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5 - Definição de Empregador

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COMENTÁRIOS SOBRE O ARTIGO 2º DA 
CONSOLIDAÇÃO DAS LEIS DO TRABALHO
Art. 2º – Considera-se empregador a empresa, individual ou coletiva, que, assumindo os riscos da atividade econômica, admite, assalaria e dirige a prestação pessoal de serviço.
§ 1º – Equiparam-se ao empregador, para os efeitos exclusivos da relação de emprego, os profissionais liberais, as instituições de beneficência, as associações recreativas ou outras instituições sem fins lucrativos, que admitirem trabalhadores como empregados.
§ 2º – Sempre que uma ou mais empresas, tendo, embora, cada uma delas, personalidade jurídica própria, estiverem sob a direção, controle ou administração de outra, constituindo grupo industrial, comercial ou de qualquer outra atividade econômica, serão, para os efeitos da relação de emprego, solidariamente responsáveis a empresa principal e cada uma das subordinadas.
Comentários por Rodrigo Garcia Schwarz
·         O empregador é a empresa, individual ou coletiva, que emprega um trabalhador em determinada atividade, assalariando-o e dirigindo a prestação pessoal de serviço. A CLT consagrou a integração e a vinculação do trabalhador à empresa, conjunto de bens materiais e imateriais implicados na atividade econômica, com ou sem fins lucrativos, independentemente da pessoa, física ou jurídica, que dirija essa atividade. A figura do empregador, assim, segundo a CLT, não concerne ao titular, pessoa física ou jurídica, do empreendimento econômico, mas ao próprio empreendimento.
·         A pessoalidade na relação de emprego diz respeito, em regra, apenas à figura do empregado: a caracterização do empregador independe da sua efetiva personalidade jurídica, caracterizando-se como um ente despersonalizado (como uma atividade econômica), de modo que eventuais alterações subjetivas do contrato de trabalho, quanto à titularidade ou à forma da empresa, não prejudicam a continuidade da relação de emprego, tampouco os direitos adquiridos pelo empregado, nos termos dos arts. 10 e 448 da CLT.
·         Correm exclusivamente por conta do empregador os riscos inerentes à exploração da atividade econômica, o que impossibilita a transferência, ainda que parcial, e a qualquer pretexto, de eventuais prejuízos inerentes ao risco da atividade para o empregado. O contrato de trabalho é, sobretudo um contrato de atividade, e não de resultado, pois o empregado não se compromete com os resultados da sua atividade.
·         Recaindo exclusivamente sobre o empregador os riscos da atividade empresarial, a ele compete dirigir a atividade profissional do empregado, possuindo poderes de direção e de controle sobre essa atividade. A subordinação jurídica, que corresponde ao estado do empregado, de estar sujeito às ordens e à direção geral do empregador na execução dos serviços, decorre precisamente do fato de o empregado prestar serviços por conta alheia, sob dependência. Esse poder diretivo do empregador desdobra-se em poder organizacional (poder de estruturar, organizar e efetuar mudanças na forma de prestação do contrato de trabalho), poder regulamentar (poder de estabelecer as regras gerais a serem seguidas na empresa, que se consubstancia em regimentos internos, circulares, ordens de serviços que, por sua vez, são consideradas cláusulas que integram o contrato individual de trabalho),poder de fiscalização (poder de fiscalizar/controlar as atividades dos empregados) e poder disciplinar (poder de impor sanções aos empregados no caso de descumprimento de suas obrigações contratuais).
·         Equiparam-se à empresa, em relação aos seus empregados: a) o profissional liberal; b) a associação ou entidade de qualquer natureza ou finalidade; e c) o condomínio.
·         Empregador rural: é a pessoa física ou jurídica, proprietária ou não, que explora atividade agroeconômica, em caráter permanente ou temporário, diretamente ou por meio de prepostos e com auxílio de empregados (Lei nº 5.889/73).
·         Empregador doméstico: é a pessoa física ou família que admite trabalhador doméstico para exercer serviços de natureza contínua, sem finalidade lucrativa, em proveito do respectivo âmbito residencial (Lei nº 5.859/72).
·         Grupo econômico. São basicamente dois os elementos necessários à configuração do grupo econômico: a) direção, controle, coordenação ou administração de uma empresa por outra, embora tendo cada uma delas personalidade jurídica própria; e b) exercício de uma atividade econômica. O grupo pode ser hierarquizado ou vertical, quando se identifica uma empresa, individual ou coletiva, que controla as demais, ou pode formar-se por coordenação, horizontalmente, quando, embora não haja controle direto de uma sobre as outras, haja unidade de objetivo empresarial.
·         No grupo de empresas, cada empresa conserva a sua personalidade e o seu patrimônio. A prestação de serviços a mais de uma empresa do mesmo grupo econômico, durante a mesma jornada de trabalho, por si só, não caracteriza a coexistência de mais de um contrato de trabalho, salvo ajuste em contrário (Súmula nº 129 do TST). Trata-se, aqui, todavia, de responsabilidade solidária, o que importa dizer que qualquer das empresas integrantes do grupo econômico pode ser compelida, sem benefício de ordem, ao cumprimento da obrigação trabalhista.
A Lei nº 10.256/2001 instituiu a figura do consórcio simplificado de produtores rurais, formado pela união de empregadores produtores rurais pessoas físicas que outorguem a um deles poderes para contratar, gerir e demitir trabalhadores empregados para a prestação de serviços, exclusivamente, aos integrantes do consórcio, mediante documento registrado em cartório de títulos e documentos.

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