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Quão humano? Quão divino? Perdeu Cristo alguns de Seus atributos divinos quando Se tornou humano? A Encarnação, juntamente com a cruz, é e permanece- rá sendo um mistério insondável da natureza do sacrifício de Deus pelo ser humano. Nossas explicações serão para sempre incompletas e poderão até distorcê-lo. A pergunta acima procura entender o que aconteceu quando Deus Se tornou ser humano. Eu não tenho a resposta para a ques- tão total, mas posso dar algumas sugestões acerca da sua pergunta específica. 1. Confirmando a Encarnação: O Novo Testamento deixa indiscutivelmente claro que Jesus era um ser huma- no. Ele nasceu de uma mulher (Gál. 4:4), cresceu e Se de- senvolveu como uma criança normal (Luc. 2:40), aprendeu a obedecer (Heb. 5:8), sofreu e morreu (Mat. 26:38; Luc. 23:46). Fica claro também que Ele era divino – Deus em carne humana (João 1:1 e 2 e 14; Heb. 1:3). A confirmação desses dois ensinos suscita o tipo de pergunta que você faz. É difícil, senão impossível, compreender como Deus Se tor- nou humano e contudo permaneceu totalmente divino. As limitações da natureza humana sugerem que a divindade de Jesus tinha de ser limitada ou modificada de alguma for- ma na Encarnação. No entanto, a Bíblia confirma tanto Sua total divindade quanto Sua total humanidade. 2. Diversidade de opiniões. Muitos intérpretes da Bí- blia acreditam que a Bíblia aborda a sua pergunta em Fili- penses 2:7, onde Paulo escreve que Cristo “esvaziou-Se [ke- no?] a Si mesmo, vindo a ser servo, tornando-Se semelhan- te aos homens”.* O verbo keno significa “tornar-se vazio, esvaziar”. Tem havido muita discussão na teologia cristã so- bre a natureza desse esvaziar-se. Durante o século dezeno- ve alguns teólogos sugeriram que durante a Encarnação houve uma separação entre os atributos metafísicos de Deus (como onipotência, onisciência e onipresença) e os morais (como amor e santidade). Outros foram tão longe que praticamente esvaziaram Jesus de todos os Seus atribu- tos divinos, tornando o uso do vocábulo encarnação sem significado algum. Se Deus Se tornou humano, então a ple- nitude de Deus deve ter residido na humanidade. É exata- mente isso que Paulo disse quando escreveu: “Pois em Cris- to habita corporalmente toda a plenitude da divindade.”* Col. 2:9 (conferir com 1:19). Se na Encarnação um ou vá- rios dos atributos divinos foram perdidos, não teríamos a Encarnação de Deus. 3. Esvaziar-Se e tomar a forma de servo. Filipenses 2:7 parece explicar o que Paulo quis dizer ao escrever que Cris- to “aniquilou-Se [esvaziou-Se]”. No verso 6 ele declarou que Cristo Jesus “tinha a natureza de Deus” [NTLH], igual a Deus, antes da Encarnação. Ele, então, prossegue dizendo o que aconteceu na Encarnação: Cristo tomou “a natureza de servo, tornando-Se assim igual aos seres humanos” [NTLH] (verso 7). Aquele que era divino Se tornou o que nós deve- mos ser, servos; servos de Deus e dos outros. Para Ele isto significou estar disposto a humilhar-Se perante Deus, ser- Lhe obediente, sujeitar-Se a Ele a ponto de morrer, até mes- mo a morte de cruz. Em outro lugar Paulo descreve isso usando uma linguagem diferente: “Sendo rico, Se fez pobre por amor de vocês, para que por meio de Sua pobreza vocês se tornassem ricos”.* II Cor. 8:9. A referência é feita princi- palmente ao evento que ocorreu na cruz, quando Ele Se tor- nou o mais pobre dos pobres – o que nós éramos. É seguro concluir que o esvaziar-Se de Jesus Cristo es- teja relacionado não ao que aconteceu a Seus atributos di- vinos, mas ao que Ele estava disposto a fazer como ser di- vino a fim de nos salvar. Tem que ver com a experiência, não com a natureza, de um dos membros da Divindade. Cristo Se tornou servo, isto é, Ele voluntariamente Se recu- sou a usar Seus poderes divinos, a não ser, provavelmente, quando sob a ordem do Pai. Ele colocou tudo sob a autori- dade do Pai. Ao fazer isso, porém, não Se despojou de ne- nhum de Seus atributos divinos. Ele era verdadeiramente Deus em carne humana. Alguém poderia sugerir que hou- ve uma ocultação do divino em Jesus; contudo, a divinda- de estava presente. Paulo usou a disposição de Cristo de humilhar a Si mesmo perante o Pai, no contexto de Filipenses 2, para nos exortar a ter o mesmo sentimento: “Nada façam por ambi- ção egoísta”,* mas sirvam uns aos outros com humildade (verso 3). – Por Angel Manuel Rodríguez, diretor do Instituto de Pesquisas Bíblicas da Associação Geral. ** Os textos assinalados foram extraídos da Nova Versão Internacional. Revista Adventista, dezembro 2003 7 P E C D CONSULTORIA DOUTRINÁRIA W an de rle y Sc or tg ag na cristina.moran Typewritten Text 223
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