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Recursos Trabalhistas: Conceito, Natureza Jurídica e Classificação

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1. RECURSOS
2.1. CONCEITO: Nem o CPC e nem mesmo a CLT conceituam recurso, restando tal encargo a doutrina. Segundo Nelson Nery Junior “Recurso é o meio processual que a lei coloca à disposição das partes, do Ministério Público e de um terceiro, a viabilizar, dentro da mesma relação jurídica processual, a anulação, a reforma, a integração ou o aclaramento da decisão judicial impugnada”.
2.2. NATUREZA JURÍDICA: Existem duas correntes, uma que assevera ser o recurso ação autônoma de impugnação da decisão, e outra que o define como meio de impugnação dentro da própria relação jurídico-processual. Diante da sistemática do CPC os recursos não constituem meio de impugnação autônomo, mas sim instrumento de impugnação da decisão dentro da mesma relação jurídico-processual em que foi prolatada a decisão, pois pressupõe a lide pendente na qual ainda não se formou a coisa julgada. Nesse sentido, relevante destacar as conclusões de Carlos Henrique Bezerra Leite: “a) recurso constitui corolário, prolongamento,do exercício do direito de ação; b) essa concepção é aplicável tanto no processo comum quanto no trabalhista”. De outro lado, os recursos constituem uma forma de controle dos atos jurisdicionais pelas instâncias superiores.
2.3. FUNDAMENTOS: a doutrina costuma apontar como fundamentos: a) aprimoramento das decisões judiciais; b) inconformismo da parte vencida; c) falibilidade humana. A doutrina também sustenta que a existência dos recursos propicia maior equilíbrio e justiça do processo, oferecendo às partes maiores oportunidades, buscando uma decisão com menor incidência de falhas possíveis.
2.4. CLASSIFICAÇÃO: segundo a doutrina:
- quanto à finalidade: ordinários e extraordinários
- quanto à fundamentação: fundamentação livre e fundamentação vinculada;
- quanto à extensão do inconformismo da parte: parcial ou total.
Os recursos ordinários são destinados a impugnar todos os capítulos da decisão e a correção tanto dos erros de procedimento (matéria processual), com incorreções do julgamento do mérito da causa (erros de julgamento), com ampla possibilidade de discussão do material probatório do processo. Também se destinam à obtenção de uma decisão justa do processo. Exemplos no processo do trabalho: recurso ordinário (art. 895 da CLT), embargos de declaração (art. 897-A da CLT), Agravo de Instrumento (art. 897, alínea b, da CLT), Agravo de Petição (art. 897, alínea B, da CLT).
Os recursos extraordinários não se destinam à correção dos erros de procedimento ou de julgamento, tampouco à justiça da decisão. Eles tem por objetivo a uniformização da interpretação da legislação Constitucional e Federal no âmbito da competência da Justiça do Trabalho. Exemplos no processo do trabalho: Recurso de Revista (art. art. 896 da CLT) e Embargos para o TST (art. 894 da CLT e Lei 7701/88).
Embora não seja um recurso trabalhista propriamente dito, o recurso extraordinário para o STF (art. 102, III, da CF) tem natureza extraordinária e também se destina a impugnar decisões de única ou de última instâncias proferidas pelos Tribunais Trabalhistas.
Os recursos de fundamentação livre são aqueles em que a lei não exige que o recorrente aponte um erro ou vício específico na decisão recorrida. Todos os tópicos da decisão podem ser livremente impugnados pelo recorrente. O mero inconformismo com a decisão tal qual é proferida, é suficiente para o cabimento. Exemplos no processo do trabalho: Recurso Ordinário e Agravo de Petição.
Os recursos de fundamentação vinculada são aqueles em que a lei exige que o recorrente aponte um vício específico na decisão, preencha algum pressuposto específico de recorribilidade ou faça a impugnação de matéria específica da decisão. O recorrente precisa invocar o erro indicado como relevante para que o recurso tenha cabimento e precisa demonstrar-lhe a efetiva ocorrência na espécie para que o recurso proceda. Exemplos no processo do trabalho: Embargos de Declaração, Recurso de Revista e Embargos para o TST.
É parcial o recurso quando impugna apenas parte da decisão e total quando a impugnação atacar a integralidade da decisão, nesse sentido o art. 1002 do CPC.
2.5. PRINCÍPIOS DOS RECURSOS TRABALHISTAS: 
- Duplo grau de jurisdição: visa evitar o abuso de poder por parte do juiz, o que poderia ocorrer, em tese, se a decisão não estivesse sujeita à revisão por outro órgão do Poder Judiciário. Assenta-se na possibilidade de controle dos atos jurisdicionais dos órgãos inferiores pelos órgãos superiores e também na possibilidade de o cidadão recorrer contra um provimento jurisdicional que lhe foi desfavorável, aperfeiçoando, assim, as decisões do Poder Judiciário.
- Taxatividade: somente são cabíveis os recursos previstos na Lei Processual Trabalhista, tanto na CLT como na legislação extravagante. Por ser o rol dos recursos trabalhistas taxativo, ou seja, numerus clausus, não há possibilidade de interpretação extensiva ou analógica para se admitirem outros recursos que não tem previsão na Lei Processual Trabalhista, tampouco há a possibilidade de se admitir recurso previsto no CPC que não tenha previsão na CLT. No processo do trabalho são cabíveis os seguintes recursos, segundo a sistemática da CLT:
a) recurso ordinário (art. 895)
b) recurso de revista (art. 896)
c) embargos para o TST (art. 894)
d) agravo de instrumento (art. 897)
e) agravo de petição (art. 897)
f) embargos de declaração (art. 897-A)
g) agravo regimental (art. 709, §1º)
h) pedido de revisão ao valor atribuído a causa (art. 2º, §1º, Lei 5584/70)
Há ainda a possibilidade de interposição do Recurso Extraordinário, que não é um recurso trabalhista strictu sens, mas que, por ser um recurso constitucional (art. 102 da CF), é aplicável ao Processo do Trabalho.
- Singularidade ou unirrecorribilidade: consiste em ser cabível somente um recurso para cada decisão, desse modo, cada decisão comporta apenas um recurso específico. No processo do trabalho não se admite duplicidade de recursos ao mesmo tempo. Os recursos devem ser interpostos sucessiva e não simultaneamente.
- Fungibilidade: consiste no fato de o recorrente poder interpor um recurso, ao invés de outro, quando presentes alguns requisitos. Decorre do caráter instrumental do processo e do princípio do aproveitamento dos atos processuais já praticados. Levando-se em conta que a CLT é omissa a respeito, o princípio em questão se alinha com as diretrizes básicas do CPC (art. 769 da CLT), máxime os princípios da informalidade, da simplicidade e da efetividade deste ramo especializado da ciência processual. Pressupostos: 
a) dúvida objetiva sobre o recurso cabível
b) inexistência de erro grosseiro ou má-fé
c) interposição no prazo do recurso correto
- Proibição da reformatio in pejus: não se pode agravar a situação do recorrente. Além disso, as matérias que os Tribunais podem apreciar nos recursos já foram delimitadas pelo recorrente na peça de recurso. Constituem exceção a este princípio as matérias que o Tribunal pode pronunciar de ofício, como por exemplo, ilegitimidade passiva, falta de pressuposto processual, etc.
- Dialeticidade: também chamado de princípio da discursividade, significa a necessidade de o recorrente fundamentar seu inconformismo com a decisão, bem como apontar os capítulos da decisão que pretende reformar. Também possibilita que a parte contrária possa contra-arrazoar o recurso, exercendo o contraditório e a ampla defesa. No CPC este princípio está disciplinado no art. 1010. A regra da CLT é a de que os recursos devem ser interpostos por simples petição, conforme expressão do seu art. 899.
- Irrecorribilidade das decisões interlocutórias: tem por objetivo conferir maior celeridade ao processo e prestigiar a autoridade do juiz na condução do processo, impedindo que as decisões interlocutórias sejam irrecorríveis de imediato, podendo ser questionadas quando do recurso cabível em face da decisão definitiva.
2.6. DECISÕES IRRECORRÍVEIS NO PROCESSO DO TRABALHO
- Decisões interlocutórias: a CLT não define decisão interlocutória, razão pela qual é preciso se valerdo conceito previsto no art. 203, §§1º e 2º do CPC. É aquela proferida no curso do processo, que resolve questão incidente, causando gravame a uma ou a ambas as partes, sem por fim ao processo. O que a diferencia do despacho é a lesividade da decisão que se encontra ausente no despacho. O que a diferencia da sentença é o aspecto da finalidade do ato. As decisões interlocutórias não encerram o processo ou a fase de conhecimento, já as sentenças tem o condão de encerrar o processo e a fase de conhecimento.
O princípio da irrecorribilidade das decisões interlocutórias no processo do trabalho decorre do princípio da oralidade, a fim de atribuir maior agilidade ao procedimento, bem como propiciar maior celeridade processual.
De outro lado, não é bem verdade que as decisões interlocutórias são irrecorríveis, uma vez que não o são de imediato, mas podem ser questionadas quando do recurso interposto da decisão final.
A Súmula n.º 241 do TST traz as hipóteses em que excepcionalmente é possível recorrer de decisão interlocutória: a) quando a decisão do TRT contraria Súmula ou OJ do TST; b) quando a decisão for suscetível de impugnação mediante recurso para o mesmo Tribunal; c) decisão que acolhe exceção de incompetência territorial.
Grande parte da doutrina e também da jurisprudência tem exigido que a parte tenha feito lançar os protestos no processo ou na ata de audiência a fim de demonstrar sua irresignação quanto á decisão interlocutória para que possa questionar o merecimento da decisão quando do recurso em face da decisão definitiva. O protesto, em verdade, não existe nem na CLT e nem no CPC, entretanto, a praxe e a jurisprudência o admitem por força de interpretação sistemática dos artigos 794 e 795 da CLT, a fim de evitar eventual preclusão em face das nulidades, pois exige o art. 795 que as nulidades sejam invocadas no primeiro momento em que a parte tiver de falar nos autos. De outro lado, o reconhecimento do protesto na Justiça do Trabalho também se dá em razão do costume e este é fonte do direito processual do trabalho à luz do art. 8º da CLT e também do art. 140 do CPC.
Diante da inexistência de remédio específico, no processo do trabalho, para se impugnar as decisões interlocutórias, de imediato, a jurisprudência do TST tem admitido o manejo do mandado de segurança para tal finalidade, quando houver da decisão ilegalidade ou abuso de poder.
- Dissídios de alçada (ou rito sumário): o chamado dissídio de alçada ou rito sumário está previsto na Lei 5584/70, aplicável para as causas cujo valor não exceda dois salários mínimos. Nestes casos o recurso seria cabível somente em caso de ofensa literal a CF, segundo art. 4º, §2º, da CF. Parte da doutrina entende que seria cabível Recurso Ordinário, depois o Recurso de Revista e por fim o Recurso Extraordinário. Outra parte entende que seria possível apenas Recurso Extraordinário, pois os Recursos Ordinário e de Revista seriam incompatíveis com a simplicidade e celeridade do rito sumário. Importante destacar, contudo, que caso a decisão proferida contenha omissão, obscuridade ou contradição é possível a oposição de embargos de declaração.
- Despachos: a CLT não conceitua despacho, entretanto o CPC, por meio de interpretação autêntica, aduz o conceito no art. 203, que em seu §3º estabelece que “São despachos todos os demais pronunciamentos do juiz praticados no processo, de ofício ou a requerimento da parte, a cujo respeito a lei não estabelece outra forma”.
Os despachos de mero expediente não tem conteúdo decisório e, por isso, não são recorríveis. Tem por objeto apenas impulsionar o procedimento. Embora seja irrecorrível, se o despacho de mero expediente, prolatado de forma singela, contiver conteúdo decisório, causando prejuízo à parte, no processo do trabalho, poderá ser objeto de questionamento quando da decisão definitiva (art. 893 da CLT).
2.7. PRESSUPOSTOS RECURSAIS
Também denominados pela doutrina como requisitos de admissibilidade dos recursos, pois constituem requisitos prévios que o recorrente deve preencher para que o seu recurso seja conhecido e julgado pelo Tribunal. Não o condão de influir no mérito do recurso, razão pela qual não se classificam como questões prejudiciais. Trata-se, em verdade, de pressupostos processuais de validade e desenvolvimento do recurso e também de requisitos de viabilidade da pretensão recursal. Segundo classificação da melhor doutrina se dividem em: 
a) intrínsecos ou subjetivos;
b) extrínsecos ou objetivos.
- Pressupostos recursais intrínsecos ou subjetivos: 
a) cabimento: os recursos devem ser cabíveis à decisão a ser impugnada. O recurso deve ser adequado a impugnar a decisão. Se a parte interpuser o recurso incorreto para a decisão, ele não será conhecido, salvo as hipóteses de aplicação do princípio da fungibilidade. Conforme destaca Nelson Nery Junior a recorribilidade e a adequação precisam andar parelhas, pois se, por exemplo, contra a sentença se interpuser o agravo, não se terá preenchido o pressuposto do cabimento, ocasionando o não conhecimento do recurso. Caso a decisão judicial não seja passível de impugnação via recurso, o recurso não será conhecido em face da ausência desse pressuposto.
b) legitimidade: é a pertinência subjetiva para recorrer, ou seja, quais pessoas podem interpor recurso no processo. Na esfera processual não se aplica a teoria da asserção, uma vez que a lei processual determina, de forma taxativa, quem pode recorrer. A CLT não disciplina a questão, desse modo, resta aplicável o disposto no art. 996 do CPC.
Podem recorrer: a) as partes do processo; b) o Ministério Público quando atuou como parte ou oficiou como fiscal da ordem jurídica; c) o terceiro juridicamente interessado.
As partes que figuram no processo: reclamante, reclamado, litisconsortes, assistentes, denunciados à lide, chamados à lide, opoentes.
O MPT tem legitimidade para recorrer como parte ou como fiscal da lei, desde que tenha intervindo no processo na fase de conhecimento. Nos termos da OJ n.º 237 do TST, o MPT não tem legitimidade para recorrer na defesa de interesse patrimonial privado, inclusive de empresas públicas e sociedades de economia mista. Conforme OJ n.º 338 do TST, o MPT tem interesse em recorrer contra decisão que declara a existência de vínculo de emprego com sociedade de economia mista, após a CF/88, sem a prévia aprovação em concurso público.
Pode também recorrer o terceiro, ou seja, aquele não participou do processo na fase anterior ao recurso, mas que tem interesse jurídico, pois pode sofrer os efeitos a ser prejudicado pela decisão. Este recurso de terceiro prejudicado nada mais é do que uma espécie de intervenção de terceiro na fase recursal.
c) interesse recursal: segundo Amauri Mascaro Nascimento, “interesse de recorrer é a relação necessária entre o bem jurídico indeferido e o benefício em tese que o recorrente teria como deferimento”. A doutrina tem fixado o critério da sucumbência a legitimar o interesse recursal. A sucumbência é o não atendimento, total ou parcial, da pretensão posta em juízo, ou seja, a improcedência total ou parcial dos pedidos elencados na inicial ou na eventual reconvenção.
- Pressupostos recursais extrínsecos ou objetivos:
a) preparo: significa o pagamento das taxas e despesas processuais para o recurso poder ser reconhecido. A doutrina também tem incluído o depósito recursal com integrante do preparo, embora este não tenha natureza jurídica de taxa judiciária e sim de antecipação parcial de garantia do juízo. O valor das custas é fixado na sentença, segundo a nova redação da CLT, até 2% sobre o valor da condenação provisória. O valor da condenação para efeito do preparo não se confunde com o valor da causa e nem tampouco com o valor final que será calculado depois do trânsito em julgado. A parte beneficiária da justiça gratuita não pagará custas para recorrer.
b) depósito recursal: devido quando há condenação em pecúnia como condição para o conhecimento do recurso interposto pelo reclamado.

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