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A ESTABILIZAÇÃO DA TUTELA ANTECIPADA

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BREVES CONSIDERAÇÕES ACERCA DA ESTABILIZAÇÃO DA TUTELA
ANTECIPADA REQUERIDA EM CARÁTER ANTECEDENTE
Brief comments about the stabilization of the injunctive relief requested in previous
character
Revista de Processo | vol. 280/2018 | p. 185 - 209 | Jun / 2018
DTR\2018\14367
Lúcio Grassi de Gouveia
Doutor em Direito pela Universidade Clássica de Lisboa. Mestre em Direito pela UFPE.
Professor Adjunto III da Universidade Católica de Pernambuco (Graduação, Mestrado e
Doutorado). Pesquisador do Grupo de Pesquisa LOGOS (Processo, Linguagem e
Tecnologia da Universidade Católica de Pernambuco). Secretário Adjunto do Instituto
Brasileiro de Direito Processual (IBDP). Conselheiro Fiscal da Associação Brasileira de
Direito Processual (ABDPRO). Membro da Associação Norte-Nordeste dos Professores de
Processo (ANNEP). Juiz de Direito em Recife-PE. luciograssi13@gmail.com
Mateus Costa Pereira
Doutorando e Mestre em Direito Processual pela Unicap. Professor de Processo Civil da
Universidade Católica de Pernambuco (Unicap). Pesquisador do Grupo de Pesquisa
LOGOS (Processo, Linguagem e Tecnologia da Universidade Católica de Pernambuco).
Membro fundador e Diretor de Assuntos Institucionais da Associação Brasileira de Direito
Processual (ABDPro). Membro da Associação Norte-Nordeste de Professores de Processo
(Annep) e do Conselho Editorial da Revista Brasileira de Direito Processual (RBDPro).
Advogado. mateuspereira@abdpro.com.br
Área do Direito: Civil; Processual
Resumo: O presente artigo trata de questão relevante para o processo civil brasileiro e
pretende responder à seguinte pergunta: é possível uma interpretação que compatibilize
os artigos 303 e 304 do Código de Processo Civil brasileiro de 2015 na busca de soluções
adequadas para os problemas relativos à compreensão da estabilização da tutela
antecipada requerida em caráter antecedente? A cientificidade da pesquisa está
diretamente relacionada à determinação dos métodos de estudo. Tendo em vista seu
caráter teórico, será utilizado material preponderantemente bibliográfico, consideradas
monografias, teses e artigos científicos, de forma a coletarmos as informações mais
relevantes acerca do tema suscitado. No final do artigo, concluiremos que o aparente
paradoxo existente pode ser superado por uma interpretação que considere que tal
estabilização passa pela existência de um microssistema de técnica monitória formado
pelas regras da ação monitória e da tutela provisória, pela necessária distinção entre
estabilização e coisa julgada material e pela adequada fixação dos pressupostos para a
estabilização, de forma a dar utilidade prática a esse instituto inovador e relevante para
o processo civil brasileiro.
Palavras-chave: Processo civil – Estabilização – Tutela antecipada antecedente
Abstract: This article deals with an important question of the Brazilian civil procedure
and intends to answer the following question: is it possible to present an interpretation
that compatibilize articles 303 and 304 of the Brazilian Civil Procedure Code 2015 in the
search for appropriate solutions for problems related to the understanding of
stabilization of the injunctive relief requested in the pretrial phase? The scientific
research is directly related to the determination of study methods. Given its theoretical
character, this study will use mainly bibliographical material, including theses and papers
in order to collect the most relevant information. At the end of the article it will be
concluded that the apparent contradiction can be overcome by an interpretation that
considers that such stabilization involves the existence of a microsystem of monitoring
technique formed by the rules of monitory protection and injunctive relief, the necessary
distinction between stabilization and res judicata and the proper fixing of the conditions
for stabilization, to give practical value to this relevant and innovative institute for the
Breves considerações acerca da estabilização da tutela
antecipada requerida em caráter antecedente
Página 1
Brazilian civil procedure.
Keywords: Civil procedure – Stabilization – Preliminary injunctive relief
Sumário:
1.Introdução
São1 muitos os pontos polêmicos relativos ao estudo da tutela provisória no processo
civil brasileiro, merecendo especial destaque aquele referente à estabilização da tutela
antecipada requerida em caráter antecedente.
O presente artigo pretende responder à seguinte pergunta: é possível uma interpretação
que compatibilize os artigos 303 e 304 do Código de Processo Civil (LGL\2015\1656)
brasileiro de 2015 na busca de soluções adequadas para problemas relativos à
compreensão da estabilização da tutela antecipada requerida em caráter antecedente?
A cientificidade da pesquisa está diretamente relacionada à determinação dos métodos
de estudo. Para propiciarmos o aprofundamento temático, empregaremos o método
dedutivo, tendo em vista sua natureza doutrinária. Tendo em vista seu caráter teórico,
será utilizado material preponderantemente bibliográfico, com pesquisas em
monografias, teses e artigos científicos, de forma a coletarmos as informações mais
relevantes acerca do tema suscitado.
Muito se tem discutido a respeito da estabilização da tutela antecipada requerida em
caráter antecedente. A doutrina tem encontrado enormes dificuldades para
compatibilizar a interpretação/aplicação dos arts. 303 e 304 do CPC/2015
(LGL\2015\1656). Tentaremos, diante desses dois artigos do CPC/2015
(LGL\2015\1656), propor soluções para problemas que poderão surgir na interpretação e
aplicação da estabilização da tutela antecipada requerida em caráter antecedente por
juízes e tribunais brasileiros.
No final do artigo, concluiremos que o aparente paradoxo existente pode ser superado
por uma interpretação que considere que tal estabilização passa pela existência de um
microssistema de técnica monitória formado pelas regras da ação monitória e da tutela
provisória, pela necessária distinção entre estabilização e coisa julgada material e pela
adequada fixação dos pressupostos para a estabilização, de forma a dar utilidade prática
a esse instituto inovador e relevante para o processo civil brasileiro.
Em relação à classificação da tutela provisória, Leonardo Greco entende que o legislador
do CPC/2015 (LGL\2015\1656) a teria adotado por três critérios: o critério da natureza,
o critério funcional e o critério temporal. O critério da natureza da providência pleiteada
divide a tutela provisória em tutela de urgência, cautelar ou antecipada, e tutela de
evidência, em que esta se parece distinguir-se das outras, pela acentuada probabilidade
de existência do direito do autor ou pelo elevado valor humano desse direito, a merecer
proteção provisória independentemente de qualquer aferição de perigo de dano. Pelo
critério funcional, é a finalidade preponderante de preservação ou implementação de
alguma situação fática ou jurídica, na esfera do direito processual, para garantir a
eficácia da prestação jurisdicional na causa principal ou, diversamente, a imediata
investidura do requerente no gozo, ainda que provisório, parcial ou total, do bem da vida
almejado na causa principal, que subdivide a tutela provisória em cautelar ou
antecipada, podendo esta última ainda subdividir-se em tutela antecipada de urgência e
tutela antecipada de evidência. Tendo em vista a instrumentalidade intrínseca à tutela
provisória, o critério temporal a divide em antecedente e incidente, conforme seja
requerida antes ou no curso da ação principal. A tutela provisória antecedente pode ser
cautelar ou antecipada de urgência. A tutela provisória incidente pode ser cautelar ou
antecipada. A tutela provisória incidente antecipada pode ser de urgência ou de
evidência.2
Breves considerações acerca da estabilização da tutela
antecipada requerida em caráter antecedente
Página 2
Dessa forma, a tutela provisória (expressão usada pelo legislador) pode fundar-se na
urgência ou na evidência. As de urgência (satisfativas ou cautelares) exigem a
demonstração da probabilidade do direitoe do perigo de dano (ou de ilícito, em se
tratando de tutela inibitória) ou do risco ao resultado útil do processo (art. 300 do CPC
(LGL\2015\1656)), esta última expressão usada de forma inadequada pelo legislador, e
em face do posicionamento que adotamos de que as cautelares não seriam instrumentos
do instrumento, existindo um direito próprio a ser acautelado3. As de evidência (sempre
satisfativas) pressupõem a demonstração de que as afirmações de fato estejam
comprovadas, tornando o direito evidente (art. 311 do CPC (LGL\2015\1656)),
independentemente de demonstração do perigo de dano ou do risco ao resultado útil do
processo. As tutelas de urgência cautelares ou satisfativas podem ser concedidas de
forma antecedente ou incidental, considerando o momento em que o pedido de tutela
provisória é formulado, em comparação com o da tutela definitiva. A tutela provisória
satisfativa antecedente dá início ao processo no qual se pode, futuramente, requerer a
tutela definitiva, visando a adiantar seus efeitos (mandamentais ou executivos). Eduardo
Costa afirma que seria uma decisão mandamental ou executiva de eficácia imediata de
declaração4. A demonstração da ocorrência concreta do periculum in mora não pode
autorizar a declaração de nulidade de um contrato, a constituição de uma servidão de
passagem, a condenação ao pagamento de indenização e a anulação de um casamento,
mas admite que a situação de fato seja esvaziada de todas as circunstâncias que
ameaçam tolher o direito do autor5.
Ressaltamos que tanto o art. 303 quanto o art. 305 do CPC/2015 (LGL\2015\1656), que
tratam dos procedimentos para a tutela antecipada e tutela cautelar requeridas em
caráter antecedente, com regimes bem diversos, exigem que na petição inicial o autor
indique o pedido de tutela final, a lide e o seu fundamento, respectivamente. Tal
previsão é importante, pois se o legislador agora enquadrou ambas no gênero tutela de
urgência e incluiu em seu suporte fático a probabilidade do direito e o perigo de dano ou
risco ao resultado útil do processo, por outro lado, no caso das tutelas de urgência
antecedentes, há necessidade de distinção entre ambas em virtude da completa
diferenciação de procedimentos, a começar pelo fato de que a satisfativa antecedente
estabiliza e a cautelar não6. Tal providência visa a impedir que uma providência que
aparentemente é satisfativa antecedente e atingiu estabilização se torne cautelar em
virtude da apresentação futura de um pedido principal inadequado.
Ao trazer para o CPC/2015 (LGL\2015\1656) a técnica da tutela antecipada satisfativa
antecedente, o legislador instituiu um procedimento em que o autor pode obter tal
tutela, de forma eficiente e rápida, autonomizada e voltada a atingir estabilidade, se
assim requerido pelo autor e diante da ausência de impugnação pelo réu. Veremos que o
fato de parte da doutrina brasileira apontar que esse procedimento se apresenta como
integrante de um microssistema de técnica monitória não pode cegar-nos quanto às
distinções que devem ser apontadas entre a técnica monitória e a técnica da
estabilização.
A tutela monitória foi criada para situações em que, ausente título executivo, haja forte
aparência de que aquele que se diz credor tenha razão. Busca-se, a partir do
procedimento monitório, a rápida formação de título executivo, funcionando como atalho
para o processo de execução, naqueles casos em que cumulativamente há concreta e
marcante possibilidade de existência do crédito e o réu, regularmente citado, não
apresenta defesa alguma. Sua função essencial, no direito brasileiro, é acelerar o
surgimento de autorização para executar7.
Foi acolhida a proposta doutrinária que emprega técnica do contraditório eventual já
presente no procedimento monitório com o fim de autonomizar e estabilizar a tutela
antecipada fundada na urgência8. Partindo do modelo adotado para a ação monitória
(arts. 700 a 702 do CPC (LGL\2015\1656)), em que se viabiliza a obtenção de resultados
práticos no processo a partir da inércia do réu, em casos em que há concreta e marcante
possibilidade de existência do direito do autor, aferida mediante cognição sumária,
Breves considerações acerca da estabilização da tutela
antecipada requerida em caráter antecedente
Página 3
identifica-se a técnica de monitorização do processo civil brasileiro. Preconiza-se a
existência de um microssistema de técnica monitória formado pelas regras da ação
monitória e da tutela provisória9. Saliente-se que a ação monitória, mediante cognição
exauriente, visa à formação de coisa julgada material e a tutela provisória de urgência
satisfativa antecedente, mediante cognição sumária, visa apenas à estabilização da
decisão. Estabilizada a tutela provisória, a cognição exauriente poderá ficar para outra
oportunidade, por meio da ação prevista nos §§ 2º e 5º do art. 304 do CPC
(LGL\2015\1656), movida por qualquer das partes, se assim pretenderem. Nessa
perspectiva, inverte-se o ônus da instauração do processo de cognição exauriente10, já
que o réu, para subtrair-se aos efeitos práticos da medida urgente, deverá promovê-lo,
sem prejuízo da iniciativa do autor que pretender obter confirmação da tutela provisória
mediante decisão que produza coisa julgada material.
Assiste, porém, razão a Heitor Sica, que aponta três claras diferenças entre a técnica
monitória e a técnica da estabilização: i) a desnecessidade de demonstração de urgência
para manejo do processo monitório; ii) no processo monitório, a efetivação da decisão
sumária ocorre apenas após a estabilização, ao passo que na da tutela antecipada sua
eficácia é liberada mesmo antes da estabilização; e a iii) desnecessidade de prova
escrita de obrigação líquida e certa para pleitear a tutela antecipada urgente satisfativa
em caráter antecedente, embora seja difícil imaginar que o autor convença o juiz da
probabilidade de seu direito sem qualquer prova escrita11.
Em face da monitorização do procedimento e em aplicação analógica do art. 702, § 1º,
do CPC (LGL\2015\1656), que afirma que os embargos à ação monitória podem se
fundar em matéria passível de alegação como defesa no procedimento comum,
concordamos com Mitidiero12, que defende que essa ação exauriente é simples
prosseguimento da ação antecipada antecedente, pelo que não haverá inversão do ônus
da prova, cabendo ao autor da antecedente, que agora poderá ser réu da exauriente,
provar os fatos constitutivos do seu direito e ao réu da antecedente, que agora poderá
ser autor da exauriente, provar fatos impeditivos, modificativos ou extintivos do direito
do autor da antecedente. Tal posição tem por fundamento a ideia do contraditório
eventual que ocorre em face da monitorização do procedimento, que não poderia
resultar na inversão do ônus da prova causando situação de extrema dificuldade para o
autor da ação exauriente.
A opção de conceder estabilidade às medidas antecipatórias foi adotada pelo sistema
processual italiano, inspirada no sistema dos référés franceses, com o intuito de afastar
os males decorrentes da excessiva demora para se obter decisão definitiva da lide, bem
como evitar a propositura de processos principais quando as partes estivessem
satisfeitas com o provimento obtido em sede de antecipação de tutela. Para tanto, foi
alterado o CPC italiano em 2005, dando-se nova redação aos seus artigos 669-octies e
669-novies, estabelecendo-se que, uma vez deferida a tutela antecipada, tal decisão não
perderá sua eficácia caso não proposto o processo principal no prazo peremptório
previsto por lei, adquirindo estabilidade e, por consequência, perdendo seu caráter
instrumental e acessório. Assim, tornou-se facultativa a propositura do processo
principal tanto pelo requerente como pelo requerido, que irão ajuizá-lo apenas se
tiverem interesse na continuidade do processo para obter decisão definitiva sobre a
questão já apreciada sumariamente13. Concedida a tutela provisória de urgência
satisfativa antecedente, não havendo impugnação do réu e uma vez efetivada
integralmente a medida, o processo será extinto semapreciação do mérito e a
providência urgente deverá manter sua eficácia por tempo indeterminado. O direito de
rever, reformar ou invalidar a tutela antecipada, previsto no § 2º desse artigo, cessará
após dois anos, contados da ciência da decisão que extinguiu o processo, nos termos do
§ 1º. Ocorre, assim, a estabilização da tutela urgente satisfativa antecedente. Por força
de lei, não cabe o regime da estabilização para as tutelas provisórias de urgência
cautelares nem para as tutelas provisórias de evidência. Nos termos do art. 1.015, inc. I,
do CPC (LGL\2015\1656), o recurso cabível contra decisão concessiva da antecipação de
tutela é o agravo de instrumento, no primeiro grau; agravo interno no segundo grau;
Breves considerações acerca da estabilização da tutela
antecipada requerida em caráter antecedente
Página 4
sendo possível, ainda, em certos casos, consideradas as restrições do Enunciado 735 da
Súmula do STF, o uso dos recursos extraordinário e especial contra decisões de
tribunais. Não interpostos tais recursos pelo réu, estabiliza-se a decisão.
A estabilização não se confunde com coisa julgada, nos termos do § 6º do art. 304 do
CPC (LGL\2015\1656), já que não houve cognição suficiente para tanto, cabendo
inclusive a extinção do processo sem apreciação do mérito, por sentença, com
preservação dos efeitos da decisão provisória, que terá os efeitos estabilizados. Difere a
estabilização da coisa julgada, que recai sobre o conteúdo (declaratório) da decisão, que
se torna indiscutível, e não sobre seus efeitos. Trata-se de hipótese de tutela sumária
definitiva, que em contraposição à tutela sumária provisória, tem eficácia plena
independentemente de ulterior confirmação por sentença proferida com base em
cognição exauriente14.
Não poderíamos deixar de reconhecer aqui a possibilidade de que certas tutelas
antecipadas possam ensejar, no plano pragmático, resultado prático equivalente àquele
pretendido por meio da decisão final do processo, ou seja, poderá esgotar os efeitos
concretos da ação principal. Muitas vezes, tal ordem provisória mostra-se, no caso
concreto, a única via processual para impedir a perda irreparável (“unwiederbringlicher
Rechtsverlust”) do direito. Coloca-se o juiz numa situação difícil, pois ou aceita decidir o
pedido de tutela de urgência satisfativa que produz efeitos tão marcantes no campo
pragmático ou deixa que a passagem do tempo crie por si mesma uma situação jurídica
irreparável e irreversível. Na dúvida, deve escolher a solução que se apresente conforme
o princípio da tutela jurisdicional efetiva15. Nesses casos o tempo é fator decisivo e a
antecipação realizada poderá apresentar efeitos fáticos definitivos, sendo a decisão
provisória porque proferida com base em cognição sumária. Pense-se no caso de
concessão de autorização para determinado candidato participar de guia eleitoral na
televisão, que se encerra em alguns poucos dias. Ora, mesmo que ele se comprometa a
formular o pedido principal e permitir que o juízo realize a cognição exauriente da
matéria, a concessão de liminar satisfativa praticamente esgota, em termos práticos,
aquilo que o autor está buscando com o pedido principal. Através desse ele postulará o
reconhecimento (declaração) do direito de participar do guia; mas o efeito
mandamental, tão importante do ponto de vista pragmático, já terá sido antecipado.
O juiz que deferiu a liminar foi aquele que efetivamente solucionou em termos
pragmáticos o conflito, apesar de tê-lo feito em cognição sumária em virtude da
impossibilidade de aguardar a discussão do mérito em cognição exauriente. Para casos
como esses, a estabilização funciona muito bem, pois podem as partes não ter mais
qualquer interesse no julgamento do pedido principal futuro.
No contencioso administrativo francês fala-se em procedimentos de urgência que podem
resultar em decisões de mérito definitivas – processos que estariam num ponto de
ruptura com o conceito de réferé e traduzem a aceitação, por parte dos intervenientes
no contencioso administrativo francês, de uma clara opção por uma justiça sumária em
vez da justiça produzida de forma demorada por tribunais colegiais, em processos
normais. São eles: a) em matéria de “domicilie de secours” respeitante a ajuda social, b)
“ le prononcé de condamnations em matière d’audiovisueles ” pelo qual, entre outras
medidas, se poderá proibir a exibição de um filme erótico na televisão em horário de
grande audiência, c) “ le pouvoir d’annuler les arrêtés de reconduire des étrangers à la
fronteire ” (ou seja o processo referente à anulação das decisões de recondução de
estrangeiros à fronteira, cuja decisão de fundo será emitida em 48 horas) e d) o “réferé
précontractuel”16.
Como afirmam Roberto Campos Gouveia, Ravi Peixoto e Eduardo Costa, o entendimento
mais adequado parece ser o de que, mesmo após os dois anos, não haverá formação de
coisa julgada material. Além da dicção expressa do art. 304, § 6º, é preciso perceber
que o próprio procedimento não foi construído para a produção da coisa julgada. O seu
objetivo não é esse, mas tão somente o de satisfação fática da parte. Afinal, se o
objetivo da parte é o de obter a coisa julgada material, tem-se o procedimento comum
Breves considerações acerca da estabilização da tutela
antecipada requerida em caráter antecedente
Página 5
para tanto. Impor a formação de coisa julgada material no procedimento de antecipação
de tutela antecedente é tentar encaixar antigos conceitos a fórceps no fenômeno da
estabilização. Trata-se de uma forma de simplificar a estabilização17.
Para esses autores, decorridos dois anos da estabilização da tutela antecipada
antecedente, não há coisa julgada e nem se pode admitir o ajuizamento de ação
rescisória. O que se tem é um fenômeno novo, com características próprias – a
imutabilidade das eficácias antecipadas. Trata-se de um meio caminho entre a ampla
mutabilidade das decisões antecipatórias incidentais e a coisa julgada material. Ele
impede que, pela impossibilidade relativa de se discutir o dictum da decisão
antecipatória, se alterem, de modo forçado a seu beneficiário, as eficácias antecipadas:
a derrubada de um muro, a devolução de um determinado bem18.
Estabilizada a decisão e no prazo de dois anos contados da ciência da decisão que
extinguiu o processo, nos termos do § 1º do art. 304 do CPC (LGL\2015\1656),
quaisquer das partes poderão propor ação autônoma com o intuito de rever, reformar ou
invalidar a tutela antecipada estabilizada nos termos do caput do art. 304 do CPC
(LGL\2015\1656). O autor poderá buscar até mesmo a sua confirmação, dessa vez por
decisão fruto de cognição exauriente com aptidão para fazer coisa julgada material. O
réu que se manteve inerte poderá, agora, retomar a discussão da matéria. Dessa forma,
inverte-se o ônus do tempo em desfavor do réu que não impugnou a anterior decisão
concessiva de tutela provisória de urgência satisfativa antecedente, que conserva seus
efeitos enquanto não revista, reformada ou invalidada por decisão de mérito a ser
proferida nessa ação autônoma. Para instruir a inicial da ação autônoma, quaisquer das
partes podem requerer desarquivamento dos autos em que foi proferida decisão
anterior. Deverá essa ação ser proposta, em face da prevenção, perante o juízo em que
a tutela antecipada foi concedida (art. 304, § 4º, do CPC (LGL\2015\1656)).
Concordamos com Heitor Sica, para quem, passados dois anos da decisão extintiva do
feito, produz-se uma estabilidade qualificada. Reconhece que a explicação de tal
fenômeno repousaria na decadência, tal como ocorre com a rescisória, de modo que a
extemporaneidade da demanda promovida com base no art. 304, § 2º levaria à extinção
do feito com fundamento no art. 487, II, do CPC (LGL\2015\1656)19.
Enfim, estabilização e coisa julgada são fenômenos diversos. Passemos agora à análise
dos pressupostos necessários para a estabilização.
O primeiro pressuposto à estabilização tem relação com o pedido do autor. Nos termos
do § 5º do art. 303 do CPC (LGL\2015\1656), o autor indicarána petição inicial que
pretende valer-se do benefício previsto no caput desse artigo e, em simultâneo, deverá
manifestar interesse em não dar prosseguimento ao processo após concessão da tutela
antecipada; ou seja, fará clara e inequívoca opção pelo procedimento da tutela
provisória satisfativa antecedente que tem natureza estabilizável, abrindo mão do
prosseguimento do processo para obtenção de uma decisão fruto de cognição exauriente
a ser protegida pelo manto da coisa julgada material. O réu precisa também saber de
antemão qual a intenção do autor, evitando-se assim que seja surpreendido.
Considerando que o 303, § 5º, tem aplicação à tutela antecipada em caráter
antecedente, defendemos sua aplicação à estabilização, no intuito de resguardar a
posição do demandado – conforme será objeto de análise, o réu precisa ter ciência da
intenção do autor a fim de avaliar se permitirá a estabilização, uma vez que a
estabilização seguida da extinção do processo também poderá lhe ser proveitosa.
Havendo cumulação de pedidos, não caberá estabilização da tutela antecipada parcial,
ou seja, não poderá ser concedida a tutela satisfativa antecedente para um deles, sujeita
ao regime de estabilização em dois anos, com prosseguimento do processo em relação
ao(s) outro(s), nos casos de cumulações simples ou sucessiva. É que havendo
continuidade do processo, a decisão antecipatória da tutela poderá ser revogada no
curso do processo ou na própria decisão final, não havendo possibilidade nem
necessidade do ajuizamento de ação autônoma para sua revisão, reforma ou invalidação
Breves considerações acerca da estabilização da tutela
antecipada requerida em caráter antecedente
Página 6
(ou mesmo confirmação), nos termos do art. 304, § 2º. O processo deverá ter
continuidade para julgamento do mérito e a tutela antecipada parcial deverá ser
confirmada ou revogada pela sentença.
Quanto ao conteúdo da petição inicial, estando presente a situação de urgência no
momento da propositura da ação, tal situação autoriza que o autor se limite a requerer a
tutela provisória de urgência antecedente, que dá início ao processo no qual poderá ser
obtida, ou não, no futuro, a tutela definitiva. Por meio de um requerimento anterior à
formulação do pedido de tutela definitiva o autor busca apenas antecipar os efeitos
práticos (executivos e mandamentais) da futura tutela satisfativa definitiva. Pede-se a
tutela provisória e depois a definitiva, tudo no mesmo processo. Pode acontecer, ainda,
de o autor formular de logo seu requerimento de tutela provisória antecipada em petição
inicial completa, que já contém o pedido de tutela satisfativa definitiva, que não
necessitará de aditamento posterior. Nesse caso, restando claro que se contenta com a
estabilização, nada obsta a aplicação do regime estabilizatório. Dessa forma, o CPC de
2015 cria a possibilidade de o autor explicitar na inicial que pretende valer-se do
benefício previsto para a concessão de tutela de urgência satisfativa em caráter
antecedente, nos termos do art. 303, § 5º, do CPC (LGL\2015\1656), regime que
permitirá sua sujeição ao regime da estabilização previsto no art. 304 e parágrafos do
CPC (LGL\2015\1656). No ponto, é importante esclarecer que não defendemos que os
arts. 303 e 304 sejam uma amálgama (de interpretação/aplicação consorciada), vale
dizer, que a opção pelo regime antecedente disciplinado pelo primeiro conduziria,
necessariamente, a opção pelo regime da estabilização (art. 304); para nós, uma
compreensão nesse sentido restringiria, injustificadamente, a facilitação ao acesso à
justiça (à tutela de urgência satisfativa) açambarcada pelo art. 303, CPC
(LGL\2015\1656)20, sendo uma interpretação que diminui as potencialidades do regime
antecedente. Veremos adiante que a aplicação do regime estabilizatório pressupõe a
ausência de impugnação do réu e acarretará a extinção do processo sem apreciação do
mérito, por sentença, com estabilização da decisão, podendo ser a decisão revista,
reformada, invalidada, ou mesmo consolidada21, em ação própria movida por quaisquer
das partes no prazo de dois anos.
Deve o autor requerer na inicial a tutela antecipada, indicando também o pedido de
tutela definitiva ou final, que será formulado no prazo previsto em lei para o aditamento
(art. 303, § 1º, inc. I, do CPC (LGL\2015\1656)), com exposição sumária da causa de
pedir, do direito que se busca realizar e do perigo de dano ou de ilícito22, ou ainda do
risco ao resultado útil do processo (expressão usada pelo legislador). Deve indicar ainda
o valor da causa, considerado para efeito do cálculo o pedido de tutela final ou definitiva
que pretende formular (art. 303, § 4º, do CPC (LGL\2015\1656)). Deve explicitar que
pretende valer-se do benefício previsto para a concessão de tutela de urgência
satisfativa em caráter antecedente, nos termos do art. 303, § 5º, do CPC
(LGL\2015\1656). Caso haja documentos imprescindíveis à concessão da tutela
antecipada antecedente, deverá juntá-los com a inicial, podendo os demais ser
acostados aos autos quando do aditamento posterior.
Requerida a concessão de liminar pelo autor, o juiz poderá concedê-la com ou sem a
oitiva da parte contrária, ou após justificação prévia. Diante do amplíssimo contraditório
veiculado pelo CPC de 2015, defendemos a excepcionalidade da concessão de liminares
inaudita altera parte. As exceções ao art. 10 do CPC (LGL\2015\1656), que exige oitiva
prévia da parte contrária como regra, estão previstas no art. 9º do mesmo CPC
(LGL\2015\1656) e se aplicam para a tutela provisória de urgência, tutela de evidência
nos casos do art. 311, incisos II e III e decisão do art. 701 do CPC (LGL\2015\1656),
que se refere à tutela da evidência para expedição de mandado de pagamento, de
entrega de coisa ou para a execução de obrigação de fazer ou não fazer em ação
monitória. Mesmo nesses casos, temos defendido que a concessão de liminares sem
oitiva da parte contrária somente se justificaria diante da impossibilidade de aguardar a
manifestação do réu, sendo medida excepcionalíssima. Assim, mesmo nessas hipóteses
excepcionais do art. 9º, o juiz deverá ouvir a parte contrária, nos casos em que a oitiva
não comprometer a efetividade da medida. Poderá o juiz exigir, conforme o caso, caução
Breves considerações acerca da estabilização da tutela
antecipada requerida em caráter antecedente
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real ou fidejussória idônea para ressarcir os danos que a outra parte possa sofrer,
autorizada sua dispensa caso a parte economicamente hipossuficiente não puder
prestá-la (art. 300, §§ 1º e 2º, do CPC (LGL\2015\1656)). A tutela de urgência
antecipada não deverá ser concedida quando houver perigo de irreversibilidade dos
efeitos da decisão, o que tem sido visto com ressalvas, em nome da aplicação do
postulado normativo da proporcionalidade (§ 3º do art. 300 do CPC (LGL\2015\1656)),
evitando-se assim que o autor sofra mal maior com a denegação do que aquele que
seria causado ao réu com a concessão.
O segundo pressuposto à estabilização tem relação com a decisão em si. É que só
haverá estabilização para decisão concessiva de tutela provisória satisfativa
antecedente, concedida, na primeira instância como em grau de recurso, antes do
aditamento da inicial para complementação da causa de pedir e formulação de pedido
definitivo23. Mas a circunstância de se ter realizado justificação prévia, antes da
concessão da liminar, nos termos do art. 300, § 2º, do CPC (LGL\2015\1656), não
impede que a mesma decisão atinja a estabilidade.
O terceiro pressuposto à estabilização tem relação com a atitude adotada pelo réu
quando citado e intimado após a concessão da medida. Dispõe o art. 304 do CPC
(LGL\2015\1656) que concedida a tutela antecipada, nos termos do art. 303 do CPC
(LGL\2015\1656), torna-se estável se da decisão que a conceder não for interposto o
respectivo recurso. Aplicar-se-ia ao caso o agravo de instrumento no primeiro grau,
agravo interno das decisões monocráticas nos tribunais, sendo possível, ainda, em
certos casos, consideradas as restriçõesdo Enunciado 735 da Súmula do STF, o uso dos
recursos extraordinário e especial contra decisões de tribunais. Saliente-se que pode ser
viável a interposição de embargos declaratórios com efeitos infringentes.
Não interpostos tais recursos pelo réu, estabiliza-se a decisão.
Entendemos razoável o entendimento da doutrina que tem exigido não só a ausência de
interposição do recurso tempestivo, mas também que o réu não tenha se valido de
nenhum outro meio de impugnação da decisão, pedido de suspensão de segurança,
pedido de reconsideração, antecipação da defesa, comparecimento à audiência de
conciliação e de mediação ou mesmo reclamação24, malgrado não haja um consenso em
torno de todos os instrumentos citados. Tal entendimento ampliativo privilegia a
manifestação inequívoca do réu de prosseguimento do processo e evita o uso do agravo
de instrumento (ou de outro recurso, conforme a natureza do pronunciamento judicial)
quando, de outro modo, restar evidenciada a intenção do réu nesse sentido. Admitida
pelo magistrado outra manifestação diversa do recurso, deverá ocorrer no prazo do
recurso cabível. Recomendamos, porém, que num primeiro momento a parte ré use
efetivamente o recurso (em sentido técnico) para impugnar tal decisão, tendo em vista a
opção do legislador por esse meio impugnativo e o grande número de magistrados a
interpretar literalmente o dispositivo.
Para obstar a estabilização, não há necessidade de que o recurso tenha sido provido,
bastando ter sido admitido. Nesse sentido, veja-se o Enunciado 28 da ENFAM, “admitido
o recurso interposto na forma do art. 304 do CPC/2015 (LGL\2015\1656), converte-se o
rito antecedente em principal para apreciação definitiva do mérito da causa,
independentemente do provimento ou não do referido recurso”.
A estabilização não ocorrerá caso o réu inerte tenha sido citado e intimado por edital ou
hora certa, se estiver preso ou for incapaz sem representante ou em conflito com ele.
Nesses casos será necessária a designação de curador especial que terá o dever
funcional de promover sua defesa, mesmo que genérica, impugnando a decisão
concessiva da tutela antecipada satisfativa concedida. Não haverá estabilização quando,
apesar da inércia do réu, a demanda for devidamente respondida e a tutela antecipada
concedida antecedentemente for questionada por quem se apresente como assistente
simples do réu ou por litisconsorte cujos fundamentos de defesa aproveitem também ao
réu inerte25.
Breves considerações acerca da estabilização da tutela
antecipada requerida em caráter antecedente
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É importante destacar que a estabilização também não ocorrerá se o réu não for
cientificado da possibilidade de sua ocorrência, uma vez que não poderá ser
surpreendido – vedação à decisão-surpresa26.
Como vimos, o autor deve ressaltar na inicial que se contenta com o regime
estabilizatório, caso em que dispensa o julgamento do pedido principal. Sabendo o réu,
de antemão, que o autor se contenta com a estabilização da tutela satisfativa
antecedente e que dispensa a apreciação do pedido principal, poderá não impugnar a
decisão concessiva da tutela de urgência, caso em que teremos um negócio jurídico
processual plurilateral e o processo será extinto sem resolução do mérito, por sentença,
com a estabilização. Em havendo impugnação, o processo deverá prosseguir até atingir
o julgamento final por sentença que aprecie o mérito, suscetível de fazer coisa julgada
material.
Esse tem sido um dos grandes obstáculos ao adequado entendimento da estabilização da
tutela satisfativa antecedente. Concedida e não estabilizada ou não concedida a tutela
satisfativa antecedente, e somente nesses casos, deverá o autor aditar a inicial, em 15
dias (ou em outro prazo maior que o juiz fixar) ou cinco dias, respectivamente. Em
havendo prosseguimento, o processo continuará até o julgamento final, estando a
sentença apta a produzir coisa julgada material, sem estabilização da tutela satisfativa
antecedente.
Apesar da confusão que o texto legal pode causar, não há sentido em se obrigar o autor
a emendar a inicial quando autor e réu se contentam com a estabilização e não
pretendem que o mérito seja discutido e julgado, com formação de coisa julgada
material. O princípio da eficiência nesse caso impede o juiz de praticar atos inúteis no
processo e que serviriam apenas para causar tumulto e sem qualquer finalidade prática
27.
Não havendo opção pelo regime da estabilização e somente nesse caso, o aditamento da
inicial trará novos elementos para propiciar o julgamento do processo com obtenção da
tutela definitiva, fruto de cognição exauriente, voltada à obtenção da coisa julgada
material. Porém, a promoção do aditamento da inicial é incompatível com o regime da
estabilização.
Concordamos com a solução apresentada por Marco Paulo Denucci Di Spirito, que tem
defendido que o julgador realize uma avaliação prospectiva com supedâneo nas regras
gerais, antecipando a organização em pauta, fazendo consignar, já na decisão
concessiva da tutela antecipada em caráter antecedente, que o autor deverá aditar a
inicial nos termos do art. 303, § 1º, I, dentro de “x” dias, contados do integral
escoamento do prazo indicado no art. 304, in fine, caso o réu se manifeste
oportunamente. Seria assim o autor intimado a aditar a inicial, caso o réu apresente
objeção no prazo para interposição do agravo de instrumento (art. 1003, § 5º). Dessa
forma, o aditamento deverá ocorrer, independentemente de nova intimação, no prazo de
até 15 dias, tendo por termo a quo o primeiro dia útil subsequente ao efetivo
escoamento do prazo a que alude o art. 1003, § 5º, do CPC (LGL\2015\1656). Outra
opção possível seria a positivação, na oportunidade da decisão concessiva da tutela
satisfativa antecedente, de determinação à secretaria judiciária para verificar a
interposição do agravo de instrumento, ou a realização de outra manifestação do réu no
prazo para esse recurso, e intimar o autor sobre a ocorrência de qualquer um desses
atos. É importante que o magistrado faça constar que o prazo para o aditamento da
inicial será contado a partir dessa intimação28, mas não antes. Essa compreensão dos
institutos tem em mira a compatibilização dos arts. 303 e 304, preservando, como
dantes referido, a situação jurídica do réu, que não poderá ser surpreendido pela
estabilização – não requerida – no futuro; outrossim, evita que o autor precise aditar a
inicial (condicionalmente, caso pretenda a estabilização), apenas para evitar a extinção
do processo nos termos do art. 303, § 2º.
Breves considerações acerca da estabilização da tutela
antecipada requerida em caráter antecedente
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Em caso de rejeição da tutela provisória antecipada antecedente, o juiz determinará a
intimação do autor para que promova o aditamento (o legislador denomina, de forma
equivocada, de emenda da inicial, como se a rejeição da tutela resultasse,
necessariamente, de um problema ligado à admissibilidade da demanda) da inicial em
cinco dias. O autor terá a oportunidade de complementar a causa de pedir, confirmar
pedido de tutela definitiva e trazer documentos indispensáveis à propositura da demanda
ainda ausentes (art. 303, § 6º, do CPC (LGL\2015\1656)). No caso de descumprimento
e apesar da exiguidade do prazo, será a inicial indeferida com extinção do processo sem
resolução do mérito.
Concedida a tutela antecipada satisfativa, deverá o réu ser citado e intimado para,
cumpri-la, ou, querendo, impugná-la, o que geralmente fará por meio do recurso
próprio. Se a impugnação for admitida, afastado estará o regime da estabilização,
cabendo ao autor aditar a inicial em 15 dias.
Não ocorrendo a estabilização, seja porque o autor não se contenta com a mesma e
pretende o julgamento do mérito ou porque o réu impugnou a decisão, deverá o juiz,
primeiramente, intimar o autor para que, no prazo de 15 dias ou em outro maior por ele
fixado, promova o aditamento da inicial (art. 303, § 1º, I, do CPC (LGL\2015\1656)),
nos mesmos autos e sem incidência de novas custas (art. 303, § 3º, doCPC
(LGL\2015\1656)), de modo a complementar sua causa de pedir, confirmar seu pedido
de tutela definitiva, juntar novos documentos indispensáveis ou úteis para a apreciação
do pedido sob pena de extinção do processo (art. 303, § 1º, I, § 2º, do CPC
(LGL\2015\1656)); em seguida intimará o réu, já citado, para a audiência de conciliação
ou de mediação na forma do art. 334.
Não havendo composição, o prazo para contestação será contado na forma prevista no
art. 335 do CPC (LGL\2015\1656). Observe-se que o prazo de resposta do réu somente
poderá iniciar-se se ele tiver ciência inequívoca do aditamento da inicial pelo autor, para
que possa, no prazo mínimo de 15 dias, exercer seu direito de defesa de forma ampla.
Se a causa não admitir autocomposição, não sendo cabível a designação de audiência de
conciliação ou de mediação (art. 334, § 4º, II do CPC (LGL\2015\1656)), o prazo de
resposta só correrá da data em que for intimado do aditamento da inicial.
Tem natureza de sentença terminativa prevista no art. 485, inc. X a decisão que declara
estabilizada a tutela antecipada antecedente. Nesse ponto vislumbramos eficácia
declaratória. Não se enquadra nas hipóteses do art. 502, que reserva a formação de
coisa julgada material à sentença de mérito. Nessa sentença deverá o juiz condenar o
réu ao pagamento de custas e honorários advocatícios. Aqui vislumbramos a presença
da eficácia condenatória.
Quanto a esse tópico, Sica recusa paralelo com a ação monitória, já que nesta o
cumprimento espontâneo do mandado injuntivo pelo réu o isenta de responsabilidade
pelo custo do processo, tratando-se de um incentivo para o réu satisfazer de plano a
pretensão do autor. Quando se trata da técnica da estabilização, a ausência de recurso
não implica satisfação do autor, mas apenas a formação de título para execução
definitiva, de modo que não se poderia premiar o réu que deu causa à instauração do
processo com a isenção das verbas de sucumbência29.
Para impugnar tal sentença caberá apelação que será recebida com efeito suspensivo em
relação à condenação em tais verbas e apenas devolutivo se a parte ré pretender, por
exemplo, que o processo prossiga sem estabilização, porque faltantes os requisitos para
a ocorrência desta. Seria o caso do réu que impugnou a decisão concessiva da tutela de
urgência e que foi tratado no processo como se não o tivesse feito, por falha do
magistrado; seria demais exigir que ele tivesse que propor ação autônoma simplesmente
para provar que ingressou com agravo de instrumento contra a decisão. Nesse caso, a
tutela antecipada, durante a tramitação do recurso, produzirá seus efeitos normalmente.
Breves considerações acerca da estabilização da tutela
antecipada requerida em caráter antecedente
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Temos defendido que decisão estabilizada não se sujeita à remessa necessária. Prevê o
art. 496 do CPC (LGL\2015\1656) que cabe remessa necessária contra sentença. No
presente caso, a decisão que concede tutela antecipada não é sentença, mas decisão
interlocutória, e a decisão que extingue o processo nos termos do art. 304, § 1º, embora
seja sentença, é terminativa, não sendo considerada sentença proferida contra a
Fazenda Pública. Já decidiu o STJ que “o reexame necessário não é exigência
constitucional e nem constitui prerrogativa de caráter absoluto em favor da Fazenda,
nada impedindo que a lei o dispense, como, aliás, o faz em várias situações”30.
Dessa forma, apesar da estabilização, a decisão em si continua tendo natureza de tutela
de urgência, havendo incongruência clara entre o escopo desta e o regime da ineficácia
das decisões contrárias ao poder público antes de sua submissão ao reexame necessário
por instância superior.
Quanto à execução da tutela estabilizada, tem natureza definitiva.
É que concedida a tutela antecipada antecedente, admite-se de plano sua execução
provisória, nos termos do art. 297, parágrafo único, do CPC (LGL\2015\1656):
Art. 297 O juiz poderá determinar as medidas que considerar adequadas para efetivação
da tutela provisória.
Parágrafo único. A efetivação da tutela provisória observará as normas referentes ao
cumprimento provisório de sentença, no que couber.
Nesse ponto, observe-se que o juiz poderá exigir caução real ou fidejussória idônea para
ressarcir os danos que a outra parte possa vir a sofrer, podendo ser dispensada nos
casos de hipossuficiência econômica da parte, nos termos do § 1º do art. 300 do CPC
(LGL\2015\1656).
Atingindo a tutela antecipada antecedente a estabilização, tão logo extinto o processo
com fundamento no art. 304, § 1º, a execução será definitiva, não tendo sentido a
criação de restrições ao exequente que executa decisão atingida pela estabilização.
Passados dois anos da decisão extintiva do feito, produz-se o que a doutrina vem
chamando de estabilidade qualificada e, em face da decadência, não poderá mais ser
ajuizada a ação do art. 304, § 2º, do CPC (LGL\2015\1656), que será extinta com
fundamento no art. 487, inc. II, do CPC (LGL\2015\1656)31.
1. Ao trazer para o CPC/2015 (LGL\2015\1656) a técnica da tutela antecipada satisfativa
antecedente, o legislador instituiu um procedimento em que esta pode ser obtida de
forma eficiente e rápida, autonomizada e voltada a atingir estabilidade, se assim
requerido pelo autor e diante da ausência de impugnação pelo réu.
2. Foi acolhida proposta doutrinária que emprega técnica do contraditório eventual já
presente no procedimento monitório com o fim de autonomizar e estabilizar a tutela
antecipada fundada na urgência.
3. Difere a estabilização da coisa julgada material, que recai sobre o conteúdo
(declaratório) da decisão, que se torna indiscutível, e não sobre seus efeitos. Trata-se de
hipótese de tutela sumária definitiva, que em contraposição à tutela sumária provisória,
tem eficácia plena independentemente de ulterior confirmação por sentença proferida
com base em cognição exauriente.
4. O autor deve ressaltar na inicial que se contenta com o regime estabilizatório, caso
em que dispensa o julgamento do pedido principal. Sabendo o réu, de antemão, da
intenção do autor, poderá não impugnar a decisão concessiva da tutela de urgência,
caso em que teremos um negócio jurídico processual plurilateral e o processo será
extinto sem resolução do mérito, por sentença, com a estabilização. Em havendo
impugnação, o processo deverá prosseguir até atingir o julgamento final por sentença
Breves considerações acerca da estabilização da tutela
antecipada requerida em caráter antecedente
Página 11
que aprecie o mérito, suscetível de fazer coisa julgada material.
5. Não havendo opção pelo regime da estabilização e somente nesse caso, o aditamento
da inicial trará novos elementos para propiciar o julgamento do processo com obtenção
da tutela definitiva, fruto de cognição exauriente, voltada à obtenção da coisa julgada
material. Porém, a promoção do aditamento da inicial é incompatível com o regime da
estabilização.
6. Vimos que no prazo de dois anos, quaisquer das partes poderão demandar a outra
com o intuito de rever, reformar ou invalidar a tutela antecipada estabilizada. Essa ação
exauriente é simples prosseguimento da ação antecipada antecedente, pelo que não
haverá inversão do ônus da prova, cabendo ao autor da antecedente, que agora poderá
ser réu da exauriente, provar os fatos constitutivos do seu direito e ao réu da
antecedente, que agora poderá ser autor da exauriente, provar fatos impeditivos,
modificativos ou extintivos do direito do autor da antecedente. Tal posição tem por
fundamento a ideia do contraditório eventual que ocorre em face da monitorização do
procedimento, que não poderia resultar na inversão do ônus da prova causando situação
de extrema dificuldade para o autor da ação exauriente.
7. Tem natureza de sentença terminativa prevista no art. 485, inc. X a decisão que
declara estabilizada a tutela antecipada antecedente. Possui eficácia declaratória e não
se enquadra nas hipóteses do art. 502 do CPC (LGL\2015\1656), que reserva a
formação de coisa julgada material à sentençade mérito. Nessa sentença deverá o juiz
condenar o réu ao pagamento de custas e honorários advocatícios, no que vislumbramos
aqui a presença da eficácia condenatória.
8. Decisão estabilizada não se sujeita à remessa necessária. No presente caso, a decisão
que concede tutela antecipada não é sentença, mas decisão interlocutória, e a decisão
que extingue o processo nos termos do art. 304, § 1º, embora seja sentença, é
terminativa, não sendo considerada sentença proferida contra a Fazenda Pública, essa
sim, passível de remessa.
9. Atingindo a tutela antecipada antecedente a estabilização, tão logo extinto o processo
com fundamento no art. 304, § 1º, a execução será definitiva, não tendo sentido a
criação de restrições ao exequente que executa decisão atingida pela estabilização.
10. Passados dois anos da decisão extintiva do feito, produz-se o que a doutrina vem
chamando de estabilidade qualificada e, em face da decadência, não poderá mais ser
ajuizada a ação do art. 304, § 2º, do CPC (LGL\2015\1656), que será extinta com
fundamento no art. 487, inc. II, do CPC (LGL\2015\1656).
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TALAMINI, Eduardo. Tutela de urgência no projeto de novo Código de Processo Civil
(LGL\2015\1656): a estabilização da medida urgente e a monitorização do processo civil
brasileiro. Revista de Processo, São Paulo, n. 209, p. 13-34, jul. 2012.
TUCCI, José Rogério Cruz e; AZEVEDO, Luiz Carlos de. Lições de história do processo
civilromano. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1996.
1 O presente artigo vincula-se ao projeto de pesquisa “Possibilidades de aplicação dos
princípios da boa-fé e da cooperação intersubjetiva no processo civil brasileiro” da linha
de pesquisa Processo, hermenêutica e efetividade dos direitos da Universidade Católica
de Pernambuco.
2 GRECO, Leonardo. A tutela da urgência e a tutela da evidência no Código de Processo
Civil de 2014/2015. Revista Eletrônica de Direito Processual, Rio de Janeiro, vol. XIV. p.
299-300, jul.-dez. 2014.
3 Conforme bem pontuado por Ovídio, quem elimina o conceito de pretensão à
segurança não consegue admitir a existência de um direito à cautela por quem não
tenha direito (direito acautelado); autor que enaltecia a contribuição de Pontes de
Miranda ao desenvolvimentoda tutela cautelar. SILVA, Ovídio A. Baptista da. Jurisdição,
direito material e processo. Rio de Janeiro: Forense, 2008. p. 97-98. Ainda sobre o
tema, ver: COSTA, Eduardo José da Fonseca. Sentença cautelar, cognição e coisa
julgada: reflexões em homenagem à memória de Ovídio Baptista. Revista de Processo,
São Paulo, v. 36, n. 191, p. 357-376, jan. 2011.
4 COSTA, Eduardo José da Fonseca. A antecipação de tutela à luz da teoria quinaria da
ação. In: DIDIER JR., Fredie; NOGUEIRA, Pedro Henrique; GOUVEIA, Roberto (Coord.).
Breves considerações acerca da estabilização da tutela
antecipada requerida em caráter antecedente
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Pontes de Miranda e o direito processual. Salvador: JusPodivm, 2013. p. 336.
5 Ainda alguns exemplos: i) não sendo possível obter o reconhecimento antecipado da
nulidade de uma cláusula contratual por sua abusividade, é possível suspender seus
efeitos e determinar ao plano de saúde que autorize um determinado procedimento
cirúrgico; ii) posto que não seja possível interditar alguém em caráter de tutela
antecipada, admite-se a constituição de um administrador provisório à universalidade de
bens e direitos; iii) não sendo possível a declaração de falsidade de um documento, é
viável obter ordem judicial para que seu possuidor se abstenha de utilizá-lo em uma
determinada relação jurídica (eventualmente, forçando a sua exibição em juízo); iv) se
uma pessoa foi excluída indevidamente de um concurso público ou de um procedimento
licitatório, a ilegalidade do ato de exclusão ou desclassificação não será reconhecida em
sede de antecipação, mas o sistema autoriza sua suspensão, assim como a imediata
reinserção da pessoa no certame; v) raciocínio similar é aplicável à reintegração da
pessoa em seu emprego (tutela antecipada), a despeito da ausência do lastro jurídico da
demissão restar à análise do pedido final. Os exemplos se multiplicam.
6 Decerto que essa foi uma opção legislativa, pois nada impediria que a tutela cautelar
também fosse apta a se estabilizar; inclusive, seria uma forma (processual) de assumir a
autonomia (material). Hoje, o caminho processual para tanto seria a adoção do
procedimento comum.
7 TALAMINI, Eduardo. Tutela monitória. A ação monitória: Lei 9.079/95. 2. ed. rev.,
atual. e ampl. São Paulo: RT, 2001. p. 28-29. Para um estudo realizado sob a égide do
novo CPC, ver: CARVALHO, Antonio. Tutela monitória no CPC/2015. In: MACÊDO, Lucas
Buril de; PEIXOTO, Ravi; FREIRE, Alexandre (Org.). Coleção novo CPC, doutrina
selecionada. Salvador: JusPodivm, 2015. v. 4: procedimentos especiais, tutela provisória
e direito transitório, p. 525-570.
8 Sobre o tema, indispensável a consulta dos trabalhos do Prof. Ovídio Baptista da Silva.
No tocante à técnica do contraditório eventual, cf.: FLACH, Daisson. A verossimilhança
no processo civil e sua aplicação prática. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2009.
p. 80-84.
9 Nesse sentido: DIDIER JR., Fredie; BRAGA, Paula Sarno; OLIVEIRA, Rafael Alexandria
de. Curso de direito processual civil. 10. ed. Salvador: Ed. JusPodivm, 2015. p. 604-605.
10 TALAMINI, Eduardo. Tutela de urgência no projeto de novo Código de Processo Civil:
a estabilização da medida urgente e a monitorização do processo civil brasileiro. Revista
de Processo, São Paulo, n. 209, p. 13-34, jul. 2012. p. 25.
11 SICA, Heitor Vitor Mendonça. Doze problemas e onze soluções quanto a chamada
“estabilização da tutela antecipada”. In: DIDIER JR., Fredie; COSTA, Eduardo José da
Fonseca; PEREIRA, Mateus Costa; GOUVEIA FILHO, Roberto Campos. Coleção grandes
temas do novo CPC. Salvador: JusPodivm, 2016. v. 6: tutela provisória. p. 352-353.
12 MITIDIERO, Daniel. Breves comentários ao Novo Código de Processo Civil. São Paulo:
RT, 2015. p. 789.
13 Nesse sentido: BAUERMANN, Desirê. Estabilização da tutela antecipada. Revista
Eletrônica de Direito Processual, v. VI. Disponível em: [
www.arcos.org.br/periodicos/revista-eletronica-de-direito-processual/volume-vi/estabilizacao-da-tutela-antecipada].
Acesso em: 27.06.2015.
14 BEDAQUE, José Roberto dos Santos. Estabilização das tutelas de urgência. In
YARSHELL, Flávio Luiz; MORAES, Maurício Zanoide de (Org.). Estudos em homenagem a
Ada Pellegrini Grinover. São Paulo: DPJ Editora, 2005. p. 663.
Breves considerações acerca da estabilização da tutela
antecipada requerida em caráter antecedente
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15 A questão é deveras sensível e não é possível estabelecer uma solução geral e
abstrata para todos os casos. Em estudo pragmático sobre o tema, Eduardo José da
Fonseca Costa, em seu livro O direito vivo das liminares, constatou que, em muitos
casos, a presença de uma urgência extremada fez com que os magistrados sequer
verificassem a configuração da probabilidade do direito quando da concessão da medida
(COSTA, Eduardo José da Fonseca. O direito vivo das liminares. São Paulo: Saraiva,
2011).
16 FONSECA, Isabel Celeste M. Introdução ao estudo sistemático da tutela cautelar no
processo administrativo. A propósito da urgência na realização da justiça. Coimbra:
Almedina, 2002. p. 242.
17 GOUVEIA FILHO, Roberto Campos; PEIXOTO, Ravi; COSTA, Eduardo José da Fonseca.
Estabilização, imutabilidade das eficácias antecipadas e eficácia de coisa julgada: uma
versão aperfeiçoada. Disponível em:
[www.academia.edu/27656845/ESTABILIZA%C3%87%C3%83O_IMUTABILIDADE_DAS_EFIC%C3%81CIAS_ANTECIPADAS_E_EFIC%C3%81CIA_DE_COISA_JULGADA].
Acesso em: 02.09.2016.
18 Idem. No entanto, para esses mesmos autores, não existirão óbices para que o
dictum seja rediscutido em ação própria para quaisquer outros fins.
19 SICA, Heitor Vitor Mendonça. Doze problemas e onze soluções quanto a chamada
“estabilização da tutela antecipada”. In: DIDIER JR., Fredie; COSTA, Eduardo José da
Fonseca; PEREIRA, Mateus Costa; GOUVEIA FILHO, Roberto Campos. Coleção grandes
temas do novo CPC. Salvador: JusPodivm, 2016. v. 6: tutela provisória. p. 353-354.
Antônio de Moura Calvalcanti Neto, chama de estabilidade soberana (CAVALCANTI NETO,
Antônio de Moura. Estabilização da tutela antecipada antecedente; tentativa de
sistematização. In: DIDIER JR., Fredie; COSTA, Eduardo José da Fonseca; PEREIRA,
Mateus da Costa; GOUVEIA FILHO, Roberto P. Campos (Coord.). Coleção grandes temas
do novo CPC. Salvador: JusPodivm, 2016. v. 6: tutela provisória. p. 220).
20 É a posição de Fredie Didier Jr., Paula Sarno Braga e Rafael de Oliveira, malgrado
reconheçamos o esforço dos autores em compatibilizar os institutos. DIDIER JR., Fredie;
BRAGA, Paula Sarno; OLIVEIRA, Rafael Alexandria de. Curso de direito processual civil.
10. ed. Salvador: Ed. JusPodivm, 2015. v. 2. p. 606.
21 Ou seja, as ações possíveis não se limitam aos verbos existentes na lei.
22 Observando que a investigação do dano é irrelevante em se tratando de tutela
voltada contra o ilícito ex vi do art. 497, parágrafo único.
23 DIDIER JR., Fredie; BRAGA, Paula Sarno; OLIVEIRA, Rafael Alexandria de. Curso de
direito processual civil. 10. ed. Salvador: Ed. JusPodivm, 2015. p. 607-608.
24 No sentido ampliativo: TALAMINI, Eduardo. Tutela de urgência no projeto de novo
Código de Processo Civil: a estabilização da medida urgente e a monitorização do
processo civil brasileiro. Revista de Processo, São Paulo, n. 209, p. 13-34, jul. 2012. p.
29; DIDIER JR., Fredie; BRAGA, Paula Sarno; OLIVEIRA, Rafael Alexandria de. Curso de
direito processual civil. 10. ed. Salvador: Ed. JusPodivm, 2015. p. 609; MITIDIERO,
Daniel. Breves comentários ao novo Código de Processo Civil. São Paulo: RT, 2015. p.
789; PEIXOTO, Ravi, no artigo intitulado Por uma análise dos remédios jurídicos
processuais aptos a impedir a estabilização da tutela antecipada antecedente de
urgência, da coletânea intitulada Tutela provisória no novo CPC, coordenada por DIDIER
JR., Fredie; GOUVEIA, Roberto; PEREIRA, Mateus; COSTA, Eduardo, não concorda que
os embargos de declaração, a suspensão de segurança e o pedido de reconsideração
impeçam a estabilização.
25 TALAMINI, Eduardo. Tutela de urgência no projeto de novo Código de Processo Civil:
Breves considerações acercada estabilização da tutela
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de Processo, São Paulo, n. 209, p. 13-34, jul. 2012. p. 29.
26 Nesse sentido: PEREIRA, Mateus Costa, em palestra proferida no Congresso Themis
de Processo Civil realizado na Universidade Católica de Pernambuco em junho de 2015.
27 É importante perceber que a falta de um dos requisitos do art. 303 (ex. valor da
causa ou ausência de indicação do pedido final), viabiliza a abertura de prazo à
complementação do arrazoado. Não se deve confundir situações que tais, com a não
verificação da urgência contemporânea ou da probabilidade do direito, as quais
precipitam o indeferimento da medida requestada.
28 DI SPIRITO, Marco Paulo Denucci. Adequações procedimentais para a tutela
satisfativa antecedente no Código de Processo Civil/2015. In: DIDIER JR., Fredie;
COSTA, Eduardo José da Fonseca; PEREIRA, Mateus da Costa; GOUVEIA FILHO, Roberto
P. Campos (Coord.). Coleção grandes temas do novo CPC. Salvador: JusPodivm, 2016.
v. 6: tutela provisória. p. 376.
29 SICA, Heitor Vitor Mendonça. Doze problemas e onze soluções quanto a chamada
“estabilização da tutela antecipada”. In: DIDIER JR., Fredie; COSTA, Eduardo José da
Fonseca; PEREIRA, Mateus Costa; GOUVEIA FILHO, Roberto Campos. Coleção grandes
temas do novo CPC. Salvador: JusPodivm, 2016. v. 6: tutela provisória. p. 357.
30 BRASIL. STJ. EResp 345.752, rel. Ministro Teori Albino Zavasky, 1ª Seção, j.
09.11.2005, DJ 05.12.2005. p. 207.
31 Nesse sentido SICA, Heitor Vitor Mendonça. Doze problemas e onze soluções quanto
a chamada “estabilização da tutela antecipada”. In: DIDIER JR., Fredie; COSTA, Eduardo
José da Fonseca; PEREIRA, Mateus Costa; GOUVEIA FILHO, Roberto Campos. Coleção
grandes temas do novo CPC. Salvador: JusPodivm, 2016. v. 6: tutela provisória. p.
353-354.
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