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62 Unidade II Unidade II 5 ESTUDOS PRELIMINARES: REGISTROS DE ÍNDICES HIDROLÓGICOS Em geral, a concepção de qualquer empreendimento precisa considerar as águas pluviais, ainda que seja apenas para efeitos de drenagem, isto é, para conduzir o seu escoamento de forma a causar o mínimo transtorno. Atualmente, diante do panorama de possível escassez de água potável, sobretudo devido ao crescimento das populações urbanas, vêm se tornando cada vez mais presentes as questões de aproveitamento das águas pluviais. A bem da verdade, a água que utilizamos é proveniente das águas pluviais: riachos, ribeirões, rios ou represas, enfim, os corpos d’água que passam por perto acabam sendo nossa fonte de coleta. Depois da utilização, devolvemos a água mais a jusante, geralmente aos mesmos cursos d’água. A água permanece em constante movimento e transformação. Parte da água que está em estado líquido, nos cursos d’água ou no oceano, evapora para a atmosfera. Parte da que está na atmosfera, no estado gasoso, forma nuvens, que os ventos carregam em diversas direções. Com as mudanças de temperatura e pressão, parte do vapor d’água se condensa e se precipita sobre a superfície terrestre. Parte se infiltra no solo enquanto o restante escoa para os cursos d’água e para o mar novamente. Esses constantes movimentos e transformações constituem o chamado ciclo das águas no planeta ou ciclo hidrológico. Movido apenas pela energia do sol e pela ação da gravidade, esse ciclo representa o maior e mais eficiente meio de renovação e purificação da água que utilizamos. O lençol freático e os aquíferos subterrâneos, que armazenam a água infiltrada no solo ao longo de milênios, representam uma parte significativa do abastecimento de água em algumas regiões. Contudo, é a parcela de água que escoa pela superfície, formando os cursos d’água que descem a caminho do mar, a maior responsável pelo suprimento em todo o mundo. As variações do ciclo hidrológico, que causam mudanças na vazão nos cursos d’água, representam uma das primeiras restrições ao abastecimento constante e contínuo para populações crescentes. As variações desse ciclo ao longo do ano são bem conhecidas. Muitas chuvas de grande intensidade durante a primavera e o verão, poucas chuvas fracas e prolongadas durante o outono e o inverno. Diagramas de precipitações acumuladas por mês, elaborados com os registros de alturas pluviométricas (P) das chuvas que ocorreram em certa região, como o representado na figura seguinte, permitem observar tais variações. 63 ENGENHARIA CIVIL INTEGRADA 600 500 400 300 200 100P re ci pi ta çã o m en sa l ( m m ) jan janfev fevmar marabr abrmai maijun junjul julago agoset setout outnov novdez dez Figura 44 – Registros de precipitações acumuladas mês a mês Porém, as variações do ciclo hidrológico também ocorrem ao longo dos anos, com menor amplitude, mas sem a mesma previsibilidade. Com registros de alturas pluviométricas acumuladas anualmente, por um longo intervalo de tempo, o diagrama obtido será semelhante ao representado na figura a seguir: 1960 500 1.000 1.500 2.000 2.500 3.000 3.500 19751965 19801970 1985 1990 1995 2000 2005 2010 2015 Pr ec ip ita çã o an ua l ( m m ) Figura 45 – Registros de precipitações acumuladas ano a ano Observando diagramas desse tipo, verifica-se que a quantidade total das precipitações durante um ano, apesar de apresentar picos de cheias ou de estiagem, tende para valores médios ao longo de muitos anos consecutivos. Para o intervalo representado na figura anterior, de quase 50 anos, nota-se que a maior parte dos valores das alturas pluviométricas acumuladas fica entre 2.000 mm e 2.500 mm por ano. Em apenas 9 anos a soma ficou acima de 2.500 mm e, entre eles, apenas 2 anos apresentaram total maior do que 3.000 mm. Por outro lado, somente em 10 anos a precipitação anual acumulada ficou abaixo de 2.000 mm – e apenas 2 anos tiveram a soma das alturas pluviométricas totalizando menos do que 1.500 mm. 64 Unidade II Graças a diagramas assim é que são possíveis as afirmações do tipo “a chuva de hoje foi maior do que o previsto para o mês inteiro”, ou “há tantos anos não chovia tão pouco no verão”, tanto em épocas de grandes cheias quanto de severas secas, como durante a recente crise hídrica que afetou quase todo o país nos anos de 2013 e 2014. O interesse do engenheiro civil em registros históricos de precipitações, no entanto, não se resume ao conhecimento das alturas pluviométricas que já ocorreram em determinada região. Seu objetivo principal é prever o que pode ocorrer no futuro. Na concepção de qualquer empreendimento, seja para aproveitamento das águas pluviais ou para delas se defender, é fundamental ter uma previsão adequada a respeito de valores dos volumes precipitados e das vazões que poderão escoar na região, decorrentes da magnitude das chuvas prováveis. Ao contrário das variações que ocorrem ao longo de um ano, ligadas às variações de temperatura e pressão devidas às estações do ano, as variações ao longo de muitos anos não têm causa claramente definida. Sendo assim, a previsão do que pode ocorrer no futuro é o resultado de um cálculo de probabilidade, realizado com base em tratamento estatístico dos dados registrados no passado. A precisão do resultado, ou seja, a margem de erro, deve ser adequada ao porte e à importância do empreendimento. A vazão máxima prevista para o dimensionamento de sarjetas e bueiros de uma rua secundária, por exemplo, pode ser superada uma vez ou outra a cada cinco anos. Se o resultado forem pequenas inundações, durante quinze ou vinte minutos, os transtornos serão graves, mas bem menos do que se a vazão máxima prevista para um bueiro em um aterro de uma rodovia importante for superada a ponto de romper o aterro – o transtorno, nesse caso, será grande para todas as regiões interligadas por essa estrada. Se, porém, a previsão de vazão máxima se destinar ao dimensionamento dos canais vertedores de uma usina hidrelétrica, por onde devem extravasar os excessos de vazão em períodos de cheias atípicas, o transtorno de um erro significaria um desastre devastador para muitas regiões a jusante da represa, além do corte no suprimento de energia elétrica pra muitas outras. A margem de erro da previsão é definida pelo tempo de retorno, ou período de recorrência, estabelecido em função da relevância da obra. Esse período teórico significa o intervalo de tempo em que se admite que uma vazão mais elevada do que a vazão máxima prevista ocorra apenas uma vez. Dessa forma, o valor do período de recorrência para determinar a vazão de projeto para uma sarjeta pode ser da ordem de 5, 10 ou 20 anos, enquanto que tal período, para o aterro de uma rodovia, deve ser de 50, 100 ou 200 anos, conforme a sua importância, e de 10.000, 50.000 ou 100.000 anos para uma grande represa. É importante salientar que, por se tratar de cálculos de probabilidade, quanto maior for a série de registros históricos tanto maior pode ser o grau de precisão das previsões. 65 ENGENHARIA CIVIL INTEGRADA Há regiões em que as alturas pluviométricas já vêm sendo registradas há mais de 100 anos. Por outro lado, há locais em que tais dados nunca foram coletados. Para essas situações, é necessário recorrer a séries históricas de regiões similares, ou seja, que apresentam condições climáticas semelhantes. As previsões de vazão de projeto em uma seção qualquer decorrem da parcela do volume precipitado na área a montante dessa seção, que escoará pela superfície, em função da altura pluviométrica prevista. É importante ter em mente que, além da série de registros históricos, o grau de precisão do resultado obtido para as estimativas de vazões de projeto é afetado pela forma de previsão tanto do volume da precipitação quanto do volume que escoará pela superfície da área de contribuição. Para a estimativa do volume precipitado em decorrência de determinada precipitação, admite-se que toda a altura pluviométricaocorre com a mesma intensidade em toda a área atingida, durante toda a duração da precipitação. O valor do volume precipitado (Vp) é estimado multiplicando-se o valor da altura pluviométrica (P) pelo valor da área contribuição (A). Vp = P × A Para a estimativa da parcela do volume de águas pluviais que escoará pela superfície da área de contribuição e passará pela seção definida para a previsão da vazão de projeto, denominada seção de controle, é admitida como constante a proporção entre o volume escoado e o volume precipitado. Essa proporção, denominada coeficiente de escoamento superficial (C), coeficiente de deflúvio ou ainda coeficiente de runoff, de fato, é razoavelmente constante para cada área de contribuição, enquanto a natureza e as características dessa área não forem alteradas. Ela é expressa por: Volume escoado C Volume precipitado = Observação Sabendo-se o valor do coeficiente (C), para uma determinada área, e o valor do volume precipitado (Vp) sobre essa área, em decorrência de uma chuva de certa altura pluviométrica, é possível estimar o valor do volume que escoará pela superfície até a seção de controle (Ve) com a relação: Volume escoado = C × Volume precipitado, ou seja, Ve = C × Vp É bastante comum que os valores de C, utilizados para a estimativa da parcela de volume escoado, sejam tomados de tabelas elaboradas conforme a natureza e as características da área de contribuição, com base em dados da experiência prática, como as apresentadas a seguir: 66 Unidade II Tabela 1 – Coeficiente de escoamento superficial, ou de runoff (C), kuichling Natureza da bacia C Telhados 0,75 – 0,95 Superfícies asfaltadas 0,85 – 0,90 Superfícies pavimentadas e paralelepípedos 0,75 – 0,85 Estradas macadamizadas 0,25 – 0,60 Estradas não pavimentadas 0,15 – 0,30 Terrenos descampados 0,10 – 0,30 Parques, jardins e campinas 0,05 – 0,20 Superfícies impermeáveis 0,90 – 0,95 Terreno estéril montanhoso 0,80 – 0,90 Terreno estéril ondulado 0,60 – 0,80 Terreno estéril plano 0,50 – 0,70 Prados, campinas, terreno ondulado 0,40 – 0,65 Matas decíduas (folhagem velha) 0,35 – 0,60 Matas coníferas (folhagem permanente) 0,25 – 0,50 Pomares ou cultivo em terras altas 0,15 – 0,40 Terrenos cultivados em vales 0,10 – 0,30 Fonte: Azevedo Netto et al. (2008, p. 538-539). Exemplo de aplicação O projeto de um condomínio empresarial, constituído de dois edifícios para escritórios, um centro comercial situado no andar térreo e três andares para estacionamento, situados abaixo do térreo, prevê a coleta das águas pluviais que atingirem a área ocupada pela edificação para a limpeza das áreas de uso comum, para a descarga de esgotos e para a rega dos jardins. Para isso, será construído um tanque de coleta que deve ter capacidade para reter o volume precipitado até os primeiros 20 mm de cada precipitação que atingir toda a área impermeabilizada pela edificação. Considerando que a demanda de águas pluviais para os usos descritos é de cerca de 6.000 litros por dia e que toda a área livre do terreno, constituída de jardins, deverá ter cerca de 480 m2, o que corresponde a 10% da área total do lote, determine: a) O valor mínimo do volume desse tanque de retenção. b) A quantidade de dias em que os referidos usos podem ser supridos por cada precipitação com, pelo menos, 20 mm de altura pluviométrica. 67 ENGENHARIA CIVIL INTEGRADA Resolução a) O valor do volume retido deve ser igual ao valor do volume precipitado sobre a área impermeabilizada do lote até o limite de 20 mm de altura pluviométrica (P) de cada precipitação. Se o valor da área livre, de 480 m2, corresponde a 10% da área do lote, esse lote tem 4.800 m2 de área total. Então, o valor da área contribuição (A) correspondente à área ocupada pela edificação será: A = 4.800 m2 - 480 m2 = 4320 m2 Como o valor do volume precipitado (P) é estimado multiplicando-se o valor da altura pluviométrica (P) pelo valor da área contribuição (A), o valor do volume (Vt) desse tanque de retenção deve ser de, pelo menos: Vt = Vp = P × A = 0,020 m × 4.320 m 2 = 86,4 m3 b) Se o volume de águas pluviais retido é de 86,4 m3, ou seja, de 86.400 litros e o volume demandado diariamente pelos referidos usos é cerca de 6.000 litros, cada uma das precipitações será suficiente para suprir: 86.400l N 14,4dias 2 semanas l6.000 dia = = ≅ O grau de precisão das estimativas de vazão de projeto, que significam um dado básico para muitas das obras de engenharia, depende de fatores que devem ser cuidadosamente admitidos, de acordo com o porte da obra e a gravidade das consequências em caso de falhas nas previsões. Uma das ferramentas utilizadas para definir o valor da vazão de projeto em determinada seção de um curso d’água é o hidrograma triangular da onda de cheia nessa seção. O estudo preliminar começa com o levantamento de campo da variação da vazão na seção adotada para uma precipitação com altura pluviométrica e duração devidamente registradas e que atinja toda a área de contribuição. Os valores da vazão instantânea (Q) na seção são obtidos com valores de velocidade média (v) e da área ocupada pelo escoamento (A), medidos em intervalos regulares, utilizando a equação da continuidade, expressa por: 32m mv ( ) A (m ) Q ( )s s× = Traçando um gráfico com o horário no eixo das abscissas e os valores da vazão instantânea no eixo das ordenadas, como o exemplificado na figura a seguir, é possível identificar uma curva em forma de 68 Unidade II onda, que representa a variação da vazão no curso d’água devido à ocorrência da referida chuva, bem como os momentos prováveis em que a chuva começa, em que ocorre a variação máxima e em que todo o volume adicional já passou pela seção. 13 1714 1815 1916 20 21 40 Vazão (m3/s) 30 20 10 Horário Figura 46 – Variação típica da vazão instantânea devida a uma precipitação Com esses pontos é possível traçar um hidrograma da onda de cheia, como o representado na figura a seguir, no qual podem ser identificados o valor máximo que a vazão instantânea atingiu devido à chuva (Qmáx), o valor da vazão no curso d’água (Qrio) sem a ocorrência da chuva e o valor da máxima variação da vazão devido à chuva (∆Qmáx). Vazão (m3/s) 30 Qmáx ∆Qmáx Qrio Qfinal = Qinícial ta = (D/2) + 0,6 tc tb = 2,67 ta 20 10 Tempo (min)540480420360240120 30018060 ta tb Figura 47 – Hidrograma típico de uma onda de cheia É possível também identificar valores que são característicos para a bacia hidrográfica a montante da seção de controle adotada, tais como: • tempo de ascensão (ta), que significa o intervalo de tempo em que a vazão se eleva até atingir o valor máximo; • tempo de base (tb), que é tempo necessário para que todo o excesso de vazão causado pelas águas pluviais passe pela seção de controle. 69 ENGENHARIA CIVIL INTEGRADA Os valores do tempo de ascensão (ta) e do tempo de base (tb) são característicos para cada bacia hidrográfica e representam o que se costuma denominar como forma de resposta da bacia às precipitações. Sendo assim, para todas as precipitações com igual duração (D), o valor da vazão em certa seção de um curso d’água levará sempre o mesmo tempo para atingir o valor máximo. O tempo necessário para a vazão voltar ao normal também será sempre o mesmo. Lembrete É importante destacar que, conhecendo-se o valor do tempo de concentração (tc) da bacia hidrográfica, a montante da seção de controle adotada, os valores do tempo de ascensão (ta) e do tempo de base (tb) podem ser determinados com maior precisão. Com o hidrograma de onda de cheia propriamente dito, isto é, separado da faixa de vazão que corresponde à do rio sem chuva, como representado na figura a seguir, é possível obter informações de grande importância e utilidade a respeito dos efeitos na seção de controle, causados por outras precipitações. Variação de vazão (m3/s) Atotal = ∆Qtotal x ∆t = Volume escoado ∆Qmáx tempo (min) tempo de ascenção (ta) tempo de base (tb) Figura 48 –Hidrograma de onda de cheia É possível obter os valores de máxima variação da vazão (∆Qmáx) para outras precipitações, pois são proporcionais ao valor da altura pluviométrica (P) de cada precipitação. Se, por exemplo, a precipitação em estudo teve uma altura pluviométrica de 28 mm, durou 30 min e causou uma variação máxima de 5,6 m3/s, se ocorresse outra precipitação, com altura pluviométrica de 60 mm e duração de 30 min, o valor da variação máxima da vazão poderia ser obtido por: 70 Unidade II 3 32máx2 2máx 1 1máx m60mm 5,6QP s mQ 12,5 sP Q 27mm × = ⇒ = ≅ O valor do volume escoado (Ve), ou seja, o volume de águas pluviais que escoam pela superfície do terreno e passam pela seção de controle em razão da chuva são iguais ao valor da área abaixo da curva que representa o hidrograma. Para calcular o volume escoado dessa forma, seria necessário definir a função que gera essa curva para cada precipitação e, a seguir, calcular o valor da sua integral, que representa o valor da área sob ela. Considerando o grau de precisão das grandezas medidas utilizadas na construção do hidrograma, uma simplificação razoável e a favor da segurança foi substituí-lo pelo hidrograma triangular de onda de cheia, representado na figura a seguir. Variação de vazão (m3/s) Atotal = ∆Qtotal x ∆t = Volume escoado ∆Qmáx tempo (min) tempo de ascenção (ta) tempo de base (tb) Figura 49 – Hidrograma triangular de onda de cheia Com o hidrograma triangular, o cálculo da área sob a curva torna-se o cálculo da área de um triângulo, que é muito mais simples do que o cálculo da integral da curva. A base desse triângulo tem o valor do tempo de base (tb), a sua altura, o valor da máxima variação da vazão (∆Qmáx) e o valor do volume escoado (Ve) será: b máx e t Q V A 2 × ∆ = = Da mesma forma, para qualquer seção de um curso d’água, conhecendo o seu tempo de base (tb), obtido a partir do seu tempo de concentração (tc), que é característico da bacia e independe de precipitações, o valor da sua área de contribuição (A) e o valor do seu coeficiente de escoamento superficial (C), é possível estimar o valor da máxima variação de vazão (∆Qmáx) na seção, que ocorreria para precipitações de qualquer altura pluviométrica (P). 71 ENGENHARIA CIVIL INTEGRADA Na área de contribuição, os valores do volume precipitado (Vp) e do volume escoado pela superfície (Ve) seriam: Vp = P × A e Ve = C × Vp Com esse valor e o do tempo de base, a máxima variação de vazão (∆Qmáx) na seção seria: e máx b 2 V Q t × ∆ = Exemplo de aplicação Considere que uma precipitação uniforme intensa, ocorrida sobre uma bacia hidrográfica, com intensidade de 120 mm/h e duração de 20 min gerou sobre a foz um hidrograma de cheia triangular com vazão de pico de 80 m3/s, tempo de base de 160 min e tempo de pico de 60 min, conforme a figura seguinte: I = 120 mm/hQ (m 3/s); I (mm/h) 80 m3/s Q (m3/s) t (min)16014060 12040 10020 800 Figura 50 Sabendo que a área da bacia é de 30 km2, avalie as afirmativas: I – A altura pluviométrica gerada por essa precipitação foi de 120 mm. II – O valor do volume precipitado sobre a bacia hidrográfica foi cerca de 1.200 m3. III – O valor do volume que escoou pela superfície e passou pela foz, devido a essa precipitação, foi cerca de 384.000 m3. IV – O valor do coeficiente de escoamento superficial (runoff) dessa bacia é cerca de 0,32. 72 Unidade II É correto o que se afirma em: A) I, II, III e IV. B) I, II e III, apenas. C) I, II e IV, apenas. D) II, III e IV, apenas. E) III e IV, apenas. Resolução Resposta correta: alternativa E. I – Afirmativa incorreta. Justificativa: a intensidade (I) de uma precipitação, definida como a altura pluviométrica por unidade de tempo, é obtida dividindo-se o valor da altura pluviométrica (P) gerada pelo tempo de duração (D) da precipitação. Então, tendo-se o valor da Intensidade I = 120 mm/h ou 2 mm/min, e da duração, D = 20 min, obtém-se o valor a altura pluviométrica. P mm I P I D 2 20min 40mm D min = ⇒ = × = × = II – Afirmativa incorreta. Justificativa: o valor do volume precipitado (Ve) é obtido multiplicando-se o valor da altura pluviométrica (P) gerada pela área da bacia (A). O valor da altura pluviométrica é P = 40 mm = 0,040 m. O valor da área da bacia é: A = 30 km2 = 30.000.000 m2 Então: Ve = P × A = 0,040 m × 30.000.000 m 2 = 1.200.000 m3 III – Afirmativa correta. Justificativa: o valor do volume escoado (Ve) pode ser obtido a partir do hidrograma triangular da onda de cheia. 73 ENGENHARIA CIVIL INTEGRADA O valor do tempo de base é tb = 160 mim = 9.600 s. O valor da vazão de pico, ou da máxima variação da vazão foi ∆Qmáx = 80 m 3/s. Então: 3 3b máx e m9.600s 80t Q sV 384.000m 2 2 ×× ∆ = = = IV – Afirmativa correta. Justificativa: o coeficiente de escoamento superficial (C) é a relação entre o valor do volume escoado (Ve) e o valor do volume precipitado (Vp). 3 e 3 p V 384.000m C 0,32 V 1.200.000m = = = Sendo assim, apenas as afirmativas III e IV são corretas. Adaptado de: Inep (2008). 6 ESTUDOS PRELIMINARES: CAPACIDADE HIDRÁULICA DE CONDUTOS LIVRES As obras destinadas à drenagem de águas pluviais têm como princípio básico conduzir seu escoamento de modo a reduzir ao mínimo seus efeitos indesejados, tais como erosão do terreno, enchentes, desestabilização de encostas e danos diversos em estradas, entre outros. Dessa forma, esse é mais um setor em que se torna bastante importante a realização de estudos preliminares antes da fase de concepção do projeto. De um lado, é importante a previsão de alturas pluviométricas, volumes e vazões máximas prováveis para a região, no contexto da relevância da obra, que foi o assunto ao qual demos bastante ênfase. De outro lado, é necessário selecionar diversas soluções e prever sua eficácia, para definir a melhor delas, o que pode orientar a própria concepção do projeto, dos sistemas construtivos ou mesmo dos meios e métodos a serem utilizados na execução da obra. Analisar uma solução de drenagem consiste, além de avaliar a sua capacidade hidráulica, em comparar a sua complexidade e o custo de sua execução com a complexidade e custo de outras soluções também possíveis. Avaliar a capacidade hidráulica de um conduto significa avaliar o valor da máxima vazão que pode passar por esse conduto. Nunca é demais lembrar que vazão significa a quantidade, ou volume de água que passa por uma seção transversal do conduto por unidade de tempo, expressa por: 74 Unidade II Volume V Vazão , ou seja, Q tempo t = = Tampouco seria demais lembrar que o valor da vazão instantânea em uma seção qualquer de um conduto pode ser calculado com a equação da continuidade, em que o valor da vazão (Q) é igual ao valor da velocidade média do escoamento (v) multiplicado pelo valor da área da seção transversal (A) que o escoamento está ocupando nesse instante, expresso por: Q = v × A Os escoamentos podem ser conduzidos através de condutos forçados ou livres. De um modo simples, pode-se dizer que, em condutos livres, a água irá para onde ela iria espontaneamente, mas percorrerá um caminho definido pelo conduto. Em condutos forçados, a água é obrigada a escoar para um lugar determinado, percorrendo um caminho definido. Espontaneamente, a água só irá para locais mais baixos, pois escoa apenas pela ação da gravidade. Para a água subir, ou se manter disponível, para ser utilizada somente quando necessário, é preciso que ela escoe através de condutos totalmente cheios e submetidos a uma pressão interna mais elevada do que a pressão atmosférica. Sendo assim, a distinção principal entre condutos forçados e livres é que para os forçados a pressão interna é mais elevada do que a pressão externa e, portanto, a seção transversal sempre é fechada. Já nos condutos livres, a pressão interna é igual à pressão externa, muito embora possam ter seção transversal aberta ou fechada. Exemplo de aplicação Os sistemas de transporte de água de abastecimento ede coleta de esgotos sanitários devem ser, respectivamente, projetados e calculados como: A) Condutos forçados e condutos livres. B) Condutos livres e condutos forçados. C) Condutos sob pressão igual à atmosférica. D) Condutos por gravidade e condutos forçados. E) Condutos sob pressão diferente da atmosférica. Resolução Resposta correta: alternativa A. 75 ENGENHARIA CIVIL INTEGRADA A figura seguinte representa, esquematicamente, os sistemas de transporte para abastecimento de água e de coleta de esgotos sanitários para instalações em edifícios. Condutos forçados Condutos livres pinterna = patmpinterna > patm Figura 51 – Condutos livres ou forçados em instalações prediais Os condutos preenchidos com cor azul representam a instalação de recalque, responsável por transportar a água armazenada no reservatório inferior para o reservatório superior, e as instalações de distribuição, do reservatório superior para os pontos de utilização nos apartamentos, tais como chuveiros, vasos sanitários, lavatórios e pias, entre outros. A pressão no interior desses condutos é superior à pressão atmosférica tanto no recalque, para fazer a água subir para o reservatório superior, posição em que a carga de energia potencial é mais elevada do que no reservatório inferior, quanto na distribuição, para fazer com que a água saia nos pontos de utilização com carga de energia cinética adequada, assim que as respectivas válvulas sejam abertas. São, portanto, condutos forçados. Os condutos de cor amarela representam o sistema de coleta de esgotos sanitários, que permanecem vazios e, às vezes, transportam esgotos e água servida, sempre para baixo, apenas sob ação da gravidade. Esses condutos, além de raramente conduzirem escoamentos à seção plena, sempre contam com uma tubulação de respiro para manter a pressão interna igual à pressão atmosférica, sendo, portanto, condutos livres. As instalações públicas de abastecimento de água tratada ou de coleta de esgotos sanitários são similares às prediais descritas anteriormente. A distribuição para os domicílios é mantida sob pressão maior do que a atmosférica, pela posição do reservatório superior, instalado no ponto mais elevado da região a ser abastecida, como o exemplificado na imagem a seguir: 76 Unidade II Figura 52 – Reservatório superior de um sistema público de distribuição de água O sistema público de coleta e transporte de esgotos sanitários conduz tais efluentes apenas por ação da gravidade até estações de tratamento. Adaptado de: Inep (2011). Os sistemas de drenagem de águas pluviais são, em geral, constituídos de condutos livres. A avaliação da sua capacidade hidráulica é feita por meio da equação da continuidade. O valor da máxima vazão que pode escoar num trecho qualquer, com seção transversal e velocidade média constantes, será igual ao produto do valor da área da seção (A) pelo valor da velocidade (v). O valor da área da seção transversal é determinado de imediato, com a definição da geometria da seção do conduto a ser utilizado como, por exemplo: • Tubo de concreto com seção circular, de 300 mm de diâmetro: A = π × R2 = π × (0,150 m)2 = 0,071 m2 • Tubo de concreto com seção circular, de 2,40 m de diâmetro: A = π × R2 = π × (1,20 m)2 = 4,52 m2 • Galeria com seção retangular, de 2,00 m de largura e 1,80 m de altura: A = L × h = 2,00 m × 1,80 m = 3,60 m2 • Canal com seção trapezoidal, representado na figura a seguir, com 2,80 m de largura no fundo (LF), 5,20 m de largura na superfície (LS) e 1,80 m de máxima altura útil (hMÁX): 77 ENGENHARIA CIVIL INTEGRADA 2.80 1.201.20 5.20 1. 80 Figura 53 – Área ocupada pelo escoamento em canal com seção transversal trapezoidal 2S F MÁX L L 2,80m 5,20m A h 1,80m 7,20m 2 2 + + = × = × = O valor da velocidade média do escoamento numa seção transversal qualquer, no entanto, não é definido com a mesma facilidade. A velocidade média, em cada instante, depende de diversos fatores, inclusive do próprio valor da área da seção que a lâmina d’água estiver ocupando. Em primeiro lugar, a velocidade depende diretamente da declividade do conduto, afetando diretamente a área da seção transversal ocupada pelo fluxo, como ilustra a figura seguinte. As alterações dessa área ocupada, denominada área molhada (Am), por sua vez, influenciam o próprio valor da velocidade média, como se verá mais adiante. A1 V1 ∆h1 ∆L1 ∆h ∆L i = A2 V2 ∆L2 ∆h2 A3 Q = constante = v1 x A1 = v2 x A2 = v3 x A3 V3 ∆h3 ∆L3 Figura 54 – Variação da velocidade média do escoamento em função da declividade do conduto livre Outro fator que influencia a velocidade do escoamento é o atrito entre o líquido e as paredes do conduto. Quanto menor o coeficiente de atrito dessas paredes, maior será o valor da velocidade média no trecho. A velocidade de cada partícula também varia com a distância entre o ponto em que ela esteja escoando e as paredes do conduto, como ilustra a figura a seguir: Vmédia Vmédia Vmáx Vmáx Perfil longitudinalPlanta Figura 55 – Variação da velocidade do escoamento em função da distância das margens 78 Unidade II Sendo assim, a proporção entre a quantidade de água escoando e a parcela que sofre o máximo de atrito é mais um dos fatores que influenciam o valor da velocidade média do escoamento. Essa proporção é definida como raio hidráulico (Rh), cujo valor é obtido com a divisão do valor da área molhada (Am) pelo valor do comprimento da linha de contato entre o fluxo e o conduto onde ocorre o atrito, denominada perímetro molhado (pm), representada na figura seguinte. Am pm Rh = pmolhado Amolhadahi Figura 56 – Raio hidráulico do escoamento em uma seção transversal do conduto livre Exemplo de aplicação O raio hidráulico é um parâmetro importante no dimensionamento de canais, tubos, dutos e outros componentes das obras hidráulicas. Ele é igual à razão entre a área da seção transversal molhada e o perímetro molhado. Para a seção do canal trapezoidal ilustrada na figura a seguir, avalie as seguintes afirmativas. 1,60 m 3,00 m 3 4 Figura 57 I – O valor da largura da seção transversal desse canal, na superfície livre do escoamento, é de 5,40 m. II – O valor da área molhada, na situação representada, é de 4,80 m2. 79 ENGENHARIA CIVIL INTEGRADA III – O valor do perímetro molhado, na situação representada, é de 7,00 m. IV – O valor do raio hidráulico, na situação representada, é de 0,96 m. É correto o que se afirma: A) Em I, II, III e IV. B) Apenas em I, II e III. C) Apenas em I, II e IV. D) Apenas em I, III e IV. E) Apenas em II e IV. Resolução Resposta correta: alternativa D. I – Afirmativa correta. Justificativa: se a inclinação das paredes do canal é de 4:3, para cada 4 unidades de medida na altura (h), há um alargamento de 3 unidades de medida na superfície em cada lado, ou seja: S S L 3 3 L 1,60m 1,20m 1,60m 4 4 ∆ = ⇒ ∆ = × = A figura mostra que a inclinação das paredes do canal é de 4:3, o que significa que para cada 4 unidades de medida na altura (h), há um alargamento (∆Ls) de 3 unidades de medida na superfície, como mostra a figura a seguir: ∆LS LF LF h 4 3 ∆LS Figura 58 – Seção transversal do canal trapezoidal Então, em cada lado, tem-se: 80 Unidade II S S S S F S L 3 3 L 1,60m 1,20m 1,60m 4 4 L L L L 1,20m 3,00m 1,20m 5,40m ∆ = ⇒ ∆ = × = = ∆ + + ∆ = + + = II – Afirmativa incorreta. Justificativa: o valor da área molhada na situação apresentada equivale ao valor da área de um trapézio, cujos lados paralelos são a largura da superfície (LS), a largura do fundo (LF) e a distância entre eles é a altura (h) da lâmina d’água. 2S F m L L 5,40m 3,00m A h 1,60m 6,72m 2 2 + + = × = × = III – Afirmativa correta. Justificativa: o valor do perímetro molhado, na situação apresentada, equivale ao comprimento da linha onde a água está sujeita ao atrito com a superfície do conduto, representada em vermelho na figura seguinte. ∆LSd ∆p d ∆p e ∆LSe LF LF Xd yd Xe ye h Figura 59 – Perímetromolhado O valor dos comprimentos inclinados (∆p) equivalem à hipotenusa de um triângulo retângulo, cujos catetos são ∆LS e h. Nesse caso: 2 2 e dp p 1,60 1,20 2,00m∆ = ∆ = + = Então valor do perímetro molhado será: Pm = ∆pe + LF + ∆pd = 2,00 m + 3,00 m + 2,00 m = 7,00 m IV – Afirmativa correta. Justificativa: com os valores obtidos para a área molhada (Am) e para o perímetro molhado (Pm), o valor do raio hidráulico (Rh) é: 81 ENGENHARIA CIVIL INTEGRADA 2Am 6,72m Rh 0,96m Pm 7,00m = = = Adaptada de: Inep (2011). Entre as muitas equações desenvolvidas empiricamente para relacionar o valor da velocidade média (v), numa seção transversal qualquer de um escoamento em condutos livres, com a declividade do seu leito (Sf), o atrito das paredes (n) e a relação entre o volume que está escoando e a parcela que está sofrendo atrito diretamente, representada pelo raio hidráulico (Rh), destaca-se a fórmula de Manning-Strickler. 2 1 3 2 fRh Sv n × = Com essa fórmula, é possível determinar a capacidade hidráulica de um conduto livre, isto é, o valor da máxima vazão que pode escoar por ele sem que ocorra transbordamento, em caso de canais abertos, ou que o conduto se torne forçado, em caso de seção transversal fechada. A capacidade hidráulica (QMÁX) para um trecho de conduto livre é obtida multiplicando-se o valor da área máxima (AMÁX) da seção, que pode ser ocupada pelo escoamento, pelo valor da velocidade média (v), para a seção totalmente ocupada. Para que a solução seja adequada, o valor da capacidade hidráulica não deve ser inferior ao valor adotado para a vazão de projeto. Capacidade hidráulica = QMÁX = v × AMÁX > Vazão de projeto Observação O valor da vazão de projeto pode ser definido da forma descrita anteriormente, quando falamos de registros de índices hidrológicos ou utilizando o método racional, no qual a estimativa do valor da máxima variação de vazão (QP) é realizada com base na máxima intensidade de precipitação (I) prevista para um certo período de recorrência, no valor da área de contribuição (A) para a seção estudada e o coeficiente de escoamento superficial (C) admitido para essa área, por meio da fórmula: QP = C × I × A 82 Unidade II Exemplo de aplicação Visando dimensionar um bueiro para uma ferrovia, o engenheiro encarregado do estudo hidrológico para a definição do valor da vazão de projeto optou pela utilização do método racional, cuja equação é Q = C x I x A, na qual Q é o valor da vazão prevista, C é o coeficiente de escoamento superficial da área de contribuição, I é o valor da máxima intensidade de chuva prevista para a região para o período de recorrência adotado e A é o valor da área da bacia hidrográfica a montante do bueiro. Para esse estudo, foram coletadas as informações a seguir: • O valor do coeficiente de escoamento superficial (runoff) adequado para essa bacia é de 0,45. • O valor da máxima intensidade de precipitação na região encontrado para um período de recorrência de 500 anos é de 128 mm/h. • O valor da área de contribuição da bacia para a seção na entrada do bueiro é de 0,72 km2. A partir da vazão de projeto obtida, o engenheiro encarregado do projeto optou por um bueiro com paredes de gabião e leito de pedra jogada, com seção transversal semelhante à representada na figura a seguir: h L Figura 60 – Seção transversal do bueiro Pensando em utilizar a fórmula de Manning-Strickler para determinar o valor da capacidade hidráulica dessa solução, com dados do levantamento topográfico, ele traçou um esboço da seção transversal do aterro, na qual se situará o bueiro, determinou o perfil natural do terreno (PNT) e pôde definir o valor da declividade (Sf) do seu leito, conforme figura a seguir: 83 ENGENHARIA CIVIL INTEGRADA 752,50 755,00 750,00 745,00 740,00 735,00 730,00 PNT Figura 61 – Seção longitudinal do bueiro A seção estudada inicialmente tem 3,00 m de largura por 2,00 m de altura útil. O coeficiente de rugosidade adotado para a pedra jogada e gabião, para estimar a capacidade hidráulica com a fórmula de Manning-Strickler, expressa a seguir, foi n = 0,025. 2 1 3 2 f máx máx Rh S Q A n × = × Com essas informações, avalie as afirmativas a seguir: I – O valor obtido para a vazão de projeto, no estudo hidrológico, foi cerca de 11,5 m3/s. II – Para a seção proposta quase cheia, ocupando toda a altura útil, o valor do raio hidráulico será de 0,857. III – Considerando que as escalas vertical e horizontal utilizadas no esboço da seção transversal do aterro são iguais, o valor da declividade do leito desse bueiro será, aproximadamente, Sf = 11 m. IV – A solução proposta é adequada, pois o valor da capacidade hidráulica desse bueiro, Qmáx = 11,9 m 3/s, é maior do que o valor adotado para a vazão de projeto. É correto o que se afirma: A) Em I, II, III e IV. B) Apenas em I, II e III. C) Apenas em I, II e IV. D) Apenas em I, III e IV. E) Apenas em II e IV. 84 Unidade II Resolução Resposta correta: alternativa C. I – Afirmativa correta. Justificativa: aplicando a fórmula do método racional, sendo C = 0,45 o valor do coeficiente de escoamento superficial, I = 128 mm/h o valor da máxima intensidade de precipitação prevista, para um período de recorrência de 500 anos, e A = 0,72km2 o valor da área de contribuição, o valor obtido para a vazão de projeto será: 32 P 0,128m mQ C I A 0,45 720.000m 11,52 s3.600s = × × = × × = II – Afirmativa correta. Justificativa: para a seção transversal com 3,00 m de largura e 2,00 m de altura, os valores da área molhada, do perímetro molhado e do raio hidráulico serão: 2 2 Am 3,00m 2,00m 6,00m pm 2,00m 3,00m 2,00m 7,00m Am 6,00m Rh 0,857m pm 7,00m = × = = + + = = = = III – Afirmativa incorreta. Justificativa: considerando que as escalas vertical e horizontal são iguais, os valores do desnível vertical (∆z) e da extensão horizontal (∆L) do leito desse bueiro podem ser estimados com o esboço da seção do aterro, representados na figura a seguir: 752,50 50 m 755,00 750,00 745,00 740,00 735,00 730,00 11 m PNT Figura 62 – Declividade do bueiro 85 ENGENHARIA CIVIL INTEGRADA O valor aproximado da declividade será: f h 11m S 0,22 L 50m ∆ = = = ∆ IV – Afirmativa correta. Justificativa: aplicando os valores obtidos para a área máxima da seção (Amáx), para o raio hidráulico (Rh), para a declividade (Sf) e para a rugosidade (n), na fórmula de Manning-Strickler, o valor da capacidade hidráulica do bueiro será: 2 21 1 3 32 2 3f máx máx 3 máx p Rh S 0,857 0,22 mQ A 6,00 16,93 sn 0,025 mQ Q 11,52 s × × = × = × = > = Adaptada de: Inep (2014). 7 DEFINIÇÕES PRELIMINARES A especialização é indispensável tanto para o exercício quanto para o desenvolvimento da engenharia civil. A abrangência das áreas de atuação e de pesquisa se ampliam e se transformam constantemente, tornando impossível, mesmo para um profissional com capacidade acima da média, dominar mais do que uma ou duas dessas áreas com a devida profundidade e atualização. Ao mesmo tempo, o crescimento da complexidade e da diversificação de demandas para as edificações vem exigindo uma quantidade maior e mais diversificada de especialistas em cada área de atuação profissional. A própria concepção de soluções para qualquer projeto precisa ser compartilhada por diversos especialistas, de acordo com os pontos de vista necessários à realização de cada empreendimento. A principal característica das observações do ponto de vista de qualquer especialista, por mais óbvio que pareça, reside no fato de serem fruto de apenas um dos pontos de vista sobre a questão. Sendo assim, as diferentes perspectivas precisam ser hierarquizadas e integradas ao projeto principal. Devido à própria origem e à natureza da especialização, não é incomum nem raro que um especialista considere sua área a mais relevante e que, em casos de incompatibilidades, seus critérios prevaleçam. O projeto principal é sempre aquele que dá origem à edificação, que parte da identificaçãodas suas necessidades funcionais e visa atender aos interesses dos seus futuros usuários. Por mais importantes que 86 Unidade II sejam as questões complementares, o projeto principal sempre é o projeto arquitetônico ou urbanístico, seja viário, portuário ou aeroportuário, seja para produção de bens ou para a prestação de serviços. As definições preliminares devem considerar todos os pontos de vista de cada área envolvida na questão, objetivando obter soluções que melhor atendam a todas as áreas, dentro de um processo interativo, cíclico, retroalimentado e completamente integrado. As definições preliminares estabelecem as bases do projeto executivo e, portanto, precisam ser resultado de um consenso entre especialistas com diferentes pontos de vista, geralmente conflitantes e, às vezes incompatíveis. Por isso, a integração das diversas equipes de especialistas deve começar bem antes da fase de elaboração do projeto executivo. É importante salientar que a expressão “projeto executivo” foi empregada propositalmente no singular, pois todos os projetos complementares, mesmo sendo elaborados por profissionais distintos, devem fazer parte de um único projeto para a execução de uma edificação. Um caso bem exemplar, razoavelmente recente, da importância desse trabalho integrado das diversas equipes de especialistas, já a partir da emissão da primeira autorização do órgão ambiental, foi a construção da segunda pista do trecho de serra da Rodovia dos Imigrantes. Essa rodovia, que liga a cidade de São Paulo ao litoral e ao Porto de Santos, foi construída na década de 1970, antes da vigência da legislação ambiental, com duas pistas de quatro faixas, uma denominada descida e outra, subida. Tratando-se de uma autoestrada destinada a uma demanda futura de longo prazo, por questões orçamentárias, o plano previa que no trecho de serra, de custo bem mais elevado do que os demais, seria construída apenas a pista de subida, ficando a de descida para uma etapa posterior. Em meados da década de 1990, quando a demanda de tráfego tornou necessária a sua construção, já com a legislação ambiental em vigor, esse trecho de descida havia se tornado parte do Parque Estadual da Serra do Mar, uma das principais áreas de proteção permanente (APP) do país. Apesar dessa nova situação, no entanto, a LP para a sua construção foi concedida sem grandes indecisões, por dois motivos básicos. A necessidade de realizar obras ou atividades que, muito embora possam causar danos ao meio ambiente, são necessárias para o desenvolvimento social e econômico. A ausência de alternativas que causassem menor dano ambiental. A necessidade da obra era clara. Uma parcela bastante significativa de todo o comércio exterior brasileiro, importação e exportação, era e ainda é feita através do Porto de Santos. Essa rodovia liga o porto à cidade de São Paulo e também a uma parte considerável do interior do país. Além disso, passam por ela algumas das principais rodovias do país, através das quais vem grande parte da produção nacional cujo destino é o exterior e são escoados os produtos importados. 87 ENGENHARIA CIVIL INTEGRADA Essa rodovia foi concebida e quase que totalmente construída durante a década de 1970, antes da instituição do Conama. Apesar de atravessar uma APP, apenas um trecho de uma de suas duas pistas seria construído nessa segunda etapa, quando se tornou, de fato, necessário. Ao final dos anos 1990, essa necessidade já se tornara amplamente comprovada, com congestionamentos noticiados quase que diariamente. A ausência de alternativas que pudessem causar menor dano ambiental ficava clara com um simples olhar na planta de uso e ocupação do solo da região metropolitana de São Paulo, apresentada na figura a seguir: Figura 63 – Planta de uso e ocupação do solo da região metropolitana de São Paulo Observando esse mapa, verifica-se que, com a entrada em vigor da legislação ambiental, na década de 1980, toda a região em torno da cidade havia se tornado área de proteção permanente e que a construção de qualquer estrada nova, passando por São Paulo, causaria danos ambientais similares ou de maior importância. Apesar da deliberação não muito longa para a emissão da LP, as exigências para a LI, ou seja, para a aprovação do projeto executivo, e a autorização para o início das obras foram bastante severas, o que exigiu a imediata reunião de equipes multidisciplinares para as concepções e definições, inclusive dos meios e métodos a empregar. Entre as principais exigências destaca-se que esse novo trecho não poderia facilitar invasões na floresta nem dividi-la em duas partes, uma de cada lado da estrada, elevando o risco de animais silvestres serem atropelados. 88 Unidade II A solução criada, além de ser um corredor que liga apenas os pontos da estrada já existente, no topo e no sopé da serra, sem acessos intermediários, é constituída quase que exclusivamente de túneis e viadutos. Assim, os animais silvestres têm liberdade para circular pela mata toda, por cima dos túneis e por baixo dos viadutos da segunda pista da Rodovia dos Imigrantes, constituída de túneis e viadutos, ilustrados a seguir. Figura 64 Figura 65 Visando minimizar os danos ambientais durante a fase de construção, o traçado geométrico desse trecho, que já estava definido no projeto inicial, foi refeito para aproveitar a estrada de serviço construída na década de 1970. O trabalho adicional causado pela redefinição desse traçado, num trecho com relevo extremamente acidentado, proporcionou uma significativa redução no desmatamento na região em comparação com a pista construída antes da vigência da lei ambiental. 89 ENGENHARIA CIVIL INTEGRADA Estrada de serviço construída na década de 1970 A mesma estrada, aproveitada nos anos 2000 Pista nova Figura 66 – Estrada de serviço e diferença de degradação da mata nativa na construção da primeira e da segunda pista do trecho de serra da Rodovia dos Imigrantes As novas concepções, o aproveitamento da antiga estrada de apoio e a seleção de meios e métodos construtivos, mais o trabalho conjunto, interativo e integrado de representantes de todas as áreas técnicas envolvidas, desde o início da seleção de soluções possíveis, permitiram uma degradação mínima da mata nativa. É interessante salientar que a foto maior na composição anterior, na qual é possível observar a mata praticamente intocada, foi feita ao final da construção da segunda pista, antes mesmo da sua entrada em operação. Exemplo de aplicação Uma nova rodovia será implantada para melhorar as condições de acesso entre as localidades A, B e C. Considerando que o traçado do eixo da rodovia é uma das fases mais importantes do seu projeto, a equipe de topografia locou o eixo da rodovia que liga a localidade A até a B no azimute de 45º e o eixo da rodovia que liga a localidade B até C no azimute 135º. O raio da curva circular simples que uniu as duas tangentes, identificadas por T1 e T2 na figura a seguir, é de 800/π m. Norte T1 T2 B A C Figura 67 90 Unidade II O valor do desenvolvimento (D) do trecho circular de uma curva de estrada é a função do valor do seu raio de curvatura (R), em metros, e do ângulo central, em graus. Ele é obtido pela expressão: ( R AC) D 180º π× × = Considerando que a pista foi demarcada em estacas de 20 m, avalie as afirmativas a seguir: I – O valor do angulo central AC em questão é de 120º. II – O valor do desenvolvimento do trecho circular dessa curva é de 400 m. III – Esse trecho circular da estrada foi demarcado com 40 estacas. É correto o que se afirma: A) Em I, II e III. B) Apenas em I e II. C) Apenas em I e III. D) Apenas em II e III. E) Apenas em II. Resolução Resposta correta: alternativa E. I – Afirmativa incorreta. Justificativa: azimute é o angulo formado entre a direção do Norte verdadeiro e a direção de um segmento de reta, no caso de estradas, denominado tangente, medido no sentido anti-horário. Os eixos AB e BC, bemcomo a curva circular simples que faz a concordância entre as tangentes, podem ser representados na figura a seguir: 91 ENGENHARIA CIVIL INTEGRADA Curva circular simples R D N 135º B N A 45º T2T1 c Figura 68 – Representação esquemática das tangentes e da curva O valor do ângulo central AC entre as tangentes T1 e T2 é: AC = 135º - 45º = 90º II – Afirmativa correta. Justificativa: o valor do desenvolvimento do trecho circular dessa curva é: 800 90º( R AC) D 400m 180º 180º π× ×π× × π= = = III – Afirmativa incorreta. Justificativa: a quantidade (N) de estacas de 20 m empregadas no desenvolvimento do trecho circular dessa curva é: 400m N 20 estacas 20m = = Adaptada de: Inep (2014). A análise de sistemas e métodos construtivos, visando minimizar os danos ambientais na fase de construção, começa na execução das fundações. Em lugar de estacas, que poderiam ser moldadas no próprio terreno, foram empregados tubulões escavados manualmente e protegidos por anéis de concreto, para evitar a instabilidade do terreno e a contaminação do lençol freático. É possível observar, na foto 10, a permanência da mata natural em torno dos tubulões recém-executados. 92 Unidade II Figura 69 – Fundações moldadas com proteção de poços revestidos com anéis de concreto O mesmo cuidado foi empregado na análise de cada equipamento e no modo de execução em cada etapa. A proteção das encostas para instalação de escoramento, formas e armação, bem como a moldagem dos blocos de coroamento de estacas, ilustrados nas imagens a seguir, permitem observar que a flora natural permaneceu praticamente intocada no entorno bem próximo ao serviço executado. Figura 70 – Armação de bloco de coroamento de estacas para pilares de viaduto 93 ENGENHARIA CIVIL INTEGRADA Figura 71 – Execução de blocos de coroamento de estacas para pilares de viadutos Também marcante é a execução dos pilares, exemplificada na imagem a seguir, praticamente sem tocar na vegetação, graças ao emprego de sistemas de formas que, a cada ciclo de moldagem, são suportadas pelo segmento moldado no ciclo anterior, denominados sistemas de formas trepantes. Figura 72 – Execução de pilares dos viadutos A adoção do sistema de balanços sucessivos moldados in loco para os tabuleiros dos viadutos, a partir das aduelas de arranque, também moldadas com formas suportadas pelos próprios pilares, representados nas imagens seguintes, foi outro fator importante para a redução dos danos ao meio ambiente. As figuras a seguir mostram a execução de tabuleiros dos viadutos em balanços sucessivos. 94 Unidade II Figura 73 Figura 74 Figura 75 95 ENGENHARIA CIVIL INTEGRADA É bom salientar que uma significativa contribuição para a minimização de danos nessa fase, tanto para o transporte e a montagem dos equipamentos quanto para o suprimento de materiais necessários à execução, foi a alteração do traçado visando ao aproveitamento da estrada de serviço remanescente da construção da primeira pista. Ainda nesse contexto, a otimização dos vãos livres e da forma dos pilares também foi considerada importante nas definições para o projeto executivo. Saiba mais Para conhecer ou atualizar-se a respeito de diferentes sistemas e métodos construtivos, há interessantes exposições periódicas, tais como o Concrete Show South America, cujas datas habitualmente são publicadas no portal da Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP), em: ABCP. Calendário de eventos 2019. 2019. Disponível em: https://www. abcp.org.br/cms/eventos/. Acesso em: 1º out. 2019. Exemplo de aplicação Três linhas elevadas de gasodutos serão apoiadas por pórticos simples devidamente espaçados entre eles. Após estudo preliminar, decidiu-se que os pórticos receberiam uma padronização para fins de economia de material e rapidez na execução, devendo, ainda, apresentar o modelo estrutural da figura a seguir. P P P zz y x y Figura 76 96 Unidade II Desprezando o peso próprio do pórtico frente às cargas concentradas P, exercidas pelos dutos, qual a relação que deve haver entre as dimensões do vão x e do balanço y do pórtico plano para que a estrutura, como um todo, seja submetida ao menor valor possível de momento fletor, em valor absoluto? A) x = 0,5 y B) x = y C) x = 2y D) x = 4 y E) x = 8 y Resolução Resposta correta: alternativa E. A figura a seguir representa o esquema estático com as reações de apoio RA e RB, para o modelo estrutural proposto. P P P zz y x RA RB y BA Figura 77 As condições de equilíbrio para essa estrutura são: ΣFx = 0, ΣFy = 0 e ΣM = 0 Como não há solicitações externas na direção horizontal, não haverá reações nessa direção. Já para a direção vertical, a equação de equilíbrio é: 97 ENGENHARIA CIVIL INTEGRADA ΣFy = 0 ⇒ P + P + P - RA - RB = 0 Considerando que a estrutura e as cargas atuantes são simétricas, as reações de apoio também serão simétricas e, portanto: A B 3 P R R 2 × = = O diagrama de momentos fletores terá um formato semelhante ao da figura seguinte. Os valores dos momentos MA e MB, nas seções sobre os apoios, são iguais e inversamente proporcionais ao valor do momento MC, no centro. MA MB MC Figura 78 O valor do momento MA na seção SA, sobre o apoio A, será: MA = P × y P y SA Figura 79 O valor do momento MC na seção SC, no centro do vão livre, será: P RA SC x 2 y x+ 2 M P y x R xC A� � �� � � �2 2 Figura 80 Sendo inversamente proporcionais (isto é, quanto maior o valor de MA e de MB, menor será o valor de momento MC), o valor mínimo ocorrerá quando todos forem iguais, em valor absoluto, ou seja: 98 Unidade II ( ) ( ) C A A M M x xP y R P y2 2 3 Px xP y P y2 22 x 3 x P y P P P y 2 4 x 3x y y 2 4 2x 3x x 2y 2y x 8y 4 4 4 = − × + − × = − × × × + − × = − × × × + × − × = − × + − = − − = − ⇒ − = − ⇒ = Adaptada de: Inep (2008). 8 PROJETO EXECUTIVO E PROJETOS COMPLEMENTARES O conjunto das soluções definidas para cada parte do empreendimento constitui o seu projeto base, ou projeto básico. Esse projeto base precisa ser devidamente detalhado antes de seguir para a etapa de execução da obra. O projeto executivo consiste no dimensionamento e detalhamento de todos os componentes da edificação, subsidiados pelos respectivos estudos preliminares, e consolidados em desenhos e instruções a serem rigorosamente seguidos durante a execução da obra. A elaboração de um projeto executivo, da mesma forma que na fase das definições, requer uma divisão de tarefas, de acordo com as especialidades necessárias à realização do empreendimento. Tais tarefas compõem projetos específicos, que são denominados projetos complementares. O crescimento da complexidade e da diversificação de demandas para as edificações vem exigindo uma quantidade maior e mais diversificada de especialistas em cada área de atuação profissional, sobretudo para a fase de elaboração dos projetos complementares. Além dos tradicionais projetos de estrutura, de fundações, de instalações hidráulicas, elétricas, de prevenção e combate a incêndios, de telefonia e de gás, hoje são bastante comuns os projetos de tecnologia da informação (TI), de telecomunicações e de climatização, entre outros. No setor de infraestrutura de transportes, por exemplo, uma das atuais exigências para o licenciamento ambiental é um projeto para coleta e retenção de líquidos tóxicos, que podem ser derramados no leito de estradas, em casos de acidentes. 99 ENGENHARIA CIVIL INTEGRADA A tarefa de dimensionamento e detalhamento de um sistema de coleta e armazenamento para tais substâncias, até que sejam novamente transportadas para um destino adequado, como o sistema ilustrado na figura a seguir, instalado no trecho de serra da Rodovia dos Imigrantes, não pode ser realizado sem a participação de especialistas no setor de produtos químicos. Figura 81 – Rede de coleta de líquidos tóxicos, sob o tabuleiro dos viadutos na Rodovia dos Imigrantes Porém, a principal característica de um projeto complementar,por mais óbvio que pareça, reside no fato de ele ser complementar. Sendo assim, por mais importante que seja, ele deve ser subordinado e rigorosamente integrado ao projeto principal. As diferentes equipes responsáveis por cada projeto complementar, apesar de autônomas, devem trabalhar em constante consenso, do início até o final da elaboração do projeto executivo, pois o conjunto das partes deve compor um único projeto executivo, destinado à correta execução da edificação. Embora não seja normal, vem se tornando comum chegarem às obras projetos complementares contendo incompatibilidades com o projeto principal ou com outros projetos complementares. E é importante lembrar que, nessas situações, as adaptações para corrigir incompatibilidades devem ser feitas exclusivamente pelo autor do projeto, ou seja, nunca devem ser realizadas pelo responsável técnico pela execução da obra, muito menos sem o conhecimento e a expressa anuência do autor do projeto. Ao detectar quaisquer erros no projeto executivo, o responsável técnico pela obra deve comunicar ao diretor técnico do projeto, que encaminhará a questão ao autor do respectivo projeto complementar, para ser devidamente verificada e corrigida, com a devida atenção e cuidado para que se mantenha a compatibilidade com os demais projetos complementares. 100 Unidade II Exemplo de aplicação O aproveitamento de águas pluviais para fins não potáveis pode contribuir para a redução do consumo de água potável nas edificações, sendo uma opção interessante quando se trata de temas relevantes como o da conservação da água. Com relação ao aproveitamento de águas pluviais em edificações residenciais, avalie as afirmações a seguir: I – O sistema de aproveitamento da água da chuva, por ser descentralizado do sistema público de abastecimento de água, requer cuidados específicos como, por exemplo, reservatório independente, para que não se misture com a água proveniente da rede de distribuição. II – A utilização de água de chuva pode auxiliar na redução do escoamento superficial, contribuindo para diminuir os problemas com enchentes nas grandes cidades. III – Os condôminos de um edifício residencial, visando utilizar as águas pluviais para limpeza das áreas comuns e descargas de esgoto doméstico, pretendem instalar no ático do prédio, junto ao barrilete, um reservatório de polipropileno com capacidade para 15 mil litros de água, que pesa 250 kgf e tem 2,50 m de diâmetro e 3,50 m de altura útil. Com essas informações, é possível estimar que o acréscimo de carga na laje do ático seria cerca de 3,53 tf/m2, e nas fundações do prédio seria de aproximadamente 1.750 kgf. É correto o que se afirma: A) Em I, II e III. B) Apenas em I e II. C) Apenas em I e III. D) Apenas em II e III. E) Apenas em I. Resolução Resposta correta: alternativa B. I – Afirmativa correta. Justificativa: as águas pluviais não são potáveis e, por isso, não devem se misturar no mesmo reservatório das águas provenientes da rede pública de distribuição de água potável. 101 ENGENHARIA CIVIL INTEGRADA II – Afirmativa correta. Justificativa: quando se coleta parte das águas pluviais que acabaram de precipitar, o volume da precipitação que escoará pela superfície e, a seguir, pelo sistema de drenagem da região, se torna menor. Se houver muitos desses sistemas privados de coleta e utilização de águas pluviais, a redução da contribuição para as enchentes pode se tornar bastante significativa. III – Afirmativa incorreta. Justificativa: considerando g = 1,0 tf/m3 o valor do peso específico da água, o valor do peso total (PT), da água pluvial armazenada mais o do reservatório (PR) seria: 3 T R 3 tfP V P 1,0 15,0m 0,25tf 15,25tf m = g × + = × + = O valor da área da base do reservatório é: A = π × R2 = π × (1,25 m)2 = 4,91 m2 O valor do acréscimo de carga na laje do ático seria: T 22 P 15,25tf tfp 3,11 mA 4,91m = = = O acréscimo de carga nas fundações do prédio seria igual ao valor do peso total da água mais o do novo reservatório, ou cerca de 15,25 tf. Fonte: Inep (2014). Os projetos complementares para execução, mesmo fazendo parte de um único projeto executivo, em geral são elaborados em paralelo, mas sempre com certas relações de dependência. Uma dependência fundamental é a do projeto de fundações em relação ao projeto da estrutura. As fundações, rasas ou profundas, são a primeira etapa da execução da obra, às vezes antes mesmo da terraplenagem. O projeto de fundações é, portanto, o primeiro que será necessário para o início da construção. O projeto executivo de fundações, no entanto, só pode ser desenvolvido após a definição e o dimensionamento do projeto estrutural. A definição e o dimensionamento das fundações depende da intensidade e da forma como as cargas da edificação chegarão ao terreno. As cargas da edificação chegam ao terreno através dos pilares, que são as últimas peças dimensionadas. 102 Unidade II O dimensionamento começa com o cálculo das lajes. Na sequência, é feito o cálculo das vigas que suportam as lajes e, depois, vem o cálculo dos pilares que suportam as vigas. Nas edificações prediais, há também o cálculo dos reservatórios e dos elevadores, antes dos pilares. A rigor, a única fase do projeto estrutural que, de fato, pode ser realizada em paralelo com o projeto de fundações é a parte final, do dimensionamento e detalhamento das armaduras de aço. Com a definição da posição dos pilares e do valor das cargas por eles suportadas, as fundações podem então ser definidas. Esse é o ponto em que os relatórios de sondagens do subsolo são indispensáveis. A partir desse momento, não é possível prosseguir sem o conhecimento adequado do perfil geotécnico do terreno. Não que ele não possa ser muito útil em etapas anteriores, mas é que, a partir desse ponto, ele é imprescindível. Definir as fundações de uma edificação significa, basicamente, encontrar um local em que a resistência do solo seja suficiente para suportar as cargas que serão aplicadas por essa edificação no terreno. Esse equilíbrio entre cargas aplicadas pela edificação e capacidade de suporte do solo tanto pode ser encontrado em termos de pressões ou tensões quanto de forças e tensões. Quando o equilíbrio entre a pressão aplicada e a tensão que o solo pode suportar sem sofrer ruptura ou deformação excessiva é estabelecido de forma direta, no plano horizontal de contato, representado esquematicamente na figura a seguir, as fundações são denominadas diretas, rasas ou profundas. F = peso da edificação no pilar p = pressão da edificação na superfície de apoio p = F/A A = área da superfície de contato F F A = a x b A = π x R2 p < σadm σadm = Tensão admissível do solo na superfície de apoio Figura 82 – Equilíbrio de tensões em fundações diretas, rasas ou profundas Quando o equilíbrio é estabelecido entre a força aplicada pelo pilar e as forças de atrito lateral da estaca com as camadas de solo, bem como pela base da estaca na camada de apoio, a fundação é denominada indireta. 103 ENGENHARIA CIVIL INTEGRADA O equilíbrio é obtido através do cálculo do valor das forças resistentes devidas ao atrito lateral (QS) em cada camada de solo, representadas na figura seguinte, até que o valor da sua soma se aproxime do valor da carga aplicada pelo pilar. Calcula-se, então, o valor da força resistente na base da estaca (QP). Se a soma de todas as forças resistentes (QS + QP) for muito superior ao valor da carga aplicada, o comprimento da estaca na última camada (hn) pode ser reduzido. Se for inferior, o comprimento da estaca deve ser aumentado. QP = σadm × Ap = σadm × π × (D/2) 2 σadm QS3 = qS3 × A3= qS3 × π × D × h3 QS2 = qS2 × A2= qS2 × π × D × h2 QS1 = qS1 × A1= qS1 × π × D × h1 qS1 qS2 qS3 h3 h2 h1 D (diâmetro da estaca) Figura 83 – Equilíbrio de forças em fundações indiretas Os valores de atrito lateral unitário (qS), que devem ser multiplicados pelos de área lateral da estaca (AS), para determinar os valoresdas forças de atrito lateral (QS), bem como o de tensão admissível (qP ou σadm), que deve ser multiplicado pelo da área da base da estaca (AP) para determinar o da resistência de ponta (QP), podem ser obtidos, direta ou indiretamente, por meio de diversos tipos de sondagens do subsolo. O ensaio de penetração contínua, ou CPT (cone penetration test), por exemplo, fornece esses valores ponto a ponto, ao longo da profundidade do terreno, exemplificados nos boletins da figura seguinte. 104 Unidade II 14 26018080 22012040 24014060 200100201312111098753 6421 Pr of un di da de (m ) 30 29 28 27 26 25 24 23 22 21 17 13 9 5 20 16 12 8 4 19 15 11 7 3 18 14 10 6 2 1 Pr of un di da de (m ) 30 29 28 27 26 25 24 23 22 21 17 13 9 5 20 16 12 8 4 19 15 11 7 3 18 14 10 6 2 1 Ensaio de penetração contínua (CPT) Atrito local (kgf / cm2)99,58 (cota do início do furo) Ensaio de penetração contínua (CPT) Resistência de ponta (kgf / cm2)99,58 (cota do início do furo) Figura 84 – Boletins de sondagem do subsolo, do tipo CPT Os valores de atrito lateral unitário (qS) em cada camada de solo e de tensão admissível (qP ou σadm) na camada de apoio da estaca também podem ser obtidos a partir dos resultados de ensaios do tipo SPT (standard penetration test), que são mais utilizados do que os CPT, por empregarem equipamento mais simples, serem mais fáceis de executar e terem custo bem inferior. Nesse caso, é preciso recorrer a correlações empíricas consagradas, tais como as utilizadas no método de Décourt-Quaresma, por exemplo, em que os valores do fator de atrito lateral, ou atrito lateral unitário (qS), e da tensão de ruptura de ponta (qP) são obtidos a cada metro de profundidade, em função do número de golpes NSPT, pelas expressões: SPT SPT S 2 2 P SPT N Ntf kNq 1 10 1 m m3 3 q K N = + = × + = × Os valores de K, que dependem do tipo de solo que constitui a camada de apoio na base da estaca, são apresentados a seguir. 105 ENGENHARIA CIVIL INTEGRADA Tabela 2 – Valores do coeficiente K em função do tipo de solo Tipo de solo Valores de K Em tf/m2 Em kN/m2 Argiloso 12 120 Silte argiloso 20 200 Silte arenoso 25 250 Arenoso 40 400 Fonte: Hachich et al. (1998, p. 275). Dessa forma, considerando que a quantidade de golpes empregados em determinada profundidade do terreno seja, por exemplo, NSPT = 12, o valor do atrito lateral unitário (qS) nesse ponto seria da ordem de: SPT S 2 2 N 12tf tfq 1 1 5 m m3 3 = + = + = Se o solo, nessa profundidade, fosse constituído por um silte arenoso, o valor da tensão de ruptura de ponta (qP) seria: P SPT 2 tfq K N 25 12 300 m = × = × = Para o dimensionamento de fundações diretas, há diversas correlações empíricas que permitem definir um valor de tensão admissível, ou tensão de ruptura (σadm), em função do NSPT. Elas são bastante utilizadas: • para fundações diretas rasas: adm SPT SPT2 2 kN kN2 N (em ) 20 N (em ) m m σ = × = × • para fundações diretas profundas: SPT SPT adm 2 2 N Ntf kN (em ) (em ) m m0,3 0,03 σ = = Exemplo de aplicação Um município planeja implantar um condomínio com 400 unidades habitacionais para fins de moradia popular, em uma área de sua propriedade. Duas modalidades de construção estão em estudo: 400 casas térreas ou 25 prédios de 4 pavimentos, com 4 apartamentos por andar. Inicialmente, foram 106 Unidade II realizados ensaios do tipo CPT. Os resultados típicos, representativos do terreno, são apresentados na figura a seguir, em que qC e fS representam as resistências de ponta e lateral, respectivamente, e R é a relação entre essas resistências. qc (kPa) 30000 600 800 620000 400 410000 200 20 0 0 0 0 0 -1 -1 -1 -2 -2 -2 -4 -4 -4 -6 -6 -6 -8 -8 -8 -3 -3 -3 -5 -5 -5 -7 -7 -7 -9 -9 -9 -10 -10 -10 fs (kPa) R (%) z (m ) z (m ) areia argila mole aterro de silte argiloso z (m ) Figura 85 Com relação à viabilidade técnica e econômica desse projeto, a partir das características do terreno, apresentadas anteriormente, avalie as afirmativas a seguir. I – A opção pelas casas térreas demanda fundações superficiais no terreno, enquanto que a opção por prédios de 4 pavimentos demanda fundações profundas, portanto, mais caras. II – Para dimensionar fundações diretas, por meio de sapatas apoiadas na camada mais superficial desse terreno, é possível adotar, a favor da segurança, um valor de tensão admissível da ordem de 50 kN/m2. III – Esse terreno só apresenta valores significativos de resistência por atrito lateral a partir da camada de areia, abaixo de 4 m de profundidade. 107 ENGENHARIA CIVIL INTEGRADA IV – As duas opções em estudo demandam fundações profundas no terreno, cujas dimensões serão similares para as fundações de ambos os tipos de edificação, fazendo com que o custo das fundações por unidade habitacional para os prédios seja menor do que para as casas térreas. É correto o que se afirma: A) Apenas em I e II. B) Apenas em I, III e IV. C) Apenas em I, II e III. D) Apenas em II, III e IV. E) Apenas em III e IV. Resolução Resposta correta: alternativa E. I – Afirmativa incorreta. Justificativa: em primeiro lugar, não é correto afirmar que casas térreas demandam fundações superficiais, enquanto que prédios de 4 pavimentos demandam fundações profundas. Para chegar a uma conclusão sobre o tipo de fundações necessárias em cada caso é preciso ter, pelo menos, uma estimativa das intensidades e da forma como as cargas chegariam ao terreno e, a seguir, comparar tais cargas com a capacidade de suporte do terreno. II – Afirmativa incorreta. Justificativa: observando os resultados apresentados pelo ensaio tipo CPT, é possível verificar que até 4 m de profundidade a resistência de ponta qC é nula, o que significa que adotar qualquer valor diferente de zero seria um grave erro. Ainda que os resultados do CPT apresentassem qualquer valor positivo, por se tratar de um aterro, ainda que de solo homogêneo constituído de silte argiloso, seria necessário considerar a sua idade para verificar o seu estado de consolidação, bem como o grau de adensamento da camada de argila mole, subjacente ao aterro. III – Afirmativa correta. Justificativa: observando os resultados apresentados pelo ensaio tipo CPT, é possível constatar que os valores da resistência lateral fS são nulos até 4 m de profundidade, passando a apresentar valores significativos apenas a partir da camada de solo arenoso. 108 Unidade II IV – Afirmativa correta. Justificativa: observando os resultados apresentados pelo ensaio tipo CPT, é possível constatar que os valores tanto da resistência de ponta qC quanto da resistência lateral fS são nulos até 4 m de profundidade, passando a apresentar valores significativos apenas a partir da camada de areia. Sendo assim, além de ambas as opções em estudo demandarem fundações profundas, os primeiros 4 m de profundidade das estacas serão ociosos, ou seja, sua contribuição para o equilíbrio das edificações será nulo. Por mais concentradas que sejam as cargas das casas térreas, os custos desses comprimentos de estaca ociosos serão muito melhor distribuídas pelos 16 apartamentos de cada prédio, tornando menor o custo das fundações por unidade habitacional. Fonte: Inep (2014). Lembrete A capacidade de suporte de uma estaca é dada principalmente pela soma das forças de atrito desenvolvidas entre a superfície lateral da estaca e o solo em que ela está inserida. O subsolo, por sua vez, apresenta relevo, fazendo com que cada camada de solo apresente diferentes espessuras num mesmo terreno. Sendo assim, é normal que estacas idênticas, mesmo que executadas em locais próximos, necessitem de comprimentos diferentes para se obter a mesma capacidade de carga. Saiba mais Informações mais detalhadas sobre o dimensionamento de fundações profundas podem ser obtidas através da leitura de: DÉCOURT, L. Análise e projetos de fundações profundas. In: HACHICH,W. et al. Fundações: teoria e prática. São Paulo: Pini, 1998. 109 ENGENHARIA CIVIL INTEGRADA Resumo Tratou-se de salientar a importância do trabalho integrado de equipes especializadas em diferentes áreas do conhecimento, desde as concepções iniciais de uma obra de engenharia civil. Diante da complexidade crescente das questões envolvidas nas atuais edificações, buscou-se mostrar tanto a amplitude da diversidade de estudos preliminares específicos necessários quanto a necessidade de elaboração de projetos complementares, também elaborados por especialistas em cada área. Sobretudo, procurou-se mostrar a absoluta necessidade de que todos os projetos complementares, apesar de serem elaborados por equipes autônomas, estejam rigorosamente integrados ao projeto principal, desde suas definições iniciais até o seu detalhamento final para a execução. Muito embora a ênfase acabe recaindo nos setores mais clássicos da engenharia civil, os conceitos apresentados e a atitude do engenheiro perante os crescentes desafios, principalmente devidos à necessidade da preservação do meio ambiente, devem ser observados em toda a sua atuação, independente da relevância ou do porte do empreendimento. Exercícios Questão 1. (Itaipu Binacional 2015, adaptada) Na figura, é apresentado o hidrograma afluente e o hidrograma efluente de um reservatório de controle de cheias numa área urbana. 140 t (min) Hidrograma B Hidrograma A Vazão máxima hidrograma A Q (m 3 /s ) 60 10020 12040 800 0 10 20 30 40 50 Vazão máxima hidrograma B Figura 86 – Hidrogramas A partir das informações do enunciado e da figura, assinale a alternativa correta. 110 Unidade II A) O hidrograma B é afluente ao reservatório. B) A vazão máxima de saída do reservatório é de cerca de 43 m3/s. C) O retardamento do pico da cheia é de cerca de 35 minutos. D) A vazão média de entrada do reservatório é de cerca de 31 m3/s. E) O volume retido pelo reservatório é de cerca de 380.000 m3. Resposta correta: alternativa C. Análise das alternativas A) Alternativa incorreta. Justificativa: o hidrograma B é o efluente do reservatório. B) Alternativa incorreta. Justificativa: a vazão máxima de saída do reservatório é 12 m3/s. 140 t (min) Hidrograma B Hidrograma A Vazão máxima hidrograma A Q (m 3 /s ) Vazão máxima de saída do reservatório 60 10020 12040 800 0 10 20 30 40 50 Vazão máxima hidrograma B Figura 87 C) Alternativa correta. Justificativa: pelo gráfico da questão, é possível observar que os picos estão 45 minutos e 80 minutos para a vazão máxima afluente e a vazão máxima efluente, respectivamente. Isso pode ser observado na figura a seguir: 111 ENGENHARIA CIVIL INTEGRADA 140 t (min) Hidrograma B Hidrograma A Vazão máxima hidrograma A Q (m 3 /s ) Vazão afluente Vazão efluente 60 10020 12040 800 0 10 20 30 40 50 Vazão máxima hidrograma B Figura 88 Com isso, o retardo é de 80–45 minutos = 35 minutos. D) Alternativa incorreta. Justificativa: na figura a seguir, é possível verificar que o volume total que entra no reservatório (Ve) é igual à área do triângulo em vermelho. 140 t (min) Hidrograma B Hidrograma A Vazão máxima hidrograma A Q (m 3 /s ) 45 m3/s 60 10020 12040 800 0 10 20 30 40 50 Vazão máxima hidrograma B Figura 89 Ou seja: ( ) 3 3 m 140 60 s 45 sVe 189.000 m 2 ⋅ ⋅ = = Sabendo que a vazão média (Qm) é igual ao volume dividido pelo tempo, temos: 112 Unidade II ( ) 3 3189,000 m m Qm 22,5 140 60 s s = = ⋅ A vazão média de entrada no reservatório é 22,5 m3/s. E) Alternativa incorreta. Justificativa: o volume retido (Vr) pelo reservatório é igual à diferença entre os triângulos vermelho e azul, mostrados na figura a seguir: 140 t (min) Hidrograma B Hidrograma A Vazão máxima hidrograma A Q (m 3 /s ) 45 m3/s 60 10020 12040 800 0 10 20 30 40 50 Vazão máxima hidrograma B 12 m3/s Figura 90 Assim, o volume retido (Vr) no reservatório no período estudado é a diferença entre o volume de entrada (Ve) e o volume de saída (Vs), que, nesse caso, é: ( ) ( ) ( ) 3 3 3 3 3 m 140 60 s 45 sVe 189.000 m 2 m 120 60 s 12 sVs 43.200 m 2 Vr Ve Vs 189.000 43.200 m ⋅ ⋅ = = ⋅ ⋅ = = = − = − Vr = 145.8 m2 Questão 2. (Codemig 2017, adaptada) De acordo com Diez, em seu livro Projeto Estrutural na Arquitetura, é possível agrupar os sistemas de fundações em cinco categorias: fundações superficiais ou diretas, fundações profundas ou por poços, fundações indiretas ou por estacas, fundações por compactação e subfundações. Considerando esse contexto, analise as afirmativas a seguir e assinale com V as verdadeiras e com F as falsas. 113 ENGENHARIA CIVIL INTEGRADA I – Quando o plano de assentamento das fundações se encontra a pouca profundidade, em torno de 0,80 m a 1,50 m, com escavação corrente de baixo custo e pouca profundidade, são utilizadas fundações diretas ou superficiais. II – Quando o plano de assentamento das fundações se encontra tão profundo que só pode ser alcançado mediante trabalhos especiais de muita dificuldade e custo, se tem uma fundação por compactação. III – Quando não existe plano de assentamento, são utilizados elementos estruturais de grande longitude que trabalham de ponta ou por fricção, o que é denominado fundação profunda. IV – Quando é necessário levar o plano de assentamento de uma fundação a um plano mais baixo, tem-se o chamado estaqueamento ou fundação indireta. Atribua verdadeiro ou falso para cada uma das afirmativas e depois assinale a sequência correta: A) F, V, V, V. B) F, V, F, V. C) V, F, F, F. D) V, F, V, F. E) V, F, F, V. Resposta correta: alternativa C. Análise das afirmativas I – Afirmativa verdadeira Justificativa: quando o plano de assentamento das fundações se encontra a pouca profundidade, em torno de 0,80 m a 1,50 m, com escavação corrente de baixo custo e pouca profundidade, são utilizadas fundações diretas ou superficiais. A fundação direta rasa se caracteriza quando a camada de suporte (plano de assentamento) está próxima do solo. II – Afirmativa falsa Justificativa: quando o plano de assentamento das fundações se encontra tão profundo que só pode ser alcançado mediante trabalhos especiais de muita dificuldade e custo, denomina-se fundação por compactação. III – Afirmativa falsa 114 Justificativa: quando não existe plano de assentamento, são utilizados elementos estruturais de grande longitude que trabalham de ponta ou por fricção, o que é denominado fundação profunda. A fundação profunda é um tipo de fundação direta. As que transferem as cargas por efeito de atrito lateral e por efeito de ponta são denominadas fundações indiretas. IV – Afirmativa falsa Justificativa: a fundação indireta é empregada quando os solos próximos à superfície do terreno apresentam baixa capacidade de carga e/ou alta compressibilidade, não permitindo o uso de fundações rasas (ou diretas). Assim, as cargas estruturais são transferidas a maiores profundidades, a uma camada de terreno com maior capacidade de carga. Enquadram-se nesse tipo de fundação: estacas; tubulões; caixões. O estaqueamento é uma forma de fundação indireta. 115 FIGURAS E ILUSTRAÇÕES Figura 1 ITAIPU.JPG. Disponível em: https://jie.itaipu.gov.br/sites/default/files/files2009/image/20110505/itaipu. jpg. Acesso em: 10 dez. 2019. Figura 2 73966A9666ACBE37EBF96A8F812F66FB.JPG. http://www.pac.gov.br/pub/up/imagem/73966a9666acbe 37ebf96a8f812f66fb.jpg. Acesso em: 10 dez. 2019. Figura 63 ATLAS_FCOMORATO.PDF. Disponível em: https://emplasa.sp.gov.br/Cms_Data/Sites/EmplasaDev/Files/ Documentos/Cartografia/Atlas/RMSP/Atlas_FcoMorato.pdf. Acesso em: 10 dez. 2019. Figura 64 RODOVIA-DOS-IMIGRANTES/. Disponível em: http://www.dersa.sp.gov.br/empreendimentos/rodovia- dos-imigrantes/. Acesso em: 10 dez. 2019. Figura 65 Imagem cedida pela Figueiredo Ferraz Consultoria e Engenharia. Figura 66 Imagem cedida pela Figueiredo Ferraz Consultoria e Engenharia. Figura 69 Imagem cedida
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