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Aula 2 - Fundamentos da Ética

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EXERCÍCIO DA ENFERMAGEM 
FUNDAMENTOS DA ÉTICA 
A ética nasce da necessidade de fazer o bem, o que implica o reconhecimento de um valor, das coisas e 
das pessoas. O bem absoluto não existe, ele precisa ser ensinado. Portanto, desde o nascimento até o 
estágio final de sua vida o ser humano vivencia, aprende e incorpora esses valores. 
Para o homem agir bem é necessário que haja um processo de aprendizagem, o que requer tempo e 
amadurecimento, mediante a convivência com outras pessoas e com o mundo em que se encontra 
inserido. Isso se dá por meio da observação, participação, fala, diálogo, busca e troca de 
conhecimentos, experiências e muita reflexão. 
No decorrer da vida, o homem vai adquirindo princípios que surgem primeiramente no seio de sua 
família, e que lhes fornece a base para fazer escolhas diante das possibilidades que lhe são dadas. Ao 
longo de sua vida esses princípios são assimilados e alguns modificados, absorvendo também os 
valores da sociedade em que se encontra inserido. 
Ao assumir uma atitude, o homem faz uso de algumas ferramentas como a consciência e a vontade, e 
algumas virtudes como a prudência e a tolerância, imprescindíveis para estabelecer relações 
harmoniosas com as pessoas e o mundo em que vive. 
O homem, ao fazer escolhas se coloca na posição de estar na vida ou com a vida, esta última opção 
significa estar participando e criando novas possibilidades em seu existir no mundo em que vive. 
Baseando-se em suas escolhas o homem é capaz de produzir algo fundamentado na ética. Isso somente 
é possível porque o homem pensa e, ao pensar, também pode agir conscientemente e aplicar aquilo que 
considera bom, agindo bem e para o bem. 
CONSCIÊNCIA E SENTIDO DE PESSOA 
A palavra “consciência” significa com conhecimento, com sabedoria. 
A evolução do conhecimento da sociedade depende da interação entre as pessoas, sustentada por 
curiosidades, necessidades e interesses que movem a busca do saber. À medida que o homem evolui, 
abre-se a possibilidade para que ocorra maior compreensão do mundo, melhor discernimento e 
obtenção de resultados mais eficazes, e essa condição gera maior consciência e compromisso. 
Nessa óptica, a consciência é a percepção que o ser humano tem dos outros, de si e do ambiente em 
que vive. 
Esta dimensão do conhecimento, ou seja, da consciência engloba diferentes níveis: o físico (tudo que 
diz respeito ao corpo ou à matéria), o mental (inteligência/razão), o emocional (envolve a sensação, 
percepção e o sentir) e o espiritual. 
A inteligência se refere à capacidade de intuir e de ler no interior da realidade um sentido de valor. A 
razão, etimologicamente, refere-se a contar e analisar. 
O espírito é algo muito profundo e envolve a vida, a ética, o estético e a metafísica, porque vai além do 
físico e contempla aquilo que transcende. 
Todos estes níveis, ao produzirem manifestações e respostas, promovem uma integração, pois existe 
uma interface entre essas dimensões que não se separam na atividade humana. 
Do ponto de vista psicológico, a consciência é o sentimento de nossa própria identidade, é o eu, um 
fluxo temporal de estados corporais e mentais, que engloba o passado, o presente e o futuro. 
A consciência é a razão. A palavra razão origina-se de duas fontes: ratione (latim) e logos (grego) que 
apresentam sentidos muito parecidos, que significam contar, reunir, juntar, calcular, medir, separar. 
Isso significa pensar de modo ordenado. Por isso lógos quer dizer “falar ordenadamente, com medida 
de proporção, com clareza e de modo compreensível para outros”. 
 2 
Segundo o filósofo Bérgson “conhecer uma realidade é, no sentido habitual do termo ‘conhecer’: 
tomar conceitos já feitos, dosá-los, combiná-los até obter um equivalente prático do real”. Mas não se 
deve esquecer que o trabalho da inteligência está longe de ser um trabalho desinteressado. Não se 
visa, em geral, conhecer por conhecer, mas conhecer para tomar decisão, para tirar algum proveito; 
enfim, para satisfazer a algum interesse. Nessa condição a consciência é na origem não um “eu penso 
que”, mas “eu posso”. 
Na ética, “o próprio fato de viver deve ser colocado como uma espécie de conhecimento, pois o 
homem aos poucos vai adquirindo a consciência dos seus próprios atos”. O homem se constrói ao 
longo de sua vida, mas ao aprender a ser ético e a tomar atitudes éticas, não se pode ignorar o que é 
esperado de uma pessoa que tenha caráter ético. 
Desse modo o homem vai se construindo ao longo de sua vida e nunca fica pronto, sempre está se 
aprontando. Nesse sentido a construção do homem depende: 
� Das concepções, crenças e valores, das vivências do processo de viver de cada pessoa. 
� Da capacidade do homem de conhecer, adquirir e aplicar os valores às situações de modo individual 
e coletivo. 
� De como cada pessoa consegue olhar e compreender o mundo, a realidade. 
� O que cada um faz com base no Eu acaba por caracterizar a qualidade do ato como certo ou errado. 
� O que cada pessoa faz, valendo-se daquilo que é e conhece, acaba por afetar pessoas e modificar a 
realidade em que se encontra inserida. 
VALORES E VONTADE 
Os valores que atribuímos às coisas e aos objetos, quer sejam naturais ou não, estendem-se àquilo que 
fazemos valer, dando algum juízo de valor. O valor produzido pelo homem também diz respeito à 
conduta humana e particularmente à conduta moral. 
Os valores éticos advindos do modo de viver de cada pessoa ajudam esta a tomar decisões ao se dirigir 
a algo ou a alguém, neste sentido o próprio agir humano é uma forma de expressar valores. 
A pessoa se manifesta baseando-se nos valores e em como concebe o mundo em que vive, e essa 
forma de ser também vem imbuída de valores da sociedade, pois antes de o homem conhecer a si 
mesmo ele aprende a conhecer o outro. Desse modo o homem utiliza a inteligência, percebe e 
interpreta a realidade e a qualidade do ato, se bom, certo ou não. 
Lembrando que em relação ao objeto da ética, o ato humano é que deve ser resultado da vontade, pois 
esta, como já mencionado, deveria ser voluntária, livre e realizada com conhecimento. 
A vontade está ligada à potência, ou seja, o homem se vê quando pode visualizar as possibilidades que 
o mundo lhe traz, que surgem diante de si e que podem tomar-se realidade. A vontade, o querer, é 
parcial ou totalmente determinada pelo social, incluindo crenças e valores, pois o desejo é tocado por 
algo que já existe na sociedade. 
O que geralmente as pessoas chamam de valor das coisas não é o que estas carregam, mas o que 
colocam nelas. Mas o valor é uma variável da mente que ajuda a pessoa a tomar decisões. Faz que o 
homem decida ou escolha se comportar de determinada maneira, com isso acaba expressando seus 
pensamentos, crenças, valores e propósitos de vida. Assim, elege um caminho — uma direção, dada 
sua importância —, assumindo uma postura com base nas decisões. 
A cada decisão o homem abre-se para um novo caminho e tem a possibilidade de seguir para uma nova 
direção. Os homens, ao realizar um acordo, devem preservar a presença de um consenso, sempre 
relacionado com aquilo que se deseja alcançar e também com aquilo que é esperado pelo coletivo. 
O modo de pensar, a vontade, o sentir e agir religam os elementos constitutivos da tomada de decisão, 
mostrando mediante o ato em si a identidade de cada pessoa, pois o homem existe para criar e realizar 
 3 
coisas, e dessa forma vai construindo o modo de viver, aprendendo a cuidar de si, do outro e do mundo 
como ser humano consciente de suas escolhas e atos. 
AUTONOMIA E LIBERDADE 
O homem em seu modo de viver busca a felicidade e isso tem relação com o querer e o 
autoconhecimento, bem como com a capacidade de ser autônomo. Para o homem atingir esse propósito 
ele deve ter a liberdade de escolha e fazê-la com consciência, pois isso é fundamental para que ele 
possa constituir a sua eticidade. 
A palavra “autonomia” é composta de autós e do substantivo nómos, o qual se origina do campo socialpara indicar aquilo que se recebeu numa partilha e que se tem o direito de usar ou de se dispor como 
quiser. Deste primeiro sentido, nómos passa a significar costume, regra, norma, lei. “Autonomia” 
significa assim que o direito de dirigir-se e governar-se pelas próprias leis e regras é a independência, e 
autônomo, o que se rege pelas próprias leis, de forma independente, autônoma. O homem é o único 
legislador de si mesmo, com direito de dirigir a própria vida. 
A autodeterminação expressa a essência do Ser. A ação humana é de responsabilidade pessoal, mas 
reporta-se também à comunidade. A autonomia em si não se realiza de modo isolado, e sim em contato 
com outras pessoas, além do contato consigo mesmo. Nesse sentido, autodeterminação envolve 
autonomia da vontade, na busca da realização da pessoa. Por isso, não é qualquer ação e sim um agir 
de forma consciente, ordenada e, sobretudo, que respeite os direitos do outro. 
Há graus de autonomia, que variam com a história de vida de cada pessoa, o conhecimento, a vontade, 
o autocontrole, a integridade, a autenticidade, a autoconfiança. Ser autônomo reflete no fato da pessoa 
estar em condições de tornar-se responsável por algo ou alguém, respondendo pelos próprios atos. 
O homem é um ser de decisão e, conseqüentemente, a cada decisão que toma, vai se constituindo como 
pessoa. Que decisões o efetivam como pessoa? Como justifica o que faz? Como assume a liberdade, o 
compromisso e a responsabilidade diante das pessoas e do mundo? O homem é responsável pelo 
próprio ser uma vez que tem a possibilidade de escolha 
Para Platão, o homem é um ser de decisões, na vida inteira depara se com uma seqüência de escolhas, 
pondo-se diante de alternativas diversas em relação às suas ações. Mediante uma análise, ele toma uma 
decisão com base em uma orientação que buscou. Nesse sentido vai se construindo e se realizando e 
isso constitui o sentido fundamental da liberdade. 
A liberdade para o homem significa a possibilidade de traçar caminhos, ensaiar soluções, propor 
alternativas, superar limites. O limite é bom, pois valendo-se deste o homem faz escolhas mais 
conscientes, e nesse sentido a liberdade associa-se à escolha e é sempre um projeto passível de escolha, 
Em que consiste a escolha de uma pessoa quando pautada em valores direcionador ao bem? O valor 
que se atribui às coisas acaba sendo explicitado na própria escolha do ato em si. A verdadeira liberdade 
é poder decidir sem condicionamento, mas é decidindo que se aprende a decidir, visto que ninguém 
nasce pronto e acabado. Esse movimento faz parte do aprendizado circunscrito por um processo 
responsável. 
Ninguém pode negar que o homem, como os outros indivíduos, diante de seu processo de aprendizado 
se esforça por conservar o seu ser. O homem é concebido por nós como livre, devendo 
necessariamente conservar o seu ser e possuir-se a si mesmo. Nesse sentido, existe o livre-arbítrio e o 
homem tem a possibilidade de escolher. Não basta saber como agir ou ter condições de fazê-lo, é 
necessário também querer agir, pois a liberdade tem sempre uma finalidade (para algo), ninguém é 
livre sozinho, da mesma forma que é quase impossível ser feliz sozinho. Por isso a liberdade é sempre 
conquista coletiva e não pessoal e só pode ser pensada na relação com o outro e com o mundo. 
A consciência, para o filósofo Bergson, corresponde exatamente ao poder de escolha de que o ser vivo 
dispõe. Em sua coexistência com o outro, o homem se vê diante de possíveis ações, tendo a liberdade 
de escolher. 
 4 
A escolha tem um significado mais do que consciente, pois o que é conhecido não basta para entender 
por que algo acontece. As pessoas fazem escolhas valendo-se de recursos internos, como intuição, 
aptidão, conhecimento, percepção, habilidade diante da realidade que se encontra. As escolhas mudam, 
pois as pessoas também mudam, sendo assim jamais estão completas; há um caminho permanente a ser 
percorrido, e assim cada indivíduo tem a possibilidade de deixar ou não algo acontecer, e ainda poder 
ser aquilo que ainda não é. 
RESPONSABILIDADE E VERDADE 
O homem entra em contato com a verdade que resulta das experiências que ele tem com outras 
pessoas, consigo mesmo e com o mundo. As verdades que advêm de múltiplas experiências têm 
grande valor, e com base nessa compreensão o homem deve tornar-se responsável por aquilo que 
escolhe ao criar algo em torno de si. Todo esse conhecimento adquirido deve ser usado de forma ética 
e de modo consciente e responsável. O desejo de buscar a verdade move o homem, que vai além de 
suas certezas e crenças estabelecidas, o que pode levá-lo a transformar suas concepções de vida ao 
procurar explicações e significados de situações, tomando-se por base o mundo em que se encontra 
inserido. 
Mediante essa premissa, só é possível falar de responsabilidade do indivíduo diante da sociedade em 
que ele vive se for capaz de decidir sobre seus atos. Nesse caso a ética fundamental é a da finalidade 
da ação, que supõe a presença do compromisso e da responsabilidade diante da vida. 
Estar em condições de responder pelos atos praticados e poder justificar as razões das próprias ações 
tornam o homem responsável por algo ou alguém; para isso deve buscar a verdade como sabedoria 
mediante o uso de todos os sentidos: sensação, percepção, sentimentos, emoções, pensamentos, 
palavras e ações. 
O homem a partir do momento que existe começa a responder pela sua existência. Por exemplo: o bebê 
ao nascer é cuidado pela mãe. Em princípio essa é uma questão de sobrevivência e do bem-estar da 
criança. A relação das mães com os seus bebes não pode ser definida apenas como cuidado, pois a 
criança na relação com a mãe busca, sobretudo um colo, isto é, um lugar em que possa repousar, sentir, 
pertencer e existir. Assim vai se integrando com a mãe-ambiente (sua primeira morada), criando 
vínculo mediante uma dependência absoluta e depois aprende a buscar outras moradas para dar 
continuidade a ser em seu próprio existir. À medida que se desenvolve e cresce, essa pessoa vai 
aprendendo a compreender a situação em que se encontra e se sustenta, estando aberta para o mundo. 
Desse modo pode construir a sua eticidade com consciência e responsabilidade. 
Cabe distinguir os seguintes tipos de responsabilidades “concretas” – com a responsabilidade 
entendida na presença do outro, incluindo as relações com os homens, com as coisas e o mundo, que 
envolvem: 
� Cuidar dos outros, em particular é deixar os outros simplesmente ser, com suas possibilidades mais 
reais, ajudando-os a crescer, e com isso a viver na realidade do mundo presente, também se 
preocupando com os membros das comunidades em que se vive (famílias, comunidades de trabalho, 
etc.). 
� Somos também responsáveis por sustentar os nossos modos de lidar com as pessoas, com as coisas 
e com o mundo, que são constitutivos do mundo em que vivemos, o qual inclui as descobertas e todo 
avanço da ciência. A ciência em si acaba por modificar o modo do homem viver e se relacionar em 
sociedade e acaba assim por definir as “nossas obrigações morais e legais”. 
Nas áreas de relações inter-humanas, é irresponsabilidade tratar o outro ser humano como um fato ou 
valor objetivo. Essa atitude pode ser vista como uma ofensa. O mesmo ocorre quando o profissional 
que atua na área da saúde trata o paciente como um objeto, sem cuidar dele como alguém que existe, 
que tem sua história, vontade, expectativas, desejos. Essa seria uma atitude de irresponsabilidade e não 
ética. 
Ser responsável significa também saber fazer escolhas. A escolha deve estar pautada naquilo que 
expresse as condições de verdade e não de falsidade. A responsabilidade com a verdade implica a 
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possibilidade de reconhecer o que os instrumentos são ou não são. Fazer um real diagnóstico da 
situação, por exemplo, não significa responsabilizar alguém por transformar um prato em xícara ou 
remédio ineficiente em eficiente ou uma mãe extremamente depressiva em uma mãesuficientemente 
presente. Buscar ser autêntico é buscar a verdade; a essência é a própria escolha do homem em 
conformidade com seus princípios. 
Uma forma de buscar a verdade em relação ao que nasce da deliberação ou decisão é não aceitar as 
certezas e crenças estabelecidas, é ir além delas e encontrar explicações, interpretações e significados 
para a realidade que nos cerca. A palavra “verdade”, do grego alethéia, significa não-oculto, não-
escondido, não-dissimulado. A verdade é a “manifestação daquilo que é ou existe tal como é”. Nesse 
sentido, conhecer “é ver e dizer a verdade que está na própria realidade e, portanto, a verdade depende 
de que a realidade se manifeste, ao passo que a falsidade depende de que ela se esconda ou se 
dissimule em aparências”. 
RESPEITO E RECIPROCIDADE 
Viver em sociedade pressupõe aprender a respeitar o outro e o mundo, estabelecendo relações de 
reciprocidade. Há um estado de sinergia — de permuta/troca para que a convivência em grupo 
possibilite crescer mais e mais e rapidamente, abrindo espaços para que os projetos de vida se tornem 
realidade. Assim, cabe ao homem perceber que desse modo a evolução se processa em todos os níveis 
de sua existência, e tudo isso acontece valendo-se de uma rede de ações e significações partilhadas e 
trabalhadas nas relações de grupo. Nesse sentido tudo que o homem faz afeta a si mesmo, o outro e o 
mundo em diferentes estágios. É desejável que no âmbito do relacionamento humano haja preocupação 
com o crescimento mútuo, pautado em valores éticos e no respeito humano, os quais são considerados 
alicerces para a sustentação das condutas morais. 
É claro que se sabe o quanto é difícil definir o significado de respeito na situação de reciprocidade, 
visto que este se articula a diferentes pressupostos sobre o pensar e o agir em relação ao viver em 
comunidade. Aprender a respeitar o outro é de suma importância, bem como se permitir desenvolver 
possibilidades para alcançar os projetos comuns de vida. 
Desse modo, o homem deve tornar-se consciente e refletir sobre o que respeito significa para si mesmo 
e o outro. Nesse caminho, muitos conflitos surgirão, pois vivenciamos um mundo de pluralidade e de 
interesses, os quais nos levam a compreender o outro e o mundo de diferentes modos. 
O respeito envolve: olhar pura trás e para os lados, fugir, aproximar-se, olhar para alguém, olhar para 
dentro de si, prestar atenção, escutar, ocupar-se de, ter espírito de observação, olhar os acontecimentos 
como são, voltar-se para olhar, identificai e apreender as idéias e os sentimentos, buscar o sentido de, 
ter sensibilidade, tolerância, compaixão, compreender que cada um tem o seu tempo interno, dar 
atenção ao mundo a sua volta e existir em seu mundo. 
Agir eticamente é preservar a subjetividade diante da inter-subjetividade, em que a pessoa respeita o 
olhar do outro sobre uma determinada idéia ou situação, podendo escolher entre preservar suas 
opiniões ou sentimentos e mudar. Essa conduta se reflete naquele que cuida do ser, sendo autêntico e 
verdadeiro, o que implica manter-se fiel aos próprios princípios. 
Para isso as pessoas devem respeitar o espaço dos outros. O homem ao viver em sociedade acaba por 
perceber que é na distância média que descobre como a vida comum e as convivências se tornam 
possíveis, ou seja, cultivando a polidez e as boas maneiras e, conseqüentemente, o respeito para 
consigo e com o outro. 
A vida se constrói por meio de relacionamentos, na interação entre duas ou mais pessoas. Elas são 
capazes de perceber o quanto desrespeitam uma idéia, ou alguém, ou são desrespeitadas, e como 
orientam suas vidas para respeitarem espontaneamente o outro, com suas singularidades e diferenças. 
Em relação à atitude de respeitar o outro, questiona-se: o que se deve considerar como respeito? As 
pessoas não nascem éticas, elas se tornam sujeitos éticos, por meio do desenvolvimento e das relações. 
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Na verdade é muito difícil falar sobre o que significa respeitar a si mesmo ou alguém, mesmo porque a 
pessoa para respeitar o outro deve antes aprender a se respeitar. É esperado que quando o homem 
conhece o outro, ele olhe realmente para este como ele é, escute o que tem a dizer e respeite seus 
espaços e sentimentos. E dessa maneira aprenda a dar tempo a si mesmo para respeitar as idéias e os 
sentimentos que não são seus. Ainda, é importante ressaltar que é tendo o compromisso de ser honesto 
consigo mesmo e com os outros que existirá a possibilidade de construir uma base sólida em seus 
relacionamentos. 
 
Fonte: Oguisso, Taka. Ética e Bioética: Desafios para a Enfermagem e a Saúde. Barueri, São Paulo: 
Manole, 2007. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Disciplina: Introdução à Enfermagem 
Profa. Marilia J. Pereira

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