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RELAÇÃO ENTRE ESTADO E RELIGIÃO NA IDADE MÉDIA

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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE 
FACULDADE DE GESTÃO DE RECURSOS NATURAIS E MINERALOGIA 
 
LICENCIATURA EM DIREITO 
1
o 
ano 
DISCIPLINA: História do Direito 
 
 
TEMA: Relação Entre Estado E Religião Na Idade Média 
 
 
 
 DISCENTE: 
 Filomena António Bacalhau 
 
 
 DOCENTE: 
 Jacques Kazadi 
 
 
 
 
 
 
 
 
Tete 
Aos 18 de Abril de 2020 
2 
 
ÍNDICE 
1. INTRODUÇÃO .............................................................................................................................. 3 
1.1. Objectivos ............................................................................................................................... 3 
1.1.1. Objectivo Geral ............................................................................................................... 3 
1.1.2. Objectivos Específicos .................................................................................................... 3 
1.2. Metodologias ........................................................................................................................... 3 
2. RELAÇÃO ENTRE ESTADO E RELIGIÃO NA IDADE MÉDIA .............................................. 4 
2.1. A Igreja e o Estado .................................................................................................................. 4 
2.2. Ápice das relações entre a Religião e o Estado ....................................................................... 5 
2.3. Enfraquecimento nas Relações ............................................................................................... 6 
2.4. O domínio do Papado .............................................................................................................. 7 
2.5. Decadência da influência do Papado nos assuntos do Estado ................................................. 8 
2.6. Insatisfação Popular ................................................................................................................ 9 
2.7. Vigência do Renascentismo .................................................................................................... 9 
3. CONCLUSÃO .............................................................................................................................. 11 
4. BIBLIOGRAFIA .......................................................................................................................... 12 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 
 
1. INTRODUÇÃO 
O homem tem um fim natural temporal, outro sobrenatural. Um e outro, pela sua própria 
natureza, não pode atingir isoladamente mas em colaboração com seus semelhantes num 
organismo social. O Estado é a sociedade que leva o homem ao conseguimento de seu fim 
natural. Para alcançar este objectivo que lhe é próprio e o especifica, possui meios adequados 
e proporcionados, na sua dupla função de órgão do direito e da assistência. Por isto, na sua 
ordem, é uma sociedade independente perfeita e, dada a natureza social do homem, 
necessária. A Igreja é a sociedade fundada por Cristo para levar o homem ao seu fim 
sobrenatural, ao seu destino. Possui para isto todos os meios específicos no seu tríplice pode 
de ensinar, santificar e governar. É, na sua origem, sociedade perfeita independente e, dada a 
vontade positiva de Cristo, necessária. Entretanto o presente trabalho pretende abordar a 
cerca da Relação entre O Estado e a Religião na Idade Média, visto que estas duas 
instituições têm uma forte ligação desde os primórdios. 
1.1.Objectivos 
1.1.1. Objectivo Geral 
 Analisar a relação entre o Estado e a Religião na Idade Média. 
1.1.2. Objectivos Específicos 
 Identificar os antecedentes da relação entre o Estado e a Religião, 
 Explicar os motivos da relação entre o Estado e a Religião. 
1.2.Metodologias 
Na elaboração do presente trabalho, levou-se a cabo uma pesquisa bibliográfica, onde 
baseou-se nos livros ao alcance do autor do trabalho, assim como pesquisas na internenet. 
 
 
 
 
 
 
 
 
4 
 
2. RELAÇÃO ENTRE ESTADO E RELIGIÃO NA IDADE MÉDIA 
Segundo BARROS (2009;p.56), “Com a expansão do feudalismo por toda a Europa 
Medieval, observamos a ascensão de uma das mais importantes e poderosas instituições desse 
mesmo período: a Igreja Católica. Aproveitando-se da expansão do cristianismo, observada 
durante o fim do Império Romano, a Igreja alcançou a condição de principal instituição a 
disseminar e refletir os valores da doutrina cristã”. 
BARROS (2009;p.56), afirma que : 
Naquela época, logo depois do Primeiro Século, diversas interpretações da doutrina cristã e 
outras religiões pagãs se faziam presentes no contexto europeu. Foi através do Concílio de 
Nicéia, em 325, que se assentaram as bases religiosas e ideológicas da Igreja Católica 
Apostólica Romana. Através da centralização de seus princípios e da formulação de uma 
estrutura hierárquica, a Igreja teve condições suficientes para alargar o seu campo de 
influências durante a Idade Média. Estabelecida em uma sociedade marcada pelo pensamento 
religioso, a Igreja esteve nos mais diferentes extractos da sociedade medieval. 
A própria organização da sociedade medieval (dividida em Clero, Nobreza e Servos) era um 
reflexo da Santíssima Trindade. Além disso, a vida terrena era desprezada em relação aos 
benefícios a serem alcançados pela vida nos céus. Dessa maneira, muitos dos costumes dessa 
época estavam influenciados pelo dilema da vida após a morte. Além de se destacar pela sua 
presença no campo das ideias, a Igreja também alcançou grande poder material. Durante a 
Idade Média ela passou a controlar grande parte dos territórios feudais, se transformando em 
importante chave na manutenção e nas decisões do poder nobiliárquico. A própria exigência 
do celibato foi um importante mecanismo para que a Igreja conservasse o seu património. O 
crescimento do poder material da Igreja chegou a causar reacções dentro da própria 
instituição. (BARROS;2009;p.56) 
2.1.A Igreja e o Estado 
Segundo CAVALCANTI (2002;p.38), “Durante a Idade Média, a teoria dos dois poderes foi 
geralmente aceita, mas a questão da supremacia permaneceu indefinida. O Estado era 
universalmente considerado uma instituição cristã, tendo a obrigação de sustentar, proteger e 
difundir a fé. A lei canónica afirmava que o estado tinha o dever de punir os hereges, e este 
dever foi aceito pelo estado. Mas também houve incessante debate entre os teólogos e juristas 
canónicos sobre o verdadeiro sentido da teoria das duas espadas de Gelásio. Eventualmente 
foi articulado o conceito de uma única sociedade com dois aspectos, cada qual com suas 
responsabilidades”. 
5 
 
Foi isto o que veio a ser chamado de corpus christianum: a ideia de que a igreja e o estado, 
conquanto em princípio sociedades distintas, estavam unidas em uma só comunidade. A 
distinção entre elas consistia principalmente em suas hierarquias separadas (papa e 
imperador, etc.), com suas diferentes funções, e nos sistemas legais que administravam. O 
ideal de muitos, seguindo a visão de Agostinho em A Cidade de Deus, era a existência de 
uma comunidade cristã universal chefiada pelo papa. (CAVALCANTI; 2002;p.38) 
 
 Na sua mesma linha de pensamento o autor (CAVALCANTI; 2002;p.41), explica que: 
No início da Idade Média, a igreja lutou para libertar-se da intrusão dos governantes seculares. 
Após o século VI, emancipados do controle direito desde Bizâncio, os papas cresceram em 
prestígio e poder, tanto na área espiritual como na temporal. Os papas passaram a interagir 
com os fortes reinos cristãos da Europa central, fundados pelos antigos povos bárbaros que 
destruíram o Império Romano ocidental. Foi o caso dos francos, a primeira nação bárbara a 
abraçar o cristianismo católico (ou seja, não ariano), quando o rei Clóvis e os seus súbditos 
foram baptizados em 396. Alguns séculos mais tarde, a dinastia dos carolíngios prestou 
grandes serviçosà igreja e aos papas, mas também sentiu-se à vontade para interferir em 
assuntos eclesiásticos. 
Carlos Martelo (714-741) salvou a Europa do avanço maometano ao derrotar os árabes 
vindos da Península Ibérica na célebre batalha de Tours, na França central (732). Seu filho, o 
rei Pepino, o Breve (741-768), efectuou a doação de terras à igreja no norte da Itália que deu 
origem aos estados papais – que perduraram até 1870 e hoje estão reduzidos ao Vaticano. 
Ainda em meados do século VIII, surgiu um documento forjado, a Doação de Constantino, 
que não somente reiterava a antiga pretensão dos papas a uma autoridade universal na igreja, 
bem como a crença tradicional de que a autoridade do sacerdote é superior à do governante 
secular, mas também reconhecia o direito dos papas de governarem Roma e os outros 
territórios bizantinos da Itália. (CAVALCANTI; 2002;p.42) 
 
2.2. Ápice das relações entre a Religião e o Estado 
De acordo com BARROS (2009;p.62), “Um evento importante nas relações entre a igreja e o 
estado ocorreu no ano 800, quando o papa Leão III coroou o filho de Pepino, Carlos Magno 
(768-814), como imperador. Carlos Magno foi o maior monarca da primeira metade da Idade 
Média: tentou restaurar o império do ocidente, promoveu a cultura (o “renascimento 
6 
 
carolíngio”), protegeu e controlou a igreja e ajudou os papas. Com ideias próximas do 
cesaropapismo, ele desejou limitar a função do papa a questões puramente espirituais, mas 
não teve herdeiros hábeis que dessem continuidade às suas políticas. Com o declínio do 
império carolíngio, o principal centro do poder na Europa passou para os vizinhos dos 
francos ao leste, surgindo o Sacro Império Romano Germânico, o principal poder político da 
Idade Média, que perdurou até 1806! Oto I, o Grande (936-73) inspirou-se em Carlos Magno 
e também foi coroado imperador pelo papa, em Roma (962) ”. 
 
Papas posteriores usaram o precedente da coroação de Carlos Magno e de outros soberanos 
para mostrar que os imperadores recebiam as suas coroas do papado. Por outro lado, certos 
imperadores reivindicaram o direito de interferir na eleição dos papas e de aprovar aqueles 
que eram eleitos para os principais cargos eclesiásticos (a assim chamada “investidura 
leiga”). Assim, no séc. XI estavam presentes os elementos de uma grande confrontação entre 
o papa e o imperador, entre a igreja e o estado. (BARROS;2009;p.62) 
 
2.3. Enfraquecimento nas Relações 
KALESKI (2001;p.10) afirma que, “Após um período de declínio e desmoralização no séc. 
X, o papado experimentou um notável fortalecimento no século seguinte, sob a liderança do 
célebre Hildebrando, o conselheiro de vários pontífices que depois foi eleito papa com o 
título de Gregório VII (1073-85)”. 
A autora supracitada KALESKI (2011;p.10) afirma que: 
Surgira no início do séc. X um notável movimento pela reforma moral e administrativa da 
igreja, movimento este centralizado na abadia de Cluny (910). Um século depois, os ideais de 
Cluny foram progressivamente postos em execução, entre os quais a luta contra o nicolaísmo 
(casamento ou concubinato dos sacerdotes), a simonia (compra e venda de cargos 
eclesiásticos) e as investiduras leigas. Em 1059, durante o pontificado de Nicolau II, e sob a 
influência de Ildebrando, um sínodo romano decidiu que os papas seriam eleitos pelos 
cardeais. Tal decreto, embora com modificações significativas, regula a eleição dos papas até 
hoje. 
Eleito papa em 1073 e tendo como lema Jeremias 48:10, Ildebrando entregou-se com 
determinação e zelo à causa da reforma da igreja e do fortalecimento do papado. Com ele 
teve início a idade de ouro dos papas medievais, em que os papas fizeram as reivindicações 
mais ousadas e exerceram maior poder político e religioso que em qualquer outro período da 
história da igreja. Decidido a por um fim às investiduras leigas, Ildebrando (Gregório VII) 
7 
 
entrou em confronto direito com Henrique IV, o imperador germânico (1056-1106), quando 
este insistiu em indicar o arcebispo de Milão. Diante da obstinação do imperador, Ildebrando 
o excomungou, proibiu-o de exercer a sua autoridade real e isentou os seus súbditos de seus 
votos de lealdade a ele. Ameaçado de deposição pelos nobres, Henrique foi ao encontro do 
papa, que achava-se hospedado em Canossa, nos Alpes, e por três dias apresentou-se descalço 
e penitente, suplicando perdão (1077). (KALESKI;2011;p.11) 
 
O papa anulou a excomunhão, Henrique fortaleceu-se, e alguns anos depois invadiu a Itália e 
obrigou o papa a ir para o exílio, onde veio a falecer. A controvérsia das investiduras só foi 
resolvida na Concordata de Worms (1122), entre o papa Calixto II e o imperador Henrique V. 
Os bispos de todo o império deveriam ser eleitos de acordo com a lei canónica; o rei 
renunciava à investidura com o anel e o báculo, mas retinha o direito de investir no aspecto 
temporal com um toque do centro real. (Ver Bettenson, 154-55). Em princípio, o efeito desse 
acordo foi que o bispo tinha de ser aceitável tanto para a igreja quanto para o governante 
civil. Um conflito semelhante na Inglaterra – em que os protagonistas foram o arcebispo 
Anselmo de Cantuária (1093-1109) e o rei Henrique I (1100-1135) – tinha sido resolvido com 
base no mesmo princípio: a coroa retinha o direito de investir um novo bispo com a sua 
autoridade temporal, enquanto que o arcebispo metropolitano o investia com os símbolos da 
autoridade sacerdotal. (KALESKI;2011;p.11) 
 
2.4. O domínio do Papado 
Para KALESKI (2011;p.13) “Embora as questões do direito dos papas em depor reis e o 
papel dos governantes seculares em escolher os ocupantes dos altos cargos eclesiásticos 
tenham levado décadas para serem resolvidas, o papado eventualmente tornou-se dominante. 
No séc. XII, o papa Alexandre III (1159-81) forçou o rei Henrique II da Inglaterra a fazer 
uma penitência pública pelo assassinato de Thomas Becket, o arcebispo de Cantuária (1070). 
Todavia, o maior dos papas medievais, e possivelmente o mais poderoso dos pontífices de 
todos os tempos, foi Inocêncio III (1198-1216), aquele que, mais do que qualquer outro, 
conseguiu realizar o ideal do corpus christianum, a sociedade cristã unificada sob a liderança 
do bispo de Roma. O primeiro papa a adoptar o título “vigário de Cristo,” Inocêncio 
8 
 
reorganizou a igreja através do IV Concílio Lateranense (1215) e enfrentou com êxito o rei 
francês Filipe Augusto e o inglês João Sem Terra, que promulgou a famosa Magna Carta”. 
 
2.5. Decadência da influência do Papado nos assuntos do Estado 
SOUZA (2007;p.74) afirma que, “o papado entrou em novo período de decadência a partir de 
Bonifácio VIII (1294-1303). Arrogante e ambicioso, entrou em confronto direito com os 
poderosos reis da França e da Inglaterra, respectivamente Filipe IV, o Belo (1285-1314), e 
Eduardo I (1272-1307), que se arrogaram o direito de impor tributos sobre o clero sem 
autorização papal. Em 1296 Bonifácio promulgou a bula Clericis laicos, que proibia aos 
sacerdotes pagarem impostos a um governante secular sem a permissão do papa. Os reis 
reagiram fortemente, proibindo o envio de rendimentos para a sé romana e impondo sanções 
sobre o clero”. 
Segundo a sua explicação SOUZA (2007;p.74), afirma que: 
Posteriormente, Bonifácio emitiu duas outras bulas contra o rei francês: Ausculta fili (1301) e, 
principalmente, Unam sanctam (1302), considerada o canto do cisne do papado medieval por 
suas grandiosas e inúteis reivindicações. Ela afirmava que os poderes temporais estão sujeitos 
à autoridade espiritual, que, na pessoa do papa, somente pode ser julgada por Deus. Também 
declarou, seguindo a opinião de Tomás de Aquino, ser “inteiramente necessário para a 
salvação que toda criatura humana esteja sujeita ao pontífice romano. Algum tempo depois o 
papa foi feito prisioneiro, falecendo um mês após ter sido liberto. 
 Esses eventos deram um golpe devastador nas pretensões temporaisdo papado. Um novo 
factor havia surgido, o sentimento nacionalista ao qual o rei havia apelado com sucesso e 
contra o qual as armas espirituais do papado pouco puderam fazer. Foi nesse período que 
começaram a surgir os modernos estados nacionais, sendo a França o primeiro deles. Essa 
crescente independência e soberania dos governantes e povos europeus iria criar as condições 
políticas e sociais que favoreceram o surgimento e expansão da Reforma Protestante do 
Século XVI. (SOUZA;2007;p.75) 
 
O enfraquecimento do papado e sua submissão ao poder temporal prosseguiu durante todo o 
século XIV e o início do século XV. Clemente V (1305-14), um papa francês, transferiu a 
cúria para a cidade de Avinhão, no sul da França, dando início ao chamado “cativeiro 
babilónico da igreja” (1309-1377). Seguiu-se um período de ainda maior descrédito, o 
denominado “grande cisma,” em que por quarenta anos houve papas simultâneos em Roma e 
9 
 
em Avinhão (1378-1417). Na realidade, após 1409 houve três papas rivais ao mesmo tempo, 
o terceiro estando sediado na cidade de Pisa. Nessa época surgiu o movimento conciliar, uma 
tentativa de resolver a crise da igreja através de concílios reformadores. Os Concílios de Pisa 
(1409), Constança (1414-18) e Basileia (1431-49) afirmaram a superioridade dos concílios 
sobre os papas. Todavia, o Concílio de Ferrara-Florença (1438-45) acabou por reafirmar a 
supremacia papal. (SOUZA;2007;p.75) 
 
2.6. Insatisfação Popular 
Segundo SOUZA (2007;p.76) “Durante a Idade Média, muitas pessoas sentiram-se 
descontentes com essa associação duvidosa entre a igreja e o estado. Diferentes grupos de 
cristãos alegaram que, desde a época de Constantino, a igreja tinha sucumbido diante do 
mundo ou a ele se conformado, comprometendo o seu testemunho, que devia ter-se inspirado 
no sermão da montanha e nos padrões da igreja primitiva. Surgiram diversos movimentos não 
conformistas (cátaros, valdenses, lombardos, hussitas, etc.) que foram considerados heréticos 
e sofreram perseguições por parte da igreja e do seu braço secular, o poder estatal”. 
 
Uma das principais ferramentas usadas na supressão das heresias foi a sinistra Inquisição ou 
Santo Ofício, instituída no séc. XIII pelos papas Inocêncio III e Gregório IX e entregue a uma 
ordem criada recentemente com outros objectivos, os dominicanos. Utilizando 
sistematicamente a delação e a tortura e negando aos acusados os mais elementares direitos 
de defesa, os processos frequentemente resultavam na execução dos réus impenitentes, 
entregues ao poder civil para serem queimados vivos. (SOUZA;2007;p.78) 
 
Uma das características mais odiosas da Inquisição era o confisco dos bens do herege 
confesso. Como esses bens eram divididos entre as autoridades leigas e eclesiásticas, isto por 
certo contribuiu para manter aceso o fogo das perseguições. Na Espanha, a Inquisição haveria 
de tornar-se uma instituição nacional, quando o papa Sixto IV a estabeleceu sob o controle 
directo dos reis católicos Fernando e Isabel (1478). Por vários séculos a famigerada instituição 
perseguiu judeus, muçulmanos e protestantes dos dois lados do Atlântico. SOUZA 
(2007;p.78) 
 
2.7.Vigência do Renascentismo 
No período imediatamente anterior à Reforma Protestante, o trono pontifício foi ocupado por 
papas renascentistas que se destacaram como patronos das artes e da cultura, ou buscaram 
10 
 
seus próprios interesses pessoais e familiares, pouco se importando com a situação espiritual 
do seu rebanho. Problemas antigos como disputas políticas, simonia, nepotismo, aumento de 
gastos e novos impostos eclesiásticos caracterizaram o período. Um dos piores papas de todos 
os tempos foi o espanhol Rodrigo Borja ou Alexandre VI (1492-1503), neto de outro papa. 
Ele e seus filhos ilegítimos César e Lucrécia levaram a corrupção do papado ao seu ponto 
mais extremo. Júlio II (1503-13) foi um papa guerreiro que pessoalmente comandava o seu 
exército. Leão X (1513-21), da célebre família Médici de Florença, afirmou ao ser eleito: 
“Agora que Deus nos deu o papado, vamos desfrutá-lo”. Ele destacou-se como grande 
patrono das artes e seu grande sonho foi a conclusão da catedral de São Pedro, em Roma. Em 
1516 Leão foi forçado a assinar um acordo com Francisco I da França que deu ao rei enorme 
autoridade nos assuntos eclesiásticos franceses. (SOUZA;2007;p.79) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
11 
 
3. CONCLUSÃO 
Com a Reforma Protestante rompeu-se a unidade da igreja ocidental e surgiu uma variedade 
de igrejas nacionais. Algumas continuaram a ter comunhão com o papa ao mesmo tempo em 
que reivindicavam um grau considerável de independência nacional (por exemplo, o 
galicanismo na França). Outras como a luterana, a reformada e a anglicana, rejeitaram a 
autoridade papal. Os luteranos e os anglicanos estavam muito mais inclinados que os 
reformados (calvinistas) a deixar o poder civil (o “príncipe cristão”) governar a igreja. 
Todavia, a idéia aceita era que em cada país a igreja e o estado formavam uma comunidade: 
na Inglaterra, Richard Hooker foi o expoente clássico dessa idéia em sua grande obra As Leis 
da Política Eclesiástica (1594): “Não há nenhum membro da Comunidade que também não o 
seja da Igreja da Inglaterra” (citado em McManners, 277). A unidade religiosa era 
considerada necessária para a coerência e estabilidade política de uma nação. 
Em lugar da teoria medieval da autoridade última dos papas em questões referentes à igreja e 
ao estado, os Reformadores apresentaram várias abordagens distintas. Martinho Lutero 
(†1546) traçou uma nítida distinção entre as áreas temporal e espiritual, mas considerou 
muitas funções, tal como a administração, como sendo não essenciais. Portanto, a maior parte 
dos Estados luteranos desenvolveram um sistema territorial “erastiano” no qual os príncipes 
superintendiam questões eclesiásticas. Erastianismo foi a concepção defendida pelo suíço 
Thomas Erastus (1524-83), professor de medicina na Universidade de Heidelberg, de que o 
Estado tinha o direito de exercer suprema autoridade sobre a igreja em todas as questões. Na 
realidade, essa doutrina foi mais defendida pelo jurista holandês Hugo Grócio (1583-1645) 
do que por Erasto. 
A Questão Religiosa marcou o início de uma renovação católica que se aprofundou no 
período republicano. À medida que afirmava a sua autonomia diante do Estado, a Igreja 
tornou-se mais universalista, mais romana. 
 
 
 
 
 
12 
 
4. BIBLIOGRAFIA 
BARROS, José D’Assunção. Cristianismo e política na Idade Média: as relações entre o 
papado e o império. Horizonte; Belo Horizonte, 2009. 
CAVALCANTI, Robinson. Cristianismo & política: teoria bíblica e prática histórica. 
Editora Ultimato; Brasil; 2002. 
KALESKI, Joanita. Estado Laico E A Presença Da Religiosidade. UNAERP; Campus 
Guarujá, 2011. 
SOUZA, Mauro Ferreira De. A Igreja e o Estado. UPM; São Paulo, 2007.

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