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ESTATUTO DO DESARMAMENTO

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Livro Eletrônico
Aula 02
Legislação Penal e Processual Especial p/ PC-PR (Delegado) - 2019.2
Ivan Luís Marques da Silva, Vitor De Luca
55314334925 - marcos santos
 
Sumário 
 
1 – Considerações iniciais....................................................................................................... ...........................................................1 
2 – Do registro e do porte.................................................................................................................................................................7 
3 - Crimes em espécie......................................................................................................................................................................17 
4 - Liberdade provisória...................................................................................................................................................................71 
5- Disposições Gerais........................................................................................................... ............................................................73 
6 - Lista de Questões sem comentários............................................................................................ ...............................................75 
7 - Lista de Questões com comentários...........................................................................................................................................88 
8 - Resumo.....................................................................................................................................................................................110 
9 - Gabarito....................................................................................................................................................................................112 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Ivan Luís Marques da Silva, Vitor De Luca
Aula 02
Legislação Penal e Processual Especial p/ PC-PR (Delegado) - 2019.2
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55314334925 - marcos santos
 
 
 
1 
 
1 - CONSIDERAÇÕES INICIAIS 
 É interessante iniciar essa aula mencionando que o porte ilegal de arma de fogo foi a priori previsto 
no nosso ordenamento jurídico como uma mera contravenção penal estabelecida no art. 19 do Decreto-Lei 
3688/41 (Lei das Contravenções Penais). Todavia, diante da crescente onda de violência instalada no nosso 
país na década de 90, o legislador resolveu transformar tal conduta em crime, com a edição da Lei 9.437/97. 
Ocorre que a Lei 9.437/97 mostrou-se insatisfatória em vários aspectos, inclusive redacionais, para melhor 
disciplinar a posse e porte de arma de fogo no Brasil, motivo pelo qual o legislador infraconstitucional elabora 
uma lei mais rigorosa, qual seja, a Lei 10.826/03, também conhecida como Estatuto do Desarmamento, que 
representou um enorme avanço quando comparado com a legislação antecedente, notadamente por elevar 
as penas para o crime de porte de arma, por tipificar também como crime o porte e posse de munição e o 
tráfico internacional de armas, e ainda dar outras providências (regras de restrição à venda, registro e 
autorização para o porte de arma de fogo, etc.). Vale ainda destacar que o art. 36 da Lei 10.826/03 revogou 
expressamente a lei 9437/971. 
 A Lei 10826/03 (Estatuto do Desarmamento) versa sobre registro, posse e comercialização de armas 
de fogo e munição, bem como acerca do Sistema Nacional de Armas – SINARM, define crimes e dá outras 
providências. 
 A Lei 10826/03 possui 6 capítulos: a) O Capítulo I dispõe sobre o Sistema Nacional de Armas 
(SINARM); b) Capítulo II – Do registro; c) Capítulo III – Do porte; d) Capítulo IV - Dos crimes e das penas; e) 
Capítulo V – Disposições Gerais e f) Capítulo VI – Disposições finais. A lei 10826/03 ainda é regulamentada 
por 3 Decretos: Decretos nºs 9847/19 (Decretos que regulamentam a Lei 10826/03, de 22 de dezembro de 
2003 e dispõe sobre registro, posse e comercialização de armas de fogo e munição, sobre o Sistema Nacional 
de Armas – SINARM e define crimes) e Decreto nº 10030/2019 (Regulamento para a fiscalização de produtos 
controlados, também conhecido como R-105). 
 O que é SINARM? 
 É um órgão instituído no Ministério da Justiça, no âmbito da Polícia Federal, com circunscrição em 
todo o território nacional (art. 1º da Lei 10826/03), que tem por finalidade manter cadastro geral, integrado 
e permanente das armas de fogo importadas, produzidas e vendidas no país, de competência do SINARM, e 
o controle do registro dessas armas. 
 
 
1 Art. 36 da Lei 10826/03: É revogada a Lei 9437, de 20 de fevereiro de 1997. 
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 O art. 2º da Lei 10826/03 estabelece as competências do SINARM: 
 I – identificar as características e a propriedade de armas de fogo, mediante registro; 
 II – cadastrar as armas de fogo produzidas, importadas e vendidas no País; 
 III – cadastrar as autorizações de porte de arma de fogo e as renovações expedidas pela Polícia Federal; 
 IV – cadastrar as transferências de propriedade, extravio, furto, roubo e outras ocorrências suscetíveis 
de alterar os dados cadastrais, inclusive as decorrentes de fechamento de empresas de segurança privada e 
de transporte de valores; 
 V – identificar as modificações que alterem as características ou o funcionamento de arma de fogo; 
 VI – integrar no cadastro os acervos policiais já existentes; 
 VII – cadastrar as apreensões de armas de fogo, inclusive as vinculadas a procedimentos policiais e 
judiciais; 
 VIII – cadastrar os armeiros em atividade no País, bem como conceder licença para exercer a atividade; 
 IX – cadastrar mediante registro os produtores, atacadistas, varejistas, exportadores e importadores 
autorizados de armas de fogo, acessórios e munições; 
 X – cadastrar a identificação do cano da arma, as características das impressões de raiamento e de 
microestriamento de projétil disparado, conforme marcação e testes obrigatoriamente realizados pelo 
fabricante; 
 XI – informar às Secretarias de Segurança Pública dos Estados e do Distrito Federal os registros e 
autorizações de porte de armas de fogo nos respectivos territórios, bem como manter o cadastro atualizado 
para consulta. 
 Parágrafo único. As disposições deste artigo não alcançam as armas de fogo das Forças Armadas e 
Auxiliares, bem como as demais que constem dos seus registros próprios. 
 Reparem que as armas de fogo das Forças Armadas e Auxiliares (Polícias Militares) 
estão sob supervisão do SIGMA (SISTEMA DE GERENCIAMENTO MILITAR DE ARMAS), órgão 
instituído no Ministério da Defesa, no âmbito do Exército, com circunscrição em todo o 
território nacional, encarregado de manter cadastro geral, permanente e integrado das armas 
de fogo importadas, produzidas e vendidas no país, de competência do SIGMA, e das armas 
de fogo que constem dos registros próprios. 
 
 
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3 
 
 Em resumo, há 2 sistemas: 
 
 
 
 
 
 
 O objeto da Lei nº 10826/03 é o SINARM, órgão vinculado ao Ministério da Justiça e operado pela 
Polícia Federal. 
 
 Observe que as apreensões de armas de fogo, inclusive as decorrentes de procedimentos judiciais e 
policiais, assim como o extravio, furto e roubo, devem ser comunicadas ao SINARM de forma que a 
ocorrência seja anotada no respectivo cadastro. 
 Notem ainda que o fechamento de empresas de segurança privada e transportede valores também 
deve ser comunicado ao SINARM. É também função do SINARM cadastrar os armeiros em atividade no país, 
assim como conceder licença para exercer essa profissão. Lembre-se que armeiro é o profissional 
encarregado de preparar, modificar, reparar e fabricar armas. Em resumo, armeiro é o mecânico de armas. 
 Questão: Quais são os bens jurídicos tutelados nas figuras típicas pela Lei 10826/03? 
 A segurança pública e a incolumidade pública, que são interesses da coletividade, ou seja, de todo o 
meio social. Por essa razão, o sujeito passivo desses crimes sempre é o Estado, a coletividade, ou seja, é um 
crime vago (sujeito passivo é um ente sem personalidade jurídica). Eventualmente pessoas individuais 
podem figurar também como sujeitos passivos (Ex: art. 13 do Estatuto do Desarmamento – Omissão de 
cautela). Os delitos do Estatuto do Desarmamento são de perigo abstrato, ou seja, para a sua configuração 
não necessitam demonstrar a existência de um perigo no caso concreto. 
 Questão: Qual é o órgão jurisdicional competente para apreciar os delitos descritos no Estatuto do 
Desarmamento? 
 Em regra, a Justiça Estadual será a competente para processar e julgar os delitos do Estatuto do 
Desarmamento, pois os bens jurídicos protegidos pelo Estatuto do Desarmamento não versam sobre 
interesse da União Federal, nos termos do art. 109, da Constituição Federal. Excepcionalmente, a 
SINARM: sistema 
destinado às armas 
em geral 
SIGMA: sistema 
destinado às armas 
militares 
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competência será da Justiça Federal quando a infração penal for praticada em detrimento de bens, serviços 
ou interesse da União e suas entidades autárquicas ou empresas públicas, ex vi do art. 109, IV, da 
Constituição Federal. Exemplo: Tráfico internacional de arma de fogo (art. 18 do Estatuto do 
Desarmamento2) será julgado pela Justiça Federal, pois nesse caso viola interesse da União Federal. Exemplo 
2: Delito tipificado no Estatuto do Desarmamento praticado a bordo de navio ou aeronave (art. 109, IX, da 
Constituição Federal) será julgado pela Justiça Federal. 
 Os delitos de arma de fogo descritos no Estatuto do Desarmamento são exemplos de 
normas penais em branco heterogênea, eis que o preceito primário da norma penal é 
complementado por um ato administrativo (fonte diversa da lei em sentido formal). Na 
espécie, a listagem de armas de fogo, acessórios e munições, assim como a permissibilidade, 
ou não, do uso são complementados pelo Decreto nº 9847, de 25 de junho de 2019 (decreto 
que regulamenta a Lei 10826/03, de 22 de dezembro de 2003 e dispõe sobre registro, posse 
e comercialização de armas de fogo e munição, sobre o Sistema Nacional de Armas – SINARM e define 
crimes). Em outras palavras, o Decreto de nº 9847/19 integrará os tipos penais do Estatuto do 
Desarmamento. Por exemplo, o conceito de arma de fogo de uso permitido é dado pelo art. 2º, I, do Decreto 
de nº 9847/19. Essa definição é fundamental para a configuração dos delitos dos art. 12 (posse irregular de 
arma de fogo de uso permitido) e 14 (porte irregular de arma de fogo de uso permitido), ambos da Lei 
10826/03. 
 Da mesma forma, o conceito de arma de fogo de uso restrito ou proibido é dado pelo art. 2º, II e III, 
do Decreto nº 9847/2019. Essa definição é importante para a configuração do delito de posse ou porte ilegal 
de arma de fogo de uso restrito (art. 16 do Estatuto do Desarmamento). 
 O objeto material dos delitos do Estatuto do Desarmamento são armas de fogo, munições e 
acessórios. Em seguida, abordaremos esses conceitos sobre armas de fogo, munições e acessórios. 
 Arma: artefato que tem por objetivo causar dano, permanente ou não, a seres vivos e coisas; 
 Arma controlada: arma que, pelas suas características de efeito físico e psicológico, pode causar 
danos altamente nocivos e, por esse motivo, é controlada pelo Exército, por competência outorgada pela 
União; 
 Arma de fogo: arma que arremessa projéteis empregando a força expansiva dos gases gerados 
pela combustão de um propelente confinado em uma câmara que, normalmente, está solidária a um 
 
 
2 Art. 18 da Lei 10826/03: Importar, exportar, favorecer a entrada ou saída do território nacional, a qualquer título, de arma de fogo, 
acessório ou munição, sem autorização da autoridade competente: Pena – reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa. 
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cano que tem a função de propiciar continuidade à combustão do propelente, além de direção e 
estabilidade ao projétil; 
 Arma branca: artefato cortante ou perfurante, normalmente constituído por peça em lâmina ou 
oblonga. O conceito de arma branca é obtido por exclusão, ou melhor, é a que não é arma de fogo. É dividida 
em 2 espécies: a) arma própria, isto é, aquela que tem como finalidade o ataque e a defesa. Exemplo: Espada, 
punhal, etc; b) arma imprópria, por sua vez, é aquela que não tem como finalidade a realização de ataque 
ou defesa, mas que pode ser utilizada para tais fins. Exemplos: Faca de cozinha, machado, etc. 
 Questão: O porte de arma branca (punhal, canivete) é tipificado como crime pela Lei 10826/03? 
 A resposta é negativa. O porte de arma branca é tratado como mera contravenção penal prevista 
no art. 19 do Decreto-Lei 3688/413. 
 Armas de fogo de uso permitido são as armas de fogo semiautomáticas ou de repetição que sejam: 
a) de porte, cujo calibre nominal, com a utilização de munição comum, não atinja, na saída do cano de prova, 
energia cinética superior a mil e duzentas libras-pé ou mil seiscentos e vinte joules; b) portáteis de alma lisa; 
ou c) portáteis de alma raiada, cujo calibre nominal, com a utilização de munição comum, não atinja, na saída 
do cano de prova, energia cinética superior a mil e duzentas libras-pé ou mil seiscentos e vinte joules (art. 2º, 
I, do Decreto nº 9847/19); 
 Armas de fogo de uso restrito são as armas de fogo automáticas, semiautomáticas ou de repetição 
que sejam: a) não portáteis; b) de porte, cujo calibre nominal, com a utilização de munição comum, atinja, na 
saída do cano de prova, energia cinética superior a mil e duzentas libras-pé ou mil seiscentos e vinte joules; 
ou c) portáteis de alma raiada, cujo calibre nominal, com a utilização de munição comum, atinja, na saída do 
cano de prova, energia cinética superior a mil e duzentas libras-pé ou mil seiscentos e vinte joules (art. 2º, II, 
do Decreto nº 9847/19); 
 Armas de fogo de uso proibido são as armas de fogo classificadas de uso proibido em acordos e 
tratados internacionais dos quais a República Federativa do Brasil seja signatária; ou as armas de fogo 
dissimuladas, com aparência de objetos inofensivos (art. 2º, III, do Decreto nº 9847/19); 
 
 
 
 
3 Art. 19 do Decreto-Lei nº 3688/41 (Lei das Contravenções Penais): Trazer consigo arma fora de casa ou de dependência desta, sem 
licença da autoridade. Pena – prisão simples de 15 (quinze) dias a 6 (seis) meses, ou multa, ou ambas cumulativamente. 
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 Acessório: engenho primário ou secundário que suplementa um artigo principal para possibilitar ou 
melhorar o seu emprego. 
 Acessório de arma: artefato que, acoplado a uma arma, possibilita a melhoria do desempenho do 
atirador, a modificação de um efeito secundário do tiro ou a modificação doaspecto visual da arma. Exemplo: 
Mira telescópica. 
 Munição: cartucho completo ou seus componentes, incluídos o estojo, a espoleta, a carga propulsora, 
o projétil e a bucha utilizados em armas de fogo (art. 2º, X, do Decreto nº 9847/19); 
 
 Competência para autorizar e fiscalizar a produção e comércio de armas de fogo: De acordo com 
o art. 21, VI, da Constituição Federal, a União Federal, por meio do SINARM, com circunscrição em todo o 
território nacional, tem competência para autorizar e fiscalizar a produção e o comércio das armas de fogo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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2 – REGISTRO E PORTE 
 
DO REGISTRO 
 
 
 
 
 É obrigatório o registro da arma de fogo no órgão público competente. Vale dizer, as armas de fogo 
de uso permitido devem ser registradas no SINARM (Sistema Nacional de Armas), ao passo que as armas de 
fogo de uso restrito devem ser registradas no SIGMA (Sistema de Gerenciamento Militar das Armas). 
 Deste registro será expedido o denominado certificado de registro de arma pela Polícia Federal, com 
autorização do SINARM. Esse certificado de registro de arma seria o equivalente ao documento de identidade 
da arma de fogo e apresenta duas finalidades: 
• Comprovar a propriedade da arma; 
• Autorizar o titular (proprietário) a manter a arma de fogo exclusivamente no interior de sua residência 
ou domicilio, ou dependência desses, ainda, no seu local de trabalho, desde que seja o proprietário ou 
responsável legal pelo estabelecimento ou empresa (art. 5º, caput, da Lei nº 10826/03). 
 OBS: O SINARM autoriza a aquisição da arma de fogo, ao passo que a expedição do certificado de 
registro de arma de fogo é da Polícia Federal. Frise-se que a aquisição de arma de fogo fora dos critérios 
legais caracteriza o delito do art. 14 da Lei 10826/03 (porte ilegal de arma de fogo de uso permitido). 
 A validade do registro da arma é de, no máximo, 3 anos. Encerrado esse prazo, o proprietário deverá 
providenciar a renovação do registro da arma. Observem que atualmente todo registro de arma é precário, 
isto é, temporário. Não existe mais o registro de cunho vitalício. Lembre-se que os registros realizados antes 
Art. 3º da Lei 10826/03: É obrigatório o registro de arma de fogo no órgão competente. 
Parágrafo único. As armas de fogo de uso restrito serão registradas no Comando do Exército, na 
forma do regulamento desta Lei. 
 
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do Estatuto do Desarmamento (Lei 10826/03) perderam o caráter vitalício, porquanto o art. 5º, § 3º da citada 
lei4 também exigiu a sua renovação nesses casos. 
 Questão: Quais são os requisitos para adquirir arma de fogo de uso permitido? 
 Os requisitos cumulativos são: 
A) ter, no mínimo, 25 anos de idade (art.3º, II, do Decreto nº 9847/19) 
B) declarar a efetiva necessidade, apresentando os fatos e as razões do pedido (art. 4º, caput, da Lei 
10826/03) 
C) comprovar idoneidade e inexistência de inquérito policial ou processo judicial. A comprovação nesse 
se dá mediante certidões negativas de antecedentes criminais (art. 4º, I, da Lei 10826/03) 
D) comprovar ocupação lícita e residência certa (art. 4º, II, da Lei 10826/03) 
E) comprovar capacidade técnica e aptidão psicológica para o manuseio de arma de fogo (art. 4º, III, da 
Lei 10826/03). OBS: A pessoa que já está autorizada a portar arma de fogo não precisa comprovar esse 
requisito para a aquisição da arma de fogo. 
 
 Como já mencionado, a cada 3 anos o registro da arma deve ser renovado, com a demonstração dos 
requisitos “c”, “d” e “e” (art. 5º, §2º, da Lei 10826/03). 
 O SINARM expedirá autorização de compra de arma de fogo após atendidos os requisitos legais, em 
nome do requerente e para a arma indicada, sendo intransferível esta autorização. 
 Por sua vez, a aquisição de munição somente poderá ser feita no calibre correspondente à arma 
registrada e na quantidade estabelecida no regulamento da Lei 10826 (art. 4º, §2º, do Estatuto do 
Desarmamento). 
 
 
 
4 Art. 5º, §3º, da Lei 10826/03: O proprietário de arma de fogo com certificados de registro de propriedade expedido por órgão 
estadual ou do Distrito Federal até a data da publicação desta Lei que não optar pela entrega espontânea prevista no art. 32 desta Lei 
deverá renová-lo mediante o pertinente registro federal, até o dia 31 de dezembro de 2008, ante a apresentação de documento de 
identificação pessoal e comprovante de residência fixa, ficando dispensado do pagamento de taxas e do cumprimento das exigências 
constantes dos incisos I a III do caput do art. 4º desta Lei. OBS: O prazo a que se refere o art. 5º, § 3º, da Lei 10826/03 foi prorrogado 
até 31 de dezembro de 2009, pela lei 11.922, de 13 de abril de 2009. 
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 Efetivada a venda, a empresa que comercializa armas de fogo, acessórios e munições é obrigada a 
comunicar o fato à autoridade competente, bem como manter detalhado banco de dados acerca das 
características das armas vendidas e dos respectivos compradores (art. 4º, §3º, da Lei 10826/03). 
 A comercialização de armas de fogo acessórios e munições entre pessoas físicas também necessitará 
de autorização do SINARM (art. 4º, §5º, da Lei 10826/03). 
 As aquisições de arma de fogo de uso restrito dependem de autorização do Comando de Exército, 
salvo as aquisições feitas pelos Comandos Militares (art. 27 do Estatuto do Desarmamento). 
Cumprindo uma promessa lançada à época da campanha eleitoral, o Presidente da República 
Jair Bolsonaro editou o decreto nº 9.647/2019, que promoveu profundas alterações no Decreto 
anterior, dos quais destaco as seguintes: 1) modificação das regras que regulamentam a 
aquisição de armas de fogo de uso permitido; b) aumento do prazo de validade dos 
registros de armas de fogo de uso permitido; c) aumento do prazo de validade dos registros de armas 
de fogo de uso restrito; d) renovação automática da validade dos certificados expedidos até a data da 
sua publicação 
 Como vimos, um dos requisitos cumulativos para a aquisição da arma de arma de fogo de uso permitido 
é a declaração de efetiva necessidade, consoante determina o art. 4º, caput, da Lei 10826/03. Antes do referido 
ato infralegal confeccionado em 2019, a Polícia Federal não considerava como válidas argumentações 
genéricas (Exemplo: a notória violência urbana na cidade do Rio de Janeiro), devendo restar demonstrada no 
plano concreto a efetiva necessidade da posse da arma de fogo. Pois bem. O Decreto nº 9847/19 torna mais 
flexível o preenchimento desse pressuposto. Em primeiro lugar, o referido decreto traz consigo a presunção 
de veracidade dos fatos aduzidos pelo requerente acerca da efetiva necessidade (art. 3º, §1º, do Decreto nº 
9647/19), ou seja, basta a pessoa alegar que está sofrendo ameaça para que a Polícia Federal considere esse 
fato como verdadeiro, sendo despicienda qualquer demonstração de ameaça na realidade. Além disso, esse 
Decreto estabeleceu que o indeferimento do pedido para aquisição de arma de fogo será comunicado ao 
interessado em documento próprio e apenas poderá ter como fundamento: I - a comprovação documental de 
que: a) não são verdadeiros os fatos e as circunstâncias afirmados pelo interessado na declaração de efetiva 
necessidade; b) o interessado instruiu o pedido com declarações ou documentos falsos; ou c) o interessado 
mantémvínculo com grupos criminosos ou age como pessoa interposta de quem não preenche os requisitos 
para obtenção da aquisição da arma de fogo; II - o interessado não ter a idade mínima de 25 anos de idade; III 
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- a não apresentação de um ou mais documentos ligados à identificação pessoal, idoneidade moral, ocupação 
lícita e residência fixa, capacidade técnica e aptidão moral. 
Os requisitos da ocupação lícita e de residência fixa, da idoneidade moral e da inexistência de inquérito 
policial ou ação penal, bem como a capacidade técnica para o manuseio da arma de fogo serão comprovados, 
periodicamente, a cada dez anos, junto à Polícia Federal, para fins de renovação do Certificado de Registro 
(art. 12, §11, do Decreto nº 9847/19). 
 A lei nº 13870/2019 introduziu o §5º no art. 5º do Estatuto do Desarmamento para melhor aclarar a 
posse de arma para os proprietários de área rural. Segundo o art. 5º, 5º, do Estatuto do Desarmamento, aos 
residentes em área rural, considera-se residência ou domicílio toda a extensão do imóvel rural. Com isso, 
o titular do certificado de Registro de Arma de Fogo tem o direito de ter a posse de arma não só na sede da 
fazenda/sítio como em todo o restante da propriedade rural (terreno). 
 
DO PORTE 
 
 O porte autoriza o agente a trazer consigo a arma em todos os lugares que estiver. Já o registro da 
arma confere ao agente apenas a posse, ou seja, somente o direito de ter a arma em casa ou empresa da 
qual é proprietário ou responsável legal. Em outras palavras, a posse autoriza o agente a manter a arma 
intra muros, no interior de residência ou local de trabalho. Por sua vez, o porte autoriza o agente a manter 
a arma extra muros, ou seja, fora da residência ou local de trabalho. 
 Como já falamos, em regra, a autorização para porte de arma de fogo de uso permitido, em todo 
território nacional, é atribuição da Polícia Federal e somente será concedida após autorização do SINARM, 
salvo em 2 exceções: 
1) Os responsáveis pela segurança de cidadãos estrangeiros em visita ou sediados no Brasil. Exemplo: 
segurança de um cantor estrangeiro. No caso, a autorização para o porte de arma será do Ministério da 
Justiça (art. 9º da Lei 10826/03). 
2) Colecionadores, atiradores, e caçadores, bem como representantes estrangeiros em competição 
internacional oficial de tiro realizada no território brasileiro. Nessas situações será expedido pelo 
Comando do Exército apenas um porte de trânsito de arma de fogo, que autoriza o transporte de um local 
para outro. Cuida-se de uma guia de tráfego ou de trânsito (art. 9º da Lei 10826/03). 
 
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 A regra consagrada no art. 6º, caput, do Estatuto do Desarmamento5 é pela proibição expressa de 
alguém portar arma de fogo de uso permitido, salvo em situações expressamente previstas em lei em razão 
da função desse agente ou após autorização obtida junto à Polícia Federal, após concordância do SINARM. 
 Vamos falar primeiro sobre o porte legal ou funcional. 
 
 O porte legal ou funcional é aquele que decorre de expressa previsão legal. Nessa situação é 
dispensada a autorização da polícia federal. 
 Este porte funcional ou legal pode ser: 
 a) em tempo integral, isto é, mesmo fora do serviço. Exemplos: integrantes das Forças Armadas, 
policiais civis ou militares, bombeiros, guardas municipais da capital do Estado ou de municípios com mais 
de 500.000 (quinhentos mil) habitantes. 
 b) apenas durante o serviço. Exemplos: integrante da guarda municipal dos Municípios com mais de 
50.000 (cinquenta mil) e menos de 500.000 (quinhentos mil) habitantes; seguranças dos Tribunais do Poder 
Judiciário e do Ministério Público, empregados das empresas de segurança privada e de transporte de 
valores, integrantes das guardas municipais que integram regiões metropolitanas e outros. 
 É importante ainda destacar que as Leis Orgânicas da Magistratura e do Ministério Público 
estabelecem respectivamente o porte de arma para juízes6 e para membros do Parquet7. Nesses casos, ainda 
que exista o porte legal de arma, é necessário o registro da arma de fogo. Vejamos um julgado do STJ sobre 
o tema: 
 
 
5 Art. 6º, caput, da Lei 10826/03: É proibido o porte de arma de fogo em todo o território nacional, salvo para casos previstos em 
legislação própria e para: 
6 Art. 33 da LOMAN: São prerrogativas do magistrado: V – portar arma de defesa do pessoal; 
7 Art. 42 da Lei nº 8625/93: Os membros do Ministério Público terão carteira funcional, expedida na forma da Lei Orgânica, 
valendo em todo o território nacional como cédula de identidade, e porte de arma, independentemente, neste caso, de qualquer ato 
formal de licença ou autorização. 
 
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ADMINISTRATIVO. REGISTRO DE ARMA DE FOGO. COMPROVAÇÃO DE 
CAPACIDADE TÉCNICA. MEMBRO DO MINISTÉRIO PÚBLICO. 
NECESSIDADE. PORTE E REGISTRO. DISTINÇÃO. 
1. O Estatuto do Desarmamento estabelece que o registro do material bélico é obrigatório, nos órgãos 
competentes (art. 3º da Lei 10.826/2003) proibindo o porte de arma em todo o território nacional, salvo para 
os casos previstos em legislação própria (art. 6º da Lei 10.826/2003). 
2. A Lei 10.826/2003 condiciona a aquisição de arma de fogo e a expedição do respectivo registro ao 
cumprimento de requisitos dispostos no art. 4º da referida lei. Segundo o art. 4º, III, do Estatuto do 
Desarmamento, para o registro de arma de fogo é necessário, entre outros requisitos, que o interessado 
comprove capacidade técnica para o manuseio de arma de fogo, atestada na forma disposta no regulamento 
da Lei 10.826/2003. 
3. A Lei 8.625/1993 (Lei Orgânica Nacional do Ministério Público) garante o porte de arma, 
independentemente de qualquer ato formal de licença ou autorização (art. 42), com similar prerrogativa aos 
magistrados (art. 33 da Lei Orgânica da Magistratura Nacional). 
4. A capacidade técnica é um dos requisitos para o registro de arma de fogo, e não para o porte de arma. O 
presente requisito técnico visa atestar que o interessando possui conhecimentos básicos, teóricos e práticos, 
para o manuseio e uso de arma de fogo que se pretende adquirir. Não resta dúvida de que aquele que visa 
adquirir arma de fogo deve ao menos conhecer o funcionamento do instrumento bélico, bem como as 
normas de segurança sobre o uso e manuseio de arma de fogo. 
5. O Superior Tribunal de Justiça, na Ação Penal 657/PB, teve a oportunidade de consignar que a Lei 
10.826/2003 ‘não dispensa o respectivo registro de arma de 
fogo, não fazendo exceções quanto aos agentes que possuem autorização legal para o porte ou posse de 
arma’. 
6. A mens legis do Estatuto do Desarmamento sempre foi o de restringir o porte e a posse de armas de fogo, 
estabelecendo regras rígidas para este fim. Há também um procedimento rigoroso de registro e 
recadastramento de material bélico”. (STJ — REsp 1.327.796/BA, Rel. Min. Herman Benjamin, 2ª Turma, 
julgado em 28/04/2015, DJe 04/08/2015). 
 O Supremo Tribunal Federal ao analisar a prerrogativa dos magistrados conferida no art. 33, V, da 
LOMAN decidiu pela existência de um rito simplificado de registro de propriedade de armas de defesa 
pessoal, com dispensa de teste psicológico e de capacidade técnica e da revisão periódica do registro. Esse 
foi o julgado do Supremo Tribunal Federal: 
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CONSTITUCIONAL E PROCESSUAL CIVIL. MANDADO DE SEGURANÇA 
COLETIVO DESTINADO A AFIRMAR PRERROGATIVA FUNCIONAL DA 
MAGISTRATURA. INTERESSE DE TODOS OS MEMBROS DA 
MAGISTRATURA. COMPETÊNCIA DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL 
(ART. 102, I, n, DA CF). 
1. Insere-se na competência do Supremo Tribunal Federal (art. 102, I, n, da CF) a ação de mandado de 
segurança coletivo, impetrado por entidades associativas de magistrados, visando a assegurar alegada 
prerrogativa da magistratura (art. 33, V, da LOMAN) de obter a renovação simplificada dos registros de 
propriedade de armas de defesa pessoal, com dispensa de teste psicológico e de capacidade técnica e da 
revisão periódica do registro. 
2. Agravo regimental a que se dá provimento, para julgar procedente a reclamação. (Rcl 11323 AgR, 
Relator: Min. ROSA WEBER, Relator p/ Acórdão: Min. TEORI ZAVASCKI, Tribunal Pleno, julgado em 
22/04/2015) 
 De acordo com o art. 6º do Estatuto do Desarmamento, é proibido o porte de arma de fogo em todo 
o território nacional, salvo para casos previstos em legislação própria e para: 
I – os integrantes das Forças Armadas. Poderão portar, em âmbito nacional, arma de fogo de propriedade 
particular ou fornecida pela respectiva corporação ou instituição, mesmo fora de serviço. 
II – os integrantes da Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal, Polícia Ferroviária Federal, Polícias 
Civis, Polícias Militares e Corpos de Bombeiros Militares e da Força Nacional de Segurança Pública. 
Poderão portar, em âmbito nacional, arma de fogo de propriedade particular ou fornecida pela respectiva 
corporação ou instituição, mesmo fora de serviço. OBS: O porte de arma de fogo a que têm direito os 
policiais civis não se estende aos policiais aposentados (Informativo 554 do STJ). 
III - Integrantes das guardas municipais das capitais dos Estados e dos Municípios com mais de 500.000 
(quinhentos mil) habitantes. Poderão portar arma de fogo de propriedade particular ou fornecida pela 
respectiva corporação ou instituição, mesmo fora de serviço. 
IV - Integrantes das guardas municipais dos Municípios com mais de 50.000 (cinquenta mil) e menos de 
500.000 (quinhentos mil) habitantes, bem como dos Municípios que integrem regiões metropolitanas, 
quando em serviço. 
V - Agentes operacionais da Agência Brasileira de Inteligência e os agentes do Departamento de 
Segurança do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República. Poderão portar, em 
âmbito nacional, arma de fogo de propriedade particular ou fornecida pela respectiva corporação ou 
instituição, mesmo fora de serviço. Devem comprovar capacidade técnica e de aptidão psicológica. 
VI – Integrantes da Polícia do Senado Federal e a Polícia da Câmara dos Deputados. Poderão portar, em 
âmbito nacional, arma de fogo de propriedade particular ou fornecida pela respectiva corporação ou 
instituição, mesmo fora de serviço. Devem comprovar capacidade técnica e de aptidão psicológica. 
VII - Integrantes do quadro efetivo dos agentes e guardas prisionais, os integrantes das escoltas de 
presos e as guardas portuárias. Devem comprovar capacidade técnica e de aptidão psicológica. 
VIII - Empresas de segurança privada e de transporte de valores constituídas. As armas utilizadas por 
essas empresas são apenas para o serviço, e devem pertencer exclusivamente às empresas. O extravio e 
a perda de arma devem ser comunicados pela diretoria ou gerência da empresa à Polícia Federal, que 
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enviará as informações ao SINARM a fim de que sejam tomadas as providências cabíveis. A omissão na 
comunicação acarretará responsabilidade penal (art. 13, parágrafo único, da Lei 10826/03). 
IX - Integrantes das entidades de desporto legalmente constituídas, cujas atividades esportivas 
demandem o uso de armas de fogo, observando-se, no que couber, a legislação ambiental. É o caso dos 
clubes de tiro. Nesse caso, o porte somente é autorizado no momento em que a competição é realizada. 
X - Integrantes das Carreiras de Auditoria da Receita Federal do Brasil e de Auditoria-Fiscal do Trabalho, 
cargos de Auditor-Fiscal e Analista Tributário. Devem comprovar capacidade técnica e de aptidão 
psicológica. 
XI - Tribunais do Poder Judiciário descritos no art. 92 da Constituição Federal e os Ministérios Públicos 
da União e dos Estados, para uso exclusivo de servidores de seus quadros pessoais que efetivamente 
estejam no exercício de funções de segurança, na forma de regulamento a ser emitido pelo Conselho 
Nacional de Justiça - CNJ e pelo Conselho Nacional do Ministério Público – CNMP. Os servidores do 
quadro efetivo do Ministério Público e o Poder Judiciário que exercem funções de segurança podem portar 
arma de fogo, de acordo com regulamento próprio. As armas de fogo utilizadas pelos servidores serão de 
propriedade, responsabilidade e guarda das respectivas instituições, somente podendo ser utilizadas 
quando em serviço, devendo estas observar as condições de uso e de armazenagem estabelecidas pelo 
órgão competente, sendo o certificado de registro e a autorização de porte expedidos pela Polícia Federal 
em nome da instituição. 
XII - Integrantes do quadro efetivo de agentes e guardas prisionais poderão portar arma de fogo de 
propriedade particular ou fornecida pela respectiva corporação ou instituição, mesmo fora de serviço, 
desde que estejam: a) submetidos a regime de dedicação exclusiva; b) sujeitos à formação funcional, nos 
termos do regulamento; c) subordinados a mecanismos de fiscalização e de controle interno; 
 
 Sobre os guardas municipais é interessante fazer a seguinte distinção: 
O porte de armas nas capitais dos Estados e nos Municípios com mais de 500.000 habitantes é 
permitido em tempo integral. 
O porte de armas será apenas durante o serviço nos Municípios com mais de 50.000 (cinquenta mil) e 
menos de 500.000 (quinhentos mil) habitantes, bem como dos Municípios que integrem regiões 
metropolitanas, quando em serviço. 
 
 Os guardas municipais receberam formação funcional em estabelecimento de ensino de atividade 
policial. 
 Para o particular, a autorização para o porte de arma de fogo de uso permitido é de competência da 
Polícia Federal e só será concedida após autorização do SINARM (art. 10, caput, da Lei 10826/03). Para tanto, 
será emitido um documento denominado porte de arma de fogo, que é pessoal, intransferível e revogável 
a qualquer tempo, sendo válido apenas com relação à arma nele especificada e com apresentação do 
documento de identificação do portador. 
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 Os requisitos para a obtenção do porte de arma de fogo de uso permitido estão estampados no art. 
10, §1º, do Estatuto do Desarmamento: 
• Demonstrar a sua efetiva necessidade, por exercício de atividade profissional de risco ou de ameaça à 
integridade; 
• Comprovar idoneidade e inexistência de inquérito policial ou processo criminal. Tal prova se faz por meio 
de certidões negativas. 
• Comprovar ocupação ilícita e residência certa; 
• Comprovar capacidade técnica e aptidão psicológica para o manuseio de arma de fogo. 
• Apresentar documentação de propriedade da arma de fogo e seu certificado de registro. 
A autorização de porte de arma de fogo perderá automaticamente sua eficácia caso o 
portador dela seja detido ou abordado em estado de embriaguez ou sob efeito de 
substâncias químicas ou alucinógenas. 
 
 De acordo com o art. 20 do Decreto n. 9847/2019, a autorizaçãonão gera o direito de portar 
ostensivamente a arma de fogo, ou de adentrar, ou com ela permanecer, em locais públicos, tais como 
igrejas, escolas, estádios desportivos, clubes, ou outros locais onde haja aglomeração de pessoas, em razão 
de eventos de qualquer natureza. A não observância desse comando acarreta na cassação da autorização e 
na apreensão da arma de fogo. 
 
Outros casos: A) Caçadores de subsistência: Aos residentes em áreas rurais, que comprovem depender do 
emprego de arma de fogo para prover sua subsistência alimentar familiar, será autorizado o porte de arma 
de fogo na categoria "caçador" (art. 6º, §5º, da Lei 10826/03). Esse porte de arma de fogo de uso permitido 
será concedido pela Polícia Federal. 
B) Empresa de segurança privada e transporte de valores: o porte de arma será expedido pela Polícia Federal 
em nome da pessoa jurídica, cujos empregados, nominal e trimestralmente relacionados, poderão portar 
arma de fogo somente em serviço (art. 7º da Lei 10826/03). 
C) Agremiações esportivas, empresas de instrução de rito, colecionadores, atiradores, caçadores e 
representantes estrangeiros em competição oficial de tiro: O Comando do Exército expedirá porte de 
trânsito (guia de tráfego) e as armas de fogo deverão ser transportadas desmuniciadas (art. 9º da Lei 
10826/03). 
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Armas de brinquedo 
 Estabelece o art. 26, caput, da Lei 10.823/2.003: 
 
 “São vedadas a fabricação, a venda, a comercialização e a importação de brinquedos, réplicas e 
simulacros de armas de fogo, que com estas se possam confundir. 
Parágrafo único. “Excetuam-se da proibição as réplicas e os simulacros destinados à instrução, ao 
adestramento, ou à coleção de usuário autorizado, nas condições fixadas pelo Comando do Exército”. 
 Observe que muito embora o art. 26 do Estatuto do Desarmamento proíba essa conduta, o legislador 
não estabeleceu como criminosa referida proibição. Assim, é correto dizer ser atípica a conduta de fabricar, 
vender ou portar arma de brinquedo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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3 – CRIMES EM ESPÉCIE 
 
POSSE IRREGULAR DE ARMA DE FOGO DE USO PERMITIDO 
 
 
 
 
 
Antes de iniciar o estudo desse crime, vamos relembrar a diferença entre posse e porte de arma. 
O porte autoriza o agente a trazer consigo a arma em todos os lugares que estiver. Já o 
registro da arma confere ao agente apenas a posse, ou seja, somente o direito de ter a arma em casa ou 
empresa da qual é proprietário ou responsável legal. Em outras palavras, a posse autoriza o agente a manter 
a arma intra muros, no interior de residência ou local de trabalho. Por sua vez, o porte autoriza o agente a 
manter a arma extra muros, ou seja, fora da residência ou local de trabalho. 
 O delito de posse irregular de arma de fogo abrange duas situações: 
a) A aquisição e a posse irregular de arma de fogo de uso permitido (acessório e munição) em 
residência ou dependência desta, ou, ainda no seu local de trabalho. Em resumo, no caso concreto 
sequer houve o registro da arma de fogo; 
b) A não renovação do registro da arma de fogo de uso permitido (acessório e munição) no período 
estabelecido no regulamento. Nesse caso, há o registro da arma de fogo, porém esse registro 
encontra-se vencido. OBS: Faço questão de consignar, desde já, que esse assunto é 
extremamente polêmico, existindo, no ponto, divergência jurisprudencial no âmbito do Superior 
Tribunal de Justiça acerca da atipicidade, ou não, dessa conduta (Veremos jurisprudência do STJ 
a seguir). 
 
 Art. 12 da Lei 10826/03: Possuir ou manter sob sua guarda arma de fogo, acessório ou munição, de uso 
permitido, em desacordo com determinação legal, ou regulamentar, no interior de sua residência ou 
dependência desta, ou, ainda no seu local de trabalho, desde que seja o titular ou o responsável legal 
do estabelecimento ou empresa: 
Pena – detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa. 
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 Objetividade jurídica: é o controle da propriedade de armas e a incolumidade pública, ou seja, a 
coletividade é colocada em risco com a conduta do art. 12 da Lei 10826/03. Lembre-se que estamos diante 
de um delito de perigo abstrato (presume-se de modo absoluto o risco à segurança coletiva, sendo 
despiciendo a demonstração de qualquer perigo no caso concreto). 
 Objeto Material8: arma de fogo de uso permitido, acessório ou munição. Se a arma de fogo, 
acessórios ou munição for de uso restrito ou proibido, o delito será o do art. 16 do Estatuto do 
Desarmamento (Posse ilegal de arma de fogo de uso restrito). Também será o crime do art. 16, parágrafo 
único, IV, do Estatuto do Desarmamento se a arma de fogo, ainda que de uso permitido, estiver com a 
numeração, marca, ou qualquer outro dado de identificação raspado, suprimido ou alterado9. 
 Arma de chumbinho não é considerada arma de fogo. Logo, o fato é atípico. 
 OBS: Partes da arma não é acessório. O cano da arma não é acessório, mas sim parte da arma. 
 Sujeito ativo: Na primeira parte do tipo penal do art. 12 do Estatuto do Desarmamento (no interior 
de sua residência ou dependência desta), o crime é comum (ou geral), isto é, qualquer pessoa pode cometer 
esse delito. Já na segunda parte do tipo penal do art. 12 do Estatuto do Desarmamento (no seu local de 
trabalho), o delito é próprio, pois somente pode ser cometido pelo proprietário ou responsável legal do 
estabelecimento ou empresa. Dessa forma, o crime será de porte ilegal de arma de fogo de uso permitido 
(art. 14 do Estatuto do Desarmamento) se o crime for praticado por pessoa que não for o responsável legal 
pela empresa e nem o proprietário. Em outras palavras, o empregado que não for o representante legal da 
empresa responderá pelo art. 14 do Estatuto do Desarmamento. 
 Sujeito passivo: É a coletividade. É um crime vago (sujeito passivo é um ente sem personalidade 
jurídica). 
 Tipo objetivo. São 2 as ações nucleares típicas: 1) Possuir significa ter a posse da arma de fogo de 
uso permitido, acessório ou munição como possuidor ou proprietário, de maneira prolongada. Exemplo: O 
 
 
8 Objeto Material: é a pessoa ou coisa em que recai a conduta criminosa. 
9 Art. 16, parágrafo único, da Lei 10826/03: 
IV – portar, possuir, adquirir, transportar ou fornecer arma de fogo com numeração, marca ou qualquer outro sinal de identificação 
raspado, suprimido ou adulterado. 
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dono da arma de fogo de uso permitido que a possui no interior do cofre de sua residência, sem ter o 
certificado de registro); 2) Manter significa conservar, guardar a arma sob seu cuidado em nome de terceiro, 
por algum motivo. Exemplo: Sobrinho guarda a arma de seu tio, dentro do armário, enquanto este viaja. 
 Elemento espacial do tipo penal: O crime deve ser praticado na residência (local habitado pelo 
agente) ou dependência desta (local vinculado a casa. Exemplos: quintal, celeiro, edícula, garagem, jardim, 
etc.) ou no local de trabalho do agente, desde que este seja o seu proprietário ou responsável legal. 
OBS: Fora desses locais, a posse de arma de fogo, acessório ou munição configurará o delito de porte ilegalde arma de fogo de uso permitido (art. 14 do Estatuto do Desarmamento10). 
 Questão: Configura o delito do art. 12 da Lei 10826/03 se o agente tiver a posse irregular de arma de 
fogo em residência de terceiro? 
 A resposta é negativa, porquanto o fato não encontrará correspondência com o artigo 12 da Lei 
10826, porém configurará um delito mais grave, qual seja, de porte ilegal de arma de fogo (art. 14 da Lei 
10826/03). 
 Questão: Por qual delito responde o taxista que, sem ter o certificado de registro, porta uma arma 
no interior de seu táxi? 
 O tipo penal do art. 12 da Lei 10826/03 exige que a posse ilegal de arma ocorra intra muros, ou 
melhor, no interior da residência ou no local do trabalho. Ocorre que o táxi não está inserido no conceito de 
residência ou local de trabalho, devendo ser considerado um instrumento de trabalho. O local de trabalho 
do taxista é a rua, por onde trafega o seu táxi. De tal arte, o transporte de arma no interior do táxi configura 
o delito de porte ilegal de arma de fogo de uso permitido (art. 14 da Lei 10826/03). Essa é a posição da 
jurisprudência, in verbis: 
 
PENAL E PROCESSUAL PENAL. AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO 
ESPECIAL. ART. 14 DA LEI 10.826/2003. PORTE ILEGAL DE ARMAS DE 
FOGO DE USO PERMITIDO. ARMA DE FOGO ENCONTRADA DENTRO 
DO VEÍCULO DO RÉU - TAXISTA. PLEITO DE EXTENSÃO DO CONCEITO 
DE LOCAL DE TRABALHO. DESCLASSIFICAÇÃO PARA O DELITO DE POSSE IRREGULAR DE ARMA DE FOGO DE 
 
 
10 Art. 14, caput, da Lei 10826/03: Portar, deter, adquirir, fornecer, receber, ter em depósito, transportar, ceder, ainda que 
gratuitamente, emprestar, remeter, empregar, manter sob guarda ou ocultar arma de fogo, acessório ou munição, de uso permitido, 
sem autorização e em desacordo com determinação legal e regulamentar: 
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USO PERMITIDO. ART. 12 DA LEI 10.826/2003. IMPOSSIBILIDADE. CONFIGURAÇÃO DO DELITO DO ART. 14 
DA LEI 10.826/2003. DECISÃO MONOCRÁTICA QUE DEU PROVIMENTO AO RECURSO ESPECIAL. ART. 557, § 
1º-A, DO CPC. ALEGADA VIOLAÇÃO AO PRINCÍPIO DA COLEGIALIDADE. INEXISTÊNCIA. REVALORAÇÃO DO 
CONTEXTO FÁTICO-PROBATÓRIO INCONTROVERSO NOS AUTOS. POSSIBILIDADE. REEXAME DE PROVAS. 
NÃO OCORRÊNCIA. AGRAVO REGIMENTAL IMPROVIDO. 
I. A possibilidade de dar-se provimento ao Recurso Especial, por decisão monocrática do Relator, encontra 
apoio quando "a decisão recorrida estiver em manifesto confronto com súmula ou com jurisprudência 
dominante do Supremo Tribunal Federal, ou de Tribunal Superior" (art. 557, § 1º-A, do Código de Processo 
Civil), pelo que não há que se falar em ofensa ao princípio da colegialidade, na espécie. 
II. Ademais, a reapreciação da matéria, quando do julgamento colegiado do Agravo Regimental, torna 
superada a alegação de ofensa ao princípio da colegialidade. 
III. A decisão impugnada não reexaminou o contexto fático- probatório da causa - providência vedada, em 
sede de Recurso Especial, pela Súmula 7/STJ -, tendo realizado apenas a sua revaloração, na análise de fatos 
incontroversos nos autos, julgados pela instância ordinária. 
IV. Consoante a jurisprudência do STJ, "não se trata, portanto, de reexame do conjunto probatório, que 
encontra óbice no enunciado nº 7 da Súmula desta Corte, mas, sim, de revaloração dos critérios jurídicos 
utilizados na apreciação dos fatos incontroversos" (STJ, AgRg no REsp 902.486/RS, Rel. Ministro PAULO 
GALLOTTI, SEXTA TURMA, DJe de 30/06/2008). 
V. A conduta fática incontroversa do agente taxista que transporta, no veículo de sua propriedade (táxi), 
arma de fogo de uso permitido, sem autorização e em desacordo com determinação legal ou regulamentar, 
é suficiente para caracterizar o delito de porte ilegal de arma de fogo de uso permitido, previsto no art. 14 
da Lei 10.826/2003, afastando-se o reconhecimento do crime de posse irregular de arma de fogo de uso 
permitido (art. 12 da Lei 10.826/2003), uma vez que o táxi, ainda que seja instrumento de trabalho, não pode 
ser equiparável a seu local de trabalho.Precedentes do STJ. 
VI. Agravo Regimental improvido. (AgRg no REsp 1341025/MG, Rel. Ministra ASSUSETE MAGALHÃES, SEXTA 
TURMA, julgado em 06/08/2013, DJe 13/05/2014). 
 Questão: O motorista de caminhão que, sem ter o certificado de registro, porta uma arma no interior 
de seu veículo responderá pelo art. 12 do Estatuto do Desarmamento? 
 Muito embora o motorista passe muito tempo de sua vida no interior do caminhão, esse veículo não 
pode ser considerado residência e nem local de trabalho. O local de trabalho do motorista de caminhão é a 
estrada. O caminhão deve ser considerado o instrumento de trabalho por meio do qual o motorista 
desempenha a sua profissão de forma regular. A grande questão a ser respondida é se a cabine do caminhão 
estaria inserida no conceito legal de residência. Para os fins de tipificação do art. 14 do Estatuto do 
Desarmamento, a resposta é negativa. De tal sorte, o transporte de arma no interior do caminhão configura 
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o delito de porte ilegal de arma de fogo de uso permitido (art. 14 da Lei 10826/03). Essa é a posição da 
jurisprudência, in verbis: 
AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL. DIREITO PENAL. 
ESTATUTO DO DESARMAMENTO. ART. 14 DA LEI N. 10.826/2003. 
APREENSÃO DE ARMA DE FOGO NO INTERIOR DE VEÍCULO 
AUTOMOTOR UTILIZADO COMO MEIO DE TRABALHO. CAMINHÃO 
NÃO É EXTENSÃO DE LOCAL DE TRABALHO. TIPIFICAÇÃO DO PORTE ILEGAL DE ARTEFATO BÉLICO. 
ABOLITIO CRIMINIS NÃO ALCANÇA O DELITO DE PORTE ILEGAL DE ARMA DE FOGO. MATÉRIA 
CONSTITUCIONAL. STF. 
1. O caminhão é instrumento de trabalho do motorista, assim como, mutatis mutandis, a espátula serve ao 
artesão. Portanto, não pode ser considerado extensão de sua residência, nem local de seu trabalho, mas 
apenas um meio físico para se chegar ao fim laboral. 
2. Arma de fogo apreendida no interior da boleia do caminhão tipifica o delito de porte ilegal de arma (art. 
14 da Lei n. 10.826/2003). 
3. Ante a impossibilidade de desclassificação do crime de porte de arma para o delito de posse, faz-se 
superada a irresignação no tocante à incidência de abolitio criminis temporária, situação que ocorre 
exclusivamente na hipótese de conduta relacionada ao crime de posse de arma de fogo, acessórios e 
munição. 
4. A violação de preceitos, de dispositivos ou de princípios constitucionais revela-se quaestio afeta à 
competência do Supremo Tribunal Federal, provocado pela via do extraordinário; motivo pelo qual não se 
pode conhecer do recurso especial nesse aspecto, em função do disposto no art. 105, III, da Constituição 
Federal. 
5. O agravo regimental não merece prosperar, porquanto as razões reunidas na insurgência são incapazes 
de infirmar o entendimento assentado na decisão agravada. 
6. Agravo regimental improvido. (AgRg no REsp 1362124/MG, Rel. Ministro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR, SEXTA 
TURMA, julgado em 19/03/2013, DJe 10/04/2013) 
 Elemento normativo do tipo penal. Corresponde às expressões ”em desacordo com determinação 
legal ou regulamentar”. Para a caracterização do tipo penal do art. 12 da Lei 10826/03 é necessário que as 
ações de possuir ou manter sob guarda arma de fogo, acessórios ou munições sejam praticadas em 
desrespeito aos requisitos descritos na Lei 10826/03 ou de seu Regulamento. Exemplos: 1) Posse de arma 
de fogo sem o registro concedido pela autoridade competente (art. 5º, §1º, da Lei 10826/03); 2) posse de 
arma de fogo com prazo de validade expirado (art. 5º, § 2º, da Lei 10826/03). 
 
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 Questão: O agente que não renova o seu registro de arma de fogo de uso permitido pratica a conduta 
descrita no art. 12 da Lei 10826/03? 
 Esse assunto é deveras polêmico. A Sexta Turma do STJ entende que a situação acima caracteriza o 
crime de posse irregular de arma de fogo (art. 12 da Lei 10826), porquanto o bem jurídico tutelado é a 
incolumidade pública. Vejamos. 
RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS. POSSE ILEGAL DE ARMAS DE FOGO E MUNIÇÕES 
DE USO PERMITIDO. CERTIFICADO FEDERAL VENCIDO HÁ 
MAIS DE UM ANO E MEIO. CONDUTA TÍPICA. TRANCAMENTO 
DO PROCESSO IMPOSSIBILIDADE.RECURSO NÃO PROVIDO. 
1. O trancamento do processo em habeas corpus somente é cabível quando ficarem demonstradas, de 
plano, a atipicidade da conduta, a absoluta falta de provas da materialidade do crime e de indícios de 
autoria ou a existência de causa extintiva da punibilidade. 
2. O cidadão, mesmo que previamente autorizado a adquirir arma de fogo de uso permitido, somente 
poderá manter a posse do artefato mediante certificado de registro federal, documento temporário e 
sujeito ao preenchimento dos requisitos previstos nos incisos I, II e III do art. 4° da Lei n. 10.826/2003, 
que deverão ser comprovados periodicamente para fins de revalidação. 
3. Em análise hipotética, a conduta do recorrente - de possuir, no interior de sua residência, várias armas 
de fogo e munições de uso permitido, com os respectivos registros vencidos há mais de um ano e meio 
- caracteriza, formalmente, o crime descrito no art. 12 da Lei n. 10.826/2003. 
4. O fato foi praticado no período de 15/1/2013 a 17/7/2014, após a vacatio legis prevista para 
regularização ou entrega da arma de fogo mediante indenização; não se aplica a causa de extinção da 
punibilidade do art. 32 da Lei n. 8.136/2003, pois não houve entrega espontânea do armamento e, por 
fim, os registros das armas de fogo estavam, há muito, vencidos, o que denota que o agente não praticou 
a conduta no exercício regular de direito (art. 23, III, do CP). 
5. Em 13/3/2013, no julgamento do Recurso Especial Representativo de Controvérsia n. 1.311.411/RN, 
de relatoria do Ministro Sebastião Reis, foi pacificado o entendimento de que a nova redação do art. 32 
da Lei n. 10.826/2003 estabelece causa extintiva de punibilidade que apenas produzirá efeitos se o 
agente entregar o armamento, de forma espontânea, às autoridades, o que não ocorreu na espécie. 
6. É incabível a aplicação do princípio da adequação social, segundo o qual, dada a natureza subsidiária 
e fragmentária do direito penal, não se pode reputar como criminosa uma ação ou uma omissão aceita 
e tolerada pela sociedade, ainda que formalmente subsumida a um tipo legal incriminador. Possuir 
diversas armas de fogo e munições, de uso permitido, com certificados vencidos há mais de um ano e 
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meio e que só vieram a ser apreendidas pelo Estado após cumprimento de mandado de busca e 
apreensão exarado pelo Juizado de Violência Doméstica e Familiar, não é uma conduta adequada no 
plano ético. 
7. Por fim, sob a ótica do princípio da lesividade, o recorrente não preenche os vetores já assinalados 
pelo Supremo Tribunal Federal para o reconhecimento do princípio da insignificância, tais como a mínima 
ofensividade da conduta, nenhuma periculosidade social da ação, reduzidíssimo grau de reprovabilidade 
do comportamento e inexpressividade da lesão jurídica provocada, ante a quantidade de armamento 
apreendido (1 espingarda, 1 rifle, 9 munições calibre 38, 1 pistola, 2 carregadores e 8 munições calibre 
380, 2 carregadores e duas outras munições calibre 44). 
8. Recurso não provido. (RHC 60.611/DF, Rel. Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ, SEXTA TURMA, julgado 
em 15/09/2015, DJe 05/10/2015) 
 Todavia, a Quinta Turma do STJ possui entendimento diverso, segundo se observa do entendimento 
abaixo: 
 
 
HABEAS CORPUS IMPETRADO EM SUBSTITUIÇÃO AO RECURSO 
PREVISTO NO ORDENAMENTO JURÍDICO. 1. NÃO CABIMENTO. MODIFICAÇÃO DE ENTENDIMENTO 
JURISPRUDENCIAL. RESTRIÇÃO DO REMÉDIO CONSTITUCIONAL. EXAME EXCEPCIONAL QUE VISA 
PRIVILEGIAR A AMPLA DEFESA E O DEVIDO PROCESSO LEGAL. 2. ART. 12 DA LEI N. 10.826/2003. POSSE DE 
ARMA DE FOGO DE USO PERMITIDO COM O REGISTRO VENCIDO. ATIPICIDADE MATERIAL DA CONDUTA. 
SUBSIDIARIEDADE DO DIREITO PENAL. PUNIÇÃO ADMINISTRATIVA QUE SE MOSTRA SUFICIENTE. 3. 
ORDEM NÃO CONHECIDA. HABEAS CORPUS CONCEDIDO DE OFÍCIO. 
1. A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, buscando a racionalidade do ordenamento jurídico e a 
funcionalidade do sistema recursal, vinha se firmando, mais recentemente, no sentido de ser imperiosa a 
restrição do cabimento do remédio constitucional às hipóteses previstas na Constituição Federal e no Código 
de Processo Penal. Nessa linha de evolução hermenêutica, o Supremo Tribunal Federal passou a não mais 
admitir habeas corpus que tenha por objetivo substituir o recurso ordinariamente cabível para a espécie. 
Precedentes. Contudo, devem ser analisadas as questões suscitadas na inicial no intuito de verificar a 
existência de constrangimento ilegal evidente - a ser sanado mediante a concessão de habeas corpus de 
ofício -, evitando-se prejuízos à ampla defesa e ao devido processo legal. 
2. O trancamento de ação penal na via estreita do writ configura medida de exceção, somente cabível nas 
hipóteses em que se demonstrar, à luz da evidência, a atipicidade da conduta, a extinção da punibilidade ou 
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outras situações comprováveis de plano, suficientes ao prematuro encerramento da persecução penal. Na 
espécie, o paciente foi denunciado pela suposta prática da conduta descrita no art. 12 da Lei n. 10.826/2003, 
por possuir irregularmente um revólver marca Taurus, calibre 38, número QK 591720, além de dezoito 
cartuchos de munição do mesmo calibre. 
3. Todavia, no caso, a questão não pode extrapolar a esfera administrativa, uma vez que ausente a 
imprescindível tipicidade material, pois, constatado que o paciente detinha o devido registro da arma de 
fogo de uso permitido encontrada em sua residência - de forma que o Poder Público tinha completo 
conhecimento da posse do artefato em questão, podendo rastreá-lo se necessário -, inexiste ofensividade 
na conduta. A mera inobservância da exigência de recadastramento periódico não pode conduzir à 
estigmatizadora e automática incriminação penal. Cabe ao Estado apreender a arma e aplicar a punição 
administrativa pertinente, não estando em consonância com o Direito Penal moderno deflagrar uma ação 
penal para a imposição de pena tão somente porque o indivíduo - devidamente autorizado a possuir a arma 
pelo Poder Público, diga-se de passagem - deixou de ir de tempos em tempos efetuar o recadastramento do 
artefato. Portanto, até mesmo por questões de política criminal, não há como submeter o paciente às 
agruras de uma condenação penal por uma conduta que não apresentou nenhuma lesividade relevante aos 
bens jurídicos tutelados pela Lei n. 10.826/2003, não incrementou o risco e pode ser resolvida na via 
administrativa. 
4. Ordem não conhecida. Habeas corpus concedido, de ofício, para extinguir a Ação Penal n. 0008206-
42.2013.8.26.0068 movida em desfavor do paciente, ante a evidente falta de justa causa. 
(HC 294.078/SP, Rel. Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE, QUINTA TURMA, julgado em 26/08/2014, DJe 
04/09/2014) 
 Em ação penal originária, a Corte Especial do STJ reforçou o posicionamento da Quinta Turma ao 
enaltecer que a situaçãoem apreço constitui mera irregularidade administrativa, não transbordando para a 
seara criminal. Eis o julgado: 
 
PENAL. ART. 12 DO ESTATUTO DO DESARMAMENTO. GUARDA DE 
ARMA EM RESIDÊNCIA COM REGISTRO VENCIDO. CONDUTA ATÍPICA. 
AUSÊNCIA DE DOLO. ART. 16 DO MESMO ESTATUTO. POSSE E 
GUARDA DE MUNIÇÃO DE USO RESTRITO. CONSELHEIRO EQUIPARADO A DESEMBARGADOR. LEI 
ORGÂNICA DA MAGISTRATURA E DIREITO A PORTE DE ARMA PARA DEFESA PESSOAL. NÃO 
DISCRIMINAÇÃO NA LOMAN ENTRE MUNIÇÃO DE USO PERMITIDO E DE USO RESTRITO. ATIPICIDADE 
RECONHECIDA. 
1. Os objetos jurídicos dos tipos previstos nos arts. 12 (guarda de arma de uso permitido em residência) e 16 
(posse de munição de uso restrito) da Lei n. 10.826/2003 - Estatuto do Desarmamento - são a administração 
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pública e, reflexamente, a segurança, incolumidade e paz pública (crime de perigo abstrato). No primeiro 
caso, para se exercer controle rigoroso do trânsito de armas e permitir a atribuição de responsabilidade pelo 
artefato; no segundo, para evitar a existência de armas irregulares circulando livremente em mãos 
impróprias, colocando em risco a população. 
2. Se o agente já procedeu ao registro da arma, a expiração do prazo é mera irregularidade administrativa 
que autoriza a apreensão do artefato e aplicação de multa. A conduta, no entanto, não caracteriza ilícito 
penal. 
3. Art. 16 do Estatuto do Desarmamento é norma penal em branco que delega à autoridade executiva definir 
o que é arma de uso restrito. 
A norma infralegal não pode, contudo, revogar direito previsto no art. 33, V, da Lei Complementar n. 35/1979 
- Lei Orgânica da Magistratura - e que implique ainda a criminalização da própria conduta. A referida 
prerrogativa não faz distinção do direito ao porte de arma e munições de uso permitido ou restrito, desde 
que com finalidade de defesa pessoal. 
4. Não se trata de hierarquia entre lei complementar e ordinária, mas de invasão de competência reservada 
àquela por força do art. 93 da Constituição de 1988, que prevê lei complementar para o Estatuto da 
Magistratura (art. 93). Conflito de normas que se resolve em favor da interpretação mais benéfica à 
abrangência da prerrogativa também em relação à munição de uso restrito. 
5. A Portaria do Comando do Exército n. 209/2014 autoriza membro do Ministério Público da União ou da 
magistratura a adquirir até duas armas de uso restrito (357 Magnum e ponto 40) sem mencionar armas e 
munições 9mm. É indiferente reconhecer abolitio criminis por analogia, diante de lei própria a conferir direito 
de porte aos magistrados. 
6. Denúncia julgada improcedente com fundamento no art. 386, III, do CPP. (APn 686/AP, Rel. Ministro JOÃO 
OTÁVIO DE NORONHA, CORTE ESPECIAL, julgado em 21/10/2015, DJe 29/10/2015) 
 OBS: Em prova objetiva é recomendável seguir a posição da Corte Especial do Superior Tribunal de 
Justiça. Todavia, nas fases subsequentes o candidato pode abordar a existência de divergência no próprio 
Superior Tribunal de Justiça. 
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 Elemento subjetivo do tipo penal: É o dolo, ou seja, vontade livre e consciente de praticar a conduta 
de possuir irregularmente arma de fogo de uso permitido. Não há a modalidade culposa (art. 18, §único, do 
Código Penal11) 
 Consumação: O delito de posse irregular de arma de fogo é consumado no momento em que a arma 
ingressa na residência ou local de trabalho. Estamos diante de um crime permanente, ou seja, cuja 
consumação se prolonga no tempo por vontade do agente. Logo, em razão disso, é possível a ocorrência da 
prisão em flagrante a qualquer momento (art. 303 do CPP12). 
 Tentativa: Inadmissível. Ou o agente possui ou não possui arma de fogo de uso permitido nos locais 
mencionados no art. 12 da Lei 10826/03. Ou o agente mantém a arma de fogo nos locais descritos no art. 12 
da Lei 10826/03 ou não mantém. 
 Arma de fogo e prova pericial: Se a arma de fogo for totalmente imprestável para efetuar disparos 
será considerada obsoleta. Nessa situação, o registro não é necessário e, por conseguinte, não há que se 
falar no crime delineado no art. 12 do Estatuto do Desarmamento (posse irregular de arma de fogo de uso 
permitido) e nem do art. 14 do mesmo diploma legal (porte irregular de arma de fogo). Será hipótese de 
crime impossível por absoluta ineficácia do meio (art. 17 do Código Penal13). Todavia, se a arma for 
relativamente imprestável para realizar disparos, o crime do art. 12 da Lei nº 10826/03 permanece intacto, 
pois é possível, em algumas circunstâncias, ter disparo com a referida arma. Essa é lição do professor 
Fernando Capez: Se a arma for totalmente inapta a efetuar disparos será considerada obsoleta, não havendo 
que falar em registro, e, por conseguinte, em violação à norma do art. 12 (ou, conforme o caso, do 14) da Lei. 
Sendo assim, a realização de prova pericial é imprescindível para aferir sua potencialidade lesiva. Sem a 
perícia, não será tecnicamente possível saber se era ou não arma de fogo. 
Arma totalmente inapta a disparar não é arma, caracterizando -se a hipótese de crime impossível pela 
ineficácia absoluta do meio. Fato atípico, portanto, nos termos do art. 17 do CP. Sendo evidente a inexistência 
do crime, em face da atipicidade da conduta, não poderá sequer ser instaurada a persecução penal. Deve-se 
ainda salientar que, sendo a arma eventualmente ineficaz (às vezes dispara, às vezes não), existirá crime, não 
havendo que falar em crime impossível. Convém notar que o CP, no art. 17, exige que a ineficácia seja 
 
 
11 Art. 18, §único, do CP: Salvo os casos expressos em lei, ninguém pode ser punido por fato previsto como crime, senão quando o 
pratica dolosamente. 
12 Art. 303 do CPP: Nas infrações permanentes, entende-se o agente em flagrante delito enquanto não cessar a permanência. 
13 Art. 17 do Código Penal: Não se pune a tentativa quando, por ineficácia absoluta do meio ou por absoluta impropriedade do 
objeto, é impossível consumar-se o crime. 
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absoluta, e não meramente relativa, pois adotou a teoria da objetividade temperada. Assim, se o sujeito tiver 
consigo arma que, na linguagem popular, ‘às vezes picota, às vezes funciona’, estará incurso nos crimes 
previstos nessa Lei”14. 
 Violência doméstica e posse irregular de arma de fogo de uso permitido: De acordo com o art. 22, 
I, da Lei 11340/0615, o agente que tiver arma de fogo registrada em sua residência pode ter esse registro 
suspenso pelo magistrado, caso pratique violência doméstica ou familiar contra a mulher. Lembre-se ainda 
que essa suspensão pode ser decretada de maneira cautelar, pois tem por finalidade proteger a mulher do 
perigo gerado pelo simples fato de o agente permanecer com arma em sua residência. Após a decisão judicial 
decretando tal suspensão se o agente mesmo assim mantiver arma de fogo em casa incorrerá no delito do 
art. 12 do Estatuto do Desarmamento. 
Abolitio criminis temporária. O art. 30 do Estatuto do Desarmamento (com a redação dada, 
sucessivamente, pelas Leis 10.884/2004, 11.118/2005 e 11.191/2005) concedeu prazo aos possuidores 
e proprietários de armas de fogo de uso permitido ou restrito ainda não registradas para que 
solicitassem o registro até 23 de outubro de 2005, mediante apresentação de nota fiscal ou outro 
comprovante de sua origem lícita, pelos meios de prova emdireito admitidos. A redação do art. 30 da 
lei 10826/0316 até o advento da Lei 11911/05 mencionava apenas arma de fogo, o que forçava 
concluir que tal dispositivo legal abrangia tanto as armas de fogo de uso permitido como 
também as armas de fogo de uso restrito. 
Posteriormente, o registro tardio de arma de fogo de uso permitido foi estendido até o dia 31 
de dezembro de 2.008 pela Lei 11.706/08 mas, depois, esse prazo foi prorrogado até 31 de dezembro 
de 2.009, conforme art. 20 da lei 11.922/2009. Dessa forma, em virtude de regularização do registro, 
doutrina e jurisprudência firmaram os seguintes posicionamento: 
 1) Os agentes que tenham sido flagrados desde a entrada em vigor do Estatuto do Desarmamento 
até 23 de outubro de 2005 com a posse de arma de fogo de uso restrito no interior da própria 
residência ou estabelecimento comercial, sem o respectivo registro, não podem ser punidas 
 
 
14 CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal. Legislação Penal Especial. Volume 4. São Paulo: Editora Saraiva, 2017, p. 373. 
15 Art. 22 da Lei 11340/06: Constatada a prática de violência doméstica e familiar contra a mulher, nos termos desta Lei, o juiz 
poderá aplicar, de imediato, ao agressor, em conjunto ou separadamente, as seguintes medidas protetivas de urgência, entre outras: 
I – suspensão da posse ou restrição do porte de armas, com comunicação ao órgão competente, nos termos da Lei 10826, de 22 de 
dezembro de 2003; 
16 Art. 30 da Lei 10826/03: Os possuidores e proprietários de arma de fogo de uso permitido ainda não registrada deverão solicitar 
seu registro até o dia 31 de dezembro de 2008, mediante apresentação de documento de identificação pessoal e comprovante de 
residência fixa, acompanhados de nota fiscal de compra ou comprovação da origem lícita da posse, pelos meios de prova admitidos 
em direito, ou declaração firmada na qual constem as características da arma e a sua condição de proprietário, ficando este dispensado 
do pagamento de taxas e do cumprimento das demais exigências constantes dos incisos I a III do caput do art. 4º desta Lei. (redação 
dada pela Lei 11.706/2008) 
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porque a boa-fé é presumida, de modo que se deve pressupor que iriam solicitar o registro da 
arma dentro do prazo. Estamos diante da denominada abolitio criminis temporária, também 
conhecida como vacatio legis indireta ou descriminalização temporária. A contar de 24 de outubro 
de 2005, as pessoas flagradas com a posse de arma de fogo de uso restrito ou proibido no 
interior de sua residência ou de seu estabelecimento comercial devem ser punidas como incursas 
no art. 16, caput, do Estatuto do Desarmamento. Aliás, no ponto, destaca-se a Súmula 513 
do Superior Tribunal de Justiça: 
 
 
 
 
OBS: O porte em via pública não foi abrangido por esses prazos (que se referem apenas à 
regularização do registro — que dá direito a ter a arma no interior da própria residência ou 
estabelecimento comercial), de modo que, desde a entrada em vigor do Estatuto do 
Desarmamento, a punição por porte ilegal já é possível. 
 2) As pessoas que tenham sido flagradas, desde a entrada em vigor do Estatuto do Desarmamento 
até a data de 31 de dezembro de 2009, com a posse de arma de uso permitido não podem ser 
punidas. Estamos diante da denominada abolitio criminis temporária, também conhecida como 
vacatio legis indireta ou descriminalização temporária. Se o fato tiver ocorrido a partir de 01 de 
janeiro de 2010, o agente responderá pela prática delitiva do art. 12 do Estatuto do 
Desarmamento. 
 
A abolitio criminis temporária não se refere ao porte de arma, mas tão somente à posse 
irregular de arma. 
Abolitio criminis de arma de fogo uso restrito - 2003 até 23 de outubro de 2005. 
Abolitio criminis de arma de fogo de uso permitido – 2003 até 31 de dezembro de 2009. 
 
Por oportuno, trago à lume um julgado do Superior Tribunal de Justiça que sintetiza muito bem 
a questão em apreço. 
 
PENAL E PROCESSO PENAL. AGRAVO REGIMENTAL 
NOS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO AGRAVO EM RECURSO 
ESPECIAL. POSSE ILEGAL DE ARMA DE FOGO DE USO 
RESTRITO. ABOLITIO CRIMINIS. 
Súmula 513 do STJ: A abolitio criminis temporária prevista na Lei n. 10.826/2003 aplica-se ao crime 
de posse de arma de fogo de uso permitido com numeração, marca ou qualquer outro sinal de 
identificação raspado, suprimido ou adulterado, praticado somente até 23/10/2005. 
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I - "É atípica a posse de arma de fogo, acessórios e munição, seja de uso permitido ou de uso 
restrito, incidindo a chamada abolitio criminis temporária nas duas hipóteses, se praticada no período 
compreendido entre 23 de dezembro de 2003 a 23 de outubro de 2005. Este termo final foi prorrogado 
até 31 de dezembro de 2008 somente para os possuidores de armamentos de uso permitido (artigo 12), 
nos termos da Medida Provisória 417 de 31 de janeiro de 2008, que estabeleceu nova redação aos artigos 
30 a 32 da Lei 10.826/2003, não mais albergando o delito previsto no artigo 16 do Estatuto - posse de 
arma de fogo, acessórios e munição de uso proibido ou restrito. Com a publicação da Lei 11.922, de 13 
de abril de 2009, o prazo previsto no artigo 30 do Estatuto do Desarmamento foi prorrogado para 31 de 
dezembro de 2009 no que se refere exclusivamente à posse de arma de uso permitido" (HC n. 
346.077/SP, Quinta Turma, Rel. Min. Jorge Mussi, DJe de 25/5/2016 - grifei). 
II - In casu, no conjunto de artefatos apreendidos, havia pelo menos uma arma de fogo de uso 
restrito que não foi alcançada pela prorrogação dos prazos contidos nos arts. 30 e 32 da Lei n. 
10.826/2003 dada pela medida provisória n. 419/2008. Desse modo, o termo final da abolitio criminis 
para armas de fogo de uso restrito continuou sendo 23/10/2005. Agravo regimental não provido. (AgRg 
nos EDcl no AREsp 995.154/SC, Rel. Ministro FELIX FISCHER, QUINTA TURMA, julgado em 22/08/2017, 
DJe 28/08/2017) 
 
 Arma de fogo levada a registro depois de superado o prazo legal para regularização: Se o 
proprietário da arma de fogo levá-la a registro fora do prazo à Delegacia não deve ser preso em flagrante 
delito, porquanto é manifesto a atipicidade da conduta ante a ausência de dolo. Sobremais, o delito em 
questão não prevê a modalidade culposa. Na espécie, resta evidente a boa-fé do agente, incompatível com 
o ânimo de praticar o tipo penal do art. 12 do Estatuto do Desarmamento. 
 Classificação do crime A posse irregular de arma de fogo de uso permitido (art.12 da Lei n. 
10.826/2003) é crime de perigo abstrato, dispensando-se prova de efetiva situação de risco ao bem jurídico 
tutelado. É ainda um crime de mera conduta, pois a consumação se perfaz com a prática da conduta, 
independentemente da produção de qualquer resultado naturalístico. E também um delito permanente (aquele 
em que a consumação se protrai no tempo por vontade do agente). 
 Cabimento de pena restritiva de direitos: O delito de posse irregular de arma de fogo de uso 
permitido por ser cometido sem violência ou grave ameaça e, levando em conta o quantum de sua pena, admite 
a substituição da pena privativa de liberdade por restritivas de direitos, se preenchidos os demais requisitos do 
art. 44 do Código Penal. 
 Cabimento de sursis processual: Como se vê, a pena mínima cominada a esse delito não é superior 
a 1 ano. Logo, é admissível a suspensão condicional do processo (art. 89 da Lei 9099/95). 
 
Ivan Luís Marques da Silva, Vitor De Luca
Aula 02
Legislação Penal e Processual Especial p/ PC-PR (Delegado) - 2019.2

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