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Módulo 1 - Direito Constitucional I - FAG 2020 - 1

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1
DIREITO CONSTITUCIONAL I
(2020/1)
Professor: Adriano Carrasco dos Santos
* Pós-graduado em Ciências Criminais (Direito Penal e Processual Penal) pela Universidade Federal do Tocantins - UFT/2013;
* Bacharel em Direito pela Universidade São Judas Tadeu – SP/2005;
* Delegado de Polícia Civil do Estado do Tocantins desde 2011;
* Ex-Delegado de Polícia Civil do Estado do Acre;
* Professor de Direito Constitucional I, História do Direito, Direito das Minorias e Grupos Vulneráveis, Direito Processual Penal I, Direito Administrativo I, e Legislação Penal e Processual Penal Especial do IESC/FAG.
* Curriculum Lates: http://lattes.cnpq.br/9586519380751139
PLANO DE AULA SEMESTRAL
TURMA: 1º Período de Direito – 2020/1.
CARGA HORÁRIA: 60 horas/aula (24 encontros, todas as quartas – feiras).
CRONOGRAMA DE AULAS: Conforme quadro a seguir.
AVALIAÇÃO: N1 (3,00) + Projin (1,00)+ AL (1,00) + PI (2,00)+ N2 (3,00) = 10,00
N1 e N2: Avaliações regulares (03 questões discursivas e 07 questões objetivas de vários tipos: resposta única, asserção e razão, lacuna, respostas múltiplas, etc);
Projin: Projeto Integrador (trabalho envolvendo todas as disciplinas do semestre, sob orientação do Professor-Chave);
AL: Avaliação Livre (participação efetiva em aula, presença às aulas e trabalhos durante o semestre). Será concedido até 0,50 por trimestre;
PI: Provas institucional;
IMPORTANTE!!! Conforme deliberação do Colegiado do Curso de Direito, não haverá mais trabalhos complementares para composição de notas não alcançadas. Recuperação de notas será através da Prova Substitutiva .
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Após a apresentação da turma, passamos à apresentação detalhada do plano de ensino.
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	Cronograma	 Conteúdo Programático
	Aula 01/24 
(12/02)	Apresentação do curso e da turma. Módulo 1: Constitucionalismo: Conceito e Evolução Histórica -1 ª parte.
	Aula 02/24
(19/02)	Módulo 1: Constitucionalismo: Conceito e Evolução Histórica – 2ª parte. Trabalho avaliativo (debate sobre constitucionalismo)
	Aula 03/24
(26/02)	Módulo 1: Constitucionalismo: Evolução Histórica. – 3ª parte.
	Aula 04/24
(04/03)	Módulo 1: Classificação das Constituições – 1ª parte.
	Aula 05/24
(11/03)	Módulo 1: Classificação das Constituições – 2ª parte.
	Aula 06/24
(18/03)	Feriado Autonomia do Estado.
	Aula 07/24
(21/03) 	Projeto Integrador.
 
	Aula 08/24
(25/03)	Módulo 2: Elementos constitutivos do Estado. Formas de Estado e formas de governo – 1ª parte
	Aula 09/24
(01/04)	Módulo 2: Elementos constitutivos do Estado. Formas de Estado e formas de governo – 2ª parte
	Aula 10/24
(08/04)	Módulo 2: Elementos constitutivos do Estado. Formas de Estado e formas de governo – 3ª parte. Revisão para a N1.
	Aula 11/24
(15/04)	Revisão para a N1.
	Aula 12/24
(22/04)	N1: módulos 1 e 2 do conteúdo programático. Valor (0,00 a 3,00).
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	Cronograma	 Conteúdo Programático
	Aula 13/24
(25/04)	Projeto Integrador.
	Aula 14/24
(29/04) 	Devolutiva da N1. Módulo 3: Hermenêutica Constitucional. Teoria dos freios e contrapesos – 1ª parte.
	Aula 15/24 
(06/05)	Módulo 3: Hermenêutica Constitucional. Teoria dos freios e contrapesos – 2ª parte.
	Aula 16/24
(13/05)	Módulo 4: As Constituições brasileiras. 
	Aula 17/24
(20/05)	Módulo 4: Princípios e objetivos constitucionais. Direitos fundamentais: direitos individuais e coletivos. 
	Aula 18/24
(23/05)	Projeto Integrador.
	Aula 19/24
(27/05)	Módulo 4: Direitos sociais. Direito de nacionalidade. 
	Aula 20/24
(03/06)	Revisão para a N2..
	Aula 21 /24
(10/06)	Prova Semestral de Curso. N2: módulos 3 e 4 do conteúdo programático. Valor (0,00 a 3,00).
	Aula 22 /24
(17/06)	N2: módulos 3 e 4 do conteúdo programático. Valor (0,00 a 3,00)..
	Aula 23 /24
(24/06)	Devolutiva da N2. 
	Aula 24/24
(01/07)	Provas Substitutivas.
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BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR SUGERIDA
CURSO DE DIREITO CONSTITUCIONAL
 Flávio Martins
 Editora Saraiva
2) DIREITO CONSTITUCIONAL ESQUEMATIZADO 
Pedro Lenza
Editora Saraiva 
3) CURSO DE DIREITO CONSTITUCIONAL 
André Ramos Tavares 
Editora Saraiva
4) CURSO DE DIREITO CONSTITUCIONAL
 Paulo Bonavides  
 Editora Malheiros
OBS.: Verificar e ler a bibliografia obrigatória do curso constante no Plano de Ensino e Aprendizagem (Unimestre).
 Ler a Constituição Federal e os textos disponibilizados no Unimestre.
Módulo 1: Constitucionalismo: Conceito e Evolução Histórica. Constituição: Conceito e Classificações.
Sentimento Constitucional: É aquilo que você, membro de uma determinada sociedade e cultura, entende como sendo uma Constituição.
“É o resultado último do entranhamento da Constituição na vivência diária dos cidadãos, criando uma consciência comunitária a respeito da preservação da Constituição como símbolo maior de valor afetivo e pragmático” (Ministro Luiz Roberto Barroso).
Traduzindo: Mesmo que se tenha dificuldade em conceituar o que seja Constituição, no fundo se tem uma ideia do que seja Constituição: documento escrito, limitação do poder, organização do Estado, direitos e garantias fundamentais do cidadão).
Esse sentimento é fruto do chamado CONSTITUCIONALISMO.
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Constitucionalismo (Conceito): Movimento social, político e jurídico, que se insere na história da cultura ocidental, cujos principais objetivos são garantir direitos, limitar o poder estatal (separação de poderes) e organizar o Estado por meio de uma Constituição.
Social: acontecimento de uma série de episódios sociais historicamente relevantes, que visavam limitar o poder do Estado e reconhecer direitos fundamentais. Ex.: Revolução Francesa, Revolução do Porto (Portugal – 1820).
Político: Exigiram-se vários acordos e negociações políticas para limitar o poder estatal e organizar o Estado por meio de uma Constituição. Ex.: Movimento Constitucional Norte Americano e a Magna Cartha Libertatum, de 1215.
Jurídico: Busca pela construção histórica de teorias que levam à adoção de um sistema dotado de um ordenamento jurídico máximo, acima dos próprios governantes e por eles respeitado.
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Karl Loewenstein (filósofo e político alemão, Munique, 9 de novembro de 1891 – Heidelberg, 10 de julho de 1973) 
“a história do constitucionalismo não é senão a busca pelo homem político das limitações do poder absoluto exercido pelos detentores do poder, assim como o esforço de estabelecer uma justificação espiritual, moral ou ética da autoridade, em vez da submissão cega à facilidade da autoridade existente” 
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Dirley da Cunha Júnior (Pós Doutor em Direito Constitucional)
http://lattes.cnpq.br/2828640231760353
“Constitucionalismo nada mais é do que uma história da evolução constitucional. O conceito de constitucionalismo está vinculado à noção e importância da Constituição, na medida em que é através desta que aquele movimento pretende realizar o ideal de liberdade humana, com a criação de meios e instituições necessárias para limitar e controlar o poder político, opondo-se, desde sua origem, a governos arbitrários, independente de época e lugar. O constitucionalismo se despontou no mundo como um movimento político e filosófico inspirado por ideias libertárias que reivindicou, desde seus primeiros passos, um modelo de organização política lastreada no respeito dos direitos dos governados e na limitação do poder dos governantes”. 
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Importante!!!!
Observem que o Constitucionalismo é um movimento histórico (ocorreu no decorrer do tempo) e que ocorreu em vários países ou continentes, de formas e em momentos diferentes, portanto, o mais correto seria falarmos em Movimentos Constitucionais e não em Constitucionalismo (José Joaquim Gomes Canotilho).
Exs. Constitucionalismo inglês, Constitucionalismo americano, Constitucionalismo francês, etc, ocorridos de forma, em locais e em épocas diferentes.
SEMPRE objetivando a garantia de direitos, a limitação do poder estatal (separação de poderes) e a organização do Estado através de uma Constituição. 
 
 “A liberdade guiando o povo”, pintura de Eugène Delacroix , referente à Revolução Francesa.
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Para o Professor André Ramos Tavares,temos quatro (04) sentidos para o termo “Constitucionalismo”:
1º) Constitucionalismo como movimento político-social, historicamente remoto, que objetivava principalmente a limitação do poder arbitrário. Constitucionalismo vinculado à ideia de garantia de Direitos Fundamentais;
2º) Constitucionalismo como movimento de construção ou de imposição da Constituição formal (escrita);
3º) Constitucionalismo ligado à ideia de evolução histórico-constitucional de um determinado Estado. Ex. Constitucionalismo brasileiro, como história da Constituição no Brasil;
4º) Constitucionalismo como indicação dos propósitos ou objetivos mais importantes e atuais da Constituição em uma determinada sociedade.
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O Constitucionalismo deu origem à Constituição escrita, mas todo Estado tem Constituição?
Depende do sentido em que está sendo empregada a palavra Constituição:
Constituição em sentido material ou histórico: conjunto de normas ou regras, escritas ou costumeiras que tratam das instituições conformadoras do Estado de uma dada ordem jurídico-política em um determinado momento histórico e em determinada sociedade. Nesse sentido todo Estado sempre possuiu Constituição (regras de organização e estrutura).
Constituição em sentido formal: no sentido de documento escrito. Nem todo Estado teve ou tem atualmente. É fruto do Constitucionalismo. Depende o sentimento constitucional do Estado. Ex. Reino Unido.
 	
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O Constitucionalismo chegou até mesmo a moldar um conceito ideal de Constituição:
 
Constituição em sentido moderno:
O “conceito ideal” de Constituição, surgido no século XIX (Carl Schmitt) não corresponde a nenhum modelo concreto (está no sentimento constitucional), e abrange três elementos (Canotilho):
Documento escrito (Constituição Formal);
Garantia das liberdades (previsão de direitos fundamentais) e da participação política do povo (participação popular no parlamento);
Limitação ao poder (separação de poderes) por meio de programas constitucionais (freios e contrapesos etc).
A CF/88 atende ao conceito ideal de Constituição trazido pelo Constitucionalismo? 
Evolução Histórica do Constitucionalismo
Como já dito, os chamados Movimentos Constitucionalistas não ocorreram todos de uma vez e nem nos mesmos territórios. Tivemos uma evolução histórica desse processo de transformação.
A doutrina costuma dividir o Constitucionalismo, como movimento histórico que é, em cinco fases:
 
1ª fase) Constitucionalismo na antiguidade clássica: Constitucionalismo hebreu: Estado teocrático: a Lei de Deus (Torah) superior a Lei dos homens, limitando o poder terreno (ideia embrionária de hierarquia de leis, limitação do poder estatal); Constitucionalismo grego: Encontramos nas cidades-estados gregas sinais de democracia direta, hierarquia de normas, constituição como identidade do poder político, embrião do controle de constitucionalidade; e Constitucionalismo romano: embrião da separação de poderes (Cônsules, Senado e povo); (ideias embrionárias!!!!)
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OBS.: a evolução histórica do direito não é linear e sim “pendular”, com avanços e retrocessos. Assim, chegamos à Idade Média sem esses avanços, em sua antítese: o absolutismo monárquico e ausência de elementos participativos.
2ª fase) Constitucionalismo antigo (Idade Média): monarca como representante de Deus na Terra. Surgimento de primeiros documentos escritos de limitação do poder monárquico (do século XIII - com a Magna Carta Libertatum de 1215 - primeiro documento escrito no qual o monarca reconhece e aceita limites - ao século XVIII, com as Constituições Americana de 1787 e Francesa de 1791); 
3ª fase) Constitucionalismo moderno (a partir do século XVIII – marco são as primeiras Constituições Escritas: EUA (1787) e França);
4ª) Neoconstitucionalismo (pós 2ª Guerra Mundial);
 
5ª) Constitucionalismo do futuro. 
Pré-História: Pré-Constitucionalismo (até 4.000 a.C)
Neste período histórico já surgem regras de convívio em sociedade (o embrião do Direito).
 Em que pese cada agrupamento social manter suas próprias regras, transmitidas pela tradição, normas bem rudimentares com noções de território e comando (governo), ainda não podemos falar em Constitucionalismo (movimento tendente a limitar o poder soberano e organizar o Estado através de uma Constituição). Por isso chamamos de Pré-Constitucionalismo.
 
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Idade Antiga: Constitucionalismo Antigo (4.000 a.C até 476 d.C)
a) O Constitucionalismo do Povo Hebreu 
 
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O Profeta Moisés conduzindo o povo Hebreu na travessia do mar vermelho
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Mas qual a participação do povo Hebreu nos Movimentos Constitucionalistas?
1) O Povo Hebreu era monoteísta (Jeová) e Teocrático (Todo Poder vem de Deus);
2) Os Profetas eram os representantes de Jeová na Terra e não admitiam que os soberanos contrariassem as leis divinas.
3)Essas leis divinas eram passadas diretamente de Jeová para os Profetas, que zelavam pela observância.
4) Toda atitude dos soberanos que contrariasse a vontade de Jeová era questionada pelos Profetas. (questionamento do poder dos soberanos, que deveria estar abaixo do Poder Divino, limitado por este)
Conseguiu perceber traços de Constitucionalismo na história do Povo Hebreu e na atuação dos Profetas?
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b) O Constitucionalismo na Grécia Antiga
Atenas e Esparta eram as principais Cidades- Estado
Cada Cidade-Estado tinha seu Direito (conjunto de regras de convivência pacifica em sociedade).
Com o passar do tempo sábios eram chamados para atualizar as normas.
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	Esparta	Atenas
	Licurgo (1.000 a.C): educação dos jovens pelo Estado, dos 7 aos 20 anos, refeições públicas.	Drácon (620 a.C): leis extremamente rígidas (“normas draconianas)
		Sólon: suavizou as leis de Drácon, implantando um sistema democrático.
		Péricles: restaurou as artes, estimulou a cultura e a filosofia.
A importância de Solón para o Direito Grego 
Em 594 a.C inicia uma reforma social, política e econômica em Atenas:
 Instauração da igualdade civil;
 Abolição da propriedade coletiva dos clãs; 
 Fim da servidão e da escravidão por dívidas;
 Limitação do poder paterno (pater familias);
 Criação do Tribunal de Heliaia (apelações).
 Amenizou as penas draconianas (ex. A punição do roubo, que era a morte, passou a ser uma multa igual ao dobro do valor roubado).
Estabelecimento de práticas testamentárias e da adoção;
Obrigou os pais a ensinarem um ofício aos filhos, caso contrário, estes ficariam desobrigados de ampará-los na velhice;
Concessão da cidadania a estrangeiros;
Fixação do tamanho da terra possuída individualmente (reforma agrária), com incentivo à produção do azeite e da vinha.
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b.1) O Constitucionalismo Ateniense
Atenas é considerada o Berço da Democracia, com a limitação do poder político e a participação dos “cidadãos” nos assuntos políticos .
Mas quem eram os cidadãos atenienses?
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Vamos a um exemplo real (vídeo):
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Características do Constitucionalismo Ateniense: 
Abertura do Parlamento aos cidadãos;
As leis eram publicadas e talhadas nos muros da cidade;
Cidadania e nacionalidade por critérios sanguíneos;
 Controle rígido do dinheiro público (impostos);
Ações públicas (participação dos cidadãos).
b.2) O Constitucionalismo Espartano
Esparta era uma Cidade-Estado dedi-
cada às atividades bélicas, motivo pe- 
lo qual no desenvolveu tanto quanto
Atenas sua democracia.
Dois Reis dividiam o poder e eram 
Auxiliados pelo Conselho de anciãos, Leônidas em “300”
cujas decisões eram ou não referendas 
pela Assembleia do povo. Ao Eforato, composto por 5 membros eleitos, cabia uma espécie de poder moderador.
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c) O Constitucionalismo Romano
A história jurídica de Roma se divide em quatrofases:
Pré-Constitucionalismo na Realeza (754 a.C. a 510 a.C.)
Costumes como principal fonte do Direito;
Jurisprudência nas mãos dos pontífices;
Reis: Rômulo, Numa Pompílio, Tulo Hostílio, Anco Márcio, Tarquínio, Prisco, Sérvio Túlio e Tarquínio (o soberbo) ;
Poderes dos Reis: vitalício, irresponsável, chefe do exército, funções de juiz, sacerdote e amplos poderes administrativos, declarava guerra e celebrava a paz;
Senado: função consultiva junto ao rei.
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2) Constitucionalismo Antigo na República (510 a.C. a 27 a.C.)
Revolução popular baniu o Rei Tarquínio, o soberbo, pondo fim à realeza e dando início à República (res publica = coisa do povo)
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Patrícios: Faziam parte da aristocracia, possuíam as melhores propriedades e exerciam controle sobre os demais membros da tribo;
Clientes: Estavam vinculados aos Patrícios, prestando favores em troca de proteção:
Plebeus: Maior parte da população romana, eram livres, mas não tinham direitos e não podiam acumular riquezas, devendo permanecer submetidos aos Patrícios;
Escravos: Eram tratados como coisa (res). Pessoa poderia se tornar escravo se fosse capturado em guerra ou se contraísse dívidas.
Essa divisão de castas, somada a um direito costumeiro (consuetudinário) que privilegiava apenas os Patrícios, gerou a indignação dos Plebeus, que passaram a exigir a normatização das regras de convívios em sociedade.
27
Principais conquistas jurídicas do período:
Tribuno da Plebe (494 a.C.): órgão representativo dos Plebeus, com poder de vetar decisões do Senado;
Comissão de Patrícios vão a Grécia estudar as Leis de Sólon e com base nelas fazem a Lei da XII Tábuas (Lex Duodecim Tabularum);
3) Editos dos Magistrados (edictum perpetuum e edictum repentinum): programa de ações feitos pelos magistrados, no início de cada ano. 
3) Constitucionalismo Antigo no Principado (27 a.C. a 285 d.C.)
 Gaius Octavius Thurinus (Otaviano Augustus) é nomeado Imperador pelo Senado Romano.
 
Evolução Jurídica na época:
Os costumes, as leis comiciais, os editos dos magistrados, o senatus consultos, as constituições imperiais (atos emanados dos princeps).
4) Declínio Constitucionalista no Baixo Império ou Dominato (285 d.C. a 565 d.C)
Em 284 d.C. Deocleciano chega ao poder e implanta a monarquia absoluta (dominato), onde o Imperador passa a ser deus e dominus e o Senado é reduzido a mera consultor.
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A Constituição Imperial passa a ser a Lex, única fonte do Direito, imposta a todos.
O Imperador passa a ter poder absoluto e divinizado, desintegrando os ideais constitucionalistas até então alcançados.
d) O Constitucionalismo no antigo oriente
1) O Constitucionalismo no Egito 
Os Faraós eram a personificação dos 
Deuses, tendo, assim, poderes abso-
lutos.
Quanto à Justiça, ficava a cargos da
Deusa Maat, tendo os Faraós como
seus representantes. 
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Deusa Maat
De 1550 a 1070 a.C. começam a surgir leis escritas e os poderes absolutos do Faraós começam a ser questionados e limitados, principalmente colocando-os como semideuses, mas também submetidos as normas divinas.
31
2) O Constitucionalismo na Mesopotâmia
O Direito na Mesopotâmia 
Povos da Mesopotâmia (3.000 a.C)
OBS.: Meso + potâmia = “região entre rios” (rios Tigre e Eufrates). Região onde atualmente estão Iraque e Kuait.
32
O Direito na Suméria é conhecido por ser severo demais em comparação aos outros, onde muitos desvios eram apenados por penas capitais e mutilação e desmembramentos.
Presença da “Lei de Talião” – “Olho por olho, dente por dente”.
Várias leis preservadas até os dias de hoje.
Presença de diversos institutos jurídicos que existem até hoje.
Responsabilidade Civil: danos morais, compensações, indenizações etc.
Normas de proteção à família, bens particulares e templos religiosos.
33
Povo Sumério cria a escrita cuneiforme: Técnica de impressão de símbolos em placas de argila.
É considerada a 1ª forma de escrita conhecida no mundo!!!
A partir de então, as normas sociais, comportamentais e religiosas, passam a ser também registradas: Surge o Direito Escrito!!!
34
Mesopotâmia: Estrutura Territorial
A estrutura desses primeiros agrupamentos urbanos era tripartite: 
a cidade propriamente dita, cercada por muralhas, em que ficavam os principais locais de culto e as células dos futuros palácios reais; 
b) uma espécie de subúrbio, extramuros, local em que se misturavam residências e instalações para plantio e criação de animais e 
c) o porto fluvial, em que se praticava o comércio e que era utilizado como local de instalação dos estrangeiros, cuja admissão, em regra, era vedada nos muros da cidade.
35
SOCIEDADE BABILÔNICA
No tempo de Hamurabi, a sociedade era dividida em três classes:
1) Awilum (classe mais alta, composta pelos homens livres, sacerdotes, funcionários públicos e soldados);
2) Muskênum (classe intermediária, homens livre menos importantes);
3) Wardum (escravos): tinham alguns direitos, apesar de não serem livres.
36
As Estelas mais importantes:
O “Código” de Ur-Nammu (~ 2040 a.C.);
b) O “Código” de Esnnuna (~1950 a.C);
c) O “Código” de Lipit Ishtar (~1924 a.C.);
d) O “Código” de Hammurabi (~1700 a.C.).
A serem melhor estudadas na disciplina História do Direito!!!
37
Outros Movimentos Constitucionalistas Importantes
a) Constitucionalismo antigo (do século XIII - com a Magna Charta Libertatum de 1215 - ao século XVIII); (primeiro documento escrito no qual o monarca reconhece limites)
 
b) Constitucionalismo moderno (a partir do século XVIII – marco são as primeiras Constituições Escritas: EUA (1787) e França);
 
c) Neoconstitucionalismo (pós 2ª Guerra Mundial);
 
d) Constitucionalismo do futuro. 
Vejamos cada um aprofundadamente:
38
Três grandes movimentos constitucionais que foram decisivos para formatar a Constituição no sentido moderno:
 
1) Constitucionalismo Inglês ou Historicista:
 
Principais documentos históricos:
 
 a) Carta de coroação de Henrique I (Carta de Liberdades e Garantias do Cidadão) - 1110;
b) Magna Charta Libertatum – 1215 (inspirada na primeira). Reconhecimento do Rei João Sem Terra de limitação de seus poderes; Início com problemas tributários envolvendo o Rei e os barões, que não aceitavam mais o aumento da carga tributária.
 
 Obs.: Trouxe o conceito de Due process of law (devido processo legal) – Magna Charta:
39
“39. Nenhum homem livre será detido ou sujeito à prisão, ou privado dos seus bens, ou colocado fora da lei, ou exilado, ou de qualquer modo molestado, e nós não procederemos nem mandaremos proceder contra ele senão mediante um julgamento regular pelos seus pares ou de harmonia com a lei do país.” (ainda está em vigor)
c) Petition of Rights (petição de direitos) – 1628;
 
d) Habeas Corpus Act (tratava de prisões ilegais) – 1679;
 
e) Bill of Rights – 1689 (primeiro documento parlamentar visando limitar os poderes do monarca – soberania do parlamento).
 
Foi ainda no Constitucionalismo inglês, com a ideia de soberania do parlamento, que se firmou a ideia de que o exercício do poder se dá através da lei (princípio básico do Estado de Direito).
Após a Revolução Gloriosa e a Bill o Rights, fortaleceu-se a ideia de separação dos Poderes [governo com Constituição mista: poder dividido entre os diversos atores de uma sociedade: o Rei (com poderes reduzidos), Câmara dos Lordes (aristocracia) e Câmara dos comuns (burguesia)].
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2) Constitucionalismo Norteamericano ou Estadualista: (parei aqui 2020/1)
 
Principais documentos históricos:
 
a) Pacto do Mayflower (navio de imigrantes. Pacto envolvendo os imigrantes, feito a bordo do navio);
 
b) Declaração da Virgínia de 12/06/1776 (primeira declaração de Direitos Humanos em sentido moderno);
 
c) Declaração de Independência de 04/07/1776;
 
d) Constituição de 1787; (escrita, inaugura ideia de presidencialismo, formatação do controle de constitucionalidade);
 
e) Bill of Rights(10 primeiras emendas. Catálogo de direitos fundamentais) de 1791 (não confundir com o inglês!!!).
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OBS.: A questão tributária foi FUNDAMENTAL para o surgimento do Constitucionalismo, para forjar a ideia de constituição escrita e a ideia dos Direitos Humanos e Fundamentais. Briga de João Sem Terra com os Barões do Reino (Inglaterra); briga das 13 colônias inglesa nos EUA com a Inglaterra em razão da tributação excessiva dos colonos (lei do chá, lei do selo etc, chamadas de “leis intoleráveis”), que levou ao desejo de independência, que ocorreu em 1786. 
As principais colaborações do Constitucionalismo norte-americano para nosso sentimento constitucional foram: a adoção de uma constituição escrita como decisão do povo, a ideia de democracia dualista (momentos constituintes – decisões raras do povo - e decisões cotidianas dos governantes, prevalecendo os primeiros – ideia de Supremacia da Constituição), os “pais da constituição” queriam a limitação do poder do parlamento para evitar a “tirania da maioria”, modelo federativo de Estado, forma presidencial de governo, Poderes derivados da Constituição, freios e contrapesos, controle judicial da constitucionalidade (judicial review), constituição garantia (garantir direitos e limitar poderes) – não é dirigente ou programática como a nossa - ênfase na questão da liberdade e igualdade.
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OBS.: Democracia não é sinônimo de assembleísmo. Na Democracia a vontade da maioria não pode massacrar de forma tirânica a vontade da minoria.
3) Constitucionalismo Francês ou Individualista:
Principais documentos históricos:
a) Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão – 1789;
 
b) 1ª Constituição francesa de 1791;
 
c) 2ª Constituição francesa de 1793;
 
d) 3ª Constituição francesa de 1799; 
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Antes da Revolução Francesa, vigorava um regime de privilégios feudais, inclusive privilégios tributários (novamente a questão tributária como ponto fulcral para o Constitucionalismo!!).
 
Regime de privilégios: regime baseado na ordem estamental (não falar em classe social, pois este conceito é historicamente posterior).
 
Ordem estamental: 
1º estamento ou estado: CLERO;
2º estamento ou estado: NOBREZA;
3º estamento ou estado: DEMAIS PESSOAS (ex. burguesia).
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A lei não era igual para todos. Tratamento jurídico diferenciado na lei. Ex. clero e nobreza não pagavam impostos. 
 
A Revolução Francesa acaba com o regime estamental, promovendo a igualdade formal (na lei e perante a lei).
Emmanuel Joseph Sieyès, o Abade de Sie: Na obra “O que é o Terceiro Estado”, traduzido no Brasil para “A Constituinte Burguesa”, formatação da ideia de Poder Constituinte, no qual a Nação, detentora de um poder especial, diverso dos poderes ordinários, constituídos, poderá mudar a forma de organização do Estado francês.
 Legado do Constitucionalismo francês:
O “conceito ideal” de Constituição já estava presente no artigo 16 da Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão (documento escrito), da Assembleia Francesa, de 1789;
artigo 16 – “Toda sociedade na qual não está assegurada a garantia dos direitos, nem determinada a separação de poderes, não tem constituição”. 
 
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*elementos do “conceito ideal” de constituição: documento escrito + garantia de direitos + separação de poderes.
Ideias de direitos individuais, universais e naturais das pessoas (1ª dimensão de direitos individuais. Ex Direito à vida, à liberdade de locomoção, à liberdade de expressão, à propriedade, ao voto, à nacionalidade etc);
Ideia de igualdade e liberdade entre os homens;
Fim da ordem estamental;
(Hobbes) Ideia de artificialidade da ordem dos homens, que tem como base um acordo ou contrato social;
(Canotilho) Surgimento de novas categorias políticas expressas em palavras de ordem, como Estado, Nação, Poder Constituinte, Soberania Nacional, Constituição Escrita etc;
- Formatação teórica do Poder Constituinte como um poder originário que pertence à Nação, capaz de criar de maneira autônoma e independente a constituição escrita;
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 - Separação entre poder constituinte e poderes constituídos;
Limitação dos poderes através da Separação de Poderes (Montesquieu – “O Espírito das Leis” - 1748)
 - Formatação do modelo de Estado Liberal e dos Direitos Individuais de 1ª dimensão.
 - Todos os constitucionalismos vistos contribuíram para o nosso sentimento constitucional.
 
Neoconstitucionalismo
 Até a 2ª GM o Direito era visto com algo que se autolegitimava. O fundamento do direito era o próprio direito.
Tribunal de Nuremberg: A defesa dos generais nazistas foi que eles estavam apenas cumprindo as regras do país deles e que por este fato estavam sendo julgados em um tribunal de exceção e por algo, que na época em que praticado, não era considerado crime. Passou-se a entender que o direito precisava ter um novo fundamento: a dignidade da pessoa humana.
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 5ª) Constitucionalismo social (desde o início do século XX)
 
Surgimento das fábricas (revolução industrial) em confronto com a manufatura familiar e exploração dos trabalhadores, aproveitando-se do afastamento do Estado provocado pelo Liberalismo.
 
Revoluções socialistas em busca novamente de proteção estatal contra abusos do sistema capitalista.
 
Busca pelo Estado do Bem-Estar Social ou Estado-Providência (Wefare State): Estado agora com obrigações positivas em relação aos direitos fundamentais de 2ª geração. Estado, me dê saúde, me dê educação, me dê previdência social.
 
Principais documentos jurídicos que inauguraram este Constitucionalismo Social:
 
Constituição do México (1917);
Constituição Alemã (Weimar – 1919);
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 Neoconstitucionalismo
 Até a 2ª GM o Direito era visto com algo que se autolegitimava. O fundamento do direito era o próprio direito.
Tribunal de Nuremberg: A defesa dos generais nazistas foi que eles estavam apenas cumprindo as regras do país deles e que por este fato estavam sendo julgados em um tribunal de exceção e por algo, que na época em que praticado, não era considerado crime. Passou-se a entender que o direito precisava ter um novo fundamento: a dignidade da pessoa humana.
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Com isso surge o Neoconstitucionalismo ou constitucionalismo contemporâneo, com as seguintes características específicas:
a) Valorização dos princípios como normas (subsunção de algum fato à regra, associado com a ponderação de princípios); Normas-regra e normas-princípio;
b) Poder Judiciário mais ativo, com mais poder, inclusive podendo anular atos administrativos e interferir na política;
c) Dignidade da Pessoa Humana como fundamento da constituição, que passa a ser o centro da sociedade (centralidade da constituição, constituição onipresente, filtragem constitucional, constitucionalização dos demais ramos do direito)
d) Crítica à legalidade estrita, ao positivismo puro ou exacerbado;
e) Não há mais uma separação rígida entre direito e moral (leitura moral do direito e da constituição);
d) Convivência de valores, às vezes até contraditórios;
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d) Princípios passam a ter valor normativo;
e) Constituição deixa de ser um documento meramente político e passar a ter valor jurídico (jurisdicionalização da política);
f) Estado legicêntrico dá lugar ao Poder Judiciário mais atuante;
 
Críticas ao Neoconstitucionalismo:
Excesso de ativismo judicial, desvalorização da política etc.
Os membros dos Poderes Executivo e Legislativo são eleitos, os do Poder Judiciário não. 
A legitimidade no Executivo e Legislativo é direta (todo poder emana do povo, que o exerce diretamente ou por meio de representantes eleitos na forma da Constituição). A legitimidade do Poder Judiciário é inegável, mas não é direta.
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Constitucionalismo do Futuro
Segundo José Roberto Dromi, as Constituições do futuro serão guiadas por determinados valores fundamentais:
Verdade: não trará mentiras ou compromissos não factíveis no seu texto. Diferença entre normas programáticas inalcançáveis (devem ser retiradas da constituição) e as que não se concretizam por problemas da vivência política (estas devem ser mantidase cobradas dos responsáveis através do Poder Judiciário, do MP etc);
 
Solidariedade: compromisso com a igualdade material, com a não discriminação, com a tolerância e solidariedade entre os povos;
 
Continuidade: A Constituição seguirá a lógica das anteriores, inclusive dando continuidade aos direitos fundamentais alcançados. Luta cotidiana e interminável contra a redução, contra o encolhimento dos direitos fundamentais já alcançados;
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Participação: participação sempre mais ativa, integral e equilibrada do povo nos processos político-decisórios, promovendo a democracia participativa em seu mais elevado grau. Um dado para contribuir com essa participação é a chamada “teledemocracia”: utilização de instrumentos tecnológicos para propiciar um grau de democracia mais elevado na sociedade, através da maior participação popular (ex. voto pela internet). Direito fundamental de acesso à internet já é discutido!!!!
 
Integração: Trará previsões de integração dos povos através de órgãos supranacionais e políticas transnacionais (ex. Mercosul e Comunidade Europeia);
 
Universalização: Constituição positivará os direitos fundamentais internacionais, com destaque para a dignidade da pessoa humana, que se transformará num tópico universal.
 
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Cross-constitucionalismo ou “constitucionalismo cruzado”
 
Significa a utilização de argumentos, teorias e decisões judiciais pertencentes ao constitucionalismo de um determinado Estado em contexto diverso, na prática constitucional de outro Estado. É utilizado no âmbito dos direitos fundamentais.
Ex. determinadas decisões do STF mencionando jurisprudência de outros tribunais internacionais.
 
Constitucionalismo Globalizado
 Fase final do constitucionalismo. Tem a ver com a ideia de universalização do constitucionalismo do futuro. Seria a ampliação dos ideais e princípios jurídicos ocidentais para todos os povos, tornando-os universais. (ex. direitos humanos, democracia, constituição como documento isolado da questão religiosa).
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CONSTITUIÇÃO: CONCEITO E CLASSIFICAÇÃO
Constituição é uma palavra plurívoca (possui mais de um significado).
Sentido comum: constituição de um dado objeto. Conjunto de elementos essenciais de determinado objeto. Ex. uma mesa é constituída de uma tábua de madeira, quatro pés metálicos, alguns parafusos ...etc
Sentido jurídico: Ponto de partida: Também é o conjunto de elementos essenciais de um determinado objeto, sendo este objeto o Estado.
André Ramos Tavares: é a particular maneira de ser de um Estado.
José Afonso da Silva: é o simples modo de ser do Estado.
Canotilho: Sentido Jurídico mais estrito, constituição é a lei fundamental do Estado, que organiza os elementos essenciais do Estado. “É o estatuto jurídico do político”, ou seja, as decisões sobre a organização do Estado são essencialmente políticas, mas a constituição transforma essa decisão política em uma decisão jurídica. A Constituição transforma em norma a decisão política.
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CONCEITO DE CONSTITUIÇÃO: 
José Afonso da Silva: “Constituição é um sistema de normas jurídicas, escritas ou costumeiras, que regula a forma do Estado, a forma de seu governo, o modo de aquisição e o exercício do poder, o estabelecimento de seus órgãos, os limites de sua ação, os direitos fundamentais do homem e as respectivas garantias. Em síntese, a constituição é o conjunto de normas que organiza os elementos constitutivos do Estado”.
Elementos constitutivos do Estado (matéria do módulo 2)
Território (elemento geográfico);
 Povo; (elemento humano)
 Soberania; (elemento político)
 (alguns autores incluem um quarto elemento: a finalidade).
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 3 Concepções Clássicas de Constituição (DESPENCA EM CONCURSO!!!)
1ª) Concepção Sociológica de Constituição: 
(Ferdinand Lassalle – “A Essência da Constituição”). Constituição é a soma dos fatores reais do poder. Temos a Constituição escrita (formal) e também os fatores reais de poder (poder político, poder militar, poder religioso, poder econômico etc). 
A constituição escrita só vale se coincidir com a soma dos fatores reais de poder, caso contrário, prevalecerá a soma dos fatores reais de poder, sendo a constituição formal desprezada (ex. dispositivo que limitou os juros reais em 12% ao ano). 
A constituição escrita, caso não esteja de acordo com a soma dos fatores reais de poder (vontade dos demais setores da sociedade), será uma mera folha de papel.
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2ª) Concepção Política de Constituição: 
(Carl Schmitt – “Teoria da Constituição”). A Constituição é a decisão política fundamental do titular do poder constituinte. Diferença entre constituição e lei constitucional (ambos inseridos no corpo do texto constitucional). 
Constituição é aquilo que diz respeito à decisão política fundamental (aquelas sem as quais não conseguimos formatar um Estado):
artigo 1º, da CF - A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos: (...)” 
Lei constitucional: É aquilo que embora esteja escrito na constituição, não diz respeito à decisão política fundamental: 
artigo 242, § 2º da CF – O Colégio Pedro II, localizado na cidade do Rio de Janeiro, será mantido na órbita federal.”
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3ª) Concepção Jurídica de Constituição:
(Hans Kelsen – obra “Teoria Pura do Direito”): A constituição é norma pura, puro dever-ser, dissociada de qualquer fundamento sociológico, político ou filosófico. Constituição é norma pura, é direito escrito, positivo, ocupante do topo da pirâmide hierárquica do sistema.
Para Kelsen a Constituição tem dois sentidos:
Sentido jurídico-positivo: Constituição é o elemento maior do sistema jurídico, do ordenamento jurídico (lembrar da pirâmide de Kelsen). É jurídico porque pertence ao Direito e é positivo porque está dentro do direito positivo, do direito posto. Constituição como norma maior, seguida pela Lei, e pelo Regulamento, onde a norma inferior tem sua origem na norma superior e deve obediência a ela. O regulamento se funda na lei, e a lei é criada pela Constituição. A fonte de validade do regulamento é a lei. A fonte de validade da lei é a Constituição.
 
Mas e a Constituição, se funda em quê??
 
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Kelsen jamais diria que a Constituição tem como fonte de validade o Direito Natural, por isso adotou o próximo sentido:
 
Sentido lógico-jurídico: A Constituição é norma hipotética fundamental, está fora do direito posto, é lógica, supõem-se que exista. É jurídico porque pertence ao Direito e é lógico porque está fora do ordenamento positivado. Portanto, a Constituição em sentido lógico-jurídico cria a constituição em sentido jurídico-positivo, sendo sua fonte de validade.
As provas de concurso exigem o conhecimento de outras teorias que se agregam a estas:
 
1) Teoria da Força Normativa da Constituição (Konrad Hesse)
 
É uma resposta à ideia da concepção sociológica de Ferdinand Lassalle, que defende que a Constituição escrita, caso não coincidisse com a soma dos fatores reais de poder, seria apenas “uma folha de papel” e seria descartada ao lixo.
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Para o professor Konrad Hesse não é bem assim. Apesar da Constituição formal, escrita, estar condicionada à realidade histórica, inclusive aos fatores reais de poder, ela não é apenas uma expressão da realidade, possuindo elemento normativo, ordenando, conformando, modificando, também a realidade histórica. Logo, em caso de eventual conflito entre a Constituição escrita e a realidade, nem sempre a parte mais fraca será aquela (Constituição), que poderá prevalecer e ainda modificar a realidade social. 
2) Teoria da Constitucionalização Simbólica (Marcelo Neves) 
 A atividade legislativa tem, muitas vezes, característica eminentemente simbólica. O objetivo da legislação às vezes é apenas se tornar um símbolo, sem se concretizar. A legislação simbólica seria aquela relativa a produção de textos para servir a finalidades que não são necessariamente de caráter normativo e jurídico.
O professor e Ministro Luis Roberto Barroso tambémaborda o fenômeno introduzindo a ideia de insinceridade legislativa (colocar normas no sistema positivo sem real finalidade de que as mesmas sejam concretizadas).
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A chamada “constitucionalização simbólica” pode servir a outros objetivos que não a efetivação da norma, como, por exemplo:
Confirmar certos valores sociais de certos grupos, constitucionalizando-os com o simples objetivo de mera vitória legislativa, para demonstrar superioridade social. Ex. ideia de criminalização do aborto na Alemanha. 
Outro objetivo seria fortalecer a confiança do cidadão no governo ou no Estado (legislação álibi), esvaziando pressões políticas ou mostrando o Estado sensível aos anseios e expectativas sociais, mas sem efetivação. Conferem-se todos os direitos que os cidadãos pleiteiam, apenas com a intenção de desmobilizar a luta, mas sem a real intenção de efetivá-los. 
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O terceiro objetivo seria adiar a solução de conflitos sociais, por meio de compromissos dilatórios, postergando a verdadeira decisão para o futuro (Ex.: é garantida a reforma agrária, “na forma da lei” - essa lei nunca vem, pois a real intenção não é efetivar a norma).
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3) Teoria da Constituição Aberta
 
A Constituição não é um objeto hermético em si mesmo, devendo ser aberto a novos interesses e necessidades do Estado.
A abertura da Constituição se dá por meio de 3 mecanismos:
a) Possibilidade de alterações, mudanças formais ou informais da Constituição, através das chamadas emendas constitucionais ou do fenômeno da mutação;
 
b) Utilização de Conceitos Jurídicos Indeterminados a serem preenchidos até mesmo por outras disciplinas que não o Direito (Ex.: “meio ambiente ecologicamente equilibrado”);
 
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c) Ausência de Monopólio Interpretativo: “sociedade aberta dos intérpretes da Constituição” (Peter Häberle). 
Se contrapõe a ideia de monopólio interpretativo nas mãos dos juízes e tribunais constitucionais, sendo as normas constitucionais interpretadas por outros atores, inclusive os próprios destinatários da norma constitucional. 
Perspectiva de interpretação ampla, democrática e pluralista da Constituição. Deixa e ser atividade estatal e passa a ser de toda a sociedade, devendo ser a interpretação estatal (juízes e tribunais) apenas em último grau.
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4) Teoria da Constituição como Fenômeno Cultural
Assim como o Direito, a Constituição é uma invenção humana, um fenômeno histórico e cultural. A Constituição é fruto da cultura, mas, como é norma, também enseja a modificação da cultura (ideia de Constituição Total: é aquela que domina um Estado porque é reflexo da cultura da sociedade).
 
Professor Meireles Teixeira: Constituição Total é um produto da cultura e que influencia a cultura.
 
Dirley da Cunha Júnior: A Constituição Total reúne, ao mesmo tempo, numa perspectiva unitária, aspectos econômicos, sociológicos, filosóficos e jurídicos. 
OBS.: Para alguns outros autores o termo Constituição Total está muito ligado ao termo Constituição Dirigente/Programática, aquela muito longa, que prevê todos os aspectos de uma determinada sociedade, de um determinado Estado.
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CLASSIFICAÇÃO DAS CONSTITUIÇÕES
 
Quanto à Forma: como se apresenta para nós. 
a) Escrita, Codificada, Unitária, Orgânica ou Reduzida: criada por um órgão constituinte e está contida em um documento único e solene (procedimento).
b) Não escrita, Costumeira, Consuetudinária: é aquela que existe de acordo com os costumes de um povo, ou seja, é a somatória, o conjunto de documentos históricos. 
Ex.: Israel, Nova Zelândia, Inglaterra. 
OBS.: A Constituição brasileira é codificada, mas estamos passando a um processo de descodificação da constituição. 
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2) Quanto à Origem
a) Promulgada, Democrática ou Popular: é aquela votada pelos representantes do povo, elaborada após uma eleição pela Assembleia Nacional Constituinte (órgão constituinte), e que, via de regra, é promulgada (assinou, criou).
 Ex: CFs de 1891; 1934; 1946 e 1988. 
b) Outorgada: é uma constituição imposta, ou seja, não há votação, eleição, refletindo um poder de um ditador (é autoritária, não democrática).
 Ex.: CFs de 1824; 1937; 1967 (formalmente promulgada e materialmente outorgada).
c) Cesarista ou Bonapartista: é feita de forma autoritária e submete-se ao povo (referendo ou plebiscito  fake), tem somente aparência de democrática. (ex: Plebiscito de Augusto Pinochet ou Plebiscito Napoleônico.
d) Pactuada ou Dualista: compromisso instável de duas forças políticas rivais (ex: Revolução Francesa).
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3) Quanto ao modo de Elaboração.
a) Dogmática: é aquela que contém dogmas (é escrita), isto é, pontos fundamentais doutrinários escolhidos pelo órgão constituinte. Ex.: Separação dos poderes; Nacionalidade; Direitos Políticos; Direitos e Garantias fundamentais.
b) Histórica: é aquela que reflete a lenta evolução histórica de um povo. OBS.: A Constituição dogmática existe, via de regra, em constituições escritas. Já a Constituição histórica tem a ver com a forma de Constituição não escrita/ costumeira/ consuetudinária.
4) Quanto ao Conteúdo
As Normas Constitucionais podem ser:
Materiais: Normas materialmente constitucionais são aquelas que estruturam o Estado e seu regime político. Em sentido estrito, designa as normas escritas ou costumeiras, inseridas ou não num documento escrito, que regulam a estrutura do Estado, o organização de seus órgãos e os direitos fundamentais. 
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Ex.: Separação dos Poderes; Direitos e Garantias Fundamentais Constitucionais; Nacionalidade; Direitos Políticos; Tratados de Direitos Humanos (art. 5, § 2º).
b) Formais: Normas formalmente constitucionais: são aquelas que são chamadas de constitucionais simplesmente por que estão escritas na Constituição. 
Ex: art. 242, § 2º da CF/88.
c) Mistas (BRASIL): A nossa Constituição é considerada ANALÍTICA e contém normas materialmente e formalmente constitucionais. Por isso, apresenta um conteúdo MISTO, como consta no art. 5, parágrafo 2 e 3. Em tais termos, o texto da Convenção sobre os direitos das pessoas com deficiência e seu protocolo facultativo, promulgados pelo Decreto n. 6.949/09, foi incorporado ao ord. jurídico brasileiro com o status de norma constitucional (emenda).
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5) Quanto à Alterabilidade ou Mutabilidade.
a) Rígida (BRASIL): é aquela que tem um processo de mudança formal, solene (procedimento) e complexo (feito em etapas), é mais difícil de ser aprovado (realizado/ alcançado) do que a aprovação de uma lei ordinária (comum). Ou seja, aprovado por maioria simples ou relativa (quem está presente).
Portanto, a Constituição Rígida é aprovada por MAIORIA QUALIFICADA (3/5 – 2 Turnos – 2 Casas do Congresso Nacional) – leva em consideração o total de membros.
Para Alexandre de Moraes, a CF/88 é super-rígida.
Ver: Cláusulas Pétreas, art. 60, par.4. Para o STF não.
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b) Flexível: É a constituição que pode ser modificada facilmente, simples, de fácil mudança por maioria simples ou relativa.
c) Semirrígida ou Semi-flexível: é aquela constituição que tem um processo de mudança mais fácil, modificável por maioria simples ou relativa como se fosse uma lei ordinária, e tem uma outra parte que pode ser modificada por maioria qualificada. 
Ex.: Brasil – Constituição do Império, 1824 – art. 178 (1°Constituição brasileira).
d) Imutável: Não pode ser mudada.
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6) Quanto à Extensão
a) Sintética: é aquela constituição pequena, que possui poucos artigos, contém apenas normas materialmente constitucionais (são aquelas que estruturam o Estado: Separação de poderes; Direitos e Garantias Fundamentais, Nacionalidade, Direitos Políticos...). Ex.: Const. dos EUA. 
b) Analítica ou Prolixa (BRASIL): Constituição grande, com grande quantidade de artigos, pois contém normas materialmente e formalmente constitucionais. Normas que nem precisavam estar no texto constitucional. Ex: ar.242, par. 2, CF/88.
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7) Quanto à ideologia ou dogmática.
a) Eclética ou laica (BRASIL): representa, portanto, um texto que será fruto das reivindicações e pressões de grupos com interessesdiferentes e muitas vezes opostos, dentro do Estado, interesses antagônicos que irão manifestar-se, com mais intensidade, quanto maior for o grau de participação da sociedade civil, na elaboração constitucional das Constituições que sofrem influências de mais de uma ideologia ou programa político, social e econômico (Estado Laico). 
b) Ortodoxa: são as Constituições socialistas e liberais, que se alinham a uma única ideologia sócio-econômica. Ex: Constituição Cubana.
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8) Outros tipos
a) Dirigente ou compromissória (BRASIL): é aquela que dita/estabelece o caminho a ser seguido pelo Estado. Um projeto de Estado. Ex: Constituição Portuguesa.
b) Garantista (BRASIL): é aquela que garante a liberdade limitando o poder. Protege as pessoas que compõem o Estado (particulares e o próprio Estado). Ex.: Remédios Constitucionais; Legalidade penal; Legalidade tributária.
c) Balanço: é aquela que periodicamente precisa ser revista a cada tempo para ser atualizada das ações do Estado.
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CLASSIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988
 1) Escrita: Único documento; é a Constituição codificada e sistematizada num texto único, elaborado por um órgão constituinte.
2) Dogmática: Será sempre escrita e elaborada por um órgão constituinte, sistematizando os dogmas (pontos fundamentais de uma doutrina) ou as ideias fundamentais da teoria política e do Direito dominante naquele momento.
3) Promulgada: É a Constituição originária de um órgão constituinte composto por representantes do povo, eleitos para o fim de a elaborá-la e estabelecê-la. É conhecida como promulgada ou democrática.
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4) Rígida: Difícil mudança; só é alterável mediante processos, solenidades e exigências formais especiais, diferentes e mais difíceis que os de formação das leis ordinárias e complementares.
5) Analítica ou Prolixa: Contém um número elevado de artigos. Possui normas constitucionais materiais e formais, tendo em vista, que algumas formais podem ser retiradas sem afetar a estrutura do Estado.
6) Dirigente ou programática: Contém um projeto político de Estado a ser desenvolvido, com o cumprimento de metas, e o caminho a ser seguido.
7) Garantista: Visa garantir aos cidadãos prestações positivas do Estado, assegurando liberdades, e medidas que garantam o bem-estar social (mínimo existencial).
8) Laica e eclética: pode-se adotar várias ideologias. é laica, pois não adota uma religião oficial e proíbe os nossos entes federativos de adotarem religiões oficiais (Art. 19, I).

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