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RODRIGUEZ 2003 quao humano

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Quão humano? 
Quão divino?
Perdeu Cristo alguns de Seus atributos divinos quando Se tornou humano? 
A Encarnação, juntamente com a cruz, é e permanece-
rá sendo um mistério insondável da natureza do sacrifício
de Deus pelo ser humano. Nossas explicações serão para
sempre incompletas e poderão até distorcê-lo. A pergunta
acima procura entender o que aconteceu quando Deus Se
tornou ser humano. Eu não tenho a resposta para a ques-
tão total, mas posso dar algumas sugestões acerca da sua
pergunta específica.
1. Confirmando a Encarnação: O Novo Testamento
deixa indiscutivelmente claro que Jesus era um ser huma-
no. Ele nasceu de uma mulher (Gál. 4:4), cresceu e Se de-
senvolveu como uma criança normal (Luc. 2:40), aprendeu
a obedecer (Heb. 5:8), sofreu e morreu (Mat. 26:38; Luc.
23:46). Fica claro também que Ele era divino – Deus em
carne humana (João 1:1 e 2 e 14; Heb. 1:3). A confirmação
desses dois ensinos suscita o tipo de pergunta que você faz.
É difícil, senão impossível, compreender como Deus Se tor-
nou humano e contudo permaneceu totalmente divino. As
limitações da natureza humana sugerem que a divindade
de Jesus tinha de ser limitada ou modificada de alguma for-
ma na Encarnação. No entanto, a Bíblia confirma tanto Sua
total divindade quanto Sua total humanidade.
2. Diversidade de opiniões. Muitos intérpretes da Bí-
blia acreditam que a Bíblia aborda a sua pergunta em Fili-
penses 2:7, onde Paulo escreve que Cristo “esvaziou-Se [ke-
no?] a Si mesmo, vindo a ser servo, tornando-Se semelhan-
te aos homens”.* O verbo keno significa “tornar-se vazio,
esvaziar”. Tem havido muita discussão na teologia cristã so-
bre a natureza desse esvaziar-se. Durante o século dezeno-
ve alguns teólogos sugeriram que durante a Encarnação
houve uma separação entre os atributos metafísicos de
Deus (como onipotência, onisciência e onipresença) e os
morais (como amor e santidade). Outros foram tão longe
que praticamente esvaziaram Jesus de todos os Seus atribu-
tos divinos, tornando o uso do vocábulo encarnação sem
significado algum. Se Deus Se tornou humano, então a ple-
nitude de Deus deve ter residido na humanidade. É exata-
mente isso que Paulo disse quando escreveu: “Pois em Cris-
to habita corporalmente toda a plenitude da divindade.”*
Col. 2:9 (conferir com 1:19). Se na Encarnação um ou vá-
rios dos atributos divinos foram perdidos, não teríamos a
Encarnação de Deus.
3. Esvaziar-Se e tomar a forma de servo. Filipenses 2:7
parece explicar o que Paulo quis dizer ao escrever que Cris-
to “aniquilou-Se [esvaziou-Se]”. No verso 6 ele declarou que
Cristo Jesus “tinha a natureza de Deus” [NTLH], igual a
Deus, antes da Encarnação. Ele, então, prossegue dizendo o
que aconteceu na Encarnação: Cristo tomou “a natureza de
servo, tornando-Se assim igual aos seres humanos” [NTLH]
(verso 7). Aquele que era divino Se tornou o que nós deve-
mos ser, servos; servos de Deus e dos outros. Para Ele isto
significou estar disposto a humilhar-Se perante Deus, ser-
Lhe obediente, sujeitar-Se a Ele a ponto de morrer, até mes-
mo a morte de cruz. Em outro lugar Paulo descreve isso
usando uma linguagem diferente: “Sendo rico, Se fez pobre
por amor de vocês, para que por meio de Sua pobreza vocês
se tornassem ricos”.* II Cor. 8:9. A referência é feita princi-
palmente ao evento que ocorreu na cruz, quando Ele Se tor-
nou o mais pobre dos pobres – o que nós éramos.
É seguro concluir que o esvaziar-Se de Jesus Cristo es-
teja relacionado não ao que aconteceu a Seus atributos di-
vinos, mas ao que Ele estava disposto a fazer como ser di-
vino a fim de nos salvar. Tem que ver com a experiência,
não com a natureza, de um dos membros da Divindade.
Cristo Se tornou servo, isto é, Ele voluntariamente Se recu-
sou a usar Seus poderes divinos, a não ser, provavelmente,
quando sob a ordem do Pai. Ele colocou tudo sob a autori-
dade do Pai. Ao fazer isso, porém, não Se despojou de ne-
nhum de Seus atributos divinos. Ele era verdadeiramente
Deus em carne humana. Alguém poderia sugerir que hou-
ve uma ocultação do divino em Jesus; contudo, a divinda-
de estava presente.
Paulo usou a disposição de Cristo de humilhar a Si
mesmo perante o Pai, no contexto de Filipenses 2, para nos
exortar a ter o mesmo sentimento: “Nada façam por ambi-
ção egoísta”,* mas sirvam uns aos outros com humildade
(verso 3). – Por Angel Manuel Rodríguez, diretor do Instituto de
Pesquisas Bíblicas da Associação Geral.
** Os textos assinalados foram extraídos da Nova Versão Internacional. 
Revista Adventista, dezembro 2003 7
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CONSULTORIA DOUTRINÁRIA
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