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Prévia do material em texto

EXMO SENHOR JUIZ DE DIREITO DA Nº VARA DA FAZENDA PÚBLICA DA COMARCA DE CIDADE, CEARÁ
AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER CUMULADO COM PRECEITO COMINATÓRIO E PEDIDO DE TUTELA ANTECIPADA
NOME DO REPRESENTADO, QUALIFICAÇÃO DO REPRESENTADO, neste ato representado por sua genitora, NOME DO REPRESENTANTE, QUALIFICAÇÃO DO REPRESENTANTE, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência para, com fundamento nos artigos 1º, III, 3º, I e IV, 5º, caput e par. 2º, e 196, todos da Constituição Federal, e artigo 461, do Código de Processo Civil, propor a presente, propor a presente AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER COM PRECEITO COMINATÓRIO E PEDIDO DE TUTELA ANTECIPADA contra o ESTADO DO CEARÁ, pessoa jurídica de direito público interno, CNPJ 07.954.480/0001-79, com sede no Palácio Iracema - Centro Administrativo Governador Virgílio Távora, sito na avenida Dr. José Martins Rodrigues, nº 150, bairro Édson Queiroz, CEP 60811-520, a ser citado na pessoa de seu representante legal, e tendo como órgão integrante de seu quadro administrativo a SECRETARIA DE SAÚDE DO ESTADO DO CEARÁ, na pessoa de seu representante legal, localizada na Av. Almirante Barroso, nº 600, Praia de Iracema, CEP: 60.060-440, Fortaleza-CE, pelas razões de fato e de direito adiante expostas.
PRELIMINARMENTE 
Requerer a prioridade de tramitação dos processos judiciais. 
Art. 1.211-A. Os procedimentos judiciais em que figure como parte ou interessado pessoa com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos, ou portadora de doença grave, terão prioridade de tramitação em todas as instâncias. (Redação dada pela Lei nº 12.008, de 2009). 
A prioridade de tramitação dos processos judiciais cujas partes ou intervenientes tenham idade igual ou superior a 65 anos ou portador de doença grave, (art. 1211-A, 1211-B e 1211-C do CPC), é uma tentativa de conferir eficácia ao processo e é entendido como o estudo do aparato indispensável de garantias e de procedimentos judiciais, criados para a defesa dos direitos fundamentais do homem, no rigor da disciplina necessária de uma função pública; Para tanto, fez-se necessário além da criação de mecanismos aptos a tutelarem o direito assegurado, por diretrizes dadas pelas ações constitucionais que asseguram a observância dos direitos fundamentais, dentre tantas a eliminação de barreiras que impedem a jurisdição de realizar os fins estatais.
DA JUSTIÇA GRATUITA E DA DISPENSA DE INSTRUMENTO DE PROCURAÇÃO:
Requere a autora os benefícios da JUSTIÇA GRATUITA, tendo em vista ser pobre na forma da lei, conforme declara no instrumento anexo, não podendo, portanto, arcar com as custas processuais e honorários advocatícios sem prejuízo do próprio sustento e de sua família, conforme disposto nos artigos 1° e 2° da Lei n° 1.060/50, e artigo 1° da Lei no 7.115/83, consoante o artigo 5°, inc. LXXIV, da Constituição Federal. 
Oportuno ressaltar que aos membros da Defensoria Pública é conferida a prerrogativa de praticar atos processuais independentemente de outorga de instrumento formal de procuração pelos hipossuficientes, conforme Lei Complementar Federal nº 80/1994 e Lei Complementar do Estado do Ceará nº 06/1997.
DOS FATOS
DESCRIÇÃO DOS FATOS
ASPECTOS LEGAIS
A Constituição Federal de 1988, no capítulo inerente aos Direitos Sociais, estabelece o seguinte: 
“Art. 6.º São direitos sociais a educação, a saúde, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição.” (destaques inovados) 
Reza o artigos 196, da mesma Carta Magna: 
“Art. 196, A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação.” (negritos aditados) 
Ressalte-se, ainda, os artigos 245, 248, III, da Constituição do Estado do Ceará, a seguir transcritos in verbis: 
“Art. 245. A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à eliminação de doenças e outros agravos e ao acesso universal e igualitário às suas ações e serviços.” 
“Art. 248. Compete ao sistema único estadual de saúde, além de outras atribuições: 
III – prestar serviços de saúde, de vigilância sanitária e epidemiológica, e outros necessários ao alcance dos objetivos dos sistemas, em coordenação com os sistemas municipais;” (negritos nossos) 
Diante dos princípios insculpidos na Constituição Federal sobre a saúde, Excelência, resta ao Judiciário atuar no caso em epígrafe para dar eficácia aos mandamentos da Carta Magna. Desse modo, em casos análogos, o Supremo Tribunal Federal decidiu de maneira a resguardar tal direito fundamental. Veja-se: 
"EMENTA: PACIENTE COM HIV/AIDS - PESSOA DESTITUÍDA DE RECURSOS FINANCEIROS - DIREITO À VIDA E À SAÚDE - FORNECIMENTO GRATUITO DE MEDICAMENTOS - DEVER CONSTITUCIONAL DO PODER PÚBLICO (CF, ARTS. 5º, CAPUT, E 196) - PRECEDENTES (STF) - RECURSO DE AGRAVO IMPROVIDO. O DIREITO À SAÚDE REPRESENTA CONSEQÜÊNCIA CONSTITUCIONAL INDISSOCIÁVEL DO DIREITO À VIDA. - O direito público subjetivo à saúde representa prerrogativa jurídica indisponível assegurada à generalidade das pessoas pela própria Constituição da República (art. 196). Traduz bem jurídico constitucionalmente tutelado, por cuja integridade deve velar, de maneira responsável, o Poder Público, a quem incumbe formular - e implementar - políticas sociais e econômicas idôneas que visem a garantir, aos cidadãos, inclusive àqueles portadores do vírus HIV, o acesso universal e igualitário à assistência farmacêutica e médicohospitalar. 
- O direito à saúde - além de qualificar-se como direito fundamental que assiste a todas as pessoas - representa conseqüência constitucional indissociável do direito à vida. O Poder Público, qualquer que seja a esfera institucional de sua atuação no plano da organização federativa brasileira, não pode mostrar-se indiferente ao problema da saúde da população, sob pena de incidir, ainda que por censurável omissão, em grave comportamento inconstitucional. A INTERPRETAÇÃO DA NORMA PROGRAMÁTICA NÃO PODE TRANSFORMÁ-LA EM PROMESSA CONSTITUCIONAL INCONSEQÜENTE. 
- O caráter programático da regra inscrita no art. 196 da Carta Política - que tem por destinatários todos os entes políticos que compõem, no plano institucional, a organização federativa do Estado brasileiro - não pode converter-se em promessa constitucional inconseqüente, sob pena de o Poder Público, fraudando justas expectativas nele depositadas pela coletividade, substituir, de maneira ilegítima, o cumprimento de seu impostergável dever, por um gesto irresponsável de infidelidade governamental ao que determina a própria Lei Fundamental do Estado. alternativa RE nº 271.286-AgR, rel. Min. CELSO DE MELLO 
Portanto, Ex.ª, vida e saúde são direitos subjetivos inalienáveis. Ao Estado compete a proteção da saúde aos cidadãos, incluindo-se na obrigação realizar cirurgias necessárias ao tratamento dos menos favorecidos. 
Cumpre reiterar que a presente demanda visa proteger a própria dignidade humana do(a) autor(a) que não pode ficar sem fraldas por falta de condições financeiras. Sobre o princípio da dignidade da pessoa humana, fiquemos com as preciosas considerações de Daniel Sarmento: 
“Na verdade, o princípio da dignidade da pessoa humana exprime, em termos jurídicos, a máxima kantiana, segundo a qual o Homem deve sempre ser tratado como um fim em si mesmo e nunca como um meio. O ser humano precede o Direito e o Estado, que apenas se justificam em razão dele. Nesse sentido, a pessoa humana deve ser concebida e tratada como valor-fonte do ordenamento jurídico, como assevera Miguel Reale, sendo a defesa e promoção da sua dignidade, em todas as suas dimensões, a tarefa primordial do Estado Democrático de Direito”. (SARMENTO, Daniel. A ponderação de Interesses na Constituição. Rio de Janeiro: Lúmen Júris, 2000, p.59). 
O(A) requerente tem direito inalienável e indispensável à saúde e,em consequência, à vida, essas ameaçadas em razão da moléstia que a afeta e, garantindo o ordenamento jurídico do país a prestação e a oferta regulares dos serviços de saúde, de previdência e assistência social a todos quantos deles necessitem, nada mais justo do que a prestação dos serviços. 
Conforme a Lei Orgânica do Sistema Único de Saúde (SUS) - Lei n.º 8.080/90 - as políticas públicas de saúde são sistematizadas por meio de descentralizações de ações envolvendo as três esferas governamentais (União, Estados e Municípios) que possuem atribuições exclusivas, concorrentes e complementares. 
Os aludidos entes federativos participam do Sistema Único de Saúde, esse estruturado pela Lei n. 8.080, de 19 de setembro 1990 (Lei Orgânica da Saúde) e, tanto em decorrência dessa Lei como por força dos dispositivos insertos nas Constituições da República e Estadual, são irremediavelmente obrigados a amparar a população no que tange a garantia de sua saúde. 
Com efeito, a própria LEI FEDERAL N.º 8.080, de 19 de setembro de 1990 (Lei Orgânica da Saúde), que dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços correspondentes, estruturando o Serviço Único de Saúde, dispõe em seu artigo 2.o, § 1.o, que: 
Art. 2º. A saúde é um direito fundamental do ser humano, devendo o Estado prover as condições indispensáveis ao seu pleno exercício. 
§ 1º. O dever do Estado de garantir a saúde consiste na formulação e execução de políticas econômicas e sociais que visem à redução de riscos de doenças e de outros agravos e no estabelecimento de condições que assegurem acesso universal e igualitário às ações e aos serviços para a sua promoção, proteção e recuperação. 
Em seu artigo 7º, a Lei Federal n.º 8.080, de 19 de setembro de 1990 (LEI ORGÂNICA DA SAÚDE), estabelece como diretriz: 
Art. 7º As ações e serviços públicos de saúde e os serviços privados contratados ou conveniados que integram o Sistema Único de Saúde (SUS), são desenvolvidos de acordo com as diretrizes previstas no art. 198 da Constituição Federal, obedecendo ainda aos seguintes princípios: 
I - universalidade de acesso aos serviços de saúde em todos os níveis de assistência; 
II - integralidade de assistência, entendida como um conjunto articulado e contínuo das ações e serviços preventivos e curativos, individuais e coletivos, exigidos para cada caso em todos os níveis de complexidade do sistema; 
............................................................................................. 
IV - igualdade da assistência à saúde, sem preconceitos ou privilégios de qualquer espécie. 
Aliás, se não é dever do Poder Público prover a saúde, educação e segurança dos indivíduos, pouca coisa lhe resta a fazer. 
Frise-se que, além da ofensa à saúde e à vida, há também o desperdício do dinheiro público, posto que os pacientes são obrigados a mobilizar outros serviços públicos, notadamente os prestados pela Defensoria Pública e pelo Poder Judiciário, implicando em desnecessários e pesados gastos para o Poder Público, o que configura conduta incompatível com a moralidade e a probidade administrativas, para terem seus direitos resguardados. 
O Ministério da Saúde, que define as diretrizes básicas de assistência farmacêutica no âmbito nacional, fez editar, em 30 de outubro de 1998, a PORTARIA nº 3.916, aprovando a Política Nacional de Medicamentos, prevendo no corpo de sua justificação, ser atribuição do Estado-Federado (gestor estadual) definir o elenco de medicamentos que serão adquiridos diretamente pelo estado, inclusive os de dispensação em caráter excepcional, tem por base critérios técnicos e administrativos referidos no Capítulo 3, “Diretrizes”, tópico 3.3...destinando orçamento à sua aquisição.” 
A lei n.º 8.080, de 19 de Setembro de 1990, define em seu artigo 2º que “a saúde é um direito fundamental do ser humano, devendo o Estado prover as condições indispensáveis ao seu pleno exercício.”; e em seu artigo 6º, inciso I, alínea d, que “Estão incluídas ... no campo de atuação do Sistema Único de Saúde (SUS) ... assistência terapêutica integral, inclusive farmacêutica”. 
Quanto à competência relativa aos sistemas públicos de alta complexidade, dispõe, ainda, a Lei Orgânica da Saúde (Lei 8.080/90): 
“Art. 17. À DIREÇÃO ESTADUAL do Sistema Único de Saúde (SUS) compete: 
III - prestar apoio técnico e financeiro aos Municípios e executar supletivamente ações e serviços de saúde; 
(...) 
VIII - em caráter suplementar, formular, executar, acompanhar e avaliar a política de insumos e equipamentos para a saúde; (grifei) 
Observe-se ainda o que dispõe os quesitos 23.1 e 24 da Norma Operacional de Assistência à Saúde N.º 01 de 2002 (NOAS 01/02): 
O GESTOR ESTADUAL é responsável pela gestão da política de alta complexidade/custo no âmbito do estado, mantendo vinculação com a política nacional, SENDO CONSIDERADAS INTRANSFERÍVEIS as funções de definição de prioridades assistenciais e programação da alta complexidade, (...)” (grifei). 
Por sua vez, a Constituição do Estado do Ceará, em seu Art. 248, inciso IV, dispõe: 
“Art. 248. Compete ao sistema único estadual de saúde, além de outras atribuições. 
(...) Omissis 
IV - assumir a responsabilidade pelos serviços de abrangência estadual ou regional, ou por programas, projetos e atividades que não possam, por seu custo, especialização ou grau de complexidade, ser executados pelos Municípios; 
O direito fundamental à saúde insere-se no contexto do princípio da dignidade da pessoa humana, tendo em vista que não há que se falar em existência digna sem que a pessoa tenha direito à saúde, inclusive através de políticas públicas de atendimento àqueles que não dispõem de renda para comprar os medicamentos dos quais necessitam para terem qualidade de vida. 
Em casos idênticos do requerente os tribunais de justiça decidiram que: 
MANDADO DE SEGURANÇA - PRELIMINARES - REJEIÇÃO - IMPETRAÇÃO QUE SE VOLTA EM FAVOR DO FORNECIMENTO DE MEDICAMENTOS INDISPENSÁVEIS AO TRATAMENTO DE SAÚDE DOS SUBSTITUÍDOS PROCESSUAIS DO MINISTÉRIO PÚBLICO - ANEXADOS AOS AUTOS RECEITUÁRIOS DE MÉDICOS ONCOLOGISTAS ATESTANDO A NECESSIDADE DO USO DOS MEDICAMENTOS PRESCRITOS NOS DOCUMENTOS QUE INSTRUÍRAM A INICIAL - 1- Rejeição dos questionamentos preliminares típicos: ilegitimidade passiva do Secretário da Saúde do Estado do Ceará e ativa do Ministério Público, falta de capacidade postulatória do Promotor de Justiça, citação da União como litisconsorte passiva necessária, falta de interesse de agir e ausência de direito líquido e certo. 2- No mérito, trata - Se de mandado de segurança impetrado pelo Ministério Público com a finalidade de impelir a autoridade coatora a fornecer os medicamentos Trastuzumab, Rituximab, Cetuximab, Erbitux, Tarceva e Avastin, antineoplásicos utilizados para tratamento quimioterápico em benefício dos substituídos processuais, na forma dos receituários prescritos por médicos especializados e, ainda, em exames clínicos e laboratoriais, necessários ao tratamento das moléstias que acometem os pacientes. 3- Nos termos da interpretação consorciada dos arts. 198, caput e seu § 1º , 195, caput , e 23, II, todos da Constituição Federal , constitui responsabilidade solidária da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios prover o funcionamento do Sistema Único de Saúde (SUS). 4- A Constituição Republicada proclama, no caput dos arts. 5º e 6º , e no 196 , o direito inalienável à vida e à saúde, cuja demora ou negativa pela autoridade impetrada pode importar em irreparável violação aos direitos fundamentais enunciados nos dispositivos constitucionais já nomeados. 5- Não se possa mostra cabível impossibilitar ou relativizar a garantia do direito à saúde, que se reflete igualmente no direito à vida, eis que a negativa ao fornecimento dos medicamentos de que os substituídos processuais necessitam para o tratamento das neoplasias e das hipertensões arteriais que os acometem, eis que não se entende possível sob o prisma jurídico, mormente em se tratando de pessoas que efetivamentecomprovaram necessitar dos aludidos fármacos como únicas alternativas terapêuticas existentes. 6- Inadmissível a tese da reserva do possível, uma vez que tanto a doutrina como o Supremo Tribunal Federal entendem que estando em questão a própria existência do Direito Fundamental, não é possível ao Estado invocar o argumento da limitação financeira para deixar de prestar a assistência necessária. SEGURANÇA CONCEDIDA. (TJCE - MS 0072145-95.2012.8.06.0000 - Rel. Ademar Mendes Bezerra - DJe 13.07.2012 - p. 3) 
MEDICAMENTOS - AUTORA PORTADORA CÂNCER MALIGNO DO CÓLON"? NECESSIDADE DO MEDICAMENTO "ERBITUX"(CETUXIMAB) PARA TRATAMENTO DA DOENÇA - Admissibilidade Aplicação do Art. 196 da Constituição Federal Recurso improvido. (TJSP - Ap 0012227-59.2009.8.26.0114 - Campinas - 3ª CDPúb. - Rel. Antonio Carlos Malheiros - DJe 25.03.2013 - p. 863) 
OBRIGAÇÃO DE FAZER CUMULADA COM PEDIDO DE TUTELA ANTECIPADA SAÚDE PÚBLICA AUTORA PORTADORA DE CÂNCER DE FÍGADO E INTESTINO, A NECESSITAR DO MEDICAMENTO DENOMINADO CETUXIMAB (ERBITUX) - Hipossuficiência econômica da requerente caracterizada Dever do Estado de prestar a assistência pretendida Exegese do art. 196 da Constituição Federal Jurisprudência pacífica sobre a matéria Manutenção da r. sentença de primeiro grau. Recurso desprovido. (TJSP - Ap 0001214-21.2012.8.26.0482 - Presidente Prudente - 12ª CDPúb. - Rel. Wanderley José Federighi - DJe 21.05.2013 - p. 1223) 
No caso concreto, trazido à colação, tem-se que o não provimento do referido medicamento acarretará sérias consequências para a vida do(a) autor(a), que poderia ser evitado com medicamento a ser fornecido pelo demandado. 
DO MÍNIMO EXISTENCIAL E DA RESERVA DO POSSÍVEL 
Entende-se por mínimo existencial o conjunto de bens e utilidades indispensáveis a uma existência humana digna. Segundo preleciona Luiz Roberto Barroso, o mínimo existencial previsto no ordenamento jurídico pátrio abrange os direitos à Saúde, à Educação Fundamental e à Moradia – este último acrescentado pela Emenda Constitucional nº 26/2000. 
A Reserva do possível são as limitações orçamentárias que o Estado possui e que muitas vezes impedem o atendimento de uma determinada demanda por direitos sociais. A definição de políticas públicas, em princípio, cabe ao legislador e ao administrador, democraticamente eleitos para essa finalidade. 
Ao Poder Judiciário só é cabível intervir diante do propósito deliberado da autoridade em descumprir a Constituição Federal. Mister transcrever decisão do Min. Celso de Mello na Argüição de Descumprimento de Preceito Fundamental nº 45, publicada no DJ de 04/05/2004: 
"(...) conclui-se, desse modo, que o objetivo perseguido na presente sede processual foi inteiramente alcançado com a edição da lei nº 10.777, de 24/11/2003, promulgada com a finalidade específica de conferir efetividade à EC 29/2000, concebida para garantir, em bases adequadas - e sempre em benefício da população do país - recursos financeiros mínimos a serem necessariamente aplicados nas ações e serviços públicos de saúde. (...) sendo assim, tendo em consideração as razões expostas, julgo prejudicada a presente argüição de descumprimento de preceito fundamental, em virtude da perda superveniente de seu objeto." (grifo nosso) 
O mesmo insigne Ministro Celso de Mello, julgando o recurso extraordinário 436.996-6/São Paulo, publicado no DJ 07/11/2005 PP-00037, RDDP n. 34, 2006, p. 188-193, asseverou que: 
“Cumpre advertir, desse modo, que a cláusula da ‘reserva do possível’ - ressalvada a ocorrência de justo motivo objetivamente aferível - não pode ser invocada, pelo Estado, com a finalidade de exonerar-se, dolosamente, do cumprimento de suas obrigações constitucionais, notadamente quando, dessa conduta governamental negativa, puder resultar nulificação ou, até mesmo, aniquilação de direitos constitucionais impregnados de um sentido de essencial fundamentalidade”.(destaque nosso) 
Assim é que a reserva do possível só pode ser invocada pelo Estado se houver um motivo justificável objetivamente aferível, confrontando-se a razoabilidade da pretensão com a disponibilidade orçamentária. Destarte, dentro dos direitos sociais há o mínimo existencial, direito este que constitui meta prioritária do Estado e necessita de maior efetividade, sobre o qual jamais se poderá invocar a reserva do possível. 
DA POSSIBILIDADE DO SEQUESTRO DE VERBAS PÚBLICAS 
O STJ vem entendo cabível o bloqueio de valores em contas públicas em algumas situações, como a necessidade imediata de preservação da saúde humana, mediante o fornecimento de medicamentos em caráter de urgência. 
Tem-se o bloqueio de valores em contas públicas é mais uma forma de realizar a tutela específica, haja vista que o art. 461, § 5º, não é taxativo, pois permite interpretação analógica, uma vez que contém a expressão geral “tais como”. 
Submeter à presente antecipação de tutela ao regime dos precatórios seria o mesmo que negar a antecipação da tutela contra o poder público em casos não incluídos na vedação inserida no art.1º da Lei 9.494/97. 
O Superior Tribunal de Justiça assim decidiu, verbis: 
ADMINISTRATIVO. CUSTEIO DE TRATAMENTO MÉDICO. BLOQUEIO DE VERBAS PÚBLICAS. POSSIBILIDADE. VIOLAÇÃO A DISPOSITIVOS CONSTITUCIONAIS. APRECIAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. I - O atual entendimento desta Colenda Primeira Turma é no sentido da possibilidade do bloqueio de valores em contas públicas para garantir o custeio de tratamento médico ou fornecimento de medicamentos indispensáveis à manutenção da saúde e da vida. Precedentes: EREsp nº 770.969/RS, Rel. Min. JOSÉ DELGADO, Primeira Seção, DJ de 21.08.2006; EREsp nº 787.101/RS, Rel. Min. LUIZ FUX, Primeira Seção, DJ de 14.08.2006; REsp nº 832.935/RS, Rel. Min. TEORI ALBINO ZAVASCKI, DJ de 30.06.2006. II - Inviável a apreciação dos fundamentos adotados pelo STF na apreciação da Suspensão de Tutela Antecipada - STA 91, seja porque tal argumentação fora trazida apenas nesta sede regimental como verdadeira emenda à petição de recurso especial, afrontando os Princípios da Preclusão, da Eventualidade e da Complementaridade, seja porque tais fundamentos são de ordem eminentemente constitucional, cujo exame é reservado ao Supremo Tribunal Federal, não podendo esta Corte nesta sede especial sobre eles se manifestar sequer a título de prequestionamento. III - Agravo regimental improvido.(STJ; AgRg no REsp 920468 / RS ; AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL 2007/0017261-9; Ministro FRANCISCO FALCÃO; T1 - PRIMEIRA TURMA; Data do Julgamento: 17/05/2007; Data da Publicação/Fonte: DJ 31.05.2007 p. 408). 
ADMINISTRATIVO. EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA EM RECURSO ESPECIAL. PRESERVAÇÃO DA SAÚDE E FORNECIMENTO DE REMÉDIOS. BLOQUEIO DE VERBAS PÚBLICAS. POSSIBILIDADE. ART. 461, § 5º, DO CPC. INEXISTÊNCIA DO APONTADO DISSENSO PRETORIANO. PRECEDENTES. EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA NÃO-PROVIDOS. 1. Em exame embargos de divergência manejados pelo Estado do Rio Grande do Sul, em impugnação a acórdão que entendeu cabível o bloqueio de verbas públicas em situações excepcionais, tais como a necessidade imediata da preservação da saúde da pessoa humana, mediante o fornecimento de medicação em caráter de urgência, sob risco de óbito do suplicante. O aresto embargado, proferido pela 2ª Turma, tem a ementa seguinte (fl. 111): "ADMINISTRATIVO PROCESSUAL CIVIL. CUSTEIO DE TRATAMENTO MÉDICO. MOLÉSTIA GRAVE. BLOQUEIO DE VALORES EM CONTAS PÚBLICAS. POSSIBILIDADE. ART. 461, CAPUT E § 5º DO CPC. 1. Além de prever a possibilidade de concessão da tutela específica e da tutela pelo equivalente, o CPC armou o julgador com uma série de medidas coercitivas, chamadas na lei de "medidas necessárias", que têm como escopo o de viabilizar o quanto possível o cumprimento daquelas tutelas. 2. As medidas previstas no § 5º do art. 461 do CPC foram antecedidas da expressão "tais como", o que denota o caráter não-exauriente da enumeração. Assim, o legislador deixou ao prudente arbítrio do magistrado a escolha das medidas que melhor se harmonizem às peculiaridades de cada caso concreto. 3. Submeter os provimentos deferidos em antecipaçãodos efeitos da tutela ao regime de precatórios seria o mesmo que negar a possibilidade de tutela antecipada contra a Fazenda Pública, quando o próprio Pretório Excelso já decidiu que não se proíbe a antecipação de modo geral, mas apenas para resguardar as exceções do art. 1º da Lei 9.494/97. 4. O disposto no caput do artigo 100 da CF/88 não se aplica aos pagamentos de obrigações definidas em lei como de pequeno valor, de modo que, ainda que se tratasse de sentença de mérito transitada em julgado, não haveria submissão do pagamento ao regime de precatórios.5. Em casos como o dos autos, em que a efetivação da tutela concedida está relacionada à preservação da saúde do indivíduo, a ponderação das normas constitucionais deve privilegiar a proteção do bem maior que é a vida. 
6. Recurso especial improvido." (REsp 770.969/RS, DJ 03/10/2005, 2ª Turma, Rel. Min. Castro Meira) A título de paradigma, o Estado requerente indicou o Resp 766.480/RS, o qual, segundo alega, dispõe não ser possível o seqüestro de dinheiro ou de outros bens públicos. Confira-se: "PROCESSUAL CIVIL. TUTELA ANTECIPADA. MEIOS DE COERÇÃO AO DEVEDOR (CPC, ARTS. 273, §3º E 461, §5º). FORNECIMENTO DE MEDICAMENTOS PELO ESTADO. BLOQUEIO DE VERBAS PÚBLICAS. IMPOSSIBILIDADE. 1. É cabível, inclusive contra a Fazenda Pública, a aplicação de multa diária (astreintes) como meio coercitivo para impor o cumprimento de medida antecipatória ou de sentença definitiva de obrigação de fazer ou entregar coisa, nos termos dos artigos 461 e 461A do CPC. Nesse sentido é a jurisprudência do STJ, como se pode verificar, por exemplo, nos seguintes precedentes: AgRg no Ag 646240/RS, 1ª T., Min. José Delgado, DJ de 13.06.2005; RESP 592132/RS, 5ª T., Min. José Arnaldo da Fonseca, DJ de 16.05.2005; AgRg no RESP 554776/SP, 6ª T., Min. Paulo Medina, DJ de 06.10.2003; AgRg no REsp 718011/TO, 1ª Turma, Min. José Delgado, DJ de 30.05.2005. 
2. Todavia, não se pode confundir multa diária (astreintes), com bloqueio ou seqüestro de verbas públicas. A multa é meio executivo de coação, não aplicável a obrigações de pagar quantia, que atua sobre a vontade do demandado a fim de compeli-lo a satisfazer, ele próprio, a obrigação decorrente da decisão judicial. Já o seqüestro (ou bloqueio) de dinheiro é meio executivo de sub-rogação, adequado a obrigação de pagar quantia, por meio do qual o Judiciário obtém diretamente a satisfação da obrigação, independentemente de participação e, portanto, da vontade do obrigado. 3. Em se tratando da Fazenda Pública, qualquer obrigação de pagar quantia, ainda que decorrente da conversão de obrigação de fazer ou de entregar coisa, está sujeita a rito próprio (CPC, art. 730 do CPC e CF, art. 100 da CF), que não prevê, salvo excepcionalmente (v.g., desrespeito à ordem de pagamento dos precatórios judiciários), a possibilidade de execução direta por expropriação mediante seqüestro de dinheiro ou de qualquer outro bem público, que são impenhoráveis. 4. Recurso especial parcialmente conhecido e, nesta parte, provido." (REsp 766.480/RS, DJ 03/10/2005, 1ª Turma, Rel. Min. Teori Zavascki) 2. Em situações reconhecidamente excepcionais, tais como a que se refere ao urgente fornecimento de medicação, sob risco de perecimento da própria vida, a jurisprudência deste Superior Tribunal de Justiça é reiterada no sentido do cabimento do bloqueio de valores diretamente na conta corrente do Ente Público. 3. Com efeito, o art. 461, § 5º, do CPC ao referir que o juiz poderá, de ofício ou a requerimento da parte, para a efetivação da tutela específica ou para obtenção do resultado prático equivalente, “determinar as medidas necessárias, tais como a imposição de multa por tempo de atraso, busca e apreensão, remoção de pessoas ou cousas, desfazimento de obras e impedimento de atividade nociva, se necessário com requisição de força policial”, apenas previu algumas medidas cabíveis na espécie, não sendo, contudo, taxativa a sua enumeração. De tal maneira, é permitido ao julgador, à vista das circunstâncias do caso apreciado, buscar o modo mais adequado para tornar efetiva a tutela almejada, tendo em vista o fim da norma e a impossibilidade de previsão legal de todas as hipóteses fáticas. É possível, pois, em casos como o presente, o bloqueio de contas públicas. 4. Tal como se evidencia, não há divergência jurisprudencial a ser dirimida, ao contrário, como restou demonstrado, o acórdão embargado está em absoluta sintonia com o entendimento aplicado à questão por este Superior Tribunal de Justiça, que admite, em situações excepcionais, o bloqueio direto de verbas públicas. 5. No caso, a autorização excepcional para o bloqueio de valores públicos objetivou o fornecimento de medicação, em caráter de urgência, à parte suplicante, sob pena de comprometimento da própria vida.6. Embargos de divergência não-providos.(STJ; EREsp 770969 / RS ; EMBARGOS DE DIVERGENCIA NO RECURSO ESPECIAL2005/0190161-9; Ministro JOSÉ DELGADO; Órgão Julgador: S1 - PRIMEIRA SEÇÃO; Data do Julgamento: 28/06/2006; Data da Publicação/Fonte: DJ 21.08.2006 p. 224). (grifo nosso). 
Incumbe ainda examinar que não há que se confundir multa diária com o sequestro de contas públicas, pois enquanto no primeiro caso é meio de coerção indireta onde se busca a tutela específica; no segundo há meio executivo por sub-rogação. Neste último caso, o Judiciário obtém diretamente a satisfação total ou parcial da obrigação, independentemente da vontade do obrigado. 
Destarte, in casu, surge a necessidade do sequestro de contas públicas, como medida de emergência, com o escopo de garantir imediatamente a medicação necessária para manter a saúde e vida do autor, bem como a imprescindibilidade das astreintes, como forma de impulsionar o Estado a prestar continuadamente tal medicação. 
DO DANO MORAL 
Deve ser reconhecido ao autor o direito ao ressarcimento pelos danos morais sofridos, uma vez que houve injusta e abusiva recusa do fornecimento do medicamento, ora pleiteado, extrapolando o mero aborrecimento. 
O dano moral, como se sabe, é um dano pessoal não econômico. No sentido da presente quizila, transmuda-se no sentimento de impotência do autor, na sua angústia por não ter a medicação, de imediato. 
A avaliação do dano moral, por sua vez, requer a convergência de duas forças: a punitiva, para que o causador do dano sofra as consequências de seu ato e, em tese, o desestimule a que assim haja em casos futuros; e a compensatória, correspondente ao pagamento de uma indenização aos requerentes, face ao mal sofrido, embora se saiba que a moral não tem preço. 
Ressalte-se que, no âmbito do Direito Administrativo, a responsabilidade civil prescinde do elemento culpa, inserindo-se como pressupostos do dever de indenizar: a) conduta humana, b) nexo de causalidade e c) dano ou prejuízo. 
A responsabilidade do Estado ou responsabilidade da Administração Pública, conforme a denominação de parte da doutrina, encontra guarida constitucional, em especial, na disposição do art. 37, § 6º, da Constituição Federal de 1988. Entendemos mais acertada a denominação responsabilidade do Estado, porquanto ainda que na maioria das vezes o Estado responda por sua atuação administrativa, por atos da Administração, do Poder Executivo, casos há em que haverá sua responsabilização por atos judiciais e legislativos. 
	Conforme salientado, mister trazer à colação a dicção do art. 37, da CF/88: 
Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: (Redação da EC n. 19/98) 
[...]; 
§ 6º - As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa. 
A doutrina afirma que a responsabilidade do Estado será sempre objetiva, ainda no que tange aos atos omissivos, sobo pálio da isonomia e da busca de igualdade de todos frente aos ônus do Estado. Aqui, encontramos Hely Lopes Meirelles, Celso Ribeiro Bastos, Yussef Said Cahali, entre outros. Para esses autores, a Constituição Federal não fez qualquer ressalva ao artigo 37, § 6º, quando da utilização do verbo “causarem”, pelo que indissociável, também, das condutas omissivas. Aduzem, ademais, que entender o contrário vai de encontro à evolução da responsabilidade civil do Estado tendente à objetivação, configurando um verdadeiro e inaceitável retrocesso. 
Na mesma trilha, rechaçam os argumentos da Teoria Subjetiva da Responsabilidade por atos omissivos, afirmando que a conduta omissiva é, também, do ponto de vista jurídico, causa do dano e não apenas sua condução. Salientam, ademais, que a conduta omissiva é sempre contrária à lei, e em face de sua gravidade necessária a responsabilização objetiva do Estado, porquanto imperiosa à manutenção da ordem pública e da paz social. 
No mesmo sentido é como não poderia deixar de ser o entendimento de nossos Tribunais a exemplo das decisões a seguir transcritas: 
DUPLO GRAU DE JURISDIÇÃO - APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS - NÃO FORNECIMENTO DE MEDICAMENTOS PARA O TRATAMENTO DE CÂNCER - LEUCEMIA MIELÓIDE - REEXAME NECESSÁRIO DESCONFIGURADO - PRESCRIÇÃO - CHAMAMENTO AO PROCESSO DA UNIÃO E DO MUNICÍPIO - INVIABILIDADE - PROCEDÊNCIA DO PLEITO INDENIZATÓRIO - MANUTENÇÃO DO QUANTUM ARBITRADO - 1- Não há que se falar reexame necessário quando não preenchidos os requisitos do artigo 475, do cpc , especialmente quando a condenação não extrapola o limite declinado no § 2º, do dispositivo mencionado. 2- Prescreve em 3 (TRÊS) anos a pretensão de reparação civil, conforme o disposto no artigo 206, § 3º, V, do código civil . In casu, evidente está que, entre a violação do pretendido direito da autora e sua postulação em juízo, não transcorreu o lapso temporal extintivo de sua pretensão, razão pela qual deve ser afastada a prejudicial aventada. 3- É de se afastar a necessidade de chamamento ao processo dos demais entes da federação para integrar à lide, uma vez que, sendo a saúde direito de todos e dever do estado, assegurados, concomitantemente, por todas as esferas de governo e tendo a recusa ao tratamento partido do estado de goiás, é de se ponderar que este incorreu na prática do ilícito que se busca a reparação, devendo, por isso, arcar com o ônus da demanda. Precedentes do stj. 4- No caso em exame, atento às peculiaridades que o envolveram, em especial o grave estado de saúde acometido pela apelada, portadora de leucemia mielóide, tenho que o não fornecimento regular da medicação necessária ao seu tratamento de saúde por parte do estado, mesmo após ordem mandamental para tanto, independentemente da motivação, seja por recusa ou omissão da autoridade pública, configurou, no caso específico dos autos, em ofensa ao seu direito da personalidade, qual seja o da garantia da vida e de sua integridade física, ferindo sua dignidade como pessoa humana, passível, portanto de ser reparado em juízo, mormente tendo em vista o desatendimento de determinação judicial. Precedentes dos tribunais pátrios. 5- Mostrando-se razoável e proporcional, o quantum indenizatório fixado pelo juiz singular não merece alteração. Remessa e apelação conhecidas, mas improvidas. Sentença mantida. (TJGO - DGJ 200994525559 - 1ª C.Cív. - Rel. Mauricio Porfirio Rosa - DJe 18.10.2012 - p. 127) 
APELAÇÃOES CÍVEIS - CONSTITUCIONAL, ADMINISTRATIVO E CIVIL - REALIZAÇÃO DE CIRURGIA - TEMPO DE ESPERA PELO PROCEDIMENTO - DANOS MORAIS - RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA DA UNIÃO, ESTADO E MUNICÍPIO - ART. 198 DA CRFB/88 - RECURSOS IMPROVIDOS - 1- Cuida-se de apelações cíveis interpostas pelo Estado do Rio de Janeiro, pela União e pelo Município de Duque de Caxias em face da r. sentença, originária do Juízo da 2.ª Vara Federal da Subseção Judiciária de Duque de Caxias-RJ, prolatada Nos autos da ação de conhecimento, sob o procedimento comum ordinário, através da qual pretende o autor a condenação dos réus na obrigação de fazer, consistente na realização de cirurgia ortopédica, bem assim na de reparar os danos morais decorrentes do excessivo tempo de espera pelo procedimento cirúrgico. 2- A União, os Estados e o Município são responsáveis solidários pela saúde frente aos indivíduos, sendo, pois, os legitimados passivos nas ações cuja causa de pedir é o fornecimento de medicamentos e/ou leitos aos necessitados, como no caso em tela. 3- A solidariedade passiva destes entes públicos encontra-se disposta no art. 198, caput e parágrafo único, da Constituição Federal , em que afirma que "as ações e serviços públicos de saúde integram uma rede regionalizada e hierarquizada e constituem um sistema único" e que o sistema único de saúde será financiado com recursos do orçamento da "seguridade social, da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, além de outras fontes". 4- A atuação da Administração Pública é pautada pelo princípio da eficiência, baseando-se na desburocratização e na melhor utilização possível dos recursos públicos, visando à satisfação ampla do bem comum. 5- Em oposição a esta tese da "reserva do possível", temos a adoção pelo Supremo Tribunal Federal da preservação do núcleo consubstanciador do "mínimo existencial". A Corte vem aceitando a denominada "dimensão política de jurisdição constitucional", que permite o exercício do controle judicial em tema de implementação de políticas públicas para garantir o "mínimo existencial". 6- O STF só vem aceitando a aplicação da cláusula da "reserva do possível" quando a Administração Pública comprovar, de forma objetiva, no caso concreto, sua incapacidade econômica para implementação de determinada política pública. Esse entendimento da Suprema Corte está resumido no voto do Ministro Gilmar Mendes, Relator do STA 175 - Agr/CE (Informativo nº 582 de 2010). 7- In casu, cumpre consignar que, muito embora o demandante não seja pessoa idosa, não se mostra razoável exigir a espera de 4 (quatro) anos para ser operado, se há indicação médica para a sujeição ao procedimento cirúrgico, inclusive já tendo sido o autor encaminhado para a realização dos exames pré-operatórios. Demais, disso, salientese que os apelantes não comprovaram de forma objetiva a ausência de recursos para a realização da cirurgia, devendo ser afastada a alegação da "reserva do possível", conforme entendimento do Supremo Tribunal Federal. 8- A Constituição Federal de 1988 consagrou a teoria da responsabilidade civil objetiva do Estado (art. 37, § 6º), a qual se funda no risco administrativo, ou seja, para a aferição da responsabilidade civil do Estado e o conseqüente reconhecimento do direito à reparação pelos prejuízos causados, é suficiente que se prove o dano sofrido e o nexo de causalidade entre a omissão/conduta atribuíveis ao Poder Público, ou aos que agem em seu nome, por delegação, e o aludido dano. De todo modo, é permitido ao Estado afastar a sua responsabilidade nos casos de exclusão do nexo causal fato exclusivo da vítima, caso fortuito, força maior e fato exclusivo de terceiro-. 9- A reparação civil do dano moral, diversamente do que se verifica em relação ao dano patrimonial, não visa a recompor a situação jurídicopatrimonial do lesado, mas sim à definição de valor adequado, em razão de alguma das violações às dimensões da dignidade da pessoa humana, como a liberdade, a integridade físico-psíquica, a solidariedade e a isonomia, pois o fim da teoria em análise não é apagar os efeitos da lesão, mas reparar os danos. 10- A configuração do dano moral, em várias situações, decorre apenas da prática do ato com repercussão na vítima, tratando-se de hipótese que independe de comprovação de abalo a bem jurídico extrapatrimonial. 11- Conforme atesta a doutrina de direito civil, os danos morais, ao contrário dos materiais, decorrem da lesão a algum dos aspectos atinentes à dignidade humana. A repercussão de tais lesões na personalidade da vítima nem sempre é de fácil liquidação. Contudo, talé a gravidade da lesão à dignidade, segundo a ordem constitucional, que se admite presumível o dano moral pelo simples fato da lesão, independentemente da sua efetiva comprovação. 12- "Não obstante, não caiba ao Poder Judiciário se imiscuir nas escolhas do Administrador no que concerne à gestão dos recursos públicos e, portanto, no que concerne aos critérios por ele eleitos à prestação da saúde, não se pode entender condizente com o atendimento digno a garantia constitucional do direito à saúde uma espera de mais de 3 (três) anos para realização por procedimento cirúrgico pelo Estado (em sentido lato). Tal demora, sem dúvida, fere a dignidade da pessoa humana, princípio fundamental da nossa República ( art. 1º, III, CR/88 ), direito fundamental e nviolável cuja salvaguarda pode, sim, e deve ser diligenciada pelo Poder Judiciário. Vê-se que a parte autora tem sua vida estagnada enquano espera ´a chegada de sua vez´, padecendo de dor que, embora seja subjetiva, é aferível in re ipsa, e potencializada pela dor concreta, física, minimamente amenizada pelso remédios que tem que ingerir enquanto não recebe a prestação (cirurgia) do Estado compatível com sua real necessidade." 13- Apelaçoes improvidas. Sentença mantida. (TRF-2ª R. - AC 2011.51.68.003085-9 - Rel. Guilherme Calmon Nogueira da Gama - DJe 17.07.2012 ) 
ADMINISTRATIVO - RECUSA DE INTERNAÇÃO NO HOSPITAL DA LAGOA - SUS - LEGITIMIDADE PASSIVA DA UNIÃO - ART. 196 DA CF/88 -DIREITO À SAÚDE - ART. 37, §6ª CF . - Trata-se de ação de rito ordinário, ajuizada em face da União, objetivando a parte autora indenização por danos morais, a manutenção de sua internação e de seu tratamento, nos termos da decisão proferida nos autos da Medida Cautelar, em apenso, alegando, em síntese, como causa de pedir a prestação jurisdicional, que, apesar de ser a paciente, regularmente matriculada no Hospital da Lagoa, para tratamento da Hipertensão Arterial e da Cardiopatia, e da necessidade da internação imediata, para tratamento cirúrgico do cálculo renal, recusa-se o referido Hospital a proceder à sua internação, sob o argumento de que não dispõe do Setor de Emergência, o que implica na ofensa ao art. 6º da CF/88 e às disposições da Lei 8.080/90 , que asseguram a todos o direito à saúde - 0 Superior Tribunal de Justiça possui entendimento de que a União, o Estado, o Distrito Federal e o Município são partes legitimas para figurar no pólo passivo nas demandas cuja pretensão e o fornecimento de medicamentos imprescindíveis a saúde de pessoa carente, bem como o atendimento medico a paciente do SUS, podendo a ação ser proposta em face de quaisquer deles. - Não merece prosperar, igualmente, a alegação de ausência de interesse de agir, eis que, conforme salientado pelo Juízo a quo, a internação da Autora só ocorreu após a ciência da decisão liminar, sendo legítimo interesse da demanda ante recorrer ao Poder Judiciário para assegurar a manutenção do seu tratamento medico, bem como pleitear o ressarcimento pelos danos decorrentes do não atendimento das solicitações de internação. - O direito a saúde, tal como assegurado na Constituição de 1988 , configura direito fundamental de segunda geração. Nesta geração estão os direitos sociais, culturais e econômicos, que se caracterizam por exigirem prestações positivas do Estado. Não se trata mais, como nos direitos de primeira geração, de apenas impedir a intervenção do Estado em desfavor das liberdades individuais. Os direitos de segunda geração conferem ao individuo o direito de exigir do Estado prestações sociais nos campos da saúde, alimentação, educação, habitação, trabalho etc. - Nesse sentido, a Lei nº 8.080 , de 19 de setembro de 1990, dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde. Com efeito, o acesso aos meios necessários para a proteção e recuperação da saúde não constitui mera referencia legislativa, mas sim prerrogativa de todo cidadão e meta essencial a ser perseguida e efetivamente implantada pelo Estado, no cumprimento de sua finalidade maior, que e o bem comum. - Por ultimo, é de se reconhecer a responsabilidade civil da União Federal, a teor do artigo 37, § 6º da Carta Magna , pelo dano moral causado a parte autora, que, em delicado estado de saúde, conforme atesta os documentos de fls. 20/29, teve negado pela União o acesso ao tratamento médico indicado (fls. 20 e 58). - Quanto aos honorários advocatícios, correta sua fixação - Recurso e remessa necessária desprovidos. (TRF-2ª R. - RN-AC 2007.51.01.027061-2 - 8ª T.Esp. - Rel. Poul Erik Dyrlund - DJe 13.05.2011 - p. 187) 
ESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO AÇÃO CIVIL PÚBLICA DEMORA NO FORNECIMENTO DE MEDICAMENTOS EXCEPCIONAIS PRETENSÃO INDENIZATÓRIA LEGITIMIDADE ATIVA DO MINISTÉRIO PÚBLICO TUTELA DE INTERESSES INDIVIDUAIS HOMOGÊNEOS PRESENÇA DE RELEVANTE INTERESSE SOCIAL INTERESSE PROCESSUAL VERIFICAÇÃO DE CONFLITO DE INTERESSES UTILIDADE DO PROVIMENTO PRETENDIDO AOS BENEFICIÁRIOS POSSIBILIDADE JURÍDICA DO PEDIDO CONDENAÇÃO GENÉRICA AUTORIZADA POR LEI APLICABILIDADE DO ART. 95 DO CDC LITISCONSÓRCIO PASSIVO NECESSÁRIO ENTRE UNIÃO, ESTADO E MUNICÍPIOS ALEGAÇÃO AFASTADA RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA LEGÍTIMA A PROPOSITURA CONTRA APENAS UM DOS CO-RESPONSÁVEIS AGRAVO RETIDO DESPROVIDO RESPONSABILIDADE OBJETIVA OMISSÃO ESPECÍFICA DE DEVER ESTATAL MAU GERENCIAMENTO DA POLÍTICA PÚBLICA DE FORNECIMENTO DE MEDICAMENTOS DANOS MATERIAIS (DANOS EMERGENTES E LUCROS CESSANTES) E MORAIS EVIDENTES E NOTÓRIOS RECURSO DE APELAÇÃO PROVIDO - Recurso de agravo retido desprovido e recurso de apelação cível provido. (TJPR - AC 0771181-9 - 2ª C.Cív. - Rel. Des. Eugenio Achille Grandinetti - DJe 16.11.2011 - p. 348) 
RESPONSABILIDADE CIVIL - INDENIZAÇÃO MORAL E MATERIAL - DEMORA NO FORNECIMENTO DE MEDICAÇÃO - FORNECIMENTO DESCONTINUADO - Transtornos, aflição, desequilíbrio do bem-estar, agressão à dignidade humana - Danos morais configurados - Aquisição do fármaco pelo paciente - Danos materiais devidos majoração dos honorários - Art. 20, § 4º, cpc - Recurso da autora provido. Recurso estatal prejudiciado. 1- Nos termos do art. 196 da constituição federal , a saúde é direito de todos e dever do estado. Tal premissa impõe ao estado a obrigação de fornecer gratuitamente às pessoas desprovidas de recursos financeiros a medicação necessária para o efetivo tratamento de saúde. 2- A ineficiência na prestação do serviço (SAÚDE) configura a responsabilidade civil, ausente qualquer causa excludente de responsabilidade. 3- O dano moral está ínsito na ilicitude do ato praticado, decorre da gravidade do ilícito em si, sendo desnecessária sua efetiva demonstração, ou seja, como já sublinhado: o dano moral existe in re ipsa. 4- Reconhecido o direito da demandante a receber danos materiais pelo fato de ter arcado juntamente com seu esposo na compra de medicamento para não descontinuar o tratamento. 5- Interrompido o fornecimento, exsurge a obrigação do poder público de ressarcimento, tendo em vista a compra do medicamento. 6- O valor dos honorários deve ser fixado consoante apreciação equitativa do juiz, atendidas as normas das alíneas a, b e c, pois vencida a fazenda pública. (TJRR - AC 0010.10.919578-3 - C.Única - Rel. Des. Mauro Campello - DJe 13.04.2012 - p. 13). 
RESPONSABILIDADE CIVIL DO MUNICÍPIO - FORNECIMENTO DE MEDICAMENTO - PACIENTE PORTADOR DE CIRROSE HEPÁTICA POR VÍRUS C - CHILD B, NECESSITAVA DO MEDICAMENTO "INTERFERON ALFA 2ª 3MUI" COM URGÊNCIA - ALEGAÇÃO DE AUSÊNCIA DE EXAME DE CARGA VIRAL - NEGLIGÊNCIA DO ENTE PÚBLICO - DEVER DE INDENIZAR - Cabe aos entes federados o dever de fornecer gratuitamente tratamento médico a pacientes necessitados, conforme o disposto nos artigos 6º , 23 e 196 da Constituição Federal e artigos 2º, 4º e 7º da Lei Orgânica da Saúde - Lei nº 8.080/90 . O não atendimento de pacientes em estado grave de saúde, por parte do Estado, independentemente da motivação, seja por recusa ou omissão da autoridade pública, configura-se em ofensa a direito substantivo constitucional, qual seja o do acesso universal e igualitário à saúde, sendo passívelde ser reparado em juízo. O demandante, portador de cirrose hepática por vírus C - CHILD B, necessitava do medicamento "interferon alfa 2ª 3mui" com urgência. Não lhe foi fornecido o fármaco, sob alegação de que necessitava de exame de carga viral. O Município não agendou referido exame, desconsiderando o estado de sobrevida do autor. Diante da negligência do apelante, a doença evoluiu a um estágio no qual não se faz mais necessário o uso do medicamento, mas sim de transplante de fígado. DANO MORAL CONFIGURADO - QUANTUM INDENIZATÓRIO - FIXAÇÃO - Os transtornos sofridos pelo demandante, a aflição e o desequilíbrio em seu bem-estar, fugiram à normalidade e se constituíram como agressão à sua dignidade. Na fixação da reparação por dano extrapatrimonial, incumbe ao julgador, atentando, sobretudo, para as condições do ofensor, do ofendido e do bem jurídico lesado, e aos princípios da proporcionalidade e razoabilidade, arbitrar quantum que se preste à suficiente recomposição dos prejuízos, sem importar, contudo, enriquecimento sem causa da vítima. Indenização fixada em R$ 9.300,00. LEI Nº 11.960/09 - JUROS E CORREÇÃO - Obrigatoriedade da incidência dos critérios fixados no art. 1º-F da Lei 9.494/97 a partir da vigência da Lei nº 11.960/09. APELAÇÃO PARCIALMENTE PROVIDA. (TJRS - AC 70033206764 - 10ª C.Cív. - Rel. Des. Túlio de Oliveira Martins - J. 24.02.2011) 
A angústia e o sofrimento podem não ser erradicados totalmente, mas há um lenitivo amenizador, de vez que o passado não pode ser extinto, porém o futuro pode ser melhorado. Ademais, se o dano não pode deixar de ser ressarcido, sempre haverá uma solução, que, embora não seja a ideal, pode, entrementes, concorrer muito para levantar a moral do atingido. 
A prestação pecuniária, cuja função seria satisfatória, não pretende refazer o patrimônio, mas proporcionar ao lesado uma compensação, devida pelo que este sofreu, amenizando as agruras oriundas do dano extra patrimonial. 
De salientar, ainda, que, para a doutrina e a jurisprudência, o dano moral existe tão somente pela ofensa sofrida e dela é presumido, sendo bastante para justificar a indenização, não devendo ser simbólica, mas efetiva, dependendo das condições socioeconômicas do(a) autor(a). É corrente majoritária, portanto, em nossos tribunais a defesa de que, para a existência do DANO MORAL, não se questiona a prova do prejuízo, e sim a violação de um direito constitucionalmente previsto. 
Trata-se do denominado dano moral puro, o qual se esgota na própria lesão à personalidade, na medida em que estão ínsitos nela. Por isso, a prova destes danos restringir-se-á à existência do ato ilícito, devido à impossibilidade e à dificuldade de realizar-se a prova dos danos incorpóreos. Não é sem razão que os incisos V e X do artigo 5º da CF/88 asseguram com todas as letras a reparação por dano moral, senão vejamos: 
“Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: 
V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano material, moral ou à imagem; 
X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito à indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação;” 
A reparação do dano moral não visa reparar a dor no sentido literal, mas sim, aquilatar um valor compensatório que amenize o sofrimento provocado por aquele dano, sendo a prestação de natureza meramente satisfatória. 
No concernente à necessidade de prova deste tipo de abalo, o Pretório Excelso proclama que “a indenização a título de dano moral não exige comprovação de prejuízo” (RT 614/236), por ser este uma consequência irrecusável do fato e um “direito subjetivo da pessoa ofendida” (RT 124/299). 
Também o STJ tem entendido que:
 “Em se tratando de dano moral puro, não há falarem prova do dano moral, mas sim, na prova do fato que gerou a dor, o sofrimento, sentimentos íntimos que o ensejam, para gerar o dever de indenizar”. (Ac. 4ª T do STJ no AgRg 701.915-SP, Rel. Min. Jorge Scartezzinni, j. 25-10-05). 
Pelo que se vê, insigne judicante, a única prova que se concebe nas ações indenizatórias é a da existência dos fatos colacionados na peça prefacial. Incontroversos os fatos, ou devidamente provados na fase instrutória do processo, resta para se caracterizar a existência de dano moral apenas o estabelecimento do nexo causal entre o ato ilícito praticado pelo agente e os fatos narrados pelo autor. 
No que se refere à fixação do quantum a título de dano moral, a boa doutrina e a jurisprudência majoritária têm entendido que o montante fica ao prudente arbítrio do juiz, mas devendo-se levar em conta os fatos, à reprimenda ao ofensor como forma de se dissuadir ao cometimento de novos atentados ao patrimônio de outrem, à capacidade financeira do ofensor e a amenização da situação imposta à requerente. 
Justa e devida, portanto, a indenização a título de danos morais ao suplicante, porquanto dotada de respaldo legal, a ser arbitrada em função da dor física e moral que experimentou por culpa exclusiva do Estado. Apenas para supedanear a decisão meritória, o parâmetro que entende razoável a requerente é o de que o valor não deverá ser abaixo de quinze (20) salários mínimos. 
DO PEDIDO DE TUTELA ANTECIPADA 
Diante da situação ora exposta, no caso da ausência imediata de um provimento antecipado, ante o evidente percurso temporal suficiente até o deslinde do processo, corre o risco de ser inócua a prestação jurisdicional ao final deferida. O autor não poderá suportar ficar sem o uso da medicação indicada, que é imprescindível para o seu tratamento, correndo risco de vida caso fique sem o uso de tais medicamentos. 
O exposto já autoriza a concessão antecipada do pedido em favor do requerente, mediante antecipação de tutela, nos moldes do art. 273, I e II do Código de Processo Civil, que assim reza: 
“Art. 273. O juiz poderá, a requerimento da parte, antecipar, total ou parcialmente, os efeitos da tutela pretendida no pedido inicial, desde que, existindo prova inequívoca, se convença da verossimilhança da alegação e: 
I- haja fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação; ou 
IIfique caracterizado o abuso de direito de defesa ou o manifesto propósito protelatório do réu.”(grifos nossos) 
De outro lado, inegável a existência do periculum in mora respaldado nos documentos acostados nesta peça exordial, pois comprovado encontra-se que o requerente, necessita urgentemente iniciar o seu tratamento, vez que seu quadro clínico é bastante grave, e tão somente pode ser controlado através do uso do ESPECIFICAÇÃO DO MEDICAMENTO, na forma indicada. 
Conforme relatado alhures, é reconhecido o direito à saúde como direito fundamental e indisponível da pessoa humana, a ser assegurado com absoluta prioridade pelo poder público. O direito de acesso às ações e serviços de saúde é consagrado como direito público subjetivo. 
Por fim, é dever do Estado fornecer gratuitamente, ao reconhecidamente necessitado, o medicamento especial exigido para o tratamento de sua doença. 
Logo, os pressupostos necessários à procedência da tutela antecipada ora defendida estão preenchidos, tendo em vista que os requisitos exigidos pelo art. 273, I e II do CPC são alternativos, isto é: pode haver periculum in mora ou ocorrência de manifesta intenção protelatória do réu. No presente caso, a primeira alternativa (periculum in mora) é perfeitamente aplicável. 
Cândido Rangel Dinamarco (A Reforma do Código de Processo Civil, 2.ª edição, editora Malheiros, Rio de Janeiro, 1998, pp.138/140 e 145), desvenda a real intenção do legislador ao criar o instituto da tutela antecipada, conforme se aduz: 
“O novo art. 273 do Código de Processo Civil, ao instituir de modo explícito e generalizado a antecipação dos efeitos da tutela pretendida, veio com o objetivo de ser uma arma poderosíssima contraos males corrosivos do tempo do processo. (...) 
No clássico compêndio de Calamadrei, a antecipação de provimentos decisórios comparece entre as figuras de medidas cautelares: através dela, disse, ‘decide-se provisoriamente uma relação controvertida, à espera de que, através do processo, ordinário, se aperfeiçoe a decisão definitiva”. Sua finalidade é afastar situações de indefinição das quais se fosse necessário esperar até que seja emitido o julgamento definitivo, potrebbero derivare a uma delle parti irreparabili danni.(...) 
A técnica engendrada pelo novo art. 273 consiste em oferecer rapidamente a quem veio ao processo pedir determinada solução para a situação que descreve, precisamente aquela solução que ele veio ao processo pedir. Não se trata de obter medida que impeça o perecimento do direito, ou que assegure ao titular a possibilidade de exercê-lo no futuro. A medida antecipatória conceder-lhe-á o exercício do próprio direito afirmado pelo autor. Na prática, a decisão com que o juiz concede a tutela antecipada terá, no máximo, o mesmo conteúdo do dispositivo da sentença que concede a definitiva, e a sua concessão equivale, mutatis mutandis, à procedência da demanda inicial – com a diferença fundamental representada pela provisoriedade. (...) 
O novo artigo 273 do Código de Processo Civil, com a consciência de estar instituindo uma arma contra os males que o tempo pode causar aos direitos e aos seus titulares, figura duas situações indesejáveis a serem debeladas mediante a antecipação da tutela. 
A primeira delas sugere o requisito do periculum in mora ordinariamente posto em relação à tutela cautelar. Reside no “fundado receio de dano irreparável (art.273, I) (...) É preciso levar em conta as necessidades do litigante privado do bem a que provavelmente tem direito e sendo impedido de obtê-lo desde logo.” (grifamos) 
É possível, na atualidade, fazer valer o direito à saúde, em algumas situações específicas, através do Poder Judiciário. Tratam-se daquelas situações em que a doença está devidamente diagnosticada e está atestada a necessidade de um determinado medicamento ou procedimento médico indispensável para o controle ou tratamento da doença. Em outras palavras, são aquelas situações em que a proteção do direito à saúde não poder ser desvinculada da proteção do próprio direito à vida ou do direito a uma existência digna. 
A jurisprudência assim vem se firmando: 
TUTELA ANTECIPATÓRIA – Faculdade do Juiz – Verossimilhança do pedido tutelar com o inicial – Deferimento que se deve embasar no fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação – Inteligência do art. 273 do CPC. O art. 273 do CPC, com redação dada pela Lei 8.952/94, expressamente faculta ao Juiz, a requerimento da parte, antecipar, total ou parcialmente, os efeitos da tutela pretendida no pedido inicial, desde que, existindo prova inequívoca, se convença da verossimilhança da alegação e haja fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação, sendo que essa tutela antecipada poderá ser revogada ou modificada a qualquer tempo, em decisão fundamentada, prosseguindo o processo até final julgamento, concedida ou não tal antecipação. (RT 736/252) 
Em trato de concessão de tutela antecipada de provimento jurisdicional, mister se faz que o Juiz, dentro da esfera de sua discricionariedade judicial, proceda a prudente e cuidadosa análise, porquanto pode haver situação emergencial que a reclame, desde que haja prova inequívoca do alegado e se convença de sua verossimilhança. (RT 736/256) (sem grifo no original) 
DO PEDIDO 
 
Diante do exposto, requer a V. Ex.ª se digne de: 
1) Conceder ao requerente, nos termos do art. 273, caput e seu inciso I, do CPC, a tutela específica da obrigação de fazer, consubstanciada na determinação ao requerido (ESTADO DO CEARÁ) para que forneça o medicamento ESPECIFICAÇÃO DO MEDICAMENTO ao requerente, NOME DO REQUERENTE, na quantidade determinada pelo médico que o assiste ou vier a assistir, cuja orientação deverão observar para o tratamento completo de tal doença, fixando-lhes o prazo de 48 (quarenta e oito) horas para o cumprimento da ordem judicial, sob pena de imposição de multa diária de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) citando-se e intimando-se o requerido, inclusive sob pena de desobediência; 
2) Mandar citar o requerido, na pessoa de seu representante legal, para, querendo, contestar a presente ação, ciente de que os fatos alegados e não contestados serão tidos como verdadeiros; 
3) Mandar intimar o (a) douto (a) representante do Ministério Público para intervir em todos os termos da presente ação; 
4) Julgar PROCEDENTE a presente ação, tornando definitiva a tutela antecipada concedida, na forma do item “a”, para o fim de que o requerido seja condenado na obrigação de fazer consistente em determinar todas as providências necessárias para a aquisição e fornecimento do medicamento ESPECIFICAÇÃO DO MEDICAMENTO ao requerente, durante todo o período em que o autor venha a necessitar a fim de garantir-lhe integral tratamento da moléstia. O fornecimento deverá ser efetuado nas quantidades e pelo período determinado pelo médico que o assiste ou vier a assistir, cuja orientação deverá observar rigorosamente para o tratamento integral, sob pena de desobediência e de imposição de multa diária, no valor de R$ 5.000,00 (cinco mil reais), a ser atualizada diariamente, a fim de assegurar o resultado prático equivalente ao adimplemento, devendo, ainda, arcar com o ônus da sucumbência; 
5) CONDENAR a promovida a pagar, à promovente, uma indenização por danos morais (art. 5º. CF/88 c/c arts. 6º., inciso VI, e 14 do CDC), em montante a ser arbitrado por este juízo, sugerindo-se, com base na capacidade financeira das partes, no grau e extensão do dano, o valor correspondente a vinte (20) salários mínimos nacionais, como parâmetro mínimo; 
Protesta provar o alegado por todos os meios de prova admitidos, em especial pela juntada de documentos, oitiva de testemunhas, desde logo arroladas, perícia, vistoria, bem como qualquer outra providência que Vossa Excelência julgar adequada ao julgamento da presente ação, tudo de logo requerido.
Dando à causa o valor de VALOR DA CAUSA, para efeitos.
Nesses termos.
Pede deferimento.
CIDADE, DIA DE MÊS DE ANO.
NOME DO(A) DEFENSOR(A) PÚBLICO(A)
Defensor(a) Público(a)
Indicar Órgão de Atuação
 
Av. Pinto Bandeira, nº 1.111, Luciano Cavalcante, Fortaleza-CE
CEP 60.811-170, Fone: (85) 3101-3434

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