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DIREITO PENAL 3 - PARTE ESPECIAL - 2020.1

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Prof. André Borges
DIREITO PENAL III
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Contatos
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(61) 9.9225-7227
coordenadorandreborges@gmail.com
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HOMICÍDIO
 Conceito: é a injusta morte de uma pessoa praticada por outrem. Segundo Nelson Hungria “é o tipo central de crimes contra a vida e é o ponto culminante na urografia (montanha) dos crimes. É o crime por excelência.”
 Em outra definição temos: “O homicídio consiste na eliminação da vida humana extrauterina provocada por outra pessoa. A vítima deixa de existir em decorrência da conduta do agente.” (Victor E. Rios Gonçalves). 
 O homicídio está dividido no CP da seguinte maneira: Homicídio doloso simples; homicídio doloso privilegia-do; homicídio doloso qualificado; homicídio culposo; homicídio majorado e perdão judicial.
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HOMICÍDIO
 Pergunta: (PC Paraná) Homicídio Preterdoloso, ele existe? Quem é competente para julgá-lo? 
 Resposta: Trata-se de lesão corporal seguida de morte . Está no art. 129, § 3º. Não vai a júri. 
 HOMICÍDIO SIMPLES: Trata-se de infração penal de grande potencial ofensivo. 
 Sujeito Ativo: trata-se de crime comum pois pode ser praticado por qualquer ser humano. Pode ser praticado por um só agente isolado ou associado a outros (crime monossubjetivo). Portanto, é um crime de concurso eventual. 
Pergunta: Homicídio praticado por irmão xifópago.
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HOMICÍDIO
Obs: Os irmão Paulo e João. João matou uma pessoa. A separação cirúrgica entre eles é inviável. 
Resposta: há duas correntes. 1ª Corrente: João deve ser absolvido, pois, conflitando o interesse do Estado ou da sociedade com o da liberdade individual, esta é que tem que prevalecer. (Manzini)
2ª Cor.: João deve ser condenado, inviabilizando-se, porém, o cumprimento da reprimenda, tendo em vista o princípio da intransmissibilidade da pena. (FMB)
Sujeito Passivo: qualquer ser humano racional vivo. 
Pergunta: Homicídio contra irmão xifópago?
Resposta: Dois homicídios em concurso formal impróprio (Dolo de 1º grau e dolo de 2º grau)
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HOMICÍDIO
 Sujeito passivo especial: Presidente da República, do Senado, da Câmara dos Deputados ou Presidente do STF, comete o crime do art. 29 da Lei de Segurança Nacional (Lei n. 7.170/83).
 Para ser enquadrado no tipo penal especial precisa haver MOTIVAÇÃO POLÍTICA. Nesta modalidade o agente não irá ser julgado pelo Tribunal do Júri, uma vez que não se trata de crime doloso contra a vida. 
ATENÇÃO: Vítima sendo índio, observar o art. 59 da Lei 6.001/73 - Trata-se de causa de aumento de pena.
 Tipo Objetivo (conduta punível): Tirar a vida de alguém, sendo ela extrauterina. 
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HOMICÍDIO
 Quando se inicia a vida extrauterina? 
 Início do parto normal: 1º saída completa do feto do ventre materno e sua respiração autônoma (ultrapassa-da). 2º saída completa do feto ventre materno ainda que não respire autonomamente (feto apneico - ultra-passada). 3°com o início das contrações do parto.
 1) Contrações de dilatação: início do deslocamento do feto e ampliação do canal de parto, marcado por uma forte elevação do hormônio ocitocina; 2) Contrações de transição: o feto desloca-se pelo canal de parto; 3) Contrações de expulsão: o feto é projetado para fora do ventre materno; 
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HOMICÍDIO
 4ª Cor.: Rotura da bolsa amniótica (posição de Veloso França – Posição Minoritária;
 Momento consumativo: Morte encefálica da vítima; 
 OBS: Essa modalidade de morte pode ser autônoma em relação ao restante do funcionamento do organis-mo da vítima, desde que adotados procedimentos clínicos específicos;
 DETALHE RELEVANTE: Evite utilizar a expressão morte cerebral como sinônimo de morte encefáli-ca, pois se trata de uma imprecisão técnica. A morte encefálica é quando os impulsos nervosos deixam de ser transmitidos pelos neurônios (Sinapse neuroniais).
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HOMICÍDIO
 Qual a razão da morte encefálica ser considerada como referêncial para a consumação do homicídio?
 Art. 3º da Lei de Transplante, Lei 9.434/97 - A retirada post mortem de tecidos, órgãos ou partes do corpo humano destinados a transplante ou tratamento deverá ser precedida de diagnóstico de morte encefáli-ca, constatada e registrada por dois médicos não parti-cipantes das equipes de remoção e transplante, medi-ante a utilização de critérios clínicos e tecnológicos definidos por resolução do Conselho Federal de Medi-cina. “A morte encefálica representa o estado clínico irreversível em que as funções cerebrais (telencéfalo e diencéfalo) e do tronco encefálico estão irremediável-mente comprometidas”. Dr. Eric Grossi Morato.
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HOMICÍDIO
 Crime material: é aquele delito cujo resultado está inserido no tipo penal.
 Em se tratando de um crime material que costuma deixar vestígios, como se comprova a materialidade do crime de homicídio? 
 R: Através de exame de corpo de delito, onde o legista atesta a ocorrência da morte e suas causas.
 Pode-se condenar alguém pelo crime de homicídio sem um exame de corpo de delito? Sem um cadáver?
 Se não for possível o exame do corpo por ter ele desaparecido, a materialidade do homicídio pode ser demonstrada por prova testemunhal (art. 167 CPP). Ex. Quando o corpo da vítima do homicídio é lançado ao mar e depois não é recuperado, mas testemunhas afir-mam ter visto a pessoa morta.
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HOMICÍDIO
 Tentativa: para o reconhecimento da tentativa são necessários três fatores:
 Que exista prova inequívoca de que o agente queria matar a vítima: O que diferencia uma tentativa de ho-micídio em que a vítima tenha sofrido lesão de um crime de lesão corporal é unicamente o dolo do agente. Na tentativa, ele quer matar e não consegue, enquanto na lesão corporal a intenção é apenas de ferir a vítima.
 Que tenha havido início de execução do homicídio: É possível quando o agente já deu início à execução do crime. Ex: Se alguém prepara um bolo com veneno para entregar à vítima e o bolo se estraga por ficar demais no forno, temos meros atos preparatórios. Faltou a entrega do bolo para dar início aos atos executórios.
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HOMICÍDIO
 Em se tratando de arma de fogo, o início da execução se dá pelo ato de apertar o gatilho em direção à vítima. Em se tratando de arma branca, o início da execução se dá pelo movimento corpóreo a fim de atingi-la.
 Quando se tratar de ação homicida a ser realizada em dois atos seguidos (jogar gasolina e depois atear fogo), considera-se ter havido início de execução com o pri-meiro ato, de modo que haverá tentativa de homicídio se o agente jogar o combustível na vítima, mas for im-pedido de atirar o fósforo aceso sobre ela.
 Que o resultado morte não tenha ocorrido por cir-cunstâncias alheias à vontade do agente: qualquer que tenha sido a causa da sobrevivência da vítima, desde que alheia à vontade do agente.
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HOMICÍDIO
 Ex: vítima que consegue esquivar dos disparos ou facadas dados pelo agente; vítima que foi jogada do penhasco e ficou presa nas árvores; disparo na cabeça que não penetrou a calota craniana por ter atingido parte mais consistente do osso; vítima que foi imedia-tamente socorrida e recebeu tratamento de emergência entre outros.
 Na denúncia por crime de tentativa de homicídio é necessário que o MP descreva a circunstância alheia à vontade do agente que impediu a consumação.
 É plenamente possível que uma pessoa responda por duas tentativas de homicídio contra a mesma vítima, desde que os atos agressivos que visavam a sua morte tenham sido realizados em contextos fáticos distintos.
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HOMICÍDIO
 Elemento subjetivo: é o dolo direto (vontade livre e consciente de eliminar a vida humana) ou eventual (onde o agente, com sua conduta, assume o risco de provocar o resultado. Ex. o agente faz roleta russa mirando a arma para outra pessoa e, apesar de ter uma só cápsula no tambor, acaba havendo o disparo e a morte).
 O crime de homicídio apura-se mediante ação pública incondicionada, sendo a iniciativa da ação exclusiva do MP. 
 A competência é a do local da consumação do delito. Todavia, que a jurisprudência acabou criando uma exceção no caso de homicídio doloso quando a vítima é alvejada emuma cidade e levada para hospital de outro município e acaba falecendo nesta última localidade.
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HOMICÍDIO
 Nestes casos, o julgamento é feito no local em que ocorreu a ação delituosa, e não no lugar em que a vítima morreu.
 Em regra a competência é da Justiça Estadual, salvo se presente alguma circunstância capaz de provocar o deslocamento para a esfera federal. Ex. o fato do homicídio ter sido cometido a bordo de navio ou aeronave (art. 109, IX CF); ou contra servidor público federal em virtude de suas funções (art. 109, IV CF). O assassinato de um Delegado Federal em razão das in-vestigações que preside deve ser julgado por Tribunal do Júri organizado na Justiça Federal – Súm. 147 STJ.
 O homicídio praticado por um militar contra outro é de competência da Justiça Militar.
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HOMICÍDIO
 O homicídio praticado por um militar contra vítima civil, o julgamento será feito pelo Júri, na Justiça Estadual Comum (art. 9º, CPM – Lei n. 9.299/96).
 Suponha-se que uma pessoa foi condenada pelo homicídio da ex-namorada, cujo corpo não foi encon-trado, e já cumpriu a pena. Posteriormente, a namora-da reaparece e o sujeito, alegando que já cumpriu pena por tê-la matado (e que ela já está legalmente morta), comete realmente o homicídio. A solução é que res-ponda novamente pelo delito, podendo, entretanto, obter indenização por erro judiciário quanto à primeira punição.
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PRIVILEGIADO
 § 1º Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral, ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço.
 Relevante valor social: situações que insultam o indiví-duo enquanto membro de uma determinada coletividade; 
 Relevante valor moral: situações que afrontam o indi-víduo em relação aos seus valores íntimos, pessoais ou familiares; 
 Violenta emoção deve ser entendida como aquela capaz de destemperar o homem médio muito além dos infortúnios do cotidiano, não podendo ser confundida com uma simples raiva, ultraje ou revolta passageira. 
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PRIVILEGIADO
 Injusta provocação da vítima deve ser entendida no contexto onde a vítima do homicídio, com suas condutas ou atitudes imediatamente anteriores ao ato delituoso, produziu a situação que levou o agente ao grave destempero e descontrole. 
 Logo em seguida a esta injusta provocação significa que a conduta do agente deve ser contínua e imediata ao contexto da provocação, sem rupturas ou lacerações, mas não precisa ser necessariamente instantânea; Existe diferença em imediata e instantânea.
 Em outras palavras: a provocação da vítima e a conduta do agente devem estar obrigatoriamente no mesmo contexto fático imediato; 
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PRIVILÉGIO
 Injusta provocação: São várias as razões que uma pessoa provoque a outra, fazendo-o, por exemplo, por meio de xingamentos, de brincadeiras de mau gosto, riscando seu carro, jogando lixo ou pichando sua casa.
 O que difere o privilégio da legítima defesa é o fato de que o privilégio ocorre mera provocação da vítima, en-quanto na legítima defesa há ato de injusta agressão. Quando alguém mata em razão de ter flagrado cônjuge ou companheiro em ato de adultério, é possível o reco-nhecimento do privilégio, pois é inegável que a situação provoca violenta emoção e injusta provocação.
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PRIVILÉGIO
 É possível que a provocação tenha ocorrido há muito tempo mas o agente só tenha tomado conhecimento pouco antes do homicídio e, nessa hipótese, há privilé-gio. Deve-se levar em conta o momento em que o sujei-to ficou sabendo da injusta provocação e não aquele em que esta efetivamente ocorreu.
 Ex: uma pessoa, em reunião de amigos, difama grave-mente outra que não está presente. Alguns dias depois, uma das pessoas presentes à reunião encontra-se com aquele que foi difamado e lhe conta sobre o ocorrido. Este, ao ouvir a narrativa, fica extremamente irritado e, de imediato, arma-se, vai na sala do difamador e come-te homicídio.
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PRIVILÉGIO
 Domínio de violenta emoção: o texto legal fala em domínio e não sob a influência de violenta emoção. Exige-se uma fortíssima alteração no ânimo do agente, isto é, que fique irado, revoltado, perturbado em decor-rência do ato provocativo. Nesta situação o sujeito fica tão intensamente alterado que acaba fazendo uma bobagem que não faria se estivesse calmo.
 Caráter subjetivo das hipóteses de privilégio: Todas as figuras de privilégio são de caráter subjetivo, porque ligadas à motivação do agente (relevante valor social ou moral) ou à motivação somada à violenta emoção. Assim, nos termos do art. 30 do CP, não se comunicam a coautores e partícipes do homicídio.
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PRIVILÉGIO
 Ex: pai encontra o estuprador da filha e começa a desferir golpes de madeira na cabeça do estuprador para matá-lo. Neste momento, um amigo do agressor chega ao local e, sem saber que se trata do estuprador, ajuda-o a matar o malfeitor. O pai responde por homicídio privilegiado, o amigo não.
 É evidente que se a motivação dos agentes for a mesma, será possível o reconhecimento do privilégio para ambos, relevante valor moral, ao pai, e relevante valor social, ao amigo. 
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PRIVILÉGIO
 Eutanasia, Ortotanásia e Distanásia são crimes? 
 Eutanásia: consiste na antecipação da morte de alguém que está acometida de grave doença. Por compaixão, abrevia-se o sofrimento de uma pessoa, ceifando-lhe a vida, tendo em vista que, de acordo com a medicina, não há possibilidade de cura ou recupera-ção. É considerado crime.
 Ortotanásia: ocorre a suspensão do uso de medica-mentos ou a interrupção de aparelhos que artificial-mente prolongam a vida de alguém. Não é crime.
 Distanásia: Consiste no emprego de um procedimento médico que busca prolongar a vida de alguém a qualquer custo, sem perquirir se redundará em maiores benefícios ou prejuízos ao paciente. Por isso, também é conhecida como “obstinação terapêutica”. 
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PRIVILÉGIO
 Em que pese parte da doutrina entender que as três situações não deveriam caracterizar crime, o posicio-namento dominante, por razões de ordem jurídica e social, é no sentido que eutanásia configura-se como homicídio privilegiado e a ortotanásia e a distanásia NÃO são tidos como crimes; 
 Ponto 39 da Exposição de Motivos do Código Penal, apresentado em 04 de novembro de 1940 pelo então Ministro da Justiça Francisco Campos: 
 A causa de redução de pena decorrente do privilegia-mento é de aplicação obrigatória ou facultativa pelo magistrado, na terceira fase da dosimetria? 
 Obrigatória. A decisão da ocorrência ou não do privi-legiamento demanda do conselho de sentença, ao responder os quesitos formulados ao termino dos debates em plenário.
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QUALIFICADO
 No homicídio qualificado a pena passa a ser de 12 a 30 anos de reclusão. Ademais, em sendo qualificado o homicídio, passa ele a ter natureza hedionda, o que altera sensivelmente o regime de cumprimento da pena
 As qualificadoras são distribuídas de acordo com o motivo do crime, ao meio ou modo de execução, e, por fim, algumas que decorrem da conexão do homicídio com outro crime.
Vejamos o quadro a seguir:
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QUALIFICADO
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	Quanto aos motivos	Paga, promessa de recompensa ou outro motivo torpe, e motivo fútil
	Quanto aos meios empregados	Veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar em perigo comum.
	Quanto ao modo de execução	Traição, emboscada, dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido.
	Por conexão	Para assegurar a execução, a ocultação a impunidade ou vantagem de outro crime.
 
 
QUALIFICADO
 Na primeira modalidade o delito é considerado mais grave em decorrência de o MOTIVO do crime ser consi-derado imoral ou desproporcional.
 Na segunda, que trata do meio empregado, o legis-lador elencou formas de provocar a morte da vítima que lhe causam grande sofrimento, ou em que o agente atua de maneira a provocar perigo de outras pessoas.
 Na terceira, modo de execução, o legislador conside-rou mais grave os crimespraticados de tal maneira que a vítima tenha ficado à mercê do homicida, sem possibilidade de defesa.
 Por fim, o homicídio foi considerado qualificado quando cometido em razão de outro crime (conexão).
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QUALIFICADO
 Destaca-se que a segunda correte é a que prevalece no STF e no STJ.
 As qualificadoras de caráter subjetivo são aquelas ligadas à motivação do agente. Além das hipóteses de motivo torpe e fútil, as qualificadoras decorrentes da conexão também inserem-se nesse conceito, pois o que está tornando o delito qualificado é o motivo pelo qual o agente matou a vítima, assegurar a execução ou impunidade (Incisos I, II e V).
 Já as qualificadoras de caráter objetivo são aquelas referentes a meio e modo de execução (incisos III e IV).
 Homicídio qualificado quanto aos motivos: Paga ou promessa de recompensa ou outro motivo torpe.
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QUALIFICADO
 Paga ou promessa de recompensa: é conhecido como homicídio mercenário. O agente executa a vítima medi-ante pagamento em dinheiro ou qualquer outra vanta-gem econômica, como a entrega de bens, promoção no emprego etc. A paga é prévia em relação ao homicídio. A promessa de recompensa é para entrega posterior. 
 Predomina o entendimento que a recompensa deve ter natureza econômica. Ex. entrega de dinheiro, bens, jóias, perdão de dívida, promoção no emprego etc. Mas isso não é condição essencial da recompensa ter valor econômico, bastando a simples promessa de futuro casamento, com a própria instigadora ou outra pessoa. 
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QUALIFICADO
 Não constitui promessa de recompensa a promessa de sexo futuro para o agente matar a vítima. Em tais casos, configura-se outro motivo torpe. Nelson Hungria. 
 No caso de promessa de recompensa, a qualificadora existe ainda que o mandante, após a prática do crime, não cumpra a promessa e não entregue os valores combinados, pois o que importa é que o executor tenha matado em razão da promessa recebida.
 É comum que exista, em um mesmo caso, paga e pro-messa de recompensa, ou seja, que o contratante adi-ante uma parte em dinheiro e prometa entregar uma segunda parcela após a prática do crime. Neste caso, a motivação é receber dinheiro. Não se configuram duas qualificadoras.
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QUALIFICADO
 Comunicabilidade da qualificadora ao mandante: O executor do crime o pratica por lucro, razão altamente imoral. Mas o que causa acalorado debate no âmbito doutrinário e jurisprudencial é definir se a qualificado-ra em tela se aplica também ao mandante, pessoa res-ponsável pela contratação do matador. 
 A polêmica gira em torno de se definir se a qualifi-cadora da paga ou promessa de recompensa é ou não elementar do homicídio. O art. 30 CP diz que as cir-cunstâncias de caráter pessoal não se comunicam aos comparsas, salvo se elementares do crime.
É praticamente pacífico na doutrina, de que elemen-tares são apenas os requisitos essenciais do crime elen-cados no tipo básico.
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QUALIFICADO
 Os defensores desta tese asseveram que o mandante tem seus próprios motivos para querer a morte da víti-ma, pois apenas o executor mata por dinheiro. Assim, deve o juiz analisar a motivação do mandante.
 Ex. o vice-prefeito que contrata um pistoleiro para matar o prefeito a fim de ficar com seu cargo responde pela qualificadora genérica do motivo torpe, e o execu-tor por ter matado em razão da paga. 
 Por outro lado, o pai que descobre quem foi o estu-prador de sua filha e contrata outrem para matá-lo incorre em homicídio privilegiado, devendo apenas o executor incidir na figura qualificada da paga.
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QUALIFICADO
 Para esta corrente, a paga ou promessa de recompensa não é elementar e, por ser de caráter pessoal, não se estende ao mandante, que deve ser responsabilizado de acordo com os motivos que o levaram a contratar o executor. (Greco, Capez, FMB, Cláudio H. Fragoso)
 Para os seguidores desta outra orientação, que a qua-lificadora comunica-se ao mandante, embora reconhe-çam que normalmente qualificadoras são circunstâncias e não elementares, excepcionalmente, no caso de homi-cídio mercenário, não há como deixar de reconhecer que o envolvimento do mandante no crime é requisito essencial para a sua existência, por se tratar de crime de concurso necessário, e, na condição de requisito essencial, deve ser considerado elementar.
47
 
 
QUALIFICADO
 Assim, deve ser aplicada a qualificadora também ao mandante, cujo envolvimento no fato criminoso é premissa para sua existência. Em suma, se excluído o envolvimento do mandante, o fato não pode ser caracterizado como homicídio mercenário, daí porque se envolvimento no delito constituir elementar.
 Motivo Torpe: é considerado o motivo moralmente repro-vável, abjeto, desprezível, vil que suscita a aversão ou repugnância geral, ex. matar por rivalidade profissional, por inveja, por preconceitos: de raça, religião, cor, etnia, origem.
 Motivo Fútil: é o motivo insignificante, sem importância, mesquinho, desproporcional, ex: matar por causa de R$ 2,00; briga de trânsito, etc. (Inf. 525 STJ - discussão prévia) e Inf. 583/STJ Incompatibilidade entre dolo eventual e a qualificadora de motivo fútil.
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QUALIFICADO
 A ausência de motivos qualifica o delito?
A ausência não quer dizer que tenha havido motivação pequena. Se o acusado diz ter matado sem motivo algum, conclui-se que ele matou pelo prazer de tirar a vida, assim será motivo torpe e não motivo fútil. 
 CIÚME: A doutrina assevera unanimente que não é motivo fútil. Ver caso a caso. Caso a namorada tenha sido morta por que olhou para o lado. Neste caso será fútil.
 Emprego de veneno ou VENEFÍCIO. Para que o delito seja qualificado pelo emprego de veneno, a vítima não pode saber que está sendo envenenada. O veneno deve ser oferecido de forma dissimulada. Ex. Após captura de seu inimigo o agente aponta a arma e obriga-o a beber sob pena de levar um tiro no rosto. Incide a qualificadora ? NÃO !!!
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QUALIFICADO
 Fogo ou explosivo: Constitui meio cruel para a prática do homicídio. Conforme o caso, o emprego de fogo poderá caracterizar meio que resulte perigo comum.
 Asfixia: Pode ser mecânica (estrangulamento, enfor-camento, esganadura, afogamento, soterramento ou sufocação da vítima) ou tóxica (produzida por gases asfixiantes).
 Tortura: é o meio cruel por excelência. Ex: mutilar a vítima (decepar os dedos, as mãos, as orelhas); Pode ser moral: diz para um cardíaco que vai matar a mulher, os filhos, os netos, os pais, etc.
 O homicídio qualificado mediante emprego de tortura não se confunde com a figura do art. 1º, § 3 da Lei de Tortura (tortura qualificada pelo resultado morte).
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QUALIFICADO
 Neste caso constitui crime preterdoloso: dolo em rela-ção à tortura e com culpa em relação ao resultado agravador morte.
 Nada impede o concurso material entre o homicídio simples e o delito de tortura. Ex: o agente fura os olhos da vítima para obter uma informação e depois provoca sua morte mediante disparo de arma de fogo.
 Meio insidioso: Meio insidioso é aquele dissimulado na sua eficiência maléfica, e do qual a vítima não tem ciência, por exemplo, sabotagem dos freios do veículo, no motor do avião, mochila que leva o paraquedas da vítima, substituir o medicamento por farinha.
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QUALIFICADO
 Meio cruel: é o que causa sofrimento desnecessário à vítima ou revela uma brutalidade incomum, em con-traste com o mais elementar sentimento de piedade humana. Ex. esfolamento, pisoteamento, enterrar vivo, apedrejamento, jogar do prédio, golpes de martelo, etc.
 Meio que possa resultar perigo comum: trata-se da utilização de meio que possa expor a perigo um número indeterminado e elevado de pessoas.
 Traição: só pode configurar-se quando há quebra de fidelidade, confiança e lealdade entre a vítima e o agente.
 Emboscada: É a tocaia. No caso o agente se oculta com o fito de aguardar a passagem da vítima.
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QUALIFICADO
 Dissimulação: Pode se dar de duas formas: quando o agente esconde o seu propósito delituoso, sendo a víti-ma pega de surpresa, e quando há emprego de aparato ou disfarce paraa prática do crime.
 Qualquer outro recurso que dificulte ou torne impos-sível a defesa do ofendido: é o crime praticado medi-ante surpresa, a qual impede ou dificulta a defesa do ofendido.
 Para assegurar a execução de outro delito: Isso significa que o delito ainda não foi praticado. Ex. Para sequestrar a SANDY tem que matar o segurança. 
 Ocultação: é imprescindível que tenha ocorrido um cri-me anterior e que a finalidade do agente seja a de evitar que, ao matar, seja evitar a descoberta do crime anterior..
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QUALIFICADO
 Ex. de ocultação: O funcionário de banco que vem efe-tuando desfalques e falsificando papéis internos para despistar o sumiço de dinheiro e mata um auditor que havia acabado de descobrir os desvios. 
 O homicídio premeditado é motivo para qualificar o delito? Por si só, o homicídio premeditado não qualifi-ca o delito de homicídio. Não está no rol das qualifica-doras.
 Vantagem de outro crime: Existe quando o agente visa, com o homicídio, assegurar a posse do produto, preço ou proveito de um crime anterior. Ex: Já se reconheceu essa qualificadora no caso de ladrão que matou o outro no momento da divisão do dinheiro pro-veniente do crime anteriormente perpetrado.
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QUALIFICADO
 Homicídio duplamente qualificado: Tecnicamente fa-lando é incorreto. Na verdade, só será qualificado por um motivo, devendo as demais qualificadoras serem levadas em consideração na análise das circunstancias judiciais (Corrente majoritária)
 Poderá, ainda, as demais qualificadoras serem consi-deradas como circunstâncias agravantes, uma vez que são as mesmas hipóteses que qualificam o homicídio. Não se trata de bis in idem porque o juiz só reco-nhecerá como agravantes genéricas as outras figuras reconhecidas pelos jurados. 
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CULPOSO
 Homicídio CULPOSO: Ele ocorre sempre que o evento morte decorrer da quebra do dever de cuidado por parte do agente mediante uma conduta imperita, negligente ou imprudente, cujas consequências do ato descuidado, que eram previsíveis, não foram previstas pelo agente, ou, se foram, ele não assumiu o risco do resultado.
 Elementos do fato típico culposo: São: 1) conduta voluntária; 2) resultado involuntário; 3) nexo causal; 4) tipicidade; 5) previsibilidade objetiva (pessoa de pru-dência mediana). 
 Elementos da culpa: a) ausência de previsão (culpa consciente); b) quebra do dever objetivo de cuidado (negligência, imprudência ou imperícia)
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CULPOSO
 Homicídio culposo tentado: Não cabe tentativa em crime culposo. A tentativa é iniciada com atos executó-rios de um crime querendo a produção do resultado. Portanto, somente doloso.
 É possível a continuidade delitiva. Ex. o enfermeiro que, por descuido, diariamente ministra doses de me-dicamento trocado aos seus pacientes, vindo eles a fa-lecer por não receberem a medicação própria, respon-derá por homicídio culposo em continuidade delitiva. 
 O concurso formal também é possível. Ex. o enge-nheiro que, de forma imperita, construiu um prédio, tendo este desabado, será responsabilizado pelas mortes ocorridas na modalidade de concurso formal.
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CULPOSO
 Lei dos Juizados Especiais Criminais: Em face da pena mínima prevista, desde que não incida a causa especial de aumento de pena do § 4, é cabível a suspensão condicional do processo - art. 89 da Lei.
 Homicídio culposo e CTB - Lei n. 9.503/97: os crimes de homicídio culposo e lesão corporal culposa pratica-dos na direção de veículo automotor encontram-se tipi-ficados no CTB. 
 A lei prevê, como sanção penal, a aplicação conjunta da pena de suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo com a pena privativa de liberdade. 
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HOMICÍDIO
 Ação Penal: No homicídio culposa é pública incondi-cionada, e, na lesão culposa, a ação é pública condicio-nada a representação (art. 88 Lei 9.099/95 e art. 291, § 1 do CTB.
 A ação será pública incondicionada, no caso do crime de lesão culposa, se o agente estiver sob a influência de álcool, participando de racha ou transitar em velocida-de superior a da via em 50 Km/h e deverá ser instau-rado IP. Os casos de aumento de pena estão no parágrafo único do art. 302 do CTB.
 Diz a Súm. 6 STJ: Compete à Justiça Comum Estadu-al processar e julgar delito decorrente de acidente de trânsito envolvendo viatura de PM, salvo se autor e vítima forem policiais militares em situação de ativida-de.
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HOMICÍDIO
 Aumento de pena ( parágrafo 4º, primeira parte): As disposições do parágrafo 4º, já não são aplicáveis ao homicídio culposo praticado na direção de veículo automotor pois este passou a ser tipificado pelo CTB. 
 Inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício: o agente tem conhecimento da regra técnica, porém a desconsidera. Existem milhares de regras técnicas que devem ser observada para evitar acidentes no desempenho das mais diversas profissões: Ex. Na construção civil, para motoristas, pessoas que operam máquinas, eletricistas, agricultores, médicos, dentistas, pilotos etc. Assim, o médico que, por pressa, não esteriliza o instrumento cirúrgico durante o período de tempo necessário, fazendo com que o paciente morra em decorrência de infecção. 
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 A causa de aumento em análise não se confunde com a modalidade culposa de imperícia. Nesta, o sujeito demonstra falta de aptidão para o desempenho da arte, profissão ou ofício. Na causa de aumento, o agente demonstra a aptidão para realizá-la, porém, provoca a morte de alguém porque, por desleixo, por descaso, deixou de observar regras inerentes àquela função.
 Se o agente deixa de prestar imediato socorro à víti-ma: O texto fala em IMEDIATO socorro. Caberá a agra-vante caso seja possível o imediato socorro por parte do agente. Se era inviável pois o próprio agente ficou ferido gravemente ou porque não havia condições materiais de ser prestado, a pena não será aumentada, caso a vítima não socorrida venha a morrer.
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HOMICÍDIO
 
 
HOMICÍDIO
 Em suma, quando o socorro imediato é possível de ser prestado pessoalmente pelo agente e este não o faz, sua pena será agravada, exceto se ele tiver presenciado outra pessoa se adiantar e prestar o auxílio.
 Se o socorro não foi prestado porque o agente teve que deixar o local por estar sofrendo risco de agressão por parte de amigos ou familiares da pessoa por ele atingida, não incide o aumento em tela. Igualmente se for evidente que a vítima já morreu, não havendo so-corro possível de ser prestado.
Se o agente foge para evitar prisão em flagrante: Busca-se que o agente deixe o local da infração, dificultando o trabalho da Justiça e buscando a impunidade.
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HOMICÍDIO
 Homicídio contra menor de 14 anos: Será menor de 14 anos até as 24 horas do dia anterior ao dia do seu aniversário. A pessoa completa 14 anos no primeiro minuto do dia do seu aniversário. De acordo com o art. 4º do CP, a idade da vítima deve ser levada em consideração no momento da ação ou omissão da conduta e não da efetiva produção do resultado.
 Homicídio contra maior de 60 anos: foi inserida com o Estatuto do idoso. A incidência dessa causa de au-mento afasta a circunstância agravante genérica prevista no art. 61, II, h, do CP, sob pena da ocorrência de bis in idem.
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HOMICÍDIO
 Perdão Judicial: é o instituto pelo qual o juiz, não obstante a prática delituosa por um sujeito culpado, não lhe aplica a pena, levando em consideração o fato de que as consequências da infração atingiram o próprio agente de forma tão grave que a sanção penal se torne desnecessária.
 O perdão tem aplicação tanto em casos em que a vítima do homicídio culposo é ente querido do agente, familiar próximo, cônjuge ou companheiro OU no caso de ele próprio fica gravemente ferido em decorrência do evento por ele provocado e que causou a morte de outrem. Ex. Agente queimado gravemente em razão de fogo por ele ateado acidentalmente em uma mata e que matou outra pessoa.
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HOMICÍDIO
 O perdão judicial poderá ser concedido quando as con-sequências percebidas pelo beneficiário são morais (mortedo filho) quanto físicas (caso das queimaduras).
 Este benefício não precisa ser aceito para gerar efeitos e não retira a primariedade do réu.
 Quando duas pessoas agem culposamente, provocando a morte do filho de um deles (concorrência de culpas), o perdão judicial só é concedido ao pai. Por se tratar de circunstâncias de caráter pessoal, não se comunica aos demais envolvidos (art. 30 CP).
 Por outro lado, se uma só pessoa age de modo culposo, causando a morte de seu filho e de terceiro, o juiz não está proibido de lhe conceder o perdão.
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HOMICÍDIO
 Natureza jurídica da sentença que concede o perdão judicial: Existem 2 correntes em torno do tema: 
1) como nesta sentença o juiz analisa as provas e declara o réu culpado, ficam afastados apenas os efeitos expres-samente declarados no CP (aplicação da pena e perda da primariedade). Os demais efeitos de uma condenação são mantidos. Para esta corrente, a sentença que concede o perdão judicial é condenatória, subsistindo os efeitos secundários da condenação (obrigação de indenizar e o lançamento do nome no rol dos culpados). Posição do STF e parte da doutrina.
2) O perdão é causa extintiva da punibilidade. A sen-tença tem natureza declaratória. Entendimento do STJ por meio da Súmula 18.
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Participação em suicídio
 Induzimento, instigação ou auxílio a suicídio ou a automutilação Redação dada pela Lei n. 13.968/19.
 Art. 122 - Induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou a praticar automutilação ou prestar-lhe auxílio material para que o faça: Pena - reclusão, de 6 meses a 2 anos.
 O suicídio ou sua tentativa não é objeto de tutela penal 
 Entende-se que o agente que deseja se suicidar não age com lesividade (ou alteridade), lesiona a si próprio, elemento essencial a manifestação do direito penal ao caso concreto; 
 Além disso quem tenta se suicidar já sofre de uma “dor” lancinante ou de profundo desespero. Aplicar pena a este indivíduo seria desumano; 
 Desespero Sauliano - Samuel 31:4 
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Participação em suicídio
 Síndrome da Redoma de Vidro - Referência ao livro A Redoma de Vidro, de Sylvia Plath.
 A Opção de Karenina. Referência ao suicido de Anna Karenina, obra do escritor russo Leon Tolstói, que narrou como sua personagem, desesperada, entre outras coisas por ter incorrido em adultério, se joga na frente de um trem.
 Pelos mesmos motivos a automutilação não é objeto de tutela penal, salvo quando praticada como meio para alcançar outros resultados que podem ser tidos como delituosos;
 Ex: automutilação intencional para fins e fraude em seguro. Neste caso teremos potencialmente crime de estelionato; 
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Participação em suicídio
 Em certos casos, a automutilação pode decorrer de situações patológicas de cunho psiquiátrico ou psicoló-gico como o Delírio Parasitário. 
 Síndrome de Lesch-Nyhan (ou síndrome da morde-dura). 
 Neste caso é possível a tutela estatal para fins de internação, mas não pela via penal;
 Para fins de reconhecimento do delito tipificado ao teor do art. 122 do CP, a conduta (ou as condutas) do sujeito ativo deve obrigatoriamente ser direcionada a uma pessoa ou a um grupo específico e delimitado de pessoas; 
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Participação em suicídio
 § 1º Se da automutilação ou da tentativa de suicídio resulta lesão corporal de natureza grave ou gravíssima, nos termos dos §§ 1º e 2º do art. 129 deste Código: Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos. 
 § 2º Se o suicídio se consuma ou se da automutilação resulta morte: Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos.
 § 3º A pena é duplicada: 
 I - se o crime é praticado por motivo egoístico, torpe ou fútil; 
 II - se a vítima é menor ou tem diminuída, por qualquer causa, a capacidade de resistência. 
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Participação em suicídio
 Vítima menor: considera-se, por ausência de especifi-cidade normativa, como sendo os menores de 18 anos no caso do resultado em lesão corporal grave; 
 Para os resultados morte ou lesão corporal gravíssima, considera-se os maiores de 14 anos e menores de 18 anos; A questão da vítima sem nenhuma capacidade de resistência; 
 § 6º Se o crime de que trata o § 1º deste artigo resulta em lesão corporal de natureza gravíssima e é cometido contra menor de 14 anos ou contra quem, por enfermi-dade ou deficiência mental, não tem o necessário discer-nimento para a prática do ato, ou que, por qualquer outra causa, não pode oferecer resistência, responde o agente pelo crime descrito no § 2º do art. 129 deste Código. 
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Participação em suicídio
 § 7º Se o crime de que trata o § 2º deste artigo é cometido contra menor de 14 anos ou contra quem não tem o necessário discernimento para a prática do ato, ou que, por qualquer outra causa, não pode oferecer resistência, responde o agente pelo crime de homicídio, nos termos do art. 121 deste Código
 § 4º A pena é aumentada até o dobro se a conduta é realizada por meio da rede de computadores, de rede social ou transmitida em tempo real. 
 § 5º Aumenta-se a pena em metade se o agente é líder ou coordenador de grupo ou de rede virtual. 
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Participação em suicídio
 Interpretação do parágrafo § 6º: Se da automutilação ou da tentativa de suicídio resulta lesão corporal de natureza grave ou gravíssima e é cometido contra menor de 14 anos ou contra quem, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a prática do ato, ou que, por qualquer outra causa, não pode oferecer resistência, responde o agente pelo crime de lesão corporal gravíssima. Interpretação do parágrafo § 7º: Se o suicídio se consuma ou se da automutilação resulta morte e é cometido contra menor de 14 anos ou contra quem não tem o necessário discernimento para a prática do ato, ou que, por qualquer outra causa, não pode oferecer resistência, responde o agente pelo crime de homicídio. 
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Participação em suicídio
 Deve haver relação de causa e efeito entre a conduta do agente e a da vítima: Se o agente empresta um revólver e a vítima se enforca, não há crime, já que, excluído o empréstimo da arma, a vítima teria conseguido cometer o suicídio da mesma forma como o fez.
 Seriedade deve existir na conduta do agente: Se alguém, em tom de brincadeira, diz à vítima que a única solução é “se matar” e a vítima efetivamente se mata, o fato é atípico por ausência de dolo. Este delito admite apenas a forma dolosa, inclusive o dolo eventual, mas não prevê hipótese culposa.
 Se várias pessoas fazem roleta-russa em grupo, os sobreviventes respondem pelo crime do art. 122 CP.
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Participação em suicídio
 Se, na roleta-russa uma pessoa aperta o gatilho da arma em direção a outra pessoa e provoca a morte dela haverá homicídio com dolo eventual.
 Para a caracterização deste crime pressupõe que a vítima tenha alguma capacidade de entendimento e resistência. Quem induz uma criança ou pessoa com grave enfermidade mental a se atirar de um prédio responde por homicídio.
 Se duas pessoas fazem um pacto de morte para se suicidarem, e uma delas desiste, esta responde pelo crime. O mesmo ocorre quando praticarem juntas os atos executórios e uma sobrevive. A sobrevivente responderá pelo crime do art. 122 do CP.
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Participação em suicídio
 No pacto de morte, caso ambas sobrevivam, e uma sofra lesão grave e a outra sofra lesão leve, as duas respondem pelo crime, conforme nova redação.
 É possível que, apesar do incentivo mútuo, fique acertado que uma delas irá atirar na outra e depois se matar. Nesse caso, se a autora do disparo sobreviver, responderá pelo homicídio da outra, mas, se o resulta-do for o inverso (morre a autora do disparo), a sobre-vivente responderá por participação em suicídio.
 No duelo americano temos duas armas sobre uma mesa e apenas uma delas está alimentada com muni-ção. Os participantes escolhem qual arma querem e atiram contra a própria cabeça.
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INFANTICÍDIO
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Alguns sugeriram o reconhecimento se o fato ocor-resse algumas horas ou até alguns dias após o nasci-mento. Trata-se de crime bipróprio.
Ficou pacificado que o estado puerperalpode ter duração diferente de acordo com o organismo de cada mulher em cada caso concreto.
A influência do estado puerperal é uma perturbação psíquica que acomete parte das mulheres durante o fenômeno do parto e algum tempo depois do nascimento da criança.
Na prática, essa perturbação psíquica é presumida ou deve ser provada?
Por se tratar de uma elementar do tipo do crime, deve ser provada.
 
 
INFANTICÍDIO
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Se os peritos afirmam que existiu a perturbação, haverá infanticídio, mas se atestarem que ela não ocorreu, estará tipificado o homicídio. 
É possível que em razão do tempo decorrido entre o fato e o exame, fiquem os peritos em dúvida e apresentem laudo inconclusivo. Neste caso, há que se presumir a existência da perturbação psíquica, pois, caso contrário, a mulher seria responsabilizada por homicídio, ou seja, na dúvida, deve-se julgar em favor da acusada. 
No infanticídio, a perturbação psíquica decorrente do estado puerperal apenas reduz sua capacidade de entendimento e, por essa razão, ela é punida com uma pena menor. Se ficar demonstrado pela perícia que ela não tinha qualquer capacidade de entendimento, ela será considerada inimputável. Neste caso, temos a psicose puerperal.
 
 
INFANTICÍDIO
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Quanto aos meios de execução, trata-se de um crime de ação livre, que admite qualquer meio executório capaz de gerar a morte. Exemplos: sufocação (colocar o recém nascido em saco plástico), fratura de crânio ou abando-no de recém nascido (art. 134, § 2 CP).
Esse delito também pode ser cometido por omissão, quando a mãe, dolosamente, não amamenta e não alimenta de qualquer outro modo o recém-nascido ou, ainda, quando, intencionalmente, não efetua a ligadura do cordão umbilical matando o bebê por hemorragia.
No homicídio existem as qualificadoras quanto aos meios de execução o que não existe no infanticídio. No entanto, sendo empregada a asfixia, veneno, fogo etc. poderá ser aplicada agravante genérica do art. 61, II, d do CP, exceto no caso de asfixia, que não está tipificada.
 
 
INFANTICÍDIO
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No crime de infanticídio o sujeito ativo do crime é a mãe, tratando-se de crime próprio.
Prevalece atualmente, quando ao reconhecimento da coautoria ou participação no infanticídio, que é pos-sível em face do art. 30 do CP que estabelece que as condições e circunstâncias de caráter pessoal se comunicam quando forem elementares de um crime.
Ser mãe e estar em estado puerperal constituem con-dições de caráter pessoal e integram o tipo do infanti-cídio. Assim, se ela mata o recém-nascido tendo sido estimulada por terceiro, este será partícipe. Se ambos matam a vítima, são coautores. (Delmanto, Damásio, Frederico Marques, H. Fragoso e Magalhães Noronha).
 
 
INFANTICÍDIO
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Outra corrente entende que o estado puerperal é condição personalíssima, não sendo abrangida pela descrição do art. 30 do CP. Assim, quem colaborasse com a morte do recém-nascido responderia sempre por homicídio e a mãe por in-fanticídio. Portanto, para essa corrente não existe coautoria ou participação no infanticídio.
Quando uma pessoa mata o recém-nascido e a mãe apenas estimula essa conduta, não se tipifica o crime de infan-ticídio, porque a mãe não realizou a conduta típica matar e o terceiro não estava sob a influência do estado puerperal. Neste caso, o executor responderia por homicídio e a mãe é partícipe neste delito. Tecnicamente correta mas não aceita doutrinariamente.
 
 
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Nelson Hungria, por muitos anos, foi defensor da tese de que o estado puerperal é condição personalíssima, e não meramente pessoal. Com esse argumento sustentava que o terceiro que tomasse parte no crime deveria responder por homicídio. Mudou de opinião na última edição de sua obra (Comentários ao Código Penal), seguindo o posiciona-mento majoritário. Somente Fragoso manteve seu enten-dimento de que o estado puerperal é incomunicável.
Para sanar esta distorção, segundo Rios Gonçalves, “defende-se que, nesse caso, excepcionalmente, deve-se abrir exceção à teoria monista, respondendo o terceiro por homicídio e a mãe por infanticídio, com o argumento de que ela estava em estado puerperal (incomunicável nessa hipótese por ser ela partícipe e não a autora do delito)”.
 
 
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Existe um projeto de lei para transformar o infanticí-dio em modalidade de homicídio privilegiado. O estado puerperal deixaria de ser elementar do tipo. Se isso ocorresse, todas as qualificadoras do homicídio de cará-ter objetivos poderiam incidir. Sugestão melhor seria acrescentar um dispositivo no art. 123 dizendo que a regra do art. 30 do CP não se aplica ao infanticídio.
O sujeito passivo deste delito é o ser nascente ou recém-nascido (neonato). É necessário que esteja vivo, caso contrário, haverá crime impossível pela absoluta impropriedade do objeto (art. 17 CP).
Se a mãe, mesmo estando sob a influência do estado puerperal, e logo após o parto, mata outro filho, que não o nascente ou neonato, responde por homicídio. 
 
 
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Se a mãe quer matar o próprio filho, mas, por erro, acaba matando outro recém-nascido, responde por infanticídio, porque o art. 20, § 3º, CP, que trata do chamado erro quanto à pessoa, determina que o agente seja responsabilizado como se tivesse matado a pessoa que pretendia.
Por serem elementos integrantes do tipo, não são aplicáveis as agravantes genéricas referentes a crime praticado contra descendente e contra criança, previs-tas no art. 61, II, “e” e “h” do CP.
Por se tratar de um crime MATERIAL a consumação ocorre com a morte do recém-nascido ou ser nascente. Lembro que a ação tem que ser “durante ou logo após o parto”. O resultado poderá ocorrer depois.
 
 
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O elemento subjetivo é o DOLO, direto ou eventual. Não se admite a modalidade culposa de infanticídio. 
Existe divergência doutrinária sobre a responsabili-zação da mãe que, logo após o parto, por algum ato im-prudente, cause a morte do filho recém-nascido. A doutrina dominante entende que ela deverá responder por homicídio culposo. (Mirabete, Capez, Hungria, Bitencourt, Noronha e Régis Prado).
Em posicionamento contrário, há entendimento que o fato deveria ser considerado atípico. Uma vez que não previsto esta modalidade, conclui-se que não pretendia o legislador ver a mãe punida, sendo equivocado clas-sificar o fato como homicídio culposo (Damásio e Paulo José da Costa Júnior).
 
 
INFANTICÍDIO
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Outros dois argumentos fortes são: O juiz analisa a conduta do réu no caso concreto e compara com a que teria, nas mesmas circunstâncias, o chamado homem prudente e de discernimento. Ora, a mulher nesta condição não pode ser comparada com um homem médio já que a perturbação psíquica retira dela todas as cautelas do homem de senso comum. 
O outro argumento lastreia-se na aplicação do perdão judicial concedido quando os genitores, por conduta culposa, acaba levando a óbito sua prole. Assim, a melhor maneira de resolver este impasse, é a consideração da atipicidade do fato.
A ação penal é pública incondicionada (Júri).
É possível a tentativa do delito. 
 
 
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Leciona Victor Eduardo Rios Gonçalves: “Existe controvérsia em torno da hipótese em que, na votação dos quesitos, os jurados, após reconhecerem a autoria, não aceitam que a acusada tenha agido sob a influência do estado puerperal. Para alguns, ela deve ser conde-nada imediatamente por homicídio, pois os jurados reconheceram que ela matou o filho e refutaram o estado puerperal.
Para outros, deve ser decretada a absolvição, porque os jurados reconheceram crime distinto da pronúncia, porém, mais grave. A tese mais aceita é a de que o juiz deve dissolver o Conselho de Sentença para que a pronúncia seja adaptada à decisão dos jurados, designando, posteriormente, novo julgamento.”
 
 
INFANTICÍDIO
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E acrescenta o autor mencionado (Rios Gonçalves): “Há, contudo, uma tese no sentido de que, para evitar a controvérsia acima narrada, a denúncia deve ser sempre feita por crime de homicídio, e nunca por in-fanticídio. Com essa providência, a ré seria pronun-ciada porhomicídio, podendo, então, o promotor de justiça, no dia do julgamento em Plenário, requerer a desclassificação para infanticídio, hipótese em que, caso os jurados refutem a morte em razão do estado puerperal, poderá o juiz prolatar sentença por homicídio.”
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ABORTO
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Definição: É a interrupção da gravidez com a consequente morte do produto da concepção.
Chama-se OVO nos primeiros 2 meses; EMBRIÃO nos dois meses seguintes e, FETO no período restante.
Quando se inicia a gravidez? 
Esta questão é controvertida. Para alguns, ocorre com a fecundação; para outros com a nidação.
Qual a importância disso? 
A pílula do dia seguinte, falamos em aborto? Normas do Ministério da Saúde permitem tal uso. 
Comete crime de aborto o médico geneticista que deixa cair um tudo de ensaio com um óvulo fecundado?
Não constitui crime se o aborto for de causas naturais como rejeição do organismo da gestante, patologia. 
 
 
ABORTO
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Fecundação e início da gestação; Para a caracterização do crime é necessário o desenvolvimento gestacional. A fecundação se dá com o encontro do espermatozoide que adentra o gameta feminino, o óvulo e isso ocorre nas trompas. Hormônio folículo estimulante. Parede de mesocreratina e lipídio (Endométrio 79 a 82% do útero). Esse processo se chama nidação. É o marco inicial da gestação. 
Caracterização do momento consumativo; Se consuma no exato momento em que a gestação for interrompida. É possível a tentativa de aborto. 
O procedimento abortivo é realizado, o feto nasce com vida e vem a óbito em momento posterior: como tipificar a conduta? São 3 correntes doutrinárias. 
 
 
ABORTO
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Primeira corrente – Minoritária: Neste caso teremos o concurso de tentativa de aborto e o crime de homicídio. 
Segunda corrente: É o caso de aborto consumado. Rogério Greco. 
Terceira corrente: Trata-se de tentativa de aborto e não seria possível imputar qualquer responsabilidade penal decorrente da morte da criança. Trata-se de causa superveniente relativamente independente que por si só produziu o resultado. Assim, o nexo de causalidade é quebrado e o sujeito só responde pelos atos até então produzidos. Bittencourt, Pacelli, Hungria. Seguir esta corrente em provas. 
 
 
ABORTO
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Também não constitui crime de aborto se tiver sido acidental. Ex. Queda, colisão de veículos, atropelamento.
Para a caracterização do crime de aborto é necessário a interrupção da gravidez tenha sido provocada (pela própria gestante ou por terceiro). 
Assim, o aborto poderá ser natural, acidental, criminoso ou legal.
Existem 4 formas de aborto criminoso: autoaborto; consentimento para o aborto; provocação de aborto com o consentimento da gestante e provocação de aborto sem o consentimento da gestante.
No autoaborto (art. 124, § 10 CP) é a própria gestante quem pratica as manobras abortivas que levam à morte do feto. Ex. Ingestão de medicamentos abortivos.
 
 
ABORTO
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Se a gestante tentar suicídio, ela responde por tentativa de aborto? 
Existe divergência doutrinária. Alguns entendem que o fato é atípico uma vez que não houve dolo quanto a prática do aborto (não se pune a forma culposa) e não se pune a autolesão.
Para a corrente contrária a gestante agiu com dolo eventual e deve ser punida pelo auto aborto.
Como a pena mínima desse delito é de um ano, é cabível a suspensão condicional do processo, se preenchidos os demais requisitos (art. 89 da Lei n. 9.099/95). 
Como deve ser punida a mulher grávida contando com o incentivo do namorado, ingere medicamento abortivo e causa a morte do feto?
 
 
ABORTO
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A mulher é autora de autoaborto. O namorado é partícipe. O delito de autoaborto admite a figura da participação mas nunca de coautoria.
Consentir para que terceiro lhe provoque o aborto (2ª figura do art. 124 CP).
Neste caso, a gestante não pratica em si mesma o aborto, mas permite que uma terceira pessoa o faça. Ex. A gestante procura uma parteira ou médico para que, mediante pagamento, faça o aborto. Assim, a gestante é autora do crime do art. 124, 2ª figura e o terceiro responde pela prática do art. 126 do CP.
Ambas as hipóteses do art. 124, auto aborto e consentimento para aborto, são crimes próprios e de mão própria em que o sujeito ativo é a gestante e não admite coautoria.
 
 
ABORTO
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Se a gestante presta o consentimento, mas a manobra abortiva não chega a ser iniciada, ainda que por circuns-tâncias alheias à sua vontade, não há tentativa, pois não se iniciou o processo de execução do aborto, ocorrendo, apenas, atos preparatórios.
Se, entretanto, já se havia iniciado o ato abortivo que vem a ser interrompido pela chegada da polícia, por exemplo, e o feto não morre, haverá tentativa.
Ex. Pai de uma adolescente de 16 anos, grávida do namorado, que é levada ao médico e, sem que ela saiba, faz a curetagem no momento do exame, não responde pelo crime de consentimento. Neste caso, o médico responde por aborto provocado sem o consentimento da gestante (art. 125) e o pai por participação em tal crime.
 
 
ABORTO
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Pai leva a filha para curetagem, sem que ela saiba
Médico faz o procedi-mento.
Médico responde por aborto sem consenti-mento da gestante e Pai como partícipe deste crime.
 
 
ABORTO
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Pai falsifica exame laboratorial, leva a filha com exame para o médico, convencendo-o de que sua filha corre risco de morte em razão da gravidez e pede para que o médico faça o aborto sem que a filha saiba.
Médico faz o procedi-mento.
Médico não cometeu crime por imaginar que está agindo para salvar a vida da ges-tante (art. 128, I CP) Pai é o autor mediato do crime de provoca-ção de aborto sem o consentimento da gestante.
 
 O crime de consentimento para o aborto admite a figura da participação. Será partícipe o namorado que der dinheiro para a gestante procurar alguém para nela realizar o aborto, ou a amiga ou familiares que a acompanharem a uma clínica de aborto apoiando a prática do crime.
ABORTO
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 O parágrafo único do art. 126 do CP, estabelece que não é válido o consentimento prestado pela gestante não maior de 14 anos. 
Assim, é possível concluir que maior de 14 anos e menor de 18 anos é válido, embora a adolescente seja punida perante a Vara da Infância e da Juventude.
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 Sendo a gestante menor de 14 anos e, caso se dirija sozinha ao médico e autorize o ato abortivo, tal consen-timento, conforme falou-se alhures, não é válido, de modo que o médico incorre no crime de aborto sem o consentimento da gestante. 
Destaca-se que a gravidez de mulher menor de 14 anos leva à conclusão de que foi ela vítima de estupro de vulnerável. E, nessa hipótese, prevê a lei que é permitida a realização do aborto, mas apenas se houve autorização dos representantes legais da grávida (art. 128, II, CP).
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ABORTO
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Aborto social ou por causas econômicas
Praticamente todas as gestan-tes que são acusadas por crime de autoaborto ou consentimento para o aborto, ao serem interrogadas, alegam que o fizeram por causas sociais ou econômicas.
Nenhum desses fatores gera a exclusão da pena ou sua redução. Em verdade, o legislador já levou em conta esses aspectos para estabelecer penas menores para a gestante no art. 124.
 
 
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Para a existência do crime de provocação de aborto com o consentimento da gestante, é necessário que este perdure até a consumação do ato. Caso a gestante que, inicialmente, havia prestado consentimento se arrependa, já na sala própria para a realização da manobra abortiva, e peça ao agente que não o faça, mas ele prossegue na execução do crime, responderá por crime de aborto sem o consentimento da gestante. Para ela, o fato será atípico, pois havia retirado o consentimento e foi forçada ao ato.
O consentimento deve ser manifesto de forma livre e espontânea. Havendo emprego de violência, grave ameaça ou fraude não é válido e o agente responde por aborto sem o consentimento da gestante. 
 
 
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O art. 126 do CP não reconhece, também, o valor ao consentimento prestado exclusivamente por gestante não maior de 14 anos, ou alienada,ou débil mental, respondendo igualmente por aborto sem o consenti-mento da gestante quem realize o ato abortivo.
A modalidade do aborto provocado com o consenti-mento da gestante constitui crime comum, pois pode ser praticado qualquer pessoa que saiba realizar ato abortivo.
É possível a participação desta modalidade delitiva por participação, por exemplo: a enfermeira que presta assistência a um médico no instante em que o médico realiza a curetagem abortiva. Havendo associação de três ou mais pessoas para esta prática delitiva, responderão por associação criminosa em concurso material com aborto
 
 
ABORTO
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CASO: o namorado leva grávida à clinica de aborto onde médico realiza ato abortivo assistido por enfermeira. Quais os crimes cometidos?
Gestante: Consentir que outro lhe provoque aborto - art. 124 CP. 
Médico: Provocar aborto com o consentimento da gestante - art. 126 CP.
Enfermeira: Partícipe do crime de provocação de aborto como consentimento da gestante em virtude de ela preparar a gestante e fornecer instrumentos ao médico que realiza as manobras mortais.
Namorado: responde por participação no crime de consentimento para o aborto.
 
 
ABORTO
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CASO 2: Suponha-se que um médico, pai de filha grávida maior de idade, a convença a abortar e, em seguida, com seu consentimento realize nela o ato abortivo. 
Nesse caso, como se trata de um único aborto, o médico não pode ser punido duplamente (participação no consentimento da filha e provocação do aborto), de modo que responderá apenas pelo crime mais grave - art. 126 CP.
Igual modo uma enfermeira de clínica de aborto que, inicialmente, incentiva uma amiga a consentir no ato e, posteriormente, auxilia o médico no ato abortivo. Não responderá por dois crimes uma vez que houve um só aborto, devendo ser punida apenas por seu envolvimento no fato mais grave (art. 126 CP).
 
 
Aborto sem consentimento
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Podem ocorrer duas hipóteses na caracterização desse crime:
1) a vítima efetivamente não deu seu consentimento. Ex: a gestante foi agredida; colocaram remédio abortivo na bebida da vítima.
2) a gestante consentiu, mas o consentimento não pôde ser considerado válido em razão de estar presente uma das hipóteses do art. 126, parágrafo único do CP.
2.a) se o consentimento foi obtido com emprego de fraude. Ex: o médico e o pai da criança em gestação, que, mancomunados, falsificam exame e convencem a moça de que o prosseguimento da gravidez provocará a morte dela e, com isso, obtêm sua assinatura concordando com a realização do aborto. Respondem, pai e médico, por aborto sem o consentimento da gestante. 
 
 
Aborto sem consentimento
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2.b) se o consentimento foi obtido com emprego de grave ameaça;
2.c) se foi obtido com emprego de violência;
2.d) se a gestante não é maior de 14 anos.
2.e) se a gestante é alienada ou débil mental, de modo que não tenha capacidade para compreender o significado de seu gesto. Destaca-se que ser for a gestante menor de 14 anos ou portadora de enfermidade ou deficiência mental que lhe impeça de ter discernimento para o ato sexual, significa que ela foi vítima de estupro de vulnerável. Assim, o aborto é lícito, desde que haja consentimento do representante legal. Se não existir tal consentimento, o médico que realiza o ato abortivo comete o crime de aborto sem o consentimento da gestante porque a autorização dada pela gestante não é válida.
 
 
Homicídio doloso de gestante e aborto
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Quem mata uma mulher, ciente de sua gravidez, e provoca a morte do feto também, responde pelos crimes de aborto sem o consentimento da gestante e homicídio. O feto morre em decorrência do homicí-dio, responde o agente, no mínimo, por dolo eventual.
Segundo Rios Gonçalves: “Entendemos que não há bis in idem em se aplicar a agravante genérica do art. 61, II, h, do Código Penal, por ser a vítima do homicídio uma mulher grávida. Só ocorreria dupla apenação pelo mesmo fato se tal agravante fosse aplicada ao crime de aborto.” 
Caso fique demonstrado que o agente não sabia da gravidez, por estar a mulher ainda no início da gestação, sua responsabilização penal se resumiria ao crime de homicídio.
 
 
Latrocínio de mulher grávida e aborto
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Ocorrendo o latrocínio e, por consequência, a morte do feto, sabendo o criminoso da gestação, responde também pelo crime de aborto sem o consentimento da gestante.
Trata-se de crime comum, que pode ser cometido por qualquer pessoa.
Sujeito passivo será a gestante bem como o feto.
Importante lembrar que o crime de aborto, qualquer que seja sua modalidade, só se consuma no momento da morte do feto.
Os meios de execução se enquadram no conceito livre de crime de ação livre, pois admitem qualquer forma de execução. Pode ocorrer na forma omissiva. Ex. médico que, percebendo a possibilidade de aborto natural e ciente da existência de medicamentos, deixa de indicar dolosamente.
 
 
Causas de aumento de pena
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Embora esteja no CP como “forma qualificada”, no texto legal está previsto índices de aumento e não qualificadora propriamente dita. Portanto, o correto é chama-las de causa de aumento de pena. 
Por expressa disposição legal, elas só são aplicáveis ao terceiro que realiza o aborto com ou sem o consenti-mento da gestante. 
A gestante que incorre no crime do art. 124 (auto aborto e consentimento para aborto) não pode ter sua pena agravada por ter, ela própria, sofrido lesão de natureza grave.
Se neste delito houver participação, como o exemplo de o namorado que instiga a namorada grávida a realizar auto aborto e ela morre ou sofre lesões grave. Neste caso não se aplica o disposto em tela mas ele responde por participação no crime de auto aborto e homicídio ou lesão culposa.
 
 
Latrocínio de mulher grávida e aborto
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Ex. o sujeito, ao instigar o aborto, aconselha a gestante a utilizar quantidade excessiva de medicamento abortivo e isso ocasiona a sua morte. Responde por participação no auto aborto, porque instigou a namorada, e por homi-cídio culposo, em razão de ter sido imprudente ao sugerir o uso de medicamento em excesso.
Se alguém realiza uma manobra abortiva e, com isso, provoca culposamente a morte da gestante, mas, poste-riormente, se prova que o feto já estava morto por causas naturais, deve-se reconhecer a existência de crime impossível em relação ao delito de aborto, de modo que o agente só poderá ser punido por crime de homicídio culposo.
Destaca-se que se trata de um delito preterdoloso, uma vez que o resultado morte não foi almejado. Caso tenha sido almejado, responde em concurso material ou formal.
 
 
ABORTO LEGAL
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Existem 2 hipóteses previstas expressamente no CP, em que a provocação do aborto não é considerada crime.
Esses dispositivos têm natureza jurídica de causa especial de exclusão da ilicitude. São chamados de aborto necessário e aborto sentimental.
O aborto necessário ou terapêutico, previsto no art. 128, I do CP, exige 2 requisitos: 
a) que não haja outro meio senão o aborto para salvar a vida da gestante. É o que ocorre, por exemplo, no caso de gravidez tubária. Não é necessário que haja situação de risco atual para a gestante, pois, para tal hipótese, já existe a excludente do estado de necessidade.
b) que seja realizado por médico, ou seja, pressupõe que a manobra abortiva seja feita por médico.
 
 
ABORTO LEGAL
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Os médicos são os únicos que podem interpretar os exames e concluir pela existência de risco futuro para a vida da gestante em razão de gravidez.
Se existir perigo atual para a gestante, estando ela prestes a morrer em decorrência de complicações na gestação, qualquer pessoa poderá realizar a intervenção abortiva a fim de lhe salvar a vida, estando, nesse caso, acobertado pela excludente do estado de necessidade de terceiro.
Aborto sentimental ou humanitário:
Para esta modalidade de aborto, pressupõe 3 requisitos: 
a) que a gravidez seja resultante de estupro. Neste caso o aborto é permitido por se tratar de uma gravidez indese-jada decorrente de ato sexual forçado.
 
 
ABORTO LEGAL
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b) que haja consentimento da gestante ou de seu representantelegal, se ela for incapaz. Apenas nessa modalidade é exigido o consentimento. No aborto necessário, o consentimento não é requisito, embora seja comum os médicos colherem a autorização.
Em nenhuma das modalidades de aborto legal exige-se autorização judicial. No aborto sentimental não se exige a prévia condenação do estuprador, mesmo porque é comum que ele não tenha sido identificado.
Para a realização do aborto sentimental, basta que o médico se convença da ocorrência da violência sexual, seja por exames por ele feito na vítima, por cópias de depoimento em inquérito policial ou boletim de ocorrência.
 
 
ABORTO LEGAL
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No ano de 2005 o Ministério da Saúde editou a Portaria n. 1.145 deixando claro que não é necessária a existência de boletim de ocorrência para a realização do aborto sentimental. 
Esta portaria estabelece que o médico deve adotar um procedimento de justificação e autorização de interrup-ção da gravidez, em que a mulher deve ser ouvida detalhadamente a respeito do ato criminoso, perante dois profissionais de saúde, pois somente após um parecer técnico do médico, e se estiverem de acordo, é que a interrupção da gravidez poderá ser levada a efeito, devendo a mulher ou o representante assinar, ainda, termo de responsabilidade.
 
 
ABORTO LEGAL
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Se o médico não adotar tal procedimento, mas ficar provado que a gravidez era resultante de estupro, não haverá crime de aborto a ser apurado, podendo o médico ser punido apenas administrativamente pelo descumprimento da portaria.
3) que seja realizado por médico: Nessa situação não há emergência. Se não for praticado por médico, haverá crime. Se a gestante realizar ato abortivo em si mesma, responderá por autoaborto, não havendo a exclusão da ilicitude, ainda que prove ter sido vítima de estupro. 
Pode ocorrer que, ao saber que está grávida, a gestante vai até uma delegacia de polícia e mente que foi estuprada no mês anterior, mas que teve vergonha de se expor.
 
 
ABORTO LEGAL
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Nesse caso, faz uso de boletim de ocorrência para enganar o médico, fazendo-o crer na ocorrência do crime sexual e o convencendo a realizar o aborto, temos as seguintes conse-quências:
Para o médico, não há crime porque ele supôs estar agindo acobertado pela excludente de ilicitude do aborto senti-mental. Trata-se de descriminante putativa (art. 20, § 1º);
A gestante responde por crime de consentimento para o aborto e por denunciação caluniosa (art. 339 CP), em concur-so material.
Caso uma mulher mantenha relação sexual com homem portador de grave doença mental, cometendo estupro de vulnerável, e que, do ato sexual, resulte gravidez. Sendo ela a autora do crime, não pode se beneficiar do aborto legal.
 
 
ABORTO LEGAL
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Se a gestante for menor de idade ou alienada mental, é necessário o consentimento dos responsáveis para o aborto.
Sendo a vítima incapaz e dependente econômica dos seus genitores, se houver divergência entre o consentimento dos genitores e a negativa da gestante, o médico deverá seguir o que diz a gestante. 
O aborto de anencéfalo total (falta o sistema nervoso central) e a ADPF 54 - trata-se de hipótese supralegal de aborto humanitário; 
Aborto no caso de microcefalia – Não cabe aborto; (STF)
ADI 5581 – Aborto por contaminação de ZIKA vírus – Não pode. (STF)
 
 
LESÃO CORPORAL
 Diferenciação entre a contravenção de vias de fato e o crime de lesão corporal;
 Ver exposição de motivos do Código Penal n. 42. Diz: Os crimes de lesão corporal é definido como ofensa à integridade corporal ou saúde, isto é, como todo e qualquer dano ocasionado à normalidade funcional do corpo humano, quer do ponto de vista anatômico, quer do ponto de vista fisiológico ou mental.
 Vias de fato: Troca de demanda física entre dois contendores. É a confusão entre duas pessoas onde ambas acabam se ofendendo mutuamente. A intenção é brigar e não lesionar. Ex. O agente vai para uma festa open bar. Sai uma confusão e ambos acabam discutindo com empurrões e alguns socos. 
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LESÃO CORPORAL
 A integridade física é um bem disponível ou indisponível? R: Ela é disponível. No entanto, não é de natureza absoluta. Deve ser limitada ao consenso do homem médio. Ex. Pircing, tatuagem, etc. Toda vez que um indivíduo autoriza a lesão a um bem jurídico disponível temos uma causa supralegal de exclusão da ilicitude, desde que dentro da razoabilidade de um homem médio. 
 Critérios para diferenciação das diversas modalidades de lesão corporal. A classificação das lesões corporais estão nas consequências das lesões e não na intensidade da ofensa ou pela violência empregada. 
 As lesões corporais que produzem levíssimos danos as vítimas (puxões de cabelo, arranhões, pequena dor passa-geira, etc) podem ser arguidos em face do princ. da insignificância? 
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LESÃO CORPORAL
 Não ! Mesmo que a lesão corporal seja leve, mesmo que produza pouquíssimo ou nenhum consequência duradou-ra, NÃO é possível alegar o princípio da insignificância. 
 Lesão corporal grave: 
 I - Incapacidade para as ocupações habituais, por mais de trinta dias; 
 Não é possível se falar em lesão corporal de natureza grave em se tratando de APF, uma vez que vai precisar de laudo complementar. 
 Não se pode falar em tentativa de lesão corporal grave. Ou será grave, devido ao tempo superior a 30 dias OU será leve. 
 O que devemos reconhecer como atividade habitual?
 As atividades habituais precisam necessariamente estarem ligadas ao labor?
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LESÃO CORPORAL
 São aquelas que o indivíduo comprovadamente desem-penha na sua vida cotidiana. Não precisa ser diariamente, mas corriqueiramente. Ex. Jogar bola todas as quartas-feiras, passear com o cachorro. Lembrar que a incapaci-dade não precisa ser absoluta. 
 Se em decorrência da lesão o indivíduo não poder exercer suas atividades habituais por ficar envergonhado ou constrangido com eventuais equimoses ou arranhões, teríamos a manifestação da qualificadora? Em regra, não! Existem pessoas que dependem de sua imagem para desempenhar seu labor. Ex. Modelos fotográficos. 
 Como reconhecer o perigo de vida ? Quando da conduta do agente que lesionou a vítima causar risco concreto, perceptível pelo homem médio, pessoas comuns.
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LESÃO CORPORAL
 Inciso III – Membros: pés, pernas, coxas, mãos, braços e antebraços; Sentidos: olfato, visão, tato, paladar e audi-ção; Função: reprodutora, circulatória, digestiva, locomo-tora, dentre outras;
 O conceito de permanente não deve ser entendido no sen-tido de perpétuo, mas sim, no sentido de que o organismo não é capaz de se recuperar por seus próprios meios, não sendo possível também, a recuperação por procedimentos clínicos e/ou alopáticos acessíveis à regra da população;
 Inciso IV: Aceleração do parto: Tecnicamente, só é pos-sível acelerar o que já está em movimento. A expressão adequada seria precipitação do parto; O agente precisa saber que a vítima está gestante ou a menos lhe deve ser razoável presumir tal situação; O feto deve ser expelido com vida.
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LESÃO CORPORAL
 § 2°, I - Incapacidade permanente para o trabalho. 
 Divergência doutrinária quanto a incapacidade ser para o trabalho de uma forma geral ou para a atividade especí-fica desempenhada pelo agente antes de sofrer a lesão;
 Inciso II - Imprecisão do legislador na utilização do termo enfermidade; Enfermidade - do latim infirmita, infirmitatis (de infirmus) que significa fraqueza, debilidade. Incapa-cidade de realizar algo de habitual devido a uma deficiência; corresponde no grego a astheneia, astenia, que designa mais propriamente fraqueza muscular.
 Afecção - indica ação maléfica atuando sobre um órgão ou tecido vivo, acarretando-lhe desvios de suas funções ou lesando-o fisicamente.
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LESÃO CORPORAL
 Ex. Um sujeito agride seu desafeto com pancadas na cabeça. Devido ao traumatismo craniano, formou-se um edema que impede a transmissão de impulsos elétricos, causando a epilepsia e convulsões. 
 III – Perda ou inutilização de membro, sentido ou função 
 Ex. um sujeito tenta matar o desafeto. O projétil fica alojadona coluna e a vítima fica paraplégica. Neste exemplo a vítima perdeu a função locomotora. A vítima fica cega de ambos os olhos. Perdeu o sentido da visão. 
 A questão da perda de dedos ou de dentes, caracterizaria lesão grave ou gravíssima? Há divergência doutrinária. Minoritária Perda de dedos ou dentes lesão gravíssima uma vez que resultaria deformidade permanente (inc. IV).
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LESÃO CORPORAL
 A corrente majoritária diz trata-se de lesão corporal grave (§ 1°), inciso III. Adotada pelo STJ.
 III – Perda ou inutilização de membro, sentido ou função 
 No caso da lesão que provoca a cegueira em um dos olhos, ficando a visão do outro preservada, teríamos qual modalidade de lesão corporal? Trata-se de lesão grave na modalidade deformidade permanente de membro, sentido ou função. 
 IV - Deformidade permanente: O sujeito, de forma apa-rente e notória, perde a perfeita estrutura anatômica do corpo é alterada de forma grave.
 A deformidade deve ser capaz de produzir repulsa e/ou vergonha e/ou humilhação a vítima, tomando-se como referência o contexto social onde a mesma está inserida.
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LESÃO CORPORAL
 Ex. A vítima ficou com um afundamento craniano ou com deslocamento de mandíbula ficando com o rosto deforma-do; vítima de vitriolagem.
 A possibilidade de realização de cirurgia plástica afasta-ria a qualificadora?
 DEPENDE. Esse tratamento é acessível a população? Qualquer pessoa independente da sua posição social poderá fazê-la? Se a resposta for SIM, a qualificadora será afastada. 
 V – Aborto: A intenção deve ser de lesionar (animus laedendi ou nocendi) e não abortar. A gestação precisa ser interrompida e o feto expulso sem vida. O agente deve saber da situação gestacional da vítima ou, no mínimo, lhe ser razoável presumir. 
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LESÃO CORPORAL
 § 3° - Lesão corporal seguida de morte. 
 Se resulta morte e as circunstâncias evidenciam que o agente não quis o resultado, nem assumiu o risco de produzí-lo:
 § 4° - Lesão corporal privilegiada: Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço.
 § 6° - Lesão corporal culposa. 
 § 8° - Possibilidade de Perdão Judicial – Aplica-se à lesão culposa o disposto no § 5° do art. 121.
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LESÃO CORPORAL
 Lesão corporal – VIOLÊNCIA DOMÉSTICA 
 § 9° Se a lesão for praticada contra ascendente, descenden-te, irmão, cônjuge ou companheiro, ou com quem conviva ou tenha convivido, ou, ainda, prevalecendo-se o agente das relações domésticas, de coabitação ou de hospitalidade:
 A violência doméstica está em sentido amplo, permitindo o enquadramento do filho que bata no pai ou vice-versa, violência entre irmãos, mãe que bata na filha, a patroa que bata na empregada, etc. 
 Se neste contexto a violência for praticada contra a mulher subsidiariamente será aplicada as regras e tutelas de defesa da Lei Maria da Penha. 
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LESÃO CORPORAL
 § 10. Nos casos previstos nos §§ 1o a 3o deste artigo, se as circunstâncias são as indicadas no § 9o deste artigo, aumenta-se a pena em 1/3 (um terço);
 § 11. Na hipótese do § 9o deste artigo, a pena será aumentada de um terço se o crime for cometido contra pessoa portadora de deficiência. 
 § 12. Se a lesão for praticada contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição, a pena é aumentada de um a dois terços.
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