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Direito Tributário II - Luísa Chaves Taveira Fontes

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UNIVERSIDADE VEIGA DE ALMEIDA
Luísa Chaves Taveira Fontes
20191105639
DIREITO TRIBUTÁRIO II
Principais propostas de reforma tributária que estão em tramitação no Congresso Nacional
Rio de Janeiro
2020
Principais propostas de reforma tributária que estão em tramitação no Congresso Nacional
Definitivamente a reforma tributária é essencial para a saúde financeira do país. Os especialistas apontam que as reformulações devem priorizar a simplificação do sistema de tributação e a redução dos seus aspectos regressivos, priorizando, por exemplo, uma menor incidência de impostos sobre o consumo. No entanto, o que preveem e qual o andamento das reformas em tramitação no Congresso Nacional?
Atualmente, duas são as propostas de reforma em tramitação: A PEC 45/2019 que tem origem na Câmara dos Deputados e a PEC 110/2019 do Senado Federal. Em síntese, ambos os textos objetivam a simplificação e racionalização da tributação sobre a produção e comercialização de bens e a prestação de serviços a partir da unificação de uma série de tributos.
As bases tributáveis restariam, em ambos os projetos, consolidadas em dois novos impostos: um imposto sobre bens e serviços (IBS), nos moldes dos impostos sobre valor agregado cobrados na maioria dos países desenvolvidos; e um imposto específico sobre alguns bens e serviços (Imposto Seletivo).
No entanto, as duas propostas são bem diferentes entre si, e não há ainda um consenso entre os parlamentares.
	Segue um quadro comparativo das duas propostas que tramitam no Congresso Nacional realizado sobre o que mudaria com a unificação dos impostos, a partir do texto integral das PECs 45 e 110 e de informativos extraídos da página oficial do Senado Federal: 
· PEC 45/2019, que tramita na Câmara dos Deputados
· PEC 110/2019, em análise no Senado Federal.
	 
	PEC nº 45/2019 (Câmara dos Deputados)
	PEC nº 110/2019 (Senado Federal)
	Número de tributos substituídos pelo IBS (Imposto sobre Bens e Serviços)
	São substituídos cinco tributos: o IPI, PIS, Cofins, ICMS, ISS  
	São substituídos nove tributos, o IPI, IOF, PIS, Pasep, Cofins, CIDE-Combustíveis, Salário-Educação, ICMS, ISS  
	Competência tributária do IBS
	Tributo federal (previsto em um novo art. 152-A, e não no art. 153, da Constituição Federal, que prevê os impostos federais), instituído por meio de lei complementar federal (exceto em relação à fixação da parcela das alíquotas destinadas a outros entes federativos e definida por lei ordinária de cada um)  
	Tributo estadual, instituído por intermédio do Congresso Nacional, com poder de iniciativa reservado, basicamente, a representantes dos Estados e Municípios (exceto por uma comissão mista de Senadores e Deputados Federais criada especificamente para esse fim ou por bancada estadual);  
	Alíquotas do IBS
	Cada ente federativo fixa uma parcela da alíquota total do imposto por meio de lei ordinária, federal, estadual, distrital ou municipal (uma espécie de “sub-alíquota”); uma vez fixado o conjunto das “sub-alíquotas” federal, estadual e municipal (ou distrital), forma-se a alíquota única aplicável a todos os bens e serviços consumidos em ou destinados a cada um dos Municípios/Estados brasileiros; é criada a figura da “alíquota de referência”, assim entendida aquela que, aplicada sobre a base de cálculo do IBS, substitui a arrecadação dos tributos federais (IPI, PIS, Cofins) excluída a arrecadação do novo Imposto Seletivo, do ICMS estadual e do ISS municipal  
	Lei complementar fixa as alíquotas do imposto, havendo uma alíquota padrão; poderão ser fixadas alíquotas diferenciadas em relação à padrão para determinados bens ou serviços; portanto, a alíquota pode diferir, dependendo do bem ou serviço, mas é aplicada de maneira uniforme em todo o território nacional  
	Fase de tramitação
	Já foi aprovada pela Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados (CCJ) e agora tramita em uma comissão especial formada por deputados. Se o relator aprovar seu parecer, a proposta vai ao plenário da Câmara, onde precisará passar por dois turnos de votação, antes de ir ao Senado.
	Já foi aprovada em uma comissão especial no ano passado, mas ainda não foi votada em Plenário. O mesmo conteúdo foi apresentado, neste ano, porum grupo de senadores e agora a proposta está na CCJ do Senado. Se aprovada, a proposta vai ao plenário do Senado, onde precisará passar por dois turnos de votação, antes de ir à Câmara.
	Benefícios fiscais  
	A PEC 45 não permite a concessão de benefícios fiscais.
	A PEC 110 autoriza a concessão de benefícios fiscais por lei complementar em operações com bens ou serviços específicos, como medicamentos; transporte público coletivo de passageiros e saneamento básico, por exemplo.  
	Imposto seletivo
	Natureza extrafiscal, cobrados sobre determinados bens, serviços ou direitos com o objetivo de desestimular o consumo. Não são listados sobre quais produtos ou serviços o tributo irá incidir. Caberá à lei (ordinária) ou medida provisória instituidora definir os bens, serviços ou direitos tributados  
	Natureza arrecadatória, cobrado sobre operações com petróleo e seus derivados, combustíveis e lubrificantes de qualquer origem, gás natural, cigarros e outros produtos do fumo, energia elétrica, serviços de telecomunicações a que se refere o art. 21, XI, da Constituição Federal, bebidas alcoólicas e não alcoólicas, e veículos automotores novos, terrestres, aquáticos e aéreos  
	O sistema de tributação no Brasil, é considerado por especialistas como burocrático e desigual. Há muito tempo se discute a necessidade de uma reforma tributária no país, com o cenário da crise econômica, esse tema ficou em evidência, fazendo com que o Congresso Nacional voltasse a discutir projetos para simplificar e reestruturar o sistema de tributação no país. 
A complexidade do sistema tributário nacional
Dados oficiais divulgados pelo Tesouro Nacional revelam que a carga tributária brasileira – que é o patamar de impostos pagos em relação à riqueza do país – totalizou 33,58% do PIB nacional em 2018. Na comparação com outros países, os relatórios publicados anualmente pela OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) demonstram que apesar de uma subida gradual nos últimos anos, o valor ainda está próximo da média global (de aproximadamente 34%), registrada pela Organização.
Sendo assim, temos que o ponto central do debate acerca da reforma tributária não remonta à carga de tributação em si, mas sim à enorme complexidade da estrutura de arrecadação. Atualmente, no Brasil, existem mais de 90 tributos diferentes, cada qual com a sua própria formatação, regras e alíquotas complexas. Como consequência, hoje, o contencioso tributário brasileiro é um dos mais elevados (senão o mais elevado) do mundo, de modo que pesquisas demonstram que matérias em litígio tributário alcançam cerca de R$ 4 trilhões. E mais, que uma parte relevante deste valor deve-se aos chamados “créditos podres”, isto é, valores nunca serão recuperados.
O elevado grau de litígio representa um grande entrave ao desenvolvimento do país uma vez que gera insegurança jurídica e onera muito as empresas nacionais, bem como o próprio Fisco.
Considerações Finais
Ambas as propostas estão em fases iniciais de tramitação, abordam diversos outros aspectos do sistema de arrecadação e estão sujeitas à emendas e alterações no texto definitivo. Além disso, há ainda a possiblidade de uma terceira proposta ser apresentada ainda pela equipe econômica do Governo Federal, em outros termos.
Os textos das PECs nos moldes atuais podem ainda conter agressões à cláusulas pétreas da Constituição Federal. As reformas tributárias podem gerar discussão no Supremo Tribunal Federal pois alteram, em certa medida, o poder que os Estados e Municípios têm de decidir sobre a própria tributação. A unificação de tributos que envolva o ICMS, estadual, e o ISS, municipal, e que ofereça em troca apenas uma fatia da arrecadação poderia em tese ferir o pacto federativo – cláusula pétrea da Constituição Federal.
Muitoainda será discutido, até a implementação de um novo sistema tributário. É inegável a necessidade de reforma. Diante do cenário atual, com a pandemia de COVID-19, essa discussão está adormecida, até que superemos a fase emergencial, que é mundial.

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