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Fique por dentro! cursomeds.com.br IMUNOLOGIA RESPOSTA IMUNE AOS MICROORGANISMOS Anelise Oliveira de Morais A defesa contra microrganismos é mediada pelos mecanismos efetores tanto da imunidade inata quanto da imunidade adaptativa. Muitos microrganismos patogênicos evoluíram na direção de resistirem à imunidade inata, portanto a proteção contra essas infecções é criticamente dependente das respostas imunes adaptativas, na qual são geradas células efetoras e células de memória que protegem o indivíduo contra infecções repetidas. A sobrevivência e a patogenicidade dos microrganismos em um hospedeiro são criticamente influenciadas pela capacidade dos microrganismos para evadir-se ou resistir aos mecanismos efetores da imunidade. Os microrganismos infecciosos e o sistema imunológico coevoluíram e estão engajados em uma luta para a sobrevivência. O equilíbrio entre a resposta imune e estratégias microbianas para resistir à imunidade é que determina o resultado de infecções. Além disso, muitos microrganismos estabelecem infecções latentes ou persistentes, nas quais a resposta imune controla, mas não elimina o microrganismo e, o microrganismo sobrevive sem propagar a infecção. O problema é que se o sistema imunológico do hospedeiro torna-se deficiente por qualquer motivo, o microrganismo latente pode ser reativado, resultando numa infecção que causa problemas clínicos significativos. É válido lembrar que em muitas infecções, as lesões teciduais e doenças podem ser causadas pela resposta do hospedeiro ao microrganismo mais do que pelo próprio microrganismo. E, por fim, defeitos hereditários e adquiridos na imunidade inata e adaptativa são importantes causas de susceptibilidade a infecções. BACTÉRIAS EXTRACELULARES Essas bactérias vão causar doença através de dois mecanismos principais: indução da inflamação e produção de toxinas (endotoxinas, que são componentes da parede celular bacteriana; ou exotoxinas, que são secretadas pelas bactérias). Mecanismos da imunidade inata ativação do complemento, a fagocitose e a resposta inflamatória. Fique por dentro! cursomeds.com.br Mecanismo da imunidade adaptativa HUMORAL: geração de anticorpos que podem agir tanto sobre antígenos da parede celular bacteriana quanto sobre toxinas liberadas pela bactéria. Os mecanismos efetores utilizados pelos anticorpos para combater essas infecções incluem neutralização (IgG, IgM e IgA); opsonização (IgG); e ativação do complemento (IgM e subclasses de IgG (exceto IgG4)). CELULAR: os antígenos proteicos de bactérias extracelulares ativam as células T CD4, que produzem citocinas. Essas citocinas induzem inflamação local, aumentam as atividades fagocíticas e microbicidas de macrófagos e neutrófilos e estimulam a produção de anticorpos. CHOQUE SÉPTICO consequência patológica grave da infecção disseminada por algumas bactérias Gram-negativas e Gram-positivas. É uma síndrome caracterizada pelo colapso circulatório; coagulação intravascular disseminada; e hipoglicemia. A fase inicial do choque séptico é causada pelas citocinas produzidas por macrófagos, sendo as principais o fator de necrose tumoral (TNF), a IL-6 e IL-1. Quando em baixas concentrações, há indução de inflamação local. Quando começa a aumentar a quantidade de citocinas produzidas, já é como uma infecção generalizada, a gente começa a sair da inflamação local para ter efeito sistêmico. É muitas vezes causado pela presença de superantígenos. O que é esse superantígeno? Ele tem a capacidade de ativar várias células T e, consequentemente, vai haver uma produção acentuada de citocinas. COMPLICAÇÃO TARDIA DA RESPOSTA IMUNE HUMORAL CONTRA A INFECÇÃO BACTERIANA geração de anticorpos que vão gerar doenças que podem acontecer semanas ou meses após minha infecção. Exemplos: infecções estreptocócicas da garganta ou da pele (febre reumática e glomerulonefrite pós-estreptocócica). Mecanismo de evasão sequestro do ácido siálico que inibe a ativação do sistema do complemento; presença de cápsulas ricas em polissacarídeos, que resistem à fagocitose; e variação genética de antígenos de superfície. BACTÉRIAS INTRACELULARES Mecanismos da imunidade inata mediada principalmente por fagócitos e células natural killer (NK). Mecanismo não muito efetivo! Mecanismos da imunidade adaptativa CELULAR: LT CD4, que ativam fagócitos através da secreção de citocinas, mas essa bactéria fagocitada pode ter um escape para o citoplasma. No citoplasma, os microrganismos não são mais suscetíveis aos mecanismos microbicidas de fagócitos, então é necessário Fique por dentro! cursomeds.com.br existir outro mecanismo efetor. No caso, essa bactéria que estiver no meu citoplasma, ela vai ter apresentação pelo MHC de classe 1 para o linfócito T CD8, que destroi diretamente essa célula infectada, eliminando, então, microrganismos que escapam aos mecanismos de morte dos fagócitos. Devido à evolução das bactérias intracelulares para resistir à destruição dentro de fagócitos, elas muitas vezes persistem por longos períodos e causam estimulação antigênica crônica, o que pode resultar na formação de granulomas em torno dos microrganismos. Este tipo de reação pode servir para localizar e impedir a propagação dos microrganismos, mas está também associada ao comprometimento funcional grave causado pela necrose do tecido e pela fibrose. Mecanismo de evasão inibição da formação do fagolisossomo e ruptura da membrana do fagossomo como forma de resistência à fagocitose a fim de fugir dos mecanismos microbicidas dos lisossomos, permitindo um escape para o citoplasma. Porém, ela acaba sofrendo a atuação dos LTCD8. FUNGOS A imunidade comprometida é o fator predisponente mais importante para infecções fúngicas clinicamente significativas. Diferentes fungos infectam os seres humanos e podem viver em tecidos extracelulares e dentro de fagócitos. Portanto, as respostas imunológicas a estes microrganismos são combinações das respostas a bactérias extracelulares e intracelulares. Mecanismos da imunidade inata neutrófilos e macrófagos. Mecanismos da imunidade adaptativa CELULAR: principal mecanismo de imunidade adaptativa contra infecções fúngicas. Nela há o estímulo da inflamação e os neutrófilos e monócitos recrutados destroem os fungos. Mas no caso de fungos intracelulares, as respostas celulares protetoras podem provocar a inflamação granulomatosa, que é uma importante causa de lesão tecidual no hospedeiro nessas infecções. VÍRUS Os vírus são microrganismos intracelulares obrigatórios que utilizam a maquinaria da síntese de proteínas do hospedeiro para se replicar e se espalhar. A replicação viral interfere na síntese de proteína e função de células normais e leva à lesão e por fim à morte da célula infectada. Fique por dentro! cursomeds.com.br Em infecções latentes, o DNA viral persiste nas células do hospedeiro, mas o vírus não se replica ou destrói as células infectadas. Qualquer deficiência na resposta imune do hospedeiro pode resultar na reativação da infecção latente, que podem levar a lise de células infectadas ou a proliferação descontrolada das células. Mecanismos da imunidade inata inibição da infecção por produção de interferons do tipo I por células infectadas, que têm a função de inibir a replicação viral; destruição direta das células infectadas mediada pelas células NK. Mecanismos da imunidade adaptativa é mediada pelos anticorpos, que bloqueiam a ligação do vírus e entram nas células hospedeiras, e por LTCD8, que eliminam a infecção matando as células infectadas. Os anticorpos são eficazes contra os vírus apenas durante a fase extracelular das vidas desses microrganismos. Mecanismo de evasão variação antigênica; bloqueio de diferentes etapas do processamento, transporte e apresentação do antígeno (como resultado, as células infectadas não podem ser reconhecidasou mortas pelas LTCD8); produção de homólogos dos receptores de citocina; produção de citocina imunossupressora (IL-10); infecção e destruição de células imunocompetentes (LT CD4). PARASITAS Mecanismos da imunidade inata fagocitose, mas os fagócitos também podem atacar os parasitas helmintos e secretar substâncias microbicidas para matar organismos que são muito grandes para serem fagocitados. ALTA RESISTÊNCIA A ESSE MECANISMO! Mecanismos da imunidade adaptativa CELULAR contra protozoários: ativação de macrófagos por citocinas, como IFN-γ, derivadas do perfil TH1, bem como resposta dos LT CD8 contra parasitas intracelulares. CELULAR contra helmintos: ativação das células TH2, que secretam IL-4 e IL-5. A IL-4 estimula a produção de anticorpos IgE, a qual se liga ao receptor Fc de eosinófilos e de mastócitos, e quando ativados, faz com que liberem seus conteúdos granulares, que destroem os helmintos; e a IL-5 estimula o desenvolvimento e ativação dos eosinófilos. As respostas imunológicas adaptativas contra parasitas também podem contribuir para a lesão tecidual. Alguns parasitas e seus produtos induzem respostas granulomatosas com fibrose concomitante. Além disso, as infestações parasitárias crônicas e persistentes são muitas vezes associadas à formação de Fique por dentro! cursomeds.com.br imunocomplexos que podem ser depositados nos vasos sanguíneos e nos glomérulos do rim e produzem vasculite e nefrite, respectivamente. Mecanismos de evasão presença de tegumento extremamente espesso, o que impede a geração de poros; descarte de antígeno; variação antigênica (dificuldade para vacinar eficazmente os indivíduos contra estas infecções); inibição da resposta imune dos hospedeiros por múltiplos mecanismos, por exemplo, a inibição da produção de TNF (bloqueio da inflamação).
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