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CP ESPECIAL 2019

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CONTEÚDO 
 
DOS CRIMES CONTRA A VIDA ................................................................................................................................1 
DAS LESÕES CORPORAIS............................................................................................................................................ 23 
DA PERICLITAÇÃO DA VIDA E DA SAÚDE .................................................................................................... 31 
DOS CRIMES CONTRA A HONRA ....................................................................................................................... 40 
DOS CRIMES CONTRA A LIBERDADE INDIVIDUAL ..................................................................................51 
CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO .....................................................................................................................63 
CRIMES CONTRA A PROPRIEDADE IMATERIAL ....................................................................................... 110 
CRIMES CONTRA AS ORGANIZAÇÕES DO TRABALHO ......................................................................... 113 
CRIMES CONTRA O SENTIMENTO RELIGIOSO .......................................................................................... 118 
CRIMES CONTRA A DIGNIDADE SEXUAL ................................................................................................... 120 
CRIMES CONTRA A FAMÍLIA ............................................................................................................................... 137 
CRIMES CONTRA O ESTADO DE FILIAÇÃO ................................................................................................ 140 
CRIMES CONTRA A ASSISTÊNCIA FAMILIAR .............................................................................................. 142 
CRIMES CONTRA A INCOLUMIDADE PÚBLICA ....................................................................................... 145 
DOS CRIMES CONTRA A SAÚDE PÚBLICA ...................................................................................................150 
CRIMES CONTRA A PAZ PÚBLICA .................................................................................................................... 156 
CRIMES CONTRA A FÉ PUBLICA ....................................................................................................................... 160 
CRIMES CONTRA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA ......................................................................................... 173 
DOS CRIMES PRATICADOS POR PARTICULAR CONTRA A ADMINISTRAÇÃO EM GERAL
 ............................................................................................................................................................................................... 192 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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CÓDIGO PENAL – PARTE ESPECIAL EM PERGUNTAS 
DOS CRIMES CONTRA A VIDA 
1) QUAIS SÃO OS CRIMES CONTRA A VIDA? 
São espécies de crime contra a vida: 
 HOMICÍDIO; 
 PARTICIPAÇÃO EM SUICÍDIO; 
 INFANTICÍDIO; 
 ABORTO. 
 
2) O QUE É O HOMICÍDIO E SUAS ESPÉCIES? 
O homicídio é a conduta de matar alguém. 
 É o ato de tirar a VIDA EXTRAUTERINA de um SER HUMANO por outro ser humano. 
INÍCIO DA VIDA EXTRA UTERINA: 
Começa com o parto, quando se inicia o trabalho do parto. Isso se dá com o início das contrações 
expulsivas. No caso de uma gravidez de cujo nascimento se dá por cesariana, isto ocorrerá com o 
início da operação, com a incisão. 
 É DELITO INSTANTÂNEO DE EFEITOS PERMANENTES. 
 É CRIME MATERIAL: se consuma com a MORTE. 
 Pode ser cometido por meio da forma COMISSIVA ou COMISSIVA POR OMISSÃO. 
 Se a conduta for DIRIGIDA A UM CADÁVER, será CRIME IMPOSSÍVEL por ABSOLUTA 
IMPROPRIEDADE DO OBJETO MATERIAL [Art. 17 do CP]. 
 CRIMES DOLOSOS CONTRA A VIDA SÃO JULGADOS PELO TRIBUNAL DO JURI. 
 
 HOMICÍDIO SIMPLES 
 Art. 121. MATAR ALGUÉM 
 Pena - 6 A 20 ANOS DE RECLUSÃO. 
 É um crime BICOMUM, pois o sujeito ativo e passivo do homicídio simples pode ser qualquer pessoa 
 TIPO SUBJETIVO: 
DOLO NO HOMICÍDIO SIMPLES, QUE PODE SER TANTO O DIRETO [de 1º ou de 2º grau] como o 
EVENTUAL [dolo indireto]. 
 HOMICÍDIO SIMPLES COMO REGRA NÃO É HEDIONDO, SALVO, SE NA ATIVIDADE TÍPICA DE GRUPO 
DE EXTERMÍNIO, SENDO CHAMADO DE “HOMICÍDIO CONDICIONADO”. 
 
 PRIVILEGIADO 
Trata-se da possibilidade de aplicação de CAUSA DE DIMINUIÇÃO DE PENA [um sexto a um terço] ao crime 
de homicídio, devendo ser DECIDIDA PELOS JURADOS, OU SEJA, A PRIVILEGIADORA TEM DE SER 
SUBMETIDA AO JÚRI. 
O homicídio privilegiado é SEMPRE BASEADO EM CIRCUNSTÂNCIA SUBJETIVA, e por SER SUBJETIVA, NÃO 
SE COMUNICA AOS DEMAIS. 
 Art. 121. § 1º Se o agente comete o CRIME IMPELIDO 
 POR MOTIVO DE RELEVANTE VALOR SOCIAL ou MORAL ou 
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 sob o DOMÍNIO DE VIOLENTA EMOÇÃO, LOGO EM SEGUIDA a INJUSTA 
PROVOCAÇÃO DA VÍTIMA, [homicídio emocional – crime de ímpeto]. 
 JUIZ PODE REDUZIR A PENA DE 1/6 A 1/3. 
 Em que pese o uso do “PODE”, entende-se ser direito subjetivo, devendo o juiz aplicar, assim, tendo 
preenchido todos os requisitos para obter o homicídio privilegiado, passará o agente a ter o direito 
público subjetivo à diminuição de pena. 
 
 MATAR IMPELIDO POR MOTIVO DE RELEVANTE VALOR SOCIAL 
O valor social é o que diz respeito aos interesses de toda a coletividade. Na verdade, trata-se do 
motivo altruísta, nobre, 
 MATAR IMPELIDO POR MOTIVO DE RELEVANTE VALOR MORAL 
O valor moral diz respeito aos interesses particulares do agente [ligados ao sentimento de 
compaixão, misericórdia ou piedade]. 
 SOB O DOMÍNIO DE VIOLENTA EMOÇÃO, LOGO EM SEGUIDA A INJUSTA PROVOCAÇÃO DA VÍTIMA 
O crime praticado segundo esta privilegiadora é o chamado “HOMICÍDIO EMOCIONAL”. Trata-se 
da hipótese mais exigida em concurso público. 
 São requisitos do homicídio emocional: 
I) DOMÍNIO DE VIOLENTA EMOÇÃO: 
A emoção deve ser intensa e absorvente. Não se confunde com a mera “influência” de 
violenta emoção, que é circunstância atenuante, prevista no art. 65, III, “c”, do CP: 
II) IMEDIATIDADE DA REAÇÃO: 
No homicídio privilegiado, a reação deve ocorrer sem demora, sem hiato temporal entre 
ela e a provocação. 
O que significa reação “imediata” [sem demora, sem hiato temporal]? 1 segundo? 1 minuto? 
1 hora? 1 dia? A doutrina não explica. A jurisprudência considera que a reação considera-se 
imediata enquanto durar o domínio da violenta emoção. Se o sujeito reage dominado por 
violenta emoção, qualquer reação dele será considerada imediata. 
III) INJUSTA PROVOCAÇÃO DA VÍTIMA: 
A provocação injusta não precisa ser, necessariamente, uma agressão física. Pode ser até 
que a provocação tenha sido contra terceira pessoa. 
 
 QUALIFICADO 
O homicídio qualificado é crime hediondo. A pena varia de 12 a 30 anos. 
§ 2° Se o homicídio é cometido: 
 I - mediante PAGA OU PROMESSA DE RECOMPENSA, ou por outro MOTIVO TORPE; 
 II - por motivo FÚTIL; 
III - com emprego de VENENO, FOGO, EXPLOSIVO, ASFIXIA, TORTURA OU OUTRO MEIO 
INSIDIOSO OU CRUEL, OU DE QUE POSSA RESULTAR PERIGO COMUM; 
IV - à TRAIÇÃO, DE EMBOSCADA, OU MEDIANTE DISSIMULAÇÃO OU OUTRO RECURSO QUE 
DIFICULTE OU TORNE IMPOSSÍVEL A DEFESA DO OFENDIDO; 
V - para ASSEGURAR A EXECUÇÃO, A OCULTAÇÃO, A IMPUNIDADE OU VANTAGEM DE OUTRO 
CRIME; 
 VI - contra a MULHER POR RAZÕES DA CONDIÇÃO DE SEXO FEMININO; 
VII – contra AUTORIDADE OU AGENTE descrito nos arts. 142 e 144 da constituição 
federal, integrantes do SISTEMA PRISIONAL e da FORÇA NACIONAL DE SEGURANÇA PÚBLICA, no 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm#art142
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm#art144
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm#art144
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exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, COMPANHEIRO OU PARENTE 
CONSANGUÍNEO ATÉ TERCEIRO GRAU, em RAZÃO DESSA CONDIÇÃO: 
 RECLUSÃO,
de 12 a 30 anos 
 
3) FALE DO HOMICÍDIO QUALIFICADO PELA PAGA OU PROMESSA DE RECOMPENSA. 
 É o HOMICÍDIO MERCENÁRIO. 
 Tratando-se de CONCURSO NECESSÁRIO ou CRIME BILATERAL. 
 O EXECUTOR CONHECIDO COMO SICÁRIO. 
 Segundo HUNGRIA a vantagem deve ser ECONÔMICA. 
 Segundo DAMÁSIO vantagem INDEPENDE de ser econômica ou não, porem esta não merece 
prosperar, uma vez que outra vantagem ira configurar motivo torpe. 
STJ – INFORMATIVO 575 
O reconhecimento da qualificadora da "paga ou promessa de recompensa" [inciso I do § 2º do art. 
121] em relação ao executor do crime de homicídio mercenário não qualifica automaticamente o 
delito em relação ao mandante, nada obstante este possa incidir no referido dispositivo caso o 
motivo que o tenha levado a empreitar o óbito alheio seja torpe. 
Ex: encomendou a morte para ficar com a herança da vítima. 
 
4) FALE SOBRE A QUALIFICADORA DO MOTIVO TORPE. 
 “I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro MOTIVO TORPE;” 
 Note que há uma INTERPRETAÇÃO ANALÓGICA, em que possui uma FÓRMULA CASUÍSTICA COM 
ENCERRAMENTO GENÉRICO “OUTRO MOTIVO TORPE. 
 TORPE é o motivo VIL, ABJETO, REPUGNANTE, QUASE SEMPRE DENOTANDO GANÂNCIA. 
Ex: Matar o próprio irmão para receber herança. 
 CIÚMES POR SI SÓ NÃO CONFIGURA MOTIVO TORPE [STJ HC 123.918]. 
 NÃO PODE COEXISTIR COM A QUALIFICADORA DO MOTIVO FUTIL. 
STJ – INFORMATIVO 575 
O mandante poderá responder pelo inciso I do § 2º do art. 121 do CP, desde que a sua motivação, ou 
seja, o que o levou a encomendar a morte da vítima seja algo torpe. Ex: encomendou a morte para ficar 
com a herança da vítima. 
 
5) FALE SOBRE A QUALIFICADORA DO MOTIVO FÚTIL. 
O homicídio poderá ser qualificado pelo motivo fútil, o qual se caracteriza pela desproporcionalidade entre a 
resposta e a provocação. É a “pequeneza” do motivo. 
Ex: matar o entregador de pizza porque a entrega demorou. 
CUIDADO PARA NÃO CONFUNDIR A INSUFICIÊNCIA COM A AUSÊNCIA DE MOTIVO. O homicídio sem motivo 
aparente é homicídio simples, e não qualificado pelo motivo fútil. 
 NÃO PODE COEXISTIR COM O MOTIVO TORPE. 
DOLO EVENTUAL x MOTIVO FÚTIL 
A QUALIFICADORA DE MOTIVO FÚTIL É COMPATÍVEL COM O DOLO EVENTUAL, 
RECURSO ESPECIAL. HOMICÍDIO CONSUMADO E TENTADO QUALIFICADO. DOLO EVENTUAL. AGRESSÃO 
CAUSADA POR MOTIVO FÚTIL. COMPATIBILIDADE. RECURSO PROVIDO. 
1. Não há incompatibilidade na coexistência da qualificadora do motivo fútil com o dolo eventual em caso 
de homicídio causado após pequeno desentendimento entre agressor e agredido. Precedentes do STJ e 
STF. 
2. Com efeito, o fato de o recorrido ter, ao agredir violentamente a vítima, assumido o risco de produzir o 
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resultado morte, aspecto caracterizador do dolo eventual, não exclui a possibilidade de o crime ter sido 
praticado por motivo fútil, uma vez que o dolo do agente, direto ou indireto, não se confunde com o motivo 
que ensejou a conduta. 
3. Recurso especial provido, a fim de restabelecer em parte a decisão de pronúncia, para que o réu seja 
submetido a julgamento nas penas dos arts. 121, 2º, II, e 121, § 2º, II, c/c o art. 14, II, na forma do art. 69, todos 
do Código Penal. (REsp 1601276/RJ, Rel. Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ, SEXTA TURMA, julgado em 
13/06/2017, DJe 23/06/2017) 
STJ, Inf. 583 
Não incide a qualificadora de motivo fútil (art. 121, § 2º, II, do CP), na hipótese de homicídio supostamente 
praticado por agente que disputava "racha", quando o veículo por ele conduzido - em razão de choque 
com outro automóvel também participante do "racha" - tenha atingido o veículo da vítima, terceiro 
estranho à disputa automobilística. Motivo fútil corresponde a uma reação desproporcional do agente a 
uma ação ou omissão da vítima. NO CASO DE "RACHA", TENDO EM CONTA QUE A VÍTIMA (ACIDENTE 
AUTOMOBILÍSTICO) ERA UM TERCEIRO, ESTRANHO À DISPUTA, NÃO É POSSÍVEL CONSIDERAR A 
PRESENÇA DA QUALIFICADORA DE MOTIVO FÚTIL, TENDO EM VISTA QUE NÃO HOUVE UMA REAÇÃO 
DO AGENTE A UMA AÇÃO OU OMISSÃO DA VÍTIMA. NO CASO, NÃO HÁ RELAÇÃO ENTRE O AUTOR DO 
CRIME E A VÍTIMA. O agente não reagiu a uma ação ou omissão da vítima (um esbarrão na rua, uma 
fechada de carro, uma negativa a um pedido). Não há aqui motivo fútil, banal, insignificante, diante de um 
acidente cuja causa foi um comportamento imprudente do agente, comportamento este que não foi 
resposta à ação ou omissão da vítima. Na verdade, não há nenhum motivo. 
 
6) COMENTE A QUALIFICADORA: III - COM EMPREGO DE VENENO, FOGO, EXPLOSIVO, ASFIXIA, TORTURA OU 
OUTRO MEIO INSIDIOSO OU CRUEL, OU DE QUE POSSA RESULTAR PERIGO COMUM. 
Há um rol de circunstâncias que têm natureza objetiva, pois se relacionam ao meio empregado. Há uma 
interpretação analógica. 
 FOGO 
 ASFIXIA 
 TORTURA 
 INSIDIOSO 
É o meio falso, desleal, dissimulado, como o emprego de veneno [venicídio ou venefício] sem a vítima 
perceber. 
 CRUEL 
É o meio doloroso, desumano, como emprego de fogo, asfixia, tortura, etc. 
 POSSA RESULTAR PERIGO COMUM 
 Aquele que EXPÕE A COLETIVIDADE A PERIGO DE DANO. 
 CONHECIDO como HOMICÍDIO CATASTRÓFICO. 
 Ex: com intenção de matar, explode casa da vítima, causando perigo a coletividade. 
 
7) COMENTE A QUALIFICADORA: IV - À TRAIÇÃO, DE EMBOSCADA, OU MEDIANTE DISSIMULAÇÃO OU OUTRO 
RECURSO QUE DIFICULTE OU TORNE IMPOSSÍVEL A DEFESA DO OFENDIDO 
Trata-se de uma qualificadora quanto ao modo de execução. Também se trata de uma circunstância objetiva. 
Este dispositivo também permite a interpretação analógica. 
 EMBOSCADA 
É A ESPREITA, A TOCAIA. 
 DISSIMULAÇÃO 
OCULTAÇÃO DA INTENÇÃO HOSTIL para que a vítima seja pega desprevenida. Pode ser moral ou 
material. 
 TRAIÇÃO 
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Além da agressão SÚBITA, REPENTINA, INESPERADA, DEVE HAVER RELAÇÃO DE CONFIANÇA E 
LEALDADE entre o agente e a vítima, CASO CONTRARIO TEREMOS A SURPRESA, ONDE NÃO HÁ ESSE 
VINCULO. 
 
A PREMEDITAÇÃO, POR SI SÓ, NÃO QUALIFICA O HOMICÍDIO. 
STF  INCOMPATÍVEL COM DOLO EVENTUAL E SURPRESA. 
 
8) COMENTE A QUALIFICADORA: V - PARA ASSEGURAR A EXECUÇÃO, A OCULTAÇÃO, A IMPUNIDADE OU 
VANTAGEM DE OUTRO CRIME. 
 HOMICÍDIO POR CONEXÃO TELEOLÓGICA: 
O agente mata para assegurar a execução de crime futuro. 
Ex.: matar segurança para estuprar a modelo. 
Não precisa ocorrer o crime futuro para a caracterização da qualificadora. Basta matar pensando nele. 
 
 HOMICÍDIO POR CONEXÃO CONSEQUÊNCIAL: 
O agente mata para assegurar a impunidade, vantagem ou ocultação de crime passado. 
Ex.: matar vítima que reconheceu autor do crime. 
 A conexão meramente ocasional [por ocasião de outro crime], sem vínculo finalístico, não qualifica 
o homicídio. 
 Matar para assegurar contravenção penal [ex.: jogo do bicho] não gera esta qualificadora, 
podendo gerar outra [motivo fútil, por exemplo]. 
 
9) COMENTE A QUALIFICADORA: VI – FEMINICÍDIO 
Conceitua-se FEMINICÍDIO como sendo o homicídio doloso praticado CONTRA A MULHER POR “RAZÕES 
DA CONDIÇÃO DE SEXO FEMININO”, ou seja, desprezando, menosprezando, desconsiderando a dignidade 
da vítima enquanto mulher. 
 NÃO SE CONFUNDE COM FEMICÍDIO, QUE É O HOMICÍDIO CONTRA MULHER. 
 O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa, homem ou mulher [trata-se de crime comum]. 
 HÁ VIOLÊNCIA DE GÊNERO. 
 São duas as hipóteses em que haverá razões de condição de sexo feminino, quando houver: 
 Violência doméstica e familiar 
O conceito de violência doméstica e familiar está no art. 5º da Lei Maria da Penha, sendo 
qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, 
sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial, no âmbito da unidade doméstica, familiar 
ou de relação intima de afeto. 
 Menosprezo ou discriminação à condição de mulher 
VI - CONTRA A MULHER POR RAZÕES DA CONDIÇÃO DE SEXO FEMININO 
§ 2º-A Considera-se que HÁ “RAZÕES DE CONDIÇÃO DE SEXO FEMININO” quando o crime 
envolve: 
 VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR; 
 MENOSPREZO OU DISCRIMINAÇÃO À CONDIÇÃO DE MULHER. 
 
 A QUALIFICADORA DO FEMINICÍDIO É
DE NATUREZA OBJETIVA: 
Natureza da qualificadora 
PARA O STJ, A QUALIFICADORA DO FEMINICÍDIO É DE NATUREZA OBJETIVA. 
6 
 
A justificativa apresentada para isso está no fato de que tal qualificadora “incide nos crimes praticados 
contra a mulher por razão do seu gênero feminino e/ou sempre que o crime estiver atrelado à violência 
doméstica e familiar propriamente dita, assim o animus do agente não é objeto de análise.” (Min. Felix 
Fischer, no REsp 1.707.113/MG, julgado em 29/11/2017). 
 LOGO, É POSSÍVEL FEMINICÍDIO QUALIFICADO PRIVILEGIADO. 
STJ, Inf. 625 
NÃO CARACTERIZA BIS IN IDEM O RECONHECIMENTO DAS QUALIFICADORAS DE MOTIVO 
TORPE E DE FEMINICÍDIO NO CRIME DE HOMICÍDIO PRATICADO CONTRA MULHER EM 
SITUAÇÃO DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR. 
 
CAUSA DE AUMENTO DE PENA – 1/3 até 1/2 
 § 7º A PENA DO FEMINICÍDIO É AUMENTADA DE 1/3 ATÉ A METADE SE O CRIME FOR PRATICADO: 
 DURANTE A GESTAÇÃO OU NOS 3 MESES POSTERIORES AO PARTO 
 CONTRA PESSOA MENOR DE 14 ANOS 
 MAIOR DE 60 ANOS 
 OU COM DEFICIÊNCIA; 
 OU PORTADORA DE DOENÇAS DEGENERATIVAS QUE ACARRETEM CONDIÇÃO LIMITANTE 
OU DE VULNERABILIDADE FÍSICA OU MENTAL; 
 O AGENTE DEVE TER CIÊNCIA DAS SITUAÇÕES EXPOSTAS NOS INCISOS, OU SEJA, 
ELE PRECISA SABER QUE A VÍTIMA ESTAVA GRÁVIDA, QUE ELA ERA MENOR QUE 
14 ANOS, QUE TINHA DEFICIÊNCIA ETC. 
 
 ATUALIZAÇÃO 2018 
 NA PRESENÇA FÍSICA OU VIRTUAL DE DESCENDENTE OU DE ASCENDENTE DA VÍTIMA; 
 
 IV - EM DESCUMPRIMENTO DAS MEDIDAS PROTETIVAS DE URGÊNCIA PREVISTAS 
NOS INCISOS I, II E III DO CAPUT DO ART. 22 DA LEI Nº 11.340, DE 7 DE AGOSTO DE 2006. 
 O delito do art. 24-A do CP é absorvido pela conduta mais grave, qual seja, a prática 
do art. 121, § 7º, IV, do CP. 
 
 SÃO SITUAÇÕES PREVISTAS COMO AGRAVANTES: 
Art. 61 - São circunstâncias que SEMPRE AGRAVAM A PENA, quando não constituem ou 
qualificam o crime: 
II - TER O AGENTE COMETIDO O CRIME: 
H) CONTRA CRIANÇA, MAIOR DE 60 ANOS, ENFERMO OU MULHER GRÁVIDA; 
NO CASO DE FEMINICÍDIO, O MAGISTRADO DEVERÁ APLICAR APENAS AS CAUSAS DE 
AUMENTO, NÃO PODENDO FAZER INCIDIR AS AGRAVANTES QUE TENHAM O MESMO 
FUNDAMENTO SOB PENA DE INCORRER EM BIN IN IDEM. 
STF 
A Lei de Organização Judiciária poderá prever que a 1ª fase do procedimento do júri seja realizada na Vara 
de Violência Doméstica em caso de crimes dolosos contra a vida praticados no contexto de violência 
doméstica. Não haverá usurpação da competência constitucional do júri. Apenas o julgamento 
propriamente dito é que, obrigatoriamente, deverá ser feito no Tribunal do Júri. 
 
10) COMENTE A QUALIFICADORA: VII – contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição 
Federal, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função 
ou em decorrência dela, ou contra seu CÔNJUGE, COMPANHEIRO OU PARENTE CONSANGUÍNEO ATÉ 
TERCEIRO GRAU, EM RAZÃO DESSA CONDIÇÃO 
Trata-se do HOMICIDIO FUNCIONAL. 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2006/Lei/L11340.htm#art22i
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2006/Lei/L11340.htm#art22ii
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2006/Lei/L11340.htm#art22iii
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm#art142
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm#art144
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm#art144
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 O crime tenha sido cometido no EXERCÍCIO DA FUNÇÃO, OU EM RAZÃO DELA. 
 O HOMICÍDIO SERÁ QUALIFICADO SE FOR COMETIDO CONTRA AS SEGUINTES VÍTIMAS: 
 AUTORIDADE, AGENTE OU INTEGRANTE da: 
 FORÇAS ARMADAS [MARINHA, EXÉRCITO OU AERONÁUTICA]; 
 POLÍCIA FEDERAL; 
 POLÍCIA RODOVIÁRIA FEDERAL; 
 POLÍCIA FERROVIÁRIA FEDERAL; 
 POLÍCIAS CIVIS; 
 POLÍCIAS MILITARES; 
 CORPOS DE BOMBEIROS MILITARES; 
 GUARDAS MUNICIPAIS*; 
 AGENTES DE SEGURANÇA VIÁRIA*; 
 SISTEMA PRISIONAL [AGENTES, DIRETORES DE PRESÍDIO, CARCEREIRO ETC.]; 
 FORÇA NACIONAL DE SEGURANÇA PÚBLICA. 
 CÔNJUGE, COMPANHEIRO OU PARENTE CONSANGUÍNEO ATÉ 3º GRAU. 
 
 *Em que pese a ausência dos guardas municipais e agentes da segurança viária no caput do art 144, a 
qualificadora do inciso VII do § 2º do art. 121 do CP APLICA-SE EM SITUAÇÕES ENVOLVENDO GUARDAS 
MUNICIPAIS. Chega-se a essa conclusão tanto a partir de uma interpretação literal como teleológica. 
O inciso VII fala em “autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal”. 
 NÃO ESTÃO ABRANGIDOS pelo inciso VII do § 2º do art. 121 do CP os SERVIDORES APOSENTADOS DOS 
ÓRGÃOS DE SEGURANÇA PÚBLICA 
 A Expressão “PARENTES CONSANGUÍNEOS ATÉ 3º GRAU” ABRANGE: 
 ASCENDENTES [PAIS, AVÓS, BISAVÓS]; 
 DESCENDENTES [FILHOS, NETOS, BISNETOS]; 
 COLATERAIS ATÉ O 3º GRAU [IRMÃOS, TIOS E SOBRINHOS]. 
 
 FILHO ADOTIVO ESTÁ X PROTEÇÃO CONFERIDA POR ESTE INCISO VII 
 Márcio André [Dizer O Direito] entende que a proteção, apesar de polêmica, não se estenderia ao filho 
adotivo. Isso porque existem três espécies de parentesco no Direito Civil: 
a) parentesco consanguíneo ou natural [decorrente do vínculo biológico]; 
b) parentesco por afinidade [decorrente do casamento ou da união estável]; 
c) parentesco civil [decorrente de uma outra origem que não seja biológica nem por afinidade]. 
De acordo com essa classificação, a adoção gera uma espécie de parentesco civil entre adotando e 
adotado, e portanto não seria abarcado. 
 
 NÃO HÁ HOMICÍDIO QUALIFICADO-PRIVILEGIADO neste caso, pois essa qualificadora tem 
natureza subjetiva e é incompatível com o privilégio, já que a sua motivação é em razão da função. 
 
11) COMO DEVE AGIR O JUIZ DIANTE DE PLURALIDADE DE QUALIFICADORAS? 
É inapropriado falar em homicídio duplamente ou triplamente qualificado. 
Isso porque só basta uma circunstância para qualificar o homicídio. Neste caso, as demais circunstâncias 
seriam valoradas de outra forma: 
PREVALECE QUE SERIAM VALORADAS COMO AGRAVANTES [Caso não haja previsão como agravante, será 
valorada como circunstância judicial]. 
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12) QUAIS OUTRAS NOMENCLATURAS ESPECIAIS DE HOMICÍDIO? 
Há algumas nomenclaturas interessantes sobre o homicídio: 
 PARRICÍDIO: MATAR O PAI, PRATICADO PELO FILHO CONTRA O PAI; 
 MATRICÍDIO: MATAR A MÃE, PRATICADO PELO FILHO CONTRA A MÃE; 
 PILICÍDIO [FILICÍDIO], GNATICÍDIO OU PINATICÍDIO: MATAR O FILHO [INFANTICÍDIO SERIA UMA 
ESPÉCIE DE PILICÍDIO]; 
 FRATRICÍDIO: MATAR IRMÃO, PRATICADO POR UM IRMÃO CONTRA O OUTRO; 
 UXORICÍDIO: MATAR A ESPOSA, PRATICADO PELO MARIDO; 
 MARIDICÍDIO: MATAR O MARIDO, PRATICADO PELA ESPOSA; 
 
13) É POSSÍVEL O HOMICÍDIO PRIVILEGIADO QUALIFICADO? 
É pacífico a possibilidade de homicídio qualificado-privilegiado, desde que a qualificadora tenha natureza 
OBJETIVA. É também conhecido como HOMICÍDIO HÍBRIDO. 
III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que 
possa resultar perigo comum; 
IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne impossível 
a defesa do ofendido; 
 NÃO INTEGRA O ROL DOS CRIMES HEDIONDOS, prevalecendo o privilégio [subjetivo] sobre a 
qualificadora [objetiva], em analogia ao art. 67 do CP. 
 
14) ACERCA DO HOMICÍDIO QUALIFICADO, QUAIS AS CIRCUNSTÂNCIAS DE NATUREZA OBJETIVA E SUBJETIVA? 
 OBJETIVAS [meio utilizado]: 
III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou 
de que possa resultar perigo comum; 
IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne 
impossível a defesa do ofendido; 
 SUBJETIVAS [razões]: 
 I - MEDIANTE PAGA OU PROMESSA DE RECOMPENSA, OU POR OUTRO MOTIVO TORPE; 
 II - POR MOTIVO FÚTIL; 
V - PARA ASSEGURAR A EXECUÇÃO, A OCULTAÇÃO, A IMPUNIDADE OU VANTAGEM DE OUTRO 
CRIME 
VI – FEMINICÍDIO 
VII – HOMICÍDIO FUNCIONAL 
 
15) COMO É PUNIDO O HOMICÍDIO CULPOSO? 
No homicídio culposo, o agente, por negligência, imprudência ou imperícia, dá causa
ao resultado morte, pois, 
podendo evitar o resultado não o fez, visto que não atuou diligentemente. 
O resultado derivou de uma conduta voluntária, mas gerou um resultado previsto, mas não aceito, ou não era 
previsto, mas previsível. 
PENA - DETENÇÃO DE 1 A 3 ANOS. 
Veja que se trata de infração penal de MÉDIO POTENCIAL OFENSIVO. Logo, admite suspensão condicional do 
processo [art. 89 da Lei 9.099/1995]. 
 
 CTB: 
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Se o agente pratica o crime culposo na direção de veículo automotor, não incide o art. 121, § 3º, mas 
o art. 302 do CTB: 
 Art. 302. Praticar homicídio culposo na direção de veículo automotor: 
Penas - detenção, de DOIS A QUATRO ANOS, e suspensão ou proibição de se obter a 
permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor. 
 
16) HOMICÍDIO CULPOSO OCORRER NO TRÂNSITO COMO RESPONDERÁ? 
 Art. 302. PRATICAR HOMICÍDIO CULPOSO NA DIREÇÃO DE VEÍCULO AUTOMOTOR: 
Penas - DETENÇÃO, DE DOIS A QUATRO ANOS, E SUSPENSÃO OU PROIBIÇÃO de se obter 
a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor. 
§ 1o No HOMICÍDIO CULPOSO cometido na direção de veículo automotor, a PENA É AUMENTADA 
DE 1/3 À METADE, se o agente: 
 I - NÃO POSSUIR PERMISSÃO PARA DIRIGIR OU CARTEIRA DE HABILITAÇÃO; 
 Habilitação vencida não incide o aumento. 
 II - PRATICÁ-LO EM FAIXA DE PEDESTRES OU NA CALÇADA; 
III - DEIXAR DE PRESTAR SOCORRO, QUANDO POSSÍVEL FAZÊ-LO SEM RISCO 
PESSOAL, À VÍTIMA DO ACIDENTE; 
IV - NO EXERCÍCIO DE SUA PROFISSÃO OU ATIVIDADE, ESTIVER CONDUZINDO 
VEÍCULO DE TRANSPORTE DE PASSAGEIROS. 
 STJ – AINDA QUE O VEÍCULO ESTEJA VAZIO. 
 STF, Inf. 590 
Não se aplica o instituto do arrependimento posterior [art. 16 do CP] para o 
homicídio culposo na direção de veículo automotor [art. 302 do CTB] mesmo 
que tenha sido realizada composição civil entre o autor do crime a família da 
vítima. Para que seja possível aplicar a causa de diminuição de pena prevista 
no art. 16 do CP é indispensável que o crime praticado seja patrimonial ou 
possua efeitos patrimoniais. O arrependimento posterior exige a reparação do 
dano e isso é impossível no caso do homicídio. STJ. 6ª Turma. REsp 1.561.276-
BA, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 28/6/2016. 
 
17) QUANDO A PENA SERÁ MAJORADA? 
 § 4o No HOMICÍDIO 
 CULPOSO: 
A pena será AUMENTADA DE 1/3, se o crime resulta 
 de INOBSERVÂNCIA DE REGRA TÉCNICA de PROFISSÃO, ARTE OU OFÍCIO, ou 
Não se confunde com a imperícia, eis que neste caso, o indivíduo não tem aptidão para 
realizar o ato. No caso da inobservância de regra técnica ou profissão, arte ou ofício, o 
sujeito tem aptidão para o exercício de arte, profissão ou ofício, mas atua com descaso, 
com displicência. 
 SE O AGENTE DEIXA DE PRESTAR IMEDIATO SOCORRO À VÍTIMA, 
O agente deixa de prestar socorro à vítima, podendo fazê-lo sem risco pessoal. Não incide 
o crime do art. 135 do CP, pois do contrário haveria bis in idem 
 NÃO PROCURA DIMINUIR AS CONSEQUÊNCIAS DO SEU ATO, ou 
 FOGE PARA EVITAR PRISÃO EM FLAGRANTE. 
 
 DOLOSO 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9503.htm#art302§2
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9503.htm#art302§2
10 
 
O §4º do art. 121 AUMENTA A PENA DO HOMICÍDIO DE 1/3, quando o crime é praticado contra: 
 CONTRA PESSOA MENOR DE 14 ANOS OU 
 MAIOR DE 60 ANOS. 
 
 A pena do homicídio será aumentada de 1/3 até metade quando é praticado por milícia privada, 
sob pretexto de prestação de serviço de segurança, ou por grupo de extermínio. 
 O §7º do art. 121 traz uma causa de aumento de pena de 1/3 até a metade ao feminicídio, quando 
ocorrer certas circunstâncias. 
 STJ 
A 5ª Turma do STJ, por maioria, decidiu que é possível a aplicação da causa de aumento de pena prevista no 
art. 121, § 4º, do CP no caso de homicídio culposo cometido por médico e decorrente do descumprimento 
de regra técnica no exercício da profissão. STJ. 5ª Turma. HC 181.847-MS, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, 
Rel. para acórdão Min. Campos Marques , julgado em 4/4/2013. 
STJ 
No homicídio culposo, a morte instantânea da vítima não afasta a causa de aumento de pena prevista no 
art. 121, § 4°, do CP – deixar de prestar imediato socorro à vítima –, a não ser que o óbito seja evidente, isto 
é, perceptível por qualquer pessoa. HC 269.038-RS, Rel. Min. Felix Fischer, julgado em 2/12/2014, DJe 
19/12/2014. 
 
18) SE O HOMICIDIO FOR COMETIDO POR MILÍCIA PRIVADA? 
A pena do homicídio será AUMENTADA DE 1/3 ATÉ METADE quando é praticado por milícia privada, sob 
pretexto de prestação de serviço de segurança, ou por grupo de extermínio. 
A lei não conceitua esses institutos, sendo trazido pela doutrina: 
GRUPO DE EXTERMÍNIO: são pessoas que se reúnem, formando matadores, “justiceiros”, que vão atuar na 
ausência do poder público, a fim de matar as pessoas consideradas marginais ou perigosas. É reflexo do 
chamado direito penal subterrâneo, como explica Zaffaroni, que ocorre quando as milícias são efetuadas pelos 
próprios agentes estatais. Caso fossem efetuada por particulares, não seria o direito penal subterrâneo. 
MILÍCIA PRIVADA: é um grupo de pessoas, civil ou não, tendo a finalidade de devolver a segurança da população 
mais carente que perdeu a paz. 
Número de pessoas que devem integrar um grupo de extermínio ou milícia privada: 
Duas correntes: 
1ªC: deve ser aplicada a exigência da associação criminosa, exigindo que 3 ou mais pessoas venham a se unir, 
com base no art. 288 do CP. 
2ªC: Para saber se há milícia ou grupo de extermínio, é necessário o mínimo de 4 pessoas, levando em conta 
o conceito de organização criminosa [Lei 12.850/13]. 
§ 6o A pena é AUMENTADA de 1/3 ATÉ A METADE se o crime for praticado por MILÍCIA PRIVADA, sob o 
pretexto de PRESTAÇÃO DE SERVIÇO DE SEGURANÇA, ou por GRUPO DE EXTERMÍNIO. 
 
19) É POSSÍVEL O PERDÃO JUDICIAL NO DELITO DE HOMICÍDIO? 
 SIM. 
Perdão judicial é o instituto pelo qual o juiz, não obstante a prática de um injusto penal por um sujeito 
comprovadamente culpado, deixa de lhe aplicar, nas hipóteses taxativamente previstas em lei, a pena 
cabível, levando em consideração determinadas circunstâncias que concorrem para o evento. 
No perdão judicial, o Estado perde o interesse de punir. Trata-se de uma causa extintiva da punibilidade 
Ex.: filho do agente morre por sufocamento, por conta do esquecimento do filho dentro do carro. 
 
BAGATELA IMPRÓPRIA 
http://www.stj.jus.br/webstj/processo/justica/jurisprudencia.asp?tipo=num_pro&valor=HC%20269038
11 
 
§ 5º - Na hipótese de HOMICÍDIO CULPOSO, 
 o juiz poderá DEIXAR DE APLICAR A PENA, 
 se as CONSEQUÊNCIAS DA INFRAÇÃO ATINGIREM O PRÓPRIO AGENTE DE FORMA TÃO 
GRAVE QUE A SANÇÃO PENAL SE TORNE DESNECESSÁRIA. 
STJ 
HOMICÍDIO CULPOSO NO TRÂNSITO DEVE HAVER VINCULO AFETIVO. 
Sem ser no transito, já decidiu ser possível a extensão de efeitos se vier a atingir terceiros, mesmo sem 
afeto. 
STJ 
Não admite sequelas morais para justificar o perdão judicial. Ex.: agente matou um ciclista desconhecido, 
mas desde então o autor do crime realiza tratamento psiquiátrico por conta do trauma. 
SÚMULA 18 STJ 
A sentença concessiva do PERDÃO JUDICIAL É DECLARATÓRIA da EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE, NÃO 
SUBSISTINDO QUALQUER EFEITO CONDENATÓRIO. 
Art. 120 - A sentença que conceder perdão judicial NÃO SERÁ CONSIDERADA PARA EFEITOS DE 
REINCIDÊNCIA. 
 
20) EM RELAÇÃO A GÊMEOS XIFÓPAGOS, COMO SE APLICA A SANÇÃO NO CASO DE COMETIMENTO DE 
HOMICÍDIO? 
Os GÊMEOS SIAMESES, também chamados de gêmeos XIFÓPAGOS, são gêmeos monozigóticos, ou seja, 
formados a partir do mesmo zigoto. Porém nesse caso, o disco embrionário não chega a se dividir por 
completo, produzindo gêmeos que estarão ligados por uma parte do corpo, ou têm uma parte do corpo 
comum aos dois. 
 Deve ser analisado cada situação possível: 
 Se AMBOS CONCORREREM 
 AMBOS RESPONDEM 
 Se APENAS UM GÊMEO PRATICAR O CRIME CONTRA A VONTADE DO OUTRO 
 NÃO HAVERÁ PUNIÇÃO, em função de: 
1ª corrente 
Seria absolvido em razão do
irmão inocente. 
2ª corrente 
Seria condenado, sem aplicação da pena. 
 SE OS GÊMEOS FOREM VÍTIMAS 
 O autor responderá por 2 homicídios. 
Se a intenção era matar apenas um, a este responde com dolo direto de primeiro 
grau, ao outro com dolo de segundo grau. 
 
21) SE A ATIRA EM B COM A INTENÇÃO DE MATAR, MAS B JÁ ESTÁ MORTO, COMETE QUE DELITO? 
Não comete delito alguma, uma vez que presente a figura do CRIME IMPOSSÍVEL por ABSOLUTA 
IMPROPRIEDADE DO OBJETO. 
 
22) A PARTIR DE QUAL MOMENTO IRÁ CONFIGURAR O HOMICÍDIO? 
 A partir do INICIO DO PARTO, ou seja, com a DILATAÇÃO DO COLO DO ÚTERO. 
 PARTO NATURAL – Dilatação do colo do útero; 
 CESARIANA – a partir da primeira incisão. 
 
23) O QUE É O FETICÍDIO? 
http://pt.wikipedia.org/wiki/G%C3%AAmeos
http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Disco_embrion%C3%A1rio&action=edit&redlink=1
12 
 
Quando a MORTE OCORRE DURANTE O PARTO, podendo configurar HOMICÍDIO OU INFANTICÍDIO, a 
depender do caso concreto. 
 
24) A QUERIA MATAR B, E AO ATIRAR MATA C, COMO SERÁ RESPOSABILIZADO? 
Tanto o ERRO QUANTO A PESSOA, como o ERRO NA EXECUÇÃO fazendo incidir a TEORIA DA EQUIVALÊNCIA, 
devendo LEVAR EM CONTA A VÍTIMA QUE SE BUSCAVA ATINGIR [VITIMA VIRTUAL]. 
§ 3º - O erro quanto à pessoa contra a qual o crime é praticado não isenta de pena. Não se 
consideram, neste caso, as CONDIÇÕES OU QUALIDADES DA VÍTIMA, SENÃO AS DA PESSOA 
CONTRA QUEM O AGENTE QUERIA PRATICAR O CRIME. 
 A TEORIA NÃO SE APLICA NO ÂMBITO DO PROCESSO PENAL, QUE LEVA EM CONSIDERAÇÃO 
A VITIMA REAL [Teoria da concretização]. 
 
25) VEÍCULO TRÂNSITA EM VELOCIDADE MUITO SUPERIOR AO PERMITIDO, CAUSANDO MORTE DE OUTRO 
MOTORISTA QUE SE DESLOCAVA EM VELOCIDADE NORMAL, RESPONDERÁ DE QUE FORMA? 
 STJ 
 HOMIDICIO CULPOSO no CTB, em regra, PODENDO INCIDIR O DOLO EVENTUAL DIANTE DO CASO 
CONCRETO. 
 
STF, Inf. 904 
DIRIGIR ALCOOLIZADO NA CONTRAMÃO: RECONHECIMENTO DE DOLO EVENTUAL 
Verifica-se a existência de dolo eventual no ato de dirigir veículo automotor sob a influência de álcool, além 
de fazê-lo na contramão. Esse é, portanto, um caso específico que evidencia a diferença entre a culpa 
consciente e o dolo eventual. O condutor assumiu o risco ou, no mínimo, não se preocupou com o risco 
de, eventualmente, causar lesões ou mesmo a morte de outrem. 
 
26) DIRIGIR EMBRIAGADO E CAUSAR MORTE, RESPONDE DE QUE FORMA? 
DEVE SER ANALISADO O CASO CONCRETO. 
 STJ e STF 
HOMIDICIO CULPOSO no CTB, em regra, podendo incidir o dolo eventual diante do caso concreto. 
 
27) COMO RESPOSABILIZAR HOMICÍDIO OCORRIDO DURANTE A PRATICA DE RACHA? 
 ATUALMENTE: 
 STF 
DOLO EVENTUAL – HC 101.698 
 A partir de 01/04/2015 com a lei 12.971 insere no ordenamento 2 PARAGRAFOS: 
O art. 308 do CTB tipifica o crime de participar de corrida em via pública, sem autorização da autoridade 
competente. Trata-se da conduta mais conhecida popularmente como “racha” ou “pega”. 
Art. 308. Participar, na direção de veículo automotor, EM VIA PÚBLICA, de corrida, disputa ou 
competição automobilística NÃO AUTORIZADA pela autoridade competente, GERANDO 
SITUAÇÃO DE RISCO À INCOLUMIDADE PÚBLICA OU PRIVADA: 
DETENÇÃO DE 6 meses a 3 anos. 
 
Para a CORRENTE MAJORITÁRIA E STJ, o art. 308 é CRIME DE PERIGO CONCRETO, de forma que, para que 
se configure, É NECESSÁRIA A DEMONSTRAÇÃO DA POTENCIALIDADE LESIVA 
 QUALIFICA se resultar em MORTE OU LESÃO CORPORAL GRAVE: 
13 
 
Ambos resultados são crimes qualificados pelo resultado, na modalidade PRETERDOLOSA. A 
participação no racha é PUNIDO A TÍTULO DE DOLO E O RESULTADO AGRAVADOR [LESÃO GRAVE 
OU MORTE], COMO CULPA. 
§ 1o Se da prática do crime previsto no caput resultar LESÃO CORPORAL DE NATUREZA GRAVE, e 
as circunstâncias demonstrarem que o AGENTE NÃO QUIS O RESULTADO NEM ASSUMIU O RISCO 
DE PRODUZI-LO, a pena privativa de liberdade é de reclusão, de 3 a 6 anos, sem prejuízo das outras 
penas previstas neste artigo. 
§ 2o Se da prática do crime previsto no caput resultar MORTE, e as circunstâncias demonstrarem 
que o agente NÃO QUIS O RESULTADO NEM ASSUMIU O RISCO DE PRODUZI-LO, a pena privativa 
de liberdade é de reclusão de 5 a 10 anos, sem prejuízo das outras penas previstas neste artigo. 
 Logo, deve se analisar o CASO CONCRETO para saber se responderá pelo CP ou CTB. 
 
28) FALE SOBRE O HOMICÍDIO CAUSADO POR ERRO DE TIPO. 
 O erro de tipo atua no âmbito do fato típico do crime, agindo sobre o dolo e a culpa. 
Diante da presença do TIPO OBJETIVO [MATAR ALGUÉM] e da falsa percepção do agente quanto ao 
elemento do tipo, DEVE-SE ANALISAR SE O ERRO ERA ESCUSÁVEL OU INESCUSÁVEL. 
 ESCUSÁVEL OU INVENCÍVEL 
 EXCLUI DOLO E CULPA 
 INESCUSÁVEL OU VENCÍVEL 
 Exclui dolo mas permite punição por culpa [CULPA IMPRÓPRIA ou POR ASSIMILAÇÃO]. 
 
O erro de tipo essencial atua nos elementos constitutivos do tipo, ou seja, o Art. 121 do Código Penal afirma 
que homicídio é “Matar alguém”. Portanto, se alguém mata uma pessoa durante uma caçada achando que 
era um animal, pode-se dizer que substituiu “alguém” do tipo penal por “animal”, causando um erro sob os 
elementos que constituem o crime [surge o “Matar animal”]. O agente agiu com dolo, pois queria matar, 
mas não “alguém” e sim um “animal”. Dessa feita, deve ser analisado se o erro cometido pelo autor era 
evitável ou inevitável, circunstâncias estas que irão definir a punição ou não do infrator. 
 
29) EM QUE MOMENTO SE TEM A CONSUMAÇÃO DO HOMICÍDIO? 
 COM A MORTE ENCEFÁLICA COMPLETA. 
 
30) SE A MINISTRA VENENO NA COMIDA DE B, E ENTREGA O ANTÍDOTO A VÍTIMA, RESPONDERÁ POR QUAL 
DELITO? 
Se no plano do agente, a vítima fosse ingerir, TRATA-SE DE ARREPENDIMENTO EFICAZ [se não consumar], pois 
JÁ HAVIA TERMINADO OS ATOS EXECUTÓRIOS, RESPONDENDO PELOS ATOS PRATICADOS. 
 LOGO SÓ RESPONDE PELOS ATOS PRATICADOS. 
 No entanto, se o agente ainda fosse dar a vítima, ainda não iniciaram os atos executórios. 
 
31) É POSSÍVEL CONTINUIDADE DELITIVA EM CRIMES CONTRA A VIDA? 
DE ACORDO COM O ARTIGO 71 CP, É POSSÍVEL, SENDO SUPERADA A SUMULA 605 STF. 
 
32) FALE DA EUTANÁSIA, ORTOTANÁSIA E DISTANÁSIA. 
a) EUTANÁSIA 
É a conduta de MATAR ALGUÉM com o CONSENTIMENTO DESTE com COMPAIXÃO, com FIM DE 
ABREVIAR SOFRIMENTO. 
É o HOMICIDIO PIEDOSO, CARICATIVO, CONSENSUAL. 
 Pode incidir a FORMA PRIVILEGIADA POR RELEVANTE VALOR MORAL. 
 
14 
 
b) ORTOTANÁSIA 
Também chamada de EUTANÁSIA OMISSIVA é a morte por SUPRESSÃO DOS MEDICAMENTOS OU 
EQUIPAMENTOS QUE A MATEM VIVO, ENCONTRANDO O DOENTE O PROCESSO NATURAL DA 
MORTE. 
 A ortotanásia é conduta atípica frente ao Código Penal, pois não é causa de morte da 
pessoa, uma vez que o processo de morte já está instalado. 
c) DISTANÁSIA 
É o PROLONGAMENTO por meios artificiais do PROCESSO DE MORTE de doente terminal. Morte 
lenta com sofrimento. 
 Também prevalece ser atípico. 
 
33) FALE SOBRE O INDUZIMENTO, INSTIGAÇÃO OU AUXÍLIO A SUICÍDIO? 
Segundo o art. 122 do CP, é crime a conduta de induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou prestar-lhe auxílio 
para que o faça. 
A pena é de reclusão, de 2 a 6 anos, SE O SUICÍDIO SE CONSUMA. Ou a pena será DE RECLUSÃO, DE 1 A 3 
ANOS, se da TENTATIVA DE SUICÍDIO RESULTA LESÃO CORPORAL DE NATUREZA GRAVE. 
 Suicídio não é crime [ou sua tentativa], mas a conduta do terceiro que auxilia outra pessoa a se matar 
[material ou moralmente] é crime. 
 Sabendo que o suicídio é a eliminação direta e voluntária da própria vida, o delito exige que a pessoa tenha 
capacidade de discernimento. Portanto, apenas quem tem essa capacidade de discernimento poderá ser 
sujeito passivo do crime. Na falta de capacidade, poderá restar configurado o homicídio. 
 Crime DOLOSO. 
 A ação penal do crime é pública incondicionada. 
 
 São 3 as formas de realizar o crime: 
 INDUZIMENTO: o agente faz nascer a ideia de suicídio na cabeça da vítima. É de cunho moral. 
 INSTIGAÇÃO: aqui, o agente reforça a ideia do suicídio que já se encontrava na cabeça da vítima. 
Também é de cunho moral. 
 AUXÍLIO:
é uma prestação material, como fornecer a faca, arma ou corda para praticar o suicídio 
à vítima. 
Art. 122 do CP: 
 INDUZIR OU INSTIGAR ALGUÉM A SUICIDAR-SE OU 
 PRESTAR-LHE AUXÍLIO PARA QUE O FAÇA: 
 RECLUSÃO, de 2 a 6 anos, SE O SUICÍDIO SE CONSUMA; ou 
RECLUSÃO, de 1 a 3 anos, se da tentativa de suicídio RESULTA LESÃO CORPORAL DE 
NATUREZA GRAVE. 
 SE CAUSAR LESÕES LEVES: 
TRATA-SE DE FATO ATÍPICO, POIS O TIPO EXIGE AO MENOS QUE AS LESÕES SEJAM 
GRAVES. 
 
 NÃO SE ADMITE FORMA TENTADA, pois nos CRIMES CONDICIONADOS AO IMPLEMENTO 
DO RESULTADO NÃO CABEM TENTATIVA. 
 É possível que o agente induza, instigue e auxilie a vítima a se suicidar. Por se tratar de um 
crime de tipo misto alternativo, de conduta múltipla ou de conteúdo variado, se praticado 
no mesmo contexto fático, haverá a prática de crime único do art. 122. 
 
 PENA SERÁ DUPLICADA [2x] 
http://www.jusbrasil.com/legislacao/91614/c%C3%B3digo-penal-decreto-lei-2848-40
15 
 
I - se o crime é praticado por MOTIVO EGOÍSTICO; 
II - se a VÍTIMA É MENOR OU TEM DIMINUÍDA, POR QUALQUER CAUSA, A CAPACIDADE DE 
RESISTÊNCIA. 
 
34) É POSSÍVEL O AUXÍLIO POR OMISSÃO INDUZIMENTO, INSTIGAÇÃO OU AUXÍLIO A SUICÍDIO? 
 1c – Hungria e Noronha 
 SIM, desde que esteja na FIGURA DE GARANTIDOR 
 2c – Damásio 
NÃO, pois haverá delito de OMISSÃO DE SOCORRO, tendo em vista que prestar auxílio indica ação. 
 
35) É POSSÍVEL A MODALIDADE CULPOSA INDUZIMENTO, INSTIGAÇÃO OU AUXÍLIO A SUICÍDIO? 
 NÃO, apenas o DOLO DIRETO E EVENTUAL. 
 
36) É POSSÍVEL A TENTATIVA NA PARTICIPAÇÃO EM SUICÍDIO? 
 NÃO, sendo a SIMPLES CONDUTA DE INSTIGAR, SEM O RESULTADO UM FATO ATÍPICO. 
 
37) COMO RESPONDE OS PARTICIPANTES SOBREVIVENTES DE ROLETA RUSSA? 
 Os sobreviventes responderão na forma do artigo 122 CP. 
 
38) DIANTE DE UM PACTO DE MORTE ENTRE A E B MEDIANTE RESPIRAÇÃO DE GÁS CARBÔNICO, ANALISE AS 
POSSÍVEIS SITUAÇÕES. 
a) A abre a torneira de gás. A e B sobrevivem 
A responde por tentativa de homicídio e B pelo artigo 122, se vier a produzir lesão grave. 
 b) A abre a torneira de gás. A morre, B sobrevive 
 B responderá pelo 122 CP 
 c) A abre a torneira de gás. A sobrevive, B morre. 
 A responde por homicídio. 
 d) A e B abrem a torneira de gás. 
 Responderão por homicídio ou tentativa de homicídio, dependendo do resultado. 
 e) Terceiro abre a torneira de gás 
 Homicídio ou tentativa de homicídio. 
 
39) O QUE É O INFANTICÍDIO? 
Segundo o art. 123 do CP, é crime de infanticídio a conduta de matar, sob a influência do estado puerperal, o 
próprio filho, durante o parto ou logo após. 
TRATA-SE DE UM TIPO ESPECIAL DO DELITO DE HOMICÍDIO. 
ART. 123 - MATAR, 
 SOB A INFLUÊNCIA DO ESTADO PUERPERAL, 
 O PRÓPRIO FILHO, 
 DURANTE O PARTO OU LOGO APÓS: 
 PENA - DETENÇÃO, DE 2 A 6 ANOS. 
 
 Trata-se de CRIME BIPRÓPRIO, pois o SUJEITO ATIVO DEVE SER A MÃE E O PASSIVO O FILHO. 
16 
 
 CRIME DE EXECUÇÃO LIVRE, que pode ser praticado por AÇÃO OU OMISSÃO, por meios diretos ou 
indiretos. 
 CIRCUNSTÂNCIA TEMPORAL: DURANTE OU LOGO APÓS O PARTO [se for antes, configura o aborto]. 
 Uma relação de causa e efeito entre tal estado e o crime, pois nem sempre ele produz perturbações 
psíquicas na parturiente. 
 A ação é pública incondicionada. 
 ATENÇÃO 
Estado puerperal [alterações psíquicas] NÃO SE CONFUNDE COM PUERPÉRIO [PERÍODO DA GESTAÇÃO 
ATÉ AS CONDIÇÕES PRÉ-GESTACIONAIS]. 
 ATENÇÃO 
Se a mãe, sob a influência do estado puerperal, praticar alguma conduta visando a morte do filho, 
nascente ou recém-nascido, acometido de anencefalia, estará caracterizado o crime impossível, em razão 
da impropriedade absoluta do objeto material. 
 
40) É POSSÍVEL O CONCURSO DE PESSOAS NO INFANTICÍDIO? 
Por ser crime próprio, e não crime de mão própria, admite-se coautoria e participação. Ou seja, a condição de 
ser crime próprio é elementar, e portanto se comunica com coautor que não estava em estado puerperal. 
 
41) SE A MÃE [nas condições do art. 123] MATA OUTRA CRIANÇA IMAGINANDO SER SEU PRÓPRIO FILHO, 
RESPONDERÁ POR INFANTICIDIO? 
Sim, CONFORME A TEORIA DA EQUIVALÊNCIA, QUE LEVA EM CONTA A VÍTIMA VIRTUAL. 
 
42) O QUE É O ESTADO PUERPERAL? 
 “CONJUNTO DE SINTOMAS FISIOLÓGICOS QUE EXISTEM ATÉ ALGUM TEMPO APÓS O PARTO.” 
 TEMA NÃO PACÍFICO. 
 CESPE 
Tratando-se de delito de infanticídio, DISPENSA-SE A PERÍCIA MÉDICA caso se comprove que a mãe 
esteja sob a influência do estado puerperal, por haver PRESUNÇÃO JURIS TANTUM DE QUE A MULHER, 
DURANTE OU LOGO APÓS O PARTO, AJA SOB A INFLUÊNCIA DESSE ESTADO. 
 
43) CAUSAR A MORTE DO PRÓPRIO FILHO CULPOSAMENTE DURANTE OU LOGO APÓS O PARTO? 
Não se admite o infanticídio a título de culpa, pois ausente a previsão legal. 
 1ª corrente – Damásio e Frederico Marques diz ser ATÍPICO 
 2ª corrente – Hungria, Bittencourt, Capez, Mirabete diz ser HOMICIDIO CULPOSO [Posição predominante]. 
 
ABORTO 
44) O QUE É ABORTO? 
Aborto é a interrupção da gravidez, com a destruição do produto da sua concepção. 
 A gravidez se inicia com a NIDAÇÃO [a fixação do óvulo fecundado – embrião - na parede 
do útero]. 
 STJ 
Iniciado o trabalho de parto, não há falar mais em aborto, mas em homicídio ou infanticídio, conforme o 
caso, pois não se mostra necessário que o nascituro tenha respirado para configurar o crime de homicídio, 
notadamente quando existem nos autos outros elementos para demonstrar a vida do ser nascente. STJ. 
5ª Turma. HC 228.998-MG, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 23/10/2012. 
17 
 
 Para configurar o crime de homicídio ou infanticídio, não é necessário que o nascituro 
tenha respirado, notadamente quando, iniciado o parto, existem outros elementos para 
demonstrar a vida do ser nascente, por exemplo, os batimentos cardíacos. 
 ATENÇÃO 
ANUNCIAR MÉTODOS ABORTIVOS É CONTRAVENÇÃO PENAL DO ART. 20 DA LCP: 
Art. 20. Anunciar processo, substância ou objeto destinado a provocar aborto. 
Pena – multa de hum mil cruzeiros a dez mil cruzeiros. 
 
45) QUAIS AS MODALIDADES DE ABORTO? 
 NATURAL 
 É fato atípico. 
 ACIDENTAL 
 É fato atípico. 
 PERMITIDO 
 Art. 128 CP. 
 CRIMINOSO 
 Art. 124 a 127 CP: 
 CONSENTIDO e SIMPLES; 
 PROVOCADO POR TERCEIRO: 
 COM CONSENTIMENTO 
 SEM CONSENTIMENTO 
 
46) FALE DO ABORTO COMETIDO PELA GESTANTE OU CONSENTIDO PELA GESTANTE. 
Segundo o art. 124, provocar aborto em si mesma ou consentir que outrem lhe provoque é apenado com de 
detenção, de 1 a 3 anos. 
Há aqui uma exceção à teoria monista, pois quem pratica o aborto com o consentimento da gestante pratica 
o crime do art. 126 e a gestante que consentiu com o aborto pratica o crime do art. 124. 
 
Art. 124 - PROVOCAR ABORTO EM SI MESMA ou CONSENTIR QUE OUTREM LHE PROVOQUE. 
Pena: DETENÇÃO de 1 a 3 anos 
 
 NÃO ADMITE COAUTORIA, MAS ADMITE APENAS A PARTICIPAÇÃO, por ser CRIME DE MÃO 
PRÓPRIA. 
 A primeira conduta punida é o AUTOABORTO. 
 A segunda conduta alternativa punida é o CONSENTIMENTO CRIMINOSO. 
 Só cabe a FORMA DOLOSA, podendo inclusive o dolo eventual, numa eventual tentativa de suicídio. 
 DELITO PLURISSUBSISTENTE, ADMITINDO A TENTATIVA. 
 Pena mínima não é superior a 1 ano, caberá suspensão condicional do processo, conforme art. 89 da 
Lei 9.099/95. 
 
47) COMO RESPONDE O NAMORADO INDUZ A GESTANTE A PRATICAR ABORTO COM 3º? 
RESPONDERÁ PELO DELITO PREVISTO NO ART. 124, NA CONDIÇÃO DE PARTÍCIPE. 
 
48) FALE DO ABORTO COMETIDO POR TERCEIRO COM CONSENTIMENTO DA GESTANTE. 
Para que ocorra este delito, a GESTANTE DEVERÁ CONSENTIR, de maneira que a gestante responderá pela 
forma do artigo 124 CP e o 3º pelo artigo 126 CP, tratando-se de EXCEÇÃO PLURALISTA A TEORIA MONISTA. 
Art. 126 - Provocar aborto COM O CONSENTIMENTO DA GESTANTE 
18 
 
 RECLUSÃO de 1 a 4 anos. 
 A PENA SERÁ QUALIFICADA DE 3 A 10 ANOS, SE A GESTANTE: 
 
 NÃO É MAIOR DE QUATORZE ANOS, ou 
 É ALIENADA OU DEBIL MENTAL, ou 
 se o CONSENTIMENTO É OBTIDO MEDIANTE FRAUDE, GRAVE AMEAÇA OU 
VIOLÊNCIA.
 É imprescindível que o agente saiba das circunstâncias [condições] relacionadas à vítima. 
 SUJEITO PASSIVO: APENAS O FETO. 
 Admite a suspensão condicional do processo 
 
49) EXPLIQUE PORQUE O DELITO DE PROVOCAR ABORTO EM TERCEIRO COM SEU CONSENTIMENTO É UMA 
EXCEÇÃO PLURALISTA A TEORIA MONISTA. 
EMBORA GESTANTE E TERCEIRO PARTICIPEM DA MESMA CONDUTA DE ABORTAR, o código fez com que 
CADA AGENTE FOSSE PUNIDO POR TIPO PENAL DIFERENTE, como regra uma CONDUTA DELITUOSA DEVE 
CORRESPONDER A UM TIPO PENAL [TEORIA MONISTA OU UNITÁRIA]. 
 Neste caso, cada AGENTE RESPONDE POR TIPO PENAL DIVERSO. 
 NA CONDUTA DO ABORTO CONSENSUAL A GESTANTE RESPONDE PELO ARTIGO 124 E O 
EXECUTOR PELO 126 CP. 
 
50) FALE DO ABORTO COMETIDO POR TERCEIRO SEM CONSENTIMENTO DA GESTANTE. 
 O aborto provocado por terceiro sem o consentimento da gestante é a forma mais grave de aborto. 
 Art. 125 - PROVOCAR ABORTO, SEM O CONSENTIMENTO DA GESTANTE: 
Pena - RECLUSÃO DE 3 A 10 ANOS. 
 O AGENTE DEVE TER CIÊNCIA DA QUALIDADE DE GRÁVIDA DA VITIMA 
 Trata-se de delito de DUPLA SUBJETIVIDADE PASSIVA: GESTANTE E O FETO. 
 Se o sujeito matar uma mulher que está grávida, sabendo dessa condição, responderá pelo crime 
de homicídio em concurso formal com o crime de aborto, seja com dolo direto ou dolo eventual. 
 
51) O NAMORADO, DEPOIS DE CONVENCER A NAMORADA, A CONDUZ ATÉ UMA ABORTADEIRA, PAGANDO 
PELO ABORTO. QUAIS CRIMES PRATICAM A ABORTADEIRA, A NAMORADA E O NAMORADO? 
 
 A ABORTADEIRA pratica o crime de ABORTO COM O CONSENTIMENTO DA GESTANTE [ART. 126]; 
 A NAMORADA pratica o crime do art. 124; 
 O NAMORADO, por pagar o aborto, é, segundo a jurisprudência, PARTÍCIPE DA ABORTADEIRA 
[responderá pelo crime do art. 126, na condição de partícipe]. 
 
52) QUAIS SITUAÇÕES E QUAL O QUANTUM DAS MAJORANTES NO ABORTO COMETIDO POR TERCEIRO? 
Segundo o art. 127, as penas cominadas ao aborto provocado por terceiro com consentimento da gestante e o 
crime de aborto provocado por terceiro sem o consentimento da gestante: 
 SÃO AUMENTADAS DE 1/3: 
 se, em consequência do aborto ou dos meios empregados para provocá-lo, a gestante sofre 
LESÃO CORPORAL DE NATUREZA GRAVE; 
 SÃO DUPLICADAS: 
 se, por qualquer dessas causas, lhe sobrevém a MORTE. 
19 
 
 
 Tratam-se de CRIMES PRETERDOLOSOS. 
 Apesar de o crime preterdoloso não admitir a tentativa, a tentativa será possível quando a 
parte frustrada recai sobre a conduta dolosa. O que não é possível é punir alguém por não 
ter conseguido matar a vítima, motivo pelo qual não caberia a tentativa, eis que o agente 
não queria matar. 
Mas se a frustração recai sobre a parte dolosa da conduta, qual seja, o aborto, é possível a 
tentativa, de forma que é possível a tentativa de aborto qualificado pelo resultado morte. 
Por outro lado, não é possível o aborto consumado com a tentativa culposa do homicídio. 
A figura da tentativa deverá recair sobre o aborto. 
 
53) COMO RESPONDERÁ O AGENTE NO CASO DE ABORTO EM FACE DE GRAVIDEZ DE GÊMEOS? 
Embora exista divergência, creio que deva ser analisado o CASO CONCRETO podendo configurar o CONCURSO 
FORMAL PRÓPRIO [sistema da exasperação] ou o IMPRÓPRIO [cumulo material]. 
 
54) COMENTE PÍLULA DO DIA SEGUINTE X ABORTO. 
Prevalece que NÃO HÁ ABORTO UMA VEZ QUE NÃO HÁ GRAVIDEZ, POIS NÃO HOUVE A NIDAÇÃO [essa 
demora cerca de 72 horas após a fecundação]. 
 
55) É POSSÍVEL A MODALIDADE CULPOSA DO DELITO DE ABORTO? 
 NÃO, TRATA-SE DE CRIME DOLOSO. 
 
56) SE UMA GESTANTE TENTA O SUICÍDIO, E NÃO MORRE, MAS ACABA POR OCORRER O ABORTO EM RAZÃO 
DE SUA CONDUTA, RESPONDERÁ PELO ABORTO? 
 RESPONDERÁ PELO 124 CP, EM RAZÃO DO DOLO EVENTUAL. 
 
57) SE A GESTANTE DESISTE DE PROSSEGUIR DAS MANOBRAS ABORTIVAS, OU EVITA PRODUÇÃO DO ABORTO 
APÓS CESSAR A EXECUÇÃO, RESPONDERÁ? 
É possível configurar a desistência voluntária e arrependimento eficaz, respondendo apenas pelos atos 
praticados. 
 
58) FALE DO ABORTO PERMITIDO E DIGA SUA NATUREZA JURÍDICA. 
Art. 128 - NÃO SE PUNE O ABORTO PRATICADO POR MÉDICO: 
ABORTO NECESSÁRIO 
 I - SE NÃO HÁ OUTRO MEIO DE SALVAR A VIDA DA GESTANTE; 
 O inciso I é uma forma especial de ESTADO DE NECESSIDADE. 
 
ABORTO NO CASO DE GRAVIDEZ RESULTANTE DE ESTUPRO 
II - SE A GRAVIDEZ RESULTA DE ESTUPRO E O ABORTO É PRECEDIDO DE CONSENTIMENTO DA GESTANTE 
OU, QUANDO INCAPAZ, DE SEU REPRESENTANTE LEGAL. 
 O inciso II é uma forma especial de EXERCÍCIO REGULAR DE DIREITO. 
 
59) O QUE É O ABORTO TERAPÊUTICO OU PROFILÁTICO? 
ABORTO NECESSÁRIO 
I - SE NÃO HÁ OUTRO MEIO DE SALVAR A VIDA DA GESTANTE; 
20 
 
 
 São requisitos do aborto necessário ou terapêutico: 
 SER PRATICADO POR MÉDICO; 
 HAVER PERIGO DE VIDA DA GESTANTE [cuidado: não basta o perigo para a saúde]; 
 IMPOSSIBILIDADE DE USO DE OUTRO MEIO PARA SALVÁ-LA. 
 
 O CONSENTIMENTO DA GESTANTE É DISPENSÁVEL. 
 Se uma pessoa sem ser médico intervém, incide em estado de necessidade de terceiro. 
 
60) O QUE É O ABORTO SENTIMENTAL, HUMANITÁRIO OU ÉTICO? 
ABORTO NO CASO DE GRAVIDEZ RESULTANTE DE ESTUPRO 
II - SE A GRAVIDEZ RESULTA DE ESTUPRO E O ABORTO É PRECEDIDO DE CONSENTIMENTO DA GESTANTE OU, 
QUANDO INCAPAZ, DE SEU REPRESENTANTE LEGAL. 
 
São requisitos do aborto sentimental, humanitário ou ético: 
 SER PRATICADO POR MÉDICO; 
 A GRAVIDEZ TEM DE SER RESULTANTE DE ESTUPRO; 
 PRÉVIO CONSENTIMENTO DA GESTANTE OU DE SEU REPRESENTANTE LEGAL, QUANDO 
INCAPAZ. 
 
 Logo não é possível o auto aborto, tampouco outro agente que não seja médico 
diante de estupro. 
 DISPENSA AUTORIZAÇÃO JUDICIAL 
 
61) É POSSÍVEL O ABORTO NO CASO DE ANENCEFALIA. 
No caso de ausência de encéfalo entendeu o STF NA ADPF 54, SER POSSÍVEL O ABORTO DE FETO 
ANENCÉFALO, sendo direito constitucional da gestante de se submeter a operação terapêutica, em respeito a 
dignidade da pessoa humana. Não se pode garantir o direito à vida do feto anencefálico, uma vez que é um ser 
organicamente vivo, e juridicamente morto [devido sua morte cerebral]. 
Segundo o STF, houve uma derrotabilidade da norma, fazendo uma interpretação conforme, para que 
compreender que o aborto é crime, salvo nas hipóteses de aborto necessário, humanitário e do feto 
anencéfalo. Ou seja, A NORMA DO CRIME DE ABORTO É CONSTITUCIONAL, MAS ELA É DERROTADA PARA O 
ABORTO DE FETO ANENCÉFALO. 
Houve uma homenagem ao princípio da dignidade da pessoa humana, da legalidade, liberdade de decisão 
sobre o próprio corpo e autonomia da vontade. 
Deve ser realizado pelo menos após a 12 semana de gestação, para se ter um diagnóstico de certeza. 
 
62) O STF SE MANISFESTOU RECENTEMENTE ACERCA DA POSSIBILIDADE DA REALIZAÇÃO DO ABORTO ATÉ O 
TERCEIRO MÊS DE GRAVIDEZ. DISCORRA. 
STF, Inf. 849 
A 1ª Turma do STF, no julgamento do HC 124306, mencionou a possibilidade de se admitir uma quarta exceção: 
a interrupção da gravidez no primeiro trimestre da gestação provocado pela própria gestante [art. 124] ou 
com o seu consentimento [art. 126] também NÃO SERIA CRIME [HC 124306/RJ, rel. orig. Min. Marco Aurélio, 
red. p/ o ac. Min. Roberto Barroso, julgado em 29/11/2016. Info 849]. 
 INTERRUPÇÃO DA GRAVIDEZ NO PRIMEIRO TRIMESTRE DA GESTAÇÃO 
REQUISITOS PARA QUE A TIPIFICAÇÃO DE UMA CONDUTA SEJA COMPATÍVEL COM A CONSTITUIÇÃO 
Segundo o Min. Roberto Barroso, para ser compatível com a Constituição, a criminalização de uma conduta 
exige o preenchimento de três requisitos: 
 este tipo penal deverá proteger um bem jurídico relevante; 
21 
 
 o comportamento incriminado não pode constituir exercício legítimo de um direito fundamental; e 
 deverá haver proporcionalidade entre a ação praticada e a reação estatal. 
 
Em outras palavras, se determinada conduta for prevista como crime, mas não atender a algum desses três 
requisitos, este tipo penal deverá ser considerado inconstitucional. 
A conduta de praticar aborto com consentimento da gestante no primeiro trimestre da gravidez não pode 
ser punida como crime porque não preenche o segundo e terceiro requisitos acima expostos
(letras "b" e 
"c"). 
Os arts. 124 e 126 do CP protegem um bem jurídico relevante [a vida potencial do feto]. No entanto, a 
criminalização do aborto antes de concluído o primeiro trimestre de gestação VIOLA DIVERSOS DIREITOS 
FUNDAMENTAIS DA MULHER, ALÉM DE NÃO OBSERVAR SUFICIENTEMENTE O PRINCÍPIO DA 
PROPORCIONALIDADE. 
A criminalização da interrupção voluntária da gestação ofende diversos direitos fundamentais das mulheres, 
com reflexos sobre a sua DIGNIDADE HUMANA. 
A mulher que realiza um aborto, o faz por se encontrar diante de uma decisão trágica e não precisa que o 
Estado torne a sua vida ainda pior, processando-a criminalmente. 
Desse modo, a mulher que realiza aborto age de forma legítima, sendo também, por via de consequência, 
legítima a conduta do profissional de saúde que a viabiliza. 
Verifique abaixo os argumentos invocados pelo Min. Relator Roberto Barroso: 
VIOLAÇÃO A DIREITOS FUNDAMENTAIS DAS MULHERES 
 VIOLAÇÃO À AUTONOMIA DA MULHER 
A criminalização viola, em primeiro lugar, a autonomia da mulher, que corresponde ao núcleo essencial 
da liberdade individual, protegida pelo princípio da dignidade humana [art. 1º, III, da CF/88]. 
Quando se trata de uma mulher, um aspecto central de sua autonomia é o poder de controlar o próprio 
corpo e de tomar as decisões a ele relacionadas, inclusive a de cessar ou não uma gravidez. 
 VIOLAÇÃO DO DIREITO À INTEGRIDADE FÍSICA E PSÍQUICA 
Em segundo lugar, a criminalização do aborto afeta a integridade física e psíquica da mulher. 
A integridade física é abalada porque é o corpo da mulher que sofrerá as transformações, riscos e 
consequências da gestação. Aquilo que pode ser uma bênção quando se cuide de uma gravidez desejada, 
transmuda-se em tormento quando indesejada. 
A integridade psíquica, por sua vez, é afetada pelo fato de ela estar sendo obrigada a assumir uma 
obrigação para toda a vida, exigindo renúncia, dedicação e comprometimento profundo com outro ser. 
Também aqui, o que seria uma bênção se decorresse de vontade própria, pode se transformar em 
provação quando decorra de uma imposição heterônoma. 
 VIOLAÇÃO AOS DIREITOS SEXUAIS E REPRODUTIVOS DA MULHER 
A criminalização do aborto afeta a capacidade de autodeterminação reprodutiva da mulher, ao retirar 
dela a possibilidade de decidir, sem coerção, sobre a maternidade, sendo obrigada pelo Estado a manter 
uma gestação indesejada. 
 VIOLAÇÃO À IGUALDADE DE GÊNERO 
Na medida em que é a mulher que suporta o ônus integral da gravidez, e que o homem não engravida, 
somente haverá igualdade plena se a ela for reconhecido o direito de decidir acerca da sua manutenção 
ou não. "Se os homens engravidassem, não tenho dúvida em dizer que seguramente o aborto seria 
descriminalizado de ponta a ponta" (Min. Ayres Britto, na ADPF 54-MC, j. 20.10.2004). 
 DISCRIMINAÇÃO SOCIAL E IMPACTO DESPROPORCIONAL SOBRE MULHERES POBRES 
Em suma 
22 
 
A criminalização da interrupção da gestação no primeiro trimestre vulnera o núcleo essencial de um 
conjunto de direitos fundamentais da mulher. Trata-se, portanto, de restrição que ultrapassa os limites 
constitucionalmente aceitáveis. 
 VIOLAÇÃO AO PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE 
Funções do princípio da proporcionalidade nos crimes e penas 
O princípio da razoabilidade-proporcionalidade funciona com uma dupla dimensão, tendo por objetivo 
proibir os excessos e também a insuficiência. 
Divisão do princípio da proporcionalidade 
O princípio da proporcionalidade divide-se em três subprincípios: 
 SUBPRINCÍPIO DA ADEQUAÇÃO: no qual deve ser analisado se a medida adotada é idônea 
[capaz] para atingir o objetivo almejado; 
 SUBPRINCÍPIO DA NECESSIDADE: consiste na análise se a medida empregada é ou não excessiva; 
 SUBPRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE EM SENTIDO ESTRITO: representa a análise do custo-
benefício da providência pretendida, para se determinar se o que se ganha é mais valioso do que 
aquilo que se perde. 
Primeiro trimestre da gravidez 
Vale ressaltar que, pela decisão do STF, só não será punido o aborto consentido [realizado pela mulher 
ou por terceiro com sua concordância] e desde que feito nos três primeiros meses da gravidez. 
Se for realizado após o primeiro trimestre, continua sendo crime. 
É importante, no entanto, pontuar três observações: 
1) Esta decisão foi tomada pela 1ª Turma do STF [não se sabe como o Plenário decidiria]; 
2) A discussão sobre a criminalização ou não do aborto nos três primeiros meses da gestação foi apenas 
para se analisar se seria cabível ou não a manutenção da prisão preventiva; 
3) O mérito da imputação feita contra os réus ainda não foi julgado e o STF não determinou o 
"trancamento" da ação penal. O habeas corpus foi concedido apenas para que fosse afastada a prisão 
preventiva dos acusados. 
Obviamente, esta decisão representa um indicativo muito claro do que o STF poderá decidir caso seja 
provocado de forma específica sobre o tema, tendo o Min. Roberto Barroso proferido um substancioso 
voto que foi acompanhado pelos Ministros Edson Fachin e Rosa Weber. Os demais Ministros da 1ª Turma 
(Marco Aurélio e Luiz Fux) não se comprometeram expressamente com a tese da descriminalização e 
discutiram apenas a legalidade da prisão preventiva. 
Dessa forma, existem três votos a favor da tese, não se podendo afirmar que o tema esteja resolvido no 
STF. Ao contrário, ainda haverá muita discussão a respeito. 
Leitura completa: 
http://www.dizerodireito.com.br/2016/12/a-interrupcao-da-gravidez-no-primeiro.html 
 
63) O QUE É O ABORTO EUGÊNICO? É POSSÍVEL? 
"Ciência que se ocupa do aperfeiçoamento físico e mental da raça humana". 
Noutras palavras, é a busca pela raça pura, a mesma propagada pela Alemanha de Hitler. De maneira que uma 
pessoa que possua defeitos, poderia ser abortada. 
 NÃO É POSSIVEL O ABORTO EUGÊNICO [busca perfeição], sendo considerado crime. 
 
64) O QUE É O ABORTO SOCIAL OU ECONÔMICO? 
Trata-se de aborto criminoso, que é realizado em razão da condição social/financeira da gestante, e que não 
afasta o crime. 
 
 
http://www.dizerodireito.com.br/2016/12/a-interrupcao-da-gravidez-no-primeiro.html
23 
 
 
DAS LESÕES CORPORAIS 
CONSIDERAÇÕES INICAIS 
O BEM JURÍDICO TUTELADO NA LESÃO CORPORAL NÃO É SOMENTE A INTEGRIDADE FÍSICA, MAS A 
INCOLUMIDADE PESSOAL DO INDIVÍDUO. 
 A INCOLUMIDADE PESSOAL É TRIPARTIDA: 
 I) NA SAÚDE CORPORAL; 
 II) NA SAÚDE FISIOLÓGICA; 
 III) NA SAÚDE MENTAL. 
 
A CONDUTA PUNIDA NA LESÃO É “OFENDER A INCOLUMIDADE PESSOAL” 
TRATA-SE DE DELITO DE EXECUÇÃO LIVRE. PODE SER PRATICADO POR AÇÃO OU OMISSÃO, POR MEIOS 
DIRETOS OU INDIRETOS. 
QUALQUER PESSOA PODERÁ SER SUJEITO ATIVO DO CRIME, ASSIM COMO SUJEITO PASSIVO: CRIME 
BICOMUM. 
NA LESÃO CORPORAL, A DOR É DISPENSÁVEL. 
A PLURALIDADE DE FERIMENTOS, NO MESMO CONTEXTO FÁTICO [uma surra], NÃO DESNATURA A UNIDADE 
DO CRIME. PORÉM, ELA SERÁ CONSIDERADA PELO JUIZ NA FIXAÇÃO DA PENA BASE. 
De acordo com a doutrina moderna, a INTEGRIDADE FÍSICA SERÁ UM BEM RELATIVAMENTE DISPONÍVEL, 
DESDE QUE: 
 PROVOQUE LESÃO LEVE; 
 NÃO CONTRARIE A MORAL E OS BONS COSTUMES. 
 O consentimento da vítima é uma excludente de ilicitude. 
A LESÃO CORPORAL PODERÁ SER: LEVE, CULPOSA, GRAVE, GRAVÍSSIMA, SEGUIDA DE MORTE. 
Com exceção da modalidade culposa, o crime de lesão corporal admite tentativa. 
A lesão corporal leve e lesão corporal culposa são infrações de menor potencial ofensivo, cabendo transação 
penal e suspensão condicional do processo. 
Já a lesão corporal de natureza grave admite a suspensão condicional do processo. 
 
65) O QUE É A LESÃO CORPORAL LEVE? 
Segundo o art. 129, constitui a lesão corporal leve ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem. 
A pena é de DETENÇÃO, de 3 meses a 1 ano. 
É uma infração de menor potencial ofensivo, cabendo transação. 
 Será leve toda lesão corporal que não for grave, gravíssima ou qualificada pelo resultado. 
 É punida no caput do artigo 129 CP: 
OFENDER A INTEGRIDADE CORPORAL OU A SAÚDE DE OUTREM. 
DETENÇÃO,
de 3 meses a 1 ano 
ATENÇÃO 
Equimoses [vermelhidão] e hematomas [aspecto roxeado] são consideradas lesões à integridade física da 
vítima. Já os eritemas [rubor] e a simples provocação de dor, por si só, não constituem lesão. 
 
66) QUAIS LESÕES SÃO CARACTERIZADAS COMO LESÃO CORPORAL GRAVE? 
Segundo o art. 129, §1º, são lesões corporais de natureza grave, ensejando pena de 1 a 5 anos, caso resulte: 
24 
 
§ 1º Se – da lesão corporal - RESULTA: 
 I - INCAPACIDADE PARA AS OCUPAÇÕES HABITUAIS, POR MAIS DE 30 DIAS; 
 Ocupação habitual é qualquer atividade corporal rotineira, não necessariamente ligada a 
trabalho ou ocupação lucrativa, devendo ser lícita, ainda que imoral. 
 Se por vergonha deixar de praticar as ocupações habituais, não qualifica o crime. 
 Deve haver duas perícias: uma primeira, na data do fato, atestando a lesão, e outra, logo 
após o 30º dia [o chamado exame de corpo de delito complementar, atestando que a lesão 
incapacitou a vítima por esse período]. 
Caso não haja laudo complementar, poderá ser comprovado por testemunhas. 
§ 2º Se o exame tiver por fim precisar a classificação do delito no art. 129, § 1º, I, do 
Código Penal, deverá ser feito logo que decorra o prazo de 30 dias, contado da data 
do crime [inclui-se o dia do início – prazo PENAL]. 
 
 II - PERIGO DE VIDA; 
 É a PROBABILIDADE SÉRIA, CONCRETA e imediata do êxito letal, devidamente 
comprovada por PERÍCIA. 
 TÍTULO DE PRETERDOLO, ou seja, O PERIGO DE VIDA DEVE DECORRER DE CULPA, 
CASO CONTRÁRIO, IRÁ CARACTERIZAR A TENTATIVA DE HOMICÍDIO. 
 
 III - DEBILIDADE PERMANENTE DE MEMBRO, SENTIDO OU FUNÇÃO; 
 A debilidade é a diminuição ou enfraquecimento da capacidade funcional da vítima, no 
tocante a membro, sentido ou função. 
 PERMANENTE SIGNIFICA POR TEMPO INDETERMINADO. 
 Incide a qualificadora, quando há a diminuição ou redução permanente da capacidade 
funcional de membro, sentido ou função. 
STJ, Inf. 590 
A LESÃO CORPORAL QUE PROVOCA NA VÍTIMA A PERDA DE DOIS DENTES TEM 
NATUREZA GRAVE (art. 129, § 1º, III, do CP), e não gravíssima (art. 129, § 2º, IV, do 
CP). A perda de dois dentes pode até gerar uma debilidade permanente (§ 1º, III), 
ou seja, uma dificuldade maior da mastigação, mas não configura deformidade 
permanente (§ 2º, IV). § 1º Se resulta: III - debilidade permanente de membro, 
sentido ou função; § 2º Se resulta: IV - deformidade permanente; STJ. 6ª Turma. REsp 
1.620.158-RJ, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 13/9/2016 
 
 IV - ACELERAÇÃO DE PARTO 
 Há um parto prematuro. Se provocar o aborto, não é lesão corporal de natureza grave, 
e sim de natureza gravíssima. 
Por conta da agressão, O FETO É EXPULSO COM VIDA ANTES DO TEMPO NORMAL. 
 Se o feto é expulso sem vida, o crime será o do art. 129, § 2º, v, do CP [lesão seguida de 
aborto culposo]. 
Se aceita que o feto pode vir a falecer, incide o delito de aborto. 
 Imprescindível que saiba ou possa saber que a vítima estava grávida, sob pena de 
responsabilidade objetiva. 
 
 PENA - RECLUSÃO, DE 1 A 5 ANOS. 
 INFRAÇÃO DE MÉDIO POTENCIAL OFENSIVO. 
 ADMITE SUSPENSÃO CONDICIONAL DO PROCESSO. 
 ADMITE PRISÃO PREVENTIVA. 
25 
 
 
67) QUAIS LESÕES CARACTERIZAM A LESÃO CORPORAL GRAVÍSSIMA? 
Prevista no Art. 129, §2º, a lesão corporal poderá ser de natureza gravíssima, com pena de reclusão de 2 a 8 
anos, desde que resulte: 
 I - INCAPACIDADE PERMANENTE PARA O TRABALHO; 
 Neste caso, a vítima não poderá mais trabalhar. Segundo o entendimento que predomina na 
doutrina e na jurisprudência, essa incapacidade deverá ser para qualquer espécie de trabalho. 
Caso trabalhe em outra função, não caberia essa qualificadora. 
 
 II - ENFERMIDADE INCURÁVEL; 
 A doutrina considera incurável a enfermidade que não há cura provável ou tratamento 
certo pela medicina, ou se demandar tratamento experimental, etc. 
 STJ: a aferição da possibilidade de cura ou não da enfermidade deverá ser analisado com 
base no momento da consumação do crime, e não no momento da condenação. 
 STJ: o indivíduo que tenha a intenção de transmitir vírus HIV ao parceiro pratica o delito 
de lesão corporal de natureza gravíssima, tendo em vista se tratar de enfermidade 
incurável. 
 
 III - PERDA OU INUTILIZAÇÃO DO MEMBRO, SENTIDO OU FUNÇÃO; 
 O resultado é mais grave que a correspondente do parágrafo anterior, que falava em 
redução/diminuição. 
 PRÓTESE – NÃO RETIRA A QUALIFICADORA 
 Cuidado: em se tratando de ÓRGÃOS DUPLOS, para SER GRAVÍSSIMA A LESÃO DEVE 
ATINGIR AMBOS. Caso o sujeito perca um rim ou fique surdo de um só ouvido, a lesão será 
grave. 
 É gravíssima a lesão que produz a impotência generandi ou a coeundi. 
 
 IV - DEFORMIDADE PERMANENTE; 
 É o DANO ESTÉTICO APARENTE, considerável, irreparável pela própria força da natureza e 
capaz de provocar impressão vexatória [desconforto para quem olha e humilhação para a 
vítima]. 
 “VITRIOLAGEM” é a deformação permanente causada mediante o emprego de ácidos. 
 STJ, Inf. 562 
A qualificadora “deformidade permanente” do crime de lesão corporal não é afastada por 
posterior cirurgia estética reparadora que elimine ou minimize a deformidade na vítima. 
Isso porque, o fato criminoso é valorado no momento de sua consumação, não o afetando 
providências posteriores, notadamente quando não usuais (pelo risco ou pelo custo, como 
cirurgia plástica ou de tratamentos prolongados, dolorosos ou geradores do risco de vida) 
e promovidas a critério exclusivo da vítima 
 
 V - ABORTO: 
 Essa qualificadora é exclusivamente PRETERDOLOSA, ou seja, para que ela incida, deve 
haver lesão dolosa e aborto culposo. 
 É imprescindível que o agente saiba ou pudesse saber que a vítima era mulher grávida e 
jamais tenha querido ou assumido o risco do aborto. 
 PENA - RECLUSÃO, DE 2 A 8 ANOS. 
 De acordo com a lei, os §§ 1º e 2º seriam espécies de lesão grave. 
 A doutrina é que diferencia o § 1º como grave e o § 2º como gravíssima. 
 A jurisprudência adotou essa expressão e, posteriormente, a própria Lei de Tortura [art. 1º, § 3º]: 
26 
 
Art. 1º Constitui crime de tortura: 
§ 3º Se resulta lesão corporal de natureza grave ou gravíssima, a pena é de reclusão de 
quatro a dez anos; se resulta morte, a reclusão é de oito a dezesseis anos. 
 
68) COMO É PUNIDA A LESÃO FOR SEGUIDA DE MORTE? 
Segundo o §3º, a pena será de RECLUSÃO, DE 4 A 12 ANOS, se da lesão corporal resultar morte e as 
circunstâncias evidenciarem que o agente não quis o resultado, nem assumiu o risco de produzi-lo. 
A lesão corporal seguida de morte é conhecida também como HOMICIDIO PRETERINTENCIONAL. 
O agente quer ofender a integridade da vítima, mas também causa a morte da vítima, culposamente. É crime 
preterdoloso ou preterintencional. 
STJ 
O CRIME DE LESÃO CORPORAL SEGUIDA DE MORTE É COMPATÍVEL COM A AGRAVANTE DE DELITO 
COMETIDO À TRAIÇÃO OU EMBOSCADA. 
 
Art. 129, § 3° Se resulta MORTE e as circunstâncias EVIDENCIAM QUE O AGENTE NÃO QUIS O RESULTADO, 
NEM ASSUMIU O RISCO DE PRODUZI-LO: 
 PENA - RECLUSÃO, DE QUATRO A DOZE ANOS. 
 
69) QUANDO A PENA PODERÁ SER DIMINUÍDA? 
O §4º do art. 129 diz que, se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral 
ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, o juiz pode reduzir a 
pena de 1/6 a 1/3. 
Portanto, haverá lesão corporal dolosa privilegiada quando o agente atua com: 
 RELEVANTE VALOR SOCIAL 
 RELEVANTE VALOR MORAL 
 SOB O DOMÍNIO DE VIOLENTA EMOÇÃO, LOGO EM SEGUIDA A INJUSTA PROVOCAÇÃO DA VÍTIMA. 
§ 4° Se o agente comete o crime IMPELIDO POR MOTIVO DE RELEVANTE VALOR SOCIAL ou MORAL ou 
SOB O DOMÍNIO DE VIOLENTA EMOÇÃO, LOGO EM SEGUIDA A INJUSTA PROVOCAÇÃO DA VÍTIMA. 
 O JUIZ PODE REDUZIR A PENA DE 1/6 A 1/3. 
 Prevalece que o privilégio do art. 129, § 4º, aplica-se em qualquer uma das figuras anteriores, até mesmo na 
lesão corporal seguida de morte. 
 
70)
A PENA NA LESÃO CORPORAL PODERÁ SER SUBSTITUÍDA? 
§ 5° NÃO SENDO GRAVES AS LESÕES PODE AINDA SUBSTITUIR A PENA DE DETENÇÃO PELA DE MULTA, se: 
 FOR O CASO DA QUESTÃO ANTERIOR [§ 4°]: 
 IMPELIDO POR MOTIVO DE RELEVANTE VALOR SOCIAL ou MORAL ou 
 SOB O DOMÍNIO DE VIOLENTA EMOÇÃO, 
 LOGO EM SEGUIDA A INJUSTA PROVOCAÇÃO DA VÍTIMA. 
 OU, TRATAR-SE DE LESÕES RECÍPROCAS. 
 
71) COMO SE PUNE A LESÃO CULPOSA? 
A lesão corporal culposa é a ofensa a integridade física de outrem por negligência, imprudência ou imperícia. 
O §6º afirma que no caso da lesão corporal culposa, a pena será de DETENÇÃO, DE 2 MESES A 1 ANO. 
Neste caso, trata-se de uma infração de menor potencial ofensivo. Dessa forma, a intensidade da lesão é 
irrelevante para efeito de tipificação, podendo ter consequências na dosimetria da pena. 
27 
 
A LESÃO NÃO DEIXA DE SER CULPOSA, CASO TENHA GERADO UM RESULTADO DE NATUREZA GRAVE OU DE 
NATUREZA GRAVÍSSIMA. 
A PENA será de DETENÇÃO DE 2 MESES A 1 ANO. 
 
PERDÃO JUDICIAL 
Admite-se o perdão judicial no caso de lesão corporal culposa, nas mesmas circunstâncias em que se admite 
perdão judicial no crime de homicídio culposo. 
Portanto, o STJ entende que, para aplicar o perdão judicial, é preciso uma dessas situações: 
 Vítima tenha relação de parentesco com o agente do crime 
 Vítima tenha relação de afeto com o agente do crime 
 Agente do crime tenha sofrido sequelas físicas 
 
O STJ NÃO ADMITE SEQUELAS MORAIS PARA JUSTIFICAR O PERDÃO JUDICIAL. 
Ex.: agente causou lesões culposas a um ciclista desconhecido, mas desde então o autor do crime realiza 
tratamento psiquiátrico por conta do trauma. 
 
SE A LESÃO CORPORAL FOR DOLOSA, NÃO CABERÁ PERDÃO JUDICIAL. 
 
 SERÁ CABÍVEL O PERDÃO JUDICIAL, CONFORME PARÁGRAFO 8º. 
§ 8º - Aplica-se à lesão culposa o disposto no § 5º do art. 121. 
§ 5º - Na hipótese de homicídio culposo, o JUIZ PODERÁ DEIXAR DE APLICAR A PENA, SE 
AS CONSEQÜÊNCIAS DA INFRAÇÃO ATINGIREM O PRÓPRIO AGENTE DE FORMA TÃO 
GRAVE QUE A SANÇÃO PENAL SE TORNE DESNECESSÁRIA. 
 
72) A PENAS SERÃO AUMENTADAS DE 1/3 EM QUAIS SITUAÇÕES? 
CULPOSO 
§ 7o AUMENTA-SE A PENA DE 1/3 SE OCORRER QUALQUER DAS HIPÓTESES DOS §§ 4º E 6º DO ART. 121 DESTE 
CÓDIGO. 
 § 4o do Art. 121 - NO HOMICÍDIO CULPOSO, a pena é aumentada de 1/3, SE O CRIME RESULTA 
 de INOBSERVÂNCIA DE REGRA TÉCNICA DE PROFISSÃO, ARTE OU OFÍCIO, ou 
 se o agente DEIXA DE PRESTAR IMEDIATO SOCORRO À VÍTIMA, OU NÃO 
PROCURA DIMINUIR AS CONSEQUÊNCIAS DO SEU ATO, ou 
 FOGE PARA EVITAR PRISÃO EM FLAGRANTE. 
DOLOSO 
Se DOLOSO O HOMICÍDIO, A PENA É AUMENTADA DE 1/3 SE O CRIME É PRATICADO 
 CONTRA PESSOA MENOR DE 14 ANOS OU MAIOR DE 60 ANOS. 
 
§ 6º O crime for praticado por MILÍCIA PRIVADA, sob pretexto de prestação de serviço de segurança ou o crime 
for praticado por GRUPO DE EXTERMÍNIO. 
 
73) CASO A LESÃO CORPORAL LEVE SEJA NO ÂMBITO DOMÉSTICO? 
Trata-se de uma QUALIFICADORA, trazendo a pena de DETENÇÃO DE 3 MESES A 3 ANOS, nos casos em que a 
lesão for praticada contra ascendente, descendente, irmão, cônjuge ou companheiro, ou com quem conviva 
ou tenha convivido, ou, ainda, prevalecendo-se o agente das relações domésticas, de coabitação ou de 
hospitalidade. 
28 
 
Houve uma QUEBRA DA EXPECTATIVA DA SEGURANÇA DENTRO DO AMBIENTE DOMÉSTICO, DE COABITAÇÃO 
OU DE HOSPITALIDADE, TORNANDO A PENA MAIS GRAVE. 
A LESÃO CORPORAL DE NATUREZA LEVE, cometida no âmbito das relações domésticas e familiares, será 
qualificada, e NÃO NECESSARIAMENTE DEVERÁ SER COMETIDA EM FACE DA MULHER. 
 
SERÁ QUALIFICADA: DETENÇÃO - 3 MESES A 3 ANOS 
§ 9o Se a LESÃO FOR PRATICADA CONTRA ASCENDENTE, DESCENDENTE, IRMÃO, 
CÔNJUGE OU COMPANHEIRO, OU COM QUEM CONVIVA OU TENHA CONVIVIDO, OU, 
AINDA, PREVALECENDO-SE O AGENTE DAS RELAÇÕES DOMÉSTICAS, DE COABITAÇÃO OU 
DE HOSPITALIDADE. 
 O SUJEITO PASSIVO PODE SER HOMEM OU MULHER. 
A qualificadora prevista no § 9º do art. 129 do CP aplica-se também às lesões corporais cometidas contra 
HOMEM no âmbito das relações domésticas. STJ. 5ª Turma. RHC 27.622-RJ, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado 
em 7/8/2012. 
STJ 
NÃO CABE A SUBSTITUIÇÃO DE PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE POR RESTRITIVA DE DIREITO QUANDO O 
CRIME FOR COMETIDO COM VIOLÊNCIA. 
STJ, Inf. 609 
Não é inepta a denúncia que se fundamenta no art. 129, § 9º, do CP – lesão corporal leve –, qualificada pela 
violência doméstica, tão somente em razão de o crime não ter ocorrido no ambiente familiar. 
Ex: João agrediu fisicamente seu irmão na sede da empresa onde trabalham, causando-lhe lesão corporal leve. 
O agente deverá responder pelo art. 129, § 9º do CP. Sendo a lesão corporal praticada contra ascendente, 
descendente, irmão, cônjuge ou companheiro, deverá incidir a qualificadora do § 9º não importando onde a 
agressão tenha ocorrido. STJ. 5ª Turma. RHC 50.026-PA, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 
3/8/2017. 
 
74) SE A SITUAÇÃO DA QUESTÃO ANTERIOR [ÂMBITO DOMÉSTICO] GERAR LESÃO FOR GRAVE, GRAVÍSSIMA OU 
SEGUIDA DE MORTE, O QUE OCORRERÁ? 
§ 10. Nos casos previstos nos §§ 1o a 3o deste artigo, se as circunstâncias são as indicadas no § 9o deste artigo, 
AUMENTA-SE A PENA EM 1/3. 
 LESÃO GRAVE, GRAVÍSSIMA ou MORTE PRETEDOLOSA 
 AUMENTA UM TERÇO 
 NAS RELAÇÕES DOMÉSTICAS, DE COABITAÇÃO OU DE HOSPITALIDADE. 
 
75) CASO A VIOLÊNCIA LEVE NO ÂMBITO DOMÉSTICO FOR CONTRA DEFICIENTE? 
Se a violência doméstica e familiar ocorrer contra pessoa portadora de deficiência, A PENA SERÁ AUMENTADA 
DE 1/3. 
§ 11. Na hipótese do § 9o deste artigo, a pena SERÁ AUMENTADA DE UM TERÇO SE O CRIME FOR 
COMETIDO CONTRA PESSOA PORTADORA DE DEFICIÊNCIA. 
DETENÇÃO 3 MESES A 3 ANOS AUMENTADO DE UM TERÇO 
 
76) CASO A LESÃO AUTORIDADE OU AGENTE DESCRITO NOS ARTS. 142 E 144 DA CRFB? 
Segundo o §12º, se a lesão for praticada contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição 
Federal, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou 
em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo ATÉ 3º GRAU, EM RAZÃO 
DESSA CONDIÇÃO, A PENA É AUMENTADA DE UM A DOIS TERÇOS. 
§ 12. Se a lesão for praticada contra autoridade ou agente descrito nos arts. 
142 e CRFB, INTEGRANTES DO SISTEMA PRISIONAL E DA FORÇA NACIONAL DE SEGURANÇA 
PÚBLICA, NO EXERCÍCIO DA FUNÇÃO OU EM DECORRÊNCIA DELA, OU CONTRA SEU CÔNJUGE, 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm#art142
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm#art144
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm#art142
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm#art142
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm#art144
29 
 
COMPANHEIRO OU PARENTE CONSANGUÍNEO ATÉ TERCEIRO GRAU, EM RAZÃO DESSA 
CONDIÇÃO, A PENA É AUMENTADA DE UM A DOIS TERÇOS. 
 AUMENTO DE UM A DOIS TERÇOS [1/ a 2/3]. 
 ABRANGE GUARDAS MUNICIPAIS. 
 CONFIGURA CRIME HEDIONDO se: 
I-A – LESÃO CORPORAL DOLOSA DE NATUREZA GRAVÍSSIMA [ART. 129, § 2º] E LESÃO 
CORPORAL SEGUIDA DE MORTE [ART. 129, § 3º]. 
 
77) SE A INTENÇÃO DO AGENTE É APENAS AGREDIR SEM CAUSA QUALQUER OFENSA À INCOLUMIDADE 
PESSOAL? 
 CONTRAVENÇÃO DE VIAS DE FATO [Art. 21 LCP] 
Art. 21. Praticar vias de fato contra alguém: 
Pena – prisão simples, de quinze dias a três meses, ou multa, de cem mil réis a um conto de réis, se o fato 
não constitue crime. 
Parágrafo único. Aumenta-se a pena de 1/3 [um terço] até a metade se a vítima é maior de 60 anos. 
 
78) É PUNÍVEL A AUTOLESÃO? 
Não se pune a conduta que não exceda o âmbito do próprio autor [princípio da alteridade]. Ainda, o próprio 
tipo penal usa o termo “outrem”. 
 AUTOLESÃO PARA BUSCAR INDENIZAÇÃO, RESPONDERÁ POR ESTELIONATO NA MODALIDADE: 
 FRAUDE PARA RECEBIMENTO DE INDENIZAÇÃO OU VALOR DE SEGURO 
V - destrói, total ou parcialmente, ou oculta coisa própria, ou lesa o próprio corpo ou a saúde, 
ou agrava as consequências da lesão ou doença,

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