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www.cers.com.br POLÍCIA RODOVIÁRIA FEDERAL Noções de Direito Administrativo Romoaldo Goulart 1 2 Direito administrativo: conceito, fontes e princípios Conceito de Direito Administrativo: é o conjunto harmônico de princípios jurídicos que regem os órgãos, os agentes, as atividades públicas tendentes a realizar concreta, direta e imediatamente os fins desejados pelo Estado. Sabendo que há de se levar em conta tanto as relações internas da administração pública, ou seja entre as pessoas governamentais, órgãos públicos e seus Agentes Públicos, assim como, também, a relação desses com os possíveis usuários os serviços públicos, a comunidade, o povo em geral, têm-se tratado o Direito Administrativo como o conjunto de normas e princípios que regem as relações entre as pessoas, órgãos e agente do estado, assim como, a relação desses com a comunidade que deve atender. Fontes do Direito Administrativo: O Direito Administrativo tem quatro fontes principais, a saber: - A Lei - Esta é a fonte primária do Direito Administrativo. Deve ser entendida a Lei em sua concepção ampla, lato senso, alcançando, assim, desde a Constituição até os regulamentos executivos. - A Doutrina – Quando se fala da doutrina, refere-se às ideias dos estudiosos do Direito neste campo específico, realizando a produção científica da matéria, expressa através de artigos, livros pareceres e demais estudos para influenciar a elaboração dos atos administrativos. - A Jurisprudência – Trata-se da repetição dos julgamentos num mesmo sentido. Tem muita influência no Direito Administrativo em decorrência da falta de uma maior sistematização doutrinária e de codificação legal. Como bem aponta Irene Patrícia Nohara em seu “DIREITO ADMINISTRATIVO”, editora Atlas. A jurisprudência era tida, essencialmente, como norma secundária do Direito Administrativo. Todavia, com o advento da Emenda Constitucional n° 45/04, em decorrência da possibilidade de edição de Súmulas Vinculantes pelo STF, estas, as Súmulas Vinculantes, são tidas como fonte primária de produção jurídica. - O Costume – São ações reiteradas de comportamentos que passam a ser utilizados com práticas gerias dentro de determinado grupo. Ora utilizamos, de foma comum a expressão “ o costume aqui é este...”, a mania, a prática. Assim, esses comportamentos que geram a convicção geral de obrigatoriedade a ser seguida na Administração Pública, são os costumes que ora são tratados como fonte secundária do Direito Administrativo. PRINCÍPIOS DO DIREITO ADMINISTRATIVO Princípio é o fundamento de existência de algo, de algum sistema ou ciência; normas fundamentais. Tudo que é criado é baseado no principio. Quantas vezes, em nossas relações, já ouvimos, ou até mesmo falamos “a princípio....”, por exemplo, a princípio, para passar em um concurso público tem que estudar. Assim, poderíamos, então, elaborar o “princípio geral da aprovação”, entre outros. Vendo então, dessa forma simples, podemos concluir que princípio nada mais é que uma regra geral. O Direito Administrativo elaborou os seus PRINCÍPIOS. Alguns foram acolhidos pela CF/88, no entanto já haviam sido contemplados pela doutrina. Verifica-se, hoje, em nossa Constituição Federal, que há princípios expressos e implícitos em seu texto. Trata-se de uma questão bastante explorada pelas bancas de concursos, pois muitos visualizam apenas os princípios básico, gerais, da Administração Pública, que ora, são expressos no art. 37, caput da CF/88. Todavia, lembrem-se que há princípios tanto na Constituição Federal, quanto em outras normas, ora expressos, ora implícitos. www.cers.com.br POLÍCIA RODOVIÁRIA FEDERAL Noções de Direito Administrativo Romoaldo Goulart 2 Princípios da Administração Pública: Constitucionais: (Art. 37) LEGALIDADE IMPESSOALIDADE MORALIDADE PUBLICIDADE EFICIÊNCIA Outros Princípios: RAZOABILIDADE PROPORCIONALIDADE FINALIDADE HIERARQUIA SUPREMACIA DO INTERESSE PÚBLICO SOBRE O PRIVADO ESPECIALIDADE TUTELA AUTOTUTELA CONTINUIDADE DO SERVIÇO PÚBLICO PRESUNÇÃO DE LEGITIMIDADE OU VERACIDADE SEGURANÇA JURÍDICA Princípios Constitucionais da Administração Pública: LEGALIDADE: É o princípio básico de todo o Direito Público. O princípio da legalidade é o que fundamenta o próprio Estado de Direito; marco de passagem do Estado arbitrário para o Estado de Direito, não cabe ao estado fazer o que quer e sim o que a lei determina – onde todos estão subordinados às suas próprias leis, inclusive os que a criam. “Administrar é aplicar a Lei de Ofício”. O administrador está rigidamente preso à lei, desse modo a atuação do administrador deve ser confrontada com a lei. A doutrina costuma usar a seguinte expressão: enquanto na atividade particular tudo o que não está proibido é permitido, na Administração Pública é o inverso, ela só pode fazer o que a lei permite, deste modo, tudo o que não está permitido é proibido. Qualquer ato administrativo está subordinado à lei. 2. IMPESSOALIDADE: Possui duas vertentes: Destinatário do Ato Remetente do Ato Na primeira, qualquer ato da Administração Pública deve zelar pelo interesse público, não pessoal. Na outra, os atos são imputados à entidade a que se vincula o agente público, não a ele próprio. O ato não é do administrador e sim da Administração. 3. MORALIDADE: a moralidade foi transformada em princípio jurídico. Moralidade administrativa não é pura e simplesmente a regra moral, os valores de cada um e sim a preservação do interesse público. Não é suficiente a administração cumprir a lei. Há condutas que objetivamente podem ser lícitas, legais, no entanto, contrariam valores inerentes ao interesse público. O Direito Administrativo elaborou um conceito próprio de moral, diferente da moral comum. A moral administrativa significa o dever de o administrador não apenas cumprir a lei formalmente, mas cumprir substancialmente, procurando sempre o melhor resultado para a administração. Toda atuação do administrador é inspirada no interesse público. JUSTO – HONESTO - LEGAL A exploração deste princípio está relacionada à improbidade administrativa - imoralidade qualificada. (Lei 8429/92) 4. PUBLICIDADE: Todo Ato administrativo deve ser público, exceto quando a lei estipular que se deve guardar sigilo. A natureza do Ato pode requerer este sigilo como nos casos de segurança nacional ou de interesse público. www.cers.com.br POLÍCIA RODOVIÁRIA FEDERAL Noções de Direito Administrativo Romoaldo Goulart 3 Destina-se, de um lado, à produção dos efeitos externos dos atos administrativos. 5. EFICIÊNCIA: Introduzido pela emenda constitucional 19/88, que tratou da Reforma administrativa, esse princípio veio explicitar a regra que já estava ínsita tacitamente na Administração Pública. A administração pública deve buscar na sua prestação de serviço público a melhor qualidade, maior especificidade possível. Obedecer ainda à relação qualidade x tempo. Onde se presta o serviço com a melhor qualidade e menor tempo. Outros princípios da Administração Pública: 6. RAZOABILIDADE: Os poderes concedidos à Administração devem ser exercidos na medida necessária ao atendimento do interesse coletivo, sem exacerbações. A Administração Pública deve atuar de conduta comum, normal e razoável em conformidade com o previsto. 7. PROPORCIONALIDADE: É um desdobramento da razoabilidade. Adotando a medida necessária para atingir o interesse público almejado, o Administrador age com proporcionalidade. Os meios equivalem aos fins. 8. FINALIDADE: Toda atuação do administrador se destina a atender o interesse público. O interesse público pode ser: Primário – identifica-se com o de toda a coletividade. É o interesse coletivo. Secundário – é o pertinente à PessoaJurídica de Direito Público. Ex.: a União tem interesse secundário em pagar menos aos seus servidores. 9. HIERARQUIA A Administração Pública é instituída de forma organizacional. Composta por órgãos, autoridades superiores e autoridades inferiores. Atuação do poder hierárquico: DELEGAÇÃO - AVOCAÇÃO - REVISÃO, do ato administrativo pelos superiores. Delegação: delega as funções e atribuições aos subordinados. Avocação: vai chamar para si a função que de início seria do subordinado. Revisão: vai revisar os atos praticados pelos subordinados. Deferimento ou indeferimento. PODER DISCIPLINAR X PODER HIERÁRQUICO Poder Disciplinar – capacidade que tem a administração de verificar os ilícitos administrativos. Mais amplo. Poder Hierárquico _ específico para punição de irregularidades administrativa, pelo superior ao subordinado. Está contido no poder disciplinar. 10. SUPREMACIA DO INTERESSE PÚBLICO SOBRE O PRIVADO: É a essência do regime jurídico administrativo. Toda ação do agente público há de se voltar para assegurar a ordem pública. A Administração Pública nas suas relações sempre se posiciona de forma privilegiada, voltada justamente para o interesse público. O Sistema Jurídico concede prerrogativas ao estado para defender o interesse público. Nas suas relações de Direito Administrativo há uma superioridade do poder público e não uma relação de igualdade. www.cers.com.br POLÍCIA RODOVIÁRIA FEDERAL Noções de Direito Administrativo Romoaldo Goulart 4 11. ESPECIALIDADE Pelo Princípio da especialidade, a entidade ou o órgão quando criado tem que cumprir o fim para qual foi criado. Assim, quando o Governo cria um novo Ministério, por exemplo, ele tem que cumprir a missão para a qual foi instituído. Um vez criado o Ministério da Saúde, este terá que tratar sobre saúde, não sobre educação, pois para isso, temos o Ministério da Educação, o do Transporte para o transporte e assim por diante. Cabe a entidade instituidora fiscalizar, verificando se o órgão ou Entidade instituída está cumprindo a sua missão. 12. TUTELA Refere-se a controle, fiscalização. A possibilidade que tem uma pessoa jurídica governamental de controlar outra pessoa jurídica ou, ainda, um poder controlando um outro poder. O art. 2°, da CF/88, dita que os Poderes são autônomos, porém, harmônicos entre si, esta “harmonia”, revela a possibilidade de um Poder controlar o outro, desde que expressamente previsto na Constituição. Muito utilizado, também, este princípio, quando da atuação da Administração Direta controlando a Administração Indireta, o Ministério (Adm. Direta) controlando, fiscalizando uma de suas entidades vinculadas (Adm. Indireta). 13. AUTOTUTELA: Um poder controlando a si próprio – Autocontrole. A Administração tem o dever de zelar pela legalidade e eficiência dos seus próprios atos. É por isso que se reconhece à Administração o poder-dever de declarar a nulidade dos seus próprios atos praticados com infração à Lei. Em conseqüência desse Princípio da Autotutela, a Administração: Não precisa ser provocada para reconhecer a nulidade dos seus próprios atos; Não precisa recorrer ao Judiciário para reconhecer a nulidade dos seus próprios atos. SUM.STF – 473 : “A Administração tem o poder de reconhecer a nulidade dos seus próprios atos”. É a Administração zelando pelos seus próprios atos. É, ainda, em conseqüência da Autotutela, que existe a possibilidade de a Administração revogar os atos administrativos que não mais atendam às finalidades públicas – sejam inoportunos, sejam inconvenientes – embora sejam legais. Em suma, a autotutela se justifica para garantir à Administração: A defesa da legalidade dos seus atos; a defesa da eficiência dos seus atos. 14. CONTINUIDADE DO SERVIÇO PÚBLICO: Exercita a necessidade coletiva, exige a continuidade do serviço público, que não pode parar. Efeitos principais: Impenhorabilidade, não se encontra sujeito à penhora. Imprescritibilidade, não se encontra sujeito ao usucapião. O serviço público destina-se a atender necessidades sociais. É com fundamento nesse princípio que nos contratos administrativos não se permite seja invocada pelo particular a exceção do contrato não cumprido. www.cers.com.br POLÍCIA RODOVIÁRIA FEDERAL Noções de Direito Administrativo Romoaldo Goulart 5 15. PRESUNÇÂO DE LEGITIMIDADE OU VERACIDADE Presume-se que o ato administrativo foi criado em obediência a todos os requisitos legais; criado de acordo com a lei. Presunção: Relativa: admite-se que prove o contrário. É verdadeiro até que se prove o contrário. “ Juris tantum “ Absoluta: não se admite que prove o contrário. “ juris et de júris” Todo ato administrativo é de presunção relativa. 16. SEGURANÇA JURÍDICA A administração Pública deve-se portar em suas relações de forma a preservar a intenção inicial do ato. Exemplo de institutos que proporcionam Segurança Jurídica: Ato Jurídico perfeito Coisa Julgada Direito Adquirido Ato Jurídico perfeito: Constituído em conformidade com a lei anterior ( na época da realização do ato). A nova lei não pode modificar. Coisa Julgada: O que é dito em definitivo. Não cabe mais recurso. Direito Adquirido: Está incorporado ao patrimônio do cidadão. Quando se cumprem todos os requisitos exigidos pela lei. Usa quando quiser.
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