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IMPLEMENTAÇÃO DA FERRAMENTA OEE (EFICIÊNCIA GLOBAL DOS EQUIPAMENTOS) PARA MELHORIA DE UMA LINHA DE ENVASE NA INDÚSTRIA FARMACÊUTICA Marcone Freitas dos Reis (SENAICETIQT ) marconefreis11@gmail.com Felipe da Silva Mendes (SENAICETIQT ) felipedsmendes@hotmail.com ALEXANDRE CAMACHO DA PAIXAO (UFF ) alexandrecpaixao@yahoo.com.br Fabricio da Costa Dias (SENAICETIQT ) fcdias@yahoo.com MARCOS DOS SANTOS (SENAICETIQT ) marcosdossantos_coppe_ufrj@yahoo.com.br Com o mercado cada vez mais dinâmico as indústrias veem a necessidade de maior flexibilidade e melhor utilização de seus recursos, focando em eliminação de perdas e melhoria processos. Para isso se faz a utilização de softwares de gestão e indicadores para acompanhamento do processo, e outras formas para alcançar melhorias. Nesse contexto se insere a métrica OEE, que demonstra a verdadeira capacidade da fábrica e nível de utilização dos recursos, modificando o comportamento da planta fabril. Neste trabalho foi abordado a implementação da ferramenta OEE em uma linha de envase de uma indústria farmacêutica, demonstrando o processo realizado na linha estudada, os resultados de tempo de processo com dados extraídos da métrica e utilização de cartas controle, além de evidenciar os pontos de maiores perdas no processo de envase, realizar análises e ações de melhoria, reduzindo 18% do setup no turno, garantindo a padronização de atividades e como consequência aumento dos resultados da métrica OEE. Palavras-chave: OEE, Eficiência Global de Equipamentos, Setup, Indústria Farmacêutica XXXVI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCÃO Contribuições da Engenharia de Produção para Melhores Práticas de Gestão e Modernização do Brasil João Pessoa/PB, Brasil, de 03 a 06 de outubro de 2016. XXXVI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCÃO Contribuições da Engenharia de Produção para Melhores Práticas de Gestão e Modernização do Brasil João_Pessoa/PB, Brasil, de 03 a 06 de outubro de 2016. . 2 1. Introdução A estratégia de produção possui um papel fundamental para empresas se diferenciarem e se manterem no mercado. Segundo Slack (2002) “a estratégia da produção envolve explorar as capacidades dos recursos da produção em mercados eleitos”. O autor ainda afirma que “a busca por melhor utilização de recursos produtivos tem se mostrado um fator essencial diante das diversas formas de se manter no mercado, de frente a acirrada competitividade global”. No quesito competitividade, o Brasil teve uma grande desvantagem devido ao atraso da abertura do mercado interno a concorrência internacional. Segundo Antunes (2008) a partir da década de 1990 as empresas manufatureiras instaladas no país passaram a realmente enfrentar concorrência no tipo de ambiente competitivo que já era experimentado pelas economias dos países centrais desde os anos 70. Nesse contexto o país teve que se adequar a novos sistemas, procura de modelos e ferramentas de gestão. Porém com o atraso, muitos produtores nacionais não conseguiram se manter no mercado. Na última década o Brasil se insere no contexto global da indústria farmacêutica como um dos mercados mais dinâmicos, apresentando taxas de crescimento de dois dígitos. Impulsionado pelos medicamentos genéricos e pela ascensão de um grande número de novos consumidores, o mercado farmacêutico brasileiro alcançou a sexta posição mundial em 2013 (GOMES, et al., 2014). No cenário presente a indústria farmacêutica se utiliza de ferramentas de gestão, de controle e monitoramento de equipamentos para melhorias e otimização de recursos na busca da eficiência produtiva, minimizando as atividades que não agregam valor, construindo um processo enxuto, impactando no custo final ao produto. A redução de custos que também pode ser alcançada através da redução de desperdício, é um dos grandes fatores para se manter competitivo. Diante de um período de baixo crescimento e necessidade de reduzir custos, “é necessário um sistema de gestão que desenvolva a habilidade humana até a sua mais plena capacidade, a fim de melhor realçar a criatividade e a operosidade, para utilizar bem instalações e máquinas e eliminar todo o desperdício” (OHNO, 1997). Na identificação de melhorias são necessárias ferramentas para monitoramento. Para Drucker (2001) “a medição da produtividade é a melhor instrumento de medida para se comparar as administrações das diferentes unidades de uma empresa e para se comparar as administrações XXXVI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCÃO Contribuições da Engenharia de Produção para Melhores Práticas de Gestão e Modernização do Brasil João_Pessoa/PB, Brasil, de 03 a 06 de outubro de 2016. . 3 de diferentes empresas” e Drucker ainda afirma “sem objetivos de produtividade, uma empresa não terá direcionamento. Sem medições da produtividade, ela não terá controle”. Um sistema muito utilizado pelo que se propõe a disseminar, é o TPM (Total Productive Maintanance). Segundo IMAI (2000, apud PALMEIRA e TENÓRIO, 2002, p. 99): “TPM é um método de gestão que identifica e elimina as perdas existentes no processo produtivo, maximiza a utilização do ativo industrial e garante a geração de produtos de alta qualidade a custos competitivos. Além disso desenvolve conhecimentos capazes de reeducar pessoas para ações de prevenção e de melhoria contínua, garantindo o aumento da confiabilidade de equipamentos e da capabilidade dos processos, sem investimentos adicionais. ” Associado ao TPM, uma ferramenta que estava inicialmente inter-relacionada é a OEE (Eficiência Global de Equipamentos), que segundo Hansen (2006) é um método que hoje é considerada por consultores de gestão como uma medida principal de desempenho. No qual o autor ainda afirma que esta ferramenta ajuda a entender melhor como está o desempenho da área de manufatura e identificar qual é máxima eficácia possível. O presente trabalho busca mostrar a implementação da ferramenta OEE em um setor de envase de acordo com a base teórica através de autores, e oportunidades de melhoria como resposta da aplicação prática da implementação da ferramenta mostrada pelo estudo, evidenciando a importância da ferramenta na indústria farmacêutica, como também em outros segmentos que buscam o controle de seu processo e busca por melhorias. 2. Metodologia O objetivo deste trabalho é apresentar a implementação da ferramenta OEE (Eficiência Global de Equipamentos) para monitoramento do processo de envase em uma indústria farmacêutica mostrando oportunidades de melhoria evidenciadas por esta métrica. Segundo Prodanov e Freitas (2013), a pesquisa científica é a realização de um estudo planejado, sendo o método de abordagem do problema o que caracteriza o aspecto científico da investigação. Sua finalidade é descobrir respostas para questões mediante a aplicação do método científico. A pesquisa sempre parte de um problema, de uma interrogação, uma situação para a qual o repertório de conhecimento disponível não gera resposta adequada. Para solucionar esse problema, são levantadas hipóteses que podem ser confirmadas ou refutadas pela pesquisa. Portanto, toda pesquisa se baseia em uma teoria que serve como ponto de partida para a investigação. No entanto, lembre-se de que essa é uma avenida de mão XXXVI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCÃO Contribuições da Engenharia de Produção para Melhores Práticas de Gestão e Modernização do Brasil João_Pessoa/PB, Brasil, de 03 a 06 de outubro de 2016. . 4 dupla: a pesquisa pode, algumas vezes, gerar insumos para o surgimento de novas teorias, que, para serem válidas, devem se apoiar em fatos observados e provados. Além disso, até mesmo a investigação surgida da necessidade de resolver problemas práticos pode levar à descoberta de princípios básicos. Na tentativa de compreendere estruturar o trabalho de implementação do monitoramento do processo de envase em uma indústria farmacêutica, foi inicialmente realizado uma pesquisa bibliográfica e documental sobre o tema apresentado e avaliado as possibilidades de desenvolvimento do assunto. Em seguida, foi realizado entrevistas com os especialistas na área de fabricação, e definição da implementação da métrica OEE, optando pela linha de produção com o maior volume de demanda da programação. Foram realizadas coletas de dados e para finalizar, foram realizadas análises dos resultados e elaborada conclusão referente a implementação da ferramenta OEE. 3. Revisão da Literatura A Eficiência Global de Equipamentos, ou OEE, é um método que ajuda entender melhor como está o desempenho da área de manufatura e a identificar qual é máxima eficácia possível. (HANSEN, 2006). 3.1 OEE e as Seis Grandes Perdas As analogias Eficiência Global de Equipamentos e as Seis grandes perdas as ilustram as dimensões do senso comum importantes da filosofia TPM. Estas se combinam para proporcionar um poderoso motor para melhorar OEE, reduzindo as perdas ocultas. (WILLMOTT e MCCARTHY,2011, tradução nossa). Nakajima (1989 apud CHIARADIA, 2004), esclarece que a eficiência global dos equipamentos ou “OEE”, considerada como evolução métrica do processo do TPM (Total Productive Maintenance), é mensurada a partir da estratificação das seis grandes perdas, e calculada através do produto dos índices de disponibilidade, performance e qualidade. Nakajima definiu seis grandes perdas nos recursos que influenciam diretamente na produtividade. São estas citadas por Kardec e Nascif (2009), como apresentada na figura 1 a seguir. XXXVI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCÃO Contribuições da Engenharia de Produção para Melhores Práticas de Gestão e Modernização do Brasil João_Pessoa/PB, Brasil, de 03 a 06 de outubro de 2016. . 5 Figura 1 - Relacionamento entre o OEE e seus índices e perdas Fonte: Adaptado de Chiaradia (2004) 3.2 Cálculo do OEE A métrica OEE é calculada pela multiplicação de três indicadores: Disponibilidade, Eficiência e Qualidade. O cálculo da disponibilidade é apresentado da seguinte forma: A - Tempo de Carga = Tempo Programado = Tempo programado para produzir. B - Tempo Operacional = Up Time = Tempo no qual o equipamento produz = Tempo de Carga – (Todas as paradas programadas + todas as paradas não programadas). XXXVI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCÃO Contribuições da Engenharia de Produção para Melhores Práticas de Gestão e Modernização do Brasil João_Pessoa/PB, Brasil, de 03 a 06 de outubro de 2016. . 6 Sendo: Tempo de Ciclo Teórico = Velocidade Ideal (Capacidade do equipamento conforme projetada). Segundo Stamatis (2010), os resultados do OEE são expressos de uma forma genérica que permite a comparação entre unidades de produção nos diferentes departamentos, organizações, máquinas e indústrias. Em essência: Identifica o potencial do equipamento; Identifica e rastreia perdas; Identifica janelas de oportunidade. Segundo Hansen (2006) a OEE deve ser aplicada primeiramente nos gargalos que afetam o ganho. No qual as etapas não gargalos devem estar subordinadas às etapas gargalo, com isso a OEE se torna benéfica a todas as etapas. Segundo Hansen (2006) níveis de performance de OEE estão entre os seguintes intervalos: < 65%. Um nível inaceitável, e que precisa ser melhorado pois se está jogando dinheiro fora. 65% - 75%. Nível aceitável caso as tendências por trimestres apresentem níveis de melhoria. 75% - 85%. Resultado muito bom, que apesar de se apresentar de forma positiva deve se ter objetivo de atingir o nível de classe mundial. 85% para processo em lotes e > 90% para processos discretos ou contínuos. São considerados níveis de classe mundial 4. O Estudo de Caso A empresa estudada do ramo farmacêutico, está localizada no estado do Rio de Janeiro. Produz uma gama de produtos como vacinas, biofármacos e kits para diagnósticos médicos, e vêm ampliando sua linha de produtos, realizando transferências de tecnologia, investindo em projetos e pesquisas. XXXVI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCÃO Contribuições da Engenharia de Produção para Melhores Práticas de Gestão e Modernização do Brasil João_Pessoa/PB, Brasil, de 03 a 06 de outubro de 2016. . 7 Diante da necessidade de redução de perdas no processo e de produtos, foi decidido implementar a ferramenta OEE. No qual como prioridade foi verificado a linha de envase com maior demanda, sendo necessário a melhor utilização da sua capacidade, conforme apresentado no gráfico 1 a seguir. Gráfico 1 - Porcentagem de Utilização da linha conforme o PMP Fonte – Autor (2015) A partir dos dados levantados pôde-se verificar que o volume de demanda da linha de envase A é maior comparado as outras, com 53% e outras somadas correspondem a 47%, sendo que a duração do processo das linhas é semelhante, e diante da demanda, o setor é o único que utiliza 2 turnos para garantir o cumprimento da produção no prazo estabelecido. 4.1 Processo de Envase Os produtos líquidos envasados nesta linha são produtos injetáveis, e requerem alto nível de controle em toda cadeia, como temperatura específica, níveis aceitáveis de partículas no ar, pressão, umidade, etc., além das condições estabelecidas através de regimentos como a RDC, boas práticas de fabricação e normas da ANVISA, para garantia de conformidade de produto. O processo de envase ocorre em salas com parâmetros específicos de pureza de ar (ambientes controlados), e para isto é necessário a utilização de trajes apropriados, movimentação corporal estabelecida, entre outros aspectos para que não ocorram desvios. O processo de envase realizado nesta linha de produção têm as seguintes etapas: XXXVI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCÃO Contribuições da Engenharia de Produção para Melhores Práticas de Gestão e Modernização do Brasil João_Pessoa/PB, Brasil, de 03 a 06 de outubro de 2016. . 8 Figura 2: Fluxograma macro do processo de envase Fonte: Autor (2015) Lavagem e Despirogenização – consiste em passar por um equipamento que lava os frascos com vapor e água WFI, logo após despirogeniza os frascos (processo de esterilização a seco para eliminação de endotoxina bacteriana), e realiza a secagem antes de chegar a outro equipamento, conforme apresentada na figura 3. Figura 3: Área de Processo de Lavagem Fonte: Autor (2015) Envase - consiste na passagem dos frascos em um equipamento que realiza o enchimento destes e logo após são fixadas uma rolha de borracha na boca de cada frasco. Recravação - consiste no processo subsequente ao envase, em que o equipamento aplica um selo de alumínio sobre a rolha de borracha com a finalidade de garantir que o frasco fique totalmente fechado e não seja passível de violação. 4.2 Verificação do Recurso Gargalo Para definição do equipamento onde seria implementado a métrica OEE, foi verificado a capacidade de cada recurso da linha para determinação do gargalo. A partir de dados XXXVI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCÃO Contribuições da Engenharia de Produção para Melhores Práticas de Gestão e Modernização do Brasil João_Pessoa/PB, Brasil, de 03 a 06 de outubro de 2016. . 9 validados de velocidade, foi evidenciado que o recurso gargalo é a envasadora, sendo a responsável por ditar o andamento da linha. Após evidenciado o recurso gargalo, foi definido o ponto especifico para implementação do OEE, onde será concentrado o controle e realização de ações para garantir maior disponibilidade do recurso e a máxima utilização da linha como um todo. 4.3 Funcionamento básico da coleta de dados OEE na Industria Paraentendimento do porquê de cada etapa feita para a implementação, será feito uma breve descrição do funcionamento do OEE em uma indústria. Para o cálculo da OEE são coletados dados geralmente por meio de operadores e equipamentos contadores, no qual se utilizam um formulário para o preenchimento durante o turno o horário de entrada, setup, processo e paradas de equipamento. Logo após o término do processo, são transportados os dados do formulário preenchido para uma planilha que contém o cálculo da OEE, onde são calculados automaticamente os índices da métrica através dos dados do formulário, levando em consideração a velocidade do equipamento relacionada ao tipo de produto. 4.4 Formulário e Planilha de OEE Foi necessário a criação de um formulário e uma planilha de cálculo de OEE. Para o cálculo da planilha foram consideradas a velocidade da envasadora para cada tipo de produto, as paradas comuns, perdas de velocidade, e itens que diminuem e/ou prejudiquem o andamento do processo. Os dados foram coletados por meio de levantamento de documentos de solicitações de manutenção, reunião com supervisores, e foram criados códigos para cada parada. A planilha de OEE contêm todas as perdas levantadas e a velocidade de processamento de cada produto que a linha pode realizar, que apesar de ter pouca variação entre produtos, é considerado o máximo da capacidade da linha validada. 4.5 Verificação de Equipamentos e Treinamento no preenchimento de dados da OEE Para abastecimento de algumas informações são necessários contadores para monitorar a produção, no qual na implantação da OEE foram verificados e ajustados. Após definição do ponto de medição da OEE, ajustes no equipamento, conclusão do formulário e planilha de cálculo da métrica eficiência global de equipamentos, foi realizado treinamento junto aos XXXVI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCÃO Contribuições da Engenharia de Produção para Melhores Práticas de Gestão e Modernização do Brasil João_Pessoa/PB, Brasil, de 03 a 06 de outubro de 2016. . 10 operadores e supervisores da linha, mostrando o que era a ferramenta, sua utilidade e a forma de preenchimento dos dados. Foi realizado o acompanhamento inicialmente junto a produção tirando dúvidas quanto ao preenchimento. 4.6 Resultados da OEE Com a implementação da ferramenta foi feito o consolidado de 30 dias corridos, verificando os índices e o resultado da OEE, que estão apresentados no gráfico 2: Gráfico 1: Resultado da OEE e seus índices Fonte: Autor (2015) Foi realizado o compilado destes verificando o tempo de parâmetros de perda e utilização no processo na figura 4: Figura 41: Parâmetros e utilização da linha em 30 dias XXXVI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCÃO Contribuições da Engenharia de Produção para Melhores Práticas de Gestão e Modernização do Brasil João_Pessoa/PB, Brasil, de 03 a 06 de outubro de 2016. . 11 PARÂMETROS DADOS (HORAS) TEMPO TOTAL DE PROCESSO 424,6 TEMPO TOTAL DO PROCESSO EFETIVO 241,3 PERDAS EM PERFORMANCE 7,2 PERDAS EM DISPINIBILIDADE 176,2 Fonte: Autor (2015) A porcentagem na distribuição de perdas e efetividade se encontram no gráfico 3 a seguir, com alto nível de perdas. Gráfico 2: Porcentagem de Tempo Efetivo de Processo e Perdas na Linha de Envase Fonte: Autor (2015) O resultado da métrica OEE na análise de 30 dias mostrou que o tempo planejado da linha de envase alcançou 57% de produtividade, sendo 41% das perdas são referentes aos itens considerados como perdas de disponibilidade, e 2% devido as perdas consideradas no índice de Performance. Quanto ao índice de qualidade, que é a razão das unidades boas pelas unidades produzidas, apresentou um percentual total de 99,64%. XXXVI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCÃO Contribuições da Engenharia de Produção para Melhores Práticas de Gestão e Modernização do Brasil João_Pessoa/PB, Brasil, de 03 a 06 de outubro de 2016. . 12 Para descobrir os principais itens responsáveis por maior impacto de perda no tempo de processo nos 30 dias corridos de medição foi realizado um gráfico de Pareto, no qual 41% de perdas se encontrou no Índice de disponibilidade, e os seguintes itens eram responsáveis: Gráfico 4: Pareto com Resultado de Perdas dos Itens de Disponibilidade Fonte: Autor (2015) A partir desta análise, foi definido examinar os itens de índice de disponibilidade. As perdas encontradas se concentram em setup, e que na planilha de OEE foram divididos em três seguindo a sequência do processo, conforme é mostrado na figura a seguir: Figura 2: Demonstração de Set-ups e Produção de Lotes Diário do Setor Fonte: Autor (2015) Foi definido como primeira melhoria na linha buscar a redução de setup a fim de garantir maior disponibilidade para o processo, já que este consome 41% do tempo disponível programado. 4.7 Análise do setup XXXVI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCÃO Contribuições da Engenharia de Produção para Melhores Práticas de Gestão e Modernização do Brasil João_Pessoa/PB, Brasil, de 03 a 06 de outubro de 2016. . 13 Como já relatado, para análise total de setup foi feita a divisão de cada setup, que a partir do histórico da OEE foram construídas cartas de controle onde é possível conhecer o tempo de setup diário e evidenciar variações ocorridas. 4.7.1 Tempo de Setup de Entrada A primeira etapa foi a verificação da preparação do 1º lote, denominado setup de entrada. E como resultado pode-se observar uma média de setup de 125 min de setup de entrada realizada para processo do 1º lote. Figura 63: Carta de Controle de Tempos de Setup de Entrada 28252219161310741 170 160 150 140 130 120 110 100 90 DIAS T E M P O (M IN ) _ X=125,33 LSC=160,82 LIC=89,84 Carta I de C1 Fonte: Autor (2015) A partir destes dados foi acompanhado in loco o processo de setup de entrada de forma a entender o funcionamento do processo. Em que foram coletados o tempo de setup, sendo o processo feito de forma sincronizada e o resultado medido foi de 115 minutos, em que se comparado com os dados obtidos é um dos melhores cenários. 4.7.2 Tempo de Troca de Lote Assim como no setup de entrada, o tempo da troca de lote também apresentou uma grande variação que pode ser visto na figura 17 da carta de controle, como média de 139 min. Com este tempo verificado, foi mapeado as atividades de troca de lote, que são apresentadas na figura 7. Figura 4: Carta de Controle de Tempos de Setup de Troca de Lote XXXVI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCÃO Contribuições da Engenharia de Produção para Melhores Práticas de Gestão e Modernização do Brasil João_Pessoa/PB, Brasil, de 03 a 06 de outubro de 2016. . 14 28252219161310741 180 170 160 150 140 130 120 110 100 DIAS T E M P O ( M IN ) _ X=139,53 LSC=176,13 LIC=102,94 Carta I de C1 Fonte: Autor (2015) 4.7.3 Análise de Setup – Fim do 2º Lote e Fim de Expediente Esta etapa do setup se mostrou com alguns picos e mesmos espaçamentos na carta de controle, mostrando que é algo periódico. E este fenômeno periódico é algo natural do processo, pois uma vez na semana é realizado uma limpeza que possui uma maior duração, processo este determinado para que a área venha se manter em conformidade, evitando desvios. Figura 5: Carta de Controle de Tempos de Setup de Fim de Expediente XXXVI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCÃO Contribuições da Engenharia de Produção para Melhores Práticas de Gestão e Modernização do Brasil João_Pessoa/PB, Brasil, de 03 a 06 de outubro de 2016. . 15 28252219161310741 110 100 90 80 70 60 50 DIAS T E M P O ( M IN ) _ X=77,47 LSC=103,24 LIC=51,70 Carta I de C1 Fonte: Autor (2015) Foi realizadoo mapeamento das atividades deste último setup, sendo a menor etapa, com atividades básicas de desmontagem de equipamento retiradas de materiais e realização de limpeza para conclusão do processo. 4.8 Causas de variação de tempos de setup na linha Com intuito de entender o tempo de setup e as variações, foi realizado um brainstorming 1 junto aos supervisores e operadores da linha de quais eram os fatores frequentes que levavam a um maior tempo no setup. E foi elaborado um diagrama de Ishikawa onde foram identificados os seguintes itens: Figura 96: Diagrama de Ishikawa de Efeito de Alto tempo de setup e variabilidade 1 Brainstorming é um método de participação para geração de novas ideias ou para algum outro objetivo, de forma a ter diversas opiniões e desenvolvimento da criatividade. XXXVI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCÃO Contribuições da Engenharia de Produção para Melhores Práticas de Gestão e Modernização do Brasil João_Pessoa/PB, Brasil, de 03 a 06 de outubro de 2016. . 16 Fonte: Autor (2015) 4.8.1 Tratamento do item Máquina Para o tratamento do aquecimento do túnel, a primeira ação foi o acionamento da manutenção para verificar o porquê do tempo de 45 min para 1h, mas foi constatado que é uma característica do equipamento. Nisto foi verificado a possibilidade de os operadores deste turno ligar o equipamento em 1h antes da chegada do operador da lavagem (do 1° turno) para garantir o aquecimento. Foi validado a proposta, e os plantonistas noturnos foram instruídos na realização desta operação. Desta forma pode-se eliminar o tempo de aquecimento da lavadora no começo do turno minimizando o tempo o setup de entrada no 1º turno. Com as alterações no procedimento do setup de entrada, atualmente o primeiro lote é concluído em média 12h, que antes era concluído em horário próximo de 13h. 4.8.2 Tratamento dos itens Mão de Obra Os itens de mão de obra considerados influenciadores no tempo do setup foram: Falta de operador; Atraso do operador e Falta de treinamento. Os atrasos ou falta de operadores impactavam no setup, pois o processo só poderia começar com todas as pessoas no processo, (exceto um operador de apoio). Sendo assim se houvesse um atraso, o técnico de apoio poderia entrar no posto do operador com atraso para começar o processo, e com a chegada do operador que se atrasou seria estabelecido naquele processo como apoio. Como solução foi estabelecido um plano de treinamentos para que os técnicos se tornassem multidisciplinares para atuar em qualquer posição da linha. 4.8.3 Tratamento do Item Método XXXVI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCÃO Contribuições da Engenharia de Produção para Melhores Práticas de Gestão e Modernização do Brasil João_Pessoa/PB, Brasil, de 03 a 06 de outubro de 2016. . 17 No item método foram considerados: Falta de Material no Estoque Interno do Setor Não existem tarefas pré-determinadas Não existe trabalho padrão Começando pelo primeiro item, um problema que ocorria era a ocorrência de falta de bolsas de produto na câmara fria interna do setor no momento do processo. A câmara fria do setor não possui espaço para alocar muitas bolsas devido ao espaço já ocupado com seus produtos. Foi visto a possibilidade de implementar um kanban, porém em paralelo foi estabelecido horários e dias pré-determinados para verificação de estoque e abastecimento. Foi visto a necessidade de padronizar atividades, para isso através de mapeamentos já realizados foram estabelecidos gabaritos de sequenciamentos e tempos. 4.9 Resultados após ações Realizando o compilado dos dados das médias das cartas de controle antes e depois das modificações se obteve uma redução média no tempo total de setup em 1h e redução da variabilidade de tempo, conforme a figura 10. Figura 10: Comparação de tempo médio de setup após as ações tomadas Fonte: Autor (2015) 4.10 Verificação de OEE com a ação realizada Com a redução de setup em 18% houve o aumento do índice de disponibilidade e logo aumento de OEE. Com as mudanças realizadas, os valores de média de OEE que antes eram de 53,0 %, sendo considerados insatisfatórios de acordo com as classificações de Hansen por ter resultados menores que 65%, foi elevado 60,5%, e com o continuo processo de melhoria se pretende alcançar um nível cada vez maior. SETUP Média do Setup Anterior (h) Desvio Padrão Anterior Média Setup Atual (h) Desvio Padrão Atual Entrada 2,07 8,87 1,30 3,56 Troca de Lote 2,30 11,24 2,20 2,69 Fim de Expediente 1,30 8,71 1,30 8,22 Total 5,7 18,8 4,7 9,5 XXXVI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCÃO Contribuições da Engenharia de Produção para Melhores Práticas de Gestão e Modernização do Brasil João_Pessoa/PB, Brasil, de 03 a 06 de outubro de 2016. . 18 Hoje o tempo total para a produção de 2 lotes hoje é levado aproximadamente 8h e 52min o que antes da melhoria levava próximo de 10 h, tendo maior previsibilidade do tempo total de processo. Figura 11: Resultado da semanal da métrica OEE após a melhoria e seus índices Fonte: Autor (2015) 5. Considerações Finais Como observado neste trabalho, pode se considerar que a OEE é uma métrica que não apenas evidencia a utilização da linha produtiva, mas também mostra a verdadeira capacidade da fábrica, induzindo à planta a melhoria através da minimização de perdas de processo, padronização de operações e planejamento eficiente. É uma ferramenta que pode auxiliar no controle e planejamento de entregas, levando em conta variações e perdas, além do lead time de entrega ao próximo cliente. Muitas empresas utilizam esta ferramenta e têm conseguido grandes resultados desde processos discretos a contínuos. Uns utilizam com foco nos equipamentos através de estratégias de manutenção, outras mais focadas aos processos, e a combinação perfeita para o sucesso desta ferramenta é a união entre estratégia de manutenção e produção no planejamento. Como no caso apresentado no setor de envase os objetivos específicos foram alcançados, a ferramenta OEE foi implementada, foi verificado as condições de utilização do tempo do setor com implementação da OEE, e a partir disto foram mapeadas as atividades, feito a XXXVI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCÃO Contribuições da Engenharia de Produção para Melhores Práticas de Gestão e Modernização do Brasil João_Pessoa/PB, Brasil, de 03 a 06 de outubro de 2016. . 19 utilização das cartas de controle e investigado as causas das perdas como o alto tempo de setup. Após as ações realizadas as melhorias consideradas foram: o ambiente voltado a padronização, comportamento dos operadores com melhora significativa quanto ao cumprimento das tarefas estabelecidas, melhor utilização do turno, e hoje têm sido uma forma de controlar e melhorar processos. Trouxe como melhoria a multifuncionalidade da equipe, redução do tempo e setup no turno de 18% após o estudo, sendo equivalente a aproximadamente 1h a menos, diminuição da variabilidade do processo em 50% devido a padronização de atividades, e hoje se têm maior assertividade quanto o tempo de duração do processo. REFERÊNCIAS ANTUNES, J. Sistemas de produção: Conceitos e práticas para projetos e gestão da produção enxuta, Porto Alegre, Bookman, 2008. CHIARADIA, A. J. P. Utilização do indicador de eficiência global de equipamentos na gestão e melhoria contínua dos equipamentos: um estudo de caso na indústria automobilística. Dissertação (Mestrado Profissional em Engenharia) PPGEP/UFRGS, Porto Alegre, 2004. DRUCKER, P.F. O melhor de Peter Drucker: a administração/ tradução de Arlete Simille Marques. – São Paulo: Nobel, 2001. GOMES, R. et. al. O novo cenário de concorrência na indústria farmacêutica brasileira. São Paulo: BNDESSetorial, 2014. HANSEN, R. C. Eficiência global dos equipamentos: uma poderosa ferramenta de produção/manutenção para o aumento dos lucros. Porto Alegre: Bookman, 2006. KARDEC, A.; NASCIF J. Manutenção: função estratégica. 3ª edição. Rio de Janeiro: Qualitymark: Petrobrás, 2009. OHNO, T. O Sistema Toyota de Produção: Além da Produção em Larga Escala. Porto Alegre, Bookman,1997. PALMEIRA, J. N.; TENÓRIO, F. G. Flexibilização Organizacional: Aplicação de um Modelo de Produtividade Total. Rio de Janeiro, Editora FGV: Eletronorte, 2002. PRODANOV, Cleber Cristiano; FREITAS, Ernani Cesar. Metodologia do trabalho científico: métodos e técnicas da pesquisa e do trabalho acadêmico. 2. ed. Novo Hamburgo – RGS: Universidade Feevale, 2013.276p. SLACK, N.; CHAMBERS, S.; JOHNSTON, R. Administração da produção. 2.ed. SÃO PAULO: Atlas, 2002. STAMATIS, D. H.; The OEE Primer: Understanding Overall Equipment Effectiveness, Reliability, 2010, 502 p. 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