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2017 - Larrosa - Levantamento de manifestações patológicas em edificação escolar - versão final

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Faculdade de Tecnologia TecBrasil – Ftec 
Bacharelado em Engenharia Civil 
 
 
 
 
 
GABRIEL LOPES LARROSA 
 
 
 
 
LEVANTAMENTO DE MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS EM 
EDIFICAÇÃO ESCOLAR – ESTUDO DE CASO - ESCOLA 
TÉCNICA CENECISTA PROF. DURBAN FERRAZ FERREIRA EM 
TORRES / RS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PORTO ALEGRE 
2017 
 
 
 
GABRIEL LOPES LARROSA 
 
 
 
 
 
LEVANTAMENTO DE MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS EM 
EDIFICAÇÃO ESCOLAR – ESTUDO DE CASO - ESCOLA 
TÉCNICA CENECISTA PROF. DURBAN FERRAZ FERREIRA EM 
TORRES / RS 
 
 
 
Este trabalho de conclusão de 
curso foi apresentado à Faculdade 
de Tecnologia TecBrasil - Ftec 
como exigência para obtenção do 
título de Bacharel em Engenharia 
Civil. 
 
 
 
Orientadora Dra. GISELLE REIS ANTUNES 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Porto Alegre 
2017 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
DEDICATÓRIA 
 
Dedico este trabalho aos amores da 
minha vida, Alethea Mury Larrosa, 
Margarete Larrosa e Raul Larrosa, 
por acreditarem, incentivarem e 
concretizarem o meu grande sonho 
da Engenharia Civil. 
 
 
AGRADECIMENTOS 
O meu agradecimento é dado a Profa. Giselle Antunes, pela dedicada 
orientação a este trabalho, pelo incentivo à área do conhecimento e pelas 
oportunidades de aprendizado ao longo deste tempo. 
Aos amigos, em especial, Renato Losfacto, Érica Dambros e Jeremias 
Sebastião pelo companheirismo e amizade. 
Aos meus pais Raul Larrosa e Margarete Larrosa, por tudo, pela força, 
carinho, auxílio e inspiração. 
E, por fim, àquela que sem dúvida, esteve ao meu lado 
incansavelmente, me apoiando, me incentivando e me amparando em todos os 
momentos, a minha esposa, amor da minha vida Alethea Mury Larrosa. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“Nunca desista de passar em Teoria 
das Estruturas, mas pense que 
depois piora em Cálculo Estrutural”. 
Samuel Mussoi 
 
 
 
 
 
 
LEVANTAMENTO DE MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS EM 
EDIFICAÇÃO ESCOLAR – ESTUDO DE CASO - ESCOLA 
TÉCNICA CENECISTA PROF. DURBAN FERRAZ FERREIRA EM 
TORRES / RS 
GABRIEL LOPES LARROSA 
Autor 
 
Dra. GISELLE REIS ANTUNES 
Orientadora 
Resumo: Os edifícios têm um ciclo de vida útil, porém existem fatores 
que podem prolongar este tempo e colaborar para melhor durabilidade destas. 
Entre estes fatores ressalta-se o bom desenvolvimento do projeto; o sucesso 
do planejamento e condições de trabalho durante a construção, envolvendo a 
qualidade dos materiais e mão de obra; a consideração das condições do meio 
em que a obra está inserida; a realização de inspeções prediais regulares e 
manutenções periódicas. Sabendo-se que, nacionalmente, os prédios públicos 
passam por poucas manutenções, por razões políticas e/ou orçamentárias 
neste trabalho procurou-se identificar as principais manifestações patológicas, 
por fachada e por componentes construtivos, incidentes na Escola Técnica 
Cenecista Durban Ferraz Ferreira em Torres / RS, adotando-se mapas de 
danos e fichas de identificação de danos (FID) para apuração das causas e 
método de GUT para definição da ordem de prioridades de intervenção de 
reparo. A interpretação analítica dos resultados permitiu verificar que a maioria 
das anomalias provém principalmente do vandalismo, falha de estanqueidade, 
corrosão, agravados pela falta de manutenção e ação agressiva do meio 
ambiente. De forma geral para uma edificação pública abandonada, sem 
rotinas de manutenção preventiva e corretiva, especialmente exposta a 
condições de agressividade intensas como neste objeto de estudo, exposta ao 
ambiente marinho, estão mais sujeitas a alta incidência de anomalias e com o 
abandono estas podem evoluir levando a um possível colapso da edificação. 
 
Palavras chave: Anomalias, Prédio Público, Ambiente Agressivo, Diagnóstico. 
 
 
 
 
LEVANTAMENTO DE MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS EM 
EDIFICAÇÃO ESCOLAR – ESTUDO DE CASO - ESCOLA 
TÉCNICA CENECISTA PROF. DURBAN FERRAZ FERREIRA EM 
TORRES RS 
 
GABRIEL LOPES LARROSA 
Autor 
 
Dra. GISELLE REIS ANTUNES 
Orientadora 
Abstract: Buildings have a life cycle, but there are factors that can extend this 
time and collaborate for better durability of these. Among these factors is the 
good development of the project; the success of planning and working 
conditions during construction, involving the quality of materials and labor; the 
consideration of the conditions of the environment in which the work is inserted; 
regular building inspections and periodic maintenance. Knowing that, nationally, 
the public buildings undergo few maintenance, for political and / or budgetary 
reasons in this work, we sought to identify the main pathological manifestations, 
by façade and construction components, incident in the Technical School 
Cenecista Durban Ferraz Ferreira in Torres / RS, adopting damage maps and 
damage identification cards (FID) to determine the causes and GUT method to 
define the order of priority of repair intervention. The analytical interpretation of 
the results allowed to verify that the majority of the anomalies come mainly from 
vandalism, lack of sealing, corrosion, aggravated by the lack of maintenance 
and aggressive action of the environment. In general, for an abandoned public 
building, without preventive and corrective maintenance routines especially 
exposed to intense aggressive conditions as in this object of study, exposed to 
the marine environment, are more subject to a high incidence of anomalies and 
with the abandonment these can evolve leading to a possible collapse of the 
building. 
 
Key words: Anomalies, Public building, Aggressive environment, Diagnosis. 
 
 
LISTA DE FIGURAS 
Figura 1 - Fluxograma de apoio à inspeção ......................................................................... 16 
Figura 2 - Metodologia de avaliação de desempenho ........................................................ 19 
Figura 3 - Curva do custo de manutenção em relação ao tempo ..................................... 21 
Figura 4 - Curva de desempenho/custo versus tempo de uso da edificação ................. 24 
Figura 5 - Principais causas de deterioração das edificações .......................................... 26 
Figura 6 - Exemplo demonstrativo de impermeabilização ................................................. 32 
Figura 7 - Morfologia e processos desencadeantes no concreto armado ...................... 46 
Figura 8 - Estrutura da metodologia utilizada na inspeção predial deste trabalho ........ 63 
Figura 9 - Legenda das principais manifestações patológicas da edificação em estudo
 ..................................................................................................................................................... 65 
Figura 10 - Planta de locação ................................................................................................. 67 
Figura 11 - Imagem de satélite da edificação ...................................................................... 67 
Figura 12 - Fotografia da construção da edificação em 1940 ........................................... 69 
Figura 13 - Fotografia do prédio em funcionamento 1948 ................................................. 69 
Figura 14 - Fotografia da edificação em 1990 ..................................................................... 70 
Figura 15 - Fotografia atual da edificação em estudo ........................................................ 71 
Figura 16 - Mapa de danos - fachada norte ......................................................................... 73 
Figura 17 – Vegetação e fissuras na laje fachada norte .................................................... 74 
Figura 18 – Corrosão na viga 10 na fachada norte............................................................. 74 
Figura 19 – Fissuras na viga, corrosão e manchas de umidade na laje fachada norte.75 
Figura 20 - Fachada norte, dividida em 3 prumadas ..........................................................75 
Figura 21 - Total dos ponderadores das FIDs por elementos construtivos da fachada 
norte ............................................................................................................................................ 76 
Figura 22 - Mapa de danos - Fachada Leste ....................................................................... 76 
Figura 23 – Destaque ao vandalismo, área externa leste ................................................. 77 
Figura 24 - Destaque laje e vigas com corrosão aparente área externa leste ............... 78 
Figura 25 - Fachada Leste, dividida em 3 prumadas ......................................................... 78 
Figura 26 - Total dos ponderadores das FIDs por elementos construtivos da fachada 
leste ............................................................................................................................................ 79 
Figura 27 - Mapa de danos - Fachada Sul ........................................................................... 80 
Figura 28 - Destaque laje e vigas com corrosão aparente área externa sul .................. 80 
Figura 29 - Fachada sul, dividida em 3 prumadas .............................................................. 81 
Figura 30 - Total dos ponderadores das FIDs por elementos construtivos da fachada 
sul ................................................................................................................................................ 82 
Figura 31 - Mapa de danos - fachada oeste ........................................................................ 82 
Figura 32 – Visão geral da fachada oeste ............................................................................ 83 
Figura 33 - Destaque na vegetação na laje fachada oeste ............................................... 84 
Figura 34 - Fachada oeste, dividida em 3 prumadas ......................................................... 84 
Figura 35 - Total dos ponderadores das FIDs por elementos construtivos da fachada 
oeste ........................................................................................................................................... 85 
Figura 36 - Ordem de prioridade de intervenção por prumada ......................................... 86 
Figura 37 - Ordem de prioridade de intervenção por elemento construtivo .................... 87 
Figura 38 - Ordem de prioridade de intervenção por fachada da edificação .................. 87 
Figura 39 - Principais origens das anomalias existentes ................................................... 88 
 
 
 
LISTA DE QUADROS 
Quadro 1: Principais fissuras nas edificações, prováveis causas e características ...... 37 
Quadro 2:: Principais ensaios usados na avaliação das estruturas acabadas .............. 46 
Quadro 3: Comparativo da metodologia de inspeção predial ........................................... 55 
Quadro 4: Relação dos valores adotados para quantificar a inspeção predial, valores 
para preencher o método GUT .............................................................................................. 61 
Quadro 5: Ficha de Identificação de Danos – FID proposta neste trabalho. .................. 66 
 
 
 
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS 
 
ACI: American Concrete Institute 
ART: Anotação de Responsabilidade Técnica 
ANA: Agência Nacional de Águas 
ANEEL: Agência Nacional de Energia Elétrica 
ABNT: Associação Brasileira de Normas Técnicas 
ASTM: American Society for Testing and Materials 
CEB: Comité Euro-Internacional du Béton 
CIB: Conseil Internactional du Bâtiment pour la recherche létude et la 
documentation 
CIENTEC: Fundação de Ciência e Tecnologia 
CSTC: Centre Scientifique et Technique de la Construction 
DMLU: Departamento Municipal de Limpeza Urbana de Porto Alegre 
EPHAC: Equipe do Patrimônio Histórico e Cultural do Município de Porto 
Alegre 
FMEA: Failure Mode and Effect Analysis 
IBAPE: Instituto Brasileiro de Avaliação e Perícias de Engenharia 
ICOMOS: Conselho Internacional de Monumentos e Sítios 
IPHAE: Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Estadual 
IPHAN: Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional 
IPT: Instituto de Pesquisas Tecnológicas 
ISO: International Standard Organisation 
NBR: Norma Brasileira 
PDDUA: Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano e Ambiental 
RILEM: Réunion Internationale des Laboratoires D’essais et de Recherches sur 
les Matériaux te les Constructions 
SMAM: Secretaria Municipal do Meio Ambiente de Porto Alegre 
SMC: Secretaria Municipal da Cultura de Porto Alegre SMOV: Secretaria 
Municipal de Obras e Viação 
SPHAN: Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional 
UNESCO: Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a 
Cultura 
UFRGS: Universidade Federal do Rio Grande do Sul 
 
 
 
SUMÁRIO 
1 INTRODUÇÃO ........................................................................................... 12 
1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO E JUSTIFICATIVA .............................................. 12 
1.2 ESTRUTURA DO TRABALHO ................................................................. 13 
1.3 OBJETIVOS .............................................................................................. 15 
1.3.1 Objetivo geral ......................................................................................... 15 
1.3.2 Objetivos específicos ............................................................................. 15 
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ...................................................................... 16 
2.1 DESEMPENHO E DURABILIDADE DAS EDIFICAÇÕES ........................ 16 
2.2 MANUTENÇÃO DAS EDIFICAÇÕES ....................................................... 20 
2.3 MECANISMOS DE DEGRADAÇÃO ......................................................... 24 
2.4 MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS ......................................................... 28 
2.4.1 Umidade ................................................................................................ 28 
2.4.2 Fissuras, Trincas e Rachaduras ............................................................ 34 
2.4.3 Corrosão de armadura no concreto armado .......................................... 41 
2.5 AVALIAÇÃO DAS ESTRUTURAS ACABADAS ...................................... 46 
2.6 FERRAMENTAS DE AVALIAÇÃO E INSPEÇÃO EM EDIFICAÇÕES..... 50 
2.6.1 Legislações pertinentes ......................................................................... 50 
2.6.2 Métodos de inspeção predial ................................................................. 51 
2.6.3 Estrutura do laudo de inspeção predial - LIP ......................................... 55 
2.6.4 Diagnóstico ............................................................................................ 59 
2.6.5 Definição de prioridades de intervenção de reparo ............................... 60 
3 ESTUDO DE CASO ................................................................................... 63 
3.1 METODOLOGIA ........................................................................................ 63 
3.2 CONSIDERAÇÕES SOBRE A EDIFICAÇÃO ESCOLAR ........................ 66 
3.2.1 Histórico ................................................................................................. 68 
3.2.2 Características construtivas ................................................................... 70 
4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS ................................ 73 
4.1 FACHADA NORTE .................................................................................... 73 
4.2 FACHADA LESTE ..................................................................................... 76 
4.3 FACHADA SUL ......................................................................................... 79 
4.4 FACHADA OESTE .................................................................................... 82 
4.5 ANÁLISE GERAL DE DANOS NAS FACHADAS .................................... 85 
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................................89 
6 REFERÊNCIAS ......................................................................................... 93 
Apêndices......................................................................................................... 98 
 
 
12 
 
1 INTRODUÇÃO 
O presente estudo de caso baseia-se em uma inspeção predial, em 
edificação escolar construída no ano de 1940, localizada no Morro do Farol em 
Torres – RS, abandonada há seis anos, a Escola Técnica Prof. Durban Ferraz 
Ferreira. 
1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO E JUSTIFICATIVA 
Ao se contemplar um espaço de relevância histórica, esse espaço evoca 
lembranças de um passado que, mesmo remoto, é capaz de produzir 
sentimentos e sensações que parecem fazer reviver momentos e fatos ali 
vividos que fundamentam e explicam a realidade presente. Essa memória pode 
ser despertada através de lugares e edificações, em sua materialidade, são 
capazes de fazer rememorar a forma de vida daqueles que no passado deles 
se utilizaram. (VITÓRIO, 2006) 
A falta de políticas e estratégias voltadas para a manutenção das obras 
públicas está se transformando em um grande problema para o País. Não é 
difícil demonstrar que quanto maior a demora em iniciar o processo de 
manutenção de uma obra, maiores e mais onerosos também serão os reparos 
necessários para que ela tenha as suas condições ideais de uso 
restabelecidas. (VITÓRIO, 2006) 
Para Vitório (2006) é fato notório que a cultura dominante nos órgãos 
responsáveis pelas obras públicas de infra-estrutura, nos níveis municipais, 
estaduais e federal, faz com que sejam priorizadas apenas as ações voltadas 
para a execução, não havendo maiores preocupações com as questões 
relacionadas à manutenção, em especial a preventiva. A manutenção corretiva 
por sua vez, na maioria dos casos, só é realizada quando a obra já está 
atingindo (ou já atingiu), o seu estado limite de utilização. 
A edificação escolhida para este estudo possui um valor histórico e 
cultural para a cidade. Foi a primeira escola construída, um marco para o 
desenvolvimento local, que na época, anos 40, recebia educação na paróquia 
13 
 
municipal. 
Atualmente é uma das únicas edificações históricas da cidade, com 
enorme potencial turístico, desperdiçado e com rumores de sua demolição. 
Neste sentido o presente estudo de caso pretende contribuir e motivar a 
recuperação da estrutura da edificação e seu retorno ao uso da comunidade, 
através da análise das condições da edificação. 
1.2 ESTRUTURA DO TRABALHO 
Neste item se aborda, de uma forma geral, todos os itens necessários 
para a condução da presente pesquisa. 
No subitem 2.1, 2.2 e 2.3, encontram-se conceitos referentes à 
durabilidade, vida útil e desempenho das edificações, planos de manutenção e 
condições de uso e exposição da edificação. Conceitos de fundamental 
importância para as diretrizes da pesquisa, que visa diagnosticar as origens 
das anomalias junto de sua classificação e ações para corrigir e evitar a 
reincidência. 
O subitem 2.4, apresenta as anomalias que podem ser originados nas 
etapas de projeto, na escolha dos materiais, na execução da construção e no 
uso e manutenção da edificação. 
Martins (2017), destaca como ações mecânicas a erosão e o excesso de 
cargas não previstas no projeto, provocando fissuras e, consequentemente, 
possibilitando a instalação de novos problemas como ações físicas de 
variações de temperatura, pois promovem os diferentes comportamentos 
relacionados à dilatação térmica dos materiais, devido aos seus diferentes 
coeficientes de dilatação. 
As ações químicas são as principais causadoras de anomalias, pois o 
concreto, normalmente, possuem uma resistência baixa a esse tipo de ataque. 
As substâncias encontradas no meio ambiente penetram no material e, sob 
determinadas condições de temperatura e umidade, provocam reações 
agressivas ao concreto. 
O subitem 2.8 apresenta as ferramentas de avaliação e inspeção em 
edificações e cadastro de problemas e manifestações patológicas que serão 
executados através de inspeção visual, durante visitas ao local. 
14 
 
No Item 3, se mostra a metodologia desenvolvida neste trabalho, 
aprimorada a partir das descrições das metodologias de inspeções 
identificadas no item anterior. , será realizada uma análise comparativa 
ressaltando os pontos importantes de cada método e, como esses estudos 
podem se complementar, pois a cada trabalho de inspeção é possível verificar 
a metodologia aplicada e a forma como as manifestações patológicas foram 
percebidas 
O item 4 apresenta os procedimentos de inspeção que estão conforme a 
Norma de Inspeção Predial – IBAPE Nacional (2012), com intuito de auxiliar na 
classificação das manifestações patológicas e determinar as prioridades de 
manutenção junto com as condições de uso da edificação. 
Seguindo parâmetros e os critérios das normas NBR 13752 (ABNT, 
1996) que trata de perícias de engenharia na construção civil), NBR 14653 
(ABNT, 2001) que trata da avaliação de bens imóveis urbanos e ASTM E2018-
15 (Standard Guide for Property Condition Assessments: Baseline Property 
Condition Assessment Process) para realizar a inspeção e levantamento das 
manifestações patológicas existentes. 
Para assegurar que a metodologia de inspeção, que adotamos está 
seguindo os procedimentos adequados realizados em pesquisas de inspeção, 
semelhantes ao presente estudo, e respeitando os parâmetros e critérios das 
normas citadas acima. 
Os autores TOMAZELI, Alexandre; HELENE, Paulo. (2017), PACHECO, 
Clarisse; VIEIRA, Geilma. (2017), ANTUNES; Giselle. (2010), com suas 
metodologias já aplicadas serviram como as principais referências neste 
estudo, buscando adaptar as metodologias para as presentes condições do 
estudo de caso. 
O resultado de todas as análises e prognósticos com apresentação de 
gráficos com as principais informações utilizadas para conseguirmos chegar ao 
prognóstico estão no item 4 e, em apêndice estarão as planilhas completas, 
relatório fotográfico das visitas ao local e um parecer técnico da edificação em 
estudo. 
 
15 
 
1.3 OBJETIVOS 
1.3.1 Objetivo geral 
Este trabalho tem como objetivo geral fazer levantamento das 
manifestações patológicas, realizar diagnóstico e sugerir soluções nos locais 
onde foram constatadas, resultando em uma análise que determinará as 
prioridades para a execução e recuperação do prédio. 
1.3.2 Objetivos específicos 
Com fins de atingir o objetivo geral desta pesquisa propõem-se como 
objetivos específicos: 
• Identificar as manifestações patológicas; 
• Classificar as anomalias quanto ao grau de risco e prioridade de 
intervenção;. 
• Utilizar ferramentas de auxílio para o diagnóstico como Mapa de 
Danos e Fichas de Identificação de Danos. 
• Propor medidas corretivas para o reparo dos danos encontrados. 
16 
 
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 
Para a realização da pesquisa do Estudo de Caso do Prédio da Antiga 
Escola Técnica Cenecista Prof. Durban Ferraz Ferreira, realizou-se um 
levantamento bibliográfico de trabalhos de diversos pesquisadores das mais 
distintas especialidades com o propósito de aprimorar os conhecimentos 
relacionados ao tema. 
Neste item, encontram-se conceitos referentes à durabilidade das 
edificações, da sua vida útil, dos planos de manutenção e das condições de 
uso e exposição. Estes conceitos são de fundamental importância para as 
diretrizes da pesquisa e visam diagnosticar as origens das anomalias junto de 
sua classificação e ações para corrigir e evitar a reincidência. 
A figura 1 ilustra um sistema classificatório para inspeção predial 
proposto por Silvestre e Brito (2008), onde se observa a divisão em grupos de 
ocorrência de manifestações patológicas, as suas causas mais prováveis, 
seriam os métodos adotados para diagnóstico das manifestações patológicas 
para que sejam definidas as técnicas de tratamento da edificação. 
Figura 1 - Fluxograma de apoio à inspeção 
 
Fonte:Adaptado de Silvestre e Brito, 2008 
 
2.1 DESEMPENHO E DURABILIDADE DAS EDIFICAÇÕES 
Na área de patologia, temos como referência um lastro de normas que 
definem e padronizam os aspectos de desempenho e durabilidade das 
edificações. No entanto, para iniciar uma avaliação ou inspeção predial e a 
classificação das manifestações patológicas torna-se importante definir a 
17 
 
origem, a gravidade, a urgência e a tendência. 
A gravidade é analisada pela consideração da intensidade ou impacto 
que o problema pode causar se não for solucionado. A Urgência, por sua vez é 
analisada pela pressão do tempo que existe para resolver determinada 
situação. Basicamente leva em consideração o prazo para se resolver um 
determinado problema. Já a Tendência É analisada pelo padrão ou tendência 
de evolução da situação. Você pode analisar problemas, considerando o 
desenvolvimento que ele terá na ausência de uma ação efetiva para solucioná-
lo. Representa o potencial de crescimento do problema, a probabilidade do 
problema se tornar maior com o passar do tempo. 
Conforme Possan (2004) “o conceito de durabilidade associa-se 
diretamente a vida útil”, e “o conceito de desempenho pode ser definido como o 
comportamento em uso”. 
Segundo Cuibá (2015), a durabilidade das edificações públicas está 
ligada diretamente a rotina de manutenção e custos decorrentes da forma de 
utilização. As edificações devem ter como funções predominantes normas de 
conduta dos usuários, equipe especializada para lidar com as dificuldades, 
treinamento visando à reciclagem de aprendizado, inventários, controles de 
equipamentos, rotina de manutenção preventiva, corretiva e rotina de 
segurança. A avaliação constante dos custos e orçamentos com troca de 
informações e análises possibilitando a melhoria das condições de 
manutenção. 
Conforme a NBR 15575 (ABNT, 2013), vida útil, é “período de tempo em 
que um edifício e/ou seus sistemas se prestam às atividades para as quais 
foram projetados e construídos considerando a periodicidade e correta 
execução dos processos de manutenção especificados no respectivo Manual 
de Uso, Operação e Manutenção (a vida útil não pode ser confundida com 
prazo de garantia legal e certificada)”, e desempenho é “Conjunto de 
requisitos e critérios de desempenho estabelecido para a edificação ou seus 
sistemas. As especificações de desempenho são uma expressão das funções 
exigidas da edificação ou de seus sistemas e que correspondem a um uso 
claramente definido; no caso desta Norma, referem-se ao uso habitacional de 
edificações”. 
Segundo a norma ASTM E632 (1998), vida útil é “o período de tempo 
após a instalação de um material, componente ou sistema, em que as 
propriedades do mesmo ficam acima de valores mínimos aceitáveis”. Admite-
se que um material atingiu o fim da sua vida útil quando suas propriedades, sob 
dadas condições de uso, deterioraram a tal ponto que a continuação do uso 
18 
 
deste material é considerada insegura ou antieconômica. 
Para Da Fonseca (2016), o desempenho do produto final da construção 
civil, no tocante à qualidade, dependerá do êxito nas atividades realizadas nos 
seus respectivos processos, que comumente pode ser dividido em cinco fases 
principais: planejamento, projeto, escolha dos materiais, execução e uso. 
Todas essas atividades devem visar, além da função para a qual se destina a 
estrutura, o controle do surgimento das manifestações patológicas que pode se 
desenvolver em qualquer uma das etapas do processo construtivo. 
Desta forma, entende-se que o desempenho como condições mínimas 
de habitabilidade nos ambientes da edificação, como conforto térmico, conforto 
acústico, higiene, salubridade, segurança dentre outras necessidades 
humanas. Para atender as necessidades de desempenho é necessário analisar 
o grau de exposição da edificação no ambiente em que foi construída e os 
fatores relevantes relacionados diretamente à durabilidade com o desempenho. 
Quando a edificação apresenta algum problema, vício ou defeito 
observa-se o mau desempenho dos materiais empregados ou do sistema 
adotado. Parte desses problemas designa-se por manifestação patológica, que 
na construção civil é qualquer defeito ou anomalia que venha danificar ou 
prejudicar o desempenho de um elemento construído (DA FONSECA, 2016). 
No presente momento, encontram-se no mercado vários tipos de 
materiais de construção de diversas marcas. Porém, nem sempre os materiais 
apresentam uma boa qualidade, pois são produzidos de maneira inadequada 
ou com insumos de baixa qualidade. 
Para melhorar a qualidade é necessário que os sistemas construtivos 
adotados não ofereçam aos usuários qualquer tipo de riscos nos elementos de 
fundação, estrutura, instalações elétricas, hidráulicas, telefonia e rede lógica, 
vedações internas e externas, pisos, revestimentos, esquadrias e cobertura. 
Mesmo com o abrangente campo de estudos na área da construção 
civil, ainda assim, encontram-se muitos trabalhadores nesta área com pouca 
qualificação profissional. Pelo fato desses profissionais não possuírem um 
conhecimento mais aprofundado, acabam por executar os trabalhos nas 
edificações de forma incorreta ou até mesmo mal feitas. 
Atualmente, no Brasil, durabilidade e desempenho das edificações tem 
tido bastante destaque, e isso amplia cada vez mais as responsabilidades das 
19 
 
construtoras em considerar esses parâmetros em seus projetos. Um grande 
número de empreendimentos imobiliários de diversas classes sociais não 
atende os requisitos mínimos do desempenho em uso. A padronização destes 
requisitos está através da ABNT, IBAPE, dentre outras legislações regionais e 
internacionais relevantes ao assunto. 
A NBR 15575 (ABNT, 2013) padroniza e define que “a forma de 
estabelecimento do desempenho é comum e internacionalmente pensada por 
meio da definição de requisitos (qualitativos), critérios (quantitativos ou 
premissas) e métodos de avaliação, os quais sempre permitem a mensuração 
clara do seu cumprimento”. 
A NBR 15575 (ABNT, 2013) enfatiza que “as Normas assim elaboradas 
visam de um lado incentivar e balizar o desenvolvimento tecnológico e, de 
outro, orientar a avaliação da eficiência técnica e econômica das inovações 
tecnológicas”, como uma maneira de garantir a segurança dos usuários. 
A figura 2, conforme a NBR 15575 (ABNT, 2013), exemplifica a 
metodologia de avaliação do desempenho, como identificação das exigências 
dos usuários a serem satisfeitas e das condições de exposição a que esta 
submetida à edificação, seus elementos e componentes. A partir deste ponto 
definem-se requisitos e critérios a serem atendidos pelo edifício e suas partes, 
expressos de forma qualitativa e quantitativa, respectivamente. 
Figura 2 - Metodologia de avaliação de desempenho 
 
Fonte: Adaptado de NBR 15575 (ABNT, 2013) 
 
 
 
 
 
20 
 
2.2 MANUTENÇÃO DAS EDIFICAÇÕES 
Independente da finalidade de uso da edificação, a manutenção é de 
suma importância para garantir as solicitações em geral. Ocorre que este ponto 
não é relevante para maioria das construções existentes, por falta de interesse 
ou falta de conhecimento técnico dos seus responsáveis que não atuam no ato 
do aparecimento da manifestação patológica, agravando-a, tornando um 
pequeno reparo em uma grande reforma. 
Helene (2001) diz que as manifestações patológicas são aquelas que 
surgem em um determinado sistema, alterando, danificando e enfraquecendo 
sua estrutura real. 
De acordo com Sanches (2009) em algumas das anomalias encontradas 
nas edificações e os problemas relacionados à manutenção são de difícil 
solução, contribuindo para a degradação precoce do empreendimento e 
insatisfação do usuário. Isso se dá devido à fragilidade de comunicação entre 
usuários e administradora; por falhas de projeto; por falhas de execução de 
obra; pela qualidade dos materiais utilizados; e em alguns casos pelo uso 
indevidoda edificação e suas instalações. 
Em 2016, Fonseca definiu que para manutenção das edificações é 
necessário o conhecimento da influência causada em cada etapa construtiva, 
para designar adequadamente os melhores métodos de controle das 
manifestações patológicas, e ainda, projetar a manutenção de forma a evitá-las 
no decorrer da vida útil das edificações. 
O assunto de manutenção e modo de conservação é muito abordado na 
atualidade devido a sua negligência, com o surgimento das legislações de 
desempenho e durabilidade que enfatiza a importância de uma orientação 
técnica de como conduzir as intervenções de reparos e manutenções, definindo 
o período a cada intervenção e sinalizando as práticas de mau uso. 
Em geral, os problemas patológicos são evolutivos e tendem a se 
agravar com o passar do tempo, além de acarretarem outros problemas 
associados ao inicial. Por exemplo: uma fissura de momento fletor pode dar 
origem à corrosão de armadura; flechas excessivas em vigas e lajes podem 
acarretar fissuras em paredes e deslocamento em pisos rígidos apoiados sobre 
os elementos fletidos. Pode-se afirmar que as correções serão mais duráveis, 
21 
 
mais fáceis e muito mais baratas quanto mais cedo forem executadas 
(PELACANI, 2010). 
A Figura 3 apresenta a curva de relação entre tempo do programa de 
manutenção e custo da manutenção segundo Helene (2001), deixando claro 
que quanto maior o tempo sem manutenções mais custosas elas se tornam, o 
gráfico apresenta um custo cinco vezes maior para uma manutenção corretiva 
do que um programa periódico de manutenção preventiva. 
Figura 3 - Curva do custo de manutenção em relação ao tempo 
 
Fonte: (HELENE, 2001) 
 
A questão da manutenção dos edifícios escolares deve ser considerada 
uma das principais preocupações de todo o sistema educacional, levando-se 
em conta não só a melhoria das condições funcionais, de higiene e do espaço 
físico, onde se processam a transmissão de conhecimentos e a formação 
cultural da população estudantil, mas também a conservação de um patrimônio 
estadual, já existente, de inestimável valor econômico. 
Para Helene (2001), é fundamental ter em mente que os problemas 
patológicos que incidem no edifício são sempre evolutivos, necessitando de 
crescentes recursos para sua recuperação. É indispensável, portanto, que os 
profissionais envolvidos num programa de manutenção e recuperação estejam 
preparados e atentos para a imediata identificação dos problemas existentes, 
ou que possam vir a surgir, garantindo, assim, que as soluções sejam sempre 
apontadas no momento exato e da forma mais adequada, considerando-se os 
aspectos técnicos e econômicos. 
Seguindo a mesma metodologia, Cuibá (2015) diz que a manutenção 
preventiva por meio de ações rotineiras e sistemáticas reduz retrabalhos e 
22 
 
interferências das equipes de manutenção na vida cotidiana de um prédio 
público. O planejamento por meio da implantação do plano de manutenção 
pode viabilizar as ações de inspeção, limpeza, tratamento de manutenção, 
reparação e substituição de componentes, ou seja, são procedimentos que 
conduzirão a redução do processo de degradação e custos resultantes da 
utilização dos prédios públicos. 
Ainda, para Cuibá (2015), os programas de manutenção visam garantir a 
conservação, a preservação e valorização de edificações públicas. Do mesmo 
modo, devem garantir a infra-estrutura que compõe uma edificação como o 
abastecimento de água, a energia elétrica: a pavimentação, a drenagem de 
águas pluviais e o descarte adequado dos resíduos sólidos, de modo a 
proteger o meio ambiente. 
De acordo com Sanches (2009) para que o Projeto da Manutenção seja 
eficaz e econômico é necessário que desde o início, e a cada etapa de um 
empreendimento sejam coletados informações e dados relacionados à 
edificação. Nestas etapas as soluções encontradas e decisões tomadas 
influenciam diretamente no grau de manutenção da fase de uso. A qualidade e 
viabilidade do Projeto da Manutenção (manuais de usuário, cronogramas de 
serviços e manuais do empreendimento) dependerão das considerações e 
tomadas de decisões feitas durante o processo de projeto pensando para 
manutenção. 
O sistema de manutenção predial deve ser orientado por diretrizes com 
os padrões de operação que assegurem a preservação do desempenho e do 
valor das edificações ao longo do tempo e o fluxo de informações entre os 
diversos intervenientes do sistema. Inclui também instrumentos para 
comunicação com o proprietário e os usuários, atribuindo responsabilidades e 
autonomia de decisão dos intervenientes. 
O Manual de Uso e Operações da edificação previsto na NBR 5674 
(ABNT, 2012), é uma ferramenta que auxilia na utilização correta e 
manutenção do imóvel, contendo as principais informações sobre o uso, 
características construtivas, materiais empregados, informações técnicas de 
projeto, cuidados necessários durante as operações de limpeza, manutenção e 
garantias, orientando sobre os direitos e deveres que assistem aos usuários. 
A utilização do manual de uso e manutenção da edificação bem como 
23 
 
processos construtivos previne em grande parte o surgimento de 
manifestações patológicas. Além disso, o uso adequado de um programa de 
controle da qualidade minimiza a possibilidade de ocorrência de falhas durante 
o processo de execução da obra mostrando-se, portanto, de grande valia para 
o não surgimento de problemas patológicos. 
 Para Cuibá (2015) e Aguilera (2004), a inspeção predial é o mecanismo 
de melhor eficácia para a identificação das anomalias e falhas de um prédio, a 
experiência e técnica do inspetor que fará a avaliação e classificação das não 
conformidades encontradas determinará as condições da edificação conforme 
orientações da técnica, uso e manutenção. 
Pujadas (2013), afirma que o método e os critérios da Inspeção Predial 
são baseados na classificação das não conformidades técnicas, de uso, de 
manutenção e funcionais da edificação, Baseia-se também na classificação das 
não conformidades em grau de risco, considerando aspectos de desempenho 
segurança e saúde na elaboração da lista de prioridades técnicas, na 
elaboração de recomendações e orientações técnicas para a correção e 
ajustes das anomalias e falhas constatadas, na classificação da qualidade de 
manutenção e, por fim, na classificação do uso e utilização do edifício. 
A figura 4, de Mirshawa & Olmedo (1993), representa uma curva de 
relação do desempenho e custo relacionado ao tempo de uso da edificação, 
ela demonstra o quão é indispensável um programa de manutenção para evitar 
a perda de desempenho da edificação, correlacionando o custo de sua correta 
manutenção. 
Em Porto Alegre – RS, a Prefeitura Municipal visando um plano de 
conservação e desempenho das edificações existentes, decretou leis que 
obrigaram os administradores e proprietários a atuarem na manutenção das 
edificações. A lei 6323/1989 estabelece critérios para a conservação de 
elementos nas fachadas dos prédios, o Decreto 9425/1989 estabelece medidas 
de conservação para marquises estabelecidas na lei 6323/1989. O decreto 
18574/2014 o Prefeito regulamenta o art. 10 da Lei Complementar nº 284/1992, 
que dispõe sobre as regras gerais e específicas a serem obedecidas na 
manutenção e conservação das edificações. 
 
24 
 
Figura 4 - Curva de desempenho/custo versus tempo de uso da edificação 
 
Fonte: (MIRSHAWKA e OLMEDO, 1993) 
Torna-se necessário a importância da manutenção das edificações, 
apesar da dedicação das construtoras e dos técnicos responsáveis pela 
elaboração do manual do proprietário que apresentam projetos de manutenção 
não condizentes com as reais necessidades que o desempenho da edificação 
solicita durante o uso. Sendo assim o programa de manutenção de uma 
edificação depende de uma atuação constante dos responsáveis, 
independentemente da existência do manual do proprietário, comsua eficácia 
e periodicidade correta a um ganho econômico inestimável para o imóvel. 
2.3 MECANISMOS DE DEGRADAÇÃO 
A norma ASTM E632 (1998) define “fator de degradação como qualquer 
fator externo que afete de maneira desfavorável o desempenho de um edifício 
ou de suas partes, incluindo nisto as intempéries, agentes biológicos, esforços, 
incompatibilidade e fatores de uso”. A própria norma alerta que esta lista não é 
exaustiva e outros possíveis fatores importantes deveriam ser verificados em 
cada caso específico. 
O edifício, num determinado contexto, está sujeito às condições do 
ambiente, mais ou menos variáveis, recebendo influências de naturezas 
diversas ao longo do tempo. A norma ASTM E632 (1998) define fatores 
ambientais como “todos os grupos de fatores associados com o ambiente 
natural, incluindo radiação, temperatura, chuva e outras formas de água, gelo e 
degelo, constituintes normais do ar e seus poluentes e vento”. 
 Os fatores relevantes de exposição da edificação em seu ambiente, 
25 
 
estão presente como a temperatura, umidade, insolação, estabilidade do solo, 
intempéries, solicitações devido ao uso, solicitações externas dentre outras. 
O meio ambiente onde as estruturas podem ser inseridas são 
classificadas, de acordo com o grau de agressividade da atmosfera do mesmo, 
em atmosfera rural, atmosfera urbana, atmosfera marinha e atmosfera 
industrial. 
Segundo Fortes (1995) e Lersh (2003), o clima exerce grande influencia 
no surgimento das manifestações patológicas: 
• Nos climas quentes e secos, com grande amplitude térmica diária, 
um dos principais fatores de degradação é a temperatura do ar. Esta afeta a 
plasticidade e a capacidade física de contração e expansão dos materiais, 
ocasionando descontinuidade, principalmente nas superfícies e revestimentos. 
• Nos climas frios, os problemas mais graves que podem ocorrer são 
a condensação do vapor d’água sobre os materiais e o congelamento d’água 
presente nas alvenarias e nas tubulações. 
• Na atmosfera rural, região de ar livre, caracterizada pela baixa taxa 
de poluentes, com fraca agressividade às armaduras do concreto. Nesse meio, 
os teores de íons e gases agressivos se tornam desprezíveis, inclusive os 
teores de CO2. 
• Na atmosfera urbana os teores íons e gases agressivos não são 
desprezíveis, uma vez que são regiões localizadas nos centros de maior 
população contem impurezas como óxidos de enxofre, fuligem ácida e outros 
agentes agressivos. As partículas ácidas em suspensão contribuem para o 
desencadeamento da corrosão das armaduras de concreto pelo fato de 
acumular água na superfície. 
• Nas regiões sobre o mar ou próximas da orla marítima a 
agressividade do meio é devido à umidade relativa do ar, cloretos de sódio e 
magnésio. Esses agentes são extremamente agressivos e aumentam a 
velocidade de corrosão na ordem de 30 a 40 vezes em relação à que ocorreria 
no ambiente rural. 
A figura 5 é um quadro estruturado por Lersh (2003), onde se 
apresentam as principais causas de deterioração das edificações, dividindo-as 
por: climáticas, biológicas, naturais e de uso da edificação, exemplificando 
cada ação causal. 
26 
 
Figura 5 - Principais causas de deterioração das edificações 
 
Fonte: Adaptado de Lersh, 2003 
Conforme defendido por Neumann (2017) a durabilidade implica na 
estabilidade e resistência a agentes físicos, químicos e biológicos, oriundos de 
causas naturais ou artificiais. Os requisitos de higiene visam à saúde e ao bem 
- estar do usuário da construção. O fator estético é observado quanto ao 
aspecto do material colocado, de cujo emprego simples ou combinado, se pode 
tirar partindo para a beleza da obra. 
Como a vida útil do concreto armado está diretamente ligada à sua 
capacidade de resistir ao ambiente em que está inserido, é muito importante o 
estudo das diversas condições que podem diminuir sua durabilidade. Estas 
condições, se agrupadas, podem ser classificadas em quatro tipos, do 
ambiente não agressivo ao altamente ameaçador. 
Do Nascimento (2015) destaca que as ações mais agressivas 
ocorrem em ambientes onde o concreto sofre ciclos de molhagem e secagem, 
pois há ingresso tanto de água e sais, como de substâncias em estado gasoso. 
Este cenário pode ser observado em zonas marinhas, sobre o mar ou perto da 
costa. Nestas áreas, observa-se uma maior concentração de cloretos e sulfatos 
que contribuem para a aceleração do processo de corrosão das armações. 
Outro ambiente que se enquadra nesta classificação são as zonas industriais, 
contaminadas por gases e cinzas que podem acelerar bastante o sistema 
corrosivo. 
Os materiais de construção sofrem mudanças físicas com a variação 
de temperatura. Entre estas mudanças, a principal é a dimensional, sofrendo 
dilatação quando aquecidos e contração quando resfriados. As mudanças 
dimensionais causam tensões que podem levar a deformações ou rupturas. A 
27 
 
movimentação térmica também provoca formação de juntas entre materiais 
justapostos causadas pela diferença de deformação. 
Para Lersh (2003) a radiação solar é um fenômeno térmico 
responsável pelo aumento da temperatura superficial dos materiais. Ao analisar 
os efeitos da radiação solar, deve-se considerar não somente aqueles 
resultantes das radiações diretas, mas também das refletidas. Não pode ser 
desprezado o efeito da irradiação, gerada, por exemplo, pelo armazenamento e 
pela condutividade térmica das paredes expostas às radiações e pela 
devolução deste calor ao ambiente. A irradiação varia com as características do 
material constituinte da superfície emissora. A cor e a reflectância do material 
alteram o calor radiante incluso, que causa o aumento de temperatura. 
Ainda citando Lersh (2003), vento é resultado da diferença de 
pressão atmosférica. As principais características do vento são direção, 
velocidade e frequência, pode causar mudanças bruscas de temperatura e sua 
velocidade varia a diferentes altitudes. Um dos mais sérios efeitos da pressão 
do vento se encontra em conjunto com a chuva. 
Sendo a direção predominante dos ventos simultâneos às chuvas 
tornando-se um fator importante na determinação da umidade sobre as 
fachadas, pois o vento causa danos em combinação com a chuva, a qual 
penetra em fissuras, fendas e materiais porosos. 
Segundo Lersh (2003) a qualidade do ar é um fator importante a ser 
considerado em relação ao ambiente externo. A atmosfera é formada por 
gases, predominando o nitrogênio (78%) e oxigênio (21%) e, em quantidades 
menores, o vapor d’água, dióxido de carbono e ozônio. Nas regiões costeiras, 
as edificações sofrem os efeitos da névoa salina, e o ar está carregado de 
cloreto de sódio que pode se depositar nas paredes do edifício e penetrá-las 
através dos poros dos materiais. Nos centros urbanos, é comum o acúmulo de 
pó, fuligem e partículas poluentes sobre os revestimentos externos e os 
elementos de fachada. Este acúmulo é devido à poluição atmosférica. 
 
 
28 
 
2.4 MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS 
Sabe-se que as maiores causas de manifestações patológicas provém 
de falhas de projeto, falta de manutenção e baixa qualidade nos materiais 
utilizados. (HELENE e FIGUEREDO, 2003; ANTUNES, 2010;) 
As manifestações patológicas podem ser originados nas etapas de 
projeto, de escolha de materiais, de execução da construção e de uso e 
manutenção. E podem ser causados por ações mecânicas, físicas, químicas e 
biológicas. 
Martins (2017), destaca como ações mecânicas a erosão e o excesso de 
cargas não previstas no projeto, provocando fissuras e, consequentemente, 
possibilitando a instalação de novos problemas também as ações físicas de 
variações de temperatura, pois promovem os diferentes comportamentos 
relacionados à dilatação térmica dos materiais, devido aos seus diferentes 
coeficientes de dilatação. 
Desta forma, as ações químicas são as principais causadoras de 
anomalias, pois oconcreto, normalmente, tem uma resistência baixa a esse 
tipo de ataque. As substâncias encontradas no meio ambiente penetram no 
material e, sob determinadas condições de temperatura e umidade, provocam 
reações agressivas ao concreto. 
2.4.1 Umidade 
A umidade dentre as manifestações patológicas nas edificações é a 
responsável por grande parte dos danos verificados, tanto nas históricas como 
nas contemporâneas, sendo a presença de água o principal veículo para 
alguns mecanismos de deterioração. 
Por isso a presença de água é responsável por grande parte dos danos 
verificados em edificações, tanto nas históricas como nas contemporâneas, 
sendo o principal veículo para alguns mecanismos de deterioração. Portanto, a 
umidade pode ter diversas origens, como a absorção de água do solo pelas 
fundações, a condensação do vapor de água nas superfícies ou no interior das 
edificações, o vazamento de tubulações de água ou esgoto e a infiltração de 
água da chuva que penetra nos edifícios, principalmente através das fachadas 
e coberturas. Logo, ela pode estar presente nas edificações, de diversas 
29 
 
formas, podendo ser separadas quanto a sua origem como umidade da obra, 
provenientes das etapas de construção, umidade de absorção e capilaridade, 
provenientes da absorção da água existente no solo, migrando por capilaridade 
para paredes, pisos, estrutura, umidade de infiltração, provenientes das águas 
das chuvas e demais fenômenos meteorológicos, umidade de condensação, 
provocada pela umidade do ar, pelo vapor da água, dependendo da época do 
ano (APOLINÁRIO, 2013; VITÓRIO, 2003; LERSH, 2003; PEREZ, 1988). 
A umidade pode estar presente de diversas formas, podendo ser 
separadas quanto à sua origem, como: umidade da obra, umidade de absorção 
e capilaridade, umidade de infiltração provenientes das águas das chuvas e 
umidade de condensação provocada pela umidade do ar. (APOLINÁRIO, 2013; 
VITÓRIO, 2003; LERSH, 2003; PEREZ, 1988) 
Conforme Perez (1988), a umidade nas construções representa um dos 
problemas mais difíceis de ser corrigidos dentro da construção civil. Essa 
dificuldade está relacionada à complexidade dos fenômenos envolvidos e à 
falta de estudos e pesquisas. Os problemas de umidade quando surgem nas 
edificações sempre trazem um grande desconforto e degradam a construção 
rapidamente sendo de alto custo as soluções. 
No estudo de Apolinário (2013) observa-se a anomalia através dos 
efeitos como umedecimento das paredes, manchas de umidade, eflorescência, 
descolamento dos revestimentos, bolor, fungos, corrosão de armadura, fissuras 
e odores desagradáveis. Sendo que as manchas de umidade modificam a cor 
da pintura e do revestimento da parede com relação ao restante da mesma, 
devido à presença da passagem da água. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
30 
 
Quadro 1: Principais anomalias recorrentes à umidade 
Anomalia de Umidade Prováveis causas Características 
Eflorescência 
 
 
O fluxo de água através das 
paredes e a consequente 
cristalização dos sais solúveis na 
superfície, ocorrem devido ao efeito 
isolado ou combinado que se 
originam de capilaridade, 
infiltrações em fissuras, percolação 
por vazamentos de tubulações de 
água ou vapor, condensação de 
vapor de água dentro das paredes. 
(VITORIO, 2003; SOUZA, 1997) 
O estudo de Souza (1997) 
caracteriza as eflorescências 
como incrustações ou 
depósitos pulverulentos, com 
alteração de cor da superfície 
dos revestimentos em tom 
esbranquiçado, acinzentado, 
esverdeado, amarelado ou 
preto. 
Vegetação 
 
De modo geral, todas as alvenarias 
e componentes de concreto estão 
sujeitos ao aparecimento da 
vegetação. As características e a 
quantidade variam conforme a 
natureza dos produtos solúveis, 
das condições atmosféricas, da 
umidade, temperatura, vento, etc. 
Geralmente ocorrem em 
pontos de infiltração, nas 
tubulações de escoamento 
pluvial e nas regiões com 
acúmulos de sedimentos. 
Nascem raízes nas pequenas 
fissuras e rejuntes e com 
tempo a raiz se alastra 
prejudicando o desempenho 
dos elementos estruturais. 
Pulverulência 
 
A infiltração de água através de 
alicerces, lajes cobertura mal 
impermeabilizadas ou argamassas 
de assentamento magras 
manifesta-se por manchas de 
umidade, acompanhada ou não 
pela formação de eflorescência ou 
vesículas. A infiltração constante 
provoca a desagregação do 
revestimento, com pulverulência. 
A argamassa nos pontos 
empolados é pulverulenta e 
facilmente removível. No caso 
de tintas impermeáveis, a 
eflorescência deposita-se 
entre a camada de tinta e a 
do reboco, comprometendo a 
aderência entre ambas. 
Bolor e mofo 
 
De acordo com Segat (2005) a 
incidência de umidade constante, 
principalmente em áreas não 
expostas ao sol, propicia o 
surgimento de mofo ou bolor na 
superfície que tende a desagregar 
o revestimento. A formação de 
fungos que atacam principalmente 
os revestimentos e as pinturas, 
escurecendo a superfície e 
deteriorando. 
Barros (1997) destaca que a 
presença de umidade no 
ambiente pode favorecer a 
umidade dos materiais, 
contudo, somente a água 
absorvida pelos materiais é 
utilizada pelos fungos para o 
seu desenvolvimento. A água 
absorvida e a temperatura 
são fatores condicionantes 
para o aparecimento e 
extensão do bolor no 
revestimento, 
Fonte: Autoria própria 
Para prevenção de umidade é necessário o conhecimento das 
propriedades dos materiais constituintes das alvenarias quanto a 
higroscopicidade, porosidade e absorção de água. Além do conhecimento 
sobre a intensidade e duração das precipitações na região em conjunto com a 
orientação das fachadas quanto à direção do vento. 
Devem-se minimizar as possibilidades de infiltrações a fim de evitar 
31 
 
deteriorações nas edificações controlando os fluxos de águas superficiais, 
dissipando os fluxos de maiores concentrações e protegendo as partes 
vulneráveis das edificações. Para evitar os efeitos da umidade por infiltração, 
principalmente se adotados na fase de projeto como detalhes arquitetônicos e 
construtivos adequados para fachadas e coberturas, como por exemplo, frisos, 
pingadores, rufos, beirais, platibandas, juntas, esquadrias e materiais de 
revestimento. (APOLINÁRIO, 2013; VITÓRIO, 2003; LERSH, 2003; PEREZ, 
1988) 
Nas premissas de projeto definidas pela NBR 15575-4 (ABNT, 2013) 
indicam os detalhes construtivos para as interfaces e juntas entre 
componentes, a fim de facilitar o escoamento da água e evitar a sua 
penetração para o interior da edificação. Esses detalhes devem levar em 
consideração as solicitações a que os componentes da vedação externa 
estarão sujeitos durante a vida útil de projeto da edificação habitacional. O 
projeto deve contemplar também obras de proteção no entorno da construção, 
a fim de evitar o acúmulo de água nas bases da fachada da edificação. 
2.4.1.1 Estratégias para evitar a umidade 
A impermeabilização na construção civil é uma atividade da engenharia 
que utiliza materiais e técnicas, de modo a garantir a estanqueidade necessária 
às partes da edificação eventualmente expostas à água. Essa atividade além 
de proteger o ser humano, do ponto de vista da saúde e do conforto, também 
contribui para a funcionalidade e segurança das edificações ampliando a vida 
útil. Logo a impermeabilização a ser utilizada na obra, deve ser previsto na 
etapa de planejamento, projeto, memorial descritivo. É importante que seja 
especificado o tipo de impermeabilizante e os detalhes de aplicação. Uma 
grande falha começa principalmente na ausência de um projeto de 
impermeabilização (APOLINÁRIO, 2013; VITÓRIO, 2003; LERSH, 2003). 
A figura 6 adaptada de Apolinário (2013) esboça simploriamente um 
sistema de impermeabilização, mostrando o substrato, a camada de 
impermeabilização e por final o acabamento. Essas camadas podem ser de 
diferentes espessuras e quantidades, dependendo do que se destina o uso do 
elemento impermeabilizado. 
 
32Figura 6 - Exemplo demonstrativo de impermeabilização 
 
Fonte: (adaptado de Apolinário, 2013) 
Para que ocorra um bom desempenho dos imóveis, deve-se verificar 
que grande parte dos problemas patológicos que surgem ao longo do tempo 
nas edificações são originados direta ou indiretamente pela falta de adoção dos 
procedimentos adequados para a impermeabilização, o que implica, além dos 
transtornos conhecidos para os usuários, em grandes prejuízos econômicos e 
financeiros devidos à prematura deterioração e a diminuição da vida útil dos 
empreendimentos. 
Existem diversos tipos de produtos impermeabilizantes para ser utilizada 
na infra-estrutura, em específico nas faces em contato com o solo, a diferença 
básica entre eles é a flexibilidade. Segundo o Instituto Brasileiro de 
Impermeabilização, os sistemas impermeabilizantes podem ser divididos em 
dois sistemas, são os flexíveis, a base de asfalto, que suportam deformações 
sem o surgimento de fissuras, e os rígidos, a base de cimento, que se 
implantados, requerem que a fundação não sofra deformações, uma vez que 
acarretaria no surgimento de fissuras no impermeabilizante, deixando um 
caminho aberto para a passagem da água. Consta que os danos ou 
manifestações patológicas decorrentes das falhas na impermeabilização da 
infraestrutura são originários de defeitos da própria edificação, podendo ocorrer 
tais defeitos, desde a etapa de planejamento, na escolha errada do tipo de 
impermeabilização que pode posteriormente sofrer rompimentos devido às 
movimentações que a infraestrutura pode estar sujeita, até nas falhas 
operacionais na mão de obra durante a aplicação do produto e posterior a 
aplicação do produto, na falta de cuidados (APOLINÁRIO, 2013; VITÓRIO, 
2003; LERSH, 2003). 
 
33 
 
Como estratégia para evitar a umidade destaca-se também o uso de 
coletores de águas pluviais, como rufos, calhas e tubos de queda. Estes são 
utilizados para suprir a vazão de chuva de determinada região. Neste sentido, a 
NBR 10844 (ABNT, 1989) fixa exigências e critérios necessários aos projetos 
das instalações de drenagem de águas pluviais, visando a garantir níveis 
aceitáveis de funcionalidade, segurança, higiene, conforto, durabilidade e 
economia. 
As calhas são elementos de captação de águas pluviais dos telhados. 
São instaladas na posição horizontal, com pequena inclinação em um dos 
sentidos longitudinais, ao longo de todo o beiral do telhado ou no encontro de 
duas águas. Existem diversos tipos de calha, assim como calhas de fibra de 
vidro, calhas de metal feitas com zinco, calhas de PVC e etc. 
Os rufos são partes que constituem a cobertura e tem como missão 
proteger as paredes expostas, geralmente acima do telhado. Em outras 
palavras os rufos são acessórios de cobertura que evitam infiltrações nas 
juntas entre telhados e paredes ou infiltrações por capilaridade na face 
horizontal de paredes de cobertura. 
Além dos coletores podem ser previstos nas fachadas das edificações 
detalhes arquitetônicos para expelir ou encaminhar as águas pluviais de forma 
que a edificação permaneça estanque, como as molduras, peitoris, beirais 
todos com suas devidas projeções. 
Outro aspecto a ser considerado, especialmente no combate à umidade 
de condensação, trata-se da ventilação. A ventilação apresenta três 
importantes funções, as quais são: qualidade do ar, conforto térmico dos 
usuários e resfriamento passivo do edifício. Essas funções estão diretamente 
relacionadas à saúde e à segurança dos usuários ou ao conforto térmico e à 
economia de energia elétrica. 
A ventilação natural é o fenômeno da movimentação do ar no interior 
das edificações sem a indução de nenhum sistema mecânico, para TOLEDO 
(1999) ocorre por diferença de pressão do ar, que pode ocorrer por ação do 
ventos ou diferença de densidade do ar devido à diferença de temperatura. Em 
ambos os processos é obrigatória a existência de aberturas para que o ar 
possa fluir pelo edifício. 
Segundo a NBR 15220-1 (ABNT, 2005), ventilação natural é a 
34 
 
passagem do ar pelo interior do edifício através de suas aberturas intencionais; 
infiltração de ar é a passagem do ar por aberturas não intencionais. Esse 
conceito adotado pela NBR 15220-1 (ABNT, 2005) reflete as normas 
internacionais de países de climas temperados, nas quais se consideram as 
taxas de ventilação ou de renovação de ar como parâmetros de desempenho. 
O foco destas normas é a qualidade do ar e redução de infiltração do ar 
exterior. 
Em não havendo possibilidade de previsão de ventilação natural nos 
projetos da edificações não pode deixar de ser prevista a ventilação forçada 
com o auxilio de exaustores. 
2.4.2 Fissuras, Trincas e Rachaduras 
Conforme estudo de De Oliveira (2012), fissuras, trincas e rachaduras 
são manifestações patológicas das edificações observadas em alvenarias, 
vigas, pilares, lajes, pisos entre outros elementos, geralmente causadas por 
tensões dos materiais. Mas se forem solicitados dos materiais um esforço 
maior que sua resistência acontece a falha provocando uma abertura, e 
conforme sua espessura será classificada como fissura, trinca, rachadura, 
fenda ou brecha. 
Nas palavras de Pelacani (2010) “as fissuras podem servir como alerta 
de um eventual estado perigoso para a estrutura: geralmente, a iminência de 
colapso em estruturas de concreto armado é precedida de fissuração. [...]. Há, 
ainda, o constrangimento psicológico que as fissuras exercem sobre o 
indivíduo, seja estético, ou de dúvidas quanto à segurança da edificação”. 
Para Da Fonseca (2015), fissuras, trincas e rachaduras originadas pelo 
processo construtivo, as mais recorrentes dão-se devido à retração da 
argamassa ou concreto em função de erro de dosagem, má cura e má 
aderência, na etapa de execução, utilização de areia inadequada ou de má 
qualidade e falta de juntas de dilatação e recalques, provenientes das fases de 
projeto e seleção de materiais; redistribuições de ambientes em reformas 
realizadas de maneira aleatória na fase de uso. 
Também podemos observar que De Oliveira (2012), afirma que as 
anomalias do tipo fissuras podem ter suas causas, por movimentação térmica, 
movimentação higroscópica, por atuação de sobrecargas, por deformação 
35 
 
excessiva de estruturas, por recalque de fundações ou até por alterações 
químicas. 
As práticas modernas de construção, com exigências de altas 
resistências iniciais, desfôrma em idades iniciais, concretos bombeados e 
outras, tornaram a trinca ou fissura um assunto mais comum do que era há 
algum tempo. Não há dúvida de que ocorriam menos trincas na época em que 
se usavam concretos com menores consumos de cimento, abatimentos 
menores e empregava-se mais tempo no adensamento e acabamento durante 
uma concretagem. É certo que seja quase impossível executar um concreto 
totalmente livre de algum tipo de fissura, mas existem medidas para reduzir sua 
ocorrência ao mínimo possível. (PELACANI, 2010; DA FONSECA, 2016; DE 
OLIVEIRA, 2012) 
Para Bertolini (2010) no geral, fissuras são aberturas finas e alongadas 
localizadas nas superfícies das edificações, consequentemente em sua 
totalidade por serem superficiais que não apresentam necessariamente riscos 
em suas estruturas. 
Bertolini (2010) ainda define que trincas são aquelas que dividem o 
elemento em partes, diferentemente das fissuras, as trincas causam ruptura do 
elemento, pondo em risco a segurança dos usuários, sendo assim, é 
importante realizar inspeção profissional, a fim de averiguar, definir as causas 
de sua origem e escolher o método de recuperação mais apropriado para o 
caso analisado. 
Enquanto que as rachaduras, Bertonili (2010) define como aberturas 
apresentadas nas edificações que possibilitam a livre comunicação da estrutura 
com agentes externos, como o vento e a água da chuva, tornando a região um 
ponto de ocorrência de outras possíveis manifestações. No geral, asrachaduras são comuns, mas não são normais e devem ser tratadas e 
devidamente tratadas, uma vez que podem desenvolver incidências mais 
danosas ou serem oriundas de problemas graves na edificação. 
Vitorio (2003) também define que as fissuras se manifestam em uma 
abertura na superfície da estrutura em forma de linha que aparece em qualquer 
material sólido, proveniente da ruptura sutil de parte de sua massa, com 
espessura de até 0,5mm. 
 
36 
 
Conforme Vitorio (2003), as trincas manifestam-se em uma abertura na 
superfície da estrutura em forma de linha que aparece em qualquer material 
sólido, proveniente da ruptura de parte de sua massa, com espessura de 
0,5mm a 1,00mm. 
Também para Vitorio (2003), as rachaduras se manifestam em uma 
abertura expressiva que aparece na superfície de qualquer material sólido, 
proveniente de acentuada ruptura de sua massa, podendo-se “ver” através dela 
e cuja espessura varia de 1,00mm até 1,5mm. 
Ao diagnosticar as mesmas, deve-se levar em conta que podem ter uma 
combinação de causas, e Zatt (2000) completa em sua obra literária, que 
alguns aspectos devem ser analisados no local da ocorrência das fissuras, se 
no elemento estrutural ou somente no revestimento, também na profundidade 
das fissuras (se são superficiais ou se seccionam o elemento), considerando a 
configuração das fissuras, sua direção, quantidade, frequência, ordem de 
aparecimento, quanto a quantificação da abertura das fissuras (se estão muito 
acima dos limites dados em norma ou não), se as fissuras abrem e fecham 
(variam) ao longo do dia ou do ano, se a fissuração está evoluindo ou não 
(quanto ao aumento do comprimento ou abertura), se estiverem surgindo novas 
fissuras, se a construção está sendo utilizada para os fins previstos em projeto, 
se houve recentemente reformas na construção, se foram executadas 
recentemente novas construções no entorno da construção afetada e se as 
construções vizinhas sofrem do mesmo problema. 
Dentre as classificações das fissuras, podemos definir em fissuras ativas 
e passivas, que desta forma as fissuras passivas quando chegam à sua 
máxima amplitude, estabilizam-se devido ao cessamento das causas que as 
geraram, como é o caso das fissuras de retração hidráulica ou das provocadas 
por um recalque diferencial de fundação que esteja estabilizado. As fissuras 
ativas são produzidas por ações de magnitude variáveis que provocam 
deformações também variáveis no concreto. É o caso das fissuras de origem 
térmica e das de flexão provocadas por ações dinâmicas (VITORIO, 2003; 
BERTOLINI, 2010). 
Na quadro 1 é possível observar o aspecto, prováveis e causas e 
características das principais formas de fissura que podem incidir nas 
edificações. 
37 
 
Quadro 1: Principais fissuras nas edificações, prováveis causas e 
características 
Fissuração Prováveis causas Características 
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Fissuras causadas por 
retração 
 
Fonte: Thomaz, (1990) 
 
Zatt (2000) destaca que as 
principais causas das 
fissuras por retração 
ocorrem principalmente nos 
estágios iniciais como 
quanto maior a relação de 
cimento na mistura, maior a 
retração (o processo 
químico consumirá mais 
água), quanto maior a 
relação água/cimento 
(sobra mais água não 
utilizada no processo 
químico, água essa que 
pode evaporar). O 
processo de cura 
ineficiente (ambiente muito 
seco e/ou muito quente) e 
peças muito delgadas, 
também contribuem para 
agravar o problema. 
 
A fissura por retração 
provoca a diminuição do 
volume do concreto em 
consequência da 
“retirada” de água da 
massa de concreto em 
processo de cura, seja 
pela hidratação do 
cimento (a reação 
química utiliza água), ou 
pela secagem superficial 
dos elementos 
(evaporação da água 
próxima à superfície da 
peça). Formato de 
“malha”, “teia de aranha” 
ou “escama de 
peixe”.(ZATT, 2000; 
SEGAT, 2005; THOMAZ, 
1990) 
 
 
 
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Trinca típica presente 
no topo da parede 
paralela ao 
comprimento da laje 
 
Fonte: Thomaz (1990) 
Pelacani (2010) aponta que 
as principais causas 
provêm do efeito das 
variações dimensionais 
devido à variação de 
temperatura, surgem 
devido ao encurtamento de 
elementos (diminuição de 
temperatura) restringidos 
por vínculos, podendo ser 
amenizado com juntas de 
dilatação. Em materiais 
com coeficientes de 
dilatação térmica muito 
diferente ou em partes da 
estrutura de mesmo 
material, mas sujeitas as 
temperaturas diferentes 
como podemos citar a laje 
de cobertura, face externa 
exposta a uma 
determinada temperatura 
diferente da face interna; 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Este tipo de fissura é 
comum no caso das lajes 
de cobertura, onde a face 
superior pode ficar 
exposta a uma 
temperatura maior que a 
face inferior. De abertura 
constante, 
perpendiculares ao eixo, 
com configuração a 
seccionar a peça. 
38 
 
Fissuração Prováveis causas Características 
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Fissuras horizontais na 
alvenaria proveniente 
da expansão dos 
tijolos. 
 
 
Fonte: Thomaz (1990) 
 
Segundo Thomaz (1990) 
as fissuras por 
movimentação 
higroscópicas, ou seja, as 
trincas provocadas por 
variação de umidade dos 
materiais de construção 
civil são muito parecidas 
com as provocadas por 
variação térmica. Podendo 
acontecer, em casos 
específicos, nas aberturas 
variando em função das 
propriedades higrotérmicas 
dos materiais e das 
amplitudes de variação da 
temperatura ou umidade. 
Para De Oliveira (2012) 
as alterações 
higroscópicas induzem a 
mudanças dimensionais 
nos materiais porosos que 
fazem parte dos 
elementos e componentes 
da edificação; o aumento 
do teor de umidade leva a 
uma expansão do 
material enquanto que a 
diminuição desse teor 
provoca uma contração. 
Com a existência de 
vínculos que impeçam as 
movimentações podendo 
ocorrer fissuras nos 
elementos e componentes 
do sistema construtivo, 
constituindo-se assim as 
manifestações 
patológicas. 
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Fissura em vigas e 
pilares ocorrendo por 
esforço de tração 
devido a expansão da 
alvenaria interna. 
 
 
Fonte: Thomaz (1990) 
 
No estudo de Zatt (2000) 
as fissuras causadas por 
esforço de tração tem 
como principal causa o 
concreto resistir pouco à 
tração. Ao sofrer uma 
solicitação à tração, 
ultrapassando o seu estado 
limite ocorrem fissuras no 
centro do elemento 
perpendiculares ao eixo, 
com configuração a 
seccionar a peça. Ocorrem 
também fissuras nas vigas 
e pilares devido ao esforço 
à tração causado pela 
expansão da alvenaria, 
neste caso é importante 
analisar os pontos onde 
ocorreram essas fissuras. 
com característica e forma 
de abertura constante. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O elemento estrutural 
deve ser armado 
adequadamente, onde o 
aço possui característica 
para melhor resistir a este 
esforço de tração. 
39 
 
 Fissuração Prováveis causas Características 
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Fissuras em viga com 
esforço a compressão. 
 
 
Fonte: Thomaz (1990) 
 
Com fissuras paralelas à 
direção do esforço em 
concreto heterogêneo, 
cortam o elemento 
estrutural em ângulos 
agudos e finos e se 
apresentam juntos. Dando 
origem a esse tipo de 
fissura, quando o concreto 
resiste pouco à tração, o 
elemento estrutural deve 
ser armado 
adequadamente, onde o 
aço possui característica 
para melhor resistir a este 
esforço (PELACANI, 2010; 
THOMAZ, 1990; ZATT, 
2000). 
 
Em Zatt (2000) as fissuras 
por esforço a compressão 
são visíveis com esforços 
inferiores ao de ruptura, e 
aumentam de forma 
contínua, consequência 
da flexão composta 
causada pela flambagem, 
e não da compressão 
propriamente dita, em 
peças muito esbeltas e 
comprimidas, podem 
aparecer fissuras na parte 
central da peça em uma 
de suas faces. 
 
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Fissuras em viga 
sofrendo esforço por 
flexão devido a carga 
pontual, ao ultrapassar 
os seus limites 
 
Fonte: Thomaz (1990) 
 
Conforme Pelacani (2010) 
as principais causas se 
originam de sobrecargas 
não previstas, armadura 
insuficiente, ancoragem 
insuficiente e armadura mal 
posicionada no projeto ou 
na execução. Sendo que 
fissuras de flexão e 
escorregamento da 
armadura são as causa da 
má aderência da armadura 
ao concreto, concreto de 
resistência inadequada, 
ancoragem insuficiente, 
sobrecargas não previstas 
e desforma precoce. 
 
Para Zatt (2000) as 
fissuras por esforço de 
flexão são as mais 
frequentes, de maneira 
geral, irradiada no corpo 
do elemento estrutural, de 
abertura variável, maior 
na borda tracionada e 
diminuindo à medida que 
chega próximo da linha 
neutra. 
 
Fissuras devido à 
corrosão da armadura 
em viga 
 
 
Fonte: Thomaz (1990) 
 
Segundo Thomaz (1990), 
Zatt (2000) e Pelacani 
(2010) a principal causa é 
quando o aço ao oxidar-se, 
produz resíduos de volume 
muito maior que o do aço 
original. Como o aço está 
imerso na massa de 
concreto, este aumento de 
volume causa tensões de 
tração no mesmo, 
resultando na fissuração 
(ou mesmo no 
destacamento) do concreto 
que forma o cobrimento. 
Com isso, o aço fica mais 
exposto aos gases e 
umidade do ambiente e 
oxida mais rápido, o que 
acelera o processo de 
degeneração da 
construção. 
As fissuras por corrosão 
de armadura conforme 
Zatt (2000) aparecem ao 
longo da ferragem 
longitudinal, quando as 
mesmas se encontram 
em processo de oxidação. 
 
40 
 
 Fissuração Prováveis causas Características 
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Fissura no contexto de 
uma casa, onde houve 
recalque de fundação 
 
Fonte: Thomaz (1990) 
 
 
A origem deste tipo de 
fissura é de natureza 
diversa, desde o cálculo 
das fundações, da umidade 
excessiva e 
potencializadora na região 
(acúmulo indesejado, fossa 
em ruína, tubulações de 
água e esgoto rompidos, 
sobrepeso de fundações 
vizinhas – bulbo de 
pressão influente e a mais 
grave de todas, quando a 
ferragem não estiver 
adequadamente 
dimensionada, aplicada e 
posicionada nos elementos 
estruturais. (ZATT, 2000; 
THOMAZ, 1990) 
Segundo Zatt (2000) as 
fissuras por recalque de 
fundação ocorrem quando 
há recalques de pilares 
(deslocamento vertical) 
provocando aberturas 
variáveis das vigas unidas 
aos mesmos, sendo 
maiores na parte superior 
das vigas. 
 
Rebaixamento do lençol 
freático 
 
Segundo Rebello (2008), o 
rebaixamento do lençol 
freático produz uma 
diminuição na pressão 
neutra (pressão de baixo 
para cima devida à água), 
aumentando a pressão 
efetiva (provocada pelo 
peso do solo). Dessa 
forma, há um aumento de 
pressão sobre o solo, o que 
pode provocar recalques 
sem a necessidade de 
haver aumento na carga 
sobre a fundação 
 
Mais popularmente 
conhecida como 
afundamento, o terreno 
cede. Conseqüências 
desses recalques podem 
ser: o aparecimento de 
trincas, ligeira inclinação 
do prédio, destacamento 
de azulejos, 
destacamento de placas 
de revestimento de pisos, 
trincas em vidros das 
janelas, janelas de correr 
que começam a engripar, 
portas que não fecham 
direito, vazamento (quase 
imperceptível) de gás, 
vazamento de água. 
Falta de 
homogeneidade do solo 
 
As fissuras por recalque de 
fundação ocorrem quando 
há recalques de pilares 
(deslocamento vertical) 
provocando aberturas 
variáveis das vigas unidas 
aos mesmos, sendo 
maiores na parte superior 
das vigas. 
 
Fissuras inclinadas 
provocadas por recalques 
diferenciais das 
fundações devido a falha 
de homogeneidade do 
solo ao longo da 
construção. 
 
Fissuras por recalque 
devido a superposição 
de pressões. 
 
Fonte: Thomaz (1990) 
 
Ocorre quando uma 
fundação transfere carga 
ao solo e essa 
transferência é considerada 
de forma isolada. A 
existência de outra 
solicitação altera as 
tensões na massa de solo, 
provocando recalques. 
Fissuras inclinadas no 
edifício menor devido à 
interferência do bulbo de 
pressões da construção 
da obra maior. 
41 
 
 Fissuração Prováveis causas Características 
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Fissuras verticais no 
peitoril da janela 
 
Fonte: Thomaz (1990) 
No caso de carregamentos 
desbalanceados, sapatas 
corridas ou vigas de 
fundação muito flexíveis, 
poderão provocar o 
surgimento de fissuras nas 
alvenarias estruturais. 
Como a sobrecarga que 
se concentra nas 
vizinhanças de grandes 
aberturas inseridas nas 
paredes estruturais que 
no trecho sob a abertura 
acaba sendo solicitado à 
flexão, surgindo fissuras 
verticais nas 
proximidades do peitoril 
da janela. 
Fundações sobre 
aterros 
 
 
Fonte: Thomaz (1990) 
Os recalques oriundos de 
fundações assentes sobre 
aterros podem ocorrer por: 
deformações do corpo do 
aterro, deformações do 
solo natural abaixo do 
aterro e execução de 
fundações sobre aterros 
sanitários. 
As fissuras por recalque 
de fundação ocorrem 
quando há recalques de 
pilares (deslocamento 
vertical) provocando 
aberturas variáveis das 
vigas unidas aos 
mesmos, sendo maiores 
na parte superior das 
vigas. 
 
Fonte: Autoria própria 
2.4.3 Corrosão de armadura no concreto armado 
O concreto armado é um dos materiais mais usados na construção civil, 
além de ser o material compósito mais antigo. Os destaques em suas 
propriedades físicas são a alta resistência à compressão devido ao concreto e 
a forte resistência à tração proporcionada pelo reforço metálico. 
Para que ocorra um bom desempenho do concreto, devem ser 
analisados posteriormente fatores importantes para sua melhor atuação e 
prevenção de futuros danos. Além de dar o tempo certo para cada fase da 
produção, há alguns cuidados que devem ser tomados ao produzir o concreto, 
que são: dosagem precisa (que atenda às especificações preestabelecidas da 
obra); a compacidade (propriedade mais importante para resistir à penetração 
dos agentes externos); o endurecimento (para evitar fissuras precoces) e a 
cura (que tem o objetivo de assegurar que o concreto não seja submetido a 
tensões que originem fissuras devido às diferenças térmicas e retração de 
secagem). 
Da mesma forma, é essencial que o concreto seja durável o suficiente, 
42 
 
sendo capaz de suportar as condições para quais foi projetado durante a vida 
da estrutura. A falta de durabilidade pode ser causada por agentes externos 
advindos do meio ou por agentes internos ao concreto. Deve ser observada, 
também, a permeabilidade do concreto, definida como sendo a facilidade com 
a qual, líquidos ou gases, podem se movimentar por meio do material. 
A NBR 6118 (ABNT, 2014) elenca alguns critérios de projeto que visam 
à durabilidade das estruturas e coloca que esta propriedade “é altamente 
dependente das características do concreto e da espessura e qualidade do 
concreto do cobrimento da armadura”. Neste sentido, a norma estabelece 
espessuras mínimas de cobrimento, de acordo com a classe de agressividade 
do ambiente no qual se encontra o elemento estrutural, visando dificultar o 
ingresso dos agentes agressivos no interior do concreto (NEVILLE, 2013).. 
Um bom cobrimento das armaduras, com um concreto de alta 
compacidade, sem “ninhos”, com teor de argamassa adequado e homogêneo, 
garante, por impermeabilidade, a proteção do aço ao ataque de agentes 
agressivos externos. Esses agentes podem estar contidos na atmosfera, em 
águas residuais, águas do mar, águas industriais, dejetos orgânicos etc. Não 
deve, tampouco, conter agentes ou elementos agressivos internos, 
eventualmente utilizados no seu preparo por absoluto desconhecimento dos 
responsáveis, sob pena de perder, ou nem mesmo alcançar, essa capacidade 
física de proteção contra a ação do meio ambiente (MIRANDA, 2015). 
Em estrutura de concreto armado, a corrosão da armadura é um 
problema que se deve ter atenção inicialmente na fase de concepção do 
projeto,

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