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Peça Prática de Direito Administrativo e Tributário

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Acadêmico: Hermes Vettorello Neto
9º período Noturno
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA __ VARA DA FAZENDA PÚBLICA DA COMARCA DE______-__
X, pessoa jurídica de direito privado, devidamente inscrita no CNPJ sob o n'-, 	, com sede na 	, nº________, município	, Estado ________, representada, conforme inclusos instrumentos constitutivos (doc. anexo). por seu sócio – gerente,Sr._____, _____, ___, _____ (qualificação completa) portador dacédula de identidade RG nº-______, inscrito no CNPJ sob o nº_______, residente e domiciliado na__________, nº______, Município_______,Estado_________, por seu advogado infra-assinado, devidamente nomeado pelo anexo instrumento de mandato (doc. anexo). com escritório profissional na _________ , nº_________, vem, respeitosamente, perante Vossa Excelência, com arrimo nos artigos 19, I, e 319 do novo CPC/2015, ajuizar
AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXIGIBILIDADE DE CRÉDITO TRIBUTÁRIO
em face do MUNICÍPIO	. pessoa jurídica de direito público interno, inscrita no CNPJ sob o nº_______, com sede na	
nº	, Município de	, Estado de	, representado por quem de direito, pelas razões de fato e de direito a seguir aduzidas:
I — DOS FATOS
A empresa requerente, que atua no setor________________________ tomou conhecimento da edição de uma lei municipal instituindo taxa de limpeza urbana de logradouros públicos a ser cobrada de todas as empresas com sede no município de	
Aludida taxa terá como base de cálculo o faturamento das empresas e como alíquota o percentual de 0,5% (meio por cento) sobre a base de cálculo. De acordo com a norma municipal, referido tributo será cobrado a partir de 1º de janeiro do próximo ano.
Em que pese a edição da norma pela municipalidade requerida, a exigência da taxa de limpeza urbana é totalmente inconstitucional, e assim deve ser declarada, tornando-a inexigível em relação à autora, senão confira-se.
II- DOS FUNDAMENTOS
Conforme disposto no artigo 19, I, do Código de Processo Civil, é admissível o ajuizamento da medida judicial objetivando declarar a inexistência de relação jurídica ou a inexigibilidade de créditos em matéria tributária.
Diante da publicação da norma que institui a taxa de limpeza de logradouros públicos no âmbito municipal, e da evidente inconstitucionalidade que cerca referida exação, o autor, preventivamente, distribui a presente demanda para resguardar-se de eventual cobrança indevida por parte da municipalidade ré, objetivando declarar inexigível qualquer valor com base em mencionada norma.
Os municípios possuem, indiscutivelmente, competência para instituição de taxas, segundo previsto no artigo 145, inciso II, da Constituição Federal, transcrito in verbis:
Art. 145. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão instituir os seguintes tributos:
(...)
II - Taxas, em razão do exercício do poder de polícia ou pela utilização, efetiva ou potencial, de serviços públicos específicos e divisíveis, prestados ao contribuinte ou postos a sua disposição;
Segundo disposto no artigo supramencionado, as taxas são devidas em duas situações; em razão do exercício regular do poder de polícia e em razão da prestação de serviços públicos específicos, divisíveis e efetivamente prestados ou postos à disposição do contribuinte. Verifica-se, pois, que, em caso dos serviços públicos, a Constituição é expressa no que se refere à exigência dos requisitos de especificidade e divisibilidade. 
O Código Tributário Nacional, no artigo 77, corrobora a regra constitucional, ao dispor que a taxa de serviço deve ser instituída em razão da prestação de serviço público específico e divisível. 
Art. 77. As taxas cobradas pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos Municípios, no âmbito de suas respectivas atribuições, têm como fato gerador o exercício regular do poder de polícia, ou a utilização, efetiva ou potencial, de serviço público específico e divisível, prestado ao contribuinte ou posto à sua disposição.
O mesmo Código Tributário Nacional estabelece o conceito de serviço público divisível, no inciso III do artigo 79:
Art. 79. (...)
(...)
III - divisíveis, quando suscetíveis de utilização, separadamente, por parte de cada um dos seus usuários.
No caso em tela, a exigência da taxa de serviço em razão da prestação de serviços públicos de limpeza urbana encontra óbice evidente no disposto nas normas supracitadas, uma vez que o mencionado serviço é indivisível – denominado uti universi – isto é, tem como destinatário um conjunto indeterminado de pessoas, razão pela qual a cobrança da taxa ora impugnada revela-se inconstitucional.
O artigo 145, §2º, da Constituição Federal, porém, veda a fixação da base de cálculo das taxas idênticas à base de cálculo de impostos, pois os impostos, por sua natureza, não são vinculados a nenhuma atuação específica do Estado em relação ao contribuinte, de modo que sua base de cálculo corresponde ao valor de um bem, serviço ou operação envolvendo o contribuinte. A taxa, porém, é um tributo vinculado, isto é, corresponde à exigência de uma contraprestação a um serviço público prestado ou disponibilizado pelo Estado (União, Estados, DF ou Municípios), e deve ser calculada com base no custo do serviço público. 
De fato, a fixação do montante para o cálculo da taxa de serviço deve considerar o custo do serviço público e sua disponibilidade aos contribuintes; exatamente por essa razão, exige-se que o serviço público seja específico – passível de divisão em unidades autônomas de prestação – e divisível – possibilidade de identificação do sujeito atendido pelo serviço.
A base de cálculo da taxa de serviço deve corresponder ao valor do serviço, e o montante a ser pago pelos contribuintes deve corresponder à divisão desta base de cálculo por todos os usuários efetivos e potenciais.
Assim, a fixação da taxa de serviço exclusivamente sobre a base de cálculo de impostos, ou sobre um percentual dessa base de cálculo, como no caso em tela, viola de modo frontal o disposto nos artigos 145, §2º, da CF, e 77, § Único, do CTN, assim redigidos:
Art. 145. (...)
(...)
   § 2º As taxas não poderão ter base de cálculo própria de impostos.
Art. 77. (...)
(...)
Parágrafo único. A taxa não pode ter base de cálculo ou fato gerador idênticos aos que correspondam a imposto nem ser calculada em função do capital das empresas.
Dessa forma, a fixação da base de cálculo da taxa de limpeza urbana instituída pela municipalidade requerida apresenta-se eivada de inconstitucionalidade, violando de modo evidente, o princípio da legalidade estampado no artigo 150, I, da Constituição Federal, razão pela qual deve ser expurgada do sistema jurídico pátrio.
Isso porque a fixação do faturamento das empresas como base de cálculo da taxa acarreta bitributação, eis que o ICMS, ao considerar o valor da mercadoria como base para seu cálculo, em verdade provoca a incidência do imposto sobre o faturamento. A soma do valor de cada mercadoria que será objeto de circulação, sem dedução da carga tributária e dos demais custos incidentes, corresponde ao faturamento da pessoa jurídica, e a fixação de nova taxa sobre tal faturamento viola o disposto no artigo 145, §2º, da CF.
Por outro lado, a COFINS – Contribuição Social sobre o Faturamento – prevista no artigo 195, I, alínea b, da Constituição Federal, também incide sobre a mesma base de cálculo, o faturamento das pessoas jurídicas.
Ainda que não se possa sustentar a violação ao disposto no artigo 145, §2º, da CF, pois a contribuição social não é imposto, há evidente bitributação em relação à taxa de limpeza urbana, dado que incidente 	sobre a mesma base de cálculo. Fato que, por si só, torna inconstitucional a exigência do tributo em comento.
III-DOS PEDIDOS
Ante o exposto, com base nas razões de fato e direito aduzidas, requer a empresa autora:
a) O julgamento de procedência do pedido, declarando-se a inexigibilidade da taxa instituída pela Municipalidade ré, vez que demonstrada (i) a indivisibilidade do serviço público de limpeza urbana, denominado uti universi, e (ii) a violação ao disposto nos arts.145, §2º, da CF e art. 77, parágrafo único, do CTN, que veda a fixação da base de cálculo da taxa de limpeza urbana sobre o faturamento da empresa requerente, sob pena de incorrer em bitributação;
b) Seja declarada a inconstitucionalidade incidenter tantum da lei _______, que instituiu a taxa de limpeza urbana no município de ______, em razão da violação aos preceitos supra descritos;
c) Seja a requerida condenada ao pagamento das custas e despesas processuais e dos honorários advocatícios, nos termos do artigo 85 do CPC/2015.
IV- DOS REQUERIMENTOS
Requer a empresa autora a citação da requerida para que apresente a defesa que entender conveniente, sob pena de revelia, nos termos da lei.
Requer, ainda, a empresa autora a designação de audiência de tentativa de conciliação, para os devidos fins de direito.
Requer provar o alegado por todos os meios de prova em direito admitidos, sem qualquer exceção.
Requer, finalmente, a juntada da inclusa guia comprobatória do recolhimento das custas processuais iniciais.
Atribui-se à causa o valor de R$ ______(__________).
Termos em que, 
Pede deferimento.
Local, data.
Nome do advogado
OAB/____ nº _____

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