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Material Apoio / Tópicos Integradores I – 2020.1 Professor Esp. Itamar José Fernandes - itamarjf@unipam.edu.br FUNDAMENTOS DE DIREITO ELEITORAL Caro(a) aluno(a), O presente material, tipo roteiro, foi desenvolvido com o objetivo de apoiar e orientar o estudo dos “Fundamentos de Direito Eleitoral”, dentro da Disciplina Tópicos Integradores I e serve como ponto de partida para a compreensão deste importante ramo do conhecimento, inclusive na sistemática de aula online orientada, ante a situação excepcional de pandemia do Novo Coronavírus (Covid-19). Ademais, neste ano de 2020 temos previsão de eleições municipais (04 de outubro), em que quase 147 milhões de eleitores brasileiros irão às urnas para escolher os novos prefeitos, vice-prefeitos e vereadores de suas cidades, sempre é oportuno para refletir e revisitar o tema. Finalmente, considerando que não há democracia sem participação e que o conhecimento é fator preponderante na legitimação da cidadania democrática, justifica-se o estudo neste momento. Bons estudos! Cuidem-se! Aula I: Compreensão dos Direitos Políticos e do Direito Eleitoral Direito Eleitoral: um dos mais importantes ramos do Direito Apesar da pouca racionalidade, organização, método, emaranhado da legislação vigente, casuísmo de introdução de novas regras no sistema, cópia de regras caducas (o Código Eleitoral é de 1965 - Lei nº 4.737, de 15 de julho de 1965) e constante mutação da realidade em que incide (espaço político), o Eleitoral é um ramo essencial à concretização do regime democrático, da soberania popular, da cidadania e dos direitos políticos e, sobretudo, para legitimar o exercício do poder. Direitos Políticos, Direitos Humanos, Direitos Fundamentais e privação de direitos políticos - Direitos Políticos ou Cívicos: constituem as prerrogativas e os deveres inerentes à cidadania (as diversas manifestações da soberania popular). Englobam o direito de participar direta ou indiretamente do governo, da organização e do funcionamento do Estado. Os direitos políticos ligam-se à ideia de democracia, que, atualmente, figura nos tratados internacionais como direito humano fundamental. Os direitos políticos figuram na primeira geração/dimensão dos direitos humanos. A participação do cidadão no governo de seu país, constitui a afirmação do direito à democracia como direito humano. - Direitos Humanos é expressão mais ampla, de matriz universalista, sendo corrente nos textos internacionais, ao passo que a expressão Direitos Fundamentais liga-se a ideia dos direitos objetivamente vigentes em uma ordem concreta (textos constitucionais). - Os direitos políticos situam-se entre os direitos fundamentais, conforme se vê do Título II da Constituição Federal de 1988 “Dos Direitos e Garantias Fundamentais”, abrange quatro esferas de direitos fundamentais: (i) direitos e deveres individuais e coletivos (art.5º); (ii) direitos sociais (art. 6º a 11); (iii) nacionalidade (art. 12 e 13); (iv) direitos políticos (arts. 14 a 17). O art. 15 da CF dispõe que é vedada a cassação de direitos políticos, cuja perda ou suspensão só se dará nos casos de: I – cancelamento da naturalização por sentença transitada em julgado; II – incapacidade civil absoluta; III – condenação criminal transitada em julgado, enquanto durarem seus efeitos; IV – recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou prestação alternativa, nos termos do art. 5º VIII; V – improbidade administrativa, nos termos do art. 37, § 4º. Cassar – desfazer ou desconstituir ato perfeito, anteriormente praticado, retirando-lhe a existência e, pois, a eficácia. Perder – privação permanente, embora se possa recuperar o que se perdeu (só se perde o que se tem). Suspensão – privação temporária. Só pode ser suspenso algo que já existia e estava em curso. Impedimento – obstáculo à aquisição dos direitos políticos, de maneira que a pessoa não chega a alcança-los enquanto não removido o óbice (exemplo, quando o absolutamente incapaz portar anomalia congênita, permanecendo nesse estado até atingir a idade adulta). Atividade 1: Conforme se verificou no material de apoio, a Constituição Federal (art. 15) veda a cassação de direitos políticos, cuja perda ou suspensão só se dará nos casos previstos na Constituição. Pesquise e cite exemplos de consequências da perda ou suspensão de direitos políticos: Conceito, microssistema, fontes do Direito Eleitoral Direito Eleitoral é o ramo do Direito Público cujo objeto são os institutos, as normas e os procedimentos que regulam o exercício do direito fundamental de sufrágio com vistas à concretização da soberania popular, à validação da ocupação dos cargos políticos e à legitimação do exercício do poder estatal (José Jairo Gomes, 2016, p. 25). Microssistema eleitoral abrange toda a matéria ligada ao exercício de direitos políticos e organização das eleições. Enfeixa princípios, normas e regras atinentes a vários ramos do Direito, como constitucional, administrativo, penal, processual penal, processual civil (caráter multifacetado). Há, ainda, vários conceitos indeterminados. Principais fontes: - Constituição Federal; - Código Eleitoral (Lei nº 4.737/65); - Lei de Inelegibilidades (LC 64/90); - Lei Orgânica dos Partidos Políticos - LOPP (Lei nº 9.096/95); - Lei das Eleições (Lei nº 9.504/97); - Resoluções do TSE – atende caráter regulamentar e sem restringir direitos ou estabelecer sanções distintas das prevista em lei (art. 105 da Lei 9.504/97). - Consulta – quando respondida pelos Tribunais, configura orientações sem força executiva/vinculante. - Decisões da Justiça Eleitoral – jurisprudência, em especial do TSE, sem nota de generalidade. Obs.: Sendo o Direito Eleitoral ligado ao Direito Público, suas normas são de natureza cogentes ou imperativas, insuscetíveis de ser alteradas pela vontade de particulares, de pessoas ou entidades envolvidas no processo eleitoral. Tanto é assim, que é tida como inidôneos acordos, termo ou compromisso de ajustamento de conduta que limite direitos e prerrogativas previstos em lei eleitoral, ainda que firmados na presença do Ministério Público e do Juiz Eleitoral – TSE – Respe 32231/RN. Informações sobre as eleições de 2020 (TSE), inclusive normas e documentações: http://www.justicaeleitoral.jus.br/eleicoes/ Princípios Fundamentais de Direito Eleitoral Democracia, democracia representativa; Estado Democrático de Direito; soberania popular; republicano; federativo; sufrágio universal; legitimidade; moralidade; probidade; igualdade ou isonomia, etc. Aula II: A Justiça Eleitoral e o Ministério Público Eleitoral no Brasil Justiça Eleitoral: Sistemas, Base Constitucional, Funções, Estrutura e Divisão Geográfica - Sistema Legislativo - de controle das eleições e investidura em mandatos eletivos vigorou até o fim da república velha (Constituições de 1824 e de 1891). - Sistema Jurisdicional - foi instituído pelo Decreto nº 21.076/1932 (1º Código Eleitoral), nos albores da Era Vargas, com a criação da Justiça Eleitoral (Poder Judiciário), como instituição independente e especializada, isto é, voltada exclusivamente para o controle e a organização das eleições. - Base Constitucional – foi constitucionalizada em 1934, extinta em 1937, restabelecida com a Lei Agamenon Magalhães (Decreto-Lei 7.586/1945) e com status constitucional em 1946, preservada em 1967 e em 1988. - Natureza Jurídica – é federal, mantida pela União, apesar de não ter corpo próprio e independente de juízes. A investidura é temporária (2 anos, no mínimo, e nunca por mais de dois biênios consecutivos - § 1º, art. 121, CF/88). - Funções primordiais – administrativa/executiva (preparação, organização e administração do processo eleitoral - art. 41, § 2º da Lei 9.504/97 c.c art. 78 do Código Tributário Nacional - CTN), jurisdicional (resolução das lides eleitorais antes, durante e depois do “processo eleitoral”[footnoteRef:1]), normativa/legislativa (edita resoluções/instruções - art. 1º, parágrafo único e art. 23, IX do Código Eleitoral e art. 105, caput, da Lei 9.504/97) e consultiva(o TSE e os TRE’s respondem consultas formuladas em tese, em abstrato - arts. 23, XII e 30, VIII, do Código Eleitoral). [1: Fases do processo eleitoral: alistamento eleitoral; convenções partidárias para escolha de candidatos; registro de candidaturas; propaganda política; votação e apuração de votos; proclamação dos eleitos e diplomação.] - Órgãos e composição da Justiça Eleitoral – TSE (órgão de cúpula da Justiça Eleitoral – 7 membros), TREs (1 em cada capital e no DF – 7 membros), Juízes Eleitorais (juízes de direito estaduais que acumula as funções de juiz eleitoral) e Juntas Eleitorais (juiz de direito e de 2 ou 4 cidadãos de notória idoneidade – expedir diplomas nas eleições municipais). Previsão legal: arts. 92, V; 118 a 121 da CF/88 e arts. 12 a 41 da Lei nº 4.737/1965 - Código Eleitoral e Resolução do TSE 21.009/02. Composição do TSE – abril de 2020[footnoteRef:2]. [2: http://www.tse.jus.br/o-tse/ministros/apresentacao] Ministros efetivos Origem Início Término Biênio Rosa Maria Pires Weber (Presidente) STF 25.5.2018 25.5.2020 2º Luís Roberto Barroso (Vice-Presidente) STF 28.2.2020 28.2.2022 2º Luiz Edson Fachin STF 16.8.2018 16.8.2020 1º Geraldo Og Nicéas Marques Fernandes (Corregedor) STJ 24.10.2019 30.8.2020 1º Luis Felipe Salomão STJ 29.10.2019 29.10.2021 1º Tarcisio Vieira de Carvalho Neto JURI 10.5.2019 10.5.2021 2º Sérgio Silveira Banhos JURI 16.5.2019 16.5.2021 1º Ministros substitutos Origem Início Término Biênio Alexandre de Moraes STF 26.4.2019 26.4.2021 2º Marco Aurélio Mendes de Farias Mello STF 26.6.2018 26.6.2020 1º Enrique Ricardo Lewandowski STF 25.9.2018 25.9.2020 1º Mauro Luiz Campbell Marques STJ 30.8.2018 30.8.2020 1º Benedito Gonçalves STJ 26.11.2019 26.11.2021 1º Carlos Mário da Silva Velloso Filho JURI 1º.8.2019 1º.8.2021 1º Carlos Bastide Horbach JURI 18.12.2019 18.12.2021 2º Composição do TRE/MG – Março de 2020[footnoteRef:3]. [3: http://www.tre-mg.jus.br/o-tre/conheca-o-tre/composicao/copy_of_composicao ] Desembargador Presidente Rogério Medeiros Garcia de Lima 21/06/2018 21/06/2020 1º Desembargador Vice-Presidente e Corregedor Regional Eleitoral Alexandre Victor de Carvalho 18/06/2019 18/06/2021 1º Juiz de Federal Itelmar Raydan Evangelista 02/10/2019 02/10/2021 1º Juiz de Direito Nicolau Lupianhes Neto 23/07/2018 23/07/2020 1º Juiz de Direito Cláudia Aparecida Coimbra Alves 29/04/2019 29/04/2021 1º Jurista Marcelo Vaz Bueno 05/06/2019 05/06/2021 1º Jurista Cargo vago *** *** - Divisão Geográfica da Justiça Eleitoral – Segue peculiar divisão interna: Circunscrição Eleitoral (território de realização do pleito: eleições municipais – o município; eleições gerais – o Estado e o DF; eleições presidenciais – o território nacional), Zona Eleitoral (espaço territorial sob a jurisdição do juiz eleitoral) e Seção Eleitoral (subdivisão da ZE – onde os eleitores são inscritos e comparecem para votar). Material apoio: Vídeo 1: Evolução da Justiça Eleitoral (documentário – TSE - 2011) https://www.youtube.com/watch?v=VpHCJx7EYn4 Vídeo 2: Justiça Eleitoral do Brasil – Bieje – Edição 2017 nº 4 – O Ministro do TSE Tarcísio Vieira de Carvalho. http://www.tse.jus.br/o-tse/escola-judiciaria-eleitoral/bieje-1/galeria-de-videos-bieje#galeria-link-67 Aula III: Ministério Público Eleitoral e Sistemas Eleitorais Ministério Público Eleitoral – Ministério Público da União (art. 128, CF/88): Procurador-Geral Eleitoral é o Procurador-Geral da República, atua perante o TSE; Procurador-Regional Eleitoral, designado dentre Procuradores Regionais da República, atua perante os TREs; Promotores Eleitorais, designados dentre Promotores de Justiça, atuam na primeira instância, isto é, perante o juízo incumbido do serviço em cada zona eleitoral e junta eleitoral (princípio da delegação). Os que ingressaram na carreira após EC 45/04, são impedidos de exercer atividade político-partidária. Sistemas Eleitorais – Sistema Eleitoral é o complexo de procedimentos empregados na realização das eleições, ensejando a representação do povo no poder estatal. O Direito Eleitoral conhece três sistemas tradicionais: a) majoritário (adotado no Brasil nas eleições para a chefia do Poder Executivo – Presidente, Governador, Prefeito e respectivos vices; Senador e respectivos suplentes - arts. 28, 29, II, 32, § 2º, 46 e 77, § 2º da CF), b) proporcional (adotado no Brasil nas eleições para as Casas Legislativas: Câmara de Deputados, Assembleias Legislativas e Câmara de Vereadores - arts. 27, § 1º; 29, IV; 32, § 3º e 45, da CF e arts. 106 a 112 do Código Eleitoral) e o c) misto (não adotado no Brasil, mas se dá pela combinação de elementos dos dois outros sistemas e tem em vista as eleições para o parlamento. Neste a circunscrição eleitoral é dividida em distritos e cogita-se em adotar três procedimentos: lista fechada, flexível e aberta. Aula IV: Alistamento, Domicílio Eleitoral, Elegibilidade, Inelegibilidade e Incompatibilidade. - Alistamento – procedimento administrativo-eleitoral pelo qual se qualificam e se inscrevem os eleitores (forma o corpo de eleitores). Constitui pressuposto objetivo da cidadania (exercício dos direitos políticos e concretização da soberania popular). A CF distingue três situações: a) alistamento obrigatório (maiores de 18 e menores de 70 anos), b) alistamento facultativo (analfabetos, maiores de 16 e menores de 18 anos, maiores de 70 anos) e c) casos de inalistabilidade (os estrangeiros, os conscritos e os apátridas). - Domicílio Eleitoral – o lugar que o eleitor mantiver vínculo familiar, econômico, social ou político; Revisão - mudança de zona eleitoral dentro do mesmo município; Transferência – implica renovação do processo administrativo-eleitoral de alistamento, em razão de mudança de domicílio eleitoral e na expedição de novo título, mantendo-se, porém, o número originário da inscrição; Cancelamento e exclusão – a) infrações às regras relativas ao domicilio eleitoral, b) suspensão ou perda dos direitos políticos, c) pluralidade de inscrição, d) falecimento do eleitor, e) deixar de votar, injustificadamente, em três eleições consecutivas; Revisão eleitoral – procedimento administrativo utilizado para verificar se os eleitores que figuram no cadastro eleitoral de determinada zona ou município encontram-se efetivamente neles domiciliados, culminando, ao final, com o cancelamento das inscrições irregulares e daquelas cujos eleitores não tenham comparecido. - Condições de Elegibilidade – requisitos positivos e essenciais para que se possa exercer a cidadania passiva (ser candidato). Estão previstos no art. 14, § 3º da CF/88: a) nacionalidade brasileira, b) pleno exercício dos direitos políticos; c) alistamento eleitoral, d) domicílio eleitoral na circunscrição do pleito (6 meses antes do pleito, LE, art. 9º), e ) filiação partidária (6 meses antes do pleito), f) idade mínima (35 anos para Presidente, Vice-Presidente da República e Senador; 30 anos para Governador e Vice-Governador de Estado e do Distrito Federal; 21 anos para Prefeito, Vice-Prefeito, Deputados e juiz de paz; 18 anos para Vereador, este na data do pedido de registro e os demais na data da posse). - Causas de inelegibilidade – causas negativas específicas que obstrui a capacidade eleitoral passiva (impede ser candidato). São inelegíveis: a) os inalistáveis, b) os analfabetos, c) no território de jurisdição do titular, o cônjuge e os parentes consanguíneos ou afins, até o segundo grau ou por adoção, do presidente da República, de governador de Estado ou do Distrito Federal, de prefeito ou de quem os haja substituído dentro dos seis meses anteriores ao pleito, salvo se já titular de mandato eletivo e candidato à reeleição: 1. Por consanguinidade a) pais (1º grau) b) avós (2º grau) c) filhos (1º grau) d) netos (2º grau) 2. Por colateralidades a) irmãos (2º grau) 3. Por afinidade a) pais da esposa, ou da companheira ou da união homoafetiva(1º grau). b) avós da esposa, ou da companheira ou da união homoafetiva (2º grau). c) filhos da esposa (da companheira ou da união homoafetiva) originários de outro casamento (1º grau). d) netos da esposa (da companheira ou da união homoafetiva) originários de outro casamento (2º grau). e) noras e/ou genros do casamento, da união estável ou homoafetiva (1º grau). f) irmãos da esposa, ou da companheira, ou da união homoafetiva – leia-se cunhados (2º grau). g) concubina ou união homoafetiva. 4. Por adoção a) filhos adotivos (*para alguns, inclusive filhos de criação). d) os que se enquadrarem nas hipóteses previstas na Lei Complementar nº 64/1990. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/LCP/Lcp64.htm Material de apoio: Vídeo 8 – EJE – Lei da Ficha Limpa: http://www.tse.jus.br/o-tse/escola-judiciaria-eleitoral/bieje-1/galeria-de-videos-bieje#galeria-link-60 - Incompatibilidade – impedimento decorrente do exercício de determinados cargos, empregos ou funções públicas. Desincompatibilização é a forma de superar a inelegibilidade suscitada, afastando-se, temporária ou definitivamente, do cargo, emprego ou função. Não havendo o afastamento, incidirá a inelegibilidade. Visa preservar os desígnios da administração, o equilíbrio e a legitimidade da eleição. http://www.tre-mg.jus.br/jurisprudencia/prazos-de-desincompatibilizacao/prazos-de-desincompatibilizacao http://www.tse.jus.br/eleicoes/desincompatibilizacao/desincompatibilizacao Aula V: Partido Político, Convenção, Coligação, Registro e Impugnação do Registro de Candidatura. - Partido Político – entidade formada pela livre associação de pessoas, cujas finalidades são assegurar, no interesse do regime democrático, a autenticidade do sistema representativo, e defender os direitos humanos fundamentais. Possui natureza de pessoa jurídica de direito privado (art. 44, V, CC), devendo seu estatuto ser registrado no Serviço de Registro Civil de Pessoas Jurídicas da Capital Federal e depois no Tribunal Superior Eleitoral (Art. 17, CF e Lei 9.096/95 – LOPP). Detém o controle e o monopólio das candidaturas. Regem-se por dois princípios fundamentais: a liberdade de organização partidária e a fidelidade partidária. - Convenção Partidária – reunião ou assembleia formada pelos filiados a um partido político – denominados convencionais – cuja finalidade é a escolha de pré-candidatos pelos partidos e a deliberação sobre coligações a cada pleito. Deve ser realizada entre 20 de julho a 5 de agosto do ano que se realizar a eleição, obedecidas as normas estabelecidas no estatuto partidário, lavrando-se a respectiva ata e a lista de presença em livro aberto e rubricado pela Justiça Eleitoral e, posteriormente, levada a registro na Justiça Eleitoral (arts. 7º e 8º da Lei 9.504/1997. Faculta o uso gratuito de prédios públicos, responsabilizando-se por eventuais danos. A convocação normalmente é feita por edital, com prazo razoável. O órgão de direção nacional (superior) pode anular a deliberação e os atos decorrentes de convenções de nível inferior que se opuser às diretrizes legitimamente estabelecidas por aquele. Prévias eleitorais – pesquisas de opinião realizadas no âmbito interno do partido com a finalidade se colherem informações a indicar rumos e conferir maior segurança às deliberações a serem realizadas nas convenções. - Coligação Partidária – Consórcio de partidos formado com o propósito de atuação conjunta e cooperativa na disputa eleitoral. É facultado aos partidos, dentro da mesma circunscrição, celebrar coligações para eleição majoritária, proporcional, ou para ambas, podendo, neste último caso, forma-se mais de uma coligação para a eleição proporcional dentre os partidos que integram a coligação para o pleito majoritário (art. 6º da Lei 9.504/1997). Terá denominação própria, prerrogativas e obrigações de partido político no processo eleitoral, devendo designar um representante e/ou até 3 delegados junto a Justiça Eleitoral. Atenção: Ver EC/97. A partir das eleições de 2020 é vedada coligações para eleições proporcionais. - Registro de Candidatura – trata-se de processo instaurado para verificar se o pré-candidato indicado na convenção partidária reúne as condições de elegibilidade, não incide em causa de inelegibilidades ou impedimentos e logre o atendimento de outros pressupostos/requisitos formais (de registrabilidade). Ver: Resolução nº 23.609, de 18 de dezembro de 2019. Dispõe sobre a escolha e o registro de candidatos para as eleições. Disponível em < http://www.tse.jus.br/legislacao/compilada/res/2019/resolucao-no-23-609-de-18-de-dezembro-de-2019 > março 2020. Art. 16. Cada partido político ou coligação poderá requerer registro de (Código Eleitoral, art. 91, caput e § 1º): ... IV - um candidato a prefeito com seu respectivo vice. Art. 17. Cada partido político poderá registrar candidatos para a Câmara dos Deputados, a Câmara Legislativa, as Assembleias Legislativas e as Câmaras Municipais, no total de até 150% (cento e cinquenta por cento) do número de lugares a preencher, salvo nas unidades da Federação em que o número de lugares a preencher para a Câmara dos Deputados não exceder a 12 (doze), para as quais cada partido político poderá registrar candidatos a deputado federal e a deputado estadual ou distrital no total de até 200% (duzentos por cento) das respectivas vagas (Lei nº 9.504/1997, art. 10, caput e inciso II). Prazo – até às 19 horas do dia 15 de agosto do ano da eleição (art. 19 da Res. TSE 23.609/2019). Vagas por sexo – Do total das vagas efetivamente requeridas, observar o mínimo de 30% e o máximo de 70% para candidaturas de cada gênero, inclusive nas vagas remanescentes ou de substituição. Forma – o pedido de registro deve ser gerado obrigatoriamente em meio digital e impresso pelo Sistema de Candidaturas Módulo Externo (CANDex), desenvolvido pelo TSE, que pode gerar os seguintes formulários: a) Demonstrativo de Regularidade de Atos Partidários (DRAP); b) Requerimento de Registro de Candidatura (RRC) e c) Requerimento de Registro de Candidatura Individual (RRCI). Observações - A quitação eleitoral abrangerá exclusivamente a plenitude do gozo dos direitos políticos, o regular exercício do voto, o atendimento a convocações da Justiça Eleitoral para auxiliar os trabalhos relativos ao pleito, a inexistência de multas aplicadas em caráter definitivo pela Justiça Eleitoral e não remitidas e a apresentação de contas de campanha eleitoral (Lei nº 9.504/1997, art. 11, § 7º). Do rito (processamento) e impugnação do pedido de registro de candidatura – pedido de registro de candidatura (15 de agosto, até as 19 h) – publicação de edital – (impugnação via AIRC em 5 dias) - diligências (72 h) – decisão (3 dias depois das diligências) – recurso ao TSE (3 dias) – recurso ao STF (3 dias). Legitimidade para a AIRC: o candidato, o partido político, à coligação ou ao Ministério Público Eleitoral. Notícia de inelegibilidade: qualquer cidadão no gozo dos direitos políticos poderá dar notícia de inelegibilidade ao Juízo Eleitoral competente, mediante petição fundamentada, apresentada em duas vias. Candidato sub judice – o candidato cujo registro esteja sub judice poderá e efetuar todos os atos relativos à campanha eleitoral, inclusive utilizar o horário eleitoral gratuito no rádio e na televisão e ter seu nome mantido na urna eletrônica enquanto estiver sob essa condição. Convicção pela livre apreciação da prova - o Juiz Eleitoral formará sua convicção pela livre apreciação da prova, atendendo aos fatos e às circunstâncias constantes dos autos, ainda que não alegados pelas partes, mencionando, na decisão, os que motivaram seu convencimento (LC 64/1990, art. 7º, parágrafo único). Crime eleitoral - constitui crime eleitoral a arguição de inelegibilidade ou a impugnação de registro de candidato feita por interferência do poder econômico, desvio ou abuso do poder de autoridade, deduzida de forma temerária ou de manifesta má-fé, incorrendo os infratores na pena de detenção de seis meses a dois anos e multa (LC 64/1990, art. 25). Aula VI: Propagandapolítico-eleitoral (Resolução do TSE nº 23.610/2019[footnoteRef:4]), Arrecadação, gastos de recursos por partidos políticos e candidatos e prestação de contas nas eleições (Resolução do TSE 23.607/2019)[footnoteRef:5] [4: http://www.tse.jus.br/legislacao/compilada/res/2019/resolucao-no-23-610-de-18-de-dezembro-de-2019] [5: http://www.tse.jus.br/legislacao/compilada/res/2019/resolucao-no-23-607-de-17-de-dezembro-de-2019 ] Princípios – legalidade, liberdade, veracidade, igualdade, responsabilidade e controle judicial. Espécies – propaganda partidária (vedada no segundo semestre do ano da eleição – ideologia partidária- obs.: a partir de 2018 foi revogada), propaganda intrapartidária (é permitida na quinzena anterior a escolha pelo partido - convenções), propaganda eleitoral (permitida a partir de 16 de agosto do ano da eleição) e publicidade institucional (campanha de órgãos públicos – caráter informativo, educativo e de orientação social – art. 37, § 1º da CF). - Obs.: a propaganda intrapartidária visa à indicação do nome do postulante à candidatura a cargo eletivo, inclusive mediante a fixação de faixas e cartazes em local próximo da convenção, com mensagem aos convencionais, vedado o uso de rádio, de televisão e de outdoor (Lei nº 9.504/1997, art. 36, § 1º). Propaganda eleitoral extemporânea ou antecipada – realizada fora do período permitido para a propaganda eleitoral (art. 36, LE). Exceção – pode haver menção à pretensa candidatura, a exaltação das qualidades pessoais dos pré-candidatos, desde que não envolvam pedido explícito de voto (art. 36-A, da LE). Ver: Resolução nº 23.610, de 18 de dezembro de 2019. Dispõe sobre a propaganda eleitoral, utilização e geração do horário gratuito e condutas ilícitas em campanha eleitoral nas eleições. Disponível em < http://www.tse.jus.br/legislacao/compilada/res/2019/resolucao-no-23-610-de-18-de-dezembro-de-2019 > acesso março 2020. ---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- Arrecadação e Origens dos Recursos destinados às campanhas eleitorais – Resolução TSE 23.607/2019: Art. 15. Os recursos destinados às campanhas eleitorais, respeitados os limites previstos, somente são admitidos quando provenientes de: I - recursos próprios dos candidatos; II - doações financeiras ou estimáveis em dinheiro de pessoas físicas; III - doações de outros partidos políticos e de outros candidatos; IV - comercialização de bens e/ou serviços ou promoção de eventos de arrecadação realizados diretamente pelo candidato ou pelo partido político; V - recursos próprios dos partidos políticos, desde que identificada a sua origem e que sejam provenientes: a) do Fundo Partidário, de que trata o art. 38 da Lei nº 9.096/1995; b) do Fundo Especial de Financiamento de Campanha (FEFC); c) de doações de pessoas físicas efetuadas aos partidos políticos; d) de contribuição dos seus filiados; e) da comercialização de bens, serviços ou promoção de eventos de arrecadação; f) de rendimentos decorrentes da locação de bens próprios dos partidos políticos; VI - rendimentos gerados pela aplicação de suas disponibilidades. § 1º Os rendimentos financeiros e os recursos obtidos com a alienação de bens têm a mesma natureza dos recursos investidos ou utilizados para sua aquisição e devem ser creditados na conta bancária na qual os recursos financeiros foram aplicados ou utilizados para aquisição do bem. § 2º O partido político não poderá transferir para o candidato ou utilizar, direta ou indiretamente, nas campanhas eleitorais, recursos que tenham sido doados por pessoas jurídicas, ainda que em exercícios anteriores (STF, ADI nº 4.650). Aula VII: Processo contencioso eleitoral - Ações Judiciais Eleitorais Representações, reclamações e pedido de resposta previstos na Lei nº 9.504/1997 para as eleições de 2020 BRASIL. Tribunal Superior Eleitoral. Resolução nº 23.608, de 18 de dezembro de 2019. Dispõe sobre representações, reclamações e pedido de resposta previstos na Lei nº 9.504/1997 para as eleições. Disponível em < http://www.tse.jus.br/legislacao/compilada/res/2019/resolucao-no-23-608-de-18-de-dezembro-de-2019 > acesso março 2020. Nome da ação Fundamento legal Objeto Bem tutelado AIJE por abuso de poder LC nº 64/90, arts. 1º, I, d e h, 19 e 22, XIV. Cassação de registro ou diploma e inelegibilidade por 8 anos. Legitimidade, normalidade e sinceridade das eleições. Ação por captação ou uso ilícito de recurso para fins eleitorais LE, art. 30-A, LC nº 64/90, art. 1º, I, j. Negação de diploma ou sua cassação e inelegibilidade por 8 anos. Higidez da campanha e igualdade na disputa. Ação por captação ilícita de sufrágio LE, art. 41-A, LC nº 64/90, art. I, j. Cassação de registro ou diploma, multa e inelegibilidade por 8 anos. Liberdade do eleitor. Ação por conduta vedada LE, arts. 73, 74, 75, 77, LC nº 64/90, art. 1º, I, j. Cassação de registro ou diploma, multa e inelegibilidade por 8 anos. Igualdade na disputa e moralidade administrativa. AIME (Ação de Impugnação de Mandato Eletivo) Art. 14, §§ 10 e 11 da CF. Cassação do mandato eletivo (obtido com abuso de poder econômico, corrupção e fraude). Tutelar a cidadania, a lisura, o equilíbrio e a legitimidade da representação política. RCED (Recurso = Ação Contra Expedição de Diploma) Art. 262 da LC nº 64/90. Cassação do diploma do eleito. Tutelar a cidadania, a lisura, o equilíbrio e a legitimidade da representação política. Diplomação Constitui a derradeira fase do processo eleitoral em que são sacramentados os resultados das eleições. Trata-se de ato formal, pelo qual os eleitos são oficialmente credenciados e habilitados a se investirem nos mandatos políticos-eletivos para os quais foram escolhidos. A posse e o exercício nos cargos se dão posteriormente, fugindo da alçada da Justiça Eleitoral. Referências GOMES, José Jairo. Direito Eleitoral. 12ª ed. São Paulo: Atlas. NICOLAU. Jairo Marconi. Sistemas Eleitorais. 6ª Ed. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2012. RAMAYANA, Marcos. Direito eleitoral. 8.ed. Niterói, RJ: Impetus, 2008. 831 p ISBN 978-85-7626-274-9. VELOSSO, Carlos Mário da Silva. Elementos de Direito Eleitoral. 6ª Ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2018, 2ª Tiragem 2019. BRASIL. Lei nº 4.737, de 15 de julho de 1965. Código Eleitoral. Legislação Federal. Disponível em < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis//L4737.htm > acesso março 2020. BRASIL. Lei Complementar nº 64, de 18 de maio de 1990. Lei de Inelegibilidades. Legislação Federal. Disponível em < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/LCP/Lcp64.htm > acesso março 2020. BRASIL. Lei nº 9.504, de 30 de Setembro de 1997. Lei das Eleições. Legislação Federal. Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9504.htm >acesso março 2020. BRASIL. Lei nº 9.096, de 19 de Setembro de 1995. Lei dos Partidos Políticos. Legislação Federal. Disponível em < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9096.htm > acesso março 2020. BRASIL. Lei nº 13.165, de 29 de setembro de 2015. Lei da Reforma Eleitoral. Legislação Federal. Disponível em < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13165.htm > acesso março 2020. BRASIL. Emenda Constitucional 97, de 4 de outubro de 2017. Lei da Reforma Eleitoral. Legislação Federal. Disponível em < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/emendas/emc/emc97.htm > acesso março 2020. BRASIL. Lei nº 13.487, de 6 de outubro de 2017. Lei da Reforma Eleitoral. Legislação Federal. Disponível em < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2017/lei/L13487.htm> acesso março 2020. BRASIL. Lei nº 13.488, de 6 de outubro de 2017. Reforma Eleitoral. Legislação Federal. Disponível em < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2017/lei/L13488.htm > acesso março 2020. BRASIL. Lei nº 13.877, de 27 de setembro de 2019. Altera as Leis nos 9.096, de 19 de setembro de 1995, 9.504, de 30 setembro de 1997, 4.737, de 15 de julho de 1965 (Código Eleitoral), 13.831, de 17 de maio de 2019, e a Consolidaçãodas Leis do Trabalho, aprovada pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943, para dispor sobre regras aplicadas às eleições; revoga dispositivo da Lei nº 13.488, de 6 de outubro de 2017; e dá outras providências. Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13877.htm#art2> acesso março 2020. BRASIL. Tribunal Superior Eleitoral. Resolução nº 23.600, de 12 de dezembro de 2019. Dispõe pesquisas eleitorais. Disponível em < http://www.tse.jus.br/legislacao/compilada/res/2019/resolucao-no-23-600-de-12-de-dezembro-de-2019 > acesso março 2020. BRASIL. Tribunal Superior Eleitoral. Resolução nº 23.606, de 18 de dezembro de 2019. Dispõe sobre o calendário eleitoral (2020). Disponível em <http://www.tse.jus.br/legislacao/compilada/res/2019/resolucao-no-23-606-de-17-de-dezembro-de-2019> acesso março 2020. BRASIL. Tribunal Superior Eleitoral. Resolução nº 23.607, de 18 de dezembro de 2019. Dispõe sobre a arrecadação e os gastos de recursos por partidos políticos e candidatos e sobre a prestação de contas nas eleições. Disponível em < http://www.tse.jus.br/legislacao/compilada/res/2019/resolucao-no-23-607-de-17-de-dezembro-de-2019 > acesso março 2020. BRASIL. Tribunal Superior Eleitoral. Resolução nº 23.608, de 18 de dezembro de 2019. Dispõe sobre representações, reclamações e pedido de resposta previstos na Lei nº 9.504/1997 para as eleições. Disponível em < http://www.tse.jus.br/legislacao/compilada/res/2019/resolucao-no-23-608-de-18-de-dezembro-de-2019> acesso março 2020. BRASIL. Tribunal Superior Eleitoral. Resolução nº 23.609, de 18 de dezembro de 2019. Dispõe sobre a escolha e o registro de candidatos para as eleições. Disponível em < http://www.tse.jus.br/legislacao/compilada/res/2019/resolucao-no-23-609-de-18-de-dezembro-de-2019 > março 2020. BRASIL. Tribunal Superior Eleitoral. Resolução nº 23.610, de 18 de dezembro de 2019. Dispõe sobre a propaganda eleitoral, utilização e geração do horário gratuito e condutas ilícitas em campanha eleitoral nas eleições. Disponível em < http://www.tse.jus.br/legislacao/compilada/res/2019/resolucao-no-23-610-de-18-de-dezembro-de-2019 > acesso março 2020. 1
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