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INTRODUÇÃO 
Os princípios são normas com maior nível de abstração. Quer 
dizer que, em relação às regras, os princípios são mais abrangentes. 
E ainda, podem ser relativizados, diferente da regra, que se aplica ou 
não se aplica. Um princípio pode ser relativizado, aplicado em 
menor ou maior grau, a depender da situação concreta. 
Importante destacar que não existe hierarquia entre princípios, mas 
sim uma ponderação ao mais aplicável em uma ou outra situação 
concreta. 
Os princípios ainda possuem múltiplas funções. Enquanto a 
regra é norma de incidência no caso concreto e tem a regulação 
de determinada situação ou comportamento como seu único 
objeto, o princípio, por outro lado, serve para auxiliar a 
interpretação, integrar situação que não possui norma expressa, 
auxiliar o legislador na elaboração de outras normas, entre outras 
hipóteses. 
Se duas normas estão em conflito em relação a um mesmo caso 
concreto e há dúvidas se aplica uma ou outra, em tese apenas 
uma delas prevalecerá. O mesmo não se pode afirmar com relação 
aos princípios. Em casos de conflitos entre dois princípios, é 
possível que não se deixe de aplicar nenhum (na integralidade), 
mas se realize uma proporção, mais de um, menos de outro, 
para atender o máximo possível dos dois. 
Segundo Celso Antônio Bandeira de Mello “violar um princípio é 
muito mais grave que transgredir uma norma. A desatenção ao 
princípio implica ofensa não apenas a um específico mandamento 
obrigatório, mas a todo o sistema de comandos. É a mais grave 
 
forma de ilegalidade ou inconstitucionalidade, conforme o escalão 
do princípio violado, porque representa a insurgência contra todo o 
sistema, subversão de seus valores fundamentais, corrosão de sua 
estrutura mestra”. 
 
PRINCÍPIOS IMPLÍCITOS 
Aqui estão os princípios que NÃO estão expressamente escritos 
na Constituição Federal. São presumidos, estão nas “entre linhas”. 
É como se o texto constitucional quisesse dizer que eles existem e 
que assim o são, embora não os defina diretamente. 
 
SUPREMACIA DO INTERESSE PÚBLICO 
O nome do princípio já é o seu conceito. Quando estiverem em 
conflito o interesse da sociedade e o interesse do particular, o 
que deve prevalecer é o interesse público. É a sobreposição do 
interesse público em face do interesse particular. 
O Estado detém certos privilégios, estando em um nível de 
superioridade em razão de perseguir o interesse público. Como 
precisa alcançar um interesse comum, sua relação com o particular 
(que possui interesses individuais) é vertical. 
Conforme lição de Maria Sylvia Zanella Di Pietro, o princípio da 
supremacia do interesse público “está presente tanto no momento 
da elaboração da lei como no momento da sua execução em concreto 
pela Administração Pública. Ele inspira o legislador e vincula a 
autoridade administrativa em toda a sua atuação”. 
 
INDISPONIBILIDADE DO INTERESSE PÚBLICO 
A Administração Pública é mera gestora de bens e interesses 
públicos, que em última análise pertencem ao povo, estes não se 
encontram à livre disposição do administrador, devendo o agente 
público geri-los, cura-los, da forma que melhor atenda ao interesse 
 
da coletividade. Com efeito, a Administração não pode abrir mão 
da busca incessante da satisfação do interesse público primário 
(bem comum) nem da conservação do patrimônio público 
(interesse público secundário). 
Se administrar é gerir interesses da coletividade, tais interesses não 
são suscetíveis de apropriação e alienação pelo administrador. A 
atividade administrativa é instrumental. O interesse público 
pertence ao Estado. Consequência: o administrador não exerce um 
poder, mas um poder-dever, logo, o administrador não pode deixar 
de exercê-lo, nem fazer liberalidades com o direito público; 
Os dois princípios acima INDISPONIBILIDADE E SUPREMACIA são, 
conjuntamente, interpretados como O REGIME JURÍDICO 
ADMINISTRATIVO. Onde por Supremacia entendo os “direitos” e 
benefícios da administração para atender às suas finalidades e por 
Indisponibilidade entendo as suas limitações nesse exercício. 
 
PRINCÍPIO DA CONTINUIDADE DO SERVIÇO PÚBLICO 
Tem como escopo garantir que a prestação da atividade 
administrativa, por ser relevante para toda a coletividade, não 
se interrompa. O serviço público se presume essencial, e se é 
essencial, precisa estar sempre disponível (“ofertado”). 
Obviamente a busca do bem comum deve ocorrer de forma 
incessante, sem solução de continuidade. É nesse contexto que se 
extrai o conteúdo do princípio da continuidade do serviço público. 
Importante observar que este princípio não afasta o direito de greve 
dos servidores estatais nos termos da lei. À exceção dos militares, 
que não possuem direito de greve e nem de sindicalização. (art. 142, 
§3°, IV, CF/88). 
 
 
 
 
PRESUNÇÃO DE LEGITIMIDADE E VERACIDADE DOS ATOS 
ADMINISTRATIVOS 
A veracidade refere-se aos fatos alegados pelo administrador. A 
presunção de legitimidade decorre do princípio da legalidade. Se o 
administrador submete-se à lei em todo o seu atuar, presume-se que 
seus atos estão de acordo com esta. 
 
RAZOABILIDADE/PROPORCIONALIDADE 
Refere-se à proporcionalidade dos meios empregados pela 
Administração Pública tendo em vista os fins almejados. Esse 
princípio visa conter os excessos da Administração Pública. A 
Administração Pública pode praticar atos com certo grau de 
liberdade. 
São os chamados atos discricionários, nos quais há uma análise de 
conveniência e oportunidade para escolher a conduta mais 
adequada para a situação. Nesse sentido, o princípio da 
razoabilidade verifica a compatibilidade entre os meios e os 
fins, de modo a evitar restrições desnecessárias ou abusivas 
praticadas pela Administração, especialmente nos atos 
discricionários. 
Trata-se de importante princípio para fazer o controle dos atos 
discricionários. A doutrina tem entendido que essas expressões 
(razoabilidade e proporcionalidade) são sinônimas. É o que 
prevalece. 
Mas poderíamos diferenciá-los da seguinte forma: a razoabilidade 
é o “bom senso” da administração; e a proporcionalidade, a 
compatibilidade entre os meios e os fins a serem alcançados. 
Para medir a proporcionalidade, uma conduta deve ser: a) 
adequada: o meio utilizado deve ser o correto. O meio deve ser apto 
a atingir o fim a que se destina; b) necessária/exigibilidade: a 
conduta deve ser a menos gravosa em relação aos bens envolvidos; 
c) proporcionalidade em sentido estrito: as vantagens devem 
 
superar as desvantagens; deve haver compatibilidade e equilíbrio 
entre os danos e as vantagens. 
 
AUTOTUTELA 
 É o poder conferido à Administração para anular atos com 
vícios de nulidade e para revogar atos inconvenientes ou 
inoportunos sem que, para tanto, necessite do ingresso no 
Judiciário e que também respeite os direitos adquiridos. Outra face 
do princípio da autotutela é que esta impõe ao administrador o 
dever de zelar pelo patrimônio da Administração sem que, para 
tanto, necessite de título judicial; 
 
PRINCÍPIO DA SEGURANÇA JURÍDICA 
Decorre da própria noção de Estado de Direito. Segurança é um 
termo que denota o resultado da ação de tornar algo, livre de 
incertezas, de perigos, ou de danos e prejuízos. Trata-se do 
fundamento de inúmeros institutos, tais como a irretroatividade 
da lei, o direito adquirido o ato jurídico perfeito e a coisa 
julgada. 
 
PRINCÍPIO DA ESPECIALIDADE 
Esse princípio surgiu com a ideia de descentralização. Com a 
criação das entidades da Administração Pública indireta 
(autarquias, fundações, empresas públicas e sociedades de economia 
mista), surgem entidades especializadas em determinada matéria 
visando atuar com mais eficiência. Ex: INSS (previdênciasocial); 
Detran (poder de polícia de trânsito); IBAMA (meio ambiente). 
 
MOTIVAÇÃO 
Motivação é a indicação dos fatos e fundamentos jurídicos que 
autorizaram a prática do ato administrativo. A motivação é a 
 
justificação do ato praticado. Trata-se da explicação da conduta 
administrativa. Motivação é a explanação ou exteriorização do 
motivo. São os “considerandos” do ato. 
Motivo do ato e sua motivação não se confundem. O motivo como 
requisito do ato administrativo é a situação de fato ou de direito que 
autoriza a prática do ato. Por exemplo: na aplicação de uma multa 
por excesso de velocidade, o motivo de fato é o excesso de 
velocidade. Ou na aposentadoria compulsória aos 75 anos o motivo 
já está na lei, fazer 75 anos (motivo de direito). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1- (FCC/PGE-MT/ANALISTA-ADMINISTRADOR/2016) Os atos e 
provimentos administrativos são imputáveis não ao funcionário que o 
pratica, mas ao órgão ou entidade administrativa em nome do qual age o 
funcionário. Este é um mero agente da Administração Pública, de sorte 
que não é ele o autor institucional do ato. Ele é apenas o órgão que 
formalmente manifesta a vontade estatal. (José Afonso da Silva em 
Comentário Contextual à Constituição) 
Esse comentário refere-se ao princípio da Administração pública da 
a) impessoalidade. 
b) legalidade. 
c) moralidade. 
d) eficiência. 
e) publicidade. 
 
2.(FCC/SEGEP-MA/TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO/2016) Sobre os 
princípios da Administração pública é exemplo de infração ao princípio da: 
I – legalidade, atuação administrativa conforme o Direito. 
II – moralidade, desapropriar imóvel pelo fato de a autoridade pública 
pretender prejudicar um inimigo. 
III – publicidade, se negar a publicar as contas de um Município. 
IV – eficiência, prefeito que contrata a filha para ser assessora lotada em 
seu gabinete. 
 
Está correto o que se afirma APENAS em 
a) I e II. 
b) II e III. 
c) III e IV. 
d) I e III. 
e) II e IV. 
 
3. (IADES/EBSERH/ADVOGADO/2013) Dentre outros, são princípios 
constitucionais da Administração Pública, a 
a) legalidade, a independência e a impessoalidade. 
b) eficiência, a legalidade e a moralidade 
c) moralidade, a soberania e a eficiência. 
d) publicidade, o pluralismo político e a legalidade. 
e) impessoalidade, a não-intervenção e a publicidade 
 
4.(FCC/TRT-16ª REGIÃO-MA/2014) Em julgamento proferido pelo 
Supremo Tribunal Federal, a Corte Suprema firmou entendimento no 
sentido de que assessor de Juiz ou de Desembargador tem 
incompatibilidade para o exercício da advocacia. Ao fundamentar sua 
decisão, a Corte explanou que tal incompatibilidade assenta-se, 
sobretudo, em um dos princípios básicos que regem a atuação 
administrativa. Trata-se do princípio da 
a) supremacia do interesse privado. 
b) publicidade. 
c) proporcionalidade. 
d) moralidade. 
e) presunção de veracidade. 
 
 
GABARITO 
1- A 
2- B 
3- B 
4- D

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