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Henry Rocha Simonetti 1 ENTIDADE FAMILIAR DIREITO CIVIL II – FAMÍLIA ENTIDADE FAMILIAR Antes de 1988 – Apenas o matrimônio (precisava necessariamente de um homem e uma mulher) C.F. de 1988 trouxe: o União estável (necessariamente homens e mulheres) o Família Monoparental *Antes disso, essas duas categorias que não eram reconhecidas como família eram prejudicadas em situações jurídicas como a participação em programas do governo (como o da casa própria) Família recomposta – com padrastos e/ou madrasta e filhos de outros casamentos União Estável e Matrimônio de pessoas do mesmo sexo *As famílias são chamadas de homoafetivas ou heteroafetivas pois a constituição de uma família não depende de uma relação sexual e sim de afeto Família Anaparental – irmãos sem pais DIVISÃO DO CÓDIGO CIVIL Direito Matrimonial Direito Patrimonial Direito Protetivo DIREITO DE FAMÍLIA NOS DISPOSITIVOS LEGAIS LEI MARIA DA PENHA É o dispositivo que melhor descreve a família atualmente: Art. 5º II - no âmbito da família, compreendida como a comunidade formada por indivíduos que são ou se consideram aparentados, unidos por laços naturais, por afinidade ou por vontade expressa; III - em qualquer relação íntima de afeto, na qual o agressor conviva ou tenha convivido com a ofendida, independentemente de coabitação. Parágrafo único. As relações pessoais enunciadas neste artigo independem de orientação sexual. CONSTITUIÇÃO FEDERAL Fala sobre no Art. 226 Estabelece: o Igualdade entre filhos (antigamente havia diferenciação) Henry Rocha Simonetti 2 CASAMENTO *Adotado =/= agregado o Reconhecimento da união estável o Paridade entre os cônjuges (porque antes o homem era considerado “chefe da família”) Essas disposições transformaram o direito civil, e entre 1988 e 2002 era exercido um “direito civil constitucional” pois as decisões passaram a se basear mais na constituição do que no Código Civil de 1916, que já estava ultrapassado PRINCÍPIOS DO DIREITO DE FAMÍLIA NO CÓDIGO DE 2002 1. Princípio da dignidade humana – princípios como reconhecimento de famílias monoparentais, a igualdade entre homens e mulheres no casamento, a garantia da possibilidade de dissolução de sociedade conjugal, etc foram todos trazidos no novo código 2. Princípio da solidariedade familiar – apoiar a outra pessoa independentemente das condições* 3. Princípio da Igualdade entre cônjuges – era diferente no código de 16 4. Princípio da igualdade jurídica entre todos os filhos – iguala a situação de filhos adotivos, filhos fora do casamento, etc 5. Princípio da paternidade responsável e do planejamento familiar – é de responsabilidade de ambos os pais decidirem como organizarão sua família e devem basear-se nos princípios da dignidade humana 6. Princípio da afeição entre os cônjuges e conviventes 7. Não-intervenção do Estado no direito de família (ninguém é obrigado a constituir família) *Esse princípio não se extingue no divórcio apenas se uma pessoa não tiver mais ninguém da família dela para pedir auxílio ou alimento ela pode pedir para a pesso de que se divorciou CASAMENTO É uma instituição ou um contrato? No Brasil pensa-se o casamento como instituição porque a parte “contratual” que seria o estabelecimento de um regime de bens está praticamente pré-pronto, as pessoas simplesmente escolhem um deles e não há exatamente um estabelecimento de dispositivos contratuais detalhado. Portanto, o casamento é mais uma instituição. FINALIDADE DO CASAMENTO O código define como: Art. 1.565. Pelo casamento, homem e mulher assumem mutuamente a condição de consortes, companheiros e responsáveis pelos encargos da família. § 1o Qualquer dos nubentes, querendo, poderá acrescer ao seu o sobrenome do outro. § 2o O planejamento familiar é de livre decisão do casal, competindo ao Estado propiciar recursos educacionais e financeiros para o exercício desse direito, vedado qualquer tipo de coerção por parte de instituições privadas ou públicas. EFEITOS DO CASAMENTO Vínculo conjugal* Henry Rocha Simonetti 3 CASAMENTO Vínculo de parentesco por afinidade (a família do cônjuge)* Alteração do estado civil Emancipação Divisão do patrimônio (de acordo com o regime de bens)* Alteração do nome (facultativo) *A união estável também tem esses efeitos ESPÉCIES DE CASAMENTO Casamento Civil – realizado no cartório Casamento Religioso – para ter efeitos civis é preciso levar a documentação do cartório e oficializar, nesse caso a data do casamento será considerada a data da celebração. Por procuração – em casos de uma pessoa que está presa, ou uma pessoa que está fora do Brasil Numcumpativo – casamento realizado no leito de morte Putativo – é nulo, apenas terá alguns efeitos em casos de boa-fé. Existe um caso em que duas pessoas se casaram e depois descobriram que eram irmãos, então o casamento será anulado mas terá alguns efeitos Consulário – o casamento de brasileiros diante da autoridade consulária PRINCÍPIOS DO CASAMENTO Monogamia*: por não ser global, não é exatamente um princípio. Os artigos 1521, inciso VI e 1548, inciso II são os responsáveis pela dedução de que o casamento no Brasil é monogâmico. o A questão da poligamia ainda é um desafio para o direito brasileiro, no caso de uma pessoa que vive um casamento e uma união estável com pessoas diferentes, o casamento prevalecerá (ocorre pelo fato de que a união estável não necessita de declaração de vontade) Liberdade de Uniões: cada um escolhe com quem se casa Comunhão de vida: um casamento pode acabar com o divórcio, mas de fato só acabará com a vida, ou se for contraído outro casamento. INCAPACIDADE, IMPEDIMENTOS E CAUSAS SUSPENSIVAS DO CASAMENTO INCAPACIDADE Apenas menores de 16 anos (exceção da gravidez) IMPEDIMENTO o artigo 1521 dispõe impedimentos para o casamento: Art. 1.521. Não podem casar: Henry Rocha Simonetti 4 CASAMENTO I - os ascendentes com os descendentes, seja o parentesco natural ou civil; II - os afins em linha reta; III - o adotante com quem foi cônjuge do adotado e o adotado com quem o foi do adotante; IV - os irmãos, unilaterais ou bilaterais, e demais colaterais, até o terceiro grau inclusive; V - o adotado com o filho do adotante; VI - as pessoas casadas; VII - o cônjuge sobrevivente com o condenado por homicídio ou tentativa de homicídio contra o seu consorte. *Nessa questão existe o questionamento de: se os parentes não podem casar por causa dos filhos, e os casamentos em que as pessoas não querem ter filhos? Por que eles, tendo afeto, não podem casar? Os impedimentos do casamento são os mesmos da união estável Um casamento deve existir, ser válido (I - agente capaz; II - objeto lícito, possível, determinado ou determinável; III - forma prescrita ou não defesa em lei.), e ter efeitos CAUSAS SUSPENSIVAS Situação em que não há impedimento mas é obrigatória a separação total de bens. As causas suspensivas podem ser arguidas por parentes em linha reta ou colaterais de 2º grau, seja consanguíneo ou afim. São elas tratadas no art 1523 do CC: I - o viúvo ou a viúva que tiver filho do cônjuge falecido, enquanto não fizer inventário dos bens do casal e der partilha aos herdeiros; II - a viúva, ou a mulher cujo casamento se desfez por ser nulo ou ter sido anulado, até dez meses depois do começo da viuvez, ou da dissolução da sociedade conjugal; - por causa de uma possível gravidez e existência de um herdeiro. III - o divorciado, enquanto não houver sido homologada ou decidida a partilha dos bens do casal; IV - o tutor ou o curador e os seus descendentes, ascendentes, irmãos, cunhados ou sobrinhos, com a pessoa tutelada ou curatelada, enquanto não cessar a tutela ou curatela, e não estiverem saldadas as respectivas contas. REGIME DE BENS Comunhão parcial de bens: É a regra geral para quando não existeoutro acordo. Apenas os bens adquiridos durante o casamento serão divididos entre os cônjuges, sendo metade para cada (daí vem a palavra “meeiro” Comunhão total de bens: todo o patrimônio dos dois é dividido em dois Separação de bens: trata-se da separação dos bens do cônjuge, que continuam com a posse daquilo que adquirirem depois do casamento. Não há necessidade evidente de comunicação Henry Rocha Simonetti 5 CASAMENTO da venda de um imóvel. Em caso de alienação de bens, não há necessidade de comunicação entre as partes *Participação final nos aquestos: durante o relacionamento esse casal vive em uma separação de bens, ou seja, irão gerar esse patrimônio sem interferência do outro, mas no momento do divórcio ocorrerá o processo como se fosse um regime de comunhão parcial. *Para alterar o regime de bens é necessário uma autorização judicial BENS EXCLUÍDOS DA COMUNHÃO Art. 1659 – Excluem-se da comunhão parcial os bens: I - os bens que cada cônjuge possuir ao casar, e os que lhe sobrevierem, na constância do casamento, por doação ou sucessão, e os sub-rogados em seu lugar; Sub-rogado é substituído, mas tem que ser declarado. Por ex: se um desses bens for vendido e for comprado outra coisa no lugar, isso precisa ser declarado oficialmente (uma declaração por escrito na hora da compra que ele foi sub- rogado do bem de herança) II - os bens adquiridos com valores exclusivamente pertencentes a um dos cônjuges em sub-rogação dos bens particulares; (como foi dito no inciso anterior) III - as obrigações anteriores ao casamento; IV - as obrigações provenientes de atos ilícitos, salvo reversão em proveito do casal; V - os bens de uso pessoal, os livros e instrumentos de profissão; A questão dos instrumentos de profissão é um pouco relativa. Em alguns casos, como o dos consultórios odontológicos, os instrumentos são muito caros e em algumas vezes é pago pelos dois cônjuges então se ocorrer divórcio não é possível separar tudo em todas as ocasiões, as vezes se reconhece um esforço de ambos para a compra desses instrumentos de profissão VI - os proventos do trabalho pessoal de cada cônjuge; VII - as pensões, meios-soldos, montepios e outras rendas semelhantes. Montepios são pensões (dinheiro pago pelo Estado) aos familiares de servidores públicos Art. 1668 – São excluídos da comunhão universal I - os bens doados ou herdados com a cláusula de incomunicabilidade e os sub-rogados em seu lugar; II - os bens gravados de fideicomisso e o direito do herdeiro fideicomissário, antes de realizada a condição suspensiva; Fideicomisso: deixar herança para uma pessoa que ainda não nasceu Henry Rocha Simonetti 6 CASAMENTO III - as dívidas anteriores ao casamento, salvo se provierem de despesas com seus aprestos, ou reverterem em proveito comum; IV - as doações antenupciais feitas por um dos cônjuges ao outro com a cláusula de incomunicabilidade; V - Os bens referidos nos incisos V a VII do art. 1.659. Art. 1.669. A incomunicabilidade dos bens enumerados no artigo antecedente não se estende aos frutos, quando se percebam ou vençam durante o casamento. ADMINISTRAÇÃO DOS BENS Nesse regime, quem administra os bens do casal pode ser qualquer um dos cônjuges. Em caso de um dos cônjuges ser relativamente incapaz (prodigalidade, etc), o juíz poderá designar apenas um dos bens REGIME DE BENS OBRIGATÓRIO Seria um “quinto regime”, também conhecido como separação legal, e está previsto no art. 1641. Nesse caso, as pessoas não podem escolher o regime, e a lei irá prever em qual elas devem se casar. Art. 1.641. É obrigatório o regime da separação de bens no casamento: I - das pessoas que o contraírem com inobservância das causas suspensivas da celebração do casamento; II - da pessoa maior de sessenta anos; II – da pessoa maior de 70 (setenta) anos; (Redação dada pela Lei nº 12.344, de 2010) Polêmica: pode ser considerado inconstitucional FGTS: após 10 anos de trabalho, retira-se 8% do salário do trabalhador por mês para que, caso ocorra alguma eventualidade, o trabalhador terá uma garantia. No divórcio, grande parte do patrimônio dos cônjuges estará no fundo de garantia, porém ligado apenas ao trabalho de um cônjuge, esse bem irá se comunicar ou não? Os bens que vem do trabalho privado estão sempre excluídos, mas esses também? A jurisprudência se divide nessa questão, mas a maioria considera que há uma solidariedade na família e que o trabalho de um dos cônjuges não necessariamente se dá apenas profissionalmente mas também emocionalmente, existe uma dependência emocional. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm#art1659 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2010/Lei/L12344.htm#art1 Henry Rocha Simonetti 7 Dissolução da sociedade conjugal III - de todos os que dependerem, para casar, de suprimento judicial. Os relativamente incapazes OBRIGAÇÃO SOLIDÁRIA EM DÍVIDAS Art. 1.643. Podem os cônjuges, independentemente de autorização um do outro: I - comprar, ainda a crédito, as coisas necessárias à economia doméstica; II - obter, por empréstimo, as quantias que a aquisição dessas coisas possa exigir. Art. 1.644. As dívidas contraídas para os fins do artigo antecedente obrigam solidariamente ambos os cônjuges. A solidariedade é uma exceção para a regra de que só se cobre uma dívida com quem a contraiu, pois nesse caso se pode cobrar de outras pessoas DISSOLUÇÃO DA SOCIEDADE CONJUGAL Art. 1571 – A atividade conjugal termina pela morte (presumida e de fato) de um dos cônjuges, pela nulidade ou anulação do casamento, pela separação judicial, ou pelo divórcio. SEPARAÇÃO JUDICIAL Texto original da CF: o casamento foi considerado pelos constituintes que previu (no art. 226) que “o casamento civil pode ser dissolvido pelo divorcio após prévia separação judicial por mais de um ano nos casos expressos em lei ou separação de fato comprovada por mais de dois anos “ Emenda const. de 2010 Mudou esse parágrafo e agora diz apenas: “O casamento civil pode ser dissolvido pelo divórcio.” Ou seja, para o divórcio era obrigatório essa separação, mas com o passar do tempo as pessoas que se separavam logo procuravam advogados e queriam se separar judicialmente, então a lei foi alterada. Porém ocorrem situações dramáticas devido a essa situação, pois algumas vezes o cônjuge é pego de surpresa MODALIDADES DE SEPARAÇÃO Muitos dizem que a separação não tem importância atualmente, pois o vínculo só se rompe com o divórcio, alguns dizem o contrário. Extrajudicial consensual: no cartório Judicial consensual Judicial litigiosa: quando há discordância, basicamente fala que se você desobedece um dos deveres do casamento, o cônjuge pode pedir a separação sendo sua culpa. A partir disso, é possível imputar ao outro o pagamento de alguns deveres (art. 1572). Existem também questões de doença e falência como justificativa. Henry Rocha Simonetti 8 Dissolução da sociedade conjugal De fato: não regularam a situação, mas não vivem mais juntas (Lembrando que, se um casal estiver em separação de fato e um dos cônjuges passe a constituir uma união estável, numa possível briga judicial a UE irá prevalecer) DIVÓRCIO JUDICIAL (ART. 1580) Por convenção: quando começa com separação depois é convertido em divórcio, apenas facilita o processo Direto: sem a separação prévia LITIGIOSO X CONSENSUAL Divórcio consensual: para aqueles que possuam filhos menores ou incapazes, deve constar a petição de acordo a pensão dos filhos e do cônjuge que necessitar dela, além das condições de guarda dos filhos e rotinas de convivência, bem como a partilha de bens. Divórcio Litigioso: havendo discordância entre os cônjuges, o processo seguirá o rito ordinário, sendo restritos os argumentos da contestação, uma vez que não cabe alegação de culpaou decurso de prazo de separação de fato ou de direito. A pensão alimentícia dos filhos e a partilha de bens podem ser resolvidas em ação própria e até posteriormente à ação do divórcio EXTRAJUDICIAL(LEI 1441/2007) Art. 3o A Lei no 5.869, de 1973 – Código de Processo Civil, passa a vigorar acrescida do seguinte art. 1.124-A: “Art. 1.124-A. A separação consensual e o divórcio consensual, não havendo filhos menores ou incapazes do casal e observados os requisitos legais quanto aos prazos, poderão ser realizados por escritura pública, da qual constarão as disposições relativas à descrição e à partilha dos bens comuns e à pensão alimentícia e, ainda, ao acordo quanto à retomada pelo cônjuge de seu nome de solteiro ou à manutenção do nome adotado quando se deu o casamento. § 1o A escritura não depende de homologação judicial e constitui título hábil para o registro civil e o registro de imóveis. § 2o O tabelião somente lavrará a escritura se os contratantes estiverem assistidos por advogado comum ou advogados de cada um deles, cuja qualificação e assinatura constarão do ato notarial. § 3o A escritura e demais atos notariais serão gratuitos àqueles que se declararem pobres sob as penas da lei.” http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L5869.htm#art1124a Henry Rocha Simonetti 9 UNIÃO ESTÁVEL UNIÃO ESTÁVEL HISTÓRICO Antigamente, pessoas que constituíam uniões estáveis eram vistas com muito preconceito, especialmente as mulheres, era comum o uso de nomes depreciativos para essas pessoas. Não existia ação que reconhecesse a união após sua dissolução e as pessoas ficavam desamparadas. Algumas vezes, quando as mulheres que trabalhavam em casa ficavam sem nada após a separação, o único recurso restante para os advogados era entrar com uma ação por serviços prestados que não foram remunerados (como se a mulher tivesse trabalhado como empregada doméstica, e não companheira) . Ao longo da história, alguns dispositivos falaram sobre o assunto: Decreto Lei 7036/1944 – a união estável era chamada de “concubinato” Súmula 380/1964* – já é possível comprovar uma união e estabelecer uma partilha dos bens que foram adquiridos por esforços comuns, em uma espécie de regime parcial Súmula 382/1964 – para existir concubinato não é necessária a coabitação Lei Reg. Pub. – permite alteração do sobrenome das esposas CF/88 Art. 226, §3º – reconhece a chamada “união estável”, antes existia o puro (que se tornou a união estável) e o impuro (quando há impedimento, existem aquelas pessoas que estão impedidas de constituírem casamento, os mesmos impedimentos ocorrem na união estável, e a união dessas pessoas é chamada de “impura”; atualmente essa ideia não existe pois essas pessoas não podem constituir nenhum tipo de união estável) Lei 8971/1994 Lei 9278/1996 – questão dos 5 anos, questão dos filhos, coisas que não tem mais efeito atualmente após o CC, mas as vezes são lembradas pela opinião popular CC 2002 *O posicionamento do tribunal transcrito após uma decisão judicial CONCEITO E ELEMENTOS (ART. 1723) Elementos essenciais: Convivência publica Continua Duradoura Animus familiae - se constituem como família Não se estabelece nenhum limite de tempo e não pode ser uma união estável secreta Henry Rocha Simonetti 10 Bens de família Elementos que podem auxiliar na comprovação, mas não são essenciais: Tempo Coabitação Filhos* *Nos casamentos, quando um filho nasce ocorre a chamada presunção de paternidade, já na união estável, é preciso que a mãe confirme quem é o pai e ambos estejam presentes para o registro. **2012: a presunção da concepção dos filhos se estende à união estável, mas aí é necessário que ela esteja comprovada na justiça FAMÍLIAS SIMULTANEAS Existe muitos debates acerca disso no Brasil porque a monogamia ainda é um princípio do casamento, então é difícil julgar os casos 1º 2º Qual prevalece Casamento Casamento (nulo) O 1º EU Casamento O casamento Casamento UE O casamento UE UE Normalmente, a 1ª* *Se alguma das uniões estáveis for putativa (uma não sabe da existência da outra), prevalecem todas *Porém alguns vão dizer que a 1ª prevalece de qualquer forma Art. 1790 – cônjuge na comunhão parcial é herdeiro, mas na união estável não era nada, mas foi decidido que isso era inconstitucional e agora não é mais assim BENS DE FAMÍLIA É uma forma de afetação de bens a um destino especial que é ser a residência da família, e, enquanto for, é impenhorável por dívidas posteriores à sua constituição, salvo as provenientes de impostos devidos pelo próprio prédio. O princípio foi acolhido na Carta Magna de 88, que proíbe que a pequena propriedade onde a família trabalhada seja usada como penhora para pagamento de débitos decorrentes de sua atividade produtiva. CÓDIGO DE 2002 Art. 1.711. - Podem os cônjuges, ou a entidade familiar, mediante escritura pública ou testamento, destinar parte de seu patrimônio para instituir bem de família, desde que não ultrapasse um terço do patrimônio líquido existente ao tempo da instituição, mantidas as regras sobre a impenhorabilidade do imóvel residencial estabelecida em lei especial. Henry Rocha Simonetti 11 RELAÇÕES DE PARENTESCO Parágrafo único. O terceiro poderá igualmente instituir bem de família por testamento ou doação, dependendo a eficácia do ato da aceitação expressa de ambos os cônjuges beneficiados ou da entidade familiar beneficiada. A LEI 8.009 DE 1990 Define que o imóvel residencial próprio do casal ou da entidade familiar é impenhorável e não responderá por qualquer tipo de dívida civil, comercial, fiscal, previdenciária ou de outra natureza contraída pelos cônjuges ou pelos pais ou filhos que sejam seus proprietários e nele residam. O artigo acima traz a ideia do patrimônio mínimo para que a pessoa mantenha sua dignidade e não fique completamente desamparada. Quem escreve bem sobre isso é o ministro Fachin. A pessoa que vive só, embora haja controvérsias sobre o fato dela construir ou não uma entidade familiar, também merecer ser amparada, pois, por não ter mais ninguém, é justamente a pessoa que mais necessita de apoio. BEM DE FAMÍLIA VOLUNTÁRIO: Decorrente da vontade dos cônjuges, companheiros ou terceiro (No código civil). Só existe quando o proprietário tem dois ou mais imóveis residenciais e deseja optar por um deles, para mantê-lo protegido, e fizer uma escritura. Porém, isso tem pouca aplicação prática pois muitas poucas pessoas fazem esse processo. Se estende para as uniões estáveis BEM DE FAMÍLIA INVOLUNTÁRIO: É estipulado legalmente na Lei nº 8.009/90 O imóvel residencial próprio do casal, ou da entidade familiar, é impenhorável e não responderá por qualquer tipo de dívida civil, comercial, fiscal, previdenciária ou de outra natureza, contraída pelos cônjuges ou pelos pais ou filhos que sejam seus proprietários que nele residam, salvo nas hipóteses previstas nesta Lei RELAÇÕES DE PARENTESCO Existem muitas definições acerca do que exatamente é a relação de parentesco, mas o que se infere na atual doutrina é que por ela são englobados as relações consanguíneas, de afinidade e de adoção. Consanguíneas: descendentes de um mesmo tronco familiar Afinidade: vínculo que se estabelece entre um dos cônjuges e os parentes do outro. Não se extingue com o fim do casamento/UE – se estende apenas aos ascendentes, descendentes e irmãos do cônjuge. Adoção: a relação criada pelo processo de adoção juridicamente se equipara às outras. O conceito de “parentesco civil” tem hoje muita importância, pois surgiu para englobar não só a afinidade e a adoção, mas também outras origens de parentesco trazidas por inovações científicas (como por exemplo, a presunção de paternidade do marido de uma Henry Rocha Simonetti 12 RELAÇÕES DE PARENTESCO mulher que foi inseminada artificialmente com o sêmende outrem), ou pela filiação social e a paternidade socioafetiva Vale lembrar também, que o parentesco até o terceiro grau impede o casamento. FILIAÇÃO Atualmente é simplesmente a relação entre os filhos e os seus pais, e não existe nenhuma distinção jurídica entre filhos “ilegítimos”, adotados e biológicos PRESUNÇÃO LEGAL DE PATERNIDADE É uma ideia que remete a antiguidade, quando não era possível comprovar a paternidade. O legislador presume que o filho da mulher casada é de seu marido, ao nascer, a relação jurídica do filho já se estabelece automaticamente para sua mãe e seu pai caso eles sejam casados Presunção pater is est: a comum, o filho gerado no casamento é do marido. Engloba os seguintes casos: I - nascidos cento e oitenta dias, pelo menos, depois de estabelecida a convivência conjugal; II - nascidos nos trezentos dias subsequentes à dissolução da sociedade conjugal, por morte, separação judicial, nulidade e anulação do casamento; III - havidos por fecundação artificial homóloga, mesmo que falecido o marido; IV - havidos, a qualquer tempo, quando se tratar de embriões excedentários, decorrentes de concepção artificial homóloga; V - havidos por inseminação artificial heteróloga, desde que tenha prévia autorização do marido. Vale que ressaltar que são critérios meramente legais, pois a ciência já é capaz de definir o dia exato da concepção e comprovar a paternidade. Esses princípios e presunções como os dos incisos I e II já perderam seu valor e sua prática *Questão da procriação assistida: o código de 2002 já inclui nos incisos III, IV e V os casos de inseminação artificial a presunção paterna, mesmo nos casos em que o embrião não tiver sido fecundado com o sêmen do marido da mulher grávida, se tiver a sua autorização Henry Rocha Simonetti 13 PODER FAMILIAR PODER FAMILIAR Existem muitas críticas a respeito do “poder familiar”, porque deve-se excluir essa ideia de “poder”, deve ser na verdade um “dever” um “compromisso”. Os pais devem ter um dever com os filhos e não poder sobre eles, outro termo usado é “autoridade parental” NATUREZA JURÍDICA Munus público – é um dever com a sociedade, com o Estado, exercer esse poder Irrenunciável – não pode ser passado para outra pessoa Imprescritível – não acaba, não tem prazo e não pode se desvincular dele Indelegável Confere aos pais direitos e deveres quanto à pessoa e aos bens dos filhos Não acaba com o fim do casamento ou UE, a não ser que a guarda defina a diminuição desse poder para uma das partes Art. 1.634. Compete a ambos os pais, qualquer que seja a sua situação conjugal, o pleno exercício do poder familiar, que consiste em, quanto aos filhos: (Redação de uma Lei de 2014) I - dirigir-lhes a criação e a educação; II - exercer a guarda unilateral ou compartilhada nos termos do art. 1.584 III - conceder-lhes ou negar-lhes consentimento para casarem; IV - conceder-lhes ou negar-lhes consentimento para viajarem ao exterior; V - conceder-lhes ou negar-lhes consentimento para mudarem sua residência permanente para outro Município; VI - nomear-lhes tutor por testamento ou documento autêntico, se o outro dos pais não lhe sobreviver, ou o sobrevivo não puder exercer o poder familiar; VII - representá-los judicial e extrajudicialmente até os 16 (dezesseis) anos, nos atos da vida civil, e assisti-los, após essa idade, nos atos em que forem partes, suprindo-lhes o consentimento; VIII - reclamá-los de quem ilegalmente os detenha; IX - exigir que lhes prestem obediência, respeito e os serviços próprios de sua idade e condição. Henry Rocha Simonetti 14 PODER FAMILIAR CONTEÚDO DO PODER QUANTO A PESSOA I - dirigir-lhes a criação e a educação; Criação e educação – incumbe aos pais velar não só pelo sustento dos filhos, como pela sua formação, afim de torna-los úteis a si, à família e à sociedade. Envolve também o zelo moral, a formação do caráter – a infração dessa obrigação se caracteriza como abandono material e que pode causar a perda do poder familiar (o que não os desobriga a sustentar os filhos). A infração do dever de proporcionar educação caracteriza abandono intelectual II - exercer a guarda unilateral ou compartilhada nos termos do art. 1.584 Se refere a criança ter uma casa, onde ele pode fixar seus estudos e ter uma referência Em caso de dissolução matrimonial, os cônjuges devem definir o melhor tipo de guarda para a criança Também implica a vigilância dos filhos, uma vez que os pais são responsáveis pelos atos ilícitos dos filhos em caso de pais separados, a culpa recai sobre o pai que estiver com a guarda e a companhia do filho III - conceder-lhes ou negar-lhes consentimento para casarem; Pressupõe-se que os pais tem o melhor interesse do filho e por isso podem tomar essa decisão, em casos de menores de idade que desejam casar IV - conceder-lhes ou negar-lhes consentimento para viajarem ao exterior; V - conceder-lhes ou negar-lhes consentimento para mudarem sua residência permanente para outro Município; VI - nomear-lhes tutor por testamento ou documento autêntico, se o outro dos pais não lhe sobreviver, ou o sobrevivo não puder exercer o poder familiar; VII - representá-los judicial e extrajudicialmente até os 16 (dezesseis) anos, nos atos da vida civil, e assisti-los, após essa idade, nos atos em que forem partes, suprindo-lhes o consentimento; A capacidade civil antes da maioridade será dependente do representante legal, após os 16 e antes dos 18, deverão prestar assistência ao menor VIII - reclamá-los de quem ilegalmente os detenha; Por meio de ação de busca e apreensão, pois os pais tem o direito de ter os filhos em sua companhia e guarda Henry Rocha Simonetti 15 ALIMENTOS IX - exigir que lhes prestem obediência, respeito e os serviços próprios de sua idade e condição. BENS O usufruto e administração dos bens cabe aos pais. Eles devem preservar o patrimônio e não causar nenhuma diminuição neste Excluem-se do usufruto e administração dos pais: I - os bens adquiridos pelo filho havido fora do casamento, antes do reconhecimento; II - os valores auferidos pelo filho maior de dezesseis anos, no exercício de atividade profissional e os bens com tais recursos adquiridos; III - os bens deixados ou doados ao filho, sob a condição de não serem usufruídos, ou administrados, pelos pais; IV - os bens que aos filhos couberem na herança, quando os pais forem excluídos da sucessão. ALIMENTOS Binômio: necessidade/possibilidade - cada família terá um parâmetro diferente para o que é o valor certo a ser pago para alimentos, depende de quantos filhos tem e qual a renda dessa família. Podem se estabelecer várias formas de cumprir a obrigação de alimentos do que o dinheiro. No Brasil, é comum que o cônjuge que não tiver a guarda do filho alegar que seu dinheiro de pensão alimentícia está sendo usado para o outro cônjuge, não pelo filho, o que causa muitos conflitos. Envolvem Naturais ou Civis Próprio – dinheiro ou Impróprio – todos os outros serviços que podem ser pagos para o filho Legal – vem do poder familiar, imposto pela lei Henry Rocha Simonetti 16 Adoção Voluntários – a lei obriga algumas pessoas a pagarem alimentos para determinadas pessoas, mas ninguém é proibido de pagar alimentos para outra pessoa, que não tenha nenhuma relação através de um testamento: a pessoa receberá todo o patrimônio como forma de pagar alimentos. Uma pessoa deixa os bens para que uma pessoa pague alimentos para outra. Indenizatório – tem origem no ato ilícito, quando não tem como reparar um dano uma pessoa teráque pagar indenização e pode ser na forma de alimentos. Exemplo: acidentes de carro, se matarem uma pessoa que sustenta uma família quem causou o acidente pode ter que pagar alimentos para essa família, o valor é determinado proporcionalmente na prática, o valor é difícil de ser definido, pois tem que se colocar o valor da morte de uma pessoa Definitivos Provisório: ação de alimentos, ou seja, deve ter relação de parentesco, pois pode ser pretérito/atual/futuro, se pedir alimentos pretéritos pode ser até 2 anos antes Provisionais: tem a ver com o processo civil, em casos que enquanto o processo está sendo julgado a pessoa já vai pagando os alimentos para que não se tenha prejuízo (como no processo indenizatório, a pessoa precisa urgentemente desses alimentos, então ela já pode pedir uma medida cautelar antes que se defina exatamente o valor e o tempo de pagamento) Questão da prisão civil: atualmente, essa questão tem muito peso porque a classe média brasileira tem muito medo de ir para a cadeia então acaba sendo muito efetivo para esses grupos, mas até que ponto essa estratégia de coação funcionará? ALIMENTOS GRAVÍDICOS Se pagam alimentos para a mulher grávida, uma vez que o filho está no útero e precisa ter alimentos. O direito mais importante dos fetos é o dos alimentos e é preciso que se tenha um pré-natal correto e garantir a saúde do feto. Isso engloba também o enxoval, a saúde da mulher e seu bem-estar CARACTERÍSTICAS DO ALIMENTO Atual Divisível – pode dividir o valor com mais de uma pessoa Irrenunciável Impenhorável ADOÇÃO A principal questão é lembrar que os filhos adotados equiparam-se com os filhos biológicos No pagamento voluntário de alimentos isso era muito comum, no Brasil rural por exemplo as pessoas que não podiam cuidar dos filhos acabavam os abandonando e outras pegavam a criança para criar apenas (sem nenhum tipo de processo legal), aí entra a questão: é seu filho? Pois ele as vezes é apenas criado no mesmo ambiente, agregados, e isso era comum principalmente em famílias muito grandes, Henry Rocha Simonetti 17 TUTELA E CURATELA pois quanto mais crianças mais força de trabalho. E então, os testamentos acabaram encarregando pessoas de pagar alimentos para essas pessoas, se caracterizando como pagamento voluntário de alimentos Adoção a brasileira: a antiga lei brasileira determinava que você precisava ter 50 anos para poder adotar uma criança e daí surgiu o problema, a adoção a brasileira é registrar no seu nome filhos de outra pessoa como se fosse sua sem passar pelo processo de adoção, e isso era inclusive incentivado pelos juízes e promotores pelas grandes dificuldades da adoção. Porém, isso é crime, apesar de na época ser aceitável TUTELA E CURATELA Tutela: menores de 18 anos Curador: maiores de 18 anos *Lembrando que o Estatuto da Pessoa Deficiente tirou as pessoas deficientes da categoria dos relativamente incapazes e as transformou em capazes. Elas podem, espontaneamente nomear duas pessoas para auxiliar nas suas tomadas de decisão, são chamadas de “conselheiros”.
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