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See discussions, stats, and author profiles for this publication at: https://www.researchgate.net/publication/282443781 CANAIS NAVEGÁVEIS, PARÂMETROS E CRITÉRIOS DE DIMENSIONAMENTO. Conference Paper · October 2015 CITATIONS 0 READS 3,841 1 author: Pedro José Da Silva Instituto Mauá de Tecnologia 28 PUBLICATIONS 2 CITATIONS SEE PROFILE All content following this page was uploaded by Pedro José Da Silva on 04 October 2015. The user has requested enhancement of the downloaded file. https://www.researchgate.net/publication/282443781_CANAIS_NAVEGAVEIS_PARAMETROS_E_CRITERIOS_DE_DIMENSIONAMENTO?enrichId=rgreq-f05600f45f8e1df356200a9049922c02-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzI4MjQ0Mzc4MTtBUzoyODA2MjQ1OTUyNTkzOTJAMTQ0MzkxNzUyNTE5NA%3D%3D&el=1_x_2&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/publication/282443781_CANAIS_NAVEGAVEIS_PARAMETROS_E_CRITERIOS_DE_DIMENSIONAMENTO?enrichId=rgreq-f05600f45f8e1df356200a9049922c02-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzI4MjQ0Mzc4MTtBUzoyODA2MjQ1OTUyNTkzOTJAMTQ0MzkxNzUyNTE5NA%3D%3D&el=1_x_3&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/?enrichId=rgreq-f05600f45f8e1df356200a9049922c02-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzI4MjQ0Mzc4MTtBUzoyODA2MjQ1OTUyNTkzOTJAMTQ0MzkxNzUyNTE5NA%3D%3D&el=1_x_1&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/profile/Pedro_Silva87?enrichId=rgreq-f05600f45f8e1df356200a9049922c02-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzI4MjQ0Mzc4MTtBUzoyODA2MjQ1OTUyNTkzOTJAMTQ0MzkxNzUyNTE5NA%3D%3D&el=1_x_4&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/profile/Pedro_Silva87?enrichId=rgreq-f05600f45f8e1df356200a9049922c02-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzI4MjQ0Mzc4MTtBUzoyODA2MjQ1OTUyNTkzOTJAMTQ0MzkxNzUyNTE5NA%3D%3D&el=1_x_5&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/institution/Instituto_Maua_de_Tecnologia?enrichId=rgreq-f05600f45f8e1df356200a9049922c02-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzI4MjQ0Mzc4MTtBUzoyODA2MjQ1OTUyNTkzOTJAMTQ0MzkxNzUyNTE5NA%3D%3D&el=1_x_6&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/profile/Pedro_Silva87?enrichId=rgreq-f05600f45f8e1df356200a9049922c02-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzI4MjQ0Mzc4MTtBUzoyODA2MjQ1OTUyNTkzOTJAMTQ0MzkxNzUyNTE5NA%3D%3D&el=1_x_7&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/profile/Pedro_Silva87?enrichId=rgreq-f05600f45f8e1df356200a9049922c02-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzI4MjQ0Mzc4MTtBUzoyODA2MjQ1OTUyNTkzOTJAMTQ0MzkxNzUyNTE5NA%3D%3D&el=1_x_10&_esc=publicationCoverPdf 1 9º Seminário de Transporte e Desenvolvimento Hidroviário Interior Manaus, 6 a 8 de Outubro de 2015 CANAIS NAVEGÁVEIS, PARÂMETROS E CRITÉRIOS DE DIMENSIONAMENTO. Pedro José da Silva Instituto Mauá de Tecnologia Resumo: A desinformação no que se refere ao dimensionamento de canais navegáveis é fato, bem como os critérios empregados no seu dimensionamento. Algumas empresas de navegação investiram enormes quantias no desenvolvimento de projeto de comboios para transporte de cargas, entretanto nos períodos de estiagem, onde o rio atinge o seu leito menor, à navegação destes comboios foi praticamente impossível, pois o dimensionamento deixou de considerar parâmetros relevantes, e estes projetos se mostraram contraproducentes. O aumento do tamanho das embarcações; a construção de embarcações mais rápidas, de modo a se fazer um número maior de viagens na unidade de tempo; o aumento do número de viagens na unidade de tempo, e consequentemente a redução dos tempos de navegação são parâmetros responsáveis pela produtividade. Enquanto que a operação da embarcação de forma mais eficiente possível, e a construção de embarcações “mais baratas” são parâmetros responsáveis pela redução de custo operacional das embarcações. Entretanto o aumento da produtividade e a redução do custo operacional dependem diretamente do dimensionamento do canal de navegação fluvial, ou seja, o comboio deve se adequar ao rio em substituição à forma de dimensionamento onde se adequava o rio à embarcação. 1 – Introdução A implantação de uma matriz de movimentação de diferentes massas econômicas, no Brasil, foi equivocada, pois o período que antecedeu o governo de Juscelino Kubitschek foi marcado pelo atendimento dos diferentes sistemas de transporte, onde se percebeu o desenvolvimento destes sistemas de acordo com as necessidades de cada região. Entretanto, a partir do slogan “cinquenta anos em cinco”, presente no Plano de Metas, do referido governo, verificou-se uma ruptura, não só, com alguns dos principais sistemas de transporte, mas principalmente com os modais que constituem cada sistema. É sabido que um país com dimensões continentais têm o seu desenvolvimento associado a Planos que contemplem a mais de um sistema de transportes e a diversos modais, o que exige o atendimento de muitas variáveis, a saber: sustentabilidades (técnica, econômica, financeira, jurídica, social, política e ambiental); domínios de estudo (econômico, sócio-cultural, saúde, ecologia/ambiental, direito, relações internacionais); dimensões (social, ambiental e econômico). Tem-se verificado que o sistema de transporte aquaviário, em especial os modais marítimo e fluvial tem merecido especial atenção frente às características geográficas, nacionais, pois dezessete estados totalizam 7.367 km de costa voltada para o oceano atlântico, além do potencial navegável entorno de 63.000 km, que compreende rios, lagos e lagoas, distribuídos em todo território nacional, sendo utilizados comercialmente não mais de 2 22.000 km, com significativa concentração (em torno de 80%) na Amazônia, mais especificamente no complexo Solimões- Amazonas. De acordo com Lino et al. (2008), quanto às hidrovias, apenas 8.500 km encontram-se em uso comercial regular, dos quais 5.700 km na região Amazônica. Diante da necessidade de incentivar o desenvolvimento de empreendimentos voltados para a ampliação e melhoria na navegação interior dos rios brasileiros, significativas iniciativas foram adotadas na última década. Entretanto o cenário apresentado permite a percepção de Planejamentos inadequados e/ou incorretos, exigindo, assim, a correção e/ou alterações de muitas etapas desses Planejamentos. Estas correções e/ou alterações devem obrigatoriamente passar pelo uso economicamente viável do modal fluvial, o que resulta no dimensionamento de canais navegáveis, agora identificados como hidroviários, porém neste dimensionamento existe uma nova condição a ser atendida, qual seja: as embarcações deverão se adequar ao curso de água, e as intervenções de engenharia, ou obras hidráulicas fluviais serão implantadas desde que resultem em impactos ambientais benéficos. 2 – Objetivo Desenvolver uma rotina de procedimentos que permita identificar, ainda, no estudo preliminar quais os parâmetros, relevantes, deverão ser considerados no dimensionamento de um canal navegável, destinado a navegação de comboios de carga. 3 – Relevância científica Somente a definição de uma estrutura composta por um sistema e um modelo permitirá definir uma rotina padrão, que será de fundamental importância na etapa do projeto que compreende o dimensionamento, isto é, a determinação da forma e dimensões do canal de navegação destinado à navegação de comboios de carga. O sistema é formado por: entrada/informações a respeito do comboio de carga; habilidades/processamento das informações obtidas, e finalmente a resposta/saída que consiste numa solução para a questão apresentada, de acordo com a moderna técnica de navegação por empurra. Enquanto o modelo é a representação física do sistema, isto é, o desenvolvimento de uma sequência de cálculos, que envolve o uso de modelos matemáticos. 4 – Relevância social É incontestável a necessidade de se atribuir iguais pesos a fatores tão distintos, tais como: técnico, econômico, financeiro, jurídico, social, político e ambiental, no estudo dos sistemas de transporte, e em específico ao modal fluvial, pois à medidaque se protela a adoção de tal medida, insistindo-se erroneamente em se atribuir menor contribuição ao sistema aquaviário. Esta ação influência diretamente no desenvolvimento econômico da nação, obtendo-se como consequência imediata o favorecimento do esgotamento dos recursos naturais, que migram de um continente para outro, rendendo à nação um falso superávit financeiro, que nos períodos de crise mundial descortina a miséria social de uma nação, implementada pela adoção de políticas sociais descompromissadas com o padrão e qualidade de vida do seu povo. 5 – Metodologia – tipo de pesquisa O planejamento da pesquisa, para o desenvolvimento do referido trabalho, fundamenta-se no estudo descritivo e correlacional, pois consiste na observação e registro de eventos que se referem às características do curso de água, em especial os rios, e a aplicação de critérios de dimensionamento que permitem, cientificamente, a verificação da adequação da embarcação ao rio. Busca-se a percepção de uma nova forma de dimensionamento que se opõe a antiga forma, onde se adequava o rio à embarcação, e que até o presente trabalho, ainda não se desenvolveu nenhuma rotina de cálculo direcionada ao dimensionamento de canais de navegação fluvial, sem que ocorra a necessidade de obras hidráulicas fluviais que alterem, principalmente, as características geométricas do rio. 6 – Parâmetros de dimensionamento – dimensões básicas da hidrovia A determinação das dimensões básicas compreende o dimensionamento, determinação da forma, do canal de navegação ou da hidrovia. A definição das dimensões da embarcação tipo deve contemplar os parâmetros dimensionais relacionadas a seguir, a saber: 6.1 – Largura mínima do canal A moderna técnica de navegação por empurra, no Brasil, recomenda que a largura mínima normal deverá ser igual a 2,2 vezes a 3 largura total do comboio, se forem proibidos os cruzamentos e as ultrapassagens. Quando forem permitidos os cruzamentos e as ultrapassagens, a largura mínima do canal deverá ser igual a 4,4 vezes a largura total do comboio, ver figura 1. Figura 1 – Seção de um canal de navegação com cruzamento. Fonte: Brighetti et al. (1999) De acordo com Brighetti et al. (1999), em casos excepcionais, quando o balizamento for bastante denso em trechos retos, de pequena extensão, como passagem de baixios, entrada de portos etc., e onde obrigatoriamente a velocidade de navegação seja reduzida, as larguras mínimas para o canal podem ser reduzidas até 1,5 vezes a largura do comboio. O US Army Corps of Engineers recomenda uma folga mínima de 40 pés (12,19 m) entre o limite da via e o comboio, se não houver cruzamento, e se houver, essa folga passa a ser 20 pés (6,10 m), mais uma folga mínima entre comboios em cruzamento de 50 pés (15,24 m). Em trechos retos, US Army Corps of Engineers sugere como larguras mínimas as apresentadas na tabela 1. Tabela 1 – Larguras US Army C. E. Largura da boca (pés/metros) Largura do canal (pés/metros) com cruzamento sem cruzamento 105/32 300/91,4 185/56,4 70/21,3 230/70 150/45,7 50/15,3 190/58 130/39,6 Fonte: Brighetti et al. (1999). 6.2 – Vão livre Em pontes novas o vão livre recomendado, segundo Brighetti et al. (1999), depende de estudos específicos, por exemplo: em reservatórios da CESP – Cia. Energética do Estado de São Paulo – tem-se chegado à conclusão de que os vãos livres devem ser maiores que os usuais, sem cruzamento, talvez 3 vezes a largura do comboio tipo. É usual, também, em estruturas pré-existentes, como antigas pontes, a execução de estruturas-guias auxiliares que permitem o apoio da embarcação na passagem, possibilitando aceitarem-se valores do vão livre, próximos da largura do comboio. No que se refere à largura dos vãos de pontes, em trecho retilíneo de canal as faces internas dos pilares devem ter distância mínima correspondente à largura mínima do canal mais uma folga de 5m, enquanto que nas curvas cada caso particular deve ser avaliado. A cultura nacional, pouco experiente no assunto, e o nível pouco desenvolvido da mão- de-obra em atividade de suporte à navegação, leva a recomendação de sempre se prever proteção dos pilares ou, no mínimo, a sinalização de segurança superdimensionada (Brighetti et al., 1999). 6.3 – Altura livre sob pontes e sob interferências A navegação por empurra obriga a cabine de comando do empurrador a alcançar alturas consideráveis para que se possa conseguir uma visibilidade satisfatória. O uso do radar de forma sistemática contribui para que haja o atendimento da exigência de uma altura livre maior. Nos Estados Unidos se adota como altura livre das pontes sobre o nível máximo navegável o valor de 15 m. A altura livre mínima de 7m, adotada em alguns rios brasileiros, foi insuficiente, sendo então recomendado adotar um valor em torno de 9 a 10 m, se for não possível adotar os 15 m, recomendado como conveniente para a passagem de grandes comboios de empurra. Quando a altura não puder ser atendida, ainda, é possível a adoção de pontes móveis, entretanto se constitui como inconvenientes para os modais terrestres e aquaviários. Outra alternativa disseminada é a cabine retrátil, ver figura 2, no empurrador, isto é, ela pode ser rebaixada ou rebatida por ocasião da travessia, passando então a ser limitação, a carga sobre o convés (Brighetti et al.,1999). Figura 2 – Empurrador com cabine retrátil. Fonte: Alfredini e Arasaki, (2014). 6.4 – Profundidade mínima Na via canalizada, por barragens, as restrições de profundidade ocorrem principalmente nas proximidades a jusante das 4 obras e nos acessos aos portos e locais de transbordo (Brighetti, 1999). Quando o curso de água apresentar o fundo em estado natural, com irregularidades normais, a profundidade mínima da hidrovia deve corresponder ao calado da embarcação – tipo acrescido de uma folga de 0,30 m. Adota-se uma folga de 0,50m ao calado da embarcação tipo em canais artificiais, em canais naturais com fundo rochoso, em locais onde existe a probabilidade de assoreamento, e em seções muito restritas. Este valor de folga, também, é adotado por motivo de segurança, ou para que não haja uma perda maior de tempo em percurso de longo trecho, e com velocidade reduzida, devido ao efeito de resistência em águas rasas. Alguns pesquisadores ainda recomendam a adoção de profundidades iguais ou superiores a 1,00 m, para trechos com longa extensão, com velocidade reduzida devido ao efeito do aumento da resistência em águas rasas. Segundo Alfredini e Arasaki (2014), a percepção dos ciclos hidrológicos conduz a dois intervalos de classe notáveis para navegação: período hidrológico médio e período hidrológico de estiagem, tendo esse último à probabilidade de ocorrência fixada em 10%. 6.5 – Área mínima da seção transversal Segundo experiência europeia, a área molhada da seção transversal da via fluvial deve ultrapassar 6 vezes a área da seção mestra molhada da embarcação – tipo ou do comboio em trânsito. No caso de cruzamento ou ultrapassagens, muito frequentes, o ideal seria que a área da seção mestra molhada fosse 10 vezes superior à área da embarcação – tipo ou comboio, ver figura 3. Figura 3 – Canal trapezoidal com taludes laterais de inclnação variável de 1H:3V até 3H:1V, em função do tipo de solo. Fonte: Brighetti et al. (1999) 6.6 – Velocidade máxima das águas Tomando-se como referência uma velocidade de cruzeiro da ordem de 12 a 14 km/h para as embarcações em água parada, conclui-se que a velocidade máxima das águas que as embarcações podem vencer na subida (água em contracorrente ao rumo de navegação), em um trecho restrito, com regime de potência máxima das máquinas, é da ordem de 4m/s, isto é, 8 nós; excepcionalmente, poderão ser vencidas velocidades da ordem de 5 m/s, sem auxílio externo, em um período curto de tempo.Para a descida (a favor da corrente), a restrição de velocidade prende-se aos problemas de dirigibilidade, sendo em geral aceitas velocidades de fluxo da ordem de metade das velocidades acima, isto é, 2 m/s (Brighetti et al, 1999). Considerando-se condições ideais de rendimento e gasto de combustível minimizado, a velocidade máxima das águas, em longos trechos hidroviários, deve limitar-se a 2 m/s. 6.7 – Raios mínimos de curvatura e sobrelargura Considerando-se comboios com sistemas normais de lemes e possibilidades de manobras com auxílio de propulsores, os raios de curvatura não deverão ser inferiores a 10 vezes o comprimento do comboio. Em canais artificiais e, de um modo geral, em águas restritas lateralmente e locais com velocidades reduzidas, os raios de curvatura poderão ser inferiores a 10 vezes o comprimento do comboio, desde que seja conservada em toda a curva uma sobrelargura mínima igual ao quadrado do comprimento do comboio (L), dividido pelo dobro do raio de curvatura, isto é: R L S 2 2 (1) Neste cenário, a velocidade de cruzeiro do trecho retilíneo deve ser reduzida, segundo Alfredini e Arasaki (2014), em: 12,5% para R = 7L; (2) 25,0% para R = 6L; (3) 37,4% para R = 5L; (4) 50,0% para R = 4L. (5) A sobrelargura deve ser entendida como o aumento necessário da via, para que a embarcação efetue o seu posicionamento oblíquo em relação à rota para poder descrever a curva, ver figura 4. Deve-se, ainda, considerar em torno de 20º um ângulo de carregamento do leme máximo recomendável, que em curvas e más passagens exige os raios mínimos de curvatura acima recomendados (Alfredini e Arasaki, 2014). 5 Figura 4 – Planimetria de traçados – tipo para canais hidroviários em trechos curvilíneos. Fonte: Alfredini e Arasaki, (2014). 7 – Gabaritos propostos pelo Ministério dos Transportes De acordo com Brighetti et al. (1999) para que um curso de água seja considerado como uma hidrovia interior, significa que existe intenção, ou deliberação de mantê-lo ou dotá- lo de condições atuais ou futuras que possibilitem o seu uso como hidrovia. Isso significa integração à infraestrutura de transportes interiores adotada, isto é, perfeita interligação com os outros modais, ou seja, ferroviário, rodoviário ou dutoviário. Portanto, uma via navegável interior torna- se hidrovia, pelo menos em intenção, mediante ato declaratório do Poder Público. O Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), de 2007, previu a realização de dragagens, derrocagens, sinalizações, estudos hidroviários e a construção de terminais de carga e passageiros. As Diretrizes da Política Nacional de Transporte Hidroviário foram publicadas em 2010, pela Secretária de Política Nacional de Transporte (SPNT), do Ministério de Transportes. A Lei n o 12.379, foi publicada em 2011, dispõe sobre o Sistema Nacional de Viação. Em 2013, a Agência Nacional de Transporte Aquaviários (Antaq) idealizou o Plano Nacional de Integração Hidroviária (PNH), visando o desenvolvimento de estudos sobre hidrovias e áreas propicias para instalações de terminais hidroviários que se conectem aos demais modais de transporte do país. O Projeto de Lei do Senado n o 209/2007 (PLS 209), apresentado pelo senador Eliseu Resende, ex-ministro da Fazenda do Presidente Itamar Franco , que previa, a saber: a) obrigatoriedade da construção simultânea de eclusas ou outros mecanismos de transposição de nível em novos projetos hidrelétricos; b) reconhecimento, como serviço público, da operação de eclusas e outros dispositivos de transposição de níveis em hidrovias. Segundo Alfredini e Arasaki (2014), para a regulamentação do modal hidroviário, o Plano Nacional de Vias Navegáveis Interiores – PNVNI/1989 dividiu as hidrovias em classes, de acordo com o seu potencial de transporte, especificando tipos de embarcações e gabaritos para a navegação, conforme apresentado nas Tabelas 2 e 3. Tabela 2 – Classificação dos rios para navegação, no Brasil. Classe Características Profs. (m) 75%do tempo 25%do tempo I/Especial Para rios onde a navegação marítima tenha acesso - - II Para rios de grande potencial de navegação Comboio – tipo 32m de boca >2,50 2,00 - 1,50 III Para rios de potencial médio de transporte Comboio – tipo 16 m de boca >2,00 1,50 – 1,20 IV Rios de menor potencial Embarcações de 11 m de boca >1,50 1,20 – 0,80 V “Reduzido” para rios interrompidos, ou onde a navegação tenha possibilidade remota. - - Fonte: Alfredini e Arasaki (2014). 6 Tabela 3 – Gabaritos horizontal e vertical propostos no PNVNI/1989 (em metros). Classe Tirante de Ar (1) ou Luz Calado definido (2) Vão livre horizontal (Largura de canal) I (3) - (4) II 15,0 4,50 1 vão de 128 m, ou 4B 2 vãos de 36 m, ou 2,2B III 10,0 3,50 1 vão de 64 m, ou 4B 2 vão de 36 m ou 2,2B IV 7,0 2,50 1 vão de 44 m,ou 4B 2 vãos de 25 m 08 2,2B V - - Sem definição (1) Referência – rio em estado natural – Corresponde à enchente com período de recorrência de 10 anos (TR = 10 anos); (2) Calado definitivo quando a hidrovia estiver canalizada; (3) Em função da maior do mastro da embarcação marítima; (4) Em função das embarcações marítimas. Fonte: Fonte: Alfredini e Arasaki (2014). No encerramento desta seção, é importante destacar a publicação, recente, da Lei n o 13.081/2015 que prevê a construção de barragens para a geração de energia elétrica em vias navegáveis ou potencialmente navegáveis, “deve ocorrer de forma concomitante com a construção, total ou parcial, de eclusas ou de outros dispositivos de transposição de níveis previstos em regulamentação estabelecidas pelo Poder Executivo do ente da Federação detentor do domínio do corpo de água”, devendo constar de editais a referida previsão (Bueno e Gueorguiev, 2015). 8 – Dimensionamento de um canal hidroviário – Rotina de cálculo O desenvolvimento do dimensionamento de um canal hidroviário tem por objetivo identificar e definir quais os principais parâmetros considerados relevantes no desempenho de uma rotina de cálculo. O referido dimensionamento constitui-se num Estudo de Caso para um rio que deve se encontrar enquadrado no PNVNI/1989, portanto a formulação do estudo fundamenta-se em dados coletados, de modo a verificar se a embarcação proposta pode navegar no referido curso de água. 8.1 – Rotina de cálculo Neste trabalho se entenderá por rotina de cálculo a definição de um caminho a partir da identificação não só de parâmetros, mas também da interdependência, ver fluxograma 1, entre eles, resultando, então, na aplicação lógica de modelos matemáticos (equações) que conduzem a obtenção de limites e/ou valores numéricos aplicados no dimensionamento de canais hidroviários. Os principais parâmetros identificados são, a saber: a) Embarcação – tipo; b) Largura mínima do canal; c) Vão livre; d) Altura livre sob pontes e sob interferências; e) Profundidade Mínima; f) Área mínima da seção transversal; g) Velocidade máxima das águas; h) Raios mínimos de curvatura e sobrelargura. 7 Fluxograma 1 - Rotina de cálculo para determinação das dimensões do canal de navegação. Fonte: Arquivo do autor (2015). 8.2 – Formulação de Modelo Físico: Aplicação Numérica Desenvolver uma rotina de dimensionamento de um canal hidroviário a partir dos dados fornecidos abaixo, a saber: a) Tipo de Embarcação: Comboio de Empurra: Formado por um bloco de 16 chatas. Configuração do Comboio: R4x4x4x4 (ver figura 5). Figura 5 – Configuração do comboio de empurra. b) Dimensões do Comboio de Empurra Embarcação Dimensões (m) ComprimentoBoca Calado Empurrador 28,00 10,8 2,00 Chatas 64,00 10,8 2,70 c) Os comboios se cruzam em qualquer ponto do canal; d) Fundo rochoso; e) Talude equilíbrio estável 3 2 t v h t (6) f) Rugosidade do canal escavado (= 0,035; g) Embarcação subindo o canal de navegação; h) Utilizar a Equação de Manning, pois se considera que as variáveis dependentes permanecem invariáveis no decorrer do tempo. i) Declividade do canal (i) 00 02 1000 2 t m m i (7) 8.2.1. Modelo Físico - Rotina de Cálculo 1. Determinação do tirante (y) y = calado + folga (8) * Adotar o maior valor de calado entre empurrador e chata; * Folga – fundo rochoso = 0,50 m y = 2,70 + 0,50 = 3,20 m (9) 2. Largura do canal (b) – Critério Europeu 8 * Permitido cruzamento entre comboios; * b c = boca do comboio = largura total do comboio. b = 4,4 x b c. (10) b = 4,4 x (4 x 10,8) (11) b = 190,08 m (12) 3. Área mínima da seção transversal = área molhada da seção transversal da via fluvial = A m 3 2 3,20 x mxx 13,2 3 40,6 b = 190,08 m b m = b maior = 190,08 + (2 x 2,13) (13) b m = 194,34 m 207,615 20.3 2 08,19034,194 m x A A m m (14) * Verificação – Critério Europeu 2 2 12966,12910 60,129 2)48,10(5,1 25,110 mAxA mA xxxA xxbondeA A A mm e e ce e m (15) Adotado: A m = 1296 m 2 * Observação: Mantendo-se o valor de y = 3,20 m, isto é, 3,20 m corresponde ao menor valor de tirante para que ocorra a navegação, e para este valor calcula-se o valor de b a partir da Área mínima da seção transversal, igual a 1296 m 2 , portanto: 20,3 2 )13,22( 1296 2 x bxb xY bb menormaior mA (16) mb b x 87,402 26,42 20,3 21296 * Conferindo os valores: Un. [metros] mh h h 84,3 24,1054,4 20,313,2 22 (17) 21296 20,3 2 87,402)13,2287,402( mA x x m mA (18) 4. Determinação da Vazão Mínima, de modo a permitir a navegação do comboio: * Perímetro molhado = P m P m = 3,84 + 402,87 + 3,84 (19) P m = 410,55 m * Raio Hidráulico = R H mR P A H m m HR 16,3 55,410 1296 (20) 5. Vazão mínima do canal 2 3 y =3, 20 m Linha de água b x x 2,13 2,13 402,87 3,20 h 9 smQ xx Q xx Q ixAxR Q H /3616 035,0 045,017,21296 035,0 002,016,31296 3 3/2 3/2 (21) 6. Velocidade d´água smV V xV AxVQ /80,2 1296 3616 12963616 (22) * Velocidade para navegar V máx. = 4 m/s 7. Raio mínimo de curvatura (R c) Raio mínimo nas curvas10 x LC (23) Onde L c = comprimento da embarcação ou comboio. L c = 28 + 4 x 64 = 284 m (24) Raio mínimo nas curvas 10 x 284 (25) Raio mínimo nas curvas 2840 m * Observação - No dimensionamento de um canal de navegação é boa prática fazer um comparativo entre o critério Europeu e o critério do US Arny C.E, no que se refere às verificações, de modo a não se atender somente a viabilidade técnica, mas também ao maior número de outras viabilidades. * Verificação – Critério US Army C. E. Onde: a = folga mínima entre o limite da via e o comboio = 20 pés (6,10 m); b c = boca do comboio = largura total do comboio = (4 x 10,8) = 43,20 m; f = folga mínima entre comboios em cruzamento = 50 pés (15,24 m). Portanto a largura mínima do canal é igual a: b = 6,10 + 43,20 +15,24 + 43,20 + 6,10 b = 113,84 m 9. Modelo Físico: Análise dos resultados Os gabaritos horizontal e vertical propostos no PNVNI/1989 não fazem referência sobre a área mínima da seção transversal. Conforme a rotina de cálculo obteve-se pelo PNVNI/1989 um valor de largura mínima do canal igual a 190,08 m e, pelo Critério do US Army C. E. obteve-se um valor de largura mínima do canal igual a 113,84 m. Entretanto o Critério Europeu faz referência a área mínima da seção transversal, obtendo-se um valor de largura mínima do canal igual a 402,87 m, bem superior aos valores obtidos pelo PNVNI/1989 e ao Critério do US Army C. E. 9.1. Considerações – 1. Entre os valores apresentados em cada um dos critérios e/ou verificações e, frente as viabilidades a serem atendidas, a largura mínima ser adotada é b = 402,87 m. Rio Embarcação a a b c b c f b 10 2. Verificando-se a partir dos valores obtidos, é possível afirmar que o rio pode de receber o comboio, com a configuração R4x4x4x4, é Classe I/Especial, devido à dimensão da boca do comboio (43,20 m); 3. Tomando-se simultaneamente o calado da embarcação e a largura do canal, verifica-se que o atendimento aos Gabaritos horizontal e vertical propostos no PNVNI/1989 ocorre na Classe I; 4. Caso se desconsidere o atendimento a Área mínima da seção transversal, verifica-se que ao se tomar simultaneamente o calado da embarcação e a largura do canal, o atendimento aos Gabaritos horizontal e vertical propostos no PNVNI/1989 ocorre na Classe II. Entretanto ao se acrescentar a dimensão da boca do comboio constata-se que o rio capaz de receber o comboio é Classe I. 10 – Conclusão Verifica-se no corpo desse trabalho que o desenvolvimento de uma estrutura foi atendido, sendo ela composta por um sistema, que apresenta as seguintes partes, a saber: entrada/coleta de dados/informações sobre Hidrovias, processamento de informações que corresponde à seleção de dados/informações que conduzem ao dimensionamento de um canal hidroviário, a partir de uma rotina de cálculo, permitindo a hidrovia alcançar altos valores de movimentação de carga, e uma saída/resposta que em síntese pode ser resumida na definição de uma rotina de procedimentos que identifica os parâmetros, relevantes, a serem considerados no dimensionamento de um canal hidroviário. É importante ressaltar, também, que a condição de canal hidroviário não é apenas fornecer infraestrutura à navegação de embarcações – tipo (comboios), mas também permitir a percepção da relevância de uma hidrovia para a nação, pois o impacto na economia é imediato, pensando que hoje a sétima economia do planeta perde bilhões de dólares por ano, por conta de gargalos no transporte. 11 – Referências Bibliográficas 1. ALFREDINI, P. Obras e gestão de portos e costas: a técnica aliada ao enfoque logístico e ambiental. São Paulo: Blucher, 2005.688 p. 2. ALFREDINI, P.; ARASAKI, E. Engenharia Portuária. São Paulo: Blucher, 2014. 1307 p. 3. BRIGHETTI, G., et. al. Águas doces no Brasil: capital ecológico, uso e conservação. REBOUÇAS, A. C.; BRAGA JR., B. P. F.; TUNDISI, J. G. (organização e coordenação). São Paulo: Escrituras Editora, 1999. 717 p. 4. BUENO, J. C., GUEORGUIEV, M. C. Transporte hidroviário – a expansão da malha hidroviária por meio da construção de eclusas em hidrelétricas. Infraestrutura urbana. São Paulo, n. 47, ano 5, p. 52 - 53, março/abril 2015. 5. LINO, G. L., et al. A hora das hidrovias – estradas para o futuro do Brasil. Rio de Janeiro: Capax Dei, 2008. 152 p. View publication statsView publication stats https://www.researchgate.net/publication/282443781
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