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Centro Universitário do Distrito Federal – UDF Coordenação do Curso de Ciências Biológicas ALINE ALVES DA SILVA RAYANNE LORRANE CRUZ DA SILVA EFEITOS DO ENRIQUECIMENTO AMBIETAL SOBRE O BEM-ESTAR DE PEQUENOS FELINOS EM CATIVEIRO Brasília 2018 Centro Universitário do Distrito Federal – UDF Coordenação do Curso de Ciências Biológicas ALINE ALVES DA SILVA RAYANNE LORRANE CRUZ DA SILVA EFEITOS DO ENRIQUECIMENTO AMBIETAL SOBRE O BEM-ESTAR DE PEQUENOS FELINOS EM CATIVEIRO Trabalho de conclusão de curso apresentado à Coordenação de Ciências Biológicas do Centro Universitário do Distrito Federal - UDF, como requisito parcial para obtenção do grau de bacharel em Ciências Biológicas. Orientadora: Dra. Liane Cristina Ferez Garcia. Brasília 2018 Silva, Aline Alves da; Silva; Rayanne Lorrane Cruz da. Efeitos do enriquecimento ambiental sobre o bem-estar de pequenos felinos em cativeiro / Aline Alves da Silva; Rayanne Lorrane Cruz da Silva. – Brasília, 2018. 59 f. Trabalho de conclusão de curso apresentado à Coordenação de Ciências Biológicas do Centro Universitário do Distrito Federal - UDF, como requisito parcial para obtenção do grau de bacharel em Ciências Biológicas. Orientadora: Dra. Liane Cristina Ferez Garcia. 1. Assunto. I. Efeitos do enriquecimento ambiental sobre o bem-estar de pequenos felinos em cativeiro CDU ALINE ALVES DA SILVA RAYANNE LORRANE CRUZ DA SILVA EFEITOS DO ENRIQUECIMENTO AMBIENTAL SOBRE O BEM-ESTAR DE PEQUENOS FELINOS EM CATIVEIRO Trabalho de conclusão de curso apresentado à Coordenação de Ciências Biológicas do Centro Universitário do Distrito Federal - UDF, como requisito parcial para obtenção do grau de bacharel em Ciências Biológicas. Orientadora: Dra. Liane Cristina Ferez Garcia. Brasília, 10 de dezembro de 2018. Banca Examinadora _________________________________________ Dra. Liane Cristina Ferez Garcia Centro Universitário do Distrito Federal - UDF __________________________________________ Dr. Ciro Yoshio Joko Centro Universitário do Distrito Federal - UDF ___________________________________________ Dra. Patricia Sanae Sujii Centro Universitário do Distrito Federal - UDF NOTA: ______ Dedicamos à família e aos amigos que nos apoiaram, e a ciência que nos encantou. AGRADECIMENTO Aline Agradeço primeiramente aos meus pais, Claudinha e Valdiron, que me deram oportunidade de iniciar essa jornada e se mantiveram ao meu lado durante toda a graduação, sempre me encorajando e acreditando em mim, vocês são a minha base. A minha amiga e dupla, Ray, agradeço pela paciência, pela companhia, pela calma, por acreditar em mim, por me segurar durante os dias de desespero, pelas ótimas histórias e pela amizade que eu quero levar para sempre, obrigada por me acompanhar até aqui. Meu muito obrigada a Fernanda e a Maria, pela amizade, histórias e pelas idas e vindas da fazenda e pela companhia durante essa fase tão importante das nossas vidas. Agradeço a orientadora, Liane, por apresentar esse mundo novo que é o comportamento animal, pela paciência, pelas orientações e pela oportunidade de participar de um trabalho tão lindo. Agradeço ao meu namorado, Efraim, que acompanhou de perto todo o estudo, que me aturou nos dias ruins, sempre acreditando em mim e me apoiando nas minhas escolhas. Agradeço a instituição, NEX, pela oportunidade de fazer um trabalho com tanto significado. E por fim, agradeço aos colegas de turma, que fizeram parte dessa jornada, ao corpo docente da UDF, aos familiares e amigos que me acompanharam durante a graduação, ao longo do TCC, agradeço aos que me ajudaram de várias formas diferentes e que estiveram ao meu lado durante essa jornada linda e intensa. Rayanne Agradeço a Deus por ter me permitido sonhar e iniciar a carreira na biologia, e por me guiar em cada conquista. À minha mãe Liris, minha irmã Raquel e meus avós Glória e Dedé, obrigada por acompanharem todos os meus dias, pela compreensão e apoio imenso em todos os sentidos, vocês são meu pilar. A toda minha família, eu agradeço pelas risadas e pela força dos seus abraços. Alessandra, Klebson, João Miguel e Lelys, obrigada por me darem uma segunda casa, onde muitos momentos acadêmicos importantes aconteceram. Rafael, viver com você me fez crescer e sua luz nunca deixou de esquentar meu coração, você me lembra a luta e me inspira a conquistar meus sonhos. Obrigada por ter feito parte da minha vida e pelas ótimas piadas. Às amizades que fiz e cultivei, obrigada a todos pelos momentos maravilhosos e pelo apoio de cada um. Fernanda, Ingrid, Aline, Maria, Helena, Caio, Fernando e André, que enchi tanto a paciência! Obrigada pelos conselhos, pela parceria e por sua linda amizade. Liane, obrigada por responder aquele e-mail em 2015, e por ter me ensinado tudo que sei desde então! Obrigada por me mostrar a paixão em ser etóloga e que o bem-estar é um sentido na vida. Lia, agradeço por me mostrar que a persistência é fundamental, e por me preparar para os primeiros passos como bióloga. Que continuemos produzindo muitos estudos brilhantes. Aline, minha dupla cacheada, obrigada pela paciência com minhas chatices e por contribuir não só com nosso estudo inspirador, mas também por fazer parte da minha vida durante esses quatro anos, obrigada pelas palhaçadas e pela diversão em meio a dias de trabalho chuvosos e ensolarados, também. Cristina Gianni, obrigada por dar espaço para que eu pudesse conhecer o NEX, e principalmente por permitir que esse estudo fosse realizado. Ao UDF e toda equipe do curso de Ciências Biológicas, obrigada pelo conhecimento e experiências que pude vivenciar durante minha graduação. E por fim, a Fundação Jardim Zoológico de Brasília e todos os funcionários que cederam seu tempo para auxiliar no meu trabalho, agradeço por sua dedicação e por mostrarem a magia de se passar os dias no zoológico. “Extinção é para sempre, ameaçado quer dizer que ainda há tempo.” Tadeu G. de Oliveira e Katia Cassaro. RESUMO Zoológicos e criadouros têm um papel importante na conservação de espécies, e os estudos comportamentais voltados para o bem-estar de animais em cativeiro estão cada vez mais frequentes nessas instituições. O presente trabalho teve como objetivo identificar os comportamentos de estresse dos animais e avaliar o efeito do enriquecimento sobre o bem-estar de duas espécies de pequenos felinos em cativeiro, conhecidas como jaguarundi (Puma yagouaroundi) e jaguatirica (Leopardus pardalis). Participaram do estudo três jaguarundis (grupo 1) da instituição NEX, duas jaguatiricas do Zoológico de Brasília e duas do Criadouro Conservacionista NEX (grupo 2). Para cada grupo foi utilizada uma metodologia, sendo o grupo 1 composto por duas fases, linha de base (LB) e durante enriquecimento (EA), que foi do tipo alimentar. O método de observação utilizado para o jaguarundi Y1 foi direto e animal focal, enquanto que para os jaguarundis Y2 e Y3 o método utilizado foi direto e scan, ambos com registro instantâneo de 1 minuto. O estudo com o grupo 2 foi separado em população 1, composto por linha de base (LB), durante enriquecimento (EA) e pós- enriquecimento (PE), e população 2, que não conta com PE. Para o grupo 2 foi utilizado enriquecimento cognitivo e o método de observação foi direta e indireta pela amostragem animal focal, com registro instantâneo de 1 minuto. Os dados comportamentais do grupo 2 foram analisados pelo testeKruskal-wallis, porém, devido a amostra pequena do grupo 1 não foi possível realizar a estatística. Os dados comportamentais do grupo 1 evidenciam que as variáveis: chuva, presença de pessoas, alimentação e interação com o enriquecimento promoveram alterações comportamentais. Quanto ao grupo 2, o enriquecimento contribuiu com a redução de comportamentos anormais para alguns animais e estimulou mais comportamentos diferentes. Através do método indireto foi possível obter dados comportamentais importantes, ainda que tenha apresentado limitações, assim, o estudo contribui com a literatura acerca das vantagens e desvantagens desse método. E, sobretudo, corrobora com a ideia de que as práticas de enriquecimento elevam o bem-estar de animais cativos uma vez que demonstrou melhorar a qualidade de vida dos animais estudados. Palavras chaves: Puma yagouaroundi. Leopardus pardalis. Enriquecimento. Bem-estar. ABSTRACT Zoos and breeding grounds play an important role in the conservation of species, and behavioral studies for the animal welfare in captivity are increasingly in these institutions. The objective of this study is to evaluate the effect of enrichment on the well-being of three jaguarundis (Puma yagouaroundi) and four ocelots (Leopardus pardalis) in captivity. The study had two ocelots of the Jardim Zoológico de Brasília and two of the NEX Conservation Breeder (Group 2), where the three jaguarundis (Group 1) are also kept. The study with group 1 was composed of two phases, baseline (BL) and during enrichment (EE), which was food-related. The method of observation used for the individual Y1 was direct and focal-animal sampling, whereas for the specimens Y2 and Y3 the method used was direct and scan, both with instantaneous recording of 1 minute. The study with group 2 was separated into population 1 composed of baseline (BL), during enrichment (EE) and post-enrichment (PE), and population 2, which does not have PE. For group 2 it was cognitive enrichment and the method of observation was direct and by focal-animal sampling, with instantaneous recording of 1 minute. For the indirect method, cameras were installed in the enclosure of population 2. The behavioral data of groups 1 and 2 were analyzed in the software BioEstat 5.3. In group 1, due to the low amount of data, statistical analysis were not feasible, but in return, it was obtained data behavioral variables under the following variables: rain, presence of people, interaction with enrichment. As for group 2, the enrichment increased behavioral variability, as well as occurrence of natural behaviors, which contributed to the reduction of abnormal behavior. Due to technical problems on the cameras many behaviors have not been identified, but with the monitoring, it was possible to obtain behavioral data that corroborated with the purpose of the research. The study contributes with the literature about the advantages and disadvantages of the indirect method. And above all, it corroborates the idea that enrichment practices enhance the welfare of captive animals since it has been shown to improve the quality of life of the animals studied. Key words: Puma yagouaroundi. Leopardus pardalis. Enrichment. Welfare. SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 13 2 REFERENCIAL TEÓRICO ..................................................................................... 16 3 OBJETIVOS ........................................................................................................... 22 3.1 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ............................................................................... 22 4 MATERIAL E MÉTODOS ...................................................................................... 23 5 RESULTADOS ....................................................................................................... 28 6 DISCUSSÃO ......................................................................................................... 44 7. CONCLUSÃO ....................................................................................................... 47 8 REFERÊNCIAS ...................................................................................................... 48 13 1 INTRODUÇÃO Atualmente, a etologia é uma ciência que contribui com esforços conservacionistas, pois a conservação e o estudo comportamental são áreas que se complementam e, em conjunto, corroboram para o sucesso de ações com objetivo de salvar espécies ameaçadas de extinção (AZEVEDO et al., 2018). Os estudos etológicos com enriquecimento ambiental proporcionam não apenas qualidade de vida para os animais, como também complementam a educação ambiental, e consequentemente corrobora com os trabalhos de conservação (AZEVEDO et al., 2018). O enriquecimento é uma ferramenta que surgiu para promover bem-estar aos animais que vão para o cativeiro (PIZZUTTO, 2009) devido aos conflitos com a população humana e, que os impedem de retornar ao ambiente natural (ICMBio, 2014). Nesse sentido, a humanidade tem impactado negativamente o planeta devido ao seu crescimento populacional acelerado (ALVES, 2018), decorrendo em uma consequente perda de habitats (PRIMACK E RODRIGUES, 2011). Além disso, o comércio ilegal da fauna silvestre é também um fator que ameaça a diversidade biológica (RENCTAS, 2001; PRIMACK E RODRIGUES, 2011), assim como os atropelamentos devido aos impactos de rodovias (VILELA et al., 2016). No Brasil, a economia possui grande influência do agronegócio, que utiliza o transporte rodoviário como principal forma de exportação de suas cadeias produtivas, principalmente soja e milho (RECH et al., 2017), e o impacto desse meio de transporte atinge em grande massa os mamíferos, que possuem o maior registro de envolvimento em acidentes rodoviários (VILELA et al., 2016). Outro fator que contribui com danos ambientais é o desmatamento proveniente de queimadas (LIMA, 2018). A maioria da ocorrência de incêndios florestais é de origem antrópica, com maior frequência na estação de seca, e por serem não naturais, e vez em quando persistentes, provocam prejuízo à biodiversidade (MMA, 2011). Essas ameaças têm atingido fortemente os animais pertencentes à Ordem Carnivora na qual se encontram as espécies foco desse estudo: Leopardus pardalis e Puma yagouaroundi, que dentre outras espécies, são impactadas, sobremaneira, devido à perda e fragmentação dos seus habitats naturais (OLIVEIRA et al., 2013). 14 Quando a fauna silvestre é encontrada envolvida nesses conflitos com a população humana, através de apreensões, resgates ou entregas dos animais às autoridades responsáveis, os indivíduos são encaminhados para os Centros de Triagem de Animais Silvestres (CETAS), onde há profissionais que realizam avaliações do estado físico, psicológico e comportamental desses animais para que recebam uma destinação correta (ICMBio, 2014). Criadouros e zoológicos são locais para destinação de fauna (ICMBio, 2014) e instituições para conservação ex situ, que auxiliam na disseminação de informações sobre a flora, fauna e microrganismos contribuindo com a conservação a longo e médio prazo dessas espécies (BENSUAN, 2008). O ambiente cativo pouco estimulante é um agente estressor adverso porque não apresenta desafios, interações e novidades no meio para que o animal tenha a chance de desempenhar seus comportamentos naturais (AZEVEDO et al., 2018), o que pode causar problemas comportamentais, físicos e clínicos aos indivíduos (PIZZUTTO, 2014), pois ao ser privado de exibir comportamentos naturais, o animal se frustra e, na tentativa de compensar esse problema, desenvolve comportamentos anormais (AZEVEDO et al., 2018), impactando de forma negativa seu bem-estar (BROOM E MOLENTO, 2004). Os animaispossuem necessidades comportamentais, que ao serem supridas ativam a liberação de endorfinas no cérebro, promovendo uma sensação de bem-estar (AZEVEDO et al., 2018). Contudo, em ambientes que não oferecem oportunidades para os indivíduos proverem suas demandas etológicas, os animais desenvolvem outro comportamento como uma medida compensatória, que levará também a liberação de endorfinas e dará uma sensação de prazer (AZEVEDO et al., 2018). Essa é uma estratégia fisiológica que ocorre naturalmente para aliviar a ansiedade gerada pela tentativa do animal em se adaptar ao ambiente (SGAI et al., 2010). Entretanto, esses comportamentos desenvolvidos nessas situações não são naturais, pois não têm uma função, eles são expressados com a finalidade de o animal compensar as situações de estresse ou frustação (SGAI et al., 2010; AZEVEDO et al., 2018) por estarem impossibilitados de exibirem comportamentos importantes para a espécie (MANTECA E SALAS, 2015). Nesse caso o mecanismo fisiológico de liberação de endorfina não indica que o animal está bem, visto que 15 ocorre também a liberação de opioides no cérebro e o animal passa a desenvolver ainda mais o comportamento anormal (AZEVEDO et al., 2018). Cada animal, reage ao ambiente de acordo com suas particularidades ao meio no qual está inserido, buscando se adaptar às adversidades apresentadas (BROOM E MOLENTO, 2004). O bem-estar está associado a qualidade de vida dos animais (AZEVEDO et al., 2018), diz respeito ao seu estado em relação aos estímulos do ambiente em que está inserido e às suas tentativas de adaptações a ele (BROOM E MOLENTO, 2004). Sendo assim, o bem-estar deve ser avaliado e mensurado individualmente (BROOM E MOLENTO, 2004). Para minimizar esse impacto negativo do cativeiro, é utilizado o enriquecimento ambiental (AZEVEDO et al., 2018), que objetiva complexidade, a fim de aumentar os desafios e novidades em cativeiro, simulando a vida em ambiente natural (PIZZUTTO, 2009). Devido sua capacidade de estimular comportamentos naturais, essa ferramenta possibilita a redução de comportamentos anormais (PIZZUTTO, 2009; AZEVEDO et al., 2018). Nesse sentido, o presente estudo busca avaliar os efeitos de estratégias de enriquecimento ambiental para duas espécies de pequenos felinos, levantando informações que possam ser aplicadas de forma a elevar o bem-estar dos indivíduos em questão e possam ser utilizadas, com as devidas adaptações, por outras instituições que mantenham essas espécies. 16 2 REFERENCIAL TEÓRICO 2.2 As espécies estudadas 2.2.1 Puma yagouaroundi Os jaguarundis, Puma yagouaroundi, conhecidos popularmente também como gato-mourisco, gato-vermelho, gato-preto e maracajá-uma (OLIVEIRA E CASSARO, 2006), sua taxonomia gerava discussão, onde alguns autores alocavam essa espécie no gênero Herpailurus, outros alocavam essa espécie no gênero Felis e como subgênero Herpailurus, mas, devido a novas propostas taxonômicas com respaldo genético, os jaguarundis foram inseridos no gênero Puma, assim, sendo utilizado por Oliveira e Cassaro (2006). A espécie é distribuída desde a América do Norte, Sul do Texas sendo provavelmente já extinta nessa área (IUCN, 2015), até a província argentina Rio Negro, na América do Sul, se distribuindo em todos os biomas brasileiros (REIS et al., 2011; ALMEIDA, et al., 2013), vivendo em altitudes de até 3.200 m (OLIVEIRA, 1998). As cores são associadas ao ambiente em que estão inseridos, onde a pigmentação escura remete a ambientes florestais e os tons mais claros a ambientes abertos e secos (REIS et al., 2011). Considerados de hábitos diurnos, podendo exercer atividade noturnas (OLIVEIRA, 1998), os jaguarundis são animais terrestres (KASPER et. al., 2007; DIAS E BOCCHIGLIERI, 2015), de hábitos solitários, e alguns estudos relatam espécimes vivendo em pares (OLIVEIRA, 1998). Possuem uma dieta bastante variada, onde suas principais presas são pequenos mamíferos, sendo composta também por aves, repteis, quantidades pequenas de invertebrados e poucas espécies vegetais, principalmente gramíneas (TROVATI et al., 2008; DIAS E BOCCHIGLIERI, 2015). A ingestão de vegetais auxilia na digestão e formação do bolo fecal. Acredita-se ainda que os jaguarundis são animais de hábito alimentar oportunista, onde o alto consumo de uma determinada presa dependa de sua maior disponibilidade (DIAS E BOCCHIGLIERI, 2015). A área de vida pode variar de acordo com ambiente ao qual está inserido. (OLIVEIRA, 1998; OLIVEIRA E CASSARO, 1999; ALMEIDA, et al., 2013). Ainda que sejam considerados os felídeos neotropicais com maior flexibilidade de habitat (OLIVEIRA, 1998), sua área de vida variando de 1,4 km² à 100 km² (OLIVEIRA E CASSARO, 2006), essa espécie não ocorre em locais com grandes pastagens e 17 monoculturas (ALMEIDA, et al., 2013) e raramente são vistos no seio de florestas densas, sendo encontrados próximos a córregos, vegetações de borda e muitas vezes em ambientes descampados próximos a áreas com cobertura (OLIVEIRA, 1998). A densidade populacional dos jaguarundis é considerada baixa, mas muitas vezes grandes populações são observadas em áreas nas quais não há jaguatiricas (Leopardus pardalis) ou uma densidade extremamente baixa dessa espécie (ALMEIDA, et al., 2013). Mesmo com a constante queda de densidade populacional dos jaguarundis, a IUCN considera esse táxon como pouco preocupante no status de conservação nacional (IUCN, 2015), e é um grupo vulnerável no estado do Rio Grande do Sul (MARQUES et al., 2002). Os jaguarundis medem cerca de 105 cm de comprimento com a cauda, pesando entre 2,6 e 5,0 kg (REIS et al., 2011), sendo as fêmeas ligeiramente menores que os machos (OLIVEIRA, 1998). O corpo é esguio e comprido, composto por uma cabeça pequena, membros considerados curtos comparados ao corpo, e rabo longo medindo cerca dois terços do tamanho da cabeça e corpo. A pelagem não apresenta manchas, possuindo três variações de coloração: cinza, marrom escuro e avermelhado (OLIVEIRA, 1998; OLIVEIRA E CASSARO, 1999; REIS et al., 2011;). A gestação varia de 72 a 75 dias, a média é de 2 filhotes por ninhada, chegando até 4 filhotes, (OLIVEIRA, 1998; REIS et al., 2011;), aos 28 dias de nascidos os filhotes já começam a sair do ninho, entre 21 e 30 dias ingerem pequenas quantidades de comida, se alimentando sozinho a partir dos 42 dias de nascidos (OLIVEIRA, 1998). Devido ao pouco interesse na venda da pele desses animais, a caça para a exploração de pele não é considerada preocupante, ainda, existem outros fatores que afetam a sua distribuição, como a degradação do habitat, a caça por predação de aves de capoeira (OLIVEIRA, 1998; IUCN, 2015), bem como a captura em armadilhas para outras espécies que tenham valor comercial (IUCN, 2015). Calcula-se que haja entre 5.200 a 10.000 espécimes, números considerados baixos, esse número em 15 anos ainda pode ter uma baixa de 10% devido às interferências antrópicas como queimada, caça por retaliação, atropelamento, e principalmente à expansão agrícola, que causa a degradação da vegetação do habitat (ALMEIDA, et al., 2013). 18 2.2.2 Leopardus pardalis Conhecida como jaguatirica (OLIVEIRA E CASSARO, 2006; REIS, 2006), Leopardus pardalis é uma espécie que ocupa a Região Neotropical, distribuída pelo Norte da Argentina, Sudeste dos EUA, Oeste do México e no Brasil não é encontrada nos Pampas (IUCN, 2015), mas estão presentes no cerrado, caatinga, pantanal e principalmente em florestas tropicais e subtropicais incluindo matas de galeria (OLIVEIRA E CASSARO, 1999). Com uma dieta carnívora, as jaguatiricas se alimentam principalmente de pequenos vertebrados como roedores, marsupiais, espécies de aves e alguns répteis, como pequenas serpentes (LAGOS et al., 2013). São animais de hábito noturno e solitário, demandam grandes áreas de vida e vivem em baixas densidades,sendo que os machos possuem território que pode chegar a sobrepor o território de mais de duas fêmeas, contudo não há sobreposição do território entre indivíduos do mesmo sexo (REIS et al., 2011). São os maiores mesofelinos do Brasil (OLIVEIRA et al., 2013), com comprimento de 77,3 cm da cabeça ao corpo, e uma cauda que pode medir de 30 a 44,5 cm (OLIVEIRA E CASSARO, 1999, 2006). O peso desses animais varia entre 8 e 15,5 Kg, com uma cabeça e patas grandes (OLIVEIRA E CASSARO, 1999, 2006). A pelagem dorsal pode apresentar variações de cores, que ficam entre o cinza- amarelado pálido, amarelo-claro e castanho-ocráceo, com tonalidades intermediárias, enquanto que sua coloração ventral é esbranquiçada (OLIVEIRA E CASSARO, 1999, 2006). A pelagem corporal é composta por manchas negras, que formam rosetas abertas em bandas longitudinais nas laterais. O padrão de pelagem diferencia a jaguatirica das demais espécies de felinos, assim como seu porte, que é maior do que Leopardus wiedii, por exemplo, uma espécie cujo os adultos assemelham-se muito às jaguatiricas (OLIVEIRA E CASSARO, 1999, 2006). Por ser uma espécie carnívora, pode atuar como reguladores populacionais de presas e estruturar comunidades naturais, devido seu papel predatório (MMA, 2008). Devido suas grandes áreas de ocupação, a conservação de espécies carnívoras contribui para a conservação de outras espécies da comunidade, logo, carnívoros têm papel de espécies “guarda-chuva” e “espécies-bandeira”, por constituírem símbolos em projetos de conservação (MMA, 2008). O uso de espécies bandeira é uma das estratégias in situ, ou seja, acontece no ambiente natural, auxiliando na proteção da área em que ocorre, e consequentemente às demais 19 espécies que possuem um papel ecológico de grande importância (MATEUS et al., 2017). Classificada pela IUCN com o status conservacionista de Menos Preocupante na Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas (IUCN, 2015), a principal ameaça para Leopardus pardalis inclui a perda de presas e hábitat, bem como sua fragmentação (MMA, 2008). Além disso, o comércio ilegal de pele e caça desses espécimes devido à predação de aves afetam negativamente a população de jaguatiricas (IUCN, 2015). A espécie é protegida na maioria das regiões onde ocorre e algumas áreas de sua ocorrência são preservadas, sendo proibida a caça em 18 países da América (IUCN, 2015). 2.3 Cativeiro, bem-estar e enriquecimento ambiental Além dos esforços in situ, como exemplo mencionado o uso de espécies- bandeira, a conservação da natureza engloba ações ex situ, na qual trabalhos fora do ambiente natural, têm papel contributivo com as estratégias realizadas na natureza (MATEUS et al., 2017). Na conservação ex situ existe a manutenção de espécies fora do ambiente natural (BENSUAN, 2008; JZB, 2016), com foco na perpetuação desses organismos (JZB, 2016). Nesse sentido, atualmente, a etologia possui um papel importante junto à biologia da conservação, pois contribui com informações comportamentais que são necessárias para o manejo de espécies em projetos de reprodução e reintrodução para planos de conservação (AZEVEDO et al., 2018). Além disso, a etologia é fundamental para agregar a educação ambiental, porque promove a sensibilização do público e assim facilita a compreensão das pessoas sobre os comportamentos e interações dos animais, por conseguinte a importância de sua conservação (AZEVEDO et al., 2018). No entanto, o sucesso de programas de conservação depende da saúde e bem-estar dos animais cativos (SWAISGOOD, 2010). O bem-estar está associado com a qualidade de vida do indivíduo durante todo período de sua existência (BROOM, 1993) e em como ele respondeu aos estímulos adversos que surgiram no ambiente, tendo em vista ainda a magnitude de suas dificuldades em lidar com essas situações (BROOM E ZANELLA, 2004). 20 Ambientes que promovem ao animal a oportunidade de escolha, e que estimulam a expressão de comportamentos normais são ambientes que aumentam os níveis de bem-estar (BROOM E MOLENTO, 2004; AZEVEDO et al., 2018). E, para uma análise objetiva, as mensurações do bem-estar devem ser previamente elaboradas com base na biologia sobre o animal em questão, fazendo-se importante avaliar o estado psicológico e fisiológico através de mensurações organizadas em uma escala de muito bom a muito ruim (BROOM E MOLENTO, 2004). A avaliação de bem-estar deve ser realizada individualmente (BROOM E MOLENTO, 2004; BROOM, 2007), porque o ambiente interfere de forma diferente na vida de cada animal, estes reagem conforme suas particularidades ao meio no qual está inserido (BROOM E MOLENTO, 2004). Indicadores são utilizados para realizar essas mensurações, e podem ser métodos fisiológicos, avaliações anatômicos ou comportamentais (BROOM E MOLENTO, 2004). Quanto às mensurações comportamentais, o uso da etologia para avaliação do bem-estar é vantajoso, porque além de ser uma medida não invasiva, através da observação comportamental é possível identificar comportamentos anormais, como pacing, e os comportamentos naturais exibidos pelo indivíduo. Dessa forma, pode-se evidenciar o nível de bem-estar do animal em estudo (AZEVEDO et al., 2018). Os estudos em comportamento animal contam com dados qualitativos, que se referem a descrição dos comportamentos, e com dados quantitativos, no qual são produzidos os dados dos experimentos (AZEVEDO et al., 2018). Esses dados são produzidos através de métodos de amostragem e registro e dependem do objetivo do estudo (AZEVEDO et al., 2018). O estresse agudo é adaptativo para os animais, pois as respostas à liberação de glicocorticoides no organismo garantem sua sobrevivência em situações ameaçadoras, porém, quando o estressor persiste por muito tempo, as respostas adaptativas do estresse agudo se tornam danosas a longo prazo (HILL et al., 2012), o que traz prejuízos fisiológicos ao animal, bem como comportamentais, como exemplo a diminuição de comportamentos exploratórios (SGAI et al., 2010). Logo, o estresse crônico tem influência negativa sobre o bem-estar (AZEVEDO et al., 2018). A prática utilizada para elevar o bem-estar é denominada enriquecimento ambiental (PIZZUTTO et al., 2013; PIZZUTTO, 2014), um estímulo inserido ao 21 ambiente que objetiva a complexidade ambiental, a fim de aumentar os desafios e novidades em cativeiro, simulando a vida em ambiente natural (PIZZUTTO, 2009). O uso dessa ferramenta teve início em 1925, sugerida por Robert Yerkes (PIZZUTO, 2009; AZEVEDO et al., 2018), que utilizou a engenharia comportamental para inserir nos recintos estruturas que estimulassem os animais a serem mais ativos (AZEVEDO et al., 2018). Apenas em 1950 o enriquecimento foi visto como uma terapia ocupacional para os animais, e finalmente em 1970 o enriquecimento ambiental ganhou uma visão científica por meio da aplicabilidade de métodos, com o propósito de melhorar ambientalmente o cativeiro (AZEVEDO et al., 2018). Devido sua capacidade de estimular comportamentos naturais, essa ferramenta possibilita a redução de comportamentos anormais (PIZZUTTO, 2009; AZEVEDO et al., 2018), possuindo ainda caráter preventivo no que se refere ao surgimento de estereotipias (AZEVEDO et al., 2018). Em carnívoros, esses comportamentos anormais podem se desenvolver em detrimento de muitos fatores, como a limitação de espaço, mas principalmente devido a impossibilidade desses animais exibirem comportamentos naturais, sendo a estereotipia mais comuns nesse grupo denominada como pacing (MANTECA E SALAS, 2015). Esse comportamento consiste em um andar de um lado para o outro (SGAI et al., 2010), e o animal se move geralmente pela mesma rota repetidamente (MANTECA E SALAS, 2015). Além do comportamento pacing, a lambedura excessiva é considerada uma estereotipia que pode evoluir para alopecia e dermatites (MANTECAE SALAS, 2015). Os comportamentos de automutilação, balançar de um lado para o outro, dançar, bater-se e morder-se também são exemplos de estereotipias que se desenvolvem em razão de ambientes com ausência de complexidade, como o cativeiro (SGAI et al., 2010). Os efeitos do enriquecimento ambiental para os animais incluem aumento da capacidade cognitiva e reprodutiva, beneficiando também as interações sociais dos indivíduos, assim como seu estado físico adequado (AZEVEDO et al., 2018). A junção dessas modificações positivas compõe a elevação dos níveis de bem-estar animal (AZEVEDO et al., 2018). 22 3 OBJETIVOS O estudo tem a finalidade de verificar se cinco indivíduos da espécie Leopardus pardalis e três da espécie Puma yagouaroundi apresentam um repertório comportamental que indique níveis baixos de bem-estar, e avaliar os efeitos do enriquecimento ambiental sobre o seu bem-estar. 3.1 OBJETIVOS ESPECÍFICOS • Identificar se existem comportamentos indicativos de estresse dos animais; • Verificar os efeitos dos enriquecimentos ambientais cognitivos • Analisar a resposta individual dos organismos, assim como as respostas/ interação do casal e dos indivíduos solitários; • Possibilitar aos animais uma melhor qualidade de vida no ambiente cativo. 23 4 MATERIAL E MÉTODOS O estudo foi realizado no Criadouro Conservacionista NEX (No Extinction), uma organização não governamental que visa a conservação de felídeos ameaçados de extinção e a proteção de seu habitat natural (NEX, 2005). O criadouro é localizado no município de Goiás, Cocalzinho, que fica a 86 km de Brasília, aproximadamente (figura 1). Suas coordenadas são Latitude-25.02588406, Longitude-50.08666992. Figura 1: Imagem de satélite indicando a localização do criadouro conservacionista NEX. Fonte: Google Maps. A pesquisa também contou com animais do Jardim Zoológico de Brasília (JZB), um órgão da administração indireta vinculada à SEMARH- Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Recursos Hídricos do DF (JZB, 2016). Realiza trabalhos com foco na conservação, educação ambiental e conservação da fauna silvestre (JZB, 2016). O Zoológico foi fundado em 1957 e se localiza em uma região de Cerrado, no Distrito Federal (SILVA, 2001) nas coordenadas: Latitude -15.847598, Longitude -47.941197. O trabalho foi desenvolvido com duas espécies de felinos, e para organizar o estudo, as espécies foram separadas em grupos: GRUPO 1: Espécie Puma yagouaroundi O estudo com esta espécie foi realizado no Criadouro NEX durante os meses de setembro, outubro e novembro. 24 Os objetos do estudo são três animais da espécie Puma yagouaroundi, que estão alojados em dois recintos diferentes, um jovem macho em um recinto e um casal adulto em outro. O estudo foi dividido em duas fases: linha de base (LB) e enriquecimento ambiental (EA). Para a coleta de dados, foi elaborado um etograma (apêndice 1), a partir de 12 horas de observação pelo método amostragem “ad libitum”, que consiste na observação e registro de todos os comportamentos apresentados (DEL-CLARO, 2010). Observações comportamentais Todas as observações foram realizadas utilizando o método direto. Para o indivíduo que permanece em um recinto separado, Y1, foi utilizada a amostragem do animal focal, que consiste na observação comportamental de indivíduos facilmente identificáveis (DEL-CLARO, 2010). Para os indivíduos que dividem o recinto, Y2 e Y3, se utilizou a amostragem scan (ou por varredura), onde se observa os comportamentos apesentados pelos indivíduos do grupo, sem identificação individual (AZEVEDO et al., 2018), em razão da dificuldade de diferenciar os dois animais. Em ambos os casos, os registros comportamentais foram feitos a cada 1 minuto. Cada fase do estudo foi realizada em 2 dias, das 11 horas às 17 horas, sendo 6 horas para cada dia, totalizando 12 horas por fase. Fase 1: Linha de base A linha de base consiste na coleta dos comportamentos apresentados pelos animais sem interferência dos enriquecimentos ambientais. Fase 2: Enriquecimento ambiental (total = 2 dias de atividade) Nesta fase o enriquecimento ambiental utilizado foi o alimentar (figura 2). Os enriquecimentos tinham como objetivo modificar a forma que o alimento era apresentado, de forma que os animais dispensassem mais tempo na alimentação, bem como, dificultar um pouco o acesso ao alimento, para simular uma situação de caça, ainda que bem simples. Foram utilizados melões ocos com uma abertura em cima cheios de pedaços de carne cortada em cubos dentro. Foram ofertados três melões para cada dia, um para cada animal. Os melões foram colocados aproximadamente às 10:30 com o auxílio dos tratadores, os enriquecimentos permaneceram nos recintos até às 17 horas. 25 Figura 2: a) preenchimento do melão, b) melões usados, c) melão no recinto Grupo 2: Espécie Leopardus pardalis Tendo em vista a mencionada importância de estudo de animais cativos, a coleta de dados para a pesquisa foi realizada na Fundação Jardim Zoológico de Brasília e no Criadouro Nex a fim de aumentar a amostra. Na FJZB os dados foram coletados durante os meses de abril e junho de 2018, e no NEX as coletas foram realizadas em setembro e outubro de 2018. A metodologia utilizada foi a mesma para os animais das duas instituições. Quatro jaguatiricas fizeram parte do estudo, no Jardim Zoológico de Brasília (população 1), os dados coletados correspondem à duas fêmeas mantidas sozinhas (J1 e J2), e no criadouro conservacionista NEX (população 2) são dois animais (J3 e J4), formando um casal. O estudo foi dividido em três fases: linha de base, enriquecimento e pós enriquecimentos, precedidas da elaboração do etograma (apêndice 2), que foi elaborado através da amostragem “Ad libitum”, conforme descrito por Del-Claro (2010) e Azevedo et al. (2018). Observações comportamentais Durante todas as etapas após o etograma, a amostragem utilizada foi animal focal, com registro instantâneo (DEL-CLARO, 2010; AZEVEDO et al., 2018) a cada 1 minuto. As três fases possuem 20 horas de observações, distribuídas em sessões de 4 horas cada. As fases foram iniciadas nas quartas-feiras, dando continuidade em sextas e domingos, até completar 5 dias de coleta de dados para cada fase. Assim, o estudo conta com 60 horas de observações comportamentais de cada animal. Na instituição NEX, as observações foram realizadas através do método indireto, em razão do difícil acesso ao local. As câmeras instaladas nos recintos a b c 26 apresentaram problema técnico, e por esse motivo, os animais da instituição NEX não possuem fase de observações após a aplicação do enriquecimento. Durante o estudo foi avaliado também a efetividade de uso das câmeras através da comparação de dados comportamentais obtidos pela observação direta e indireta. Para obter esses dados, durante a fase de enriquecimento ambiental fomos ao local de estudo a fim também de acompanhar os animais durante a interação com o enriquecimento, e coletar dados extras para realizar as comparações dos métodos de observação. Fase 1: Linha de base (total = 5 dias de atividade) Essa fase corresponde à quantificação dos comportamentos apresentados pelos indivíduos em situação normal, sem qualquer interação intencional por parte dos pesquisadores. As observações ocorrem no período da tarde, das 13 às 17 horas, totalizando 20 horas de observação comportamental, assim como nas demais fases. Fase 2: Enriquecimento ambiental (total = 5 dias de atividade) O enriquecimento ambiental utilizado foi prioritariamente do tipo cognitivo (figuras 3), simulando a caça em ambiente natural, contudo incluiu estímulos sensoriais e alimentares. As aplicações seguiram níveis de desafio e desempenho para que os problemas apresentados aos animais fossem solucionados semfrustração com a atividade, a fim de não prejudicar seu bem-estar. A dinâmica estimulou a procura pelo alimento, e a cada dia de atividade foi aumentado o nível de dificuldade de acordo com a resposta do animal à aplicação anterior. O material utilizado foi um tronco para cada animal, com tocas preenchidas com feno para esconder a dieta fornecida no período da manhã. O enriquecimento foi inserido nesse horário, pois a disponibilidade dos tratadores para auxiliar na atividade era apenas durante a manhã. Assim, o EA ficou disponível de 10h30 até 15h, aproximadamente. O mecanismo de interação para esse item consistiu em quatro formas de apresentação, aplicadas de acordo com o progresso do indivíduo, uma vez que aumentam o grau de dificuldade. Sendo: A) Pedaço de carne no interior de todas as tocas; B) Pedaço de carne em duas ou três tocas, com odor colocado nas outras; C) Pedaço de carne em uma toca e escondido externamente ao tronco, no recinto, e odor colocado nas tocas do tronco. 27 D) Pedaço de carne escondido externamente ao tronco no recinto, e odor colocado nas tocas do tronco. Figura 3. a) colocação da carne na toca, b) tronco utilizado na FJZB, c) tronco utilizado no NEX d) pedaços de carne para o EA. Fase 3: Pós Enriquecimento ambiental (total = 5 dias de atividade) É a repetição da linha de base, com intuito de avaliar os efeitos da técnica após sua utilização, a fim de verificar se os efeitos dos enriquecimentos aplicados são duráveis. Foi realizada apenas com a população 1. Análise estatística Os comportamentos foram analisados estatisticamente utilizando-se o programa BioEstat 5.3, pois é de fácil acesso e gratuito. Foi realizado o teste Kruskal- Wallis, que é utilizado para dados não-paramétricos e análise de variância. O mesmo teste foi utilizado em Hüpner (2017) para comparação dos comportamentos apresentados entre as fases do estudo, e foi utilizado nesse trabalho para avaliar o resultado do enriquecimento ambiental. a b c d 28 5 RESULTADOS Grupo 1: Puma yagouaroundi Devido a pequena amostra de dados obtidas durante o estudo com essa espécie, não foi possível a realização das análises estatísticas, dessa forma, os dados foram apresentados de forma descritiva. Para todos os indivíduos houve aumento na categoria inatividade entre as duas fases, para o indivíduo Y1 houve aumento de 69.17% para 77.64%, devido ao método de observação utilizado, os dados do casal, Y2 e Y3, foram analisados como um grupo, para eles o aumento foi de 80.90% para 85.56% (figura 4). Para uma melhor observação dos dados, a figura 5 mostra a frequência dos comportamentos apresentados nas fases desconsiderando a inatividade e comportamentos que apresentam nenhuma ou frequência abaixo de 0.83%. Para Y1, na categoria manutenção, houve uma redução de 10.10% para 5.69%, atividade reduziu de 9.86% para 7.50% e exploração houve redução de 4.17% para 1.67%. Para os indivíduos Y2 e Y3 a categoria alimentação apresentou redução de 10.35% para 1.11% (figuras 4 e 5). Para os comportamentos estereotipados houve redução entre as fases, de 5.00% para 0.28%, para Y1 e para os indivíduos Y2 e Y3, que já apresentavam uma pequena frequência, de 0.97%, foram reduzidos para 0.21%(figuras 4 e 5). Os demais comportamentos estão representados nas figuras 4 e 5. Da interação com o enriquecimento (figuras 4 e 5), para o indivíduo Y1 (figura 8) a interação foi de 5.42%, enquanto que para os indivíduos Y2 (figura 8) e Y3 (figura 9) foi de 4.38%. 29 Figura 4. Representação das categorias nas duas fases. Figura 5. Representação das categorias nas duas fases, sem inatividade e que apresentam frequência a partir de 0.83%. 6 9 .1 7 % 8 0 .9 0 % 0 .4 2 % 1 0 .3 5 % 1 0 .1 0 % 1 .6 0 % 9 .8 6 % 5 .0 7 % 5 .0 0 % 0 .9 7 % 4 .1 7 % 0 .2 8 % 0 .2 8 % 0 .0 0 % 0 .1 4 % 0 .4 9 % 0 .8 3 % 0 .2 0 % 0 .0 0 % 0 .0 0 % 7 7 .6 4 % 8 5 .5 6 % 0 .8 3 % 1 .1 1 % 5 .6 9 % 1 .6 7 % 7 .5 0 % 4 .6 5 % 0 .2 8 % 0 .2 1 % 1 .6 7 % 0 .6 9 % 0 .2 8 % 0 .0 0 % 0 .4 2 % 0 .2 1 % 0 .2 8 % 0 .0 7 % 5 .4 2 % 4 .3 8 % 0.00% 10.00% 20.00% 30.00% 40.00% 50.00% 60.00% 70.00% 80.00% 90.00% 100.00% Y1 Y2 e Y3 Y1 Y2 e Y3 Y1 Y2 e Y3 Y1 Y2 e Y3 Y1 Y2 e Y3 Y1 Y2 e Y3 Y1 Y2 e Y3 Y1 Y2 e Y3 Y1 Y2 e Y3 Y1 Y2 e Y3 Inatividade Alimentação Manutenção Atividade Estereotipados Exploração Fisiológicos Marcação Sem visualização Int. EA F re q u ê n c ia Linha de base Durante enriquecimento 0 .4 2 % 1 0 .3 5 % 1 0 .1 0 % 1 .6 0 % 9 .8 6 % 5 .0 7 % 5 .0 0 % 0 .9 7 % 4 .1 7 % 0 .2 8 % 0 .8 3 % 0 .2 0 % 0 .0 0 % 0 .0 0 %0 .8 3 % 1 .1 1 % 5 .6 9 % 1 .6 7 % 7 .5 0 % 4 .6 5 % 0 .2 8 % 0 .2 1 % 1 .6 7 % 0 .6 9 % 0 .2 8 % 0 .0 7 % 5 .4 2 % 4 .3 8 % 0.00% 2.00% 4.00% 6.00% 8.00% 10.00% 12.00% Y1 Y2 e Y3 Y1 Y2 e Y3 Y1 Y2 e Y3 Y1 Y2 e Y3 Y1 Y2 e Y3 Y1 Y2 e Y3 Y1 Y2 e Y3 Alimentação Manutenção Atividade Estereotipados Exploração Sem visualização Int. EA Fr eq u ên ci a Linha de base Durante enriquecimento 30 Durante a fase 2, o indivíduo Y1 permaneceu um tempo maior dentro do abrigo, gerando um aumento de 1.67% para 9.65% nesse comportamento, que compõe a categoria inatividade (figura 6). Para os indivíduos Y2 e Y3, observou-se o redução no comportamento de repouso, de 57.64% para 25.00%, em contrapartida, houve aumento no comportamento abrigo, de 23.06% para 43.75% (figura 6). Figura 6. Representação da categoria inatividade. Para os indivíduos Y2 e Y3 durante a fase de linha de base, como demonstrado na figura 7, foi observado o comportamento repouso foi maior no primeiro dia, 57.64%, que no segundo dia, 25.00%. Enquanto o comportamento de se abrigar foi menor no primeiro, 23.00% e maior no segundo, 43.85%. 2 7 .0 1 % 5 7 .6 4 % 1 .6 7 % 2 3 .0 6 % 2 .0 1 % 1 .3 9 % 3 .8 9 % 3 .1 9 % 2 5 .6 9 % 2 5 .0 0 % 9 .6 5 % 4 3 .7 5 % 0 .4 2 % 2 .0 8 % 3 .0 6 % 5 .6 9 % 0.00% 10.00% 20.00% 30.00% 40.00% 50.00% 60.00% 70.00% Y1 Y2 e Y3 Y1 Y2 e Y3 Y1 Y2 e Y3 Y1 Y2 e Y3 Repouso Abrigo Parado em pé Sentado F re q u ê n c ia Linha de base Durante enriquecimento 31 Figura 7. Representação da categoria inatividade na fase linha de base para os indivíduos Y2 e Y3. Figuras 8: Indivíduo Y1 (esquerda) e indivíduo Y2 (direita) em interação com EA Figura 9. Indivíduo Y3 em interação com EA. 5 7 .6 4 % 2 3 .0 6 % 1 .3 9 % 3 .1 9 % 2 5 .0 0 % 4 3 .7 5 % 2 .0 8 % 5 .6 9 % 0.00% 10.00% 20.00% 30.00% 40.00% 50.00% 60.00% 70.00% R E P O U S O A B R I G O P A R A D O E M P É S E N T A D O FR EQ U ÊN C IA DIA 1 DIA 2 32 Grupo 2: Leopardus pardalis População 1 O indivíduo J1 apresentou diferença estatística somente no comportamento de repouso (figura 10) que aumentou (p=0.0103) da fase pré-enriquecimento (5.33%), para a fase durante (17.92%) e depois da colocação do item (18.83%). Os demais comportamentos são apresentados e discutidos de maneira descritiva e são apresentados nas figuras 11 e 12. Embora pequeno, houve aumento nos comportamentos de exploração, (figuras 11 e 12), e os comportamentos indicativos de estresse apresentaram pouca modificação durante as fases, representando 1.33%, 0.92% e 0.67% dos comportamentos exibidos por J1. Sua interação (figura 13) com o item enriquecedor foi 1%. A diminuição da frequência do não visível também diminuiu, de 52.58% para 38.67% e 47.25%. Figura 10. Comportamentos representativos na categoria inatividade J1. 5 .3 3 % 3 4 .0 0 % 5 2 .5 8 % 1 7 .9 2 % 3 3 .6 7 % 3 8 .6 7 % 1 8 .8 3 % 2 7 .7 5 % 4 7 .2 5 % 0.00% 10.00% 20.00% 30.00% 40.00% 50.00% 60.00% Repouso Observar Não visível F re q u ê n c iaLinha de base Durante enriquecimento Após enriquecimento 33 Figura 11. Categorias comportamentais de J1 que apresentaram frequência. Figura 12 Categorias comportamentais de J1 que apresentaram frequência, sem inatividade. 9 1 .9 2 % 0 .7 5 % 1 .0 0 % 0 .8 3 % 1 .3 3 % 3 .7 5 % 0 .0 0 % 9 0 .3 3 % 1 .2 5 % 1 .0 0 % 2 .0 0 % 0 .9 2 % 2 .5 0 % 1 .2 5 % 9 3 .9 2 % 1 .0 8 % 1 .0 0 % 1 .5 0 % 0 .6 7 % 1 .5 8 % 0 .0 0 % 0.00% 10.00% 20.00% 30.00% 40.00% 50.00% 60.00% 70.00% 80.00% 90.00% 100.00% F re q u ê n c ia Linha de base Durante enriquecimento Após enriquecimento 3 .7 5 % 0 .8 3 % 0 .7 5 % 1 .0 0 % 1 .3 3 % 0 .0 0 % 2 .5 0 % 2 .0 0 % 1 .2 5 % 1 .0 0 % 0 .9 2 % 1 .2 5 %1 .5 8 % 1 .5 0 % 1 .0 8 % 1 .0 0 % 0 .6 7 % 0 .0 0 % 0.00% 0.50% 1.00% 1.50% 2.00% 2.50% 3.00% 3.50% 4.00% F re q u ê n c ia Linha de base Durante enriquecimento Após enriquecimento 34 Figura 13. a) J1 interagindo com EA b) animal se alimentando da carne escondida Em relação a J2, apenas os comportamentos de exploração apresentaram diferença estatística (p= 0.0020), com aumento de 1.08% na fase pré-enriquecimento, para 9% durante sua aplicação e 5.17% após, como mostra a figura 15. Os demais comportamentos estão relacionados nas figuras 15 e 16, e são apresentados de forma descritiva. A frequência de comportamentos indicativos de estresse diminuiu com a aplicação do enriquecimento, de 38.42% para 22.17% e 29.33%. Além disso, a locomoção também aumentou durante o experimento, apresentando 7.67% de frequência na linha de base, 13.17% durante enriquecimento e 6.25% após sua aplicação. A interação com o item foi de 3.25% (figura 17) e os comportamentos de inatividade que apresentaram ocorrência, estão ilustrados na figura 14. Figura 14. Comportamentos representativos da categoria de Inatividade de J2. 1 7 .1 7 % 1 6 .5 0 % 1 6 .1 7 % 1 6 .6 7 % 1 4 .9 2 % 1 7 .7 5 % 1 9 .0 0 % 1 4 .1 7 % 2 0 .6 7 % 0.00% 5.00% 10.00% 15.00% 20.00% 25.00% Repouso Observar Não visível Fr eq u ên ci a Linha de base Durante enriquecimento Após enriquecimento a b 35 Figura 15. Categorias comportamentais de J2 que apresentaram frequência. Figura 16. Categorias comportamentais de J2 que apresentam frequência, sem inatividade. Figura 17. a) J2 retirando a carne da toca. b) animal sobre o enriquecimento. 4 9 .9 2 % 2 .5 8 % 1 .0 8 % 3 8 .4 2 % 7 .6 7 % 0 .0 0 % 5 0 .0 8 % 1 .7 5 % 9 .0 0 % 2 2 .1 7 % 1 3 .1 7 % 3 .2 5 % 5 3 .8 3 % 4 .7 5 % 5 .1 7 % 2 9 .3 3 % 6 .2 5 % 0 .0 0 % 0.00% 10.00% 20.00% 30.00% 40.00% 50.00% 60.00% Inatividade Manutenção Exploratório Ind. Estresse Locomoção I. EA F re q u ê n c ia Linha de base Durante enriquecimento Após enriquecimento 3 8 .4 2 % 7 .6 7 % 1 .0 8 % 2 .5 8 % 0 .0 0 % 2 2 .1 7 % 1 3 .1 7 % 9 .0 0 % 1 .7 5 % 3 .2 5 % 2 9 .3 3 % 6 .2 5 % 5 .1 7 % 4 .7 5 % 0 .0 0 % 0.00% 5.00% 10.00% 15.00% 20.00% 25.00% 30.00% 35.00% 40.00% 45.00% 50.00% Ind. Estresse Locomoção Exploratório Manutenção In. EA F re q u ê n c ia Linha de base Durante enriquecimento Após enriquecimento a b 36 População 2 Para J3, os comportamentos que apresentam diferença significativa são: repouso diminuiu de 39.17%, na linha de base, para 10.25% durante o enriquecimento (p=0.0088); observar diminuiu de 12.67% para 3.08% (p= 0.0088) e não visível aumentou de 46.92% para 76.33% (p=0.0088), representados na figura 18. Além desses, a manutenção também reduziu com diferença estatística, de 4.75% para 1.42% (p= 0.0212). A interação (figura 21) direta com o tronco corresponde a 1% de representatividade. Comportamentos que indicam estresse não modificaram sua frequência durante o experimento, mantendo-se em 2%. Em relação as demais categorias, os resultados são descritivos e estão apresentados nas figuras 19 e 20. Figura 18. Comportamentos representativos na categoria “Inatividade” de J3. 3 9 .1 7 % 1 2 .6 7 % 4 6 .9 2 % 1 0 .2 5 % 3 .0 8 % 7 6 .3 3 % 0.00% 10.00% 20.00% 30.00% 40.00% 50.00% 60.00% 70.00% 80.00% 90.00% 100.00% Repouso Observar Não visível F re q u ê n c ia Linha de base Durante enriquecimento 37 Figura 19. Categorias comportamentais de J3 que apresentaram frequência. Figura 20. Categorias comportamentais de J3 que apresentaram frequência, sem inatividade. 8 5 .0 8 % 4 .7 5 % 4 .0 0 % 2 .0 0 % 1 .0 0 % 1 .0 0 % 1 .0 0 % 1 .0 0 % 0 .0 0 % 0 .0 0 % 8 9 .6 7 % 1 .4 2 % 3 .1 7 % 2 .0 0 % 1 .0 0 % 1 .0 0 % 1 .0 0 % 0 .3 3 % 1 .0 0 % 1 .0 0 % 0.00% 10.00% 20.00% 30.00% 40.00% 50.00% 60.00% 70.00% 80.00% 90.00% 100.00% F re q u ê n c ia Linha de base Durante enriquecimento 4 .7 5 % 4 .0 0 % 2 .0 0 % 1 .0 0 % 1 .0 0 % 1 .0 0 % 1 .0 0 % 0 .0 0 % 0 .0 0 % 1 .4 2 % 3 .1 7 % 2 .0 0 % 1 .0 0 % 1 .0 0 % 1 .0 0 % 0 .3 3 % 1 .0 0 % 1 .0 0 % 0.00% 0.50% 1.00% 1.50% 2.00% 2.50% 3.00% 3.50% 4.00% 4.50% 5.00% F re q u ê n c ia Linha de base Durante enriquecimento 38 Figura 21. J3 retirando carne das tocas em a e b. Em relação ao animal J4, apresentaram diferença estatística apenas inatividade, com aumento de 60% para 84.83% (p= 0.0472) (figura 23); locomoção, que diminuiu de 13.17% para 4% (p= 0.0465), conforme as figuras 23 e 24, e observação, com redução de 7.50% para 1,33% (p=0.0088), como demonstra a figura 22. A relação dos demais comportamentos foi realizada de forma descritiva e está representada nas figuras 23 e 24. Os comportamentos indicativos de estresse reduziram de 20.33% na linha de base para 6.67% na fase de aplicação do enriquecimento e esse indivíduo teve 0.58% de interação direta com o item oferecido (figura 25). Figura 22. Comportamentos representativos na categoria “Inatividade”, J4. 1 0 .5 8 % 7 .5 0 % 4 1 .2 5 % 1 2 .0 8 % 1 .3 3 % 5 2 .8 3 % 0.00% 10.00% 20.00% 30.00% 40.00% 50.00% 60.00% REPOUSO OBSERVAR Não visível F rq u ê n c ia Linha de base Durante enriquecimento a b 39 Figura 23. Categorias comportamentais de J4 que apresentam frequência. Figura 24. Categorias comportamentais de J4 que apresentaram frequência, sem inatividade. 6 0 .0 8 % 0 .5 0 % 2 .9 2 % 1 .4 2 % 2 0 .3 3 % 0 .5 0 % 0 .7 5 % 1 3 .1 7 % 0 .0 0 % 0 .0 0 % 8 4 .8 3 % 0 .4 2 % 1 .7 5 % 0 .3 3 % 6 .6 7 % 0 .1 7 % 0 .2 5 % 4 .0 8 % 0 .5 8 % 0 .9 2 % 0.00% 10.00% 20.00% 30.00% 40.00% 50.00% 60.00% 70.00% 80.00% 90.00% F re q u ê n c ia Linha de base Durante enriquecimento 2 0 .3 3 % 1 3 .1 7 % 2 .9 2 % 1 .4 2 % 0 .7 5 % 0 .5 0 % 0 .5 0 % 0 .0 0 % 0 .0 0 % 6 .6 7 % 4 .0 8 % 1 .7 5 % 0 .3 3 % 0 .2 5 % 0 .1 7 % 0 .4 2 % 0 .5 8 % 0 .9 2 % 0.00% 5.00% 10.00% 15.00% 20.00% 25.00% F re q u ê n c ia Linha de base Durante enriquecimento 40 Figura 25. a) J4 sobre o enriquecimento. b) J4 tentando encontrar a carne na toca. Comparação dos métodos de observação Como representado na figura 26, para o animal J3 houve diferença estatística na frequência dos comportamentos repouso (p= 0.0088), observar (p= 0.0090) e não visível (p= 0.00880). As figuras 27 e 28, representam com maiores detalhes as categorias comportamentais e suas diferenças entre os registros indireto e direto. Figura 26. Comparação dos comportamentos de inatividade de J3 nos dois métodos. 1 0 .2 5 % 3.08% 76.33% 6 4 .1 0 % 1 4 .0 6 % 0 .9 7 % 0.00% 10.00% 20.00% 30.00% 40.00% 50.00% 60.00% 70.00% 80.00% 90.00% Repouso Observar Não visível F re q u ê n cia Indireto Direto a b 41 Figura 27. Comparação das categorias comportamentais registradas pelos dois métodos, incluindo a inatividade. Figura 28. Comparação da frequência das categorias comportamentais de J3 nos dois métodos, sem inatividade. Para J4, apresentam diferença estatística apenas os comportamentos de exploração (p=0.0208), observar (p=0.0090) e não visível (p=0.0088), conforme ilustra a figura 29. Dentro das outras categorias, os comportamentos indicativos de estresse no método indireto correspondem a 7%, mas na observação direta a frequência foi de 12%. Esses resultados são ilustrados nas figuras 30 e 31. 8 9 .6 7 % 0 .8 3 % 1 .4 2 % 1 .0 0 % 1 .5 8 % 0 .5 0 % 0 .3 3 % 0 .0 0 % 0 .0 0 % 3 .1 7 % 0 .0 0 % 0 .5 8 % 0 .9 2 % 7 9 .3 1 % 0 .8 0 % 4 .6 0 % 2 .3 0 % 2 .3 0 % 2 .6 5 % 1 .0 6 % 0 .0 0 % 0 .0 0 % 6 .1 0 % 0 .0 9 % 0 .8 0 % 0 0.00% 10.00% 20.00% 30.00% 40.00% 50.00% 60.00% 70.00% 80.00% 90.00% 100.00% F re q u ê n c ia Indireto Direto 0 .8 3 % 1 .4 2 % 1 .0 0 % 1 .5 8 % 0 .5 0 % 0 .3 3 % 0 .0 0 % 0 .0 0 % 3 .1 7 % 0 .0 0 % 0 .5 8 % 0 .9 2 % 0 .8 0 % 4 .6 0 % 2 .3 0 % 2 .3 0 % 2 .6 5 % 1 .0 6 % 0 .0 0 % 0 .0 0 % 6 .1 0 % 0 .0 9 % 0 .8 0 % 0 0.00% 1.00% 2.00% 3.00% 4.00% 5.00% 6.00% 7.00% F re q u ê n c ia Indireto Direto 42 Figura 29. Comparação dos comportamentos de inatividade de J4 nos dois métodos. Figura 30. Comparação das categorias comportamentais de J4, registradas pelos dois métodos, incluindo a inatividade. 1 2 .0 8 % 1 .3 3 % 5 2 .8 3 % 5 5 .8 8 % 1 0 .2 6 % 4 .0 7 % 0.00% 10.00% 20.00% 30.00% 40.00% 50.00% 60.00% REPOUSO OBSERVAR Não visível F re q u ê n c ia Indireto Direto 8 4 .8 3 % 0 .4 2 % 1 .7 5 % 0 .3 3 % 6 .6 7 % 0 .1 7 % 0 .2 5 % 0 .0 0 % 0 .0 0 % 4 .0 8 % 0 .0 0 % 0 .5 8 % 0 .9 2 % 6 7 .6 4 % 0 .2 7 % 3 .3 6 % 2 .7 4 % 1 2 .1 1 % 2 .3 9 % 1 .8 6 % 0 .0 0 % 0 .0 0 % 8 .4 9 % 0 .0 0 % 1 .1 5 % 0 0.00% 10.00% 20.00% 30.00% 40.00% 50.00% 60.00% 70.00% 80.00% 90.00% F re q u ê n c ia Indireto Direto 43 Figura 31. Comparação da frequência das categorias comportamentais de J4 nos dois métodos, sem inatividade. 0 .4 2 % 1 .7 5 % 0 .3 3 % 6 .6 7 % 0 .1 7 % 0 .2 5 % 0 .0 0 % 0 .0 0 % 4 .0 8 % 0 .0 0 % 0 .5 8 % 0 .9 2 % 0 .2 7 % 3 .3 6 % 2 .7 4 % 1 2 .1 1 % 2 .3 9 % 1 .8 6 % 0 .0 0 % 0 .0 0 % 8 .4 9 % 0 .0 0 % 1 .1 5 % 0 0.00% 2.00% 4.00% 6.00% 8.00% 10.00% 12.00% 14.00% F re q u ê n c ia Indireto Direto 44 6 DISCUSSÃO Os comportamentos exploratórios estão relacionados com a procura de alimento, e em espécies que passam muito do seu tempo buscando comida, a exploração é mais acentuada (FERRAZ, 2011). As jaguatiricas, por exemplo, defendem uma área de vida de 0,76 km² a 38,8 km² (OLIVEIRA E CASSARO, 2006), assim, o comportamento exploratório é natural para essa espécie (HÜPNER, 2017). e a demonstração de comportamentos normais indicam níveis elevados de bem-estar (BROOM E MOLENTO, 2004). Nesse sentido o aumento da frequência desses comportamentos para os animais J1, J2 e J4 pode indicar melhoria do bem-estar, e, ainda que para Y2, Y3 e J1 esse aumento tenha sido pequeno, essa alteração provavelmente está relacionada com melhoria de qualidade de vida. No estudo de Hüpner (2017), também realizado com enriquecimentos para jaguatiricas, os itens inseridos para os animais aumentaram os comportamentos exploratórios, o que corrobora com os dados do estudo atual sobre a capacidade do enriquecimento estimular comportamentos naturais. Além disso, a redução da frequência do não visível observada em J1 é um resultado interessante considerando instituições que recebem visitação, pois proporciona a observação do animal pelo público visitante, o que eleva a possibilidade da experiência ser capaz de sensibilizar e educar, ainda que indiretamente, conforme Altman (2015). Sobre o comportamento de manutenção, este refere-se a autolimpeza, e para os indivíduos J3 e Y1 o dado pode ser considerado positivo, pois Y1 apresentava uma frequência alta na categoria manutenção, enquanto que para J3 já foi verificado em observações prévias ao estudo que este apresentava áreas do corpo com pouca pelagem, caracterizando um histórico de lambedura excessiva, que é um comportamento considerado como uma estereotipia (MANTECA E SALAS, 2015) indicativa de estresse (PIZZUTTO, 2009). Em Manfrim et al. (2017), uma das jaguatiricas de sua pesquisa também apresentou redução nesse comportamento e os autores comentam sobre a possibilidade dessa redução ser benéfica, evidenciando ainda que o outro animal do estudo aumentou a frequência desse comportamento devido a já apresentar um 45 quadro de dermatite crônica desde o início do estudo. O que ajuda a compreender que para Y1 e J3 a redução da lambedura foi positiva. Sobre a categoria abrigo para o indivíduo Y1, observou-se um aumento na quantidade de chuva da fase linha de base para a fase de enriquecimento, acredita- se que o período chuvoso interferiu no comportamento de abrigo do indivíduo Y1, onde na segunda fase do estudo ele passou mais tempo abrigado. Hashimoto (2008) realizou um estudo com jaguatiricas onde também observou o comportamento de se abrigar em dias que chovia e relacionou esse comportamento à temperatura e ao controle térmico dos animais, onde em dias de inverno, no segundo semestre do ano, os animais permaneceram mais tempo abrigados que no primeiro semestre do ano seguinte, tais dados corroboram com os dados obtidos sobre o indivíduo Y1. Na fase linha de base os animais Y2 e Y3 apresentaram maior frequência no comportamento de abrigo do que na fase de enriquecimento. No segundo dia da linha de base a instituição recebeu visita com aproximadamente 20 pessoas. A visita foi guiada pelos tratadores que visitaram os recintos acompanhando as pessoas. Silva (2011) realizou um estudo com onças-pintadas (Panthera onca) na instituição NEX, porem usou medidas fisiológicas, concentração de cortisol, para avaliar o efeito do enriquecimento ambiental sobre o bem-estar dos animais. Nesse estudo o pesquisador relacionou o aumento dos níveis de cortisol com visitas com grupos de mais de 20 pessoas. Ainda que neste trabalho não tenha sido utilizando o cortisol para mensurar o bem-estar, o aumento desse hormônio está relacionado ao estresse, sendo assim, infere-se que a visitação é um componente estressor para esses animais. Em relação a categoria de comportamentos indicativos de estresse, na qual está inserida o pacing, para Y1, Y2, Y3, J2 e J4 a redução apresentada mostra que o enriquecimento ambiental é uma ferramenta que promove a redução de comportamentos anormais, como encontrado nos estudos de Manfrim et al. (2017) no qual a ocorrência desse comportamento para a fêmea desse estudo foi maior antes da aplicação do enriquecimento. Em Hashimoto (2008), o pacing também apresentou redução para alguns animais do estudo após a aplicação de enriquecimento alimentar. Assim, os dados reforçam a literatura no sentido de mostrar a eficiência do enriquecimento influenciar positivamente o bem-estar, pois sua aplicação promoveu redução de comportamentos anormais e estimulou comportamentos naturais de 46 alguns animais do estudo, conforme afirmam PIZZUTTO (2003, 2009, 2014) e AZEVEDO et al. (2018). Da interação com o enriquecimento, depois de comer todo o alimento presente dentro do melão, o indivíduo Y1 continuou interagindo com o enriquecimento, inclusive, carregando-o para outro lugar. No primeiro dia da fase EA, o mesmo indivíduo tentou levar o melão, mas devido ao peso, não obteve êxito ao subir na plataforma, sendo assim, no segundo dia, foi oferecidoum melão menor. Para os indivíduos Y2 e Y3, observou-se que no segundo dia de EA a interação foi imediata, diferente do dia anterior, onde os animais demoraram para se aproximar do enriquecimento. Uma percepção durante as observações comportamentais realizadas foi que para as duas populações de jaguatiricas a interação direta com o enriquecimento foi pequena, talvez em virtude de o item ter sido colocado no período matutino, assim os animais apresentaram menor interesse pelo tronco no período vespertino, pois já haviam se alimentado da carne escondida nas tocas. Logo, as mudanças comportamentais percebidas não decorreram apenas em função dessa interação, como também pelo enriquecimento ter dado oportunidade para animais expressarem comportamentos naturais, o que contribui com a redução de comportamentos anormais. A redução considerável da categoria alimentação para os indivíduos Y2 e Y3 foi devido ao fornecimentos da alimentação pela instituição, que onde os animais foram alimentados em outro período nos dias da fase de enriquecimento. Em relação aos dois métodos de observação, a limitação do método indireto impossibilitou registar uma maior variabilidade comportamental dos animais J3 e J4, uma vez que os resultados mostram alta frequência de “não visibilidade”. 47 7. CONCLUSÃO Os dados comportamentais da população 2 demonstram os desafios encontrados na utilização de cada método de observação, bem como suas funcionalidades. Porém, mesmo com suas limitações, a observação indireta possibilitou que o estudo fosse realizado, e mostrou as modificações comportamentais promovidas pela inserção do enriquecimento, contribuindo com informações importantes dos animais e para pesquisas futuras. O enriquecimento ambiental proposto modificou a expressão comportamental dos indivíduos, alterando a frequência de comportamentos, em especial reduzindo as estereotipias e comportamentos associados ao estresse, o que sugere que as técnicas empregadas possam afetar, de forma positiva, o bem-estar dos indivíduos 48 8 REFERÊNCIAS ALMEIDA, Lilian Bonjorne de; QUEIROLO, Diego; BEISIEGEL, Beatriz de Mello e OLIVEIRA, Tadeu Gomes de. Avaliação do estado de conservação do gato- mourisco, Puma yagouaroundi (É. Geoffroy Saint-Hilaire, 1803) no Brasil. Biodiversidade Brasileira: avaliação do estado de conservação dos crocodilianos e dos carnívoros, v. 3, n. 1, 2013, p. 99-106. ALTMAN, J.D. Animal Activity and and Visitor Learning at the Zoo. Anthrozoös, v. 11, n. 1, p. 12–21. 2015. ALVES, José Eustáquio Diniz. Demografia Ecológica: população e desenvolvimento numa perspectiva ecocêntrica. Revista Espinhaço, Diamantina, v. 7, n. 1, p. 36-45, ago. 2018. 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RE Abrigo O animal encontra-se dentro do cambeamento ou dentro da casinha, não havendo visualização dos comportamentos. AB Parado em pé O animal encontra-se sob as patas na posição vertical sem se movimentar. PP Sentado O animal encontra-se com as patas posteriores dobradas sob o corpo e as anteriores esticadas na vertical. ST INTERAÇÕES Esfregar no outro O animal esfrega o corpo no outro animal. EO Lamber o outro O animal expõe a língua e passa no corpo do outro animal. LO Coçar o outro O animal morde com os dentes da frente o corpo do outro animal, de forma amistosa. CÇO Cobrir a fêmea - O macho se posiciona sobre a fêmea, mordendo levemente a parte posterior do pescoço sem penetrar a fêmea. COF Cópula O macho se posiciona sobre a fêmea, mantendo-a presa firmemente pela parte posterior do pescoço, penetrando-a. COP Perseguir o outro Um animal persegue o outro pelo recinto PEO Cheirar o outro O animal aproxima o focinho do outro animal e o fareja CHO Vocalizar O animal abre a boca e emite sons agudos baixos para o outro animal. VO Interação amistosas com pessoas Ao perceber a aproximação de pessoas o animal vai de encontro a grade, segue a pessoa ou pessoas, se esfrega na grade, se esfrega no substrato, e/ou fareja a pessoa. IAP Tremer o focinho Ao perceber a aproximação de pessoas, o animal exibe os dentes frontais e mexe o focinho. TF Afugentar Rosnar, ficar em posição de defesa e mostrar as presas. AF ATIVIDADE Andar O animal encontra-se sob as patas na posição vertical se movimentando AN Correr O animal encontra-se sob as patas na posição vertical se movimentando aceleradamente COR Saltar o animal vai de uma superfície mais alta para uma mais baixa, ou de uma superfície mais baixa para alta, ou de uma superfície na mesma altura onde haja um espaço entre elas SA EXPLORAÇÃO Forragear O animal fareja o solo e remexe em busca de algo. FO 54 Farejar O animal aproxima o focinho de algo (substrato, grade, plataforma, etc) e inspira o cheiro várias vezes. FA Caçar Perseguir animais ou insetos dentro ou fora do recinto CAÇ Interações objetos O animal interage com objetos já presentes no recinto (bola pendurada, urso de pelúcia, bola solta no chão, arranhador, etc). ITO Procurar Apoiar patas dianteiras na casinha para observar movimento vindo da parte de baixo do NEX, onde os alimentos são preparados, ou apoiar patas dianteiras na grade e traseiras no chão e procurar pelos tratadores. PRO MANUTENÇÃO Lamber-se O animal expõe a língua e passa nos membros e corpo LS Espreguiçar-se - O animal estende as patas da frente juntamente com a cabeça, alongando e elevando a parte posterior do corpo, esticando a coluna e o rabo. ESP Coçar-se O animal esfrega a pata com as unhas expostas repetidamente no corpo CÇS Bocejar O animal abre toda a boca, eleva a cabeça e a língua se estica um pouco para fora da boca. BO Espirrar O animal inspira e expulsa todo o ar dos pulmões de uma vez. ES MARCAÇÃO Urinar/marcar território O animal mantem as patas dianteiras estendidas na vertical, flexiona um pouco as patas dianteiras, urina e arranha ao mesmo tempo o substrato. MT Arranhar tronco Com os quatro membros apoiados no tronco, o animal estica as patas dianteiras abaixando
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