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DIREITO PENAL II: PARTE GERAL Prof. MsC. Eduardo Ferraz PENAS PRIVATIVAS DE LIBERDADE Arts. 33 à 42 do CP CONCEITO DE PENA A pena é um mal que se impõe por causa da prática de um crime: conceitualmente a pena é um castigo, embora seu fim essencial não seja, necessariamente, retributivo. Resumidamente, as penas são sanções impostas pelo Estado contra a pessoa que praticou alguma infração penal. ESPÉCIES DE PENA (1) Diz o CP: Art. 32. As penas são: I - privativas de liberdade; II - restritivas de direitos; III - de multa. ESPÉCIES DE PENA (2) As penas privativas de liberdade estão previstas nos arts. 33 à 42 do CP, que dispõe: Reclusão e detenção Art. 33 - A pena de reclusão deve ser cumprida em regime fechado, semi-aberto ou aberto. A de detenção, em regime semi-aberto, ou aberto, salvo necessidade de transferência a regime fechado. [...] Além da reclusão e detenção há ainda uma espécie sui generis – a prisão simples – prevista na Lei de Introdução do Código Penal e da Lei das Contravenções Penais (Decreto-Lei n. 3.914/41), que dispõe: ESPÉCIES DE PENA (3) Art 1º Considera-se [...] contravenção, a infração penal a que a lei comina, isoladamente, pena de prisão simples ou de multa, ou ambas. alternativa ou cumulativamente. A Lei das Contravenções Penais (Decreto-Lei n. 3.688/41) dispõe: Art. 5º As penas principais são: I – prisão simples. II – multa. A prisão simples tem as seguintes características: ESPÉCIES DE PENA (4) Art. 6º A pena de prisão simples deve ser cumprida, sem rigor penitenciário, em estabelecimento especial ou seção especial de prisão comum, em regime semi-aberto ou aberto. § 1º O condenado a pena de prisão simples fica sempre separado dos condenados a pena de reclusão ou de detenção. § 2º O trabalho é facultativo, se a pena aplicada, não excede a quinze dias. ESPÉCIES DE PENA (5) As penas restritivas de direitos estão previstas nos arts. 43 à 48 do CP, que dispõe: Art. 43. As penas restritivas de direitos são: I - prestação pecuniária; II - perda de bens e valores; III - limitação de fim de semana. IV - prestação de serviço à comunidade ou a entidades públicas; V - interdição temporária de direitos; VI - limitação de fim de semana. ESPÉCIES DE PENA (6) A pena de multa está prevista nos arts. 49 à 52 do CP. PRINCÍPIOS REGENTES DA PENA (1) a) Legalidade: a pena deve ser cominada por lei anterior ao fato. Dispõe a CF/88: Art. 5º [...] XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal; E o CP: Anterioridade da Lei Art. 1º - Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia cominação legal. PRINCÍPIOS REGENTES DA PENA (2) b) Individualização: a pena deve ser individualizada em cada caso concreto, segundo a culpabilidade do infrator. Dispõe a CF/88: Art. 5º [...] XLVI - a lei regulará a individualização da pena e adotará, entre outras, as seguintes: [...] PRINCÍPIOS REGENTES DA PENA (3) c) Personalidade: nenhuma pena poderá passar da pessoa do condenado. Dispõe a CF/88: Art. 5º [...] XLV - nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a obrigação de reparar o dano e a decretação do perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e contra eles executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido; d) Proporcionalidade: proporcional ao crime e nos limites da culpabilidade; PRINCÍPIOS REGENTES DA PENA (4) e) Humanidade: o Estado não pode aplicar sanções que atinjam a dignidade da pessoa humana ou lesionem a constituição físico- psíquica do condenado. Esse princípio fundamenta a proibição da pena de morte, da prisão perpétua e de quaisquer penas cruéis ou infamantes, de tortura e de maus-tratos. Dispõe a CF/88: Art. 5º [...] III - ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante; [...] XLVII - não haverá penas: PRINCÍPIOS REGENTES DA PENA (5) a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art. 84, XIX; b) de caráter perpétuo; c) de trabalhos forçados; d) de banimento; e) cruéis; [...] XLIX - é assegurado aos presos o respeito à integridade física e moral; PENAS PROIBIDAS PELA CF/88 Dispõe a CF/88: Art. 5º [...] XLVII - não haverá penas: a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art. 84, XIX; b) de caráter perpétuo; c) de trabalhos forçados; d) de banimento; e) cruéis; PENAS PRIVATIVAS DE LIBERDADE Arts. 33 à 42 do CP. Previstas em abstrato nos respectivos tipos penais, devem ser aplicadas diretamente. TIPOS (1) Dispõe o CP: Reclusão e detenção Art. 33 - A pena de reclusão deve ser cumprida em regime fechado, semi-aberto ou aberto. A de detenção, em regime semi-aberto, ou aberto, salvo necessidade de transferência a regime fechado. [...] Assim, são os seguintes: a) Reclusão: cumprimento da pena em regime fechado, semiaberto ou aberto; TIPOS (2) b) Detenção: cumprimento da pena em regime semiaberto ou aberto, exceto quando houver necessidade de transferência a regime fechado; c) Prisão Simples: cumprimento da pena em regime semiaberto ou aberto, apenas para os casos de contravenção penal. Reclusão Detenção Regime de cumprimento Fechado, semi-aberto e aberto (art. 33, primeira parte, do CP). Semi-aberto e aberto. Há possibilidade de transferência do condenado ao regime fechado, desde que demonstrada a necessidade da medida (art. 33, parte final, do CP). Medidas de segurança Detentiva (art. 97, primeira parte, do CP). Pode ser convertida em tratamento ambulatorial (art. 97, parte final, do CP). Exercício do pátrio-poder, tutela ou curatela Crimes praticados pelos pais, tutores ou curadores contra os filhos, tutelados ou curatelados gera incapacidade (art. 92, II e parágrafo único do CP). A incapacidade para o exercício de tal direito requer uma ação própria no juízo competente. Ordem de execução Executada primeiro (arts. 69, caput, e 76, do CP). Detenção (ou prisão simples) executada secundariamente. REGIMES PENAIS (1) Dispõe o CP: Reclusão e detenção Art. 33 - A pena de reclusão deve ser cumprida em regime fechado, semi-aberto ou aberto. A de detenção, em regime semi-aberto, ou aberto, salvo necessidade de transferência a regime fechado. § 1º - Considera-se: a) regime fechado a execução da pena em estabelecimento de segurança máxima ou média; b) regime semi-aberto a execução da pena em colônia agrícola, industrial ou estabelecimento similar; REGIMES PENAIS (2) c) regime aberto a execução da pena em casa de albergado ou estabelecimento adequado. [...] REGIME INICIAL (1) Dispõe o CP: Reclusão e detenção Art. 33. [...] § 2º - As penas privativas de liberdade deverão ser executadas em forma progressiva, segundo o mérito do condenado, observados os seguintes critérios e ressalvadas as hipóteses de transferência a regime mais rigoroso: a) o condenado a pena superior a 8 (oito) anos deverá começar a cumpri-la em regime fechado; REGIME INICIAL (2) b) o condenado não reincidente, cuja pena seja superior a 4 (quatro) anos e não exceda a 8 (oito), poderá, desde o princípio, cumpri-la em regime semi-aberto; c) o condenado não reincidente, cuja pena seja igual ou inferior a 4 (quatro) anos, poderá, desde o início, cumpri-la em regime aberto. [...] Ao réu reincidente, independentemente da quantidade de pena imposta, impor-se-á o regime inicialmente fechado. Entretanto, conforme entendimento firmado pelo STJ na: Súmula 269: É admissível a adoção do regime prisional semi-aberto aos reincidentes condenados a pena igual ou inferior a quatro anos se favoráveis as circunstâncias judiciais. REGIME INICIAL (3) [...] § 3º - A determinação do regime inicial de cumprimento da pena far- se-á com observância dos critérios previstos no art. 59 deste Código. Assim temos os seguintes critérios orientadores para determinar o regime inicial para cumprimento da pena: a) espécie de pena privativa de liberdade;b) quantidade de pena privativa de liberdade aplicada; e c) reincidência. Acrescente-se a esses três as circunstâncias judiciais previstas no art. 59 do CP: REGIME INICIAL (4) Fixação da pena Art. 59. O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, à personalidade do agente, aos motivos, às circunstâncias e consequências do crime, bem como ao comportamento da vítima, estabelecerá, conforme seja necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime: [...] REGIME INICIAL PARA CUMPRIMENTO DE PENA DE CRIMES HEDIONDOS E EQUIPARADOS (1) Dispõe a Lei de Crimes Hediondos: Art. 2º. [...] § 1º A pena por crime previsto neste artigo será cumprida inicialmente em regime fechado. [...] REGIME INICIAL PARA CUMPRIMENTO DE PENA DE CRIMES HEDIONDOS E EQUIPARADOS (2) No julgamento do Recurso Extraordinário com Agravo (ARE) 1052700, que teve repercussão geral reconhecida e mérito julgado pelo Plenário Virtual, o STF reafirmou sua jurisprudência dominante no sentido da inconstitucionalidade (reconhecida de forma incidental pelo Plenário do STF no julgamento do Habeas Corpus (HC) 111840) da fixação de regime inicial fechado para cumprimento de pena com base EXCLUSIVAMENTE no artigo 2º, parágrafo 1º, da Lei 8.072/1990 (Lei de Crimes Hediondos). Assim, foi fixada a seguinte tese de repercussão geral: “É inconstitucional a fixação ex lege, com base no artigo 2º, parágrafo 1º, da Lei 8.072/1990, do regime inicial fechado, devendo o julgador, quando da condenação, ater-se aos parâmetros previstos no artigo 33 do Código Penal”. GRAVIDADE ABSTRATA DO DELITO E (IM)POSSIBILIDADE DE CUMPRIMENTO DE PENA EM REGIME MAIS GRAVOSO Não é possível. Os tribunais superiores já se manifestaram nesse sentido. Vejamos: Súmula 718 do STF: A opinião do julgador sobre a gravidade em abstrato do crime não constitui motivação idônea para a imposição de regime mais severo do que o permitido segundo a pena aplicada. Súmula 719 do STF: A imposição do regime de cumprimento mais severo do que a pena aplicada permitir exige motivação idônea. Súmula 440 do STJ: Fixada a pena-base no mínimo legal, é vedado o estabelecimento de regime prisional mais gravoso do que o cabível em razão da sanção imposta, com base apenas na gravidade abstrata do delito. FALTA DE VAGAS NO SISTEMA PRISIONAL E (IM)POSSIBILIDADE DE CUMPRIMENTO DE PENA EM REGIME MAIS GRAVOSO (1) O Ministério Público do Estado do Rio Grande do Sul (MPE-RS) interpôs Recurso Extraordinário (RE 641320) contra acórdão do Tribunal de Justiça gaúcho (TJ-RS), que concedeu a prisão domiciliar a um sentenciado em razão da falta de vagas no regime semiaberto. Em 11 de maio de 2016, ao dar parcial provimento ao RE 641320, com repercussão geral, o Plenário seguiu o voto do relator, ministro Gilmar Mendes, e fixou a tese nos seguintes termos: a) a falta de estabelecimento penal adequado não autoriza a manutenção do condenado em regime prisional mais gravoso; FALTA DE VAGAS NO SISTEMA PRISIONAL E (IM)POSSIBILIDADE DE CUMPRIMENTO DE PENA EM REGIME MAIS GRAVOSO (2) b) os juízes da execução penal poderão avaliar os estabelecimentos destinados aos regimes semiaberto e aberto, para qualificação como adequados a tais regimes. São aceitáveis estabelecimentos que não se qualifiquem como “colônia agrícola, industrial” (regime semiaberto) ou “casa de albergado ou estabelecimento adequado” (regime aberto) (art. 33, parágrafo 1º, alíneas “b” e “c”); c) havendo déficit de vagas, deverá determinar-se: i. a saída antecipada de sentenciado no regime com falta de vagas; ii. a liberdade eletronicamente monitorada ao sentenciado que sai antecipadamente ou é posto em prisão domiciliar por falta de vagas; FALTA DE VAGAS NO SISTEMA PRISIONAL E (IM)POSSIBILIDADE DE CUMPRIMENTO DE PENA EM REGIME MAIS GRAVOSO (3) iii. o cumprimento de penas restritivas de direito e/ou estudo ao sentenciado que progride ao regime aberto. Até que sejam estruturadas as medidas alternativas propostas, poderá ser deferida a prisão domiciliar ao sentenciado. Considerando que a tese fixada pelo Tribunal é bastante analítica, o ministro Gilmar Mendes, acompanhado pela maioria, propôs um texto mais sucinto, fazendo remissão ao RE, em vez de transcrever toda a tese. Assim, sumulou o STF: Súmula Vinculante 56: A falta de estabelecimento penal adequado não autoriza a manutenção do condenado em regime prisional mais gravoso, devendo-se observar, nessa hipótese, os parâmetros fixados no RE 641.320/RS. Esse também era o entendimento do STJ, que já decidiu: FALTA DE VAGAS NO SISTEMA PRISIONAL E (IM)POSSIBILIDADE DE CUMPRIMENTO DE PENA EM REGIME MAIS GRAVOSO (4) Na forma da jurisprudência do STJ, em caso de falta de vagas, em estabelecimento prisional adequado ao regime semiaberto, deve- se conceder, ao apenado, em caráter excepcional, o cumprimento da pena em regime aberto, ou, na falta de casa de albergado, em regime domiciliar, até o surgimento de vaga (Recurso em Habeas Corpus nº 42.678/SP (2013/0379897-9), 6ª Turma do STJ, Rel. Assusete Magalhães. j. 10.12.2013, unânime, DJe 10.02.2014). REGRAS DO REGIME FECHADO (1) Art. 34. O condenado será submetido, no início do cumprimento da pena, a exame criminológico de classificação para individualização da execução. § 1º O condenado fica sujeito a trabalho no período diurno e a isolamento durante o repouso noturno. § 2º O trabalho será em comum dentro do estabelecimento, na conformidade das aptidões ou ocupações anteriores do condenado, desde que compatíveis com a execução da pena. § 3º O trabalho externo é admissível, no regime fechado, em serviços ou obras públicas. REGRAS DO REGIME FECHADO (2) 1. Cumprimento em Penitenciária. Dispõe a LEP: Art. 87. A penitenciária destina-se ao condenado à pena de reclusão, em regime fechado. Parágrafo único. A União Federal, os Estados, o Distrito Federal e os Territórios poderão construir Penitenciárias destinadas, exclusivamente, aos presos provisórios e condenados que estejam em regime fechado, sujeitos ao regime disciplinar diferenciado, nos termos do art. 52 desta Lei. 2. Guia de recolhimento. Dispõe a LEP: Art. 105. Transitando em julgado a sentença que aplicar pena privativa de liberdade, se o réu estiver ou vier a ser preso, o Juiz ordenará a expedição de guia de recolhimento para a execução. REGRAS DO REGIME FECHADO (3) Art. 106. A guia de recolhimento, extraída pelo escrivão, que a rubricará em todas as folhas e a assinará com o Juiz, será remetida à autoridade administrativa incumbida da execução e conterá: I - o nome do condenado; II - a sua qualificação civil e o número do registro geral no órgão oficial de identificação; III - o inteiro teor da denúncia e da sentença condenatória, bem como certidão do trânsito em julgado; IV - a informação sobre os antecedentes e o grau de instrução; V - a data da terminação da pena; REGRAS DO REGIME FECHADO (4) VI - outras peças do processo reputadas indispensáveis ao adequado tratamento penitenciário. § 1º Ao Ministério Público se dará ciência da guia de recolhimento. § 2º A guia de recolhimento será retificada sempre que sobrevier modificação quanto ao início da execução ou ao tempo de duração da pena. § 3° Se o condenado, ao tempo do fato, era funcionário da Administração da Justiça Criminal, far-se-á, na guia, menção dessa circunstância, para fins do disposto no § 2°, do artigo 84, desta Lei. Art. 107. Ninguém será recolhido, para cumprimento de pena privativa de liberdade, sem a guia expedida pela autoridade judiciária. REGRAS DO REGIME FECHADO (5) § 1° A autoridade administrativa incumbida da execução passará recibo da guia de recolhimento para juntá-la aos autos do processo, e dará ciência dos seus termos ao condenado. § 2º As guias de recolhimento serão registradas em livro especial, segundo a ordem cronológica do recebimento, e anexadas ao prontuário do condenado, aditando-se, no curso da execução, o cálculo dasremições e de outras retificações posteriores. 3. Obrigatoriedade do exame criminológico para fins de classificação. Dispõe a LEP: REGRAS DO REGIME FECHADO (6) Art. 5º Os condenados serão classificados, segundo os seus antecedentes e personalidade, para orientar a individualização da execução penal. Art. 6o A classificação será feita por Comissão Técnica de Classificação que elaborará o programa individualizador da pena privativa de liberdade adequada ao condenado ou preso provisório. [...] Art. 8º O condenado ao cumprimento de pena privativa de liberdade, em regime fechado, será submetido a exame criminológico para a obtenção dos elementos necessários a uma adequada classificação e com vistas à individualização da execução. [...] REGRAS DO REGIME FECHADO (7) 4. Sujeição ao trabalho. Dispõe a LEP: Art. 41 - Constituem direitos do preso: [...] II - atribuição de trabalho e sua remuneração; Aplica-se também ao preso provisório: Art. 42 - Aplica-se ao preso provisório e ao submetido à medida de segurança, no que couber, o disposto nesta Seção. Exceção é o condenado por crime político: Art. 200. O condenado por crime político não está obrigado ao trabalho. REGRAS DO REGIME FECHADO (7) O trabalho divide-se em interno e externo: Do Trabalho Interno Art. 31. O condenado à pena privativa de liberdade está obrigado ao trabalho na medida de suas aptidões e capacidade. Parágrafo único. Para o preso provisório, o trabalho não é obrigatório e só poderá ser executado no interior do estabelecimento. Art. 32. Na atribuição do trabalho deverão ser levadas em conta a habilitação, a condição pessoal e as necessidades futuras do preso, bem como as oportunidades oferecidas pelo mercado. § 1º Deverá ser limitado, tanto quanto possível, o artesanato sem expressão econômica, salvo nas regiões de turismo. REGRAS DO REGIME FECHADO (8) § 2º Os maiores de 60 (sessenta) anos poderão solicitar ocupação adequada à sua idade. § 3º Os doentes ou deficientes físicos somente exercerão atividades apropriadas ao seu estado. Art. 33. A jornada normal de trabalho não será inferior a 6 (seis) nem superior a 8 (oito) horas, com descanso nos domingos e feriados. Parágrafo único. Poderá ser atribuído horário especial de trabalho aos presos designados para os serviços de conservação e manutenção do estabelecimento penal. Art. 34. O trabalho poderá ser gerenciado por fundação, ou empresa pública, com autonomia administrativa, e terá por objetivo a formação profissional do condenado. REGRAS DO REGIME FECHADO (9) § 1o. Nessa hipótese, incumbirá à entidade gerenciadora promover e supervisionar a produção, com critérios e métodos empresariais, encarregar-se de sua comercialização, bem como suportar despesas, inclusive pagamento de remuneração adequada. § 2o Os governos federal, estadual e municipal poderão celebrar convênio com a iniciativa privada, para implantação de oficinas de trabalho referentes a setores de apoio dos presídios. Art. 35. Os órgãos da Administração Direta ou Indireta da União, Estados, Territórios, Distrito Federal e dos Municípios adquirirão, com dispensa de concorrência pública, os bens ou produtos do trabalho prisional, sempre que não for possível ou recomendável realizar-se a venda a particulares. REGRAS DO REGIME FECHADO (10) Parágrafo único. Todas as importâncias arrecadadas com as vendas reverterão em favor da fundação ou empresa pública a que alude o artigo anterior ou, na sua falta, do estabelecimento penal. Do Trabalho Externo Art. 36. O trabalho externo será admissível para os presos em regime fechado somente em serviço ou obras públicas realizadas por órgãos da Administração Direta ou Indireta, ou entidades privadas, desde que tomadas as cautelas contra a fuga e em favor da disciplina. § 1º O limite máximo do número de presos será de 10% (dez por cento) do total de empregados na obra. § 2º Caberá ao órgão da administração, à entidade ou à empresa empreiteira a remuneração desse trabalho. REGRAS DO REGIME FECHADO (11) § 3º A prestação de trabalho à entidade privada depende do consentimento expresso do preso. Art. 37. A prestação de trabalho externo, a ser autorizada pela direção do estabelecimento, dependerá de aptidão, disciplina e responsabilidade, além do cumprimento mínimo de 1/6 (um sexto) da pena. Parágrafo único. Revogar-se-á a autorização de trabalho externo ao preso que vier a praticar fato definido como crime, for punido por falta grave, ou tiver comportamento contrário aos requisitos estabelecidos neste artigo. REGRAS DO REGIME FECHADO (12) 5. Remição da pena pelo trabalho e pelo estudo. Dispõe a LEP: Art. 126. O condenado que cumpre a pena em regime fechado ou semiaberto poderá remir, por trabalho ou por estudo, parte do tempo de execução da pena. § 1o A contagem de tempo referida no caput será feita à razão de: I - 1 (um) dia de pena a cada 12 (doze) horas de frequência escolar - atividade de ensino fundamental, médio, inclusive profissionalizante, ou superior, ou ainda de requalificação profissional - divididas, no mínimo, em 3 (três) dias; II - 1 (um) dia de pena a cada 3 (três) dias de trabalho. [...] REGRAS DO REGIME FECHADO (13) 6. Estabelecimentos penais federais de segurança máxima a) Lei n. 11.671/2008: dispõe sobre a transferência e inclusão de presos em estabelecimentos penais federais de segurança máxima. b) Justificativa: interesse da segurança pública ou do próprio preso, condenado ou provisório. c) Período de permanência: 360 dias (renovável). REGRAS DO REGIME SEMIABERTO (1) Art. 35. Aplica-se a norma do art. 34 deste Código, caput, ao condenado que inicie o cumprimento da pena em regime semiaberto. § 1º O condenado fica sujeito a trabalho em comum durante o período diurno, em colônia agrícola, industrial ou estabelecimento similar. § 2º O trabalho externo é admissível, bem como a frequência a cursos supletivos profissionalizantes, de instrução de segundo grau ou superior. REGRAS DO REGIME SEMIABERTO (2) 1. Cumprimento em Colônia Agrícola, Industrial ou estabelecimento similar. 2. Trabalho externo, cursos supletivos profissionalizantes, de instrução de segundo grau ou superior. 3. Remissão da pena pelo trabalho e pelo estudo. Dispõe a LEP: Art. 126. O condenado que cumpre a pena em regime fechado ou semiaberto poderá remir, por trabalho ou por estudo, parte do tempo de execução da pena. § 1o A contagem de tempo referida no caput será feita à razão de: REGRAS DO REGIME SEMIABERTO (3) I - 1 (um) dia de pena a cada 12 (doze) horas de frequência escolar - atividade de ensino fundamental, médio, inclusive profissionalizante, ou superior, ou ainda de requalificação profissional - divididas, no mínimo, em 3 (três) dias; II - 1 (um) dia de pena a cada 3 (três) dias de trabalho. [...] REGRAS DO REGIME ABERTO (1) Art. 36. O regime aberto baseia-se na autodisciplina e senso de responsabilidade do condenado. § 1º O condenado deverá, fora do estabelecimento e sem vigilância, trabalhar, freqüentar curso ou exercer outra atividade autorizada, permanecendo recolhido durante o período noturno e nos dias de folga. § 2º O condenado será transferido do regime aberto, se praticar fato definido como crime doloso, se frustrar os fins da execução ou se, podendo, não pagar a multa cumulativamente aplicada. REGRAS DO REGIME ABERTO (2) 1. Cumprimento em Casa de Albergado. 2. Aceitação de seu programa e das condições impostas pelo Juiz. Dispõe a LEP: Art. 113. O ingresso do condenado em regime aberto supõe a aceitação de seu programa e das condições impostas pelo Juiz. 3. Autodisciplina e senso de responsabilidade do condenado. Dispõe a LEP: Art. 114. Somente poderá ingressar no regime aberto o condenado que: REGRAS DO REGIME ABERTO (3) [...] II - apresentar, pelos seus antecedentes ou pelo resultado dos exames a que foi submetido, fundados indícios de que irá ajustar-se, com autodisciplina e senso de responsabilidade, ao novoregime. 4. Exigência de estar trabalhando ou promessa de trabalho como requisito de progressão. Dispõe a LEP: Art. 114. Somente poderá ingressar no regime aberto o condenado que: I - estiver trabalhando ou comprovar a possibilidade de fazê-lo imediatamente; [...] REGRAS DO REGIME ABERTO (4) 5. Não há remição pelo trabalho, mas admite remição pelo estudo. Dispõe a LEP: Art. 126. O condenado que cumpre a pena em regime fechado ou semiaberto poderá remir, por trabalho ou por estudo, parte do tempo de execução da pena. [...] § 6o O condenado que cumpre pena em regime aberto ou semiaberto e o que usufrui liberdade condicional poderão remir, pela frequência a curso de ensino regular ou de educação profissional, parte do tempo de execução da pena ou do período de prova, observado o disposto no inciso I do § 1o deste artigo. PRISÃO-ALBERGUE DOMICILIAR (1) Dispõe a LEP: Art. 117. Somente se admitirá o recolhimento do beneficiário de regime aberto em residência particular quando se tratar de: I - condenado maior de 70 (setenta) anos; II - condenado acometido de doença grave (ex: HIV); III - condenada com filho menor ou deficiente físico ou mental; IV - condenada gestante. Dispõe o CPP: PRISÃO-ALBERGUE DOMICILIAR (2) Art. 317. A prisão domiciliar consiste no recolhimento do indiciado ou acusado em sua residência, só podendo dela ausentar-se com autorização judicial. Art. 318. Poderá o juiz substituir a prisão preventiva pela domiciliar quando o agente for: I - maior de 80 (oitenta) anos; II - extremamente debilitado por motivo de doença grave; III - imprescindível aos cuidados especiais de pessoa menor de 6 (seis) anos de idade ou com deficiência; IV - gestante; PRISÃO-ALBERGUE DOMICILIAR (3) V - mulher com filho de até 12 (doze) anos de idade incompletos; VI - homem, caso seja o único responsável pelos cuidados do filho de até 12 (doze) anos de idade incompletos. Parágrafo único. Para a substituição, o juiz exigirá prova idônea dos requisitos estabelecidos neste artigo. A 2ª Turma do STF, no julgamento do HC 143.641 / SP, concedeu habeas corpus coletivo para determinar a substituição da prisão preventiva por domiciliar de mulheres presas, em todo o território nacional, que sejam gestantes ou mães de crianças de até 12 anos ou de pessoas com deficiência, sem prejuízo da aplicação das medidas alternativas previstas no artigo 319 do Código de Processo Penal (CPP). PRISÃO-ALBERGUE DOMICILIAR (4) Tal medida foi também estendida às demais as mulheres presas, gestantes, puérperas ou mães de crianças, bem assim às adolescentes sujeitas a medidas socioeducativas em idêntica situação no território nacional, observadas as restrições previstas quanto ao item anterior. Veja aqui a íntegra do relatório e voto do relator. PERGUNTA: O pai preso tem o mesmo direito? Os homens devem provar que são os únicos responsáveis pelos cuidados dos filhos. Em caso de genitor que não provou cabalmente “a essencialidade dos cuidados” do filho, o STJ não substituiu a preventiva por domiciliar (RHC 81300 / SP). http://www.stf.jus.br/arquivo/cms/noticiaNoticiaStf/anexo/HC143641final3pdfVoto.pdf PRISÃO-ALBERGUE DOMICILIAR (5) Consequência da decisão do STF, foi aprovada a Lei nº 13.679, de 19 de dezembro de 2018, alterando o CPP, a LEP e a LCH. No CPP foram introduzidos dois novos artigos: Art. 318-A. A prisão preventiva imposta à mulher gestante ou que for mãe ou responsável por crianças ou pessoas com deficiência será substituída por prisão domiciliar, desde que: I - não tenha cometido crime com violência ou grave ameaça a pessoa; II - não tenha cometido o crime contra seu filho ou dependente. Art. 318-B. A substituição de que tratam os arts. 318 e 318-A poderá ser efetuada sem prejuízo da aplicação concomitante das medidas alternativas previstas no art. 319 deste Código REGIME ESPECIAL (1) Dispõe a CF/88: Art. 5º. [...] XLVIII - a pena será cumprida em estabelecimentos distintos, de acordo com a natureza do delito, a idade e o sexo do apenado; Nesse sentido, maiores de sessenta anos e mulheres são submetidos a regime especial para a execução de pena. Dispõe a LEP: Art. 82. [...] REGIME ESPECIAL (2) § 1° A mulher e o maior de sessenta anos, separadamente, serão recolhidos a estabelecimento próprio e adequado à sua condição pessoal. A pena será cumprida em estabelecimento próprio, observados os deveres e direitos inerentes à sua condição pessoal e regras concernentes às penas privativas de liberdade. Nesse sentido dispõe o CP: Regime especial Art. 37. As mulheres cumprem pena em estabelecimento próprio, observando-se os deveres e direitos inerentes à sua condição pessoal, bem como, no que couber, o disposto neste Capítulo. REGIME ESPECIAL (3) E a LEP: Art. 83. [...] § 2o Os estabelecimentos penais destinados a mulheres serão dotados de berçário, onde as condenadas possam cuidar de seus filhos, inclusive amamentá-los, no mínimo, até 6 (seis) meses de idade. § 3o Os estabelecimentos de que trata o § 2o deste artigo deverão possuir, exclusivamente, agentes do sexo feminino na segurança de suas dependências internas. [...] REGIME ESPECIAL (4) Art. 88. O condenado será alojado em cela individual que conterá dormitório, aparelho sanitário e lavatório. Parágrafo único. São requisitos básicos da unidade celular: a) salubridade do ambiente pela concorrência dos fatores de aeração, insolação e condicionamento térmico adequado à existência humana; b) área mínima de 6,00m2 (seis metros quadrados). REGIME ESPECIAL (5) Art. 89. Além dos requisitos referidos no art. 88, a penitenciária de mulheres será dotada de seção para gestante e parturiente e de creche para abrigar crianças maiores de 6 (seis) meses e menores de 7 (sete) anos, com a finalidade de assistir a criança desamparada cuja responsável estiver presa. Parágrafo único. São requisitos básicos da seção e da creche referidas neste artigo: I – atendimento por pessoal qualificado, de acordo com as diretrizes adotadas pela legislação educacional e em unidades autônomas; e II – horário de funcionamento que garanta a melhor assistência à criança e à sua responsável. REGIME ESPECIAL PARA O PÚBLICO LGBT (1) Além dos maiores de sessenta anos e das mulheres, a Resolução Conjunta de n. 1, elaborada pelo Conselho Nacional de Combate a Discriminação, publicada no DOU de 17/04/2014 (n. 74, Seção 1, pág. 1), estabelece parâmetros para cumprimento de pena privativa de liberdade pelo público LGBT no Brasil. Dispõe a resolução: [...] Art. 1º - Estabelecer os parâmetros de acolhimento de LGBT em privação de liberdade no Brasil. Parágrafo único - Para efeitos desta Resolução, entende-se por LGBT a população composta por lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais, considerando-se: http://justica.gov.br/seus-direitos/politica-penal/politicas-2/diversidades/normativos-2/resolucao-conjunta-no-1-cnpc-e-cncd_lgbt-15-de-abril-de-2014.pdf REGIME ESPECIAL PARA O PÚBLICO LGBT (2) I - Lésbicas: denominação específica para mulheres que se relacionam afetiva e sexualmente com outras mulheres; II - Gays: denominação específica para homens que se relacionam afetiva e sexualmente com outros homens; III - Bissexuais: pessoas que se relacionam afetiva e sexualmente com ambos os sexos; IV - Travestis: pessoas que pertencem ao sexo masculino na dimensão fisiológica, mas que socialmente se apresentam no gênero feminino, sem rejeitar o sexo biológico; e V - Transexuais: pessoas que são psicologicamente de um sexo e anatomicamente de outro, rejeitando o próprio órgão sexual biológico. REGIME ESPECIAL PARA O PÚBLICO LGBT (3) [...] Art. 3º - Às travestis e aos gays privados de liberdade em unidades prisionais masculinas, considerando a sua segurança e especial vulnerabilidade, deverão ser oferecidos espaços de vivência específicos. § 1º - Os espaços para essa população não devem se destinar à aplicação de medida disciplinar ou de qualquer métodocoercitivo. § 2º - A transferência da pessoa presa para o espaço de vivência específico ficará condicionada à sua expressa manifestação de vontade. Art. 4º - As pessoas transexuais masculinas e femininas devem ser encaminhadas para as unidades prisionais femininas. REGIME ESPECIAL PARA O PÚBLICO LGBT (4) Parágrafo único - Às mulheres transexuais deverá ser garantido tratamento isonômico ao das demais mulheres em privação de liberdade. PROGRESSÃO (1) Regra prevista no artigo 33, § 2º, do CP, em que as penas privativas de liberdade devem ser executadas progressivamente, ou seja, o condenado passará de um regime mais severo para um mais brando de forma gradativa, conforme o preenchimento dos requisitos legais. Assim dispõe a LEP: Art. 112. A pena privativa de liberdade será executada em forma progressiva com a transferência para regime menos rigoroso, a ser determinada pelo juiz, quando o preso tiver cumprido ao menos um sexto da pena no regime anterior e ostentar bom comportamento carcerário, comprovado pelo diretor do estabelecimento, respeitadas as normas que vedam a progressão. [...] Temos, portanto, dois requisitos para a progressão: PROGRESSÃO (2) a) Requisito objetivo: cumprimento de 1/6 da pena no regime anterior, e; b) Requisito subjetivo: ostentar bom comportamento carcerário, comprovado pelo diretor do estabelecimento. Cumpre ressaltar que a progressão será sempre de um regime mais severo para o menos severo subsequente, sendo vedado, portanto, em nosso ordenamento jurídico pátrio, a progressão per saltum. REQUISITOS DA PROGRESSÃO (1) Do regime fechado para o regime semiaberto: a) cumprir, no mínimo, 1/6 da pena imposta ou do total de penas; b) demonstrar bom comportamento. Do regime semiaberto para o regime aberto: a) cumprir 1/6 do restante da pena (se iniciado em regime fechado); b) cumprir 1/6 do total da pena (se iniciado em regime semiaberto); c) aceitar o programa da prisão-albergue e condições impostas pelo juiz; REQUISITOS DA PROGRESSÃO (2) d) estiver trabalhando ou comprovar possibilidade de fazê-lo imediatamente; e) apresentar indícios de que irá ajustar-se ao novo regime, por meio dos seus antecedentes ou exames a que tenha sido submetido. PROGRESSÃO NO CASO DE MULHER GESTANTE OU QUE FOR MÃE OU RESPONSÁVEL POR CRIANÇAS OU PESSOAS COM DEFICIÊNCIA (1) Modificação introduzida pela Lei nº 13.679 alterou a LEP, que dispõe: Art. 112. [...] § 3º No caso de mulher gestante ou que for mãe ou responsável por crianças ou pessoas com deficiência, os requisitos para progressão de regime são, CUMULATIVAMENTE: I - não ter cometido crime com violência ou grave ameaça a pessoa; II - não ter cometido o crime contra seu filho ou dependente; III - ter cumprido ao menos 1/8 (um oitavo) da pena no regime anterior; IV - ser primária e ter bom comportamento carcerário, comprovado pelo diretor do estabelecimento; PROGRESSÃO NO CASO DE MULHER GESTANTE OU QUE FOR MÃE OU RESPONSÁVEL POR CRIANÇAS OU PESSOAS COM DEFICIÊNCIA (2) V - não ter integrado organização criminosa. Importante observar o disposto no: § 4º O cometimento de novo crime doloso ou falta grave implicará a revogação do benefício previsto no § 3º deste artigo. Também o DEPEN teve suas atribuições ampliadas Art. 72. São atribuições do Departamento Penitenciário Nacional: [...] PROGRESSÃO NO CASO DE MULHER GESTANTE OU QUE FOR MÃE OU RESPONSÁVEL POR CRIANÇAS OU PESSOAS COM DEFICIÊNCIA (3) VII - acompanhar a execução da pena das mulheres beneficiadas pela progressão especial de que trata o § 3º do art. 112 desta Lei, monitorando sua integração social e a ocorrência de reincidência, específica ou não, mediante a realização de avaliações periódicas e de estatísticas criminais. [...] § 2º Os resultados obtidos por meio do monitoramento e das avaliações periódicas previstas no inciso VII do caput deste artigo serão utilizados para, em função da efetividade da progressão especial para a ressocialização das mulheres de que trata o § 3º do art. 112 desta Lei, avaliar eventual desnecessidade do regime fechado de cumprimento de pena para essas mulheres nos casos de crimes cometidos sem violência ou grave ameaça. PROGRESSÃO NO CASO DE MULHER GESTANTE OU QUE FOR MÃE OU RESPONSÁVEL POR CRIANÇAS OU PESSOAS COM DEFICIÊNCIA (4) [...] Art. 74. O Departamento Penitenciário local, ou órgão similar, tem por finalidade supervisionar e coordenar os estabelecimentos penais da Unidade da Federação a que pertencer. Parágrafo único. Os órgãos referidos no caput deste artigo realizarão o acompanhamento de que trata o inciso VII do caput do art. 72 desta Lei e encaminharão ao Departamento Penitenciário Nacional os resultados obtidos. PROGRESSÃO DE REGIME NOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA (1) Dispõe o CP: Reclusão e detenção Art. 33. [...] § 4o O condenado por crime contra a administração pública terá a progressão de regime do cumprimento da pena condicionada à reparação do dano que causou, ou à devolução do produto do ilícito praticado, com os acréscimos legais. Assim, dois são os requisitos para a progressão de regime nos crimes contra a Administração Pública: PROGRESSÃO DE REGIME NOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA (2) a) à reparação do dano causado, ou; b) à devolução do produto do ilícito praticado, com os acréscimos legais. Importante observar que tais condições só poderão ser exigidas quando for dimensionar a extensão do pretenso dano (aspecto material dos crimes contra a administração pública). Nas demais casos, quando se tratar de um “dano” ideal (aspecto moral), não havendo parâmetros seguros para aquilatá-lo, essa previsão legal é inaplicável. PROGRESSÃO E LEI DE CRIMES HEDIONDOS (1) Dispõe a Lei de Crimes Hediondos (Lei nº 8.072/90), com redação dada pela Lei 11.464/07: Art. 2º Os crimes hediondos, a prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins e o terrorismo são insuscetíveis de: [...] § 1º A pena por crime previsto neste artigo será cumprida inicialmente em regime fechado. § 2º A progressão de regime, no caso dos condenados pelos crimes previstos neste artigo, dar-se-á após o cumprimento de 2/5 (dois quintos) da pena, se o apenado for primário, e de 3/5 (três quintos), se reincidente, observado o disposto nos §§ 3º e 4º do art. 112 da Lei nº 7.210, de 11 de julho de 1984 (Lei de Execução Penal). PROGRESSÃO E LEI DE CRIMES HEDIONDOS (2) Assim, no caso de condenação por crime hediondo ou equiparado, o cumprimento da pena iniciará sempre em regime fechado e a progressão para regime menos rigoroso está condicionada ao cumprimento: a) de 2/5 da pena se o condenado for réu primário; b) ou 3/5, se for reincidente. Exemplos: a) Um réu primário, condenado a cumprir pena de 14 anos, terá a possibilidade da progressão da pena após cumprir 5 anos e 6 meses (14=1/5 > 14/5 > 2,8 > 2,8 * 2 > 5,6 > 2/5 = 5,6); PROGRESSÃO E LEI DE CRIMES HEDIONDOS (3) b) Um réu reincidente, condenado a cumprir pena de 14 anos, terá a possibilidade da progressão da pena após cumprir 8 anos e 4 meses (14=1/5 > 14/5 > 2,8 > 2,8 * 3> 8,4 > 3/5 = 8,4). Para as condenações anteriores à modificação feita pela Lei 11.464/07, considerando a inconstitucionalidade da redação originária do art. 2º da LCH, que dispunha: Art. 2º Os crimes hediondos, a prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins e o terrorismo são insuscetíveis de: [...] § 1º A pena por crime previsto neste artigo será cumprida integralmente em regime fechado. PROGRESSÃO E LEI DE CRIMES HEDIONDOS (4) , reconhecida pelo STF na: Súmula Vinculante 26: Para efeito de progressão de regime no cumprimento de pena por crime hediondo, ou equiparado, o juízo da execução observará a inconstitucionalidade do art. 2º da Lei nº 8.072, de 25 de julho de 1990, sem prejuízo de avaliar se o condenado preenche, ou não, os requisitos objetivos e subjetivos do benefício, podendo determinar, para tal fim,de modo fundamentado, a realização de exame criminológico. e pelo STJ na: PROGRESSÃO E LEI DE CRIMES HEDIONDOS (5) Súmula 471: Os condenados por crimes hediondos ou assemelhados cometidos antes da vigência da Lei n. 11.464/2007 sujeitam-se ao disposto no art. 112 da Lei n. 7.210/1984 (Lei de Execução Penal) para a progressão de regime prisional. , vale o cumprimento de 1/6 da pena, conforme art. 112 da LEP. PROGRESSÃO E LEI DE CRIMES HEDIONDOS NO CASO DE MULHER GESTANTE OU QUE FOR MÃE OU RESPONSÁVEL POR CRIANÇAS OU PESSOAS COM DEFICIÊNCIA (1) Conforme dispõe a LCH: Art. 2º. [...] § 2º A progressão de regime, no caso dos condenados pelos crimes previstos neste artigo, dar-se-á após o cumprimento de 2/5 (dois quintos) da pena, se o apenado for primário, e de 3/5 (três quintos), se reincidente, observado o disposto nos §§ 3º e 4º do art. 112 da Lei nº 7.210, de 11 de julho de 1984 (Lei de Execução Penal). Dispõe a LEP: Art. 112. [...] PROGRESSÃO E LEI DE CRIMES HEDIONDOS NO CASO DE MULHER GESTANTE OU QUE FOR MÃE OU RESPONSÁVEL POR CRIANÇAS OU PESSOAS COM DEFICIÊNCIA (2) § 3º No caso de mulher gestante ou que for mãe ou responsável por crianças ou pessoas com deficiência, os requisitos para progressão de regime são, CUMULATIVAMENTE: I - não ter cometido crime com violência ou grave ameaça a pessoa; II - não ter cometido o crime contra seu filho ou dependente; III - ter cumprido ao menos 1/8 (um oitavo) da pena no regime anterior; IV - ser primária e ter bom comportamento carcerário, comprovado pelo diretor do estabelecimento; V - não ter integrado organização criminosa. PROGRESSÃO E LEI DE CRIMES HEDIONDOS NO CASO DE MULHER GESTANTE OU QUE FOR MÃE OU RESPONSÁVEL POR CRIANÇAS OU PESSOAS COM DEFICIÊNCIA (3) § 4º O cometimento de novo crime doloso ou falta grave implicará a revogação do benefício previsto no § 3º deste artigo. PROGRESSÃO DE REGIME ANTES DO TRÂNSITO EM JULGADO DA SENTENÇA CONDENATÓRIA OU ENCONTRANDO-SE O RÉU EM PRISÃO ESPECIAL Acerca do tema decidiu o STF: Súmula 716 do STF: Admite-se a progressão de regime de cumprimento da pena ou a aplicação imediata de regime menos severo nela determinada, antes do trânsito em julgado da sentença condenatória. Súmula 717 do STF: Não impede a progressão de regime de execução da pena, fixada em sentença não transitada em julgado, o fato de o réu se encontrar em prisão especial. PROGRESSÃO DE REGIME E EXAME CRIMINOLÓGICO (1) A LEP, na redação originária do art. 112, previa: Art. 112. A pena privativa de liberdade será executada em forma progressiva, com a transferência para regime menos rigoroso, a ser determinada pelo Juiz, quando o preso tiver cumprido ao menos 1/6 (um sexto) da pena no regime anterior e seu mérito indicar a progressão. Parágrafo único. A decisão será motivada e precedida de parecer da Comissão Técnica de Classificação e do exame criminológico, quando necessário. Assim, a progressão de regime possuía três requisitos: a) Cumprimento de 1/6 (um sexto) da pena no regime anterior; PROGRESSÃO DE REGIME E EXAME CRIMINOLÓGICO (2) b) Apresentar bom comportamento durante o cumprimento da medida em regime fechado; c) Ter uma avaliação positiva no exame criminológico. Após a modificação efetuada pela Lei n. 10.792/03, o art. 112 passou a contar com a seguinte redação: Art. 112. A pena privativa de liberdade será executada em forma progressiva com a transferência para regime menos rigoroso, a ser determinada pelo juiz, quando o preso tiver cumprido ao menos um sexto da pena no regime anterior e ostentar bom comportamento carcerário, comprovado pelo diretor do estabelecimento, respeitadas as normas que vedam a progressão. [...] PROGRESSÃO DE REGIME E EXAME CRIMINOLÓGICO (3) Assim, ter uma avaliação positiva no exame criminológico não é mais uma das condições para a progressão de regime. Todavia, a sua realização é possível desde que motive o juiz sua decisão. Assim sumulou o STJ: Súmula 439 do STJ: Admite-se o exame criminológico pelas peculiaridades do caso, desde que em decisão motivada. REGRESSÃO (1) Oposto da progressão, a regressão transfere o condenado de um regime para outro mais rigoroso. Em contrapartida do que ocorre com a progressão, é admitida a regressão per saltum, ou seja, o condenado pode ser transferido do regime aberto para o fechado, independente de passar anteriormente pelo regime semiaberto. As hipóteses estão elencadas na LEP: REGRESSÃO (2) Art. 118. A execução da pena privativa de liberdade ficará sujeita à forma regressiva, com a transferência para qualquer dos regimes mais rigorosos, quando o condenado: I - praticar fato definido como crime doloso ou falta grave; II - sofrer condenação, por crime anterior, cuja pena, somada ao restante da pena em execução, torne incabível o regime (artigo 111). § 1° O condenado será transferido do regime aberto se, além das hipóteses referidas nos incisos anteriores, frustrar os fins da execução ou não pagar, podendo, a multa cumulativamente imposta. § 2º Nas hipóteses do inciso I e do parágrafo anterior, deverá ser ouvido previamente o condenado. REGRESSÃO (3) Dispõe o: Art. 111. Quando houver condenação por mais de um crime, no mesmo processo ou em processos distintos, a determinação do regime de cumprimento será feita pelo resultado da soma ou unificação das penas, observada, quando for o caso, a detração ou remição. Parágrafo único. Sobrevindo condenação no curso da execução, somar-se-á a pena ao restante da que está sendo cumprida, para determinação do regime. Em se tratando de “nova condenação pela prática de crime cometido antes“, isto é, crime cometido antes da 1ª condenação, e já progredido, o preso não perde os dias remidos e detraídos. REGIME DISCIPLINAR DIFERENCIADO (1) Cabível para os presos provisórios e condenados, e conforme a LEP pode ser aplicado nas seguintes hipóteses: Art. 52. A prática de fato previsto como crime doloso constitui falta grave e, quando ocasione subversão da ordem ou disciplina internas, sujeita o preso provisório, ou condenado, sem prejuízo da sanção penal, ao regime disciplinar diferenciado, com as seguintes características: [...] § 1o O regime disciplinar diferenciado também poderá abrigar presos provisórios ou condenados, nacionais ou estrangeiros, que apresentem alto risco para a ordem e a segurança do estabelecimento penal ou da sociedade. REGIME DISCIPLINAR DIFERENCIADO (2) § 2o Estará igualmente sujeito ao regime disciplinar diferenciado o preso provisório ou o condenado sob o qual recaiam fundadas suspeitas de envolvimento ou participação, a qualquer título, em organizações criminosas, quadrilha ou bando. Possui as seguintes características: Art. 52. [...] I - duração máxima de trezentos e sessenta dias, sem prejuízo de repetição da sanção por nova falta grave de mesma espécie, até o limite de um sexto da pena aplicada; II - recolhimento em cela individual; REGIME DISCIPLINAR DIFERENCIADO (3) III - visitas semanais de duas pessoas, sem contar as crianças, com duração de duas horas; IV - o preso terá direito à saída da cela por 2 horas diárias para banho de sol. EXAME CRIMINOLÓGICO (1) Dispõe a LEP: Art. 8º O condenado ao cumprimento de pena privativa de liberdade, em regime fechado, será submetido a exame criminológico para a obtenção dos elementos necessários a uma adequada classificação e com vistas à individualização da execução. Parágrafo único. Ao exame de que trata este artigo poderá ser submetido o condenado ao cumprimento da pena privativa de liberdade em regime semi-aberto. O exame criminológico é realizado pela Comissão Técnica de Classificação: EXAME CRIMINOLÓGICO (2) Art. 7º A Comissão Técnica de Classificação, existente em cada estabelecimento, será presidida pelo diretor e composta, no mínimo, por 2 (dois) chefes de serviço, 1 (um) psiquiatra, 1 (um) psicólogo e 1 (um) assistente social, quando se tratar de condenado à pena privativa deliberdade. Parágrafo único. Nos demais casos a Comissão atuará junto ao Juízo da Execução e será integrada por fiscais do serviço social. Tal exame consiste na pesquisa dos antecedentes pessoais, familiares, sociais, psíquicos e psicológicos do condenado, para obtenção de dados que possam revelar a sua personalidade, sendo indispensável ao tratamento penitenciário, destinado a classificar e individualizar a execução. EXAME CRIMINOLÓGICO (3) Acerca da (des)necessidade do exame criminológico para a progressão de regime, remetemos para a seção relativa ao tópico progressão de regime e exame criminológico, já abordado. DIREITOS E DEVERES DO PRESO (1) Dispõe o CP: Direitos do preso Art. 38 - O preso conserva todos os direitos não atingidos pela perda da liberdade, impondo-se a todas as autoridades o respeito à sua integridade física e moral. E a LEP: Art. 3º Ao condenado e ao internado serão assegurados todos os direitos não atingidos pela sentença ou pela lei. Parágrafo único. Não haverá qualquer distinção de natureza racial, social, religiosa ou política. [...] DIREITOS E DEVERES DO PRESO (2) Dos Deveres Art. 38. Cumpre ao condenado, além das obrigações legais inerentes ao seu estado, submeter-se às normas de execução da pena. Art. 39. Constituem deveres do condenado: I - comportamento disciplinado e cumprimento fiel da sentença; II - obediência ao servidor e respeito a qualquer pessoa com quem deva relacionar-se; III - urbanidade e respeito no trato com os demais condenados; IV - conduta oposta aos movimentos individuais ou coletivos de fuga ou de subversão à ordem ou à disciplina; V - execução do trabalho, das tarefas e das ordens recebidas; DIREITOS E DEVERES DO PRESO (3) VI - submissão à sanção disciplinar imposta; VII - indenização à vitima ou aos seus sucessores; VIII - indenização ao Estado, quando possível, das despesas realizadas com a sua manutenção, mediante desconto proporcional da remuneração do trabalho; IX - higiene pessoal e asseio da cela ou alojamento; X - conservação dos objetos de uso pessoal. Parágrafo único. Aplica-se ao preso provisório, no que couber, o disposto neste artigo. DIREITOS E DEVERES DO PRESO (4) Dos Direitos Art. 40. Impõe-se a todas as autoridades o respeito à integridade física e moral dos condenados e dos presos provisórios. Art. 41. Constituem direitos do preso: I - alimentação suficiente e vestuário; II - atribuição de trabalho e sua remuneração; III - Previdência Social; IV - constituição de pecúlio; V - proporcionalidade na distribuição do tempo para o trabalho, o descanso e a recreação; DIREITOS E DEVERES DO PRESO (5) VI - exercício das atividades profissionais, intelectuais, artísticas e desportivas anteriores, desde que compatíveis com a execução da pena; VII - assistência material, à saúde, jurídica, educacional, social e religiosa; VIII - proteção contra qualquer forma de sensacionalismo; IX - entrevista pessoal e reservada com o advogado; X - visita do cônjuge, da companheira, de parentes e amigos em dias determinados; XI - chamamento nominal; DIREITOS E DEVERES DO PRESO (6) XII - igualdade de tratamento salvo quanto às exigências da individualização da pena; XIII - audiência especial com o diretor do estabelecimento; XIV - representação e petição a qualquer autoridade, em defesa de direito; XV - contato com o mundo exterior por meio de correspondência escrita, da leitura e de outros meios de informação que não comprometam a moral e os bons costumes; XVI – atestado de pena a cumprir, emitido anualmente, sob pena da responsabilidade da autoridade judiciária competente. DIREITOS E DEVERES DO PRESO (7) Parágrafo único. Os direitos previstos nos incisos V, X e XV poderão ser suspensos ou restringidos mediante ato motivado do diretor do estabelecimento. Art. 42. Aplica-se ao preso provisório e ao submetido à medida de segurança, no que couber, o disposto nesta Seção. Art. 43. É garantida a liberdade de contratar médico de confiança pessoal do internado ou do submetido a tratamento ambulatorial, por seus familiares ou dependentes, a fim de orientar e acompanhar o tratamento. Parágrafo único. As divergências entre o médico oficial e o particular serão resolvidas pelo Juiz da execução. Ver ainda a Cartilha da Pessoa Presa do CNJ http://www.cnj.jus.br/images/programas/comecar-de-novo/publicacoes/cartilha_da_pessoa_presa_1_portugues_3.pdf DIREITOS ESPECÍFICOS DO PRESO LGBT (1) Previstos na Resolução Conjunta de n. 1, elaborada pelo Conselho Nacional de Combate a Discriminação, publicada no DOU de 17/04/2014 (n. 74, Seção 1, pág. 1), são os seguintes (além do regime especial para o cumprimento de pena, já mencionado supra): Art. 2º - A pessoa travesti ou transexual em privação de liberdade tem o direito de ser chamada pelo seu nome social, de acordo com o seu gênero. Parágrafo único - O registro de admissão no estabelecimento prisional deverá conter o nome social da pessoa presa. [...] http://justica.gov.br/seus-direitos/politica-penal/politicas-2/diversidades/normativos-2/resolucao-conjunta-no-1-cnpc-e-cncd_lgbt-15-de-abril-de-2014.pdf DIREITOS ESPECÍFICOS DO PRESO LGBT (2) Art. 5º - À pessoa travesti ou transexual em privação de liberdade serão facultados o uso de roupas femininas ou masculinas, conforme o gênero, e a manutenção de cabelos compridos, se o tiver, garantindo seus caracteres secundários de acordo com sua identidade de gênero. Art. 6º - É garantido o direito à visita íntima para a população LGBT em situação de privação de liberdade, nos termos da Portaria MJ nº 1.190/2008 e na Resolução CNPCP nº 4, de 29 de junho de 2011. Art. 7º - É garantida à população LGBT em situação de privação de liberdade a atenção integral à saúde, atendidos os parâmetros da Política Nacional de Saúde Integral de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais - LGBT e da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde das Pessoas Privadas de Liberdade no Sistema Prisional - PNAISP. DIREITOS ESPECÍFICOS DO PRESO LGBT (3) Parágrafo único - À pessoa travesti, mulher ou homem transexual em privação de liberdade, serão garantidos a manutenção do seu tratamento hormonal e o acompanhamento de saúde específico. Art. 8º - A transferência compulsória entre celas e alas ou quaisquer outros castigos ou sanções em razão da condição de pessoa LGBT são considerados tratamentos desumanos e degradantes. Art. 9º - Será garantido à pessoa LGBT, em igualdade de condições, o acesso e a continuidade da sua formação educacional e profissional sob a responsabilidade do Estado. DIREITOS ESPECÍFICOS DO PRESO LGBT (4) Art. 10 - O Estado deverá garantir a capacitação continuada aos profissionais dos estabelecimentos penais considerando a perspectiva dos direitos humanos e os princípios de igualdade e não- discriminação, inclusive em relação à orientação sexual e identidade de gênero. Art. 11 - Será garantido à pessoa LGBT, em igualdade de condições, o benefício do auxílio-reclusão aos dependentes do segurado recluso, inclusive ao cônjuge ou companheiro do mesmo sexo. DIREITO À VISITAÇÃO E REVISTA PESSOAL (1) O art. 41, inc. X, da LEP, e o art. 6º da Resolução Conjunta de n. 1, elaborada pelo Conselho Nacional de Combate a Discriminação, assegura ao preso o direito à visita do cônjuge, da companheira, de parentes e amigos em dias determinados. Em relação ao exercício de tal direito, o Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária (CNPCP), através da Resolução n. 05, de 28 de Agosto de 2014, recomenda a não utilização de práticas vexatórias para o controle de ingresso aos locais de privação de liberdade e dá outras providências, nos seguintes termos: http://justica.gov.br/seus-direitos/politica-penal/politicas-2/diversidades/normativos-2/resolucao-conjunta-no-1-cnpc-e-cncd_lgbt-15-de-abril-de-2014.pdf http://www.justica.gov.br/seus-direitos/politica-penal/cnpcp-1/resolucoes/resolucoes-arquivos-pdf-de-1980-a-2015/resolucao-no-5-fim-da-revista-vexatoria.pdfDIREITO À VISITAÇÃO E REVISTA PESSOAL (2) Art. 1º. A revista pessoal é a inspeção que se efetua, com fins de segurança, em todas as pessoas que pretendem ingressar em locais de privação de liberdade e que venham a ter contato direto ou indireto com pessoas privadas de liberdade ou com o interior do estabelecimento, devendo preservar a integridade física, psicológica e moral da pessoa revistada. Parágrafo único. A revista pessoal deverá ocorrer mediante uso de equipamentos eletrônicos detectores de metais, aparelhos de raio-x, scanner corporal, dentre outras tecnologias e equipamentos de segurança capazes de identificar armas, explosivos, drogas ou outros objetos ilícitos, ou, excepcionalmente, de forma manual. Art. 2º. São vedadas quaisquer formas de revista vexatória, desumana ou degradante. DIREITO À VISITAÇÃO E REVISTA PESSOAL (3) Parágrafo único. Consideram-se, dentre outras, formas de revista vexatória, desumana ou degradante: I – desnudamento parcial ou total; II – qualquer conduta que implique a introdução de objetos nas cavidades corporais da pessoa revistada; III – uso de cães ou animais farejadores, ainda que treinados para esse fim; IV – agachamento ou saltos. DIREITO À VISITAÇÃO E REVISTA PESSOAL (4) Art. 3º. O acesso de gestantes ou pessoas com qualquer limitação física impeditiva da utilização de recursos tecnológicos aos estabelecimentos prisionais será assegurado pelas autoridades administrativas, observado o disposto nesta Resolução. Art. 4º. A revista pessoal em crianças e adolescentes deve ser precedida de autorização expressa de seu representante legal e somente será realizada na presença deste. Art. 5º. Cabe à administração penitenciária estabelecer medidas de segurança e de controle de acesso às unidades prisionais, observado o disposto nesta Resolução. Art. 6º. Revogam-se as Resoluções nº 01/2000 e 09/2006 do CNPCP. DIREITO À VISITAÇÃO E REVISTA PESSOAL (5) Na inexistência de uma norma federal a respeito (o tema é objeto do PL 7764/2014 na Câmara de Deputados (cuja origem remonta ao PL 480/2013, do Senado Federal)), alguns Estados baixaram normas contra a revista vexatória: 1. Minas Gerais (Lei Estadual n. 12.492/1997); 2. Amazonas (onde, em 21 de agosto deste ano, o juiz Luís Carlos de Valois Coelho, titular da Vara de Execuções Penais do estado, assinou a Portaria n. 007/14/VEP, que proíbe a prática na capital Manaus); 3. Paraíba (Lei Estadual n. 6.081/2010); 4. Rio de Janeiro (Resolução n. 330/2009 da Secretaria de Administração Penitenciária); http://www.camara.gov.br/proposicoesWeb/fichadetramitacao?idProposicao=619480 http://www25.senado.leg.br/web/atividade/materias/-/materia/115328 DIREITO À VISITAÇÃO E REVISTA PESSOAL (6) 5. Rio Grande do Sul (Portaria n. 12/2008 da Superintendência dos Serviços Penitenciários); 6. Santa Catarina (Portaria n. 16/2013 da Vara de Execução Penal de Joinville); 7. São Paulo (Lei Estadual n. 15.552/2014); 8. Espírito Santo (Portaria n. 1.575-S, de 2012, da Secretaria de Estado da Justiça); 9. Goiás (Portaria n. 435/2012 da Agência Goiana do sistema de Execução Penal); e 10. Mato Grosso (Instrução Normativa n. 002/GAB da Secretaria de Estado de Justiça e Direitos Humanos). RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO PERANTE A VIOLAÇÃO DOS DIREITOS DO PRESO DECORRENTE DE TRATAMENTO DESUMANO/DEGRADANTE E SUPERLOTAÇÃO (1) Em 16 de fevereiro de 2017, no julgamento do Recurso Extraordinário (RE) 580252, com repercussão geral reconhecida, os ministros do STF decidiram que, nos casos de violação dos direitos do preso decorrente de tratamento desumano/degradante e superlotação, este (o preso) faria jus a uma indenização por danos morais no valor de R$ 2 mil. No caso concreto, a Defensoria Pública de Mato Grosso do Sul (DP- MS), em favor de um condenado a 20 anos de reclusão, cumprindo pena no presídio de Corumbá (MS), recorreu contra acórdão do Tribunal de Justiça local (TJ-MS) que, embora reconheça que a pena esteja sendo cumprida “em condições degradantes por força do desleixo dos órgãos e agentes públicos”, entendeu, no julgamento de embargos infringentes, não haver direito ao pagamento de indenização por danos morais. RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO PERANTE A VIOLAÇÃO DOS DIREITOS DO PRESO DECORRENTE DE TRATAMENTO DESUMANO/DEGRADANTE E SUPERLOTAÇÃO (2) O STF fixou a seguinte tese, apresentada pelo falecido ministro Teori Zavascki: Considerando que é dever do Estado, imposto pelo sistema normativo, manter em seus presídios os padrões mínimos de humanidade previstos no ordenamento jurídico, é de sua responsabilidade, nos termos do artigo 37, parágrafo 6º, da Constituição, a obrigação de ressarcir os danos, inclusive morais, comprovadamente causados aos detentos em decorrência da falta ou insuficiência das condições legais de encarceramento. TRABALHO PRISIONAL a) Obrigatório, desde que na medida das aptidões e capacidade do preso (art. 31, LEP); b) Remunerado, com jornada normal não inferior a seis nem superior a oito horas, além de descanso nos domingos e feriados (art. 33, LEP); c) Sendo o regime fechado: em comum e dentro do estabelecimento prisional, de acordo com as aptidões ou ocupações anteriores do condenado (art. 34, § 2º, CP); d) Sendo o regime semiaberto: será realizado em comum durante o período diurno, em colônia agrícola, industrial ou estabelecimento similar (art. 35, § 1º, CP). REMIÇÃO (1) Nos casos de cumprimento de pena em regime fechado ou semiaberto, haverá resgate, pelo trabalho ou pelo estudo, de parte do tempo de execução. Assim dispõe a LEP: Art. 126. O condenado que cumpre a pena em regime fechado ou semiaberto poderá remir, por trabalho ou por estudo, parte do tempo de execução da pena.. § 1o A contagem de tempo referida no caput será feita à razão de: I - 1 (um) dia de pena a cada 12 (doze) horas de frequência escolar - atividade de ensino fundamental, médio, inclusive profissionalizante, ou superior, ou ainda de requalificação profissional - divididas, no mínimo, em 3 (três) dias; REMIÇÃO (2) II - 1 (um) dia de pena a cada 3 (três) dias de trabalho. § 2o As atividades de estudo a que se refere o § 1o deste artigo poderão ser desenvolvidas de forma presencial ou por metodologia de ensino a distância e deverão ser certificadas pelas autoridades educacionais competentes dos cursos frequentados. § 3o Para fins de cumulação dos casos de remição, as horas diárias de trabalho e de estudo serão definidas de forma a se compatibilizarem. § 4o O preso impossibilitado, por acidente, de prosseguir no trabalho ou nos estudos continuará a beneficiar-se com a remição. REMIÇÃO (3) § 5o O tempo a remir em função das horas de estudo será acrescido de 1/3 (um terço) no caso de conclusão do ensino fundamental, médio ou superior durante o cumprimento da pena, desde que certificada pelo órgão competente do sistema de educação. § 6o O condenado que cumpre pena em regime aberto ou semiaberto e o que usufrui liberdade condicional poderão remir, pela frequência a curso de ensino regular ou de educação profissional, parte do tempo de execução da pena ou do período de prova, observado o disposto no inciso I do § 1o deste artigo. § 7o O disposto neste artigo aplica-se às hipóteses de prisão cautelar. § 8o A remição será declarada pelo juiz da execução, ouvidos o Ministério Público e a defesa. REMIÇÃO (4) Art. 127. Em caso de falta grave, o juiz poderá revogar até 1/3 (um terço) do tempo remido, observado o disposto no art. 57, recomeçando a contagem a partir da data da infração disciplinar. Art. 128. O tempo remido será computado como pena cumprida, para todos os efeitos. Art. 129. A autoridade administrativa encaminhará mensalmente ao juízo da execução cópia do registro de todos os condenados que estejam trabalhando ou estudando, com informação dos dias de trabalho ou das horas de frequência escolar ou de atividades de ensino de cada um deles. REMIÇÃO (5) § 1o O condenado autorizadoa estudar fora do estabelecimento penal deverá comprovar mensalmente, por meio de declaração da respectiva unidade de ensino, a frequência e o aproveitamento escolar. § 2o Ao condenado dar-se-á a relação de seus dias remidos. Art. 130. Constitui o crime do artigo 299 do Código Penal declarar ou atestar falsamente prestação de serviço para fim de instruir pedido de remição. REMIÇÃO POR LEITURA (1) É realidade em diversos presídios do país. De acordo com a Recomendação n. 44 do CNJ, deve ser estimulada a remição pela leitura como forma de atividade complementar, especialmente para apenados aos quais não sejam assegurados os direitos ao trabalho, educação e qualificação profissional. Para isso, há necessidade de elaboração de um projeto por parte da autoridade penitenciária estadual ou federal visando a remição pela leitura, assegurando, entre outros critérios: a) a participação voluntária do preso; b) existência de um acervo de livros dentro da unidade penitenciária. REMIÇÃO POR LEITURA (2) Segundo a norma: a) o preso deve ter o prazo de 22 a 30 dias para a leitura de uma obra; b) apresentando ao final do período uma resenha a respeito do assunto; c) que deverá ser avaliada pela comissão organizadora do projeto. Cada obra lida possibilita a remição de quatro dias de pena, com o limite de doze obras por ano, ou seja, no máximo 48 dias de remição por leitura a cada doze meses. REMIÇÃO POR LEITURA (3) Recomendação n. 44 - A legislação de 2011 estabeleceu a possibilidade de remição da pena por meio do desenvolvimento de "atividades educacionais complementares". No entanto, a norma não detalhou o que seriam essas atividades complementares. Por isso, a Recomendação n. 44 do CNJ, cuja edição foi solicitada pelos Ministérios da Justiça e da Educação, definiu as atividades educacionais complementares para a da remição da pena por meio do estudo e estabeleceu também os critérios para a aplicação do benefício nos casos em que os detentos se dedicam à leitura. Acesse aqui a Recomendação n. 44. O STJ aceita a remição por leitura, e já invocou a analogia in bonan partem e o escopo de ressocialização do condenado para autorizar ao Juízo de Execuções Criminais a remição através da leitura. Vejamos a notícia colhida do Informativo n. 564 do STJ: http://www.cnj.jus.br/busca-atos-adm?documento=1235 REMIÇÃO POR LEITURA (4) “A atividade de leitura pode ser considerada para fins de remição de parte do tempo de execução da pena. O art. 126 da LEP (redação dada pela Lei 12.433/2011) estabelece que o "condenado que cumpre a pena em regime fechado ou semiaberto poderá remir, por trabalho ou por estudo, parte do tempo de execução da pena". De fato, a norma não prevê expressamente a leitura como forma de remição. No entanto, antes mesmo da alteração do art. 126 da LEP, que incluiu o estudo como forma de remir a pena, o STJ, em diversos julgados, já previa a possibilidade. Em certa oportunidade, salientou que a norma do art. 126 da LEP, ao possibilitar a abreviação da pena, tem por objetivo a ressocialização do condenado, sendo possível o uso da , que admita o benefício em comento, em razão de atividades que não estejam expressas no texto legal (REsp 744.032-SP, Quinta Turma, DJe 5/6/2006). REMIÇÃO POR LEITURA (5) O estudo está estreitamente ligado à leitura e à produção de textos, atividades que exigem dos indivíduos a participação efetiva enquanto sujeitos ativos desse processo, levando-os à construção do conhecimento. A leitura em si tem função de propiciar a cultura e possui caráter ressocializador, até mesmo por contribuir na restauração da autoestima. Além disso, a leitura diminui consideravelmente a ociosidade dos presos e reduz a reincidência criminal. Sendo um dos objetivos da LEP, ao instituir a remição, incentivar o bom comportamento do sentenciado e sua readaptação ao convívio social, impõe-se a interpretação extensiva do mencionado dispositivo, o que revela, inclusive, a crença do Poder Judiciário na leitura como método factível para o alcance da harmônica reintegração à vida em sociedade. Além do mais, em 20/6/2012, a Justiça Federal e o Departamento Penitenciário Nacional do Ministério da Justiça (Depen) já haviam assinado a Portaria Conjunta 276, a qual disciplina o Projeto da Remição pela Leitura no Sistema Penitenciário Federal. REMIÇÃO POR LEITURA (6) E, em 26/11/2013, o CNJ - considerando diversas disposições normativas, inclusive os arts. 126 a 129 da LEP, com a redação dada pela Lei 12.433/2011, a Súmula 341 do STJ e a referida portaria conjunta - editou a Recomendação 44, tratando das atividades educacionais complementares para fins de remição da pena pelo estudo e estabelecendo critérios para a admissão pela leitura. HC 312.486-SP, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 9/6/2015, Dje 22/6/2015.” DETRAÇÃO (1) É o desconto no tempo da pena a ser cumprida do tempo da prisão provisória, administrativa ou internação. Dispõe o CP: Detração Art. 42. Computam-se, na pena privativa de liberdade e na medida de segurança, o tempo de prisão provisória, no Brasil ou no estrangeiro, o de prisão administrativa e o de internação em qualquer dos estabelecimentos referidos no artigo anterior. A prisão administrativa não tem natureza penal e pode decorrer de infração disciplinar. DETRAÇÃO (2) É possível a detração quando há prisão processual em processo diverso do que ensejou a condenação e no qual o agente foi absolvido? Para CLÁUDIO BRANDÃO, JUAREZ CIRINO DOS SANTOS e ZAFFARONI, sim, vez que o Estado não pode retroagir a flecha do tempo para restituir a liberdade indevidamente tolhida no processo de que resultou a absolvição. SUPERVENIÊNCIA DE DOENÇA MENTAL (1) Dispõe o CP: Superveniência de doença mental Art. 41 - O condenado a quem sobrevém doença mental deve ser recolhido a hospital de custódia e tratamento psiquiátrico ou, à falta, a outro estabelecimento adequado. No mesmo sentido dispõe a LEP: Art. 108. O condenado a quem sobrevier doença mental será internado em Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico. E SUPERVENIÊNCIA DE DOENÇA MENTAL (2) Art. 183. Quando, no curso da execução da pena privativa de liberdade, sobrevier doença mental ou perturbação da saúde mental, o Juiz, de ofício, a requerimento do Ministério Público, da Defensoria Pública ou da autoridade administrativa, poderá determinar a substituição da pena por medida de segurança. Art. 184. O tratamento ambulatorial poderá ser convertido em internação se o agente revelar incompatibilidade com a medida. Parágrafo único. Nesta hipótese, o prazo mínimo de internação será de 1 (um) ano. Cumprida a pena, será o condenado liberado. Não há, aqui, aplicação da regra prevista para a medida de segurança, que somente permite a concessão da liberdade com o fim da periculosidade. PRISÃO ESPECIAL (1) A prisão especial consiste exclusivamente em recolhimento em local distinto da prisão comum e aplica-se apenas antes do trânsito em julgado da sentença penal condenatória. A Lei n. 10.258/01 alterou alguns dispositivos do CPP, que dispõe: Art. 295. Serão recolhidos a quartéis ou a prisão especial, à disposição da autoridade competente, quando sujeitos a prisão antes de condenação definitiva: I - os ministros de Estado; II - os governadores ou interventores de Estados ou Territórios, o prefeito do Distrito Federal, seus respectivos secretários, os prefeitos municipais, os vereadores e os chefes de Polícia; PRISÃO ESPECIAL (2) III - os membros do Parlamento Nacional, do Conselho de Economia Nacional e das Assembléias Legislativas dos Estados; IV - os cidadãos inscritos no "Livro de Mérito"; V – os oficiais das Forças Armadas e os militares dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios; VI - os magistrados; VII - os diplomados por qualquer das faculdades superiores da República; VIII - os ministros de confissão religiosa; IX - os ministros do Tribunal de Contas; PRISÃO ESPECIAL (3) X -os cidadãos que já tiverem exercido efetivamente a função de jurado, salvo quando excluídos da lista por motivo de incapacidade para o exercício daquela função; XI - os delegados de polícia e os guardas-civis dos Estados e Territórios, ativos e inativos. § 1º A prisão especial, prevista neste Código ou em outras leis, consiste exclusivamente no recolhimento em local distinto da prisão comum. § 2º Não havendo estabelecimento específico para o preso especial, este será recolhido em cela distinta do mesmo estabelecimento. PRISÃO ESPECIAL (4) § 3º A cela especial poderá consistir em alojamento coletivo, atendidos os requisitos de salubridade do ambiente, pela concorrência dos fatores de aeração, insolação e condicionamento térmico adequados à existência humana. § 4º O preso especial não será transportado juntamente com o preso comum. § 5º Os demais direitos e deveres do preso especial serão os mesmos do preso comum. PRISÃO ESPECIAL (5) O § 2º art. 295 do CPP revogou tacitamente o art. 1º da Lei n. 5.256/67, que dispõe: Art. 1º Nas localidades em que não houver estabelecimento adequado ao recolhimento dos que tenham direito a prisão especial, o juiz, considerando a gravidade e as circunstâncias do crime, ouvido o representante do Ministério Público, poderá autorizar a prisão do réu ou indiciado na própria residência, de onde o mesmo não poderá afastar-se sem prévio consentimento judicial. USO DE ALGEMAS (1) O STF disciplinou a matéria na: Súmula Vinculante 11: Só é lícito o uso de algemas em casos de resistência e de fundado receio de fuga ou de perigo à integridade física própria ou alheia, por parte do preso ou de terceiros, justificada a excepcionalidade por escrito, sob pena de responsabilidade disciplinar, civil e penal do agente ou da autoridade e de nulidade da prisão ou do ato processual a que se refere, sem prejuízo da responsabilidade civil do Estado. Sua inobservância pode acarretar nulidade processual. Vejamos o acórdão proferido pelo STF no julgamento do HC 91.952- 9/SP: USO DE ALGEMAS (2) 07/08/2008 STF - TRIBUNAL PLENO HABEAS CORPUS 91.952-9 SÃO PAULO RELATOR : HIN. MARCO AURÉLIO PACIENTE(S): ANTONIO SÉRGIO DA SILVA IMPETRANTE(S): KATIA ZACHARIAS SEBASTIÃO E OUTRO(A/S) COATOR(A/S)(ES): SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA ALGEMAS - UTILIZAÇÃO. O uso de algemas surge excepcional somente restando justificado ante a periculosidade do agente ou risco concreto de fuga. JULGAMENTO - ACUSADO ALGEMADO - TRIBUNAL DO JÚRI. Implica prejuízo à defesa a manutenção do réu algemado na sessão de julgamento do Tribunal do Júri, resultando o fato na insubsistência do veredicto condenatório. PERMISSÃO DE SAÍDA (1) Possível nos regimes FECHADO e SEMIABERTO, bem como aos PRESOS PROVISÓRIOS. Dispõe a LEP: Art. 120. Os condenados que cumprem pena em regime fechado ou semi-aberto e os presos provisórios poderão obter permissão para sair do estabelecimento, mediante escolta, quando ocorrer um dos seguintes fatos: I - falecimento ou doença grave do cônjuge, companheira, ascendente, descendente ou irmão; II - necessidade de tratamento médico (parágrafo único do artigo 14). Parágrafo único. A permissão de saída será concedida pelo diretor do estabelecimento onde se encontra o preso. PERMISSÃO DE SAÍDA (2) Art. 121. A permanência do preso fora do estabelecimento terá a duração necessária à finalidade da saída. SAÍDA TEMPORÁRIA (1) Somente é possível no regime SEMIABERTO para as hipóteses previstas na LEP, que dispõe: Art. 122. Os condenados que cumprem pena em regime semi-aberto poderão obter autorização para saída temporária do estabelecimento, sem vigilância direta, nos seguintes casos: I - visita à família; II - freqüência a curso supletivo profissionalizante, bem como de instrução do 2º grau ou superior, na Comarca do Juízo da Execução; III - participação em atividades que concorram para o retorno ao convívio social. SAÍDA TEMPORÁRIA (2) Parágrafo único. A ausência de vigilância direta não impede a utilização de equipamento de monitoração eletrônica pelo condenado, quando assim determinar o juiz da execução. Possui os seguintes requisitos: Art. 123. A autorização será concedida por ato motivado do Juiz da execução, ouvidos o Ministério Público e a administração penitenciária e dependerá da satisfação dos seguintes requisitos: I - comportamento adequado; II - cumprimento mínimo de 1/6 (um sexto) da pena, se o condenado for primário, e 1/4 (um quarto), se reincidente; III - compatibilidade do benefício com os objetivos da pena. SAÍDA TEMPORÁRIA (3) Possui o seguinte prazo e condições: Art. 124. A autorização será concedida por prazo não superior a 7 (sete) dias, podendo ser renovada por mais 4 (quatro) vezes durante o ano. § 1o Ao conceder a saída temporária, o juiz imporá ao beneficiário as seguintes condições, entre outras que entender compatíveis com as circunstâncias do caso e a situação pessoal do condenado: I - fornecimento do endereço onde reside a família a ser visitada ou onde poderá ser encontrado durante o gozo do benefício; II - recolhimento à residência visitada, no período noturno; SAÍDA TEMPORÁRIA (4) III - proibição de frequentar bares, casas noturnas e estabelecimentos congêneres. § 2o Quando se tratar de frequência a curso profissionalizante, de instrução de ensino médio ou superior, o tempo de saída será o necessário para o cumprimento das atividades discentes. § 3o Nos demais casos, as autorizações de saída somente poderão ser concedidas com prazo mínimo de 45 (quarenta e cinco) dias de intervalo entre uma e outra. Acerca da revogação do benefício: SAÍDA TEMPORÁRIA (5) Art. 125. O benefício será automaticamente revogado quando o condenado praticar fato definido como crime doloso, for punido por falta grave, desatender as condições impostas na autorização ou revelar baixo grau de aproveitamento do curso. Parágrafo único. A recuperação do direito à saída temporária dependerá da absolvição no processo penal, do cancelamento da punição disciplinar ou da demonstração do merecimento do condenado. MONITORAMENTO ELETRÔNICO (1) Iniciado há, aproximadamente, 30 anos pelo Estados Unidos; No Brasil foi introduzido pela Lei n. 12.258/2010, que alterou dispositivos do CP e da LEP. As técnicas de monitoramento se dividem em: a) pulseira; b) tornozeleira; c) cinto; e d) microchip. As hipóteses legais para seu uso estão previstas na LEP, que dispõe: Art. 146-B. O juiz poderá definir a fiscalização por meio da monitoração eletrônica quando: I - (VETADO); II - autorizar a saída temporária no regime semiaberto; http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2010/Msg/VEP-310-10.htm MONITORAMENTO ELETRÔNICO (2) III - (VETADO); IV - determinar a prisão domiciliar; V - (VETADO); Parágrafo único. (VETADO). Além destas duas, há ainda uma terceira hipótese prevista no CPP, que dispõe: Art. 319. São medidas cautelares diversas da prisão: [...] IX - monitoração eletrônica. [...] http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2010/Msg/VEP-310-10.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2010/Msg/VEP-310-10.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2010/Msg/VEP-310-10.htm MONITORAMENTO ELETRÔNICO (3) Os deveres Art. 146-C. O condenado será instruído acerca dos cuidados que deverá adotar com o equipamento eletrônico e dos seguintes deveres: I - receber visitas do servidor responsável pela monitoração eletrônica, responder aos seus contatos e cumprir suas orientações; II - abster-se de remover, de violar, de modificar, de danificar de qualquer forma o dispositivo de monitoração eletrônica ou de permitir que outrem o faça; III - (VETADO); http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2010/Msg/VEP-310-10.htm MONITORAMENTO ELETRÔNICO (4) Parágrafo único. A violação comprovada dos deveres previstos neste artigo poderá acarretar, a critério do juiz da execução, ouvidos
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