopeia 24 ed. (2000), o termo liberação controlada é sinônimo de liberação sustentada, liberação prolongada ou ação prolongada. Tais termos são empre- gados para descrever formulações que não liberam o fármaco pron- tamente após administração, como os denominados medicamentos de liberação convencional e, que apresentam redução na freqüência de doses administradas. Formas de liberação controlada são ainda definidas, como aquelas nas quais há redução de pelo menos duas 143 Capítulo 5 - Manipulação vezes na freqüência de dosagem, com aumento na aquiescência do paciente ao esquema terapêutico que possui eficácia melhorada, quando comparado aos sistemas convencionais. Por outro lado, de- signa-se como formas de Uberação retardada, aquelas que liberam o fármaco em tempo diferente do sistema convencional e em local bem determínado, sendo depois, a liberação praticamente imedia- ta , o que acontece com as formas de liberação entérica (Costa, Lo- bo, 1999; United States Pharmacopeia 24 ed. , 2000). Ambos os sistemas, liberação controlada e liberação retar- dada são definidos pelo termo liberação modificada que possui sen- tido mais amplo: são sistemas cuja característica de liberação do fármaco, em relação ao tempo e/ou local são determinados de a- cordo com objetivos ou conveniências não oferecidas por sistemas convencionais de cedência do fármaco; como soluções, pomadas e demais formas de pronta dissolução (United States Pharmacopeia 24 ed. , 2000). 144 Capítulo 5 - Manipulação Tabela 20: Terminologia mais recentemente empregada na área de tecnologia de l iberação modif icada de fármacos TIPO DE LIBERAÇÃO Controlada (liberação prolongada, ação prolon- gada, liberação lenta, liberação sustentada) De ordem um Retardada Programada Ação repetida Modificada DEFINIÇÃO Sistema no qual a liberaçâo do fármaco ocorre lentamente e em quantidade constante por unidade de tempo, quan- do comparado com sistema convencio- nal. A quantidade de fármaco liberada por unidade de tempo é uma porcentagem fixa do total que permanece no sistema. A liberação do fármaco ocorre em peri- odo de tempo bem definido após admi- nistração do medicamento. A cedência do fármaco é programada por sistema eletrônico. Neste sistema, há liberação seqüencial de 2 doses completas do fármaco. Inici- almente é liberada uma dose equivalen- te à convencional, contida na parte externa. Posteriormente, é libertada a dose incorporada no núcleo. Esta man- terá o nivel plasmático efetivo. Idêntico à tomada de doses consecutivas de um medicamento convencional. Sistema onde a liberação do fármaco é determinada de acordo com objetivos ou conveniências não oferecidas pelos sistemas de pronta liberação. Abrange todos os sistemas diferentes dos con- vencionais. REFERÊNCIAS United States Pharmacopeia 24 ed., 2000; Costa, Lobo, 1999 Costa, Lobo, 1999 United States harmacopeia 24 ed., 2000; Costa, Lobo, 1999; Ranade, 1991 Costa, Lobo, 1999 Veiga, 1988 United States Pharmacopeia 24 ed., 2000; Rana- de, 1991. Fonte: Tese de mestrado de Janaina Cecília Oliveira Villanova/Universidade de São Paulo: USP2001 145 Capítulo 5 - Manipuiação Advertência: Em relação à manipulaçào de formas farmacêuticas magistrais de liberação prolongada, deve ser mencionada a dif icul- dade tecnológica de predizer o exato perf i l de liberação do fármaco necessário para obter resultados consistentes lote a lote. Além dis- so, a determinação consistente e confiável dos níveis sanguíneos do fármaco e a duração da sua ação só podem ser comprovados através de estudos de bioequivalência. Portanto, a manipulação magistral de fórmulas de liberação controlada ou sustentada deve ser evitada, bem como, a de fármacos de baixo indice terapêutico dispensados nestas formas. As formas de liberação modificada passíveis de se- rem manipuladas, pelas farmácias magistrais, com segurança são as cápsulas com revestimento entérico (liberação retardada) e as de liberação lenta ou slow release (conceito mais amplo e menos res- t r i to do que liberação controlada ou sustentada), estas últimas, obtidas com a utilização de excipientes formadores de matrizes co- loidais. Nota: Vários destes termos criados para desiçnar formas farmacêuticas de tiberação modifi- cada foram introduzidos pelas empresas farmacêuticas, visando refletir um design especial produzido para uma forma de liberacão protonçada ou utilizando-os como termos de marke- ííng. 146 Capitulo 5 - Manipulação 3.9. Cápsulas de liberação prolongada 3.9.1. Definição: As cápsulas, assim como os comprimidos, podem ser formu- ladas para liberar o(s) principio(s) ativo(s) de maneira lenta e pro- longada para que seja(m) absorvido(s) pelo trato gastrintestinal. 3.9.2. Vantagens das formas farmacêuticas de liberação prolongada: Previne os efeitos adversos de algumas drogas, decorrentes de altas concentrações plasmáticas após a sua absorção em formas de liberação convencional (ex.: pentoxifilina, antihistamínicos, anti- inflamatórios e e t c ) . Simplifica a posologia reduzindo a frequência de ingestão do medicamento (ex.: antihipertensivos: metoprolol, pindolol, propa- nolol, diltiazem, nifedipina, verapamil, clonidina; hipocolesterêmi- cos: benzafibrato e fenofibrato; analgésicos: codeína, morfina; etc). Permite a manutenção do nível plasmático do fármaco du- rante o periodo noturno (ex.: antitussígenos, descongestionantes, secretolíticos e broncodilatadores). A formulação de liberação prolongada, compete com fárma- cos que apresentam efeitos no organismo por períodos prolongados (ex. antidepressivos, antiepilépticos, etc). 3.9.3. Desvantagens: Em pacientes que sofreram efeitos adversos do fármaco veiculado na forma de liberação prolongada, torna-se mais difícil a remoção do fármaco do aparelho digestivo do que nos produtos de rápida liberação. Dificuldade de deglutição, decorrente da frequente utiliza- ção de altas doses do fármaco (> 500 mg), portanto, a forma farma- cêutica pode ser de maior tamanho. Normalmente, as formas de liberação prolongada contêm duas ou mais vezes a dose da forma convencional, portanto, no caso de falha do sistema de liberação controlada, aumenta-se o risco de sobredose e de toxicidade iatrogênica é maior. 147 Capítulo 5 - Manipulação 3.9.4. 0 Mito da Liberação em 24h (Aspectos fisiológicos envol- vidos na absorção de fármacos): A. Fisiologia do sistema digestivo: • Estõmago: esvaziamento em 2 a 6 horas, responsável por até 10% da absorção. • Intestino delgado: esvaziamento em 3 a 5 horas, responsável por até 90% da absorção. • Intestino grosso: esvaziamento em 3 a 10 horas, responsável por até 10% da absorção. • Tempo total para o esvaziamento do sistema digestivo: 8 a 21 horas. Média: 14 a 15 horas. Portanto, um mecanismo de liberação prolongada por um pe- ríodo maior que 14 a 15 horas é improvável. 3.9.5. Características ideais de um sistema de liberação prolongada • Alta resistência na liberação do fármaco. • Facilidade de se formular. • Econômico. • Compatibilidade com fármacos hidrossolúveis e lipossolúveis. 3.9.6. Alguns fármacos que podem ser manipulados em cáp- sulas de liberação lenta • Progesterona • Codeína • Morfina • Propranolol • Anfepramona HCl • Diclofenaco • Diltiazem HCl • Teofilina • Nifedipina 148 Capitulo 5 - Manipulação 3.9.7. Sistema de matriz hidrofílica para liberação prolon- gada de fármacos: 0 sistema de matriz hidrofílica, utilizando polímeros, atende às características necessárias para a preparação de cápsulas de libe- ração lenta na farmácia magistral. Um sistema de liberação controlada pela formação de matriz hidrofílica é um sistema dinâmico que envolve as seguintes etapas: • Molhagem do polímero. • Hidratação do polímero. • Dissolução do polímero. Ao mesmo tempo, outros excipientes solúveis ou drogas irão também molhar, dissolver e difundir fora da matriz, enquanto os materiais insolúveis irão ser segurados na matriz até que o comple- xo polímero/excipiente/complexo de fármacos sofra erosão ou se dissolva. Para formar com sucesso um sistema de matriz hidrofílica, pri- meiro é preciso selecionar o polímero que irá molhar e hidratar, para formar uma camada gelatinosa rápida o bastante para proteger o interior da cápsula ou comprimido, da desintegração e da dissolu- ção durante a fase inicial de molhagem e hidratação. Se o polímero se hidratar muito lentamente o fluido gástrico pode penetrar no interior do comprimido ou da cápsula e permitir a difusão prematu- ra do fármaco. Um outro resultado da velocidade inadequada de hidratação do polímero, pode ser a dissolução prematura do excipi- ente na matriz, causando a desintegração precoce da forma farma- cêutica. A capacidade de hidrataçâo rápida do polímero é fundamental na formulação de formas farmacêuticas de liberação prolongada, principalmente, quando a formulação contém fármacos e excipien- tes hidrossolúveis. De maneira simplificada, podemos resumir que para o polímero produzir efeito prolongado na forma farmacêutica, sua hidratação deve ser mais rápida do que a dissolução do fármaco e ou excipien- te, portanto, a escolha do polímero deve se basear neste critério. 149 Capítulo 5 - Manipulação A. Fatores que afetam a hidratação dos polímeros A.1. Tamanho da partícula: o tamanho das partículas sólidas podem afetar a velocidade de liberaçâo do fármaco. É recomendado que as partículas do fármaco mais as do excipiente sejam relativamente finas e com tamanhos similares. A.2. Viscosidade da solução do polímero: polímeros de alta viscosi- dade produzem camadas de gel mais viscosas, fazendo com que a difusão do fármaco seja mais lenta. Por outro lado, polímeros de baixa viscosidade liberam o fármaco mais rapidamente. A.3. Solubilidade do fármaco: As matrizes hidrofílicas são utilizadas na formulação tanto de fármacos muito solúveis como de fármacos insolúveis. Entretanto, em formulações contendo fármacos e ou excipientes muito solúveis requerem que o polimero se hidrate ex- tremamente rápido, antes da solubilização do fármaco ou excipien- te. A.4. Concentração do polímero: aumentando-se a concentração do polímero do sistema matriz, aumenta-se a viscosidade do gel for- mado. Portanto, um aumento da concentração do polímero irá ge- ralmente produzir um decréscimo da difusão e liberação do fárma- co. Por este motivo, polímeros que se hidratam lentamente devem ser utilizados em altas concentrações para produzir efeito prolonga- do na formulação. A.5. Interações polimero, fármaco e excipiente: excipientes ou fár- macos hidrossolúveis em uma matriz hidrofílica podem afetar a vis- cosidade do gel formado. Substâncias solúveis competem com o po- límero e com a água disponível, o que pode afetar a viscosidade do gel. Quando sais fortemente iônicos são veiculados em matriz hidro- fílica, eles podem competir tão fortemente com o polímero pela água que este último terá pouca chance de se hidratar (ex.: cloreto de potássio). pH: na faixa de pH normal do TGI (Trato Gastrointestinal) não afeta significativamente a viscosidade do gel da matriz hidrofílica. 150 Capítulo 5 - Manipulação 3.9.8. Matrizes hidrofílicas em cápsulas: Uma liberação lenta do fármaco pode ser obtida em cápsulas, com o uso de polimeros formadores de matriz hidrofílica. Quando a cápsula de gelatina é ingerida, a gelatina que a constitui permite a penetração da água, causando sua hidratação e dissolução em alguns minutos. 0 uso de polimero formador de ma- triz coloidal no excipiente encapsulado, afetará assim como, nos comprimidos a dissolução da cápsula, promovendo uma liberação controlada. A concentração de polimero utilizada afetará a velocidade de liberação do fármaco, todavia o tamanho da cápsula utilizada pare- ce não ter significante efeito na liberação. A. Sistema de polímero eficiente para formacão de matriz coloidal em cápsulas A.1. HPMC - Hidroxipropilmetilcelulose: polimero derivado da celu- iose com alta capacidade de molhagem e alta velocidade de hidra- tação. Tabela 21: Especificações de HPMC e concentrações usuais para cápsulas de liberação lenta HPMC (Especificações comerciais para formaçao de matrizes hidrofílicas) Methocel® E4M - Premium (4000 mPas) Methocel® K100 (100.000 mPas) Concentração usual do polimero volume da cápsula 40% Correspondênc ia em peso ao v o l u m e d e 40% Cãpsula n° 1 = iOOmg HPMC * Ativos * Lactose ou Amido Cãpsula n° 0 = 140mg HPMC • Ativos ♦ Lactose ou Amido Cápsula n° 00 = 200mg HPMC * Ativos • Lactose ou Amido Cápsula n° 000 = 280mg HPMC * Ativos * Lactose ou Amido 30% Methocel ê marca reçistrada da Dow Chemical Company É recomendado que no preparo de cápsulas de liberação len- ta, a mistura do pó contendo o ativo, excipiente e polímero seja tamisada para obtenção de um pó muito fino (tamis 80 mesh). 151 Capítulo 5 - Manipulação 3.9.9. Alguns fármacos que podem ser manipulados em cáp- sulas de liberação lenta Progesterona Codeína Morfina Propanolol Anfepramona HCl Diclofenaco de sódio Diltiazen HCt Teofilina Nifedipina T3,T4 Não manipular em cápsulas menores que a número 1. A. Exemplo de Formulação Progesterona em Cápsulas de Liberação Lenta Progesterona 100mg HPMC 140mg Lactose qsp 1 cápsula Nota: Encapsular em cápsulas número 0. 152 Capítulo 5 - Manipulação Tabela 22: Algumas Formulações Comercializadas com Liberação Modificada Referênàas: International Drug Directory 1990-1991 Physicians' Desk Reference 50th edition 1996 Red List: Drus Directory of German Pharmaceutical Industry Abreviações: C= cápsula, T=comprimido (do ingíès tabtet), E=revestimento entérico, XR= liberaçõo prolongada (do ing/ês extended release) Droga/companhia Acetaminofem/ Mc Neil Acetazolamida/ Lederle Ácido acetilsalicíl ico/ Bayer, Smith- kline Beecham Allopurinol/ Siegfried Ambroxol/ Mack Amfepramona/ Marion Merrell Dow Amitriptilina/ Bayer, Wyeth Benzafibrato/ Boehringer Mannheim Biperideno/ Lundbeck Bisacodil/ Ciba, Thomae, Wellcome Buflomedil/ Abbot Carbamazepina/ Sanofi, Geigy Carbidopa/ Du Pont Cetoprofeno/ Rhone-Poulenc, Wyeth Clonidina/ Boehringer Ingelheim Codeína/ Zyma Dextropropoxifeno/ Goedecke Diclofenaco/ Ciba, Sanofi, Siegfried Digitoxina/ Beiersdorf, Lilly Diltiazem/ Lederle, Marion-Merrel- Dow Etilefrina (et i ladrianol)/ Boehringer Ingelheim Felodipina/ Astra, Hoescht Fenilpropanolamina/ Smithkline Bee- cham, Procter & Gamble Forma farmacêutica C c C,T T C T C T T T T T T T C, T C T C C,T T C,T C ,T T C Propriedades XR XR E, XR XR XR XR XR XR XR E XR XR XR XR XR XR XR E, XR E XR XR XR XR 153 Capítulo 5 - Manipulação Continuação Tabela 22 Droga/companhia Fenofibrato/ Fournier Flufenazina/ Squibb Furosemida/ Hoechst Ibuprofeno/ Wander. Klinge Indometacina/ Merck Isossorbida dinitrato/ Boehringer Mannh., Wyeth Isossorbida mononitrato/ Synthela- bo, Boehringer Mannh. Isoxsuprina/ Duphar Lanzoprazot/ Takeda Levotiroxina (T4)/ Henning Lítio/ Astra, Smithkline Beecham Mesalazina/ Procter & Gamble, Smithkline Beecham Metformina/ Boehringer Mannheim Metilprednisolona/ Hoechst Metoclopramida/ Kali-Chemie Metoprolol/ Astra, Ciba Morfina/ Rhone-Poulenc Naproxeno/ Roche, Syntex Nifedipina/ Bayer Nitrofurantoina/ Procter & Gamble Omeprazol/ Astra Orfenadrina/ 3M Media Pancreatina/ Mc Neil, Nordmark Pantoprazol/ Byk Gulden Pentoxifilina/ Promonta Lundbeck, Hoechst-Roussel Pindolol/ Sandoz Cloreto de Potássio/ Abbott Propranolol/ Wyeth Quinidina/ Astra, Boehringer Man- nh. Salbutamol/ Glaxo Sulfassalazina/ Pharmacia Forma farmacêutica C T C C,T C,T C,T C,T C c T T T T T C T C T C,T C c c T C,T T T T T C T C T T Propriedades XR XR XR XR E, XR XR XR XR E XR E, XR E, XR XR XR XR XR XR E XR XR* E XR E E XR XR XR XR XR XR E 154 Capitulo 5 - Manipulação Continuação Tabela 21 Droga/companhia Teofilina/ Byk Gulden, Hoechst, Key, Knoll, 3 M Medica Tioridazina/ Sandoz Trifluoperazina/ Smithkline Beecham Tripsina/ Mucos, Novo Ácido valpróico/ Abbott, Geigy Verapamil/ Knoll, Searle Vincamina/ Parke-Davis Forma farmacêutica C T T C T C,T C,T C Propriedades XR XR XR E E XR XR 3.10. Procedimento para Manipulação de Formulações em Cápsulas duras: 3.10.1. Pesagem As receitas devem ser ordenadas de acordo com o horário de entrega prometido ao cliente. 0 manipulador seleciona a ordem de pesagem dos compo- nentes das receitas a serem manipuladas. Confere se ficha de pro- dução está de acordo com a receita e o rótulo, separa os potes dos componentes a serem utilizados (as matérias-primas deverão ser armazenadas em frascos de vidro âmbar, etiquetado com todas as especificações: nome, fator de equivalência, fomecedor, n° de lote, prazo de validade e colocados em ordem alfabética nas prateleiras). Procede-se a pesagem individual de cada componente (os potes com matérias-primas após terem sido utilizados deverão per- manecer fechados (pois podem ocorrer alterações nos sais) e colo- cados novamente em ordem nas prateleiras). 0 manipulador anota em formulário próprio os dados refe- rentes à fórmula manipulada: o número da requisição, o nome do cliente, o horário da pesagem, o número de fórmulas pesadas da receita, assina o rótulo de controle de processo e envia a formula- ção pesada para Homogeneização/Tamisação. 0 manipulador efetua a trituração, diluição e tamisação da fórmula, anota dados em formulário próprio e envia a mesma para a encapsulação. 155 Capítulo 5 - Manipulação 0 encapsulador realiza o acondicionamento do pó nas cápsu- las, anota dados da receita, assina rótulo de processo, anota tama- nho e cor da cápsula no rótulo de controle de processo, envia para a conferência o pote com a fórmula encapsulada sem lacrá-lo. 3.10.2. Materiais utilizados: Balança semi-analítica Espátulas (aço inox ou plástico) Papel manteiga Saco plástico Calculadora Papel higiênico Proveta graduada 3.10.3. Procedimento: Passo 1: Processo em que o manipulador deverá pesar os sais, espe- cificados na receita (ficha de pesagem), observando as respectivas quantidades. Passo 2: A pesagem deverá ser precisa e muito cuidadosa. Passo 3: Ao iniciar a pesagem, o manipulador deverá tarar a balança com papel manteiga sobre o prato. Passo 4: 0 manipulador deverá pesar os sais um a um (sempre ta- rando a balança após cada sal), em papel manteiga sobre a balança de precisão, utilizando-se de uma espátula. Para pesagem de pellets deve utilizar sempre espátula de plástico ou de chifre, não utilizar espátulas de aço inox. Passo 5: Após o término da pesagem da fórmula, inclusive o excipi- ente, os sais serão colocados em um saco plástico e encaminhados para o processo de trituração, diluição e tamisação da formulação. Passo 6: A ordem de manipulação deve conter orientação quanto ao tamanho e cor das cápsulas a serem utilizadas, bem como a indica- ção da necessidade de revestimento entérico, se for necessário. 156 Capitulo 5 - Manipulação 3.10.4. Cálculo Manual para enchimento das Cápsulas Para pesar uma fórmula, mediante a receita (sem a ordem de manipulação), o manipulador terá que calcular a quantidade de cada sal manualmente. Para isso, terá que considerar a dosagem do sal e multiplicar pelo número de cápsulas que serão manipuladas. Deverá observar e considerar a diluição e ou fator de correção do sal que está sendo calculado e em que unidade de medida ele se encontra. Exemplo: Piridoxina 60,0 mg Cistina 200,0 mg VitaminaB12 100,0 mcg Biotina 0,2 mg VitaminaA 25.000 Ul 100cápsulas. Cálculo: - Piridoxina = 60 mg x 100 caps. = 6,0g - Cistina = 200 mg x 100 caps. = 20,Og - Vitamina B12 = 100 mcg x 100 caps. = 10.000 mcg = 10mg Considerando-se que a vitamina B12 é diluída 1:100, faz-se então uma regra de três: 1mg 100 mg 10 mg x x = 1.000 mg = 1,0g Pesa-se então 1,0g da Vit. B12 diluída 1:100. - Biotina = 0,2 mg x 100 caps = 20 mg Considerando-se que a Biotina é diluída 1:10, faz-se outra regra de três. 1mg 10 mg 10 mg x x = 200 mg = 0,2g Pesa-se 0,2g de Biotina diluída 1:10. 157 Capítulo 5 - Manipulação - Vitamina A = 25.000 Ul Converte-se a unidade internacional em miligrama, considerando-se que 500.000 Ul de vitamina A correspondem a 1g da vitamina A ace- tato pó, faz-se então a seguinte regra de três: 500.000UI 1g 25.000 Ul x x = 0,05g 0,05gx 100caps = 5,0g. Pesa-se então 5g da vitamina A acetato pó. 3.10.5. Cálculo do Tamanho da Cápsula É necessário completar com excipiente o volume do pó a encapsular, caso este seja inferior a 90% da capacidade da cápsula. Considera-se sempre o peso e a densidade aparente dos pós da formulação. Tabela 23: Capacidades médias das cápsulas gelatinosas duras Tamanho da cápsula 000 00 0 1 2 3 4 volume em ml 1,37 0,95 0,68 0,5 0,37 0,30 0,21 Capacidade média em mg 0,6g/ml - 1,2g/ml 822- 1644 mg (750mg) 570- 1140mg(500mg) 408 - 816 mg (400mg) 300 - 600 mg (350 mg) 222 - 444 mg (250mg) 180- 360 mg (200mg) 126-252mg(150mg) Existem diferencas de capacidade em peso relacionadas com a reologia do pò, tenuidade, densidade, etc. Exemplo: uma cápsula n° 0, pode conter cerca de 300 mg de cáscara sagrada pó ou 825 mg de cloreto de sódio. ( ) : capacidade média para substâncias com densidade aparente próxima da lactose. Para fórmulas compostas e para matérias-primas com baixa ou alta densidade deveremos utilizar o método volumétrico (com proveta). Exemplo 1 Cimetidina 200 mg Inositol 100 mg Alcachofra ext. seco 50 mg Peso total: 350 mg 158 Capítulo 5 - Manipulação Verifica-se um total de 350 mg de pó por cápsula, pela tabe- la corresponde à cápsula n° 1, não sendo necessário acrescentar excipiente por cápsula, exceto se a mistura demonstrar sinais de higroscopia. Exemplo 2 . Cápsulas dobradas: Fórmulas que apresentam sais cujo peso total ultrapassa os 750 mg deverão ser feitas em 2 cápsulas que conterão Vi dose em cada uma (Capacidade média da cápsula: veja tabela 23) Hidróxido de alumínio 300 mg Hidróxido de magnésio 300 mg Simeticone 100 mg (simeticone 50% x2) Metoclopramida 20 mg Peso total: 820 mg Dividindo o peso de 820 mg por 2, encontraremos 410 mg que corresponde à cápsula n° 0, portanto, deveremos fazer 2 cápsulas ao invés de 1 sem o acréscimo de excipiente, os sais desta formula- ção apresentam densidade aparente baixa. As fórmulas poderão apresentar também outras variações, como cápsulas triplicadas e quadruplicadas que seguem o mesmo procedimento anterior. Exemplo 3 Famotidina 25 mg Cisaprida 8 mg 60 caps Peso total: 33 mg A menor cápsula disponível na farmácia é a cápsula n° 3 cuja capa- cidade média é de 200 mg. 200 mg - 33mg = 167 mg (quantidade de excipiente a ser completa- da por cada cápsula). Para 60 cápsulas: 167 mg x 60 caps = 10020mg = 10,02g de excipi- ente. Para esta formulação deverá pesar 10,02 g de excipiente. 159 Capitulo 5 - Manipulação 3.10.6. Método Volumétrico para Enchimento das Cápsuias A cápsula é uma das formas farmacêuticas orais mais difundidas em manipulação. No entanto, a prática envolvendo cápsulas é mui- tas vezes imprecisa, pois os métodos geralmente utilizados para o enchimento, se baseiam na capacidade em termos de peso. Este parâmetro (peso) varia muito conforme a densidade do pó a ser en- capsulado, o que pode gerar alguns inconvenientes no cálculo de excipiente e tamanho da cápsula a ser empregada. 0 "Método Vo- lumétrico" de enchimento de cápsulas é muito mais preciso, já que as cápsulas têm a capacidade constante em termos de volume. A. Como utilizar o método volumétrico Pesar todos os componentes, lembrando das conversões (di- luição, fator de correção e fator de equivalência) e do número de cápsulas (quantidade prescrita na receita). Medir o volume em proveta (10 - 1000 ml). Bater a proveta com cuidado na bancada (revestida com bor- racha) para o assentamento do pó e leitura correta do volume. Uma vez obtido o volume, utilizar o gráfico (nomograma), selecionando o número da cápsula (tamanho) que se adeque ao vo- lume do pó, bem como a adição de mais excipiente para completar o enchimento da cápsula. Exemplo: volume = 25 ml para 30 cápsulas. Veja o ponto "x" no gráfico. Segundo o gráfico, a cápsula a ser usa- da é de número superior a 0, portanto 00. Para 30 cápsulas de nú- mero 00. Qual o volume ocupado ? Veja ponto Y no gráfico = 29 ml. Sendo assim, o volume de excipiente será 29 - 25 = 4ml. 160 Capítulo 5 - Manipulação "E5 1/1 o. <(C u 0) TJ o l_ <D £ z Tabela de preenchimento das cápsulas duras 000 Número de cápsulas duras 5 10 15 20 25 10 15 20 25 30 35 40 45 50 Volume de pó 3.10.7. Homogeneização/ Tamisação 0 trabalho de homogeneização e tamisação da fórmula é realizado após a pesagem da fórmula e antes da encapsulação da mesma.( É o processo em que os sais são misturados em gral de porce- lana com o pistilo e tamisados, para uma homogeneização comple- ta. A. Material utilizado: Tamis: malha de aço inox de 50 a 100 Mesh. Suporte para tamiz. Gral de porcelana. Pistilo. Espátula de plástico
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