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FONTES DIREITO ROMANO - FAMILIA E CIDANIA

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FONTES DOCUMENTAIS DIRETAS – FAMÍLIA E CIDADANIA NO DIREITO ROMANO CLÁSSICO 
 
Textos: a) GARCÍA DEL CORRAL, D. Ildenfonso. Cuerpo del derecho civil romano. Valladolid: Lex Nova, 1989. Todas os excertos do Corpus Iuris (Digesto, Institutas, Codex e Novelas) citados são desta obra;
b) INSTITUTAS DE GAIO. Conforme o manuscrito veronês in: DOMINGO, Rafael (org.) Textos de Derecho Romano. Navarra: Editorial Aranzadi, 2002; Gaius. Institutes. Paris: Les Belles Lettres, 1979.
c) A BÍBLIA DE JERUSALÉM. Atos dos Apóstolos. São Paulo: Edições Paulinas, 1985.
1. A família como um dado natural: a união sexual do macho e da fêmea para fins de procriação (matrimônio)
ULPIANO, D. 1. 1. 3: Direito natural é aquele que a natureza ensinou a todos os animais, pois este direito não é peculiar ao gênero humano, senão comum a todos os animais que nascem na terra ou no mar, e também às aves. Daí procede a união de macho e fêmea, que chamamos matrimônio, daí a procriação dos filhos, daí a educação, pois vemos que também os demais animais, até as feras, se governam pelo conhecimento deste direito
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2. A divisão jurídica dos sexos: distinção entre condição biológica e cultura (gênero)
 
ULPIANO, D. 1.5.10: I. ad Sabinum :Pergunta-se: a quem comparamos o hemafrodita? Eu julgo que preferentemente deve ser estimado como do sexo que prevalece. 
3. A noção patrimonial de família
ULPIANO, D.50.16.195.2: A denominação de “família” se refere também à significação de alguma corporação que está compreendida ou no direito próprio de seus mesmos indivíduos, ou no que é comum a toda cognação. Por direito próprio chamamos família a muitas pessoas que, ou por natureza, ou de direito, estão sujeitas ao poder de um só, por exemplo, o pai de família, a mãe de família, o filho de família, a filha de família, e os demais que seguem em lugar destes, como os netos e as netas e outros descendentes. Porém se chama “pai de família” o que tem o domínio da casa; e com razão é chamado com este nome, ainda que não tenha filho; porque não designamos só a pessoa dele, senão também seu direito. (...)
ULPIANO, D.50.16.195.1 : Vejamos de que maneira se entende a palavra “família”; e certamente está admitida com variedade, porque se aplica às coisas e às pessoas; às coisas, como na Lei das Doze Tábuas com estas palavras: “o agnado próximo tenha a família”; porém a palavra família se refere às pessoas quando a lei fala do patrono e do liberto: “desta família”, diz “aquela família”; e é sabido que aqui a lei fala de pessoas singulares.
4. A patriapotestas (poder na esfera privada) como um atributo da cidadania (poder na esfera pública)
ULPIANO. D.1.6.4: Porque dos cidadãos Romanos alguns são pais de família, outros filhos de família, algumas mães de família, e outras filhas de família. São pais de família, os que estão sob seu próprio poder, já púberes, já impúberes; e do mesmo modo as mães de família. 
GAIO. 1.56 (...) são agnados os unidos em parentesco pelas pessoas do sexo masculino, a saber os parentes do pai, o filho do irmão e o seu neto, bem como o tio paterno e seu filho e neto. Os unidos por parentesco por pessoas do sexo feminino não são agnados, mas parentes por direito natural. Não existe, por conseguinte, agnação, mas sim, cognação entre o tio materno e o filho da irmã. Igualmente, o filho da tia paterna ou da tia materna não é meu agnado, mas cognado; e reciprocamente estou ligado a ele pela mesma relação jurídica, pois os nascidos seguem a família do pai, não a da mãe.
5. Parentesco
GAIO. D.38.0.1: Os graus de parentesco de cognação [ou agnação] são de linha reta ascendente ou descendente ou de linha colateral O parentesco ascendente e o descendente começam com o primeiro grau, porém o colateral não tem o primeiro grau e começa, portanto, pelo segundo.
MODESTINO. D.38.10.4: (...) se chamam cognados porque nascem a cada vez ou juntamente, ou porque procedem e foram engendrados pela mesma pessoa. (...) Entre os romanos, o parentesco se entende em dois sentidos: pois há um parentesco de direito civil e outro de direito natural; quando concorrem ambos direitos, se contrai um parentesco natural e civil ao mesmo tempo. Se entende por parentesco natural e não civil o que deriva das mulheres.
PAULO.D.38.10.9: As séries (stemmata em grego) do parentesco em linha reta se dividem em duas: a ascendente e a descendente; da ascendente derivam por segundo grau as linhas colaterais (...). 
PAULO.D.38.10.10: Os agnados de maior proximidade são os herdeiros de próprio direito”. (...) entre agnados e cognados há relação de gênero e espécie: o agnado é também cognado, porém, o cognado nem sempre é agnado, pois a agnação é civil e a cognação é natural. (...) Quando se quer ver o grau em que está uma pessoa, devemos partir daquele de cuja cognação [ou agnação] se trata; (...) na linha colateral, o irmão está em segundo grau porque se conta antes a pessoa do pai ou da mãe que os une. (...) Se chamam ‘graus’ por semelhança aos lances de uma escada, ou o caminho inclinado, que temos de subir uma em uma, passando sempre pela que parece nascer da anterior. 
6. A condição das mulheres
ULPIANO. D.50.16.195. 5. A mulher é o início e o fim de sua própria família 
GAIO. 2.161: Os outros, não sujeitos ao direito do testador, chamam-se herdeiros estranhos. Por conseguinte, também os nossos filhos, fora do nosso poder, instituídos herdeiros por nós, consideram-se estranhos. Por essa razão incluem-se neste número os instituídos herdeiros pela mãe, pois a mulher não tem poder sobre os filhos.
GAIO.2.161: As mulheres não têm filhos sob potestade.
GAIO.1. 104: As mulheres não podem adotar de nenhum modo, pois não têm sob seu poder nem mesmo os filhos naturais. 
GAIO. 1. 103: É, porém, comum a ambas as espécies de adoção, que mesmo os impotentes, como os eunucos, possam adotar
PAULO. D.1. 7. 30: Também os que não têm mulheres em matrimônio podem adotar filhos. 
PAULO, D.1. 7. 23: E, portanto, se eu tiver adotado algum filho, minha mulher não está para ele no lugar de mãe, porque não se torna agnada dele, nem se torna sua cognada. Da mesma forma, tampouco minha mãe está para ele no lugar de avó, porque não se torna agnado para aqueles que estão fora de minha família; porém este a quem adotei se torna irmão de minha filha, porque minha filha está na minha família, estando também proibidas as núpcias entre eles
GAIO, D.26.1.16: A tutela é, no mais das vezes, ofício viril.
CÍCERO, Oratio Pro Murena, 27. Os antepassados quiseram que todas mulheres, em razão de sua fraqueza em deliberar, estivessem sob a potestade de tutores 
GAIO.1.144:(...) os antigos quiseram que as mulheres maduras de idade estivessem sob tutela por razão de leviandade
GAIO.1.190: Nenhuma razão séria parece ter levado a manter sob tutela as mulheres púberes. Porquanto a razão que geralmente se alega, a saber que elas são freqüentemente enganadas pela sua levitas animi, e que seria equitativo deixar que fossem governadas pela autoridade de seus tutores, parece mais ilusória do que verdadeira: as mulheres púberes, com efeito, tratam pessoalmente dos seus assuntos, e em certos casos o tutor só interpõe a sua autoridade por formalidade; muitas vezes, ele é mesmo obrigado pelo magistrado a constituir-se como garantia contra sua vontade. 
.
CODEX.2.13.4: Imperadores Severo e Antonino a Saturnino. Os negócios de outrem não podem ser confiados às mulheres, exceto se, através das ações que lhes é consentido intentar, elas tiverem como objetivo o seu próprio interesse e o seu próprio ganho.
 6.1 A tutela - Lex Atilia de tutore dando, +- 186 a. C/ Lex Claudia de tutela mulierum, s. I d.C / Leis Júlias (9 e 18 d.C)- Ius liberorum
GAIO,1, 185: A quem não tiver absolutamente tutor, se lhe dá, na cidade de Roma, por força da lei Atília, pelo pretor urbano e pela maioria dos tribunos da plebe, um tutor chamado Atiliano; e nas províncias, por disposição da lei Júlia e Tícia, o tutor é dado pelos presidentes das províncias
GAIO.1.191: (...) não se concede à mulher nenhuma ação derivadada tutela, ainda que, quando os tutores realizam negócios dos pupilos ou pupilas tenham que prestar contas de depois da puberdade destes, mediante uma ação de tutela.
 
GAIO .1.195: Além disso, por diversos modos, a liberta pode ter tutor de outra espécie, como no caso de ser manumitida por mulher; pois, então, deve pedir tutor segundo a lei Atília e, as províncias, segundo a lei Júlia e Tícia; porque não pode estar sob tutela da patrona. 
195 a: Da mesma forma, se houver sido manumitida por um homem e houver feito a coempção com a sua assistência, sendo remancipada e manumitida logo após, deixa de ter o patrono por tutor, vindo a ter, como tal, aquele que a manumitiu, chamado tutor fiduciário. 
195 b: Também se o patrono ou seu filho se der em adoção, a liberta deve pedir tutor, por força da lei Atília ou da lei Júlia e Tícia. 
195 c: Semelhantemente, pelas mesmas leis, deve a liberta pedir tutor, morrendo o patrono sem deixar na família algum filho do sexo masculino
Lex Iulia Papia poppaea nuptialis cerca de 9 d.C – institui o ius liberorum, confirmado pela legislação de 18 d.C
Gaio.1.145: Portanto, se dá-se em testamento um tutor ao filho à filha, e ambos chegam à puberdade, o filho deixa de ter tutor, porém a filha continua sob tutela: unicamente se livram as mulheres da tutela em virtude da lei Julia e Papia Popea, pelo privilégio da prole. Excetuamos, desde logo, as virgens vestais, que já por vontade dos antigos estão livres em honra ao seu sacerdócio; assim está ordenado também na lei das XII Tábuas. 
Lex Claudia de tutela mulierum s. I d.C 
Gaio.1.157: Antigamente, segundo a lei das XII Tábuas, também as mulheres tinham tutores agnados. Porém depois se deu a Lei Claudia, que suprimiu, para as mulheres, a tutela dos agnados. 
6.2 Exclusão dos ofícios viris
CALISTRATO, D.2.13.12: As mulheres estão excluídas de ofícios bancários, porque este ofício é de homens
Contra: ULPIANO, D.3.5.3.1: Disse o Pretor: Se alguém houver administrado os negócios de outrem, ou os negócios que tiverem sido de qualquer um ao morrer, darei ação por esta causa”. § 1. – Estas palavras “se alguém” devem entender-se assim: “ou se alguma”, porque não há dúvida que também as mulheres podem demandar e ser demandadas por gestão de negócios.
 
6.3 Sucessão legítima
Senatusconsultus Tertulianum, (+- 120 d.C) 
Incluiu a mãe que gozasse de ius liberorum na herança do filho, em concurso com as irmãs agnadas. 
Senatusconsultus Orfitianum (178 d.C)
Deu preferência aos filhos com respeito à sucessão sem testamento (ab intestato) da mãe, de modo que eram chamados antes dos agnados dela (irmãos, irmãs e tios)
6.4 Convenção de Manus
GAIO. 1.111: Ficava in manu pelo uso a mulher que permanecesse casada sem interrupção, durante um ano; pois era usucapida, como por posse anual e passava para a família do marido, ocupando o lugar de filha. Por isso, conforme a lei das XII Tábuas dispôs, se uma mulher não quisesse ficar assim in manu mariti, deveria ausentar-se cada ano durante três dias, interrompendo deste modo o usus, anualmente. Mas todo este direito foi em parte abolido pelas leis, em parte obliterado pelo desuso.
GAIO.1. 113: Entram as mulheres in manu por coempção pela mancipação, isto é, por uma venda fictícia. Pois, na presença de pelo menos cinco testemunhas, cidadãos romanos púberes e do libripende {portador da balança} a mulher é comprada pela pessoa sob cuja manus vai cair. 
GAIO.1.115 b. (...) mesmo fazendo coempção fiduciária com o marido, a mulher fica em lugar de filha. Pois, se por qualquer causa a mulher estiver sob a manus do marido, entende-se adquira os direitos de filha. 
GAIO.1.119: A mancipação é, como dissemos acima, como uma venda imaginária; é instituição própria dos cidadãos romanos. Realiza-se assim: na presença de pelo menos cinco testemunhas, cidadãos romanos púberes, acompanhados de outra testemunha, também cidadão romano e que empunha a balança de bronze, chamada libripende, aquele que recebe em mancipio, tomando o metal, diz: “Eu digo ser este homem meu pelo direitos dos quirites, e que tal me seja vendido a mim por meio deste bronze e desta balança de bronze”. Em seguida, toca a balança com a barra de bronze, dando esta barra como preço à pessoa de quem recebe em mancipação. 
	
GAIO.1.123. Contudo, se se perguntar pela diferença entre os mancipados e aquela que fez coempção, a resposta é a seguinte: a mulher, fazendo coempção, não se reduz à condição servil, enquanto que os mancipados e as mancipadas pelos pais e coempcionadores ficam na situação de escravos, de modo que a só poderes, receber herança ou legados da pessoa em cujo mancípio estão, se esta ao mesmo tempo alforriá-las no testamento onde as institui herdeiras e legatárias, como é obrigatório em relação à pessoa dos escravos. Mas a razão da diferença é manifesta; os mancipados e as mancipadas são recebidos em mancipação, dois pais e coempcionadores, com as mesmas palavras empregadas para receber escravos em mancipação; tal não sucede na coempção. 
GAIO. 1. 137a: Entre a que faz coempção com um estranho e a que faz com seu marido, há esta diferença, que uma pode obrigar o coempcionador a remancipá-la a quem ela quiser; enquanto a outra não pode constranger o marido, assim como a filha não pode constranger o pai. Mas também a filha, mesmo adotiva, de nenhum modo pode constranger o pai; esta, entretanto, uma vez divorciada pode, assim, compelir o marido, como se nunca tivesse sido casada com ele.
GAIO.1.112: Ficam as mulheres in manu pela confarreação, por uma espécie de sacrifício tributado a Júpiter Fárreo; neste sacrifício, emprega-se um pão de trigo, donde a denominação confarreatio. Muitos outros atos são além disso praticados nesta cerimônia, por meio de palavras certas e solenes e na presença de dez testemunhas. Este direito existe ainda atualmente; pois, os flâmines maiores, isto é, os de Júpiter, de Marte e de Rômulo, bem como os reges sacrorum não se escolhem senão entre os nascidos de núpcias confarreadas; e nem mesmo podem assumir dignididade sacerdotal se não forem casados por confarreatio.
GAIO.1.150: Com respeito à mulher que está sob poder marital, se tem admitido também a opção de tutor, isto é, que se permita optar por um tutor que ela mesma queira, desta forma: DOU À MINHA ESPOSA TICIA A OPÇÃO DE TUTOR. Neste caso, pode a mulher optar por um tutor para todos os seus negócios ou para um deles.
GAIO.2.38: Ademais, algumas vezes se finge que o demandado não sofreu uma perda de status. Com efeito, se um homem ou uma mulher me devem algo em virtude de um contrato e tenham sofrido uma perda de estado, a mulher, por exemplo, por compra matrimonial, ou o homem por uma ad-rogação, a obrigação se extingue por direito civil e não pode pretender-se diretamente que ele ou ela devam dar algo, mas, para que não possam, desse modo, fraudar o seu credor, se introduziu contra eles umas ação útil com rescisão da perda de estado, é dizer, com a ficção de não sofreram tal perda de estado.
GAIO.4.80: (....) Com respeito às pessoas que estejam sob poder marital ou em mancipio, o direito (pretoriano) estabelece que, no caso de a pessoa a quem eles estão submetidos não os defender diretamente, se vendam todos os bens que lhes pertenceriam se não estivessem submetidos. A ação é proposta contra eles por meio de um juízo fundado no poder do magistrado e com a ficção de que não houve a perda de estado <sempre que não se lhes defendam contra tal ação. E o mesmo com a mulher sob pode marital, porque, nesse caso, não se requer a autorização do tutor >. 
6.5 Restrições à liberdade de divórcio e novo modelo de relações conjugais
Novela 117. 4: Mas como faz pouco promulgamos uma lei que dispõe ou que se façam documentos dotais, ou se executem outras provas feitas ante os defensores da igreja por meio das quais se confirmam as núpcias ou se prestem certamente juramentos, no presente temos determinado dispor melhor o que sobre isto se havia disposto antes. E por isto mandamos que os que estão condecorados com as maiores dignidades,até a categoria dos ilustres, não celebrem núpcias de outro modo, senão se escrevem documentos dotais, a não ser que alguém tenha tomado mulher somente com o afeto, antes de obter tais dignidades. Porque mandamos que tais núpcias realizadas antes das dignidades subsistam também como legítimas depois das dignidades, e que sejam legítimos os filhos nascidos delas; mas depois que alguém houver sido honrado com tais dignidades, não tomem mulher de outro modo, senão com instrumentos dotais (...).
Novela 127. 3 : Mas como julgamos também que as mulheres que não passam às segundas núpcias são dignas de alguma porção sobre as que se casam pela segunda vez, mandamos, que havendo alguma perdido seu marido, se abstivera de núpcias com outro, tenha ela certamente, como antes, o uso da doação antenupcial (....). Porém, mandamos que isto valha não somente quanto às mães, senão que também o queremos no que diz respeito aos pais e aos demais ascendentes que não passem às segundas núpcias. 
Novela 127.4: Mas como antes proibimos por uma lei os varões e suas mulheres repudiarem-se e dissolver seus matrimônios, a não ser que haja alguma causa reconhecida por nossa lei, e impusemos penas aos maridos e às mulheres que fizerem isto, mandamos, fazendo alguma alteração quanto às penas do marido e da mulher, e melhorando isto, que não se faça nenhuma diferença, quanto à pena, entre o marido e a mulher que a isto se atrevam, senão que às mesmas penas que contra as mulheres foram fixadas por nós, se sem causa reconhecida por nossa lei dissolveram os matrimônios, estejam sujeitos também os maridos que se atrevam a isto, e sejam iguais às penas contra o marido e contra a mulher. Porque consideramos que é justo que por igual delito lhes ameacem análogas penas. 
Novela 134. 11: Mas como alguns se empenham em infringir nossa lei, em que claramente enumeramos as causas pelas quais somente se podem enviar repúdios ou pelo marido ou pela mulher, mandamos que não sendo por aquelas causas, não se faça de modo algum repúdios, ou não se dissolvam pelo consentimento as núpcias e se perdoem mutuamente por delitos. Mas se fora das causas por nós determinadas se tiverem atrevido alguns a dissolver o matrimônio, mandamos, que se verdadeiramente tiverem descendentes do mesmo, ou de outro matrimônio, dêem-se-lhes a estes os bens daqueles segundo a ordem das leis, e sejam enviados tanto ao marido quanto a mulher a um monastério por todo o tempo de sua vida, e separem-se dos bens de cada um quatro onças para os monastérios a que são envidados, não tendo, no entanto, o marido nem o uso da parte dada aos filhos (porque o pai não tem o usufruto dos bens dos filhos postos sob seu poder). (...) Mas se não se acham nem descendentes nem ascendentes, os ascendentes tiverem consentido no fato, mandamos que todos os bens se dêem aos monastérios a que estes forem enviados, a fim de que por causa deste menosprezo não seja também desatendido o juízo de Deus, e não se infrinja nossa lei. (...).
7. Condição dos Filhos
 
Lei das XII Tábuas, Tábua V. 4: Se morre intestado quem carece de “herdeiro seu”, tenha a herança o agnado mais próximo.
Idem, Tabua V.6: Para quem por testamento não se tenha nomeado tutor, os agnados serão tutores
JUSTINIANO. Institutas 2. 12: Nem todos podem testar. Os sujeitos ao poder de outrem não podem testar, ainda mesmo com a permissão de seus ascendentes, excetuados os já referidos, e principalmente os militares que se acham sob poder dos ascendentes, aos quais as Constituições imperiais permitiram testar sobre os bens adquiridos na milícia. (....) Se, pois, fizeram testamento sobre o pecúlio castrense, pertencerá o pecúlio ao herdeiro instituído, mas se morrerem intestados, sem deixar filhos ou irmãos, pertencerá aos ascendentes, na conformidade com o Direito comum. Daí podemos concluir que o que adquirir na milícia o militar sujeito ao pátrio poder não lhe pode ser retirado por seu pai, nem podem os credores do pai vender ou penhorar. Não se torna também comum com os irmãos por ocasião da morte do pai, mas é exclusivo do militar que o adquiriu na milícia, muito embora pelo Direito Civil os pecúlios dos sujeitos ao pátrio poder se contem entre os bens do chefe de família, do mesmo modo que se contam entre os bens dos senhores os pecúlios dos escravos, salvo os que os chefes de família não podem adquirir em virtude das Constituições imperiais, e principalmente das nossas. 
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CODEX.12.31.1 [ = C.Th. 6.36.1]:Mandamos que todos os palatinos, a quem já de muito tempo se estendem certos privilégios de nosso edito, tenham como pecúlio castrense os bens que, ou por própria economia tiverem adquirido, ou por doações nossas tiverem alcançado, enquanto moraram no nosso palácio (...). 
CODEX.6.60.1 [ = C.Th.8.18.1]: Os bens que pela sucessão da mãe, já em virtude de testamento, já ab intestato, tiverem sido adjudicados pelos filhos, fiquem em poder dos ascendentes de tal sorte que tenham eles somente a faculdade de desfrutá-los, porém pertencendo o domínio aos filhos. Mas os ascendentes com quem fica só a faculdade de usufruir os bens maternos, devem mostrar toda diligência ao cuidar destes bens, pedir em juízo por si ou por procurador o que em direito se deve aos filhos, pagar os gastos com os frutos, opor-se aos que promovem litígio e fazer tudo como se houvesse adquirido para eles o firme e completo domínio (...).” 
NOVELA 118.1: Assim, pois, se tiver algum descendente do que morre intestado, de qualquer sexo ou grau que seja, já descenda por linha do varão, já de fêmea, e ora seja de próprio poder, ora esteja sob poder, seja anteposto a todos os ascendentes e aos cognados colaterais. Porque ainda que o defunto tivesse estado sob poder de outro, mandamos, no entanto, que seus filhos, de qualquer sexo ou grau que forem, sejam preferidos inclusive frente aos ascendentes sob cujo poder estava o falecido, por suposto em relação àqueles bens que com base nas nossas leis não se adquiriram para os pais.
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CODEX.12. 3. 5: Mandamos que os excelsos varões patrícios a quem a augusta majestade elevou ao cume da dignidade sejam feitos imediatamente, em virtude das credenciais imperiais concedidas, pais de família e fiquem livres do poder paterno, para que não pareça que os que por nós honrados com a qualidade de pai estejam sujeitos ao poder alheio (...)”
JUSTINIANO. Institutas 1.12.4:O filho de família que se torna soldado, senador ou cônsul, continua sob poder paterno, porque a milícia ou a dignidade consular não libertam o filho do pátrio poder. Todavia, pela nossa Constituição, a alta dignidade de patrício, imediatamente depois de entregue a patente imperial, liberta o filho do poder do pai. Seria mesmo admissível que o pai pudesse, pela emancipação, livrar de seu poder o filho, e não fosse bastante, para libertá-lo desse poder a majestade do imperador a respeito daquele que escolheu para seu pai? 
NOVELA 82. 3: Mas é evidente que não há ninguém que ignore, que se adquire para os santíssimos bispos também seu próprio poder em virtude de sua ordenação. Porque os que são pais espirituais de todos, como estarão sob poder de outros? Mas é conveniente que também eles desfrutem dessa honra e gozem dela por virtude dessa nossa legislação. 
Cura minorum - Lex Plaetoria de circumscriptione adolescentium, (193/192 a C)
Plebiscito proposto por um tribuno chamado Plaetorius, a lei se dirigia contra os perigos da inexperiência dos menores de 25 anos, instituindo, contra quem abusasse de um menor, um iudicium publicum rei privatae, a título noxal. A pena era uma multa e a infâmia, com a conseqüente incapacidade para o exercício de cargos municipais. Com base nessa lei, o pretor concedia ao menor uma exceção (exceptio). 
8. CIDADANIA E LIBERDADE
FLORENTINO. D. 1. 5. 4: Liberdade é a faculdade natural de cada um agir de acordo com sua vontade, exceto no que está proibido pela força ou pelo Direito
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GAIO. 1. 9: Certamente, a primeira divisão do direito das pessoas é esta: todos os homens são livres ou são escravos.
GAIO.1.10: Por suavez, dos homens livres, uns são ingênuos; outros, libertos.
GAIO.1.11: São ingênuos os que nasceram livres; libertos os que foram manumitidos de lícita escravidão.
GAIO.1.12: Por sua vez, os libertos são de três gêneros, pois ou são cidadãos romanos, ou são latinos, ou estão na classe dos deditícios (...).
GAIO.1.13: Na Lei Elia Sencia se ordena que os escravos castigados no cárcere por seus donos, os marcados com estigmas, os que, por motivo de delito foram postos em tortura e, convictos nesse delito, foi entregue para lutar com armas ou contra feras, e os que foram lançados ao circo ou à prisão, quando, posteriormente, aquele mesmo dono ou outro lhe manumite, sejam homens livres da mesma condição dos deditícios.
GAIO.1.14: Se chamam estrangeiros deditícios aqueles que, com armas na mão, lutaram alguma vez contra o povo romano e, logo vencidos, se renderam.
GAIO 1.15: Assim, pois, os escravos que estão em tal desonra, de qualquer maneira e a qualquer idade que sejam manumitidos, ainda que fossem do pleno domínio de seus donos, dizemos que nunca se tornam cidadãos romanos nem latinos, mas os incluímos na classe dos deditícios.
GAIO.1.16: Se um escravo não está em tal desonra, ao ser manumitido, dizemos que torna, bem cidadão romano, bem latino.
GAIO.1.17: Pois quando concorrem em sua pessoa estas três condições: que seja maior de trinta anos, que esteja em propriedade civil de seu dono e que seja libertado com uma manumissão lícita e legítima, isto é, pela vara, pelo censo ou por testamento, se torna cidadão romano; porém, se falta qualquer delas, será latino.
GAIO.1.28: Os latinos alcançam a cidadania romana por várias maneiras.
GAIO.1.32b: Ademais, em virtude da Lei Viselia, os manumitidos latinos, tanto maiores como os menores de trinta anos, alcançam o direito dos quirites, isto é, se tornam cidadãos romanos, se servirem seis anos na guarda urbana de Roma. Depois, se disse que se fez um senatusconsultus pelo qual se deu a cidadania romana se cumprissem três anos de serviço militar.
GAIO.1.32c: Igualmente conseguem o direito dos quirites os latinos, em virtude de um edito de Claudio, se constroem um navio com capacidade não menor do que mil modios de trigo, e esse navio, ao que se saiba, transporta trigo para Roma durante seis anos.
GAIO.1.33: Ademais, Nero estabeleceu que o latino, tendo patrimônio de duzentos mil ou mais sestércios, constrói um edifício em Roma, no qual tenha gastado pelo menos a metade de seu patrimônio, consiga o direito dos quirites.
GAIO.1.34. Por último, Trajano concedeu o direito dos quirites ao latino que sustenta na cidade durante três anos uma padaria que elabore, a cadaa dia, pelo menos cem modios de trigo.
Lex Aelia Sentia (4 d.C) – Lei de Augusto, proibiu as manumissões em fraude a credores e fixou idade mínima de 20 anos para o manumitente, e 30 anos para o manumitido. Os manumitidos contra a lei se convertiam em Latini Iuniani. 
Lex Viselia de libertinis (24 d.C) – Lei que concedeu a cidadania romana aos Latini Iuniani que houvessem servidos no corpo de guarda durante seis anos e também reprimiu a usurpação da condição de ingênuo e proibiu aos libertos aceder às magistraturas municipais. 
Ato dos Apóstolos, 16: Libertação de Paulo e Silas
(...) Os estrategos mandaram dizer que vos pusessem em liberdade. Saí, pois, e ide-vos em paz. Mas Paulo disse aos lictores: “Açoitaram-nos em público, sem julgamento, a nós que somos cidadãos romanos, meterem-nos na prisão, e agora nos mandam sair às escondidas! – Não está bem! Venham eles próprios conduzir-nos lá para fora.” Os lictores foram comunicar estas palavras aos estrategos. Ao ouvirem dizer que eram cidadãos romanos, ficaram assustadíssimos. Foram pedir-lhes desculpa, puseram-nos em liberdade e rogaram-lhes que se retirassem (...)
Ato dos Apóstolos, 24: Paulo declara-se cidadão romano
(...) Mas, quando iam amarrá-lo para ser açoitado, Paulo disse ao centurião de serviço: “Tendes autoridade para açoitar um cidadão romano, que nem sequer foi julgado?” Ouvindo isto, o centurião correu para avisar o tribuno (...)O tribuno foi ter com Paulo e perguntou-lhe: “Dize-me, tu és cidadão romano?” “Sou”, respondeu ele. O tribuno continuou: “Eu adquiri por muito dinheiro, esse direito de cidadania”. Paulo retorquiu: “Pois eu já nasci com esse direito”. Os que o iam interrogar retiram-se imediatamente e o tribuno ficou cheio de medo ao saber que tinha mandado prender e agrilhoar um cidadão romano. No dia seguinte, querendo averiguar com imparcialidade do que era acusado pelos judeus, tirou-lhes as algemas, convocou os Sumos Sacerdotes e todo o Sinédrio e mandou buscar Paulo, fazendo-o comparecer diante deles.

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