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FACULDADE UNINASSAU CURSO DE GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA DISCIPLINA: PSICOLOGIA COGNITIVO COMPORTAMENTAL ESTUDO DE CASO ALUNO MATRÍCULA DISCIPLINA DATA DA PROVA PROFESSOR TIPO DE PROVA TURMA CÓDIGO DA TURMA NOTA CCG-MDL-13 Versão 01Caso Rita Rita tem 28 anos, é solteira, estudante de fisioterapia de último ano. Faz um estágio em um hospital geral e é bastante dedicada. Vive na casa dos pais e tem duas irmãs de 36 anos, e 35 anos, ambas com vida independente. O pai de Rita tem um pequeno comércio e a mãe é uma professora aposentada por invalidez (questões psiquiátricas). Tem boa relação com o pai, o qual considera carinhoso e preocupado com ela. Desde muito pequena tem grandes atritos com a mãe, que considera pessoa muito difícil, fria e agressiva. A mãe é muito religiosa e segue a doutrina à risca, exigindo que todos da família façam o mesmo. Com as irmãs tem relacionamento ambíguo, oscilando entre momentos de grande carinho e outros de total desprezo de sua parte, sente que foi abandonada por elas, quando saíram de casa. A gravidez de Rita não foi desejada. Ocorreu porque a mãe se negava a usar contraceptivos pois acreditava ser pecado. Na época do nascimento de Rita, a mãe se aposentou por descontroles emocionais (agrediu um aluno na sala de aula). Durante a infância, Rita sofreu violência física e psicológica da mãe, assim como suas irmãs. O pai de Rita confirma que Rita era o principal alvo de agressividade e hostilidade da esposa e que a violência se estendeu até a primeira internação da filha, aos 16 anos quando se iniciaram as tentativas de suicídio. Quem procura o atendimento é o pai de Rita em virtude da quarta internação psiquiátrica da filha por tentativa de suicídio. Todas as tentativas de suicídio ocorreram após discussões de Rita com sua mãe. As duas primeiras tentativas ocorreram com cortes em pulso e coxas (16 e 18 anos), e a penúltima (20 anos) e a última e a mais grave de todas (aos 28 anos) por uso abusivo de medicações psiquiátricas. A primeira tentativa ocorreu logo após a saída das irmãs de casa, em uma discussão familiar, o pai não deu razão para Rita. Passou rapidamente pela sua cabeça que ninguém a entende, ninguém a protege. Sentiu-se vulnerável e frágil, triste e bastante ansiosa. Rita fez cortes nos braços. É como se ao não conseguir lidar com a dor, só restasse o suicídio. O psiquiatra que acompanhou Rita nesta sua última internação, informou a esta e aos seus pais que o diagnostico era de Transtorno Borderline. Ela teria de fazer tratamento a vida toda. Esta informação fez com que o pai de Rita buscasse atendimento psicológico imediatamente após a alta hospitalar. Rita já passou por três outros atendimentos psicoterápicos, sempre os abandonando em tomo de 2 ou 3 meses após o início. Por último consultava um psiquiatra de posto de saúde que a medicava com estabilizadores de humor. Rita mostrava-se um tanto contrariada na primeira consulta, dizendo que não acreditava que as coisas fossem melhorar, pois sua mãe era o problema e esta não admitia nada. Sua queixa centrava-se, sobretudo, na falta de amor de sua mãe para com ela e de como era criticada por seus pais. A paciente demonstrava bom cuidado pessoal, vestia-se de modo não muito convencional e que chamava muito a atenção pelo apelo sexual de suas roupas. Entretanto, não demonstrava nenhum tipo de comportamento sedutor. Podiam ser vistas cicatrizes em seus braços que, conforme o relato da paciente, eram de cortes auto infringidos quando estava muito irritada ou triste. Disse que cortar-se era o único mecanismo que a acalmava. Dc\ Rita sempre teve ótimo desempenho acadêmico, destacando-se com boas notas e compromisso e responsabilidade. Seus interesses são leitura (lê vários romances e livros de terror) e assistir filmes em casa ou no cinema. Repetiu o último ano do ensino médio em virtude de ter ficado três meses internada por sua primeira tentativa de suicídio. Na faculdade, embora tenha bom desempenho, tem histórico de brigas verbais com alguns professores e com algumas colegas. Rita é guiada por ideias de que é preciso revidar para se defender. E tende a se afastar das pessoas para não ser machucada. Em uma ocasião, fez uma solicitação a uma professora muito querido por ela e não foi atendida. Na hora pensou que a professora devia achar ela uma “retardada”. Sentiu muita raiva e discutiu com a da professora de forma agressiva. Demonstra grande número de amizades, embora quase nenhuma duradoura. Rita culpa as amigas pelos afastamentos e queixa-se que quando as amigas têm algum namorado “a abandonam” (SIC). Tem facilidade de conhecer novos amigos, em alguns momentos agindo de modo um pouco precipitado e, até, colocando-se em risco (convida pessoas para ir a sua casa após conhecer na internet). Rita relata ter dito três namorados, sendo que o mais duradouro, foi o último, por 6 meses. É ela sempre quem termina os relacionamentos. Queixa-se da superficialidade das suas relações e gostaria de ter amizades mais profundas e duradouras. Rita teve seu primeiro relacionamento sexual aos 20 anos, com seu segundo namorado. Relata nunca ter se masturbado, demonstrando crenças restritivas quanto a esta pratica, a princípio aprendidas com sua mãe. Diz gostar de sexo, mas que é muito exigente para ir para cama com alguém, pois não quer ser “usada e abandonada depois” (SIC). Além da psicoterapia, recebeu terapia psicofarmacológica para controle de impulsos e para depressão (Paroxetina e Olanzapina). Aplicaram-se alguns instrumentos psicológicos como as Escalas Beck de depressão, desesperança e ideação suicida. Houve entrevistas com familiares da paciente (com o consentimento da mesma) para se investigar o grupo de apoio primário da mesma. Realizaram-se, concomitantemente a estas avaliações, as combinações do contrato de atendimento com a paciente, em que algumas normas básicas em termos de sua autopreservação foram acordadas. Durante as consultas Rita demonstrou se perceber como alguém vulnerável e solitária, chegando a se sentir diferente, como um alienígena ou uma coisa com defeito, alguém que não é amada e que sempre será abandonada. Tem um autoconceito de mulher inteligente, esforçada e que será uma boa profissional e poderá ajudar as pessoas. Contudo, entende que é incompetente quando a lidar com a dores emocionas. Acredita que seu bem-estar depende de como é tratada pelos outros, o que torna o futuro e as relações assustadoras. Tem dificuldade de confiar nas pessoas pois acham que elas podem machucá-la, e abandoná-la. A única pessoa confiável é a avó, sente que é a única pessoa que se preocupa com ela. Em uma sessão, Rita relatou o que ocorreu na última tentativa de suicídio. Rita discutiu com a mãe e a mãe a ignorou, como se ela não existisse. Lembra de ter ficado muito triste e sem esperança, chorou bastante, sentindo um aperto no peito e foi quando tomou todos os comprimidos que encontrou. Ao ser perguntada sobre o que passou pela cabeça no momento em que se viu ignorada, ela respondeu que pensou ser odiada pela mãe, que ela fazia aquilo para machucá-la e que não havia nada que ela pudesse fazer para mudar isso.