Buscar

Caso Joana - Copia

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 5 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

NAYARA AGUSTINHA DE SOUSA FERNANDES
 Trabalho realizado para obtenção parcial de notas da matéria de Técnicas de entrevista e observação, do curso de Psicologia do 5° período noturno.
Iporá, 21 de março de 2019
Análise teórica
A paciente Joana de 8 anos de idade acompanhada pela mãe chega ao consultório por conta das dificuldades de aprendizagem, não saber ler e escrever fluentemente e não se relacionar com outras crianças, sendo essa a queixa manifesta.
Aparentemente até os quatro meses de idade, início da primeira infância, Joana teve uma vida normal, estava inserida no seu âmbito familiar de origem, mas a partir de então começam as mudanças, a mãe de Joana se muda para casa de uma senhora que passa a cuidar da criança para que possa trabalhar. Os cuidados da mãe para com Joana são praticamente nulos já que quando a mãe chega em casa Joana já está dormindo.
Depois de certo tempo a mãe de Joana engravida do pai da menina novamente, mas eles não mantem o relacionamento, a mãe de Joana se envolve com outro homem por um ano e meio, período este em que o companheiro de Dora (mãe de Joana), por ser alcoólatra brigava constantemente com a mesma, começando assim as perturbações da vida de Joana. É importante salientar que na primeira infância a criança começa a formar vínculos fortes com os pais ou cuidadores. Há o início da percepção de si mesmo (autoconsciência) e o interesse por outras crianças.
Já no início da segunda infância de Joana Dora se muda para São Paulo deixando as crianças em um abrigo onde permaneceram por quatro anos tendo eles passado por quatro lares diferentes. Na segunda infância tem início o processo chamado identificação, em que os exemplos passam a ser imitados e incorporados ao arsenal comportamental da criança. As crianças passam a identificar-se com pessoas com quem tenham laços afetivos de amizade e com seus “ídolos”. É nessa etapa que a maioria das crianças abandona as fraldas, ganhando maior autonomia. Durante os anos pré-escolares elas vão estar ocupadas com cortar, colar, pintar e cantar. Muitas vezes é nessa fase que a criança começa a ir ao jardim de infância.
 Na terceira infância Joana e o irmão voltam a morar com a mãe e o companheiro desta do qual estava gravida na época. Após 2 anos a mãe de Joana procura ajuda por não conseguir lidar com os comportamentos da filha. É importante salientar que na terceira infância As crianças já aprenderam as regras e padrões básicos de comportamento da sociedade em que vivem e já são capazes de julgar se uma dada ação é certa ou errada. A vida social da criança torna-se cada vez mais importante e é comum nesta idade o que se chama de “melhor amigo”. Assim, diminui a importância dos pais e aumenta a importância dos amigos e dos professores. Habitualmente, querem saber as razões e os porquês de todos os problemas e fatos. Aos 6 anos, mais ou menos, ocorre a idade dos intermináveis “por quês”.
Neste momento trona-se importante destacar os fatores que influenciam o desenvolvimento humano sendo alguns deles: 
· A hereditariedade onde a carga genética estabelece o potencial do indivíduo, que pode ou não desenvolver-se. 
· A inteligência que pode desenvolver-se de acordo com as condições do meio em que se encontra.
· O crescimento orgânico que refere-se ao aspecto físico. 
· Maturação neurofisiológica que é o que torna possível determinado padrão de comportamento e o meio que é o conjunto de influências e estimulações ambientais que altera os padrões de comportamento do indivíduo.
A terapia de Joana foi dividida em três partes. A primeira etapa foi denominada Observação e conhecimento. Este primeiro momento durou três meses e meio, a psicóloga o definiu este período de tempo como tranquilo e de estabelecimento da transferência. Na psicanálise, a transferência é um fenômeno que ocorre na relação entre o paciente e o terapeuta, quando o desejo do paciente irá se apresentar atualizado, com uma repetição dos modelos infantis, as figuras parentais e seus substitutos serão transpostas para o analista, e assim sentimentos, desejos, impressões dos primeiros vínculos afetivos serão vivenciados e sentidos na atualidade. O manuseio da transferência é a parte mais importante da técnica de análise
Joana apresentou resistência no início do tratamento se limitando apenas no lúdico. Relatou sentir falta da presença paterna, mostrava grande idolatria pelo pai e que gostaria muito de conhecê-lo. A presença materna se mostrava insuficiente já que Joana relatava sentir falto do abrigo onde ela dizia se sentir importante, pois ajudava nos cuidados com as crianças menores.
Em uma das sessões Joana fez um desenho de um monstro que foi descrito pela psicóloga como uma visão que ela tinha de si, de ser aquele monstro, odiada e capaz de amedrontar as pessoas.
Nas ultimas três sessões que antecederiam as férias Joana insistiu com a profissional para que pudesse levar os brinquedos do consultório para sua casa, mas a psicóloga ressaltou que aqueles materiais só poderiam ser utilizados naquele espaço o que gerou certa angustia na menina que apresentou relutância quanto ao vínculo que estava estabelecido entre elas, pois a fez lembrar do abandono sofrido que trazia o medo de perder aquele espaço.
Neste momento a terapeuta apresenta uma contratransferência muito forte, pois não poderia protegê-la do meio em que se encontrava. Contratransferência é definida como o redirecionamento dos sentimentos de um psicoterapeuta em relação a um cliente - ou, mais genericamente, como um envolvimento emocional do terapeuta com um cliente.
A segunda fase da terapia foi denominada Exploração de conteúdos e fantasias. Neste momento descrito pela psicóloga como turbulento, a paciente volta das férias com um relato, da coordenadora do CJ onde ela frequenta, de agressão sofrida pelo padrasto da garota. O que nunca foi observado pela terapeuta devido ao fato de Joana estar sempre com roupas de frio.
A terapeuta optou por não denunciar os responsáveis de Joana, conversando com os mesmos para compreender os motivos que os levavam as agressões e oferecendo um acompanhamento para a mãe em orientação de pais. A menina se mostrou bastante preocupada com a ideia de ter que voltar para o abrigo.
Joana começa então a apresentar um comportamento delinquente, com pequenos furtos. Neste momento da terapia relata também sonhos com conteúdos angustiantes. No decorrer desse período Joana conheceu o pai biológico e se mostrou bastante frustrada pois relatou que o pai maltratou o irmão e que isso a deixou desapontada, desde então nunca mais falou sobre o pai.
Este segundo momento da terapia chegava ao fim devido ao início das férias, Joana então se mostrava mais reservada, falando pouco com a terapeuta e começou a relatar que ouvia vozes, o que foi ignorado pela profissional, pois seria este comportamento de Joana uma forma de demonstrar ansiedade em relação ao final das sessões.
Na última sessão Joana volta ao consultório toda marcada alegando ter sido espancada pelo padrasto. Os responsáveis foram chamados novamente no consultório para que fosse ressaltada a importância da não agressão.
Na terceira fase da terapia denominada Retomada de trabalho, a coordenadora do CJ que Joana frequentava relata um abuso sexual sofrido pela garota praticado por parte de seu tio, irmão de Dora. Joana foi encaminhada ao hospital que realizou exame para verificar a veracidade dos fatos e foi constado que Joana havia sofrido os abusos o que foi confirmado também pelo tio da garota. Joana ficou internada no hospital por vinte dias e depois foi liberada voltando ao tratamento.
 Os comportamentos da mãe também são ressaltados no caso. No inicio a mãe se mostra disponível a qualquer solicitação da terapeuta, se mostra bastante preocupada com Joana e alega que a menina lhe dá bastante trabalho o que mostra que a mãe encontra dificuldades com a educação da filha.
Após descobrir sobre o abuso sofrido pela filha Dora esboça duas reações: a primeira é não acreditar que o fato possa ter ocorrido e a segunda équeixar-se que não aguenta mais tantos problemas que a menina traz. Todos estes sentimentos foram trabalhados e hoje Dora tem um bom convívio com Joana e uma empatia melhor para com a filha.
Percepção dos profissionais que trabalharam no caso
Neste caso trabalharam em conjunto a terapeuta, a coordenadora do CJ e uma outra psicóloga auxiliar. A coordenadora do CJ se mostrou participativa no caso de Joana, oferecendo subsídios para que a terapeuta pudesse trabalhar com a família, como nos casos das agressões e do abuso sexual sofrido pela garota.
A psicóloga auxiliar trabalhou com a família a importância de não haverem agressões no âmbito familiar, pois a menina apresentava grandes hematomas que foram percebidos na escola. É interessante ressaltar que houveram dois momentos em que foram relatados agressões por parte do padrasto de Joana e que os profissionais optaram por não denunciar os responsáveis por acreditarem que os danos do o afastamento do âmbito familiar seriam maiores de que se os fatos fossem trabalhados.
A terapeuta responsável pelo caso se mostrou bastante passiva quanto a todo o processo de terapia chegando a afirmar sentir-se de mão atadas referente ao caso. A questão do lúdico foi de suma importância durante o processo de terapia, pois foi a forma encontrada pela profissional de trabalhar com Joana, foi a maneira que ela utilizou para se conectar com a mesma. Não houve também uma transferência definida por parte de Joana, pode-se observar pelo fato de a menina não conversar com a terapeuta, não relatando as agressões sofridas pelo padrasto.
Os sonhos de Joana poderiam também ser trabalhados, mas não consta nada em relatório. A menina chegou a relatar que ouvia vozes, mas este fato também foi negligenciado pela profissional.
Minha percepção do caso
Joana foi muito negligenciada por sua mãe durante toda sua infância, começando por quando foi colocada em um abrigo, a mãe alega que a menina dava bastante trabalho mas em nenhum momento reclama dos outros irmãos de Joana.
É fato que toda a vida pregressa de Joana contribuiu bastante para a pessoa que ela se tornou, mas a falta de cuidados e atenção da mãe foram os colaboradores para que a menina estivesse à margem da sociedade.
Em relação as agressões sofridas por Joana, concordo que em um primeiro momento chamar a atenção dos responsáveis é no mínimo necessário, mas eu advertiria que se caso o mesmo ocorresse novamente uma denúncia seria realizada. 
Não concordo que o ambiente em que Joana se encontrava fizesse bem à garota, pois a mesma sofreu diversas adversidades nele e os responsáveis culpavam a garota até mesmo pelo abuso sexual que a garota sofreu. Seria melhor que uma medida preventiva fosse tomada para que futuros transtornos fossem evitados. Apesar de entender que é importante trabalhar com a família de todas as formas possíveis, o caso de Joana tende a demonstrar que tais transtornos continuarão, se observarmos a evolução dos problemas em que ela está relacionada, uma atitude severa evitaria maiores desavenças.

Continue navegando