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Aula 1 - Conceitos e Princípios Básicos sobre Ética, Moral e Bioética

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EXERCÍCIO DA ENFERMAGEM 
CONCEITOS E PRINCÍPIOS BÁSICOS SOBRE ÉTICA, MORAL E BIOÉTICA 
Os conceitos ético-legais são fundamentais para nossa sobrevivência como seres políticos que desejam 
evoluir, para que no final sejamos mais respeitados por nós mesmos dentro da comunidade. 
Ninguém pode alegar desconhecimento da lei, visando eximir-se de responsabilidade. Assim, segundo 
o Art. 21 do Código Penal brasileiro: 
“O desconhecimento da lei é inescusável (indesculpável). O erro sobre a ilicitude do fato (contrário à 
lei e à moral), se inevitável, isenta de pena; se evitável, poderá diminuí-la de um sexto a um terço.” É 
evitável o erro quando o agente, quando praticá-lo, tenha agido sem consciência ou conhecimento. 
As falhas ou erros cometidos por profissionais e a discussão das responsabilidades ética, civil e penal 
dos envolvidos revelam a importância da temática dos direitos e deveres dos profissionais da 
enfermagem e da saúde em geral diante das ocorrências de negligências, imperícias e imprudências. 
Além do preparo técnico e da atualização constante, espera-se dos enfermeiros, técnicos e auxiliares de 
enfermagem um compromisso ético, no sentido de dirimir ao máximo as ocorrências danosas ao 
cliente. 
Neste contexto desponta-se o papel das comissões de ética de enfermagem nas instituições, para 
orientar os profissionais sobre os direitos dos usuários dos serviços e ações de enfermagem, 
comprometendo-os com o agir responsável, respeitando os direitos dos clientes, exercitando a 
cidadania e contribuindo, dessa maneira com a questão do gerenciamento de qualidade do atendimento 
de enfermagem prestado à clientela. 
ÉTICA 
ÉTICA procede do termo grego éthos, que significa modo de ser, conduta de vida ou caráter. Esta 
conduta é classificada sob o ponto de vista do bem e do mal, do certo e do errado, de acordo com os 
valores de uma comunidade ou de modo absoluto. É a ciência que tem por objeto os atos morais. 
A Ética baseia-se em princípios, valores, sentimentos, emoções que cada pessoa traz dentro de si; 
reflete o ato de pensar e questionar. Pressupõe a capacidade de a pessoa decidir e optar, com base em 
valores, crenças e normas sociais. 
Antigamente, a ética abrangia a sabedoria que culminava em preceitos (princípios, regras, normas), 
conselhos e ensinamentos dos anciões. 
A ética se fundamenta na percepção dos conflitos do dia-a-dia que passam pela consciência do ser 
humano. O homem, por sua vez, deve refletir sobre estes conflitos, exercendo a sua autonomia e 
posicionando-se com coerência entre a emoção e a razão, construindo portanto a sua eticidade. 
MORAL 
MORAL, do latim mos ou mores, significa usos e costumes, ou seja, um conjunto de regras adquiridas 
pelo hábito. 
A moral é um conjunto de princípios e regras de condutas consideradas como válidas, quer de modo 
absoluto para qualquer tempo ou lugar, quer para grupos ou pessoa determinada. 
É a vivência prática dos valores que o grupo social estabelece. Assim, a moral é aprendida e 
comunicada. 
Na antiguidade, a moral abrangia crenças, costumes, virtudes pessoais e normas de justiça, visando o 
bem como alcance de felicidade, realização e prazer. O bem correspondia ao dever moral cumprido 
como disposto na legislação, com regras e exigências de conduta, a exemplo de deve-se praticar o bem 
por virtude e respeito à lei moral. 
A moral está contida em códigos e regulamentos de orientação para o agir das pessoas. 
 2 
ÉTICA E MORAL 
Toda moral é um sistema de regras e a essência da moralidade consiste no respeito que o indivíduo 
sente por essas regras. 
Relacionando ÉTICA e MORAL, a ética vem de dentro da pessoa e caminha em sentido contrário à 
moral, que vem de fora do homem. 
A ÉTICA se atém à finalidade e sentido da vida humana, aos fundamentos da obrigação e do dever, à 
natureza do bem e do mal, enquanto que a MORAL se atém aos valores dos atos humanos e princípios 
morais de um grupo ou sociedade. 
A ÉTICA é individual e cada pessoa tem a sua, a qual se baseia em princípios, valores e sentimentos 
que cada um traz dentro de si e a partir de sua própria escolha é possível se aproximar ou se distanciar 
dos valores de outras pessoas. 
Isso significa que cada pessoa apresenta um modo de agir único, determinando sua conduta de acordo 
com aquilo que acredita e aceita como verdade. 
A MORAL, por sua vez, vem de dentro da sociedade, com valores selecionados e determinados como 
“verdades”. 
A ética e a moral devem partir das experiências originárias que se encontram no cotidiano das pessoas 
para identificar os seus fundamentos, como a liberdade, os valores, o cuidar e o solidarizar-se com os 
outros. 
Desse modo, a ética e a moral buscam fazer com que as pessoas sejam melhores e mais responsáveis 
pelos próprios atos. 
A Ética leva o indivíduo à reflexão fundamentada em princípios que norteiam sua conduta e tomada de 
decisão. 
A Moral se define pela necessidade do homem de instituir regras de como conviver com as outras 
pessoas, sendo que essas regras provêm da própria sociedade. 
ÉTICA PROFISSIONAL 
A ÉTICA PROFISSIONAL é concebida como uma reflexão crítica sobre a realidade social do 
trabalho, das atividades profissionais e do agir, pautado nos valores do grupo ou categoria profissional. 
Ela engloba a dimensão do cuidar como prevenção, promoção, recuperação de possíveis danos, 
valorização e respeito à vida. 
O respeito pela pessoa humana é uma atitude indispensável no relacionamento inter-pessoal, que 
possibilita ao cliente confiar sua vida aos cuidados do enfermeiro. 
A ÉTICA PROFISSIONAL E AS RELAÇÕES SOCIAIS (exemplos): 
– O varredor de rua que se preocupa em limpar o canal de escoamento de água da chuva; 
– O auxiliar de almoxarifado que verifica se não há umidade no local destinado para colocar caixas de 
alimentos; 
– O médico cirurgião que confere as suturas nos tecidos internos antes de completar a cirurgia; 
– A atendente do asilo que se preocupa com a higiene de uma senhora idosa após ir ao banheiro. 
DEONTOLOGIA 
DEONTOLOGIA provém do grego deon, deontos (dever) e logos (tratado); ou seja, é caracterizada 
como o estudo dos deveres de um grupo profissional (Gelain, 2005). 
Consiste de normas jurídicas ou morais que controlam, julgam e condenam os comportamentos. Está 
relacionada ao interesse público, comunitário. 
 3 
A DEONTOLOGIA é a ciência que estabelece normas de orientação das atividades profissionais de 
acordo com princípios da moral e da honestidade, estabelecendo o bom e o mau ato profissional dentro 
de uma profissão. 
Refere-se aos valores e aos princípios éticos que fundamentam a ação dos enfermeiros ao promover a 
vida, a saúde, a integridade e a dignidade humana. (Santos, 2002). 
BIOÉTICA 
No sentido literal, o termo BIOÉTICA significa “ética da vida” (bios = vida; ethos = ética) e, por 
definição, é o estudo dos problemas éticos ocasionados pelo avanço das ciências biológicas, 
bioquímicas e médicas. 
É também conceituada como uma Ética Aplicada, ou seja, é a utilização das teorias gerais da ética e 
dos princípios morais, aplicando-a no uso correto das novas tecnologias na área das ciências médicas e 
na solução adequada dos dilemas morais por ela apresentados (Smeltzer e Bare, 1994; Gelain, 2005). 
A BIOÉTICA é uma nova maneira de enfocar a ética nas ciências da vida e da saúde, tendo como base 
a perspectiva da vida ameaçada, a fim de protegê-la. 
Ela traça uma ponte entre as ciências biológicas e as humanas, mediante um diálogo abrangente e 
responsável na busca da sabedoria, entendida como a compreensão de como usar o conhecimento para 
o bem social, para a promoção da dignidade humana e da boa qualidade de vida, que, por sua vez, 
instruirá a humanidade quanto a sua responsabilidade moral para com todos os seres viventes. 
Os DILEMAS ÉTICOS são resultantes de diferenças de valores, crenças e experiências, bem como da 
formação ética, humana e profissional do indivíduo. São situações em que a pessoa se vê “forçada” a 
tomardecisões entre duas ou mais alternativas de ação. 
Nesse sentido a pessoa ao decidir deve ser o mais imparcial possível, pois muitas vezes as soluções dos 
dilemas exigem um compromisso vinculado à responsabilidade pela escolha. 
Segundo o dicionário Aurélio, um dilema ocorre quando se utiliza um argumento que coloca o 
adversário entre duas propostas opostas, uma situação embaraçosa com duas saídas difíceis ou 
penosas. 
Na área da saúde, os interesses profissionais ou de seus pacientes podem ser ou não coincidentes. 
Quanto mais forte o vínculo entre os indivíduos, maior o conhecimento sobre suas expectativas e 
valores. Essa interação pode reduzir a ocorrência de dilemas. 
Um exemplo simples pode ser a internação de um paciente em hospital universitário, onde o 
profissional atua prestando atendimento e orientação aos alunos e o interesse do paciente é ser 
atendido. Pode haver conflito se os interesses do professor e o de seus alunos (o aprendizado) se tornar 
mais importante do que o tratamento rápido e adequado do paciente. 
PRINCÍPIOS ÉTICOS 
A Bioética baseia suas reflexões em PRINCÍPIOS ÉTICOS, que servem de orientadores referenciais 
para a análise dos problemas éticos: 
– AUTONOMIA: Tem significados distintos como autogoverno, direito de liberdade, intimidade, 
livre-arbítrio e eleição individual do próprio comportamento. 
Em suma, refere-se à capacidade do ser humano de se decidir pelo que é “bom”, ou algo que é para seu 
“bem estar”, de acordo com seus valores, expectativas, necessidades, prioridades e crenças. 
Ou seja, a autonomia inclui os direitos, a privacidade e as opções individuais. Implica na capacidade 
de escolha, livre de restrições externas. 
– BENEFICÊNCIA: Compreende o dever de “fazer o bem”, “cuidar da saúde”, “favorecer a 
qualidade de vida”, enfim, ampliar os benefícios, evitar ou ao menos minorar os danos. 
 4 
É a promoção de atos de benevolência (bondade, gentileza e caridade), a fim de beneficiar as pessoas, 
de ajudá-las (protegendo os interesses e promovendo bem-estar). 
– NÃO MALEFICÊNCIA: Afirma uma obrigação de não causar danos aos outros. O termo “dano” 
não se restringe aos aspectos físicos, como a dor, as incapacidades e a morte, mas inclui os âmbitos 
psíquico, social, moral, e outros prejuízos. 
As normas que envolvem a não maleficência apenas exigem refrear-se, intencionalmente, de atos que 
causem dano, tendo suas regras a forma de proibição, ou seja, de “não fazer X”, ao passo que as 
normas de beneficência requerem uma ação direta de ajuda, seja prevenindo ou eliminando o dano, 
seja promovendo o bem. 
– JUSTIÇA: Princípio de ser eqüitativo ou justo, isto é, igualdade de trato entre iguais e tratamento 
diferenciado entre desiguais, de acordo com a necessidade individual. 
Isso significa que as pessoas que têm necessidades menores que outras devem receber igual quantidade 
de serviços e recursos. E as pessoas com necessidades maiores que outras devem receber mais serviços 
que outras, de acordo com a correspondente necessidade. 
– VERACIDADE: A obrigação de dizer a verdade, não mentir nem enganar as outras pessoas. 
– FIDELIDADE: Princípio de criar confiança entre o profissional e o paciente. Trata-se de uma 
obrigação ou compromisso de ser fiel no relacionamento com o paciente, em que o enfermeiro deve 
cumprir promessas e manter a confiabilidade. 
– CONFIDENCIALIDADE: Princípio relacionado ao conceito de privacidade. As informações de 
caráter pessoal obtidas de um indivíduo não serão reveladas a outrem, mantendo o cunho de segredo 
profissional, a não ser que isto beneficie a pessoa ou haja uma ameaça direta ao bem social. 
– PATERNALISMO: A limitação intencional da autonomia de outro indivíduo, justificada por um 
apelo à beneficência ou o bem-estar ou às necessidades de outra pessoa. 
– DUPLO EFEITO: Princípio que justifica moralmente algumas ações que podem produzir efeitos 
tanto benéficos quanto maléficos. 
– RESPEITO ÀS PESSOAS: Respeito pela autonomia daquele que é assistido. Entretanto estende-se 
além de aceitar que as pessoas têm a opção autônoma de tratarem as outras de modo a possibilitar-lhes 
fazer escolhas. 
– SANTIDADE DA VIDA: A perspectiva de que a vida é o maior bem; é sagrada. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Disciplina: Introdução à Enfermagem 
Profa. Marilia J. Pereira

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