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PROPOSTA A EMENDA CONSTITUCIONAL O IMPOSTO SOBRE BENS E SERVIÇOS IBS (2)

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30
FACULDADE SÃO JUDAS TADEU
PÓS-GRADUAÇÃO LATU SENSU EM COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA
PROPOSTA A EMENDA CONSTITUCIONAL O IMPOSTO SOBRE BENS E SERVIÇOS – IBS
MARCIO DA SILVA DE CARVALHO
Rio de Janeiro
2020.1
FACULDADE SÃO JUDAS TADEU
PÓS-GRADUAÇÃO LATU SENSU EM COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA
PROPOSTA A EMENDA CONSTITUCIONAL O IMPOSTO SOBRE BENS E SERVIÇOS – IBS
MARCIO DA SILVA DE CARVALHO
Orientador Professor JOEBEO RAMOS DE OLIVEIRA
Artigo científico apresentado como requisito parcial para obtenção do certificado de Pós-Graduação em Contabilidade Estratégica e Planejamento Tributário do curso de pós-graduação lato sensu da Faculdade São Judas Tadeu.
Rio de Janeiro
2020.1
	
Resumo 
Este artigo científico é requisito parcial para obtenção do certificado de especialista em Contabilidade Estratégica e Planejamento Tributário do curso de pós-graduação lato sensu da Faculdade São Judas Tadeu. O presente trabalho trás uma abordagem sobre a proposta da criação do Imposto sobre Bens e Serviços (IBS). Para criação de desse imposto, um imposto sobre o valor adicionado, inspirado no modelo clássico IVA europeu, tem como objetivo a reforma do sistema tributário nacional, a simplificação de tributos. Para criação do IBS foram apresentadas duas propostas distintas a PEC 45/2019 e a PEC 110/2019, que propõem simplificação de tributos em um único imposto, o IBS. Os impostos substituídos possuem tratamento diferenciado em relação ao recolhimento e a aos créditos a não-cumulatividade, a distribuição de seus recursos, são eles de competências distintas: União, Estados ou Municípios. A problemática deste trabalho é: qual a dificuldade do fato gerador da atividade de bens e consumo, as dificuldades na compensação de créditos e benefícios fiscais, como fica a carga tributária para o recolhimento e repasse para os entes federativos?
O objetivo geral será verificar as dificuldades e oportunidades de cada proposta de emenda constitucional, na reforma do atual modelo brasileiro de tributação.
Essa analise se justifica na comparação das novas propostas de tributação ao modelo brasileiro de bens e serviços na percepção de conceituados órgãos da área fiscal e de seus usuários, podendo contribuir para entendimento de um novo modelo de tributação nacional, no planejamento tributário de uma melhor perspectiva na melhor forma de investir em serviços e bens de consumo, o melhor entendimento para suporte aos clientes e usuários da área fiscal.
Palavras-chave: Reforma Tributária. IBS. Imposto sobre Bens e Serviços. 
Abstract 
This scientific article is a partial requirement to obtain the certificate of specialist in Strategic Accounting and Tax Planning for the post-graduate course lato sensu of Faculdade São Judas Tadeu. This paper presents an approach on the proposal to create the Tax on Goods and Services (IBS). To create such a tax, a value added tax, inspired by the classic European VAT model, aims to reform the national tax system, simplifying taxes. For the creation of the IBS, two different proposals were presented, PEC 45/2019 and PEC 110/2019, which propose simplification of taxes in a single tax, the IBS. The substituted taxes have different treatment in relation to collection and non-cumulative credits, the distribution of their resources, they are of different powers: Union, States or Municipalities. The problem of this work is: what is the difficulty of the generating event of the activity of goods and consumption, the difficulties in the compensation of credits and tax benefits, how is the tax burden for collection and transfer to the federal entities?
The general objective will be to verify the difficulties and opportunities of each constitutional amendment proposal, in the reform of the current Brazilian model of taxation.
This analysis is justified in the comparison of the new taxation proposals to the Brazilian model of goods and services in the perception of reputable bodies in the tax area and their users, which may contribute to the understanding of a new national taxation model, in tax planning from a better perspective. in the best way to invest in services and consumer goods, the best understanding to support customers and users in the tax area.
Keywords: Tax Reform. IBS. Tax on Goods and Services.
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ADCT			Ato das Disposições Constitucionais Transitórias
BNDES		Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social
CCJ			Comissão de Constituição de Justiça e de Cidadania
CIDE			Contribuições de Intervenção de Domínio Econômico
Cofins			Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social
CSLL			Contribuição Social Sobre o Lucro Líquido
FCO			Fundo Constitucional de Financiamento do Centro-Oeste
FDR			Fundo de Desenvolvimento Regional
FNDR			Fundo Nacional de Desenvolvimento Regional
FPE			Fundo de Participação dos Estados
FPEX			Fundo de Compensação dos Estados Exportadores
FPM			Fundo de Participação dos Municípios
Fundeb		Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica
IBS			Imposto Sobre Bens e Serviços
ICMD			Imposto de Transmissão Causa Mortis e Doação
ICMS			Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços
IGF			Imposto Sobre Grandes Fortunas
IOF			Imposto Sobre Operações Financeiras
IPI			Imposto Sobre Produtos Industrializados
IPTU			Imposto Sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana
IPVA			Imposto Sobre a Propriedade de Veículos Automotores
IR			Imposto de Renda
IRPF			Imposto de Renda Retido na Fonte
IRPJ			Imposto de Renda Pessoa Jurídica
ISS			Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISSQN)
ITBI			Imposto Sobre a Transmissão de Bens Imóveis
IVA			Imposto Sobre Valor Agregado
OCDE			Organização de Cooperação e de Desenvolvimento Econômico
PEC			Proposta á Emenda Constitucional
PIB			Produto Interno Bruto
PIS			Programa de Integração Social	
SUMÁRIO
1.	A NOVA REFORMA TRIBUTÁRIA AO COMBATE A CRISE NO BRASIL	10
1.1 A SIMPLIFICAÇÃO DE IMPOSTOS	11
2. O IBS E SUAS PROPOSTAS À REFORMA TRIBUTÁRIA	11
2.1 A PROPOSTA DE BERNARD APPY: A PEC 45/2019	13
2.1.1 A Unificação dos Impostos Sobre o Consumo na PEC 45	13
2.1.2 Arrecadação e fiscalização	14
2.1.3 Transição para as Empresas e para a Sociedade	15
2.1.4 Autonomia Federativa e Distribuição de Receita	17
2.1.5 Formação da Alíquota do IBS	18
2.1.6 Transição na Distribuição Federativa de Receita	19
2.1.7 Interação com Simples Nacional	20
2.2 A PROPOSTA DE LUIZ CARLOS HAULY: A PEC 110/2019	21
2.2.1 A Reapresentação da PEC 293-A/2004	21
2.2.2 Bases Transações Financeiras e Folha de Pagamento	22
2.2.3 Base Bens e Serviços	23
2.2.4 Base Patrimônio	25
2.2.5 Base Renda	26
2.2.6 Partilha Tributária	27
2.2.7 Vinculações Constitucionais de Receitas	29
3. COMPARAÇÃO ENTRE A PEC 45/2019 E A PEC 110/2019	30
CONSIDERAÇÕES FINAIS	33
INTRODUÇÃO
O Conselho Federal de Contabilidade (2003, p. 7) argumenta que espera do governo, eleito pela maioria dos votos, apresente um projeto de reforma tributária, mais arrojado e abrangente. Numa economia estagnada, cada vez mais competitiva, obrigando as empresas, em especial as de micro e pequeno portes, a praticares preços reduzidos, que não proporcionam justo retorno do capital investido. A alta carga tributária reduz, ainda mais, o lucro das empresas, que na maioria das vezes, que muitas vezes focam operando com prejuízo e recorrem à sonegação para sobreviverem (2003, p. 7).
Muitos desempregados, pelo motivo de não conseguir se reestabelecerem em novo emprego, aplicam seus recursos da indexação na criação de um pequeno negócio para assim conseguir sua sobrevivência. A falta de apoio e de uma política econômica para melhorar o nível de emprego e renda dos consumidores não permite que os novos investimentos atinjam os resultados esperados, gerando uma grande frustração dos investidores (2003, p. 7).
“Os Contabilistas, que atuam como agentes de ligação entre o fisco e os contribuintes e auxiliam no processo de arrecadação dos tributos, entendem melhor as agruras pelasquais passam os trabalhadores e empresários. A população brasileira precisa ter uma legislação fiscal que lhe permita desfrutar de melhores condições de vida, na qual a tributação não seja confiscatória e nem impeça ou desestimule a geração de novos empregos ou o exercício de qualquer atividade produtiva. Ao reapresentarem esta proposta de reforma tributária, os Contabilistas renovam sua esperança de que a sociedade brasileira e, em especial, os membros do Congresso Nacional, a utilizem como uma contribuição que visa reduzir e redistribuir a carga tributária, para eliminar os entraves à retomada do desenvolvimento econômico do Brasil.” (CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE, 2003, p. 7).
1. A NOVA REFORMA TRIBUTÁRIA AO COMBATE A CRISE NO BRASIL
O complexo sistema tributário, principalmente no que diz respeito a tributos sobre bens e serviços, existe bases de calculo parciais e sobrepostas precisam ser classificadas e distintas entre produtos e serviços. Neles evoluem benefícios fiscais, regimes especiais de tributação, isenções e reduções das bases de cálculo, que a regulamentação é constituída por uma gama de decretos, regulamentos, portarias emitidas em três esferas governamentais: União, Estados e Municípios, que constituem 5.598 entes federativos no Brasil (APPY et al, 2019b, p. 1).
A preocupação jurídica pode ser quantificada pela extensão do contencioso tributário que está estimado em R$ 4 Trilhões (66% do PIB nacional), e também os valores bilionários de créditos tributários registrados no ativo das empresas sem prazo de recebimento (2019b, p. 1).
Precisa de uma melhor reforma tributária com primazia dos princípios da transparência, neutralidade, simplicidade e equidade (2019b, p. 1).
Com Bernard Appy (2019b, p. 1), propõe-se a elaboração de um sistema tributário que haja de extensivamente na segregação de consumo e da renda, na propriedade, e informado pelos primados da transparência, neutralidade, equidade e simplicidade. A seguir (2019b, p. 1, grifo do autor):
Simplicidade originada da definição clara da incidência tributária, fácil compreensão das regras com poucas exceções e regimes especiais de tributação; 
Transparência que conceda fácil entendimento do valor que é tributado ao estado, assim consciente da carga tributária possa escolher politicas publicas democraticamente;
Neutralidade para não provocar alterações na forma em que são organizadas as empresas e a alocação de seus investimentos, conflitos na tecnologia que utilizam e no mercado em que atuam; 
Equidade significa ser honesto na forma em que são tratados os cidadãos e as empresas, medindo a carga tributaria sem conceder privilégios. 
1.1 A SIMPLIFICAÇÃO DE IMPOSTOS
A finalidade básica de qualquer reforma como sendo “Destravar e Impulsionar a Economia Brasileira”. Em seguida, para chegarmos lá, determinamos as Metas capazes de nos levar ao objetivo final do desenvolvimento mais acelerado. As Metas, na reforma tributária brasileira, devem ser: simplificação, competição e desoneração (SILVA; CASTRO, 2019,	p. 8, grifo do autor).
Em termos práticos, o método de avaliação nos ajuda a questionar se (2019, p. 8):
i. a proposta de fato simplifica a vida dos contribuintes e facilita a operação de tributar, fiscalizar e repartir;
ii. os produtores do País poderão competir melhor frente à concorrência mundial e estarão menos sujeitos à burocracia tributária;
iii. o novo sistema desonera os contribuintes, ainda que gradualmente, ao reduzir a atual carga tributária e estabelece um sistema progressivo de incidências, ao respeitar o princípio constitucional da capacidade contributiva.
(SILVA; CASTRO, 2019, p. 8).
2. O IBS E SUAS PROPOSTAS À REFORMA TRIBUTÁRIA
Há hoje dois textos tramitando, um na Câmara e um no Senado, e parlamentares farão uma comissão mista para avaliar a proposta. No escopo principal está a simplificação de tributos, com a criação de um Imposto de Valor Agregado (IVA) que ocorre em diversos países (VEJA, 2020, p. 2).
“O IVA é um imposto não cumulativo cobrado em todas as etapas do processo de produção e comercialização, garantindo-se, em cada etapa, o crédito correspondente ao imposto pago na etapa anterior. Esta característica do IVA faz com que ele seja um tributo neutro – cuja incidência independe da forma como está organizada a produção e circulação, de modo que o imposto pago pelo consumidor na etapa final de venda corresponde exatamente ao que foi recolhido ao longo de toda a cadeia de produção e comercialização.” (DOOTAX, 2019). 
	(APPY et al, 2019a, p. 2).
Em ambas as proposições, a alteração do Sistema Tributário Nacional tem como principal objetivo a simplificação e a racionalização da tributação sobre a produção e a comercialização de bens e a prestação de serviços, base tributável atualmente compartilhada pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios (CAMARA DOS DEPUTADOS, 2020). 
Nesse sentido, ambas propõem a extinção de uma série de tributos, consolidando as bases tributáveis em dois novos impostos (2020): 
i. um imposto sobre bens e serviços (IBS), nos moldes dos impostos sobre valor agregado cobrados na maioria dos países desenvolvidos; e 
ii. um imposto específico sobre alguns bens e serviços, o Imposto Seletivo, assemelhado aos excise taxes.
Esse modelo de tributo é aplicado em países da Europa, América do Norte e América do Sul e é cobrado nas diferentes etapas da produção e da comercialização de bens e serviços. Através desse sistema, o tributo sobre consumo independe da forma como está organizada a cadeia produtiva – permitindo que o imposto repassado ao consumidor final seja igual ao recolhido ao longo de todo o processo, sem bitributação (DOOTAX, 2019).
O plano da Câmara é aprovar a redação da casa, que unifica em um os tributos federais, IPI, PIS, Cofins e ICMS e ISS, esses dois últimos estadual e municipal, respectivamente, em um único imposto, chamado Imposto sobre Bens e Serviços (IBS). A questão da unificação de impostos que não são federais não é tão bem vista pela equipe econômica, que deve sugerir um IVA apenas federal. Já a proposta do Senado traz um IVA Dual, dos quais um seria unificado de impostos federais e o outro de impostos municipais e estaduais. Na PEC que está no Senado, a unificação prevê mais tributos do que na proposta dos deputados: IPI, IOF, PIS, Pasep, Cofins, CIDE-Combustíveis, Salário-Educação, ICMS e ISS (VEJA, 2020, p. 2).
2.1 A PROPOSTA DE BERNARD APPY: A PEC 45/2019
2.1.1 A Unificação dos Impostos Sobre o Consumo na PEC 45
Uma significante parte dos problemas com tributos sobre bens e serviços brasileiros nascem de sua estrutura, o fato gerador a base de incidência é diluída em cinco tributos (ICMS, ISS, IPI, PIS e Cofins) sob gestão de três esferas governamentais, a União, os Estados e os Municípios. Por outro lado, um bom IVA, incidente de forma unificada abrange grande parte de bens e serviços (APPY et al, 2019b, p. 2). 
O IBS sendo um imposto do tipo IVA, a principal característica é o pagamento do montante a cada conexão da cadeia de produção e distribuição, é creditado na etapa se seguinte de uma forma em que o imposto só é incidente na verdade na ultima etapa da cadeia, isso é, a aquisição para consumo pelo consumidor final (APPY et al, 2019b, p. 3). 
As principais características propostas para o IBS são aquelas de um bom IVA (2019b, p. 3): 
1. Incidência sobre uma base ampla de bens e serviços, incluindo cessões e licenciamentos de direitos. A base de cálculo do IBS será sempre o valor da operação sem incluir o próprio imposto (incidência “por fora”).
1. Alíquota única. A definição de uma única alíquota para todos os bens e serviços visa eliminar qualquer necessidade de classificação/distinção entre bens, serviços ou direitos (simplicidade) além de permitir que o cidadão/contribuinte conheça exatamente quanto está pagando de imposto sobre seu consumo (transparência).
1. Ausência de benefícios fiscais.
1. Poucos regimes especiais de apuração e pagamento do imposto. Regimes especiais devem ser evitados já que são grandes responsáveis pela elevadacomplexidade e litigiosidade do sistema atual. Ressalva-se, entretanto, a substituição tributária apenas para poucos produtos; assim mesmo, não como tributação monofásica, mas sujeita a ajuste ao longo da cadeia.
1. Incidência nas importações e desoneração das exportações, mantido o crédito pelo imposto pago nas fases anteriores.
1. Crédito financeiro e devolução tempestiva de créditos acumulados. Todo IBS recolhido nas fases anteriores será tomado como crédito. Caso as empresas fiquem com saldo credor (em razão de exportação, investimentos e/ou aumento de estoque) terão seus créditos devolvidos em até 60 dias.
As principais características do IBS compreendem aquelas que são estabelecidas, escritas e praticadas para o IVA, a adaptação do modelo para a realidade brasileira exige um conjunto de definições próprias, que realmente resultarão na substituição dos tributos federais, estaduais e municipais pelo IBS. Conjuntamente, o modelo de transição do atual sistema para o novo exige também atenção, não só pelo seu impacto sobre as finanças federativas, e também pelo fato de que as mudanças afetarão os investimentos realizados baseados no sistema atual. O detalhamento desses pontos a seguir (2019b, p. 4). 
O IBS nasce da alternativa para corrigir os problemas que existem no sistema tributário atual. A maneira qual se dá a produção e consumo de bens e serviços, são tributados com cinco tributos, o PIS, Cofins, IPI, ICMS e ISS (Dootax, 2019). 
 2.1.2 Arrecadação e fiscalização 
A cobrança do imposto de forma centralizada, gerida e coordenada pela União, municípios e estados. Assim como é feito com o SIMPLES Nacional. A arrecadação distribuída para os entes federativos automaticamente (APPY et al, 2019b, p. 4). 
A fiscalização do imposto coordenada harmonicamente com a participação dos três entes federativos, a União, os estados e municípios. A organização da fiscalização conjunta será discutida por representantes da administração tributária das três esferas governamentais (2019b, p. 4). 
É proposto que as ações judiciais administrativas de primeira instância sejam administradas pelos estados, e a segunda instância – que tem o propósito de conformar o entendimento das normas do imposto – de competência nacional (2019b, p. 4). Os representantes fiscais no tribunal de segunda instância seriam alocados pelas três esferas governamentais. Por que se trata de um imposto nacional, entende-se que as ações judiciais devam estar a âmbito da Justiça Federal (2019b, p. 4). 
 
2.1.3 Transição para as Empresas e para a Sociedade
A transformação para o novo modelo de tributação se dará gradualmente em dez anos mantendo a carga tributaria (APPY et al, 2019b, p. 4). 
Bernard Appy (2019b) afirma que para trabalhar essa transformação de forma segura sem aumentar a carga tributária, recomenda-se que o IBS seja criado com a alíquota de apenas 1%, a qual seria mantida por um período de teste de dois anos, reduzindo de forma compensatória a alíquota da Cofins. O período de teste de dois anos servirá não só para avaliar como funcionará o novo imposto, mas também para medir de forma precisa sua capacidade de arrecadação (2019b, p. 4).
Após o período de teste, a transição seria completada em mais oito anos, através da elevação progressiva e linear da alíquota do IBS e da simultânea redução das alíquotas dos cinco tributos atuais, que ao final do processo seriam extintos (ver exemplo simplificado no gráfico abaixo com alíquotas hipotéticas) (2019b, p. 4).
Transição na Introdução do IBS
(APPY et al, 2019b, p. 5)
Este modelo permite fazer a transição mantendo a carga tributária constante. Isto é possível, pois, após o período de teste, o potencial de arrecadação do IBS já será conhecido com precisão. Ou seja, no primeiro dos oito anos de transição as alíquotas dos tributos atuais seriam reduzidas em 1/8 e a alíquota do IBS seria elevada em percentual tal que resultasse em um aumento de receita equivalente a 1/8 da receita dos cinco tributos atuais, e assim sucessivamente (APPY et al, 2019b, p. 5). 
Destaque-se que esse modelo de transição permite uma saída organizada da guerra fiscal do ICMS, pois à medida que as alíquotas do ICMS forem sendo reduzidos os benefícios perdem força, sendo extintos ao final do prazo de transição (2019b, p. 5). 
Por fim, ao final da transição muitas empresas possuirão estoque de créditos tributários a recuperar dos tributos que serão extintos. Como o modelo proposto não contempla qualquer forma de comunicação entre os cinco tributos atuais e o IBS, sugere-se que o estoque de créditos acumulados eventualmente existente no final do período de transição seja securitizado e convertido em títulos da dívida pública da União e dos estados (2019b, p. 5). 
2.1.4 Autonomia Federativa e Distribuição de Receita
Como o IBS substituirá tributos federais, estaduais e municipais, a receita do imposto terá de ser distribuída por todas as unidades da federação. Os avanços da tecnologia – em particular a disseminação do uso da nota fiscal eletrônica – permitem que a arrecadação seja feita de forma centralizada e a receita seja distribuída automaticamente aos estados e municípios (APPY et al, 2019b, p. 5). 
Pela PEC 45/2019, a alíquota do IBS percebida pelo contribuinte será a soma de três alíquotas: uma federal, uma estadual e uma municipal, sendo o imposto distribuído com base no saldo entre débitos e créditos apurados para cada um dos entes federados (2019b, p. 5). Nas transações interestaduais e intermunicipais será observado o princípio de destino, ou seja, o imposto pertencerá ao estado ou município de destino do bem ou serviço (2019b, p. 5). 
Com o objetivo de manter sua autonomia federativa, é proposto que os estados e municípios tenham autoridade para fixar as suas alíquotas do IBS. Desse modo a alíquota do imposto seria única dentro de cada estado e município. Mas poderia variar entre estados e municípios (2019b, p. 6). 
De acordo com a PEC 45/2019, no momento inicial da transição para o IBS serão definidas uma alíquota estadual e uma alíquota municipal de referência, que são aquelas que repõem a receita do ICMS do conjunto dos estados e do ISS do conjunto dos municípios (2019b, p. 6). A alíquota de referência será adotada automaticamente para todos os estados e municípios, que teriam, no entanto, a possibilidade de, por lei, estabelecer uma alíquota superior ou inferior à de referência (2019b, p. 6). 
Nas operações interestaduais e intermunicipais, para contribuintes ou não contribuinte será utilizada a alíquota do estado ou município de destino do bem ou serviço (2019b, p. 6). 
2.1.5 Formação da Alíquota do IBS
Na mudança dos atuais tributos para o IBS, surge uma questão, como serão tratadas as partilhas e vinculações da receita tributária descritas na Constituição Federal. A maneira mais simples é que cada uma das destinações atuais previstas sejam transformadas em um percentual da parcela do IBS destinando cada elemento aos seus entes federativos. Essa forma resulta no aumento da rigidez orçamentária, que já é muito elevada no Brasil (APPY et al, 2019b, p. 6). 
No exposto, recomenda-se um novo meio de destinação da receita com o objetivo de reduzir a rigidez orçamentária atual. Propondo que cada parcela da receita do ICMS, ISS, PIS, COFINS e IPI que atualmente tem a destinação estabelecida por partilha ou vinculação constitucional, incorpore-se ao IBS como parte da alíquota no novo imposto denominada alíquota singular, que a gestão cabe a União, os estados e os municípios (2019b, p. 6, grifo nosso). 
Composição inicial da alíquota do IBS
	
	Alíquota
	Tributo
	
	Alíquota
	Tributo
	
	Singular
	Atual
	
	Singular
	Atual
	Gerenciável pela União
	9,2%
	
	Gerenciável pelos Estados
	13,8%
	
	Parcela Federal
	
	
	Parcela Estadual
	
	
	Livre
	2,90%
	PIS/Cofins/IPI
	Educação
	2,58%
	
	Seguridade Social
	4,63%
	Cofins
	Saúde
	1,24%
	
	FAT - Seg. Des. e Abono
	0,58%
	PIS
	Livre
	6,51%
	ICMS
	FAT - BNDES
	0,39%
	
	Parcela Municipal
	
	
	
	
	
	
	
	
	Fundos Regionais
	0,04%
	
	Educação0,86%
	
	Parcela Estadual
	
	
	Saúde
	0,52%
	
	Educação
	0,09%
	
	Livre
	2,07%
	
	Saúde
	0,04%
	
	Gerenciável pelos Municípios
	2,0%
	
	Livre
	0,22%
	IPI
	Parcela Municipal
	
	
	Parcela Municipal
	
	
	Educação
	0,50%
	ISS
	Educação
	0,08%
	
	Saúde
	0,30%
	
	
	
	
	
	
	
	Saúde
	0,05%
	
	Livre
	1,21%
	
	Livre
	0,20%
	
	Total
	25,0%
	
 
(APPY et al, 2019b, p. 7).
As alíquotas singulares poderão ser alteradas por lei federal, estadual ou municipal, podendo inclusive comportar outras vinculações de receita definidas nas constituições estaduais ou municipais (2019b, p. 7). Para garantir a autonomia federativa, as alíquotas correspondentes às parcelas estadual e municipal gerenciadas pela União e aquelas correspondentes à parcela municipal gerenciada pelos estados não poderão ser reduzidas (2019b, p. 7). Este modelo não afeta os contribuintes, para quem importa apenas a alíquota total, mas reduz muito a rigidez orçamentária, ao permitir que cada alíquota singular seja gerenciada individualmente (2019b, p. 7). 
Sumarizando, no modelo proposto a distribuição da receita seria feita em duas etapas (2019b, p. 7). Em uma primeira etapa, a receita seria distribuída entre a União e cada um dos estados e municípios com base nos documentos fiscais sendo que todas as transações interestaduais terão de estar amparadas por notas fiscais eletrônicas (2019b, p. 7). Em uma segunda etapa, a receita recebida por cada ente federativo seria distribuída para cada uma das finalidades detalhadas na Tabela com base na proporção entre a alíquota singular vinculada a cada finalidade e a alíquota total (2019b, p. 7). 
 
2.1.6 Transição na Distribuição Federativa de Receita
Se a transição para os contribuintes se dará em dez anos, o modelo proposto permite uma transição ainda mais suave na distribuição da receita entre os estados e os municípios, a qual se estenderia por cinquenta anos (APPY et al, 2019b, p. 7).
 O objetivo deste prazo muito longo é permitir um ajuste tranquilo das finanças estaduais e municipais às mudanças (2019b, p. 7). 
O princípio básico da transição é a manutenção, nos primeiros vinte anos, da receita real de cada estado e de cada município existente no início da transição (2019b, p. 7, grifo do autor). Neste período, apenas o crescimento real da receita seria distribuído pelo princípio do destino, ou seja, proporcionalmente ao consumo (2019b, p.7). Nos trinta anos seguintes haveria uma progressiva convergência da distribuição da receita total pelo princípio do destino (2019b, p. 7, grifo do autor). 
Em prática, essa maneira define que as receitas estaduais/municipais são pouco afetadas no período de início que são de vinte anos e afetadas de forma amena durante os trinta anos seguinte (2019, p. 8). 
2.1.7 Interação com Simples Nacional
Mesmo que os regimes simplificados sejam tratados na seção 5, o que importa é antecipar aqui a forma em que será tratada a interação com o SIMPLES nacional e o IBS. A sugestão é que cada empresa do SIMPLES possua duas alternativas para optar (APPY et al, 2019b, p. 8): 
i. Manutenção do SIMPLES no formato atual, apenas substituindo a parcela da alíquota correspondente a PIS, COFINS, ICMS, ISS e IPI por uma parcela equivalente vinculada ao IBS, cuja receita seria distribuída entre a União, os estados e os municípios. Nesta alternativa, as empresas do SIMPLES não se apropriariam de crédito do IBS nem transfeririam créditos do imposto.
ii. Adoção do regime normal de débito e crédito do IBS, observadas as mesmas condições aplicadas às demais empresas. Nesta alternativa, a alíquota do SIMPLES incidente sobre o faturamento seria reduzida em montante equivalente às parcelas atualmente destinadas ao PIS, Cofins, ICMS, ISS e IPI. As demais incidências do SIMPLES sobre o faturamento (correspondentes ao IRPJ, CSLL e contribuição patronal para a previdência) seriam mantidas. 
A transição para as empresas do SIMPLES seria feita de forma gradual, ao longo de dez anos, no mesmo ritmo da transição dos tributos atuais para o IBS. (2019b, p. 8). 
Na tributação sobre o fluxo do consumo o IBS será complementado por um imposto seletivo federal, incidente sobre bens e serviços geradores de externalidades negativas, cujo consumo se deseja desestimular. Este é o caso, sobretudo, de produtos do fumo e de bebidas alcoólicas (2019b, p. 8). 
A ideia é que o imposto seletivo seja de incidência monofásica, que seja devido somente na fase de produção e nas importações (2019b, p. 8). O imposto poderá ser cobrado por item produzido (ad item) ou proporcional ao valor de bens tributados (ad valorem), ou ambos, nos termos definidos em legislação ordinária federal (2019b, p. 8). O imposto pode ser considerado custo do adquirente, não gerando crédito nas etapas subsequentes de comercialização (2019b, p. 8). 
A implantação do imposto seletivo se dará de forma gradual, através da progressiva elevação das alíquotas (2019b, p. 8). A proposta é que a elevação das alíquotas do imposto seletivo se dê simultaneamente à elevação das alíquotas do IBS, ao longo do período de transição de oito anos (2019b, p. 8). 
2.2 A PROPOSTA DE LUIZ CARLOS HAULY: A PEC 110/2019
2.2.1 A Reapresentação da PEC 293-A/2004
O Relatório da PEC 293-A foi, agora, reapresentado, não menos do que pelo próprio presidente do SENADO FEDERAL, Davi Alcolumbre, e subscrito por mais 65 Senadores. Para presidir a CCJ que relatará a proposta tributária do Senado, Alcolumbre designou a competente Senadora Simone Tebet e, como Relator, o Senador Roberto Rocha, grande estudioso da matéria. É este Relatório Hauly, rebatizado como PEC 110/2019, do Senado Federal, que será aqui objeto de análise crítico-propositiva pelo prisma do bom funcionamento da economia, bem como em seus aspectos jurídicos, no âmbito do direito constitucional tributário (CASTRO; SILVA, 2019, p. 2, grifo nosso).
Luiz Carlos Hauly (2019) declara que já havia proposto antes na PEC 293-A, a extinção dos tributos: IOF, IPI, CSLL, PIS, Cofins, Pasep, Salário-Educação, todos federais; ICMS estadual; ISS municipal; e a criação dos seguintes: Contribuição social sobre operações e movimentações financeiras; IVA e Imposto Seletivo. 
Além disso, destaca as principais metas do novo modelo (2019, p. 1):
· manutenção da carga tributária ; 
· resguardar a arrecadação tributária, líquida de movimentação, das entidades federativas; 
· diminuir a parcela de arrecadação adquirida da folha de pagamentos e bases consumo; 
· transição tranquila do modelo de arrecadação antigo para o novo. 
Essas linhas básicas da Reforma Tributária estão mantidas (HAULY, 2019, p. 1). Entretanto, ao aprofundar nas discussões com parlamentares, representantes do Governo, técnicos e, juristas, levou-nos a discutir alguns pontos, que serão o assunto dos critérios a seguir (2019, p. 1).
2.2.2 Bases Transações Financeiras e Folha de Pagamento
Luiz Carlos Hauly (2019) estabelece essas duas bases juntas, pois afirma que aqui existe a possibilidade de fazer uma compensação entre elas: aumento da arrecadação nas transações financeiras, diminuição das contribuições que afetam a folha de pagamento.
Propõe também a extinção do Salário-Educação, que por sua vez reduzirá o encargo sobre a folha de pagamento em 2,5% dessa contribuição, substituindo-o por um vínculo de receitas com valor equivalente para servir ao mesmo objetivo, educação básica (2019, p. 1). Afirma que a criação de uma contribuição sobre transações financeiras, sendo suficientemente robusta, ajuda a alcançar simultaneamente os três objetivos: (i) redução da contribuição previdenciária do empregador e do empregado; (ii) facilitação da meta de cobrança do IVA; e (iii) o fim do déficit atual de 2,5% do PIB da Seguridade Social (2019, p. 1).
Ele acredita que, ao reduzir a contribuição previdenciária, será possível melhorar as condições de emprego. Com taxas superiores a 20% na folha de pagamento para o empregador e quase 10% de retenção de funcionários, não há ninguém motivado para contratar mais empregados. Sem mencionar os outros encargos trabalhistas(2019, p. 2).
Hauly (2019, p. 2) argumenta que, com a PEC 110, podemos até discutir a maneira pela qual a redução deve ser feita: seja pela redução geral das taxas ou pela refutação da contribuição sobre transações financeiras coletadas do contribuinte sobre a contribuição da folha.
Afirma que está convencido da necessidade de uma fonte adicional de fundos para financiar a seguridade social (2019, p. 2).
2.2.3 Base Bens e Serviços
Luiz Carlos Hauly (2019) afirma que, inicialmente, a ideia era atribuir aos Estados e ao Distrito Federal a competência do IVA e do Imposto Seletivo. Mas as análises mostraram uma falha séria nessa solução: a transferência de recursos dos Estados e do Distrito Federal para a União, para compensar a queda nas receitas devido à extinção do PIS / Pasep, Cofins e IPI, que seria de 40%. % do valor cobrado com IVA e imposto seletivo. Além disso, esse percentual teria que ser adicionado à parcela dos Municípios, superior a 20%, para substituir a extinção do ISS e 25% relacionados à parcela do ICMS (2019, p. 3).
Alerta que esse tipo de compartilhamento de receita deve ser evitado, porque tira a motivação para cobrar o imposto adequadamente (2019, p. 3). Compara como exemplo o IPI, que no início dos anos 90 representava quase 10% da coleção total e hoje representa apenas 2,5% dela (2019, p. 3).
Mesmo que o setor industrial perca sua importância relativa e o método de mensuração da carga tributária nacional seja alterado, a diminuição dessa magnitude é explicada pela falta de vontade da União de administrar um imposto no qual é parceiro minoritário (2019, p. 3).
Diante do exposto, o Imposto Seletivo pode ser melhor alocado no nível Federal, possibilidade que apresenta benefícios adicionais, pois alguns produtos e serviços são os principais insumos da produção (combustíveis, eletricidade, telefonia) e a administração de seu preço não deve considerar apenas o aspecto da arrecadação (2019, p. 3).
 Se a opção for pela federalização do Imposto Seletivo, assume-se que deve haver uma parcela do valor arrecadado a ser repassado aos Estados e ao Distrito Federal, a fim de garantir que os impostos da União sejam moderadamente compartilhados (2019, p 3).
A ideia de transformar o Seletivo em imposto estadual merece reavaliação, é o que traz ao debate com os membros da Comissão (2019, p. 3).
No que diz respeito ao IVA, continua com a firme convicção de que deve ser uma competência do Estado, porém com a legislação nacional; administrado pela Superfisco de todos os estados e pelo Distrito Federal, com autonomia em relação aos governos; cobrado na fonte, com compartilhamento de receita com base no princípio de destino; redução da tributação de produtos essenciais ao consumo (alimentos e medicamentos), mas evitando vazamentos (isenções, taxas reduzidas, créditos presumidos etc.) em relação à taxa padrão (2019, p. 3, grifo nosso).
Hauly (2019, p. 3) afirma que, por outro lado, a ideia de utilizar a hipótese de incidência do ICMS aumentou com a previsão de cobrança por serviços de qualquer natureza para receber o ISS e esse uso poderia justificar a vantagem da jurisprudência dos dois impostos. No entanto, essa “importação” tem uma forte dificuldade: o IVA começaria a afetar todos os problemas existentes nesses impostos, como a guerra fiscal, saldos de crédito cancelados, vazamentos de importantes bases tributárias, como arrendamento de mercadorias, exploração de direitos, serviços acessórios de telecomunicações etc. (2019, p. 3).
Outro ponto a decidir é se o IVA será cobrado sobre produtos e serviços tributados pelo Imposto Seletivo (2019, p. 3). O objetivo é a coleta exclusiva da Seletiva, de forma monofásica, perceptível para absorver parte da base tributária do IVA, uma vez que determinados produtos são propensos ao consumidor final, como bebidas, tabaco, eletrodomésticos, alguns tipos de veículos residenciais, energia e telefonia e, se aplicável, sua cobrança exclusiva do Seletivo significa perda efetiva da cobrança do IVA (2019, p. 3).
Vários produtos e serviços processados ​​pelo imposto seletivo são predominantemente utilizados como insumos: combustíveis, eletricidade, minerais, energia e telefonia comercial (2019, p. 3). E, nessas ocasiões, não há perda de receita, pois o IVA cobrado na geração, extração, produção do produto ou na prestação do serviço gera créditos a serem aproveitados nas etapas a seguir (2019, p. 3).
A perda da base tributária do IVA no imposto seletivo exclusivo menos significativa do que parecia a princípio, o que abre uma maneira interessante de tributar de forma mais coerente, lembrando sempre que o imposto seletivo, se federalizado, terá o valor de cobrança distribuído com os Estados e Distrito Federal (2019, p. 3).
“Em resumo, por ora, acredito que o novo IVA deva ser realmente novo, o mais próximo possível do “estado da arte” da legislação dos países mais desenvolvidos, na esperança, até, de que nossos tribunais e demais aplicadores do direito se espelhem nessa experiência de sucesso, tributo que seria cobrado com uma alíquota relativamente moderada, inferior a 25% “por fora”. Completando a tributação sobre o consumo, o Imposto Seletivo poderia ser federal, mas compartilhado, e de incidência exclusiva sobre os produtos e serviços por ele tributados.” (HAULY, 2019, p. 3).
2.2.4 Base Patrimônio
Outra modificação relacionada à minha última proposta refere-se aos tributos sobre o patrimônio. Junto com ao aprofundamento do tema, ficou claro o limite da base de incidência. Realmente, especialistas alertam para as dificuldades em se analisar um tributo sobre estoques. Um aglomerado complexo na mão, e o estoque de riqueza se esvaem no pagamento dos tributos ao decorrer dos anos. Esse inoportuno é agravado pela escassez de capital (HAULY, 2019, p. 4).
O fato do Brasil não estar longe da experiência internacional, também foi observado. Aqui, em 2015, foram arrecadados 1,45% do PIB de tributos sobre a propriedade; na média da OCDE[footnoteRef:1], esse percentual foi de 1,9% PIB (2019, p. 4). [1: A sigla OCDE significa Organização de Cooperação e de Desenvolvimento Econômico. É uma organização internacional, possui sede em Paris na França, é composta por 34 países. A OCDE objetiva promover políticas de desenvolvimento econômico e que visem o bem-estar social de pessoas no mundo. https://www.oecd.org/fr/ ] 
Também, estão bem consolidadas ao menos duas modificações no Texto Constitucional: (1) introdução de embarcações e aeronaves na base do IPVA, excluindo a tributação sobre veículos de uso comercial destinado à pesca e ao transporte público de cargas e passageiros, assunto que até constou do relatório prévio do Deputado André Moura; (2) criação de um processo que preveja reajustes mínimos da base de cálculo dos impostos dos municípios (IPTU e ITBI), em caso de omissão do legislador local (2019, p. 4).
Com relação ao ITCMD, propomos acolher de dispositivo constitucional que igualmente constou do relatório prévio do ex-relator desta Comissão, que permite a administrar o imposto á União, por meio de celebração de convênio com o Estado (2019, p. 4). A intenção é tornar mais eficiente à cobrança do tributo. Uma alternativa mais ousada seria transferi-lo para a esfera federal, o que permitiria uma integração com a cobrança do IR e, até mesmo, a revogação do IGF (2019, p. 4).
2.2.5 Base Renda
No que diz respeito à renda, o Texto da Constituição provavelmente não precise de alterações significativas, até porque os princípios da progressividade e da capacidade contributiva já estão incluídos. Falta, na verdade, concretizá-los por medidas infraconstitucionais (HAULY, 2019, p. 5).
Decide-se entre duas alterações constitucionais: (i) a extinção da CSSL, com sua parcela absorvida pelo IRPJ; e (ii) a autorização da arrecadação do IR sobre o valor da quantia indenizatória que supere o gasto ou patrimônio indenizado, acabando, então, com estratégia comum de travestir renda em indenizações não tributáveis para não pagar imposto (2019, p. 5).
Existe a firme intensão de transferir a arrecadaçãopara a base renda. Deve registrar, no entanto, que o mero acréscimo de alíquotas não será eficaz ou bastante para obter um deslocamento relevante de receitas (2019, p. 5). O IRPJ conjugado com a CSLL teria uma alíquota de 33-34%, até maior que à média da experiência internacional, que vem sofrendo diminuição nos últimos anos por causa de “guerra fiscal” mundial, até no ambiente da Comunidade Europeia (2019, p. 5).
No IRPF, existe espaço para um aumento de alíquotas da tabela progressiva, por exemplo, criando-se, uma alíquota acima do que 27,5% para as rendas mais altas. Entretanto, essa alternativa somente penaliza quem já paga o imposto e traz ganho fiscal moderadamente inibido, dada a uma pequena quantidade de contribuintes que oferecem à tributação valores mais expressivos na declaração de ajustamento, conjunto constituído quase unicamente por assalariados (2019, p. 5). 
Parece mais promitente examinar novas bases isentas ou pouco tributadas e concluir planejamentos tributários, até os que incentivam a pejotização[footnoteRef:2]. Essa linha de análise tem que ser aprofundada, mas, exceto melhor juízo, não existe necessidade de alterações constitucionais para tais iniciativas (2019, p. 5). [2: O termo “pejotização” consiste na contratação de funcionários pessoas físicas por meio da constituição de pessoa jurídica para prestar serviços, encobrindo uma relação de emprego em especial pela presença da subordinação e com a intenção de afastar o dever de pagamento das verbas e dos encargos trabalhistas.] 
2.2.6 Partilha Tributária
Essa proposição está bem consolidada com relação à transição de um padrão para o outro, que duraria quinze anos. Nos cinco primeiros exercícios, as arrecadações do IR (estendido junto a CSLL), IVA e Seletivo seriam depositadas em conta única e automaticamente partilhadas com a União, Distrito Federal, cada Estado e cada Município conforme a média das arrecadações observadas nos três exercícios anteriores dos tributos IR, CSLL, IPI, Cofins, PIS, Pasep, ICMS e ISS, deduzidas as entregas a outros entes federativos (FPE, FPM, FPEX, FCO, “Lei Kandir[footnoteRef:3]”, cota-parte 25% do ICMS), que serão somadas à arrecadação do ente federativo que as recebeu (HAULY, 2019, p. 6). [3: 
 A Lei Kandir, é a lei complementar nº 87 de 13 de setembro de 1996, dispõe sobre o imposto dos estados e do Distrito Federal, nas operações referentes à circulação de mercadorias e serviços. Essa lei tem esse nome por causa do seu criador o ex-deputado Antônio Kandir.] 
Com isso, durante os cinco primeiro anos, fica mantida a participação de cada ente federativo no produto da arrecadação líquida nos três impostos que serão criados/expandidos, ressaltando-se que não se trata de garantia de valores nominais, mas sim de recebimento de um percentual fixo da receita efetiva dos tributos, o que tornará todos os entes federativos sócios entre si (2019, p. 6).
Diante disso, nos cinco primeiro anos, fica mantida a quota de cada ente federativo no produto do valor arrecadado líquido nos três impostos criados/expandidos, ressalta que não se trata de garantia de valores nominais, mas de recolhimento de um percentual fixo da receita efetiva dos tributos, o que tornará sócios todos os entes federativos (2019, p. 6).
Do 6º ao 14º exercício, a partilha do valor arrecadado seria gradualmente deslocada, a motivo de dez pontos percentuais ao ano, do passado avaliado pela média dos três exercícios anteriores para o futuro avaliado pela nova composição que será dada à Constituição (2019, p. 6).
Com respeito à nova divisão do montante do valor tributado que será inserido permanentemente no Texto Constitucional, avalio que é absolutamente possível replicar a participação de cada ente federativo nas receitas da União tais como FPE, FPM, FCO, FPEX, bastando ajustar os percentuais dos Fundos para a nova base de partilha (antiga = IR + IPI; nova = IR + CSLL) (2019, p. 6).
Também existe a possibilidade de estimar a parcela que a União teria direito no novo IVA e a parcela que os Estados e Distrito Federal teriam no Seletivo. Basta avaliar a quota de participação dos tributos federais (IPI, PIS, Pasep, Cofins), estadual (ICMS) e municipal (ISS) extintos na quantia a de arrecadação dos dois novos tributos sobre o consumo (2019, p. 6).
Mais delicada é a condição da repartição do IVA entre os Municípios. Em relação à parte equivalente à cota de 25% do ICMS, ela poderia sofrer os efeitos da retirada de produtos e serviços sujeitos ao Imposto Seletivo (energia elétrica, combustíveis, telefonia, automóveis etc.) (2019, p. 6).
Em descrição à parte equivalente ao ISS, a questão é que há vários serviços cuja tributação não está inteiramente aderida ao ato da sua prestação. Exemplo disso: é o ISS sobre serviços bancários, também leasing e cartões de crédito, recolhido no estabelecimento da empresa, e não na agência bancária que realizou o negócio de arrendamento ou no lojista onde foi usado o cartão (2019, p. 6).
Essa complexidade exigirá estudos mais aprofundados sobre a forma de divisão do IVA entre os Municípios, havendo também a alternativa de acolher um dispositivo parecido ao contido no relatório preliminar do Deputado André Moura, que previa a instituição de um critério populacional na partilha de recursos, do qual o objetivo seria garantir certa integridade em termos de receita per capita nos Municípios em um mesmo Estado (2019, p. 7). 
Também traz ao Colegiado um questionamento sobre a função dos fundos de participação que existem hoje (2019, p. 7).
Nesse momento, não há esclarecimento quanto aos objetivos da divisão do FPE e do FPM; o FPEX perderá muito do seu sentido se o tributo principal do país (o futuro IVA) atender completamente o princípio do destino; e os recursos do FCO poderiam ser mais bem utilizados em programas mais focados no crescimento regional, haja vista que a “guerra fiscal” deixará de ser uma ferramenta de desconcentração econômica (2019, p. 7).
Em propostas de reestruturações tributárias anteriores pensaram-se na criação de somente dois fundos federais: um, para financiar programas de crescimento regional (FNDR), e o seguinte, para garantir certa equalização das receitas disponíveis a cada entidade governamental (FER) (2019, p. 7).
Outra maneira seria deixar a divisão do novo padrão para o futuro (2019, p. 7). Se as partilhas forem fixadas na própria PEC da Reforma Tributária, os percentuais terão que ser calculados com base em estimativas de receitas esperadas de cada um dos novos tributos partilhados. Se as partilhas fossem fixadas em seguida por uma lei complementar, os percentuais seriam calculados com base na arrecadação efetiva do IR, do IVA e do Seletivo, podendo-se também estabelecer novos critérios de partilha de recursos (2019, p. 7).
2.2.7 Vinculações Constitucionais de Receitas
Luiz Carlos Hauly (2019, p. 7) afirma que advoga pela extinção de toda e qualquer vinculação de receitas, exceto feita à contribuição previdenciária sobre folha de pagamentos, que efetivamente deve ficar vinculada ao financiamento da Previdência Social, dando igual tratamento às receitas da contribuição sobre movimentação financeira, se caso for criada. 
Contudo, essa minha colocação pode se revelar ousada demais para o momento (2019, p. 7).
Portanto, de acordo com o que já citado, proponho vincular parte da receita em impostos da União para compensar o fim do Salário-Educação, junto a mesma destinação, a educação básica pública. Da mesma forma, prevejo a necessidade de destinar determinada parte de receitas para financiar o seguro-desemprego e o abono salarial, uma vez que o PIS e o Pasep serão extintos (2019, p. 7).
Hauly (2019, p. 8) pensa ser apropriada a manutenção do piso mínimo de gastos com educação (art. 212), a destinação de recursos para o Fundeb (art. 60, ADCT) e a preservação do piso mínimo de gastos com a saúde pública (art. 198), recalibrando-se, caso necessário, os respectivos percentuais.
Contudo, pelo menos por ora, tenho a intensão de, no Texto Constitucional futuro, não destinar recursos genericamentepara Seguridade Social. Para mim, é evidente e notório que a criação da Cofins e da CSLL tiveram a finalidade especifica de esvaziar o FPE, o FPM, o FPEX e o FCO, desviando recursos do IR e do IPI (2019, p. 8).
Essa destinação genérica de recursos para a Seguridade Social apenas seria garantida durante a transição, preservando, porem, os pisos de gastos mínimos com educação e saúde pública (2019, p. 8).
3. COMPARAÇÃO ENTRE A PEC 45/2019 E A PEC 110/2019
A Câmara dos Deputados (2020) comparou ambas as propostas constitucionais, observam-se semelhanças, porém, entre a PEC 45/2019 e PEC 110/2019, trazem diferenças significativas em relação aos seguintes pontos:
a. Competência tributária do IBS:
PEC 110/2019 (2020, p. 3): “Tributo estadual, instituído por intermédio do Congresso Nacional, com poder de iniciativa reservado, basicamente, a representantes dos Estados e Municípios (exceto por uma comissão mista de Senadores e Deputados Federais criadas especificamente para esse fim ou por bancada estadual).”
PEC 45/2019 (2020, p. 3): “Tributo federal (embora esteja previsto em um novo art. 152-A, e não no art. 153, da Constituição Federal, dispositivo que prevê os impostos federais), instituído por meio de lei complementar federal (exceto em relação à fixação da parcela das alíquotas destinadas à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, a ser definida por lei ordinária de cada ente federativo).”
 
b. Número de tributos substituídos pelo IBS:
PEC 110/2019 (2020, p. 3, grifo nosso): “São substituídos nove tributos, o IPI, IOF, PIS, Pasep, Cofins, CIDE-Combustíveis, Salário-Educação, ICMS, ISS.”
PEC 45/2019 (2020, p. 3, grifo nosso): “São substituídos cinco tributos, o IPI, PIS, Cofins, ICMS, ISS.” 
c. Determinação da alíquota do IBS: 
PEC 110/2019 (2020, p. 3): “Lei complementar fixa as alíquotas do imposto, havendo uma alíquota padrão; poderão ser fixadas alíquotas diferenciadas em relação à padrão para determinados bens ou serviços; portanto, a alíquota pode diferir, dependendo do bem ou serviço, mas é aplicada de maneira uniforme em todo o território nacional.”
 
PEC 45/2019 (2020, p. 4): “Cada ente federativo fixa uma parcela da alíquota total do imposto por meio de lei ordinária, federal, estadual, distrital ou municipal (uma espécie de “sub-alíquota”); uma vez fixado o conjunto das “sub-alíquotas” federal, estadual e municipal (ou distrital), forma-se a alíquota única aplicável a todos os bens e serviços consumidos em ou destinados a cada um dos Municípios/Estados brasileiros; é criada a figura da “alíquota de referência”, assim entendida aquela que, aplicada sobre a base de cálculo do IBS, substitui a arrecadação dos tributos federais (IPI, PIS, Cofins) excluída a arrecadação do novo Imposto Seletivo, do ICMS estadual e do ISS municipal; assim, todos os bens e serviços destinados a determinado Município/Estado são taxados por uma mesma alíquota, mas a tributação não é uniforme em todo território nacional, pois cada Município/Estado pode fixar sua alíquota.” 
d. Concessão de benefícios fiscais: 
PEC 110/2019 (2020, p. 4): “Autoriza a concessão de benefícios fiscais (por lei complementar) nas operações com alimentos, inclusive os destinados ao consumo animal; medicamentos; transporte público coletivo de passageiros urbano e de caráter urbano; bens do ativo imobilizado; saneamento básico; e educação infantil, ensino fundamental, médio e superior e educação profissional.”
 
PEC 45/2019 (2020, p. 4): “Não permite a concessão de benefício fiscal.” 
Ambos os textos preveem a possibilidade de devolução do imposto recolhido para contribuintes de baixa renda, nos termos de lei complementar (2019). 
e. Partilha da arrecadação do IBS: 
PEC 110/2019 (2020, p. 4): “O produto da arrecadação do imposto é partilhado entre União, Estados, Distrito Federal e Municípios segundo o método previsto nas regras constitucionais descritas no novo texto constitucional proposto na Emenda, ou seja, mediante entrega de recursos a cada ente federativo conforme aplicação de percentuais previstos na Constituição sobre a receita bruta do IBS (repasse de cota-parte).”
 
PEC 45/2019 (2020, p. 5): “Cada ente federativo tem sua parcela na arrecadação do tributo determinada pela aplicação direta de sua sub-alíquota, fixada conforme descrito anteriormente, sobre a base de cálculo do imposto.”
 
f. Vinculação da arrecadação do IBS (saúde, educação, fundos constitucionais, seguro-desemprego, BNDES etc.):
PEC 110/2019 (2020, p. 5): “O produto da arrecadação do imposto é vinculado às despesas e aos fundos de acordo com o método fixado nas regras constitucionais propostas pela PEC, ou seja, mediante aplicação de percentual sobre a arrecadação para definir a entrega direta de recursos (fundos constitucionais, seguro desemprego, BNDES) ou piso mínimo de gastos (saúde, educação).”
 
PEC 45/2019 (2020, p. 5): “As destinações estão vinculadas a parcelas da sub-alíquota de cada ente federativo, fixadas em pontos percentuais e denominadas “alíquotas singulares”. A soma dessas “alíquotas singulares”, definidas pelo ente para cada destinação constitucional e para a parcela de receita desvinculada, representará o valor da alíquota aplicável para aquele ente federativo.”
 
g. Transição do sistema de cobrança dos tributos: 
PEC 110/2019 (2020, p. 5): “Durante um ano é cobrada uma contribuição para teste, de 1%, com a mesma base de incidência do IBS, e, depois, a transição dura cinco anos, sendo os atuais tributos substituídos pelos novos tributos à razão de um quinto ao ano (os entes federativos não podem alterar as alíquotas dos tributos a serem substituídos).”
PEC 45/2019 (2020, p. 5): “Durante dois anos é cobrada uma contribuição para teste, de 1%, com a mesma base de incidência do IBS, e, depois, a transição dura oito anos, sendo os atuais tributos substituídos pelos novos tributos à razão de um oitavo ao ano (os entes federativos podem alterar as alíquotas dos tributos a serem substituídos).” 
h. Transição da partilha de recursos: 
PEC 110/2019 (2020, p. 6): “No total, a transição será de quinze anos; a partir da criação dos novos impostos, cada ente federativo (União, cada Estado, Distrito Federal e cada Município) receberá parcela das receitas dos impostos novos de acordo com a participação que cada um teve na arrecadação dos tributos que estão sendo substituídos; após a implementação definitiva do novo sistema de cobrança, prevista para durar 5 anos, a regra retro descrita é progressivamente substituída pelo princípio do destino, à razão de um décimo ao ano.”
PEC 45/2019 (2020, p. 6): “No total, a transição será de cinquenta anos; durante vinte anos a partir da criação dos novos impostos, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios receberão (i) valor equivalente à redução de receitas do ICMS ou ISS, em virtude da extinção desses tributos; (ii) valor do aumento/diminuição da arrecadação em virtude de alterações das alíquotas de competência de cada ente federado e (iii) superávit/déficit de arrecadação após consideradas as duas parcelas anteriores, que será distribuído proporcionalmente pelas regras de partilha do novo IBS (princípio do destino mediante apuração do saldo de débitos e créditos); a partir do vigésimo primeiro ano, a parcela equivalente à redução do ICMS e do ISS (parcela “i”, acima) será reduzida em um trinta avos ao ano, passando a receita a ser distribuída segundo o princípio do destino.” 
i. Sobre o Imposto Seletivo:
PEC 110/2019 (2020, p. 6): “Imposto de índole arrecadatória, cobrado sobre operações com petróleo e seus derivados, combustíveis e lubrificantes de qualquer origem, gás natural, cigarros e outros produtos do fumo, energia elétrica, serviços de telecomunicações a que se refere o art. 21, XI, da Constituição Federal, bebidas alcoólicas e não alcoólicas, e veículos automotores novos, terrestres, aquáticos e aéreos.”
PEC 45/2019 (2020, p. 7): “Impostos de índole extrafiscal, cobrados sobre determinados bens, serviços ou direitos com o objetivo de desestimular o consumo. Não são listadossobre quais produtos ou serviços o tributo irá incidir. Caberá à lei (ordinária) ou medida provisória instituidora definir os bens, serviços ou direitos tributados.”
 
j. Outras matérias:
Além do rearranjo da tributação de bens e serviços, a PEC 110 inclui outros assuntos não previstos na PEC 45, sendo os mais importantes os seguintes (CÂMARA DOS DEPUTADOS, 2020): 
· extinção da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), sendo sua base incorporada ao IRPJ;
· transferência do Imposto sobre Transmissão Causa Mortis e Doação (ITCMD), do estado para a jurisdição federal, com a cobrança inteiramente destinada aos Municípios; 
· ampliação da base do Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores (IPVA), para incluir aeronaves e embarcações, com arrecadação inteiramente destinada aos Municípios; 
· autorização para criar IBS adicional para financiar a seguridade social; 
· criação de fundos estaduais e municipais para reduzir a disparidade de receita per capita entre Estados e Municípios, com recursos destinados a investimentos em infraestrutura.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Essa pesquisa partiu de um meio diversificado de informações, a descrição através de diferentes opiniões foram assistidas em palestras e artigos elaborados por mais de 300 bibliografias sobre tributação e reforma tributária, foram conservados os discernimentos dos autores, criadores das propostas analisadas em órgãos oficiais da área judicial e tributária.
Ao analisar as propostas foram observadas suas peculiaridades. Partiram de uma nomenclatura, ”IBS” o Imposto Sobre Bens e Serviços, nomenclatura dada pela PEC 45 que está na Câmara dos Deputados, criada pelo economista e tributarista Bernad Appy através de um estudo econômico propondo um método simplificativo de tributação para reforma tributária. 
Outra proposta foi apresentada, a PEC 110 que está no Senado Federal, proposta surgida da reapresentação da PEC 293A de 2003, proposta do economista e ex-deputado Luiz Carlos Hauly, um dos criadores do Simples Nacional. A PEC 110 também objetiva a simplificação de impostos e têm também a nomenclatura de “IBS”. Esse fato justifica a comparabilidade entre as duas alternativas propostas constitucionais, a análise e o apontamento de suas similaridades, diferenças, e objetivos. Limita-se a interpretação a luz da área fiscal das Ciências Contábeis, projeta-se a correlações jurídicas, econômicas e sociais. A análise apresentada contribui para correta interpretação do planejamento proposto e informar aos investidores e usuários de informações contábeis sobre a transição da reforma tributária nacional e contribuir para pesquisas futuras e a previsibilidade do futuro cenário econômico Brasil.
REFERÊNCIAS
APPY, at al. Reforma do Modelo Brasileiro de Tributação de Bens e Serviços. CCiF - Centro de Cidadania Fiscal. 2019a. Disponível em: <http://www.ccif.com.br/wp-content/uploads/2019/08/NT-IBS-v2_2.pdf>. Acesso em: 18 fev. 2020.
APPY, at al. Tributação no Brasil: O Que Está Errado e Como Concertar. CCIF -Centro de Cidadania Fiscal. 2019b. Disponível em: <http://www.ccif.com.br/wp-content/uploads/2018/07/Diretores_CCiF_Reforma_Tributaria_201802-1.pdf>. Acesso em: 18 fev. 2020.
BRASIL. Câmara dos Deputados. Proposta de Emenda à Constituição nº 45-A, de 2019. Altera o Sistema Tributário Nacional e dá outras providências. Disponível em: <https://www.camara.leg.br/proposicoesWeb/prop_mostrarintegra;jsessionid=5C3082E8DC3A6C0110986D5BF99C5A64.proposicoesWebExterno2?codteor=1728369&filename=PEC+45/2019>. Acesso em: 07 mar. 2020.
BRASIL. Senado Federal. Proposta de Emenda à Constituição n° 110, de 2019. Altera o Sistema Tributário Nacional e dá outras providências. Disponível em: <https://legis.senado.leg.br/sdleg-getter/documento?dm=7977850&ts=1576781827960&disposition=inline>. Acesso em: 07 mar. 2020.
CAMARA DOS DEPUTADOS. Proposta da Reforma Tributária - Notas Explicativas. 2019. Disponível em:<https://www2.camara.leg.br/atividade-legislativa/comissoes/comissoes-temporarias/especiais/55a-legislatura/reforma-tributaria/documentos/outros-documentos/22.08.17NotaExplicativa.pdf>. Acesso em: 18 fev. 2020.
CAMARA DOS DEPUTADOS. Reforma Tributária - PEC 110/2019, do Senado Federal, e PEC 45/2019, da Câmara dos Deputados. 2020. Disponível em: <https://www2.camara.leg.br/atividade-legislativa/estudos-e-notas-tecnicas/publicacoes-da-consultoria-legislativa/fiquePorDentro/temas/sistema-tributario-nacional-jun-2019/ReformaTributria_ComparativoPEC45ePEC110.pdf>. Acesso em: 18 fev. 2020.
CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE. Reforma Tributária: Contribuição do Conselho Federal de Contabilidade. - 2. ed. - CFC, 2003. Disponível em: <https://cfc.org.br/wp-content/uploads/2018/04/0_Reforma_tributaria.pdf>. Acesso em: 23 fev. 2020.
DOOTAX. O que muda com o Imposto sobre Bens e Serviços (IBS)? Dootax. Disponível em: <https://www.dootax.com.br/o-que-muda-com-o-imposto-sobre-bens-e-servicos-ibs/>. Acesso em: 19 out. 2019.
HAULY; Luiz Carlos. Principais Linhas da Proposta de Reforma Tributária. Disponível em: <http://itv.org.br/projeto/itv/arquivos/Proposta_Hauly.pdf>. Acesso em: 18 fev. 2020.
SILVA; Miguel, CASTRO; Paulo Rabello. Proposta Luiz C. Hauly: Análise da PEC 110/2019. Disponível em: <https://www.atlantico.org.br/wp-content/uploads/2019/08/Luiz-C.-Hauly-Final-Total.pdf>. Acesso em: 18 fev. 2020.
VEJA. Pauta do ano no Congresso, reforma tributária prevê imposto unificado. Veja Abril. 2020. Disponível em: <https://veja.abril.com.br/economia/pauta-do-ano-no-congresso-reforma-tributaria-preve-imposto-unificado/>. Acesso em: 23 fev. 2020.
Rio de Janeiro
2020.1

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