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COMO PREVENIR PATOLOGIAS DA CONSTRUÇÃO? 1 COMO PREVENIR PATOLOGIAS DA CONSTRUÇÃO? Produção e-Book ÍNDICE Patologia do concreto Destacamento das placas é a principal patologia dos revestimentos cerâmicos Web Seminário: Manifestações patológicas em revestimentos de fachadas: prevenção, recuperação e cases de sucesso Patologias entre alvenaria e lajes de cobertura demandam atenção Patologias do aço: saiba como proteger o material contra corrosão 03 17 25 26 32 COMO PREVENIR PATOLOGIAS DA CONSTRUÇÃO? 3 Patologias do concreto Redação AECweb / e-Construmarket Das manifestações às causas, as patologias do concreto exigem análise cuidadosa antes da escolha do tratamento ideal Material não inerte, o concreto armado está sujeito a alterações ao longo do tempo, em função de interações entre os elementos que o constituem (cimento, areia, brita, água e aço), com os aditivos e com agentes externos, como ácidos, bases, sais, gases, vapores e microrganismos. “Muitas vezes, dessas interações resultam anomalias que podem comprometer o desempenho da estrutura, provocar efeitos estéticos indesejáveis ou causar desconforto psicológico nos usuários”, diz o engenheiro Élvio Piancastelli, professor da Universidade Federal de Minas Gerais. COMO PREVENIR PATOLOGIAS DA CONSTRUÇÃO? 4 O professor ensina que é a partir dos sintomas que se inicia todo o processo de averiguação das causas e origem do fenômeno patológico, fundamental para o correto diagnóstico. O ideal, diz, é que as patologias do concreto armado sejam evitadas ou, então, tratadas para que não ocorra perda da estrutura ou de peças estruturais. “Nos últimos anos as normas vêm incorporando essas medidas mais intensamente – critérios de durabilidade –, que se fundamentam predominantemente nos mecanismos de deterioração do concreto (expansão e corrosão) e do aço (corrosão)”, observa, lembrando que tais critérios somados às demais recomendações para projeto e execução das estruturas constituem as principais medidas da profilaxia. A fase mais importante desse processo é a do diagnóstico que, se for equivocado, implicará intervenções inócuas, dificultando estudos futuros, além do inútil gasto de dinheiro. Nas fases iniciais do estudo será preciso trabalhar com hipóteses, verificando sua veracidade. “Na realidade, nunca há certeza, mas sim redução no número de dúvidas. A eficácia do tratamento ou da solução só poderá ser confirmada pela resposta satisfatória da estrutura ao tratamento”, explica. Para identificar as causas das patologias do concreto é preciso observar suas manifestações que ocorrem normalmente nas partes externas das estruturas. No entanto, existem partes externas que não são normalmente visualizadas, como as total ou parcialmente enterradas (fundações, arrimos, piscinas); as faces internas das juntas de dilatação; e as do interior de galerias e reservatórios. “Nesses locais, os chamados danos ocultos só são detectados se forem programadas e executadas inspeções específicas”, afirma. Fique de olho! RELAÇÃO SINTOMA X CAUSA SINAIS DE ALERTA COMO PREVENIR PATOLOGIAS DA CONSTRUÇÃO? 5 (Foto: Shutterstock / Kamolrat) COMO PREVENIR PATOLOGIAS DA CONSTRUÇÃO? 6 As manifestações a seguir podem indicar a existência de patologias do concreto. ▪ Fissuras e Trincas ▪ Desagregação ▪ Erosão e Desgaste ▪ Disgregação (Desplacamento ou Esfoliação) ▪ Segregação ▪ Manchas ▪ Eflorescência ▪ Calcinação ▪ Flechas Exageradas ▪ Perda de Aderência Entre Concretos (nas juntas de concretagem) ▪ Porosidade ▪ Permeabilidade “Vale ressaltar que algumas enfermidades são erroneamente consideradas sintomas, como o caso clássico da corrosão das armaduras, que caracteriza a enfermidade ‘falta de homogeneidade’, e cujos sintomas são fissuras e disgregação do concreto”, diz Piancastelli. As fissuras e trincas são os sintomas mais frequentes de problemas nas estruturas e com causas muito variadas: “A sua posição em relação à peça estrutural, a abertura, a direção, e sua forma de evolução (com relação à direção e à abertura), dão indicações das causas prováveis. Fissuras são também ocorrências inerentes ao concreto armado, visto que as seções são dimensionadas nos Estágios II (seção fissurada) ou III (ruptura), não sendo, portanto, sempre, manifestação patológica. Sob esse aspecto, a diferenciação entre manifestação patológica, ou não, é feita em função das aberturas e das causas”. COMO PREVENIR PATOLOGIAS DA CONSTRUÇÃO? 7 De acordo com Piancastelli para a especificação do tratamento ideal é essencial verificar se a fissura analisada é ativa (viva ou instável) – fissuras que apresentam variação de abertura –, ou inativa (morta ou estável) – aquelas que não apresentam variação de abertura. A checagem pode ser feita com a utilização de ‘selos’ rígidos (gesso ou plaquetas de vidro coladas), que se rompem caso a fissura apresente variação de abertura, ou por meio da medição direta (fissurômetro) dessa variação. Para dar tratamento correto à fissura também é importante identificar o agente causador. Agente causador não atuante – a fissura pode ser considerada estável Agente causador atuante – a fissura pode ser considerada instável Como verificar: FISSURAS ATIVAS OU INATIVAS COMO PREVENIR PATOLOGIAS DA CONSTRUÇÃO? 8 Material Causa Sintoma No concreto fresco Assentamento plástico Fissuras Movimentação das formas Dessecação superficial Vibrações Retração hidráulica Variações térmicas Esforços solicitantes excessivos, principalmente flexão e cisalhamento No concreto endurecido Concentração de tensões Fissuras Recalques de fundação Corrosão de armaduras Retração hidráulica A seguir, o engenheiro elenca algumas das causas que geram fissuras: COMO PREVENIR PATOLOGIAS DA CONSTRUÇÃO? 9 (Foto: Shutterstock / Tumppstar) COMO PREVENIR PATOLOGIAS DA CONSTRUÇÃO? 10 A origem de uma patologia está relacionada com a etapa da vida da estrutura em que foi criada a predisposição para que agentes desencadeassem seu processo de formação. Conheça as origens das enfermidades do concreto: ▪ Defeitos de projeto ▪ Defeitos de execução ▪ Erosão e Desgaste ▪ Má qualidade dos materiais ou uso inadequado ▪ Sinistros ou causas fortuitas (incêndios, inundações, acidentes etc.) ▪ Uso inadequado da estrutura ▪ Manutenção imprópria ▪ Outras, incluindo origens desconhecidas No Brasil, as principais causas das patologias estão relacionadas à execução. A segunda maior causa são os projetos que pecam por má avaliação de cargas; erros no modelo estrutural; erros na definição da rigidez dos elementos estruturais; falta de drenagem; ausência de impermeabilização; e deficiências no detalhamento das armaduras. ORIGENS INCIDÊNCIA NO BRASIL COMO PREVENIR PATOLOGIAS DA CONSTRUÇÃO? 11 Danos que não comprometem o desempenho estrutural do elemento ou o fazem de forma pouco significativa podem receber reparos. Élvio Piancastelli ensina que para o bom desempenho é fundamental que o substrato (superfícies de concreto e aço) seja convenientemente tratado. “São duas as finalidades básicas do tratamento: retirar todo material deteriorado ou contaminado e propiciar as melhores condições de aderência entre o substrato e o material de reparo”, diz, indicando os procedimentos que podem ser utilizados: ▪ Escarificação manual (talhadeira, ponteiro, marreta) ▪ Escarificação mecânica (martelete, rompedor, fresa) ▪ Escovamento manual (escova de aço) ▪ Lixamento manual ou elétrico (lixas para concreto e aço, lixadeira elétrica) ▪ Hidrodemolição (equipamento específico) ▪ Jateamento de areia (equipamento específico) REPAROS PARA PEQUENOS DANOS ▪ Jateamento de água e areia (equipamento específico) ▪ Queima controlada com chama (maçarico) ▪ Corte de concreto (disco de corte) ▪ Jateamento de ar comprimido (equipamento específico) ▪ Jateamento de água fria ou quente (equipamento específico) ▪ Jateamento de vapor (equipamento específico)▪ Lavagem com soluções ácidas ▪ Lavagem com soluções alcalinas (solução de ‘soda cáustica’) ▪ Aplicação de removedores de óleos e graxas ▪ Aplicação de removedores de gordura e ácido úrico - suor (álcool isopropílico, acetona) ▪ Umedecimento ou saturação da superfície do concreto com água (aspersão, pano ou areia molhados) Manutenção imprópria COMO PREVENIR PATOLOGIAS DA CONSTRUÇÃO? 12 “Na retirada do concreto deteriorado ou contaminado, deve-se cuidar para que o contorno das aberturas seja bem definido e suas faces laterais apresentem ângulos que favoreçam a aderência, facilitem a aplicação e garantam a espessura mínima do material de reparo”, explica. Em qualquer caso, a superfície do concreto velho que entrará em contato com o material de reparo deverá ser apicoada para a retirada da nata de cimento superficial. Essa superfície deverá estar seca ou úmida (saturada com superfície seca), em função do material a ser utilizado. São aqueles que não ultrapassam a espessura da camada de cobrimento das armaduras. “Eles são exigidos em função de disgregações, desagregações, segregações, porosidades ou contaminações que atingem o concreto de cobrimento das armaduras”, explica. Referem-se àqueles cujas profundidades ultrapassam a camada de cobrimento das armaduras. “Esse tipo de reparo geralmente surge devido à ocorrência de segregações, ninhos, ou presença de corpos estranhos ao concreto”, acrescenta São feitos em função de disgregações, desagregações, segregações, erosões, desgastes, contaminações ou calcinações que atingem grandes áreas do concreto de cobrimento das armaduras. Exigem análise do funcionamento do sistema de proteção do aço dentro da massa de concreto. “Para tanto, é necessário verificar as relações existentes entre o pH do concreto e o potencial de corrosão (potencial eletroquímico) do aço. Essas relações foram estudadas por Pourbaix e são mostradas no diagrama que leva o seu nome”, indica. Reparos superficiais Reparos profundos Reparos superficiais de grandes áreas Reparos devidos à corrosão de armaduras REPAROS MAIS COMUNS COMO PREVENIR PATOLOGIAS DA CONSTRUÇÃO? 13 “A corrosão pode ocorrer por despassivação da armadura em função da diminuição do pH do concreto, devido à reação entre o hidróxido de cálcio a ele inerente e o CO2 que nele penetra, no fenômeno denominado carbonatação, facilmente detectado pelo teste de fenolftaleina. Acontece, também, pela presença de cloretos”, explica Piancastelli. As intervenções que o professor indica são bastante eficazes, entretanto, por serem bastante invasivas, exigem cuidadosa avaliação do seu impacto sobre o comportamento estrutural do elemento tratado. O escoramento da estrutura é, praticamente, inevitável. “A filosofia do tratamento, no caso de ataque de cloretos, consiste no isolamento das barras da armadura, impedindo seu FATORES QUE PROVOCAM CORROSÃO contato com o concreto contaminado”, diz, acrescentando que pode ser feito com a aplicação de polímeros inibidores de corrosão ou com inibidores de corrosão adicionados ao concreto ou argamassa. O professor lembra que a proteção catódica é teoricamente a maneira mais eficiente que se tem para prevenir ou interromper um processo corrosivo. “O método consiste em abaixar o potencial de corrosão das armaduras (zona de imunidade do Diagrama de Pourbaix), introduzindo-se corrente elétrica no circuito formado por todas as barras da armadura e metal instalado na superfície do concreto. Dessa forma, as armaduras passam a fazer parte da região de cátodo (região não sujeita à corrosão). A proteção catódica pode ser feita por ânodos de sacrifício ou por corrente impressa. Qualquer uma dessas duas técnicas exige manutenção constante por profissionais especializados”, diz. COMO PREVENIR PATOLOGIAS DA CONSTRUÇÃO? 14 Nos reparos de fissuras, deve ser determinado se elas são ativas ou inativas. As fissuras causadas por retração hidráulica, recalques estabilizados e juntas de concretagem mal executadas podem ser tratadas como inativas. “Em muitos casos, devidas a esforços excessivos, principalmente se forem efetuadas intervenções de reforço, podem ser entendidas como inativas. Já as fissuras ativas funcionam como ‘juntas naturais’ da estrutura, devendo, portanto, ser tratadas como tal. As causadas por variação de temperatura são o exemplo típico”, diz Élvio Piancastelli, acrescentando que a regra geral é: “se o agente causador da fissura não mais atua, ela pode ser tratada como inativa, caso contrário, como ativa”. Por outro lado, considerado apenas o aspecto de comportamento do reparo, qualquer fissura pode ser tratada como ativa. REPAROS NAS INATIVAS – implicam na restauração da monoliticidade do concreto. Consistem, portanto, na aplicação de produtos (adesivos) capazes de promover a aderência entre os concretos de suas duas faces. Isto pode ser feito por gravidade ou por injeção sob pressão (ar comprimido), conforme o caso. REPAROS NAS ATIVAS (OU INATIVAS COM MONOLITICIDADE NÃO EXIGIDA) – feitos por juntas de dilatação. “Para impedir a penetração de materiais que impeçam sua livre movimentação (pó, areia, brita etc.) ou que sejam deletérios ao concreto (água, óleos, fuligens etc.), as ‘novas juntas’ devem ser vedadas com mastiques ou outros materiais elásticos”, sugere. REPAROS ESPECIAIS – são aqueles nos quais é inviável a execução de técnicas padronizadas. Nesses casos, são empregadas combinações de técnicas, algumas delas com adaptações. Procedimentos alternativos são também utilizados. REPAROS EM FISSURAS COMO PREVENIR PATOLOGIAS DA CONSTRUÇÃO? 15 PINTURA “Com o objetivo de uniformizar a cor da estrutura, após o reparo, pode ser feita a pintura estética à base de tinta pva, acrílica, epoxídica ou cimentícia, utilizando ou não argamassa de estucamento. No caso de intervenções devidas à corrosão de armaduras, é recomendável a aplicação de pinturas que visem proteger o concreto contra penetração de água e gases”, diz o professor, que continua: “é importante salientar que elementos estruturais, que possam receber umidade por uma ou mais de suas faces, só devem receber pinturas ou revestimentos nas demais faces, se forem permeáveis ao vapor d’água. Caso tal regra não seja observada, estará criada situação favorável para acelerado processo de oxidação de armaduras”. POLIMENTO O polimento do concreto, recurso protetor e estético, raramente é adotado por engenheiros e arquitetos. No entanto, é um bom mecanismo de proteção, pois reduz a área de absorção pela diminuição da área desenvolvida da superfície exposta do concreto, e reduz o tempo de absorção, pelo aumento da velocidade de escorrimento da água. O tratamento é extremamente otimizado, quando, antes do polimento do concreto, são aplicados em sua superfície produtos impermeabilizantes que atuam obturando os capilares do concreto, através de formações cristalinas insolúveis. “Com um simples, mas adequado tratamento, o concreto convencional pode se tornar um ‘granito raro e impermeável’”. (Foto: Shutterstock / pixmeeup) COMO PREVENIR PATOLOGIAS DA CONSTRUÇÃO? 16 COLABORAÇÃO TÉCNICA Élvio Mosci Piancastelli É engenheiro civil graduado pela Universidade Federal de Minas Gerais UFMG em 1977, com especialização em Estruturas pela Escola de Engenharia da UFMG concluída 1987 e mestrado em Engenharia de Estruturas pela Escola de Engenharia da UFMG finalizado em 1997. É professor adjunto do Departamento de Engenharia de Estruturas da Escola de Engenharia da UFMG (graduação e pós-graduação) e consultor nas áreas de Estruturas de Concreto Armado, Estruturas de Fundação e Contenção, e Patologia, Recuperação e Reforço de Estruturas de Concreto. COMO PREVENIR PATOLOGIAS DA CONSTRUÇÃO? 17 Destacamento das placas é a principal patologia dos revestimentos cerâmicos Problema é motivado por falhas no assentamento, pelo preenchimento incompleto do verso das placas e pela argamassacolante aberta há muito tempo Revestimentos cerâmicos também podem ficar “doentes”, ou seja, desenvolver deficiências com o tempo. “A principal patologia que os atinge é o destacamento das placas”. O diagnóstico é da engenheira Fabiana Andrade Ribeiro, diretora da FCH Consultoria e Projetos de Engenharia. Trata-se de uma patologia crítica, sobretudo, quando se trata de revestimento em fachadas, o que atemoriza a todos, tanto pelo risco de acidentes aos transeuntes, quanto pela desvalorização do empreendimento e pelo comprometimento das funções de proteção e estanqueidade do edifício. O destacamento pode fazer com que os revestimentos deixem de cumprir todas as suas funções de proteção, estanqueidade e estética (Foto: acervo) Redação AECweb / e-Construmarket COMO PREVENIR PATOLOGIAS DA CONSTRUÇÃO? 18 “Constato que, na maior parte dos casos, o destacamento ocorre por falhas no assentamento das placas cerâmicas, pelo preenchimento incompleto do verso das placas e também pelo tempo em aberto excedido da argamassa colante”, ressalta a engenheira. As causas não param por aí. Patologias de revestimentos cerâmicos como o destacamento podem ocorrer devido à movimentação excessiva do edifício; à expansão das placas cerâmicas; ao erro na especificação de argamassa colante ou na sua mistura, com uso de água em excesso. A engenheira menciona, ainda, o emboço com baixa resistência superficial e com material pulverulento em sua superfície; uso de rejunte rígido; além de falta de juntas de movimentação ou posicionamento inadequado. “São muitas as causas, que podem ocorrer isolada ou conjuntamente”, resume. O destacamento também pode ocorrer em pisos e paredes internas, o que incomoda bastante os usuários, além de fazer com que os revestimentos deixem de cumprir todas as suas funções de proteção, estanqueidade e estética. Destacamento devido a falhas no assentamento: preenchimento incompleto do verso da placa (Foto: acervo) Destacamento típico de “tempo em aberto” da argamassa colante vencida (Foto: acervo) COMO PREVENIR PATOLOGIAS DA CONSTRUÇÃO? 19 (Foto: Shutterstock / SunnyMeansSixteen) COMO PREVENIR PATOLOGIAS DA CONSTRUÇÃO? 20 Riscos e desgaste em pisos, manchamentos nas superfícies, eflorescências e gretamento representam, ainda, outras patologias, muitas vezes com danos irreparáveis. Os riscos em pisos são muito comuns e se diferem do desgaste por abrasão. Os riscos ocorrem quando há presença de agentes com dureza maior que o piso utilizado. Em grande parte das vezes, a areia presente na obra já faz com que o produto cerâmico sofra precocemente desse defeito, antes mesmo do seu uso pelo consumidor final. “Embora sejam dois tipos de patologias muito confundidas e até mesmo associadas, os riscos e o desgaste por abrasão decorrem da especificação incorreta do revestimento cerâmico em pisos, e ao excesso de areia e material OUTRAS DEFICIÊNCIAS abrasivo durante a obra”, alerta a consultora. Os manchamentos por ataque químico são comuns e ocorrem pelo uso incorreto de ácido durante a limpeza de pisos, seja logo após a obra, seja durante o seu uso. O ácido danifica permanentemente o esmalte das placas e a única possibilidade de reparo neste caso é a substituição do piso. Já o gretamento ocorre pela dilatação diferencial entre o esmalte e o biscoito da placa cerâmica. É um dano também irreparável e pode retratar algum problema na fabricação. Peças com esse tipo de patologia de revestimento cerâmico podem ser rejeitadas pelo consumidor. Areia sobre piso cerâmico durante a obra: grande possibilidade de riscos precoces em piso ainda não utilizado pelo consumidor final (Foto: acervo) COMO PREVENIR PATOLOGIAS DA CONSTRUÇÃO? 21 O desempenho em piso, parede e fachadas varia de acordo com a região da obra. “No litoral, por exemplo, temos demandas muito diferentes, e os revestimentos cerâmicos terão funções mais importantes ainda no desempenho da edificação”, observa. Por tudo isso, é importante que o projeto apresente especificações adequadas para cada situação. Mas não basta a especificação correta das placas cerâmicas. Esse detalhamento deve alcançar a argamassa colante para cada caso. “Podemos ter a melhor argamassa do mundo, mas se a mão de obra não utilizá- la corretamente, seguindo também o rigor no assentamento das placas, é possível que não se alcance o resultado e o desempenho esperados. Pode acontecer até mesmo de se perder todo o serviço”, lamenta a especialista, recomendando o treinamento da mão de obra no início dos serviços. É indispensável a fiscalização diária da forma de mistura da argamassa e do tempo em aberto, assim como a retirada de algumas peças para verificação do preenchimento do verso. Superfície esmaltada de placa cerâmica gretada (Foto: acervo) COMO PREVENIR PATOLOGIAS DA CONSTRUÇÃO? 22 A engenheira Fabiana Ribeiro explica que a indústria de revestimento cerâmico adota dois processos produtivos na fase de mistura das matérias-primas, identificados como via seca e via úmida. No processo por via úmida, os materiais são dosados, e é adicionada água à mistura. É um pouco mais complexo, pois a massa pode ser composta por meio da mistura de diferentes tipos de argilas que, adicionadas à água, formarão uma massa mais fina e uniforme quando comparada à massa obtida por meio do processo de via seca. Nesse segundo processo, a seleção das matérias-primas busca dar cor branca ou clara à massa das placas (biscoito ou suporte). No processo por via seca, a matéria-prima é essencialmente a argila e não é utilizada água na mistura. No Brasil, são utilizadas massas constituídas por argilas vermelhas, com partículas mais grosseiras do que nas massas preparadas por via úmida. Como vantagens desse processo destacam-se os menores custos energéticos e o menor impacto ambiental das instalações industriais. “A indústria cerâmica brasileira segue rigorosamente as normas técnicas, é uma indústria séria que se destaca internacionalmente pela qualidade e rigor técnico. E a indústria de argamassa também não fica atrás. O que percebo negativamente, em determinados casos, são deficiências na área comercial dessas empresas, que nem sempre auxilia corretamente arquitetos nas especificações. Neste sentido, há o que se crescer, também visando à redução de patologias”, conclui a especialista. VIA SECA, VIA ÚMIDA Podemos ter a melhor argamassa do mundo, mas se a mão de obra não utilizá- la corretamente, seguindo também o rigor no assentamento das placas, é possível que não se alcance o resultado e o desempenho esperados. Pode acontecer até mesmo de se perder todo o serviço - Fabiana Andrade Ribeiro “ COMO PREVENIR PATOLOGIAS DA CONSTRUÇÃO? 23 O descolamento de peças cerâmicas, ocorrido em obras nos estados da Bahia, do Paraná, do Rio de Janeiro e de São Paulo, mobiliza o SindusCon-SP. A seu pedido, a Comissão de Materiais, Tecnologia, Qualidade e Produtividade (Comat) da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) realiza pesquisa para identificar as causas e apontar soluções técnicas. Paralelamente, um grupo de trabalho (GT) estuda o problema sob a coordenação do sindicato da construção em parceria com a Associação Nacional dos Fabricantes de Cerâmica para Revestimentos, Louças Sanitárias e Congêneres (Anfacer), o Sindicato Nacional da Indústria de Produtos de Cimento (Sinaprocim) e o Sindicato da Indústria de Produtos de Cimento do Estado de São Paulo (Sinprocim). O SindusCon-SP já verificou que o problema se concentra nas cerâmicas produzidas no sistema via seca – segundo a Anfacer, 70% das cerâmicas do mercado são produzidas dessa forma. Devido aos seguidos e custosos problemas, alguns representantes das empresas abandonaram a tecnologia via seca, migrando para via úmida. Segundo o vice-presidente de Tecnologia e Qualidade do SindusCon-SP, Jorge Batlouni, pelo menos um terço das empresas integrantes do CTQ enfrentam a patologia de revestimentos cerâmicos.“O problema acaba aparecendo depois que as obras estão entregues. Isso gera um desgaste e torna difícil trabalhar com o morador no apartamento. Queremos achar um caminho para essa questão”. DESCOLAMENTO PREOCUPA CONSTRUTORES O problema acaba aparecendo depois que as obras estão entregues, o que gera um desgaste e torna difícil trabalhar com o morador no apartamento - Jorge Batlouni “ COMO PREVENIR PATOLOGIAS DA CONSTRUÇÃO? 24 COLABORAÇÃO TÉCNICA Fabiana Andrade Ribeiro Engenheira Civil, mestre pela Escola Politécnica (POLI) da Universidade de São Paulo (USP). Sócia-diretora na empresa FCH Consultoria e Projetos de Engenharia. Coordenou e é responsável por projetos de alvenaria de vedação e revestimentos de fachadas de mais de 40 shopping centers em todo país nos últimos anos, além de condomínios residenciais e edifícios coorporativos. Atua também em diversas construtoras como consultora para diagnóstico e tratamento de patologias em revestimentos. Atualmente é professora no curso Gestão e Tecnologia de Sistemas Construtivos de Edificações da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). É autora do livro Juntas de Movimentação em Revestimentos Cerâmicos de Fachadas (Editora Pini, 2010). COMO PREVENIR PATOLOGIAS DA CONSTRUÇÃO? 25 Quer saber mais sobre patologias de revestimentos cerâmicos? Web Seminário Assista à palestra e saiba como prevenir e recuperar patologias em revestimentos de fachadas Tópicos: 1. Problemas nos revestimentos no pós obra das empresas 2. Problemas mais frequentes em revestimentos internos em pintura 3. Problemas mais frequentes em revestimentos internos em cerâmica 4. Problemas mais frequentes em revestimentos externos em pintura 5. Problemas mais frequentes em revestimentos externos em cerâmica 6. Conceito de “Controle Tecnológico de revestimentos” 7. Novas técnicas de detecção de falhas em revestimentos 8. Metodologias de reparo CLIQUE AQUI PARA ASSISTIR AO EVENTO https://www.aecweb.com.br/webseminarios/tecnologia-e-construcao/revestimentos-de-fachada/revestimentos-de-fachada.html https://www.aecweb.com.br/webseminarios/tecnologia-e-construcao/revestimentos-de-fachada/revestimentos-de-fachada.html https://www.aecweb.com.br/webseminarios/tecnologia-e-construcao/revestimentos-de-fachada/revestimentos-de-fachada.html COMO PREVENIR PATOLOGIAS DA CONSTRUÇÃO? 26 Patologias entre alvenaria e lajes de cobertura demandam atenção Fissuras, trincas e infiltrações podem ser evitadas com cuidados especiais durante as etapas de projeto e execução. Saiba como prevenir e corrigir eventuais problemas O encontro entre as alvenarias e a laje de cobertura está entre os pontos das edificações mais suscetíveis ao aparecimento de patologias construtivas, as quais prejudicam a estética e a durabilidade das estruturas e ainda podem comprometer a salubridade da construção. Além de fissuras e trincas, a estrutura também está suscetível a infiltrações (Foto: Shutterstock / Bruno Rodrigues B Silva) Texto: Juliana Nakamura COMO PREVENIR PATOLOGIAS DA CONSTRUÇÃO? 27 O problema se dá porque paredes de blocos e lajes de concreto se movimentam e deformam de maneiras diferentes quando expostas às ações do vento e às variações térmicas e higroscópicas (umidade). Quando as tensões geradas por tais deformações superam as resistências dos materiais, surgem fissuras e trincas. Também podem acontecer infiltrações, caso a água encontre livre passagem pelas aberturas criadas. De acordo com a engenheira Rejane Berezovsky, diretora do Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia de São Paulo (IBAPE-SP), falhas na amarração das alvenarias e no encunhamento da última fiada junto à laje são os principais motivadores dessas patologias. As ações para evitar que tais patologias aconteçam começam com uma concepção cuidadosa da interface entre a alvenaria e a laje de cobertura e passam por um maior rigor no tratamento de detalhes construtivos. Em primeiro lugar, é preciso um projeto de revestimento concebido com uma visão sistêmica da obra. “Esse projeto deve compatibilizar as movimentações estruturais, a arquitetura do empreendimento, os materiais a serem utilizados, a produção prevista em obra e as situações de exposição do empreendimento”, cita o engenheiro Renato Sahade, consultor especializado em patologas construtivas. Durante a execução também é preciso adotar uma série de estratégias para controlar a movimentação dos materiais e, consequentemente, a ocorrência de COMO EVITAR? patologias. Entre elas destacam-se o uso de telhados ou de isolantes térmicos nas lajes de cobertura para minimizar os gradientes térmicos. Da mesma forma, é válido o uso de telas de reforço nas argamassas de revestimento e de juntas de movimentação seladas devidamente previstas em projeto. “No caso da alvenaria estrutural, no encontro entre a cobertura e a alvenaria, recomenda-se que a laje se apoie sobre uma placa de neoprene colocada sobre a canaleta grauteada e se crie uma junta de dilatação no painel de laje maciça”, recomenda Sahade. No caso da alvenaria estrutural, no encontro entre a cobertura e a alvenaria, recomenda-se que a laje se apoie sobre uma placa de neoprene colocada sobre a canaleta grauteada e se crie uma junta de dilatação no painel de laje maciça - Renato Sahade “ COMO PREVENIR PATOLOGIAS DA CONSTRUÇÃO? 28 (Foto: Shutterstock / avtk) COMO PREVENIR PATOLOGIAS DA CONSTRUÇÃO? 29 As patologias que surgem no último pavimento das edificações costumam apresentar características muito próprias. Na alvenaria convencional, o problema se manifesta primeiramente com fissuras no revestimento interno, na parte superior da parede. Já na alvenaria estrutural, o primeiro sinal de que algo está errado é quando surgem fissuras justamente no encontro da laje com a parede. Uma vez diagnosticada a anomalia e, principalmente, a razão de sua origem, é possível partir para ações de recuperação, que não devem se limitar à correção superficial. Uma ação importante para evitar novos problemas é diminuir o gradiente térmico ao qual a laje de cobertura está sujeita, com o uso de telhados com telhas térmicas. “Também podem ser utilizados isolantes térmicos previstos no sistema de impermeabilização ou o sombreamento das lajes com placas pré-moldadas de concreto apoiadas sobre macacos ajustáveis formando um colchão de ar entre a laje e a placa”, destaca Sahade, lembrando que o objetivo é criar uma barreira contra a ação direta do sol. Para o tratamento das fissuras e trincas é possível adotar duas ações. A primeira é o travamento executado por meio do reforço das argamassas com telas metálicas eletrosoldadas ou com telas COMO CORRIGIR FISSURAS de fibra de vidro álcali-resistentes. Outra correção é com a criação de uma junta de movimentação selada no local onde a patologia surgiu. Mais recentemente, para o tratamento de trincas nas interfaces com a cobertura, passou-se a adotar outros recursos, como as membranas acrílicas aplicadas como pintura e reforçadas com telas de poliéster com bandagem central de polietileno, e as pinturas elastoméricas ou poliméricas flexíveis, para o envelopamento das fachadas. Todos esses materiais devem ser utilizados de forma sistêmica. “A solução nunca advém de um material isolado, mas de um conjunto de sistemas ou processos que envolvem o preparo da base, a camada de dessolidarização, o uso do material de tratamento ou recuperação e, por fim, o material de acabamento”, alerta Renato Sahade. A solução nunca advém de um material isolado, mas de um conjunto de sistemas ou processos que envolvem o preparo da base, a camada de dessolidarização, o uso do material de tratamento ou recuperação e, por fim, o material de acabamento - Renato Sahade “ COMO PREVENIR PATOLOGIAS DA CONSTRUÇÃO? 30 Várias ações previstas em projeto podem diminuir a movimentação da laje e desvincular a estrutura da alvenaria, reduzindo a ocorrência de patologias.Entre elas, destacam-se: ▪ Sombreamento e criação de camada de isolamento térmico ▪ Cura controlada ▪ Impermeabilização flexível da laje ▪ Seccionamento da laje (criação de juntas) ▪ Junta de movimentação entre viga e alvenaria ▪ Entelamento do revestimento ▪ Molduras de acabamento na parede ▪ Execução de junta deslizante no apoio da laje na alvenaria estrutural CHECKLIST (Foto: Shutterstock / Anze Furlan) COMO PREVENIR PATOLOGIAS DA CONSTRUÇÃO? 31 COLABORAÇÃO TÉCNICA Rejane S. Berezovsky Engenheira civil, diretora do Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia de São Paulo (IBAPE- SP) e coautora do livro “Inspeção Predial – Check-up Predial: Guia da boa manutenção”. Especializada em engenharia diagnóstica, inspeção predial, avaliações de imóveis e perícias, ministra cursos de Laudo de Vistoria de Vizinhança. Renato Sahade Engenheiro civil, mestre em Tecnologia de Construção de Edifícios pelo IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas de São Paulo). Consultor em patologia de revestimentos, atua em mapeamento de fachadas, patologias de vedações, revestimentos argamassados e cerâmicos. É professor da pós-graduação do IPT, Inbec e Educ. Eng/ Crea-ES nas cadeiras de Patologia de Revestimentos e Sistemas de Recuperação. COMO PREVENIR PATOLOGIAS DA CONSTRUÇÃO? 32 Patologias do aço: saiba como proteger o material contra corrosão A forma de manifestação depende do material, do meio de exposição, da combinação metal/ meio, e de associações inadequadas de dois ou mais metais diferentes. Entenda O aço oferece uma combinação de alta resistência, baixo custo e facilidade de fabricação. Porém, uma das principais patologias desse material é a corrosão, que pode diminuir a sua vida útil. “A corrosão do aço-carbono e de outros materiais metálicos expostos a meios corrosivos, como água, concreto, solo, produtos químicos e a própria atmosfera, ocorre devido à transferência de espécies entre o metal e o meio”, explica Adriana de Araújo, pesquisadora do Laboratório de Corrosão e Proteção do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT). Ela completa: “Neste processo, os metais perdem elétrons, que ficam na forma de íons e reagem com outras espécies existentes no meio, formando óxidos, sais, hidróxidos, conhecidos como produtos de corrosão”. Avaliação da estrutura de um píer com estacas com camisa metálica e concreto armado (Foto: Divulgação_IPT) Texto: Vanessa Moura COMO PREVENIR PATOLOGIAS DA CONSTRUÇÃO? 33 De acordo com a pesquisadora, a corrosão pode se manifestar de diversas maneiras, dependendo do material, do meio de exposição, da combinação metal/meio, de associações inadequadas de dois ou mais metais diferentes etc. Os tipos mais conhecidos e de maiores interesses práticos são a generalizada, a localizada, e também a corrosão resultante da conexão de metais diferentes, conhecida como galvânica. Veja a seguir como acontece cada uma delas. A corrosão generalizada é um dos tipos de desgaste mais comuns nas estruturas das construções atmosféricas. Pode ser percebida pela formação de camada de produtos de corrosão em toda a extensão do metal exposto ao ambiente. Costuma atingir grandes áreas de uma dada estrutura ou componentes das construções, sobretudo suas fachadas. A maioria dos metais e das ligas metálicas sofre corrosão generalizada, que, apesar do nome, não atinge de maneira uniforme toda a superfície do metal. É por isso, inclusive, que a superfície corroída se torna irregular. As áreas que corroem (liberação de elétrons) são chamadas de anódicas, enquanto as que não corroem (recebem os elétrons, ocorrendo reações com TIPOS DE CORROSÃO CORROSÃO GENERALIZADA elementos do meio aquoso) são chamadas de áreas catódicas. Neste tipo de corrosão, as áreas anódicas e catódicas são distribuídas aleatoriamente na superfície, e é por essa razão que acontece esse aspecto generalizado da corrosão. Essa separação acontece em função da heterogeneidade do material, de regiões deformadas mecanicamente, da presença de inclusões e de microconstituintes de ligas, entre outros fatores. COMO PREVENIR PATOLOGIAS DA CONSTRUÇÃO? 34 A corrosão por pite costuma ocorrer em metais passiváveis (aqueles que recebem película protetora de óxidos do metal, também conhecida como película passivante), manifestando- se pela formação de furos no metal, gerando pequenos poços localizados. Ânions cloreto, hipoclorito e brometo provocam esse tipo de corrosão. Especialmente os cloretos são os responsáveis pela maior parte dos casos de corrosão por pites. Em geral, a corrosão em frestas acontece em uma área localizada e costuma acometer os metais mais resistentes, como o titânio, o alumínio e os aços inoxidáveis. Esse tipo de desgaste também pode ocorrer em metais ferrosos e em outras ligas menos resistentes, que são expostos a ambientes oxidantes ou passivantes. De qualquer maneira, essa situação restringe-se a frestas demasiadamente estreitas, que são formadas quando são utilizados parafusos ou arruelas, presentes também em juntas sobrepostas e depósitos de superfície, além de outras diversidades superficiais, como, por exemplo, trincas e outras deformidades metalúrgicas. CORROSÃO LOCALIZADA (POR PITE) CORROSÃO LOCALIZADA (EM FRESTAS) Neste processo [de corrosão], os metais perdem elétrons, que ficam na forma de íons e reagem com outras espécies existentes no meio, formando óxidos, sais, hidróxidos, conhecidos como produtos de corrosão - Adriana de Araújo “ COMO PREVENIR PATOLOGIAS DA CONSTRUÇÃO? 35 Este é, possivelmente, o tipo de corrosão mais encontrado, especialmente em estruturas que ficam expostas a ambientes marinhos, como torres de geradores eólicos e plataformas de petróleo, por exemplo. Ela é caracterizada por um processo eletroquímico, que normalmente ocorre entre metais ou duas ligas metálicas dissimilares, conectadas eletricamente e em contato com o meio corrosivo. Nesse tipo de corrosão, o metal menos-nobre (também chamado de ânodo) corrói e protege galvanicamente o metal mais nobre (cátodo). A ocorrência e a intensidade desse processo dependem, entre outros fatores, da condutividade do meio, do potencial de corrosão e da relação de área metal mais nobre ou menos nobre. Para evitar todos esses tipos de corrosão, o aço – assim como qualquer outro elemento estrutural – deve passar por um processo de manutenção e prevenção de patologias decorrentes do uso e do tempo. Para Heloísa M. Maringoni, engenheira da Cia de Projetos, é necessário levar em conta alguns fatores para proteger o aço das agressões do meio: escolha do material, pintura, galvanização e, em particular, os detalhes da composição das peças, sua fixação e interfaces com demais elementos estruturais. “Para protegê-lo no caso de incêndio, o aço sofre grandes deformações sob altas temperaturas, por isso deve ser revestido por elementos que retardem o processo de deterioração, seja por recobrimento com elementos inertes ao fogo ou por CORROSÃO GALVÂNICA PREVENÇÃO DE PATOLOGIAS pinturas intumescentes”, esclarece a profissional. São muitas as medidas de proteção e controle da corrosão do aço, mas há quatros formas comprovadas que podem (e, às vezes, devem) ser adotadas: ▪ Substituir o material metálico por outro tipo mais resistente à agressividade do meio de exposição ou que apresente taxa de corrosão pouco significativa. No caso de estruturas de concreto armado, pode-se substituir o aço- carbono de armadura por ligas especiais, incluindo armaduras de aços inoxidáveis ou de material não metálico. É possível, ainda, desenvolver concretos mais densos e resistentes ao ingresso de substâncias potencialmente corrosivas às armaduras de aço- carbono COMO PREVENIR PATOLOGIAS DA CONSTRUÇÃO? 36 COMO PREVENIR PATOLOGIAS DA CONSTRUÇÃO? 37 ▪ Modificar o meio de exposição que o material está presente, usualmente restrito a sistemas fechados, já que o meio pode sercondicionado com controle do pH ou da adição de inibidor de corrosão. No caso de componentes de concreto armado, é possível mudar o meio de embutimento da armadura pela realcalinização ou extração de cloretos no concreto de seu cobrimento, como também adicionar inibidor de corrosão no concreto fresco ou na sua superfície (no caso de elementos existentes) ▪ Interpor barreiras entre o meio e o metal, em geral feito graças ao seu revestimento superficial, com material orgânico (pintura epóxidica ou poliuretânica) ou inorgânico (revestimentos metálicos). No caso de estruturas de concreto armado, o revestimento pode ser feito tanto na superfície do concreto (material orgânico) como na superfície da armadura de aço-carbono, com revestimento de zinco (galvanização) ou revestimento dúplex (aspersão de zinco e pintura epóxidica). Essas mesmas proteções se aplicam a estruturas metálicas atmosféricas, sendo a mais comum a galvanização do aço-carbono ou a aplicação de esquemas de pintura de alto desempenho ▪ Aplicar um potencial externo (proteção catódica) para a redução do potencial eletroquímico do sistema metal/meio para valores mais negativos do que o potencial natural de corrosão do sistema, reforçando sua imunidade contra a corrosão ou reduzindo a uma taxa de corrosão pouco significativa. Quando se trata de estruturas metálicas enterradas ou imersas em água do mar, por exemplo, certamente é a forma mais eficaz. No caso de estruturas/ componentes de concreto armado, esse tipo de proteção é mais usual em sistemas de recuperação, com uso de ânodo de sacrifício fixado junto à armadura exposta na região a receber o material de reparo. Dentre todos os métodos mencionados, o revestimento superficial por meio da pintura é o mais comum na proteção anticorrosiva de estruturas e componentes metálicos ou de concreto armado ou protendido, justificado, principalmente, pela sua versatilidade de aplicação e pelo acabamento estético que confere aos substratos. Para protegê-lo no caso de incêndio, o aço sofre grandes deformações sob altas temperaturas, por isso deve ser revestido por elementos que retardem o processo de deterioração, seja por recobrimento com elementos inertes ao fogo ou por pinturas intumescentes - Heloísa M. Maringoni “ COMO PREVENIR PATOLOGIAS DA CONSTRUÇÃO? 38 COLABORAÇÃO TÉCNICA Adriana de Araújo Pesquisadora do Laboratório de Corrosão e Proteção do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT). Heloísa M. Maringoni Engenheira Civil na Cia de Projetos www.aecweb .com.br Mantenha-se atualizado com conteúdo jornalístico de alta qualidade pensado sob medida para arquitetos, engenheiros e construtores. 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