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LP8_2BIM_ALUNO_2018

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Prévia do material em texto

ESCOLA MUNICIPAL _____________________________________________ TURMA ________
NOME: __________________________________________________________________________
LÍNGUA PORTUGUESA – 8.° ANO 1
MARCELO CRIVELLA
PREFEITURA DA CIDADE DO RIO DE JANEIRO
CÉSAR BENJAMIN
SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO
MARIA DE NAZARETH MACHADO DE BARROS VASCONCELLOS
SUBSECRETARIA DE ENSINO
SANDRA MARIA DE SOUZA MATEUS
GERÊNCIA DE ENSINO FUNDAMENTAL
WELINGTON MARTINS MACHADO
ELABORAÇÃO
LEILA CUNHA DE OLIVEIRA
REVISÃO
FÁBIO DA SILVA
MARCELO ALVES COELHO JÚNIOR
DESIGN GRÁFICO
EDIGRÁFICA
IMPRESSÃO
AGRADECIMENTOS ESPECIAIS(IMAGENS DA CAPA):
E.M. ALICE DO AMARAL PEIXOTO
E.M. ÁLVARO ALVIM
E.M. BÉLGICA
E.M. CÂNDIDO PORTINARI
E.M. DEODORO
CIEP ENG. WAGNER GASPAR EMERY
E.M. GASTÃO PENALVA
E.M. GUILHERME TELL
E.M. JOAQUIM NABUCO
CIEP MARGARET MEE
E.M PROF. HELTON A. VELOSO DE CASTRO
E.M. PROF.ª ZELIA CAROLINA DA SILVA PINHO
E.M. RIBEIRO COUTO
E.M. TATIANA CHAGAS MEMÓRIA
E.M. TENENTE RENATO CÉSAR
LÍNGUA PORTUGUESA – 8.° ANO 2
m
useudainfancia.unesc.net
“Acho que o quintal onde a gente brincou é maior do que a cidade. A gente só descobre isso depois de grande. A gente descobre que o tamanho das coisas há 
que ser medido pela intimidade que temos com as coisas. Há de ser como acontece com o amor. Assim, as pedrinhas do nosso quintal são sempre maiores do 
que as outras pedras do mundo. Justo pelo motivo da intimidade.” 
Manoel de Barros, em Memórias inventadas
Prezado Aluno, Prezada Aluna,
Você está recebendo seu segundo caderno pedagógico de 2018. Como sempre, o objetivo é que você o utilize, junto com seus
colegas e com o seu/sua Professor(a), aprimorando suas habilidades.
Este segundo caderno vai ajudá-lo a rever conceitos já estudados, a se apropriar de novos e necessários conceitos e, assim, a
ampliar, aprofundar e consolidar seus conhecimentos e sua capacidade de leitura e de produção textual.
Que sejamos todos bem-sucedidos!
passagensaereasbrasil.com
LÍNGUA PORTUGUESA – 8.° ANO 3
DEPOIMENTO (fragmento)
Conceição Evaristo
Talvez o primeiro sinal gráfico, que me foi apresentado como escrita, tenha vindo
de um gesto antigo de minha mãe. Ancestral, quem sabe? Pois de quem ela teria
herdado aquele ensinamento, a não ser dos seus antepassados, os mais antigos
ainda? Ainda me lembro, o lápis era um graveto e o papel era a terra lamacenta. Mãe
se abaixava, mas antes cuidadosamente ajuntava e enrolava a saia, para prendê-la
entre as coxas e o ventre. E de cócoras, com parte do corpo quase alisando a
umidade do chão, ela desenhava um grande sol, cheio de infinitas pernas. Era um
gesto solene. Era um ritual de uma escrita composta de múltiplos gestos, em que
todo corpo dela se movimentava e não só os dedos. E os nossos corpos também,
que se deslocavam no espaço acompanhando os passos de mãe em direção à
página-chão em que o sol seria escrito. Aquele gesto de movimento-grafia era uma
simpatia para chamar o sol. Fazia-se a estrela no chão.
Do tempo/espaço aprendi desde criança a colher palavras. A nossa casa vazia de
móveis, de coisas e muitas vezes de alimento e de agasalhos, era habitada por
palavras. Mamãe contava, minha tia contava, meu tio velhinho contava, os vizinhos
amigos contavam. Eu, menina, repetia, intentava. Cresci possuída pela oralidade,
pela palavra. As bonecas de pano e de capim que minha mãe criava para as filhas
nasciam com nome e história. Tudo era narrado, tudo era motivo de prosa-poesia.
EVARISTO, Conceição. Depoimento. In: Representações Performáticas Brasileiras: teorias, práticas e
suas interfaces. (org) Marcos Antônio Alexandre. Belo Horizonte: Mazza Edições, 2007, p 16-21.
pinterest.com
No caderno anterior, você leu sobre as figuras rupestres de nossos antepassados e sobre as rodas de conversa em volta da fogueira dos
primeiros seres humanos. Lembra? Assim tem sido ao longo da nossa história, de geração a geração: nossas primeiras experiências com
as palavras se dão através das imagens que vemos, dos desenhos que traçamos, das histórias que ouvimos... São ensinamentos que nos
ficam na memória. O texto abaixo fala disso. Vamos ler?
acrilex.com.br 
filosofiacienciaevida.uol.com.br
LÍNGUA PORTUGUESA – 8.° ANO 4
1. De acordo com a narradora, o primeiro sinal gráfico que aprendeu, como sendo uma escrita, lhe veio de um gesto antigo de sua mãe. Em
poucas palavras explique que gesto foi esse:
________________________________________________________________________________________________________________
2. A narradora mostra não ter certeza de que tenha sido esse o primeiro sinal. Que palavra indica a incerteza? _______________________
3. Observe o trecho “Ancestral, quem sabe? Pois de quem ela teria herdado aquele ensinamento, a não ser dos seus antepassados, os
mais antigos ainda?”.
a) A que ela se refere quando fala em “ancestral”? _______________________________________________________________________
b) Que significado essa palavra dá ao ato que se refere? __________________________________________________________________
4. A narradora faz uso de metáforas, ou seja, aproxima ideias/palavras por uma relação de semelhança, para falar do lápis e do papel
utilizados pela mãe para executar seu gesto. Que relação de semelhança ela estabelece nessas metáforas?
______________________________________________________________________________________________________________
5. No trecho “Aquele gesto de movimento-grafia era uma simpatia para chamar o sol.”, com que sentido foi usada a palavra em destaque?
_______________________________________________________________________________________________________________
6. A que se refere o período final do primeiro parágrafo: “Fazia-se a estrela no chão.”?
_______________________________________________________________________________________________________________
7. No início do 2º parágrafo, a narradora afirma que “Do tempo/espaço aprendi, desde criança, a colher palavras.” Com que sentido ela usa
o verbo “colher” para se referir à sua aprendizagem de palavras?
_______________________________________________________________________________________________________________
8. Transcreva do texto o trecho que nos permite perceber que a narradora vem de uma família humilde, pobre de recursos materiais.
_______________________________________________________________________________________________________________
9. O que, neste trecho, nos permite entender que se tratava de uma família rica em bens culturais?
_______________________________________________________________________________________________________________
10.Releia a parte final do 2.º parágrafo e explique o motivo pelo qual a narradora diz que cresceu possuída pela oralidade:
_______________________________________________________________________________________________________________
11. Explique o uso da palavra “DEPOIMENTO” para dar título ao texto:
______________________________________________________________________________________________________________
LÍNGUA PORTUGUESA – 8.° ANO 5
 Observe o período final do texto:
“Evidentemente, isso é uma fantasia de escritor, que é para isso que os 
escritores servem, mas, ao mesmo tempo, poderia ser uma filosofia de vida.”
a) A que se refere o termo “isso”, em destaque? 
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
Da estátua à pedra
José Saramago
Digo às vezes que não concebo nada tão exemplar como irmos pela vida
levando pela mão a criança que fomos, imaginar que cada um de nós teria de
ser sempre dois, que fôssemos dois pela rua, dois tomando decisões, dois
diante das diversas circunstâncias que nos rodeiam e provocamos. Todos
iríamos pela mão de um ser de sete ou oito anos, nós mesmos, que nos
observaria o tempo todo e a quem não poderíamos defraudar. Por isso é que eu
digo: “Deixa-te levar pela criança que foste.” Se fôssemos pela vida dessa
maneira,talvez não cometêssemos certas deslealdades ou traições porque a
criança que nós fomos nos puxaria pela manga e diria: “Não faças isso.”
Evidentemente, isso é uma fantasia de escritor, que é para isso que os
escritores servem, mas ao mesmo tempo poderia ser uma filosofia de vida.
SARAMAGO, José. Da estátua à pedra. Belém: UFPA, 2013. (trecho adaptado)
Glossário:
concebo – formo uma ideia, penso; compreendo, entendo;
defraudar – fraudar, enganar, lograr a confiança.
 Observe os dois trechos que aparecem entre aspas.
Que função tem a presença dessas aspas, nos
trechos?
________________________________________________
________________________________________________
________________________________________________
________________________________________________
________________________________________________
 Observe a palavra “dois”, repetida na 3.ª linha. A
quem ela se refere?
___________________________________________
___________________________________________
___________________________________________
___________________________________________
b) Na opinião do autor, para que servem os escritores?
____________________________________________
c) O que significa a expressão “uma filosofia de vida”,
como aparece no final do texto?
_____________________________________________
_____________________________________________
_____________________________________________
Você está agindo como criança! Quantas vezes já ouvimos e ainda vamos ouvir essa frase ao longo da vida, dita de forma negativa, como
censura, para dizerem que estamos agindo de forma insensata, imatura... No texto a seguir, o autor desenvolve uma opinião diferente e vê a
criança dentro de nós de forma positiva.
LÍNGUA PORTUGUESA – 8.° ANO 6
1. Releia o texto “Da estátua à pedra” e tente identificar as circunstâncias indicadas pelos termos destacados: 
Da estátua à pedra (trecho adaptado)
Digo às vezes que não concebo nada tão exemplar como irmos pela vida levando pela mão a criança que fomos, imaginar que cada
um de nós teria de ser sempre dois, que fôssemos dois pela rua, dois tomando decisões, dois diante das diversas circunstâncias que nos
rodeiam e provocamos. Todos iríamos pela mão de um ser de sete ou oito anos, nós mesmos, que nos observaria o tempo todo e a quem
não poderíamos defraudar. Por isso é que eu digo: “Deixa-te levar pela criança que foste.” Se fôssemos pela vida dessa maneira, talvez
não cometêssemos certas deslealdades ou traições porque a criança que nós fomos nos puxaria pela manga e diria: “Não faças isso.”
Evidentemente, isso é uma fantasia de escritor, que é para isso que os escritores servem, mas ao mesmo tempo poderia ser uma filosofia
de vida.
SARAMAGO, José. Da estátua à pedra. Belém: UFPA, 2013.
O VALOR DOS ELEMENTOS DE COESÃO (I) 
2. Observe, no 1.º período do texto, como as vírgulas vão coordenando ideias, ações que se sucedem, que se somam:
“Digo às vezes que não concebo nada tão exemplar como irmos pela vida levando pela mão a criança que fomos, imaginar que cada um
de nós teria de ser sempre dois, que fôssemos dois pela rua, dois tomando decisões, dois diante das diversas circunstâncias que nos
rodeiam e provocamos.”
a) Que função exercem as vírgulas e o vocábulo “e” neste 1.º período?
______________________________________________________________________________________________________________
___________, _______________, ___________, _______________, _____________,
______________, _______________, ___________, ____________, ___________ e 
___________. 
COESÃO é a conexão, a ligação que se percebe entre as partes de um texto. Percebemos a coesão quando lemos um texto e
verificamos que as palavras, as frases e os parágrafos estão entrelaçados, um dando continuidade ao outro. Os elementos de coesão
são, muitas vezes, palavras ou sinais que estabelecem relações de continuidade entre frases, orações, períodos e parágrafos de um texto,
indicando circunstâncias, referências, substituições. O entendimento e o uso adequado dos elementos de coesão são fundamentais na
construção de sentidos que resultem na coerência do texto como um todo.
Vamos observar como isso acontece em um texto?
LÍNGUA PORTUGUESA – 8.° ANO 7
Bola de meia, bola de gude
Composição de Milton Nascimento e Fernando Brant
Há um menino
Há um moleque
Morando sempre no meu coração
Toda vez que o adulto balança
Ele vem pra me dar a mão
Há um passado no meu presente
Um sol bem quente lá no meu quintal
Toda vez que a bruxa me assombra
O menino me dá a mão
E me fala de coisas bonitas
Que eu acredito
Que não deixarão de existir
Amizade, palavra, respeito
Caráter, bondade, alegria e amor
[...]
Bola de meia, bola de gude
O solidário não quer solidão
Toda vez que a tristeza me alcança
O menino me dá a mão
Há um menino
Há um moleque
Morando sempre no meu coração
Toda vez que o adulto fraqueja
Ele vem pra me dar a mão
http://www.vagalume.com.br/milton-nascimento/bola-de-
meia-bola-de-gude.html
... em voz alta e, se der, no ritmo da canção.
1. O texto ao lado é uma letra de canção, construída em versos e estrofes, como em um
poema. Você percebe que há uma semelhança de TEMA com o texto em prosa lido
anteriormente? Que TEMA seria comum aos dois textos?
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
2. No texto em prosa, “Da estátua à pedra” (lido anteriormente), a criança, que o autor
imagina que deveria haver em nós, viria em nosso auxílio quando, por exemplo,
estivéssemos prestes a ter uma atitude errada, a cometer uma deslealdade.
Ao longo da letra dessa canção, percebem-se situações em que um menino, a “criança
em nós”, viria em auxílio, viria “dar a mão” ao eu poético adulto.
Com suas palavras, diga que situações são essas:
Na 1.ª estrofe
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
Na 2.ª estrofe
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
Na 4.ª estrofe
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
Na 5.ª estrofe
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
LÍNGUA PORTUGUESA – 8.° ANO 8
Arte de ser criança
Frei Betto
No jardim de infância, em Belo Horizonte, nossas tarefas consistiam em sonhar, imaginar, colorir, desenhar, moldar em argila estranhas
figuras, empilhar cubos de madeira que, sobrepostos, se transformavam em casas, pontes, prédios, castelos. Dispostos em linha reta, viravam
ferrovias, carruagens, estradas. Em círculos, viravam arenas circenses, represas ou lagos.
Esse entrelaçar de tato, visão e imaginação organizava meu mundo interior. Bastavam uns poucos apetrechos para meus sentimentos
encontrarem expressão nos objetos manipulados ou nas linhas de meus desenhos. [...] Os pássaros falam linguagens que só eles entendem;
dragões, bruxas e duendes, que povoavam o meu imaginário, não eram pessoas como meus pais, nem coisas como os paralelepípedos que
calçavam as ruas, e sim entidades espirituais [...] com as quais mantinha relações de temor, reverência e fascínio.
O melhor da infância é o mistério.
Os adultos devem manter-se à distância quando a criança se encontra mergulhada em seu universo onírico. Se um adulto interfere,
quebra-se o encanto.
Privar a criança do mergulho no mistério é amputá-la da infância. É mutilar o ser criança, para apressar, de modo cruel, a irrupção
irreversível do adulto.
FREI BETTO. Revista O GLOBO, 11 de novembro de 2012. 
Glossário:
manipulados – manuseados, manejados; movimentados ou feitos, preparados com a(s) mão(s);
onírico – relativo a sonhos;
amputá-la – cortá-la, eliminá-la (ver “mutilar”a seguir);
1. Nos dois primeiros parágrafos, o autor nos fala do passado, de um momento de sua infância.
a) Onde ele localiza esse momento? ____________________________________________________________________________________
b) Que termos dos parágrafos indicam que se fala do passado?_______________________________________________________________
2. Transcreva do texto o trecho que expressa uma OPINIÃO sobre o que seria o melhor do “ser criança”:
___________________________________________________________________________________________________________________
3. Nos três últimos parágrafos, o autor passa a falar do presente. Que termos indicam essa mudança? ________________________________
4. Observando os dois últimos parágrafos, percebemos que a FINALIDADE do texto é _____________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________________
mutilar – privar, cortar, eliminar, separar, truncar... (ver “amputá-la”);
irreversível – o que não se pode reverter, voltar atrás; o que não tem volta.
LÍNGUA PORTUGUESA – 8.° ANO 9
Vamos retomar aqui um período do texto anterior: “Os adultos devem manter-se à distância quando a
criança se encontra mergulhada em seu universo onírico.”. Nesse período, o elemento de coesão quando
indica uma circunstância de tempo (ou temporal).
1. Observe, a seguir, variações em que o uso de outros elementos de coesão muda o sentido do período e
diga que circunstância indica o elemento que substitui o “quando”, em cada variação:
a) Os adultos devem manter-se à distância, uma vez que a criança se encontra mergulhada em seu
universo onírico: ____________________.
b) Os adultos devem manter-se à distância, para a criança mergulhar em seu universo onírico:
____________________.
c) Os adultos devem manter-se à distância , à medida que a criança mergulha em seu universo onírico:
__________________________.
d) A criança se encontra mergulhada em seu universo onírico, portanto os adultos devem manter-se à
distância: _______________________________.
O VALOR DOS ELEMENTOS DE COESÃO (II)
“O melhor da infância é o mistério.” 
Nas charges, as crianças que inventam o brinquedo para se “comunicarem à distância” ou a que brinca com a pipa 
estariam mais “equipadas” para o melhor da infância, ou seja, para o mistério e o encantamento do mundo de sonhos 
e imaginação, próprios da infância, do que as que “brincam” com seus aparelhos eletrônicos? Vale uma Roda de 
Conversa! 
Releia o texto de Frei Betto e 
as charges ao lado. Pense na 
relação que se pode 
estabelecer entre os textos. A 
sugestão é que debata o 
assunto com os seus colegas, 
em uma Roda de Conversa 
organizada e coordenada 
pelo(a) Professor(a). 
Ao lado, uma sugestão para 
dar início à conversa. 
agendaw
hite.com
.br
Cândido Portinari –
Meninos soltando pipa
.........................................................................................................................................
OBSERVE, a seguir, como as charges, mesmo com diferentes linguagem e estrutura, podem ser consideradas crônicas do cotidiano .
A FINALIDADE maior de uma charge é a de fazer uma crítica a comportamentos, atitudes, enfim, a situações que ocorrem no dia a dia da sociedade. 
LÍNGUA PORTUGUESA – 8.° ANO 10
SOU UMA CRIANÇA, NÃO ENTENDO NADA
Erasmo Carlos, baseado em poema de Giuseppe Ghiaroni
Antigamente quando eu me excedia
Ou fazia alguma coisa errada
Naturalmente minha mãe dizia
"Ele é uma criança, não entende nada"
Por dentro eu ria satisfeito e mudo
Eu era um homem e entendia tudo
Hoje só, com meus problemas
Rezo muito, mas eu não me iludo
Sempre me dizem quando fico sério
"Ele é um homem e entende tudo"
Por dentro com a alma atarantada
Sou uma criança, não entendo nada
PONTOS DE VISTA
Giuseppe Ghiaroni
Na minha infância, quando eu me excedia,
quando eu fazia alguma coisa errada,
se alguém ralhava, minha mãe dizia:
– Ele é criança, não entende nada!
Por dentro, eu ria satisfeito e mudo.
Eu era um homem, entendia tudo.
Hoje que escrevo histórias e poemas
e pareço ter tido algum estudo,
dizem quando me veem com meus problemas:
– Ele é um homem, ele entende tudo!
Por dentro, alma confusa e atarantada,
eu sou uma criança, não entendo nada!
http://www.escritas.org/pt/t/6183/pontos-de-vista
Leia, agora, um poema que também tem, como assunto
principal, o “ser criança” e o “ser adulto”, só que tratado de
modo diferente.
O poema é estruturado em duas estrofes, com seis versos cada uma:
1. Na 1.ª estrofe
a) O eu poético fala, no passado, lembrando seu tempo de criança. Além do
uso de formas verbais do passado (pretérito), que expressão, na estrofe,
indica que o eu poético fala do seu passado?
_____________________________________________________________
b) Que circunstância os elementos de coesão “quando” e “se” indicam?
_____________________________________________________________
c) Transcreva o verso que contém uma OPINIÃO em discurso direto:
_____________________________________________________________
2. Na 2.ª estrofe
a) O eu poético fala do seu tempo presente. Além das formas verbais do
tempo presente, que outra palavra indica isso? _______________________
b) Que circunstâncias indicam os elementos de coesão “e” e “quando”?
___________________________ e ______________________________.
c) Reescreva os versos 9 e 10, transformando o discurso direto em indireto:
_____________________________________________________________
_____________________________________________________________
3. No título
De acordo com o contexto, comente o título “Pontos de vista” dado ao
poema:
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
Ouça a canção em 
https://www.youtube.com/watch?
v=wE03bMygbjQ
Observe a letra de canção adaptada, compare
com o poema e converse com os colegas sobre as
semelhanças e diferenças entre os textos.
O poema acima foi adaptado e musicado. Vamos ler, se 
possível cantando junto com os colegas, a letra da canção?
LÍNGUA PORTUGUESA – 8.° ANO 11
Habilidade de leitura – A informação implícita em um texto 
A charge ao lado foi apresentada para leitura no caderno anterior (1º bimestre). Você
deve lembrar que aprendeu tratar-se de um texto estruturado em linguagem mista,
combinando elementos das linguagens verbal e não verbal. A leitura dessa
combinação de elementos nos permitiu deduzir que o menino oferece seu
equipamento (smartphone) porque não vivenciou a experiência de criar seus próprios
brinquedos. Logo, não entende o brinquedo dos outros dois, não entende o sentido da
brincadeira. Essa informação está implícita na charge.
É uma habilidade de leitura importante a de deduzir o que não aparece explícito, ou seja, expresso claramente no texto, mas que os
elementos presentes permitem deduzir: o implícito do texto.
Vamos exercitar um pouco mais esta habilidade? 
O GLOBO. Segundo Caderno. Sexta-feira, 17.5.2013.
1. Pela leitura da tirinha como um todo, pode-se deduzir que,
na opinião do personagem, a forma mais sólida e verdadeira de
amor é o amor por si mesmo. Que palavra da tirinha permite
deduzir isto?
___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________
O GLOBO. Segundo Caderno. Domingo, 17/3/2013.
2. As marcas das linguagens verbal e não verbal, na
sequência dos quadrinhos, nos permitem entender que a
personagem Gloss sai frustrada porque __________________
___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________
LÍNGUA PORTUGUESA – 8.° ANO 12
O surdoO médico atende o paciente, idoso e milionário, que estava usando
um revolucionário aparelho de audição, e pergunta ao velhinho:
– E aí, seu Almeida, está gostando do aparelho?
– É muito bom.
– E a família gostou? – pergunta o médico.
– Não contei para ninguém ainda, mas já mudei meu testamento
três vezes.
http://almanaqueportugues.com
3. Na anedota lida, o traço de humor está em uma informação
implícita. Observe as informações explícitas do texto e deduza
por que seu Almeida não contou à família sobre o aparelho de
audição que estava usando e mudou três vezes seu testamento.
Escreva abaixo o que você deduziu.
______________________________________________________
______________________________________________________
______________________________________________________
______________________________________________________
4. O garoto da tirinha é o Calvin. Pelas marcas da linguagem verbal e não verbal do
texto, podemos perceber que Calvin é um menino que está irritado e que deve ser
desorganizado, pois acha estranho que alguém guarde sua jaqueta em um armário.
a) O que, no texto, nos permite deduzir que Calvin deve ser desorganizado?
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
b) Que marcas no texto nos permitem perceber que Calvin está irritado?
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
5. As ANEDOTAS, assim como as TIRINHAS, são textos narrativos que provocam ou
procuram provocar um efeito de humor. A FINALIDADE maior dessas narrativas é a
de ____________________________________________________________________
WATTERSON, Bill. O mundo é mágico: as aventuras de
Calvin&Haroldo. São Paulo: Conrad Editora do Brasil, 2007. 
CALVIN
recantodasletras.com
.br
“Escrever é o modo de quem tem a palavra como 
isca: a palavra pescando o que não é palavra. 
Quando essa não palavra – a entrelinha – morde a 
isca, alguma coisa se escreveu.” 
(Clarice Lispector, em Água viva.)
acritica.uol.com
.br
LÍNGUA PORTUGUESA – 8.° ANO 13
Revendo habilidades de leitura: a relação de causa e consequência
“Nada acontece por acaso.”
Você já deve ter ouvido e lido muitas vezes a frase apresentada acima.
Concorda com ela?
Concordemos ou não, acreditemos ou não na força do acaso, com uma coisa temos de concordar: nada acontece sem uma causa, sem
motivação.
Veja essa outra frase: “O encontro entre eles se deu por acaso.”
Entendemos que foi por acaso, uma vez que eles não marcaram o encontro, nem sabiam que estariam um e outro naquela
rua, que parariam em esquinas opostas, esperando o sinal para atravessar, cada qual para o seu lado, e que, no meio da
travessia... o encontro “casual”.
“O encontro entre eles se deu por acaso.” 
Está dito... foi assim que nos contaram! O encontro se deu e foi por força do acaso. Por acaso, algo aconteceu. Entenda o acaso como uma
sequência de fatos: virem em direções opostas na calçada de uma mesma rua, o sinal fechar para eles, pararem em esquinas opostas,
olharem-se na travessia...
O que aconteceu? O encontro. CONSEQUÊNCIA
O que o motivou, o que causou aquele encontro? O acaso, a força do acaso. CAUSA
O encontro, ocorrido por força do acaso, pode vir a se tornar a causa de uma ou de uma rede de consequências futuras, mas aí... serão
outras partes da mesma história, não é mesmo?
gsm
fans.org
Nas páginas seguintes, você lerá dois textos de base narrativa, nos quais poderá
observar bem essa relação de causa e efeito, ou melhor, de causa e consequência.
LÍNGUA PORTUGUESA – 8.° ANO 14
Aquecimento global
As causas apontadas pelos cientistas para justificar o fenômeno do
aquecimento global podem ser naturais ou provocadas pelo homem.
Contudo, cada vez mais as pesquisas nesta área apontam o homem como o
principal responsável.
Fatores como a grande concentração de agentes poluentes na atmosfera
contribuem para um aumento bastante significativo do efeito estufa.
No efeito estufa a radiação solar é normalmente devolvida pela Terra ao
espaço em forma de radiação de calor; parte dela, contudo, é absorvida
pela atmosfera, e esta envia quase o dobro da energia retida à superfície
terrestre. Este efeito é responsável pelas formas de vida de nosso planeta.
Entretanto, os agentes poluentes, presentes na atmosfera, o intensificam,
ocasionando um aumento de temperatura bem acima do “normal”.
O fator que evidenciou este aquecimento foi a investigação das medidas
de temperatura em todo o planeta desde 1860. Alguns estudos mostram
ser possível que a variação em irradiação solar tenha contribuído,
significativamente, para o aquecimento global ocorrido entre 1900 e 2000.
Dados recebidos de satélite indicam uma diminuição de 10% em áreas
cobertas por neve desde os anos 60. A região da cobertura de gelo no
hemisfério norte, na primavera e verão, também diminuiu em cerca de 10%
a 15% desde 1950. O degelo dos polos é uma das consequências do
aquecimento global.
Estudos recentes mostraram que a maior intensidade das tempestades
ocorridas estava relacionada com o aumento da temperatura da superfície
da faixa tropical do Atlântico. Esses fatores foram responsáveis, em grande
parte, pela violenta temporada de furacões registrada nos Estados Unidos,
México e países do Caribe.
O Protocolo de Kyoto visa à redução da emissão de gases que promovem
o aumento do efeito estufa.
http://www.todabiologia.com/ecologia/aquecimento_global.htm
Você sabe o que é o Protocolo de Kyoto? Pesquise e 
proponha uma conversa sobre o assunto, com os seus colegas 
e com seu(sua) Professor(a).
ESPAÇO PES UISA
4. Do 4.º parágrafo, transcreva
causa possível: __________________________________________
consequência possível: ___________________________________
_______________________________________________________
5. Observe o 5.º e o 6.º parágrafos e determine como CAUSA ou
como CONSEQUÊNCIA os seguintes fatores:
I. diminuição de 10% em áreas cobertas por neve desde os anos 60:
________________________
II. aquecimento global - __________________________
III. degelo dos polos - _______________________________
IV. maior intensidade de tempestades - _____________________
V. aumento da temperatura da superfície da faixa tropical do
Atlântico. - ___________________________
VI. violenta temporada de furacões - _________________________
O texto tem como TEMA (ou assunto principal) as causas e
consequências do aquecimento global. Sua FINALIDADE é
_______________________________________________________
1. Identifique nos parágrafos, ao longo do texto, o agente principal 
das causas que resultam no aquecimento global (consequência): 
_______________________________________________________
2. No 2.º parágrafo, aponte o que é
CAUSA: ________________________________________________
CONSEQUÊNCIA: _______________________________________
3. Relacione o 1.º parágrafo ao 3.º e aponte
CAUSA NATURAL CONSEQUÊNCIA
_______________________ ____________________________
CAUSA PROVOCADA PELO HOMEM CONSEQUÊNCIA
________________________ __________________________
________________________ __________________________
LÍNGUA PORTUGUESA – 8.° ANO 15
AS PÉROLAS
Dentro do pacote de açúcar, Renata encontrou uma pérola. A pérola era evidentemente para Renata, que
sempre desejou possuir um colar de pérolas, mas sua profissão de doceira não dava para isso.
– Agora vou esperar que cheguem as outras pérolas – disse Renata, confiante. E ativou a fabricação de
doces, para esvaziar mais pacotes de açúcar.
Os clientes queixavam-se de que os doces de Renata estavam demasiado doces, e muitos devolviam as
encomendas. Por que não aparecia outra pérola? Renata deixou de ser doceira qualificada, e ultimamente só fazia
arroz-doce. Envelheceu.
A menina que provou o arroz-doce, aquele dia, quase já ia quebrando um dente, ao mastigar um pedaço
encaroçado. O caroço era uma pérola. A mãe não quis devolvê-la a Renata, e disse:– Quem sabe se não aparecerão outras, e eu farei com elas um colar de pérolas? Vou encomendar arroz-
doce toda semana.
ANDRADE, Carlos Drummond de. Rick e a girafa. São Paulo: Ática, 2007.
Glossário:
qualificada – competente.
1. Que trechos do 1.º e do 2.º parágrafos indicam que Renata acreditava no destino e na sorte?
____________________________________________________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________________________________________________
2. De acordo com o 2.º e o 3.º parágrafos, 
a) o que fez os doces de Renata ficarem doces demais (CAUSA IMEDIATA)? 
____________________________________________________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________________________________________________
b) que CONSEQUÊNCIAS isso teve para a doceira Renata? 
____________________________________________________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________________________________________________
Leia, a seguir, a pérola de imaginação que é esse pequeno conto de Carlos Drummond de Andrade:
LÍNGUA PORTUGUESA – 8.° ANO 16
O VALOR DOS ELEMENTOS DE COESÃO (III) 
gsm
fans.org
Bem, voltemos agora àquele “encontro casual”, ocorrido numa travessia de rua.
Imaginemos algumas CIRCUNSTÂNCIAS, que você tentará identificar. Imaginemos, por exemplo, que
“Se o encontro casual não tivesse ocorrido, aqueles dois talvez nem tivessem se conhecido.”
Que CONDIÇÃO se estabeleceu para eles terem se conhecido? ____________________________________
Que termo, na frase acima, indica essa condição? ______________
A frase afirma que eles não teriam se conhecido ou expressa uma dúvida? _________________________
Que termo indica que se expressa uma dúvida ? _________________
Acho que nada acontece por acaso, sabe? Que no fundo as coisas têm seu plano secreto, 
embora nós não entendamos. 
(Carlos Ruiz Zafón) 
3. PRODUÇÃO DE TEXTO 
Agora, imagine e escreva um parágrafo final, um desfecho que contenha as consequências da atitude da mãe da menina para si
mesma, para sua filha e para Renata.
_______________________________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________________________
Já ocorreu algum encontro casual em sua vida? Conhece 
algum? Que tal uma Roda de conversa?
LÍNGUA PORTUGUESA – 8.° ANO 17
Multirio
Voltemos à crônica do dia a dia – No caderno do 1.º bimestre, enfocamos o gênero textual “CRÔNICA”. Vale lembrar alguns
aspectos, um pouco antes de ler o texto a seguir (uma crônica). A crônica tem, como traços marcantes, o olhar para o cotidiano e a
linguagem informal. A vivência do cronista e suas observações sobre a vida, sobre fatos banais do dia a dia são assuntos de uma
crônica, escrita como se o cronista conversasse, contasse um caso ao leitor. Leia a crônica a seguir. Observe que o narrador é
personagem da cena que narra (uma situação cotidiana) e fala de todos nós, a partir da observação do comportamento do outro.
RECORDAÇÃO
Antonio Prata
"Hoje a gente ia fazer 25 anos de casado", ele disse, me olhando pelo retrovisor. Fiquei sem reação: tinha pegado o táxi na Nove de
Julho, o trânsito estava ruim, levamos meia hora para percorrer a Faria Lima e chegar à rua dos Pinheiros, tudo no mais asséptico
silêncio, aí, então, ele me encara pelo espelhinho e, como se fosse a continuação de uma longa conversa, solta essa: "Hoje a gente ia
fazer 25 anos de casado".
Meu espanto, contudo, não durou muito, pois ele logo emendou: "Nunca vou esquecer: 1º de junho de 1988. A gente se conheceu
num barzinho, lá em Santos, e dali pra frente nunca ficou um dia sem se falar! Até que cinco anos atrás... Fazer o que, né? Se Deus
quis assim...".
Houve um breve silêncio, enquanto ultrapassávamos um caminhão de lixo e consegui encaixar um "Sinto muito". "Obrigado. No
começo foi complicado, agora tô me acostumando. Mas sabe que que é mais difícil? Não ter foto dela." "Cê não tem nenhuma?" "Não,
tenho foto, sim, eu até fiz um álbum, mas não tem foto dela fazendo as coisas dela, entendeu? Que nem: tem ela no casamento da
nossa mais velha, toda arrumada. Mas ela não era daquele jeito, com penteado, com vestido. Sabe o jeito que eu mais lembro dela?
De avental. Só que toda vez que tinha almoço lá em casa, festa e alguém aparecia com uma câmera na cozinha, ela tirava correndo o
avental, ia arrumar o cabelo, até ficar de um jeito que não era ela. Tenho pensado muito nisso aí, das fotos, falo com os passageiros e
tal e descobri que é assim, é do ser humano, mesmo. A pessoa, olha só, a pessoa trabalha todo dia numa firma, vamos dizer, todo dia
ela vai lá e nunca tira uma foto da portaria, do bebedor, do banheiro, desses lugares que ela fica o tempo inteiro. Aí, num fim de
semana ela vai pra uma praia qualquer, leva a câmera, o celular e tchuf, tchuf, tchuf. Não faz sentido, pra que que a pessoa quer
gravar as coisas que não são da vida dela e as coisas que são, não? Tá acompanhando? Não tenho uma foto da minha esposa no
sofá, assistindo novela, mas tem uma dela no jet ski do meu cunhado, lá na Guarapiranga. Entro aqui na Joaquim?” "Isso.”
Glossário:
asséptico: preservado de contaminação ou imune ao que possa causar contaminação: limpo, puro.
Continua...
LÍNGUA PORTUGUESA – 8.° ANO 18
Antes de continuar a leitura, imagine, a partir do que já leu, como terminará a conversa, como
terminará a história da foto da esposa que o personagem queria ter, como terminará essa viagem?
A crônica continua na próxima página. Mas, antes, vamos estudar o que lemos até aqui:
1. O que o título permite antecipar sobre o tema da crônica?
___________________________________________________________________________________________________________________
2. Que função exercem as aspas em trechos ao longo de toda a crônica?
___________________________________________________________________________________________________________________
3. Quem são os personagens da crônica? Transcreva do primeiro parágrafo o trecho que nos permite reconhecer quem são:
___________________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________________
4. No primeiro trecho da crônica “Hoje a gente ia fazer 25 anos de casado”, percebe-se que algo aconteceu no casamento do personagem que
o impediu que completasse 25 anos de casado. Transcreva do trecho a expressão que indica que houve um impedimento para algo acontecer:
___________________________________________________________________________________________________________________
5. De acordo com o 2.º parágrafo, quantos anos de casado o personagem completou? ____________________________________________
6. Na sua opinião, o que teria acontecido há cinco anos e que causou a interrupção da vida de casado do personagem? Justifique sua opinião
com um trecho do 2.º parágrafo:___________________________________________________________________________________________________________________
7. De acordo com o 3.º parágrafo, que tipo de objeto de recordação o personagem não tinha, mas gostaria de ter?
___________________________________________________________________________________________________________________
8. Transcreva a fala em que o narrador-personagem começa a mostrar interesse pela história do outro:
___________________________________________________________________________________________________________________
9. Localize e transcreva do 3.º parágrafo a expressão que inicia uma explicação através de um exemplo e que tem o mesmo significado de
“Por exemplo:”: ______________________________________________________________________________________________________
10) Observe o trecho final do parágrafo: “Entro aqui na Joaquim?” "Isso.” A que se refere a palavra em destaque? Com que significado foi
usada a palavra “Isso”? _______________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________________
LÍNGUA PORTUGUESA – 8.° ANO 19
Continuação e conclusão da crônica
"Ano passado me deu uma agonia, uma saudade, peguei o álbum, só tinha aqueles retratos de casório, de viagem, do jet ski, sabe o que
eu fiz? Fui pra Santos. Sei lá, quis voltar naquele bar." "E aí?!" "Aí que o bar tinha fechado em 94, mas o proprietário, um senhor de idade,
ainda morava no imóvel. Eu expliquei a minha história, ele falou: 'Entra'. Foi lá num armário, trouxe uma caixa de sapatos e disse: 'É tudo foto
do bar, pode escolher uma, leva de recordação'."
Paramos num farol. Ele tirou a carteira do bolso, pegou a foto e me deu: umas 50 pessoas pelas mesas, mais umas tantas no balcão.
"Olha a data aí no cantinho, embaixo." "Primeiro de junho de 1988?" "Pois é. Quando eu peguei essa foto e vi a data, nem acreditei, corri o
olho pelas mesas, vendo se achava nós aí no meio, mas não. Todo dia eu olho essa foto e fico danado, pensando: será que a gente ainda vai
chegar ou será que a gente já foi embora? Vou morrer com essa dúvida. De qualquer forma, taí o testemunho: foi nesse lugar, nesse dia, tá
fazendo 25 anos, hoje. Ali do lado da banca, tá bom pra você?“
PRATA, Antonio. Trinta e poucos. São Paulo. Companhia das Letras, 2016. 
Continue a leitura da crônica e confira se você imaginou algo parecido ou se o clímax e o desfecho da crônica o surpreenderam:
11. De acordo com o 4º parágrafo da crônica (1º, no trecho acima), a que bar o personagem se refere quando diz “Sei lá, quis voltar naquele 
bar.” ? ___________________________________________________________________________________________________________
12. Que sentimentos o levaram a voltar ao local, depois de tanto tempo? 
_________________________________________________________________________________________________________________
13. Observe que o parágrafo final começa com o trecho: “Paramos num farol.” 
a) Quem está dizendo a frase? ________________________________________________________________________________________
b) A quem ele se refere quando diz “Paramos”? ___________________________________________________________________________
c) A que se refere a palavra “farol”, bem característica do modo de falar de pessoas de São Paulo? _________________________________ 
14. O que retratava a foto que o personagem mostrou ao narrador? __________________________________________________________
15. O que havia de especial na foto, que fez o personagem levá-la como recordação? ___________________________________________
16. No trecho “corri o olho pelas mesas, vendo se achava nós aí no meio, mas não.”, que marca bem o modo de falar do personagem,
a) com que significado ele usa a expressão “corri o olho”? __________________________________________________________________
b) a quem ele se refere quando diz “nós”? _______________________________________________________________________________
17. O personagem diz “Vou morrer com essa dúvida.” Explique, com suas palavras, a que dúvida ele se refere? 
_________________________________________________________________________________________________________________ 
18. No desfecho da crônica, a quem o personagem está fazendo a pergunta e que ele trata amigavelmente por “você”? Por que ele faz a 
pergunta? _________________________________________________________________________________________________________
LÍNGUA PORTUGUESA – 8.° ANO 20
FATO E OPINIÃO SOBRE UM FATO
Volte ao 3º parágrafo da crônica e observe o trecho: 
“Tenho pensado muito nisso aí, das fotos, falo com os passageiros e tal e descobri que é assim, é do ser humano, mesmo.” 
a) Que opinião o personagem expressa? _______________________________________________________________________________
b) Sobre que fato ele expressa essa opinião? ____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
Vamos aproveitar a crônica lida para dar atenção especial a algumas outras habilidades de leitura: 
UM POUCO MAIS SOBRE O VALOR DOS ELEMENTOS DE COESÃO
Como já vimos, entre parágrafos, entre períodos ou entre orações de textos que lemos, podemos observar termos (palavras, expressões ou
sinais de pontuação) com a função de fazer a COESÃO (estabelecer relações lógicas) entre as ideias, expressando circunstâncias que as
ligam.
Observe os trechos a seguir, retirados da crônica, e diga que relação se estabelece entre as ideias, em cada um deles:
1. “Até que cinco anos atrás... Fazer o que, né? Se Deus quis assim...".
Que circunstâncias indicam os termos em destaque? _______________________________________________________________________
1. “Não tenho uma foto da minha esposa no sofá, assistindo novela, mas tem uma dela no jet ski do meu cunhado, lá na Guarapiranga. Entro
aqui na Joaquim?” "Isso.” (3º parágrafo)
a) Que circunstâncias indicam, respectivamente, a palavra e a expressão em destaque? _______________________________________
b) Que conexão se pode estabelecer entre o período “Entro aqui na Joaquim” e o que o personagem vinha falando anteriormente?
_________________________________________________________________________________________________________________
2. "Ano passado me deu uma agonia, uma saudade, peguei o álbum, só tinha aqueles retratos de casório, de viagem, do jet ski, sabe o que eu
fiz? Fui pra Santos. Sei lá, quis voltar naquele bar.” (4º parágrafo).
a) Que relação se estabelece entre sentir agonia, saudade, ao perceber que só tinha aqueles tipos de retrato, e o fato de o personagem ir para
Santos e voltar àquele bar? ____________________________________________
b) Que conexão entre as ideias as vírgulas estabelecem no trecho? ____________________________
3. “Todo dia eu olho essa foto e fico danado, pensando: será que a gente ainda vai chegar ou será que a gente já foi embora?”
a) Que circunstâncias indicam, respectivamente, a expressão e as palavras em destaque?
__________________________________________________________________________________________________________________
b) O que indica o uso dos dois pontos (:), no trecho? ______________________________________________________________________
LÍNGUA PORTUGUESA – 8.° ANO 21
EFEITO DE SENTIDO
Os recursos de linguagem utilizados para provocar efeitos de sentido colaboram na construção do sentido do texto como um todo, daí a importância de
perceber suas ocorrências em trechos de um texto.
Ocorrem, por exemplo, através de
uso da pontuação – “E mesmo que voltasse, [...] encontraria vivo aquele ser tão velhinho que mais parecia um antigo morto esquecido de partir?!...” (Lygia
Fagundes Telles)
destaque dado a uma palavra (tipos de letra, negrito, sinais...) – “Na verdade O AMOR É QUÍMICA!” (Profª Liria Alves)
escolha de determinadas palavras ou expressões, explorando seus recursos expressivos (as figurasde linguagem, por exemplo; o uso de uma figura de
linguagem, de palavras no diminutivo ou no aumentativo...) – “Ele bebia um golinho de velhice.” (Guimarães Rosa)
repetições, gradações, variações da forma de palavras ou da estrutura das frases, dos períodos, dos parágrafos... – “Reza reza o rio/córrego pro rio/e o rio
pro mar...” (Caetano Veloso)
1. Observe o seguinte trecho do 1.º parágrafo da crônica:
“Fiquei sem reação: tinha pegado o táxi na Nove de Julho, o trânsito estava ruim, levamos meia hora para percorrer a Faria Lima e chegar à
rua dos Pinheiros, tudo no mais asséptico silêncio, aí, então, ele me encara pelo espelhinho e, como se fosse a continuação de uma longa
conversa, solta essa: "Hoje a gente ia fazer 25 anos de casado".
Na expressão em destaque, o narrador faz uso de uma HIPÉRBOLE (figura de linguagem que expressa exagero, lembra?), levando-se em
conta o significado da palavra “asséptico”. Que efeito de sentido tem o uso desse recurso expressivo no trecho?
___________________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________________
2. Observe, no 2.º parágrafo, o trecho “A gente se conheceu num barzinho, lá em Santos, e dali pra frente nunca ficou um dia sem se falar! Até
que cinco anos atrás... Fazer o que, né? Se Deus quis assim...".
Que efeito de sentido tem, respectivamente, o uso do ponto de exclamação e das reticências (nos dois períodos em que são usadas)?
___________________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________________
3. No 3.º parágrafo, observe o uso da onomatopeia em
“A pessoa, olha só, a pessoa trabalha todo dia numa firma, vamos dizer, todo dia ela vai lá e nunca tira uma foto da portaria, do bebedor, do
banheiro, desses lugares que ela fica o tempo inteiro. Aí, num fim de semana ela vai pra uma praia qualquer, leva a câmera, o celular e tchuf,
tchuf, tchuf.”
Que feito de sentido tem o uso repetido da onomatopeia em destaque?
___________________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________________
LÍNGUA PORTUGUESA – 8.° ANO 22
4. Observe, agora, a sequência de quadrinhos da tirinha abaixo. Que efeito de sentido tem a mudança do tipo de letra no 2.º quadrinho? E 
que efeito tem o destaque dado aos vocábulos IR e GRITAR no 3.º quadrinho? 
________________________________________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________________________________________
PRODUÇÃO DE TEXTO
Dê asas à imaginação, que agora você vai ser o(a) 
cronista! 
Na crônica “Recordação”, lemos sobre o sentimento de perda em um
personagem e sobre sua necessidade de ter uma foto que lembre um
“momento de vida” de sua esposa. As crônicas são assim, retratam
cenas de vida cotidiana, no caso um sentimento de perda revelado ao
cronista em uma corrida de táxi. Uma fotografia, por exemplo, que é a
recordação, o objeto a que se refere o título da crônica, pode servir
como tema para se escrever uma crônica.
Observe a fotografia ao lado e, a partir do que mais lhe chamar
atenção nela, imagine uma história que você vai nos contar em forma
de crônica. Planeje, escreva, revise, reescreva, até chegar à forma
final de sua crônica, que você vai transcrever em uma folha à parte
deste Caderno.
Não se esqueça de dar um título à sua crônica! 
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ensagenscom
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LÍNGUA PORTUGUESA – 8.° ANO 23
"Hoje a gente ia fazer 25 anos de casado“. - 1º parágrafo
“(...) dali pra frente nunca ficou um dia sem se falar! – 2.º parágrafo
“Não faz sentido, (...)” - 3.º parágrafo
“Mas ela não era daquele jeito, com penteado, com vestido. “ – 3.º parágrafo
"Ano passado me deu uma agonia, uma saudade, - 4.º parágrafo
(...) será que a gente ainda vai chegar ou será que a gente já foi embora? -
5.º parágrafo
Na crônica Recordação, o personagem diz, a certa altura, que descobriu, falando com passageiros, “que é assim, do ser humano, mesmo”. 
Ele está expressando uma OPINIÃO sobre um FATO: o tipo de foto que as pessoas costumam tirar. 
1. Observe, agora, outros trechos da crônica transcritos no quadro abaixo. Pense sobre cada um deles: expressa um FATO ou uma
OPINIÃO? Depois, preencha a coluna da direita de acordo com o que cada trecho expressa.
FATO ou OPINIÃO? 
recantodasletras.com
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PARA REFLETIR
Emitir opinião sobre um fato envolve mais que liberdade de 
expressão: envolve a responsabilidade sobre o que se diz.
LÍNGUA PORTUGUESA – 8.° ANO 24
FATO X OPINIÃO
Habilidade importante para a leitura crítica de um texto é a de saber distinguir um fato do que seja a opinião sobre um fato. Observe o trecho
de uma possível narrativa:
“Ana refletiu sobre a questão pela primeira vez e considerou que as fotos em redes sociais não são o melhor meio de
conhecer as pessoas.”
O narrador narra um FATO: o fato de Ana ter refletido sobre a questão pela primeira vez e ter chegado a uma consideração sobre as fotos
em redes sociais.
O narrador nos informa a OPINIÃO da personagem, o que ela considera: “as fotos em redes sociais não são o melhor meio de conhecer as
pessoas.”
Se alguém, em um texto, diz, por exemplo, “A bela amiga se alistou na importante expedição de colonização de Marte.”, temos:
 Uma amiga ter se alistado numa expedição: é o FATO que se informa.
 Dizer que a amiga é bela e que a expedição é importante revela, nos dois casos, pontos de vista, OPINIÕES de quem o diz.
Ensinamento 
Adélia Prado
Minha mãe achava estudo
a coisa mais fina do mundo.
Não é.
A coisa mais fina do mundo é o sentimento.
Aquele dia de noite, o pai fazendo serão,
ela falou comigo:
"Coitado, até essa hora no serviço pesado".
Arrumou pão e café, 
deixou tacho no fogo com água quente.
Não me falou em amor.
Essa palavra de luxo.
PRADO, Adélia. Poesia reunida. São Paulo: Arx, 1991. 
1. O estudo ser a coisa mais fina do mundo é um fato ou uma opinião?
____________________________________________________________________
2. Ao revelar o que a mãe achava sobre o estudo, o eu poético está expressando um
fato ou uma opinião?
____________________________________________________________________
3. Que palavra, no verso 1, indica que o eu poético está se referindo a uma opinião,
a um modo de ver de sua mãe?
____________________________________________________________________
4. Em que versos aparecem opiniões do eu poético?
____________________________________________________________________
5. No poema, quais as diferentes opiniões que se contrapõem?
____________________________________________________________________
____________________________________________________________________
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Leia este poema: Agora, observe, no poema Ensinamento, o que expressa FATO e o que expressaOPINIÃO:
LÍNGUA PORTUGUESA – 8.° ANO 25
agencia.ac.gov.br
youtube.com
valeagoraw
eb.com
.br 
g1.globo.com
A ARTE DA CONVIVÊNCIA
Leia as imagens que ilustram fatos que ocorrem no dia a dia de nossa sociedade.
Imagine e escreva, abaixo de cada uma delas, uma pequena legenda adequada ao fato ilustrado. Depois, leia para os seus colegas.
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noticiasdeitauna.com
.br
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A ÉTICA DO DIA A DIA
Pense em situações que ocorrem com tanta frequência no nosso dia a dia, em diferentes momentos de interação
social, que acabam sendo banalizadas, vistas erradamente como “coisas que acontecem”, servindo, assim, como maus
exemplos para você, jovem. Pense em atitudes socialmente ruins, seja entre pessoas ou de pessoas em relação ao
meio ambiente, por exemplo.
Que tal fazer um levantamento dessas situações, junto com seus colegas, 
e discutir o assunto em uma RODA DE CONVERSA, organizada e coordenada pelo(a) Professor(a)? 
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Os pontos importantes sobre a questão em debate podem ser anotados por aluno(a) escolhido(a) pelo(a) Professor(a) 
junto com seus companheiros de turma. Organizado, o texto pode compor um painel afixado em sala de aula, contendo 
fotos ou recortes de revistas e jornais que ilustrem o que seria, para todos, 
“A ÉTICA DO DIA A DIA PARA UMA VIDA MELHOR.”
LÍNGUA PORTUGUESA – 8.° ANO 26
LEITURA E PRODUÇÃO DE TEXTO – O CONTO 
Vamos estudar mais um pouco esse gênero textual narrativo? 
O ENREDO – um fato acontece, em geral, por uma determinada causa e se desenrola, numa rede de causas e consequências,
envolvendo pessoas (personagens) e certas circunstâncias ou condições que as caracterizam. É necessário saber como tudo
aconteceu, a(s) causa(s), as consequência(s )... e saber contar!
As pérolas
Dentro do pacote de açúcar, Renata encontrou uma pérola. A pérola era evidentemente para Renata, que sempre
desejou possuir um colar de pérolas, mas sua profissão de doceira não dava para isso.
– Agora vou esperar que cheguem as outras pérolas – disse Renata, confiante. E ativou a fabricação de doces, para
esvaziar mais pacotes de açúcar.
Os clientes queixavam-se de que os doces de Renata estavam demasiado doces, e muitos devolviam as encomendas.
Por que não aparecia outra pérola? Renata deixou de ser doceira qualificada, e ultimamente só fazia arroz-doce.
Envelheceu.
A menina que provou o arroz-doce, aquele dia, quase já ia quebrando um dente, ao mastigar um pedaço encaroçado. O
caroço era uma pérola. A mãe não quis devolvê-la a Renata, e disse:
– Quem sabe se não aparecerão outras, e eu farei com elas um colar de pérolas? Vou encomendar arroz-doce toda
semana.
ANDRADE, Carlos Drummond de. Rick e a girafa. São Paulo: Ática, 2007.
Glossário:
qualificada - competente
Observe como se constrói o enredo, no pequeno conto de Carlos Drummond de Andrade, já apresentado neste caderno. 
Mais uma vez, se constitui em exemplo significativo:
SITUAÇÃO 
INICIAL
CONFLITO 
GERADOR
CLÍMAX
DESFECHO
TÍTULO
 SITUAÇÃO INICIAL – Renata encontra uma pérola em um pacote de açúcar.
 CONFLITO GERADOR – Renata aumenta a fabricação de doces, para
esvaziar mais pacotes de açúcar, na esperança de encontrar mais pérolas.
 CLÍMAX – A menina encontra uma pérola, ao provar o arroz-doce de
Renata.
 DESFECHO – Na esperança de encontrar outras pérolas, a mãe da menina
resolve encomendar arroz-doce toda semana.
 TÍTULO – Observe que o título é adequado à história que é
narrada.
 NARRADOR – Você percebeu que o narrador não participa da
história? Ele conta uma história que ocorreu com outras pessoas. A
história é, então, contada na 3ª pessoa. É o que chamamos de FOCO
NARRATIVO.
 PERSONAGENS – Renata é a protagonista, personagem principal
do enredo. A menina e a mãe da menina são os personagens
secundários, que também participam do enredo.
OBSERVE, NA ESTRUTURA DO CONTO, OS ELEMENTOS DA NARRATIVA:
LÍNGUA PORTUGUESA – 8.° ANO 27
QUADRO-BASE PARA O PLANEJAMENTO DE UM CONTO
INTRODUÇÃO SITUAÇÃO INICIAL O quê? Quem? Onde? Quando? (Que situação vai se complicar?)
DESENVOLVIMENTO
CONFLITO GERADOR
O fato complicador, que muda a situação inicial.
O quê? Por quê? Como? (Elementos no desenvolvimento do conflito que vão levar ao
clímax da história).
CLÍMAX
O quê? (Que fato, no desenvolvimento do conflito, vai exigir uma decisão, uma 
solução, e preparar o desfecho da história?).
CONCLUSÃO DESFECHO E então... (Como se concluirá a história?).
Para entender mais um pouco o gênero CONTO: o enredo
O enredo – Uma situação inicial que se complica, que gera um conflito; esse conflito atinge um momento de máxima tensão, o clímax, que prepara o
desfecho da história. Em resumo é isso, mas dentro de cada um desses momentos há elementos fundamentais no desenvolvimento da narrativa. Leia,
abaixo, o quadro que seria a base para o planejamento de um conto que se vai escrever.
recantodasletras.com
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Elementos estruturais do conto “As pérolas” PARÁGRAFO 
INTRODUÇÃO
SITUAÇÃO
INICIAL 
DESENVOLVIMENTO
CONFLITO 
GERADOR
CLÍMAX
CONCLUSÃO DESFECHO
Veja como ficaria um quadro com os elementos estruturais do conto lido: 
Renata encontra uma pérola em um pacote de açúcar. 1.º
Renata aumenta a fabricação de doces, para esvaziar mais pacotes de açúcar na 
esperança de encontrar mais pérolas.
2.º
A menina encontra uma pérola, ao provar o arroz-doce de Renata. 4.º
Na esperança de encontrar outras pérolas, a mãe da menina resolve 
encomendar arroz-doce toda semana. 
Parágrafo 
final
LÍNGUA PORTUGUESA – 8.° ANO 28
PARA ENTENDER UM POUCO MAIS O GÊNERO “CONTO”
Há momentos em que temos o coração transbordando de sentimentos. Há horas em que sentimos necessidade de contar a alguém
alguma situação, um fato, uma sensação nossa, um sentimento, uma ideia que nos ocorreu...
Narrar, contar histórias, é a melhor forma de transformar em experiência o que vivemos, 
o que sentimos diante das situações.
Há quem conte oralmente a um amigo ou a um grupo... há quem escreva suas histórias, quem as publique; assim como há ouvintes e
leitores dessas histórias. O que não nos falta é história.
Observe a estrutura e os elementos narrativos deste outro pequeno CONTO de Carlos 
Drummond de Andrade, que nos fala da alegria e da tristeza de um contador de histórias.
Histórias para o Rei
Nunca podia imaginar que fosse tão agradável a função de contar histórias, para a qual fui
nomeado por decreto do Rei. A nomeação colheu-me de surpresa, pois jamais exercitara dotes de
imaginação, e até me exprimo com certa dificuldade verbal. Mas bastou que o Rei confiasse em mim
para que as histórias me jorrassem da boca à maneira de água corrente. Nem carecia inventá-las.
Inventavam-se a si mesmas.
Este prazer durou seis meses. Um dia, a Rainha foi falar ao Rei que eu estava exagerando.
Contava tantas histórias que não havia tempo para apreciá-las, e mesmo para ouvi-las. O Rei, que
julgava minha facúndia uma qualidade, passou a considerá-la um defeito, e ordenou que eu só
contasse meia história por dia, e descansasse aos domingos. Fiquei triste, pois não sabia inventar
meia história. Minha insuficiência desagradou, e fui substituído por um mudo, que narra por meio de
sinais, e arranca os maiores aplausos.
ANDRADE, Carlos Drummond de. Histórias para o Rei. Rio de Janeiro: Record, 1999.
Glossário: 
facúndia - facilidade para falar; abundância em palavras.
TÍTULO
SITUAÇÃO INICIAL
CONFLITO GERADOR
CLÍMAX
DESFECHO
pt.w
ikipedia.org
LÍNGUA PORTUGUESA – 8.° ANO 29
1. O título antecipa para o leitor o que vai ser contado? Leia todo o conto e pense se o título escolhido foi adequado. Converse com os seus 
colegas e com seu(sua) Professor(a).
2. Observe o narrador do conto. Ele está ausente e conta, como observador, algo que aconteceu a outros ou ele participa da história?
____________________________________________________________________________________________________________
3. Em que situação inicial encontramos o personagem principal do conto? 
____________________________________________________________________________________________________________
4. Que complicação ou conflito ocorre para mudar a situação?___________________________________________________________________________________________________________
5. Qual é o clímax, o momento de maior tensão na história? 
___________________________________________________________________________________________________________
6. Além do narrador-personagem, que outros personagens participam da história? 
___________________________________________________________________________________________________________
7. Como se conclui, como se dá o desfecho da história? Que efeito de IRONIA há nesse desfecho? 
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
8. Em determinado momento, o narrador faz uso de ironia sobre o fato de não saber inventar meia história. Transcreva o trecho em que 
ironiza o fato: _____________________________________________________________________________________________________
estadao.com
.br
irdeb.ba.gov.br
flickr.com
9. Releia o trecho: “Mas bastou que o Rei confiasse em mim para que as histórias me jorrassem da boca à maneira de água corrente.”
Que efeito de sentido tem a escolha da palavra destacada? 
_________________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________________
recantodasletras.com
.b
LÍNGUA PORTUGUESA – 8.° ANO 30
Elementos estruturais do conto “Histórias para o Rei” PARÁGRAFO 
INTRODUÇÃO SITUAÇÃO 
INICIAL 
DESENVOLVIMENTO
CONFLITO 
GERADOR
CLÍMAX
CONCLUSÃO DESFECHO
Vamos imaginar como foi planejado o conto, ou seja, como teria sido imaginado antes de ser escrito?
 Foco narrativo – em 1ª pessoa (narrador-personagem).
 Personagem principal e características – o narrador-personagem: um homem comum, a princípio inseguro, pouco dado à imaginação, com dificuldade de se
expressar verbalmente e que precisa sentir que confiam nele.
 Personagens secundários e características – o Rei (um homem que sabe julgar as qualidades alheias e confiar nas pessoas, mas facilmente influenciável pela opinião
alheia); a Rainha (uma mulher forte, influente junto ao marido, ansiosa, com certa dificuldade de atenção, intolerante com o que considera exagero, pois lhe exige
tempo de atenção); o novo contador de histórias, um homem incapacitado de fala, mas com grande capacidade de contar histórias por meio de sinais.
 Título – Histórias para o Rei.
QUADRO-BASE PARA O PLANEJAMENTO DO CONTO
INTRODUÇÃO SITUAÇÃO INICIAL 
O quê? Nomeação do personagem principal como contador de histórias de um reino. 
Quem? O narrador-personagem. Onde? Em um reino não localizado. Quando? No tempo 
dos contos, do “Era uma vez”.
DESENVOLVIMENTO
CONFLITO GERADOR e
DESENVOLVIMENTO DO ENREDO
O quê? A Rainha reclama com o Rei sobre o contador de histórias por ele nomeado. Por 
quê? Acha que ele está exagerando. Como? Conta histórias demais. E então? O Rei, 
influenciado pela Rainha, muda de opinião sobre as qualidades do contador de histórias e 
ordena-lhe que passe a contar apenas meia história por dia, com folga aos domingos.
CLÍMAX O quê? O personagem principal fica triste, pois não sabe imaginar uma meia história, o que desagrada ao Rei. 
CONCLUSÃO DESFECHO O narrador-personagem é substituído por um mudo, que conta histórias por meio de sinais e que agrada muito à plateia. 
PASSO A PASSO PARA A PRODUÇÃO DE UM CONTO
 Agora, com 
base nos 
elementos do 
conto, preencha 
o quadro ao lado: 
criandoriqueza.com
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LÍNGUA PORTUGUESA – 8.° ANO 31
Escritas ou contadas oralmente, muitas histórias saem do mundo da imaginação e ganham vida no mundo mágico e luminoso das narrativas de ficção. Em
geral, há um encadeamento de fatos a partir de uma situação inicial que se complica, se desenvolve e chega a um desfecho. É o que chamamos de
ENREDO – a rede que o narrador cria para ENREDAR, prender o leitor!
Você conhece a história daquela história que nem enredo tinha? Ela é assim, leia! 
JÁ ERA UMA VEZ
Era uma vez uma história bem pobrezinha, tão pobrezinha que não tinha personagens, não tinha começo, não tinha meio, não tinha fim,
nem enredo tinha. E para que serve uma história sem enredo?
A pobre da nossa história andava por aí pedindo:
– Um enredo, pelo amor de Deus!
Mas ninguém dá a mínima atenção a uma história sem enredo.
E a historinha sem enredo passava por grandes histórias, cada uma mais orgulhosa do seu enredo.
Uma era a história de um cavaleiro de armadura que atacava até moinhos de vento.
A historinha olhava e dizia:
– Puxa!, isso é que é enredo. Quem dera eu tivesse um enredo assim!
Outra era a história de um médico que virava monstro e de um monstro que virava médico. Tinha também a história de um rei que tinha
uma távola redonda. Todas as histórias tinham enredo, menos a nossa.
Um dia, nossa história decidiu: “vou sair pelo mundo e vou encontrar um enredo, custe o que custar”.
Assim, nossa história correu mundo, conheceu todos os lugares, viu cidades imensas, ouviu a queixa das pessoas, o som das trombetas e
o barulho dos cascos dos cavalos do rei. Viu bandidos serem enforcados, foi presa, foi solta, foi presa de novo, fugiu.
Assim, os anos se passaram, e assim a nossa história voltou ao ponto de partida. Agora, já era uma velha história, uma história que os
pescadores contavam nas noites de lua, as velhas contavam para as crianças dormir, e as pessoas sonhavam quando queriam esquecer da
vida.
Um dia, nossa história estava para morrer. Então, ela reuniu em sua volta todas as pequenas anedotas da vizinhança, os episódios
mínimos e as piadas sujas e disse:
– Meus amores, antes de partir tenho uma coisa muito importante para contar a vocês, que vai alegrar os homens, fazer as mulheres
chorarem e apavorar as crianças.
Já era quase nada, quando conseguiu dizer:
– Era uma vez uma história bem pobrezinha, tão pobrezinha que não tinha personagens, não tinha começo, não tinha meio, não tinha fim,
nem enredo tinha.
E morreu dizendo:
– Para que serve uma história sem enredo?
LEMINSKI, Paulo. Gozo fabuloso. São Paulo: DBA Artes Gráficas, 2004.
ATENÇÃO! 
Aproveite a leitura para observar o FOCO narrativo e o
modo como o narrador apresenta as falas de seu personagem
(DISCURSO DIRETO), utilizando o recurso dos dois pontos (:),
seguidos por travessões ( – ); como também o recurso da fala
entre aspas.
phoenixproducoes.com
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LÍNGUA PORTUGUESA – 8.° ANO 32
1. Quem é a personagem principal em “Já era uma vez”?
________________________________________________________________________________________________________________
2. O narrador qualifica a personagem como “uma história bem pobrezinha”. Que efeito de sentido tem o uso do vocábulo “bem” antes do
diminutivo “pobrezinha”? E o uso do diminutivo em pobrezinha?
________________________________________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________________________________________
3. No trecho "Era uma vez uma história bem pobrezinha, tão pobrezinha que não tinha personagens”, ocorre uma relação de causa e
consequência. Que termos, no trecho, estabelecem essa relação?
________________________________________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________________________________________
4. Qual era o maior desejo da personagem principal e que ela vivia pedindo aos outros que realizassem?
________________________________________________________________________________________________________________
5. Que outros elementos característicos da narrativa o narrador diz que faltam à personagem,por ela ser “pobre, tão pobrezinha que...
nem enredo tinha”?
________________________________________________________________________________________________________________
6. Por que a história sem enredo encontra dificuldade de que alguém a ouça e atenda a seu pedido?
________________________________________________________________________________________________________________
7. Qual a opinião da personagem sobre o enredo da primeira das “grandes histórias” que ela cita? Transcreva o trecho que justifica sua
resposta.
_______________________________________________________________________________________________________________
8. Na sua aventura de sair pedindo um enredo por aí, a personagem passa por grandes histórias com enredos, segundo o narrador.
Relacione, na primeira coluna do quadro abaixo, cada enredo citado. Tente lembrar ou pesquise para chegar ao título de cada história e
escreva-o, na segunda coluna, ao lado do enredo a que se refere. A tarefa pode ser realizada com a participação de todos os alunos,
coordenada pelo(a) Professor(a).
ENREDO TÍTULO
LÍNGUA PORTUGUESA – 8.° ANO 33
9. No 11.º parágrafo, o narrador conta que “nossa história correu mundo”. Com que sentido ele usa a expressão em 
destaque?
_____________________________________________________________________________________________
10. Pelo que o narrador conta, no 11.º parágrafo, “nossa história”, ao correr mundo, passou por muitas experiências, viveu 
uma grande aventura e, sendo a personagem quem é, entendemos que ela viajou por um mundo especial. Que mundo é 
esse? 
_____________________________________________________________________________________________
11. No parágrafo seguinte (12.º), “nossa história”, depois de “correr mundo”, volta ao “ponto de partida” e “já era uma velha 
história”. Releia, com atenção, o parágrafo, reflita e responda: Dentro do mundo em que a personagem vivia, a que tempo 
ela voltou? 
_____________________________________________________________________________________________
12. Que expressão do início do conto repete-se no final e lembra a tradição oral dos contadores de histórias? 
_____________________________________________________________________________________________
13. Viu só? “Nossa história” acabou ganhando um enredo! Agora, com os elementos da narrativa, complete o quadro:
praler.org
SITUAÇÃO INICIAL
CONFLITO GERADOR
CLÍMAX
DESFECHO
14. Você observou que a fala final da personagem repete a situação inicial da história narrada? Por essa repetição,
podemos entender que a história que não tinha enredo não morreu. Qual foi o destino da “nossa história”?
__________________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________________
recantodasletras.com
.br
m
php.org
falandoem
literatura.com
Que resposta você daria à pergunta que “nossa história” faz no final do
conto? Converse com os seus colegas e com o seu(sua) Professor(a).
LÍNGUA PORTUGUESA – 8.° ANO 34
Produção de texto
Viu para o que serve uma história sem enredo? 
Sabemos que, na tradição oral, as histórias vão sendo conhecidas porque são contadas no “boca a boca”, alguém conta para alguém que conta para
alguém... E assim vai.
Você pode reparar que, nessa forma de transmissão de histórias, muitas vezes as pessoas começam assim: Você conhece aquela do...?
Assim, a gente vai conhecendo, por exemplo, aquela da moça que encontrou uma pérola num pacote de açúcar, aquela da história que não tinha
enredo...
Acontece, às vezes, de uma pessoa nos contar o final e a coisa perder um pouco a graça, não é mesmo?
Por exemplo:
Você conhece aquela da história que começava pelo final e ninguém queria saber de ouvir ou de ler mais nada? A história foi ficando aborrecida,
começou a se sacudir de raiva. Sacudiu-se tanto que as letras se embaralharam e... Não, vamos parar! Não queremos saber já o final. E temos um amigo
que vai nos contar direitinho essa história toda, com começo, meio e fim. Esse amigo é você!
Organize-se. Faça o planejamento da história (retome, para isso, a página com o quadro de planejamento, apresentado neste caderno). Planejada a
sua história, use rascunhos à vontade, peça ajuda a seu(sua) Professor(a). A situação inicial você já tem. Pense em como ela vai se desenvolver, pense na
complicação, no clímax e no desfecho. Pense que ela pode ter outros personagens. Elabore seu plano, rascunhe o necessário, até chegar à história que
você vai nos contar aqui, agora!
Como já sugerimos uma situação inicial, vamos deixá-la escrita aqui, para você continuar, criar e escrever todo o desenvolvimento até chegar ao
desfecho. Ah, o título também é com você; não se esqueça!
Asas à imaginação, mãos à obra, que queremos conhecer mais essa história!
___________________________________________________________ (Aqui você vai escrever o título de sua história.)
Era uma vez uma história que começava pelo final. O leitor lia aquele final e a deixava de lado, sem querer saber como a
história tinha começado e se desenvolvido, até chegar àquele desfecho. A história começou a ficar muito aborrecida em ser
abandonada assim e resolveu que desse jeito a situação não podia continuar.
Um dia, estava ela diante dos olhos de um leitor, já pronta para ser abandonada, quando começou a se sacudir de raiva
até fazer as letras se embaralharem e ______________________________________________________________________________________
“Já era uma vez” 
Com base na história que você acabou de ler e nas respostas que deu às questões propostas, observe a expressão que dá título à narrativa. Trata-se de um jogo de
palavras, que resulta da mistura da gíria “Já era” (uma expressão própria da linguagem informal dos jovens e adolescentes, referindo-se a alguma coisa que acabou, que
já passou) com “Era uma vez” (expressão característica da tradição oral dos contadores de histórias). Assim, a expressão “Já era uma vez” revela que a história sem
enredo “já era”, pois, ao entrar no mundo do “era uma vez”, virou enredo dela mesma. Resumindo: para a personagem, agora, ser uma história sem enredo “já era”.
LÍNGUA PORTUGUESA – 8.° ANO 35
Que bom você ter nos contado essa história, hein?! Agora, sabemos como a “história que começava pelo final” resolveu o seu 
problema. Já conhecemos “a história da história que começava pelo final”. 
Essa é a função dos contadores de histórias, seja oralmente, seja por escrito: fazer a história seguir seu caminho dentro da 
história das histórias. Com o tempo, uma história vai mudando. É um mexe daqui, um mexe dali; é um que corta uma parte; 
outro que inventa outra parte; um que muda o final, que inventa outros personagens, que faz o dia virar noite, o mocinho virar 
bandido, o monstro ficar bonzinho, afinal... “quem conta um conto aumenta um ponto.”
E o mundo gira... e o tempo não para... e é a vida que segue e vai nos dando histórias!
M
U
LTIRIO
M
U
LTIRIO
Tema para refletir e debater em turma:
“Na arte da convivência, diferenças são riquezas!”
recantodasletras.com
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Você já parou para pensar a partir de que critérios se distinguem aquilo que é padrão social e o que se estabelece
como um desvio desse padrão?
Como se definem “iguais” e “diferentes”?
Você já parou para refletir sobre questões como essas?
Já pensou que são definições e critérios alheios a nós, estabelecidos arbitrariamente, mas que são muitas vezes
usados como argumentos para justificar ideias de exclusão social?
Já pensou que tais argumentos estão na raiz de um mal que nos atinge a todos, que é o preconceito?
LÍNGUA PORTUGUESA – 8.° ANO 36
O doido da garrafa
Ele não era mais doido do que as outras pessoas do mundo, mas as outras pessoas do mundo insistiam em dizer que ele era doido.
Depois que se apaixonou por uma garrafa de plástico de se carregar na bicicleta e passou a andar sempre com ela pendurada na cintura, virou o
Doido da Garrafa.
O Doido da Garrafa fazia passarinhos

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