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1 Disciplina: Educação Inclusiva na Educação Infantil Autores: D.ra Maria Tereza Costa Revisão Conteúdos: Esp. Marcelo Alvino da Silva Revisão Ortográfica: Jacqueline Morissugui Cardoso Ano: 2015 Copyright © - É expressamente proibida a reprodução do conteúdo deste material integral ou de suas páginas em qualquer meio de comunicação sem autorização escrita da equipe da Assessoria de Marketing da Faculdade São Braz (FSB). O não cumprimento destas solicitações poderá acarretar em cobrança de direitos autorais. 2 Maria Tereza Costa Educação Inclusiva na Educação Infantil 1ª Edição 2015 Curitiba, PR Editora São Braz 3 FICHA CATALOGRÁFICA COSTA, Maria Tereza. Educação Inclusiva na Educação Infantil / Maria Tereza Costa. – Curitiba, 2015. 43 p. Revisão de Conteúdos: Marcelo Alvino da Silva. Revisão Ortográfica: Jacqueline Morissugui Cardoso. Material didático da disciplina de Educação Inclusiva na Educação Infantil – Faculdade São Braz (FSB), 2015. ISBN: 978-85-5475-006-0 4 PALAVRA DA INSTITUIÇÃO Caro(a) aluno(a), Seja bem-vindo(a) à Faculdade São Braz! Nossa faculdade está localizada em Curitiba, na Rua Claudio Chatagnier, nº 112, no Bairro Bacacheri, criada e credenciada pela Portaria nº 299 de 27 de dezembro 2012, oferece cursos de Graduação, Pós-Graduação e Extensão Universitária. A Faculdade assume o compromisso com seus alunos, professores e comunidade de estar sempre sintonizada no objetivo de participar do desenvolvimento do País e de formar não somente bons profissionais, mas também brasileiros conscientes de sua cidadania. Nossos cursos são desenvolvidos por uma equipe multidisciplinar comprometida com a qualidade do conteúdo oferecido, bem como com as ferramentas de aprendizagem: interatividades pedagógicas, avaliações, plantão de dúvidas via telefone, atendimento via internet, emprego de redes sociais, e grupos de estudos com alunos e tutores, o que proporciona excelente integração entre professores e estudantes. Bons estudos e conte sempre conosco! Faculdade São Braz 5 APRESENTAÇÃO Nesta disciplina serão abordados os tópicos desde os aspectos históricos da Educação Inclusiva na qual ao longo do tempo as pessoas com deficiência passaram da invisibilidade para o mundo dos direitos humanos. Serão evidenciadas as diretrizes e normativas que contemplam o auxílio as pessoas com deficiência, e qual a real necessidade de facilitação de acessibilidade (a qual é direito de todos). Serão elucidadas questões relacionadas à Lei Federal 12.796/2013, que altera a entrada obrigatória da criança na educação básica e ao Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil. Serão abordados sobre a rotina e espaços na educação Infantil e qual o papel as mesmas exercem no processo ensino/aprendizado. Aula 1 - Introdução à Educação Especial Apresentação Aula 1 Nesta aula o foco será à Introdução à Educação Especial, fazendo uma viagem histórica até a Educação Especial no Brasil. Os temas abordados estão relacionados a maneira como as pessoas com deficiência vem sendo tratadas, historicamente, desde atitudes referentes à segregação até o paradigma da inclusão. Serão trabalhados os aspectos históricos, políticos, sociais, psicológicos e pedagógicos referentes à educação da criança com Necessidades Educacionais Especiais (NEE). 1. Introdução à Educação Especial 1.1 Deficiência contextos históricos 6 A presença de pessoas com deficiência na história da humanidade sempre existiu, assim como o olhar e os procedimentos atitudinais com os quais essas pessoas eram tratadas pelos demais participantes da mesma sociedade. Ao analisar-se diversos textos históricos, é possível encontrar escritos que datam da antiguidade, cuja trajetória registra que, por muitos séculos, pessoas com deficiência eram tidas como seres invisíveis, ignoradas, tratadas com indiferença e preconceito, em diversas sociedades e culturas. Silva (1987), coloca que: Anomalias físicas ou mentais, deformações congênitas, amputações traumáticas, doenças graves e de consequências incapacitantes, de natureza transitória ou permanente, são tão antigas quanto a própria humanidade (SILVA, 1987, p. 21). Adentrando nas leituras, as quais tratam desse tema, no período que diz respeito à História Antiga e Medieval, encontram-se registros de rejeição de pessoas com deficiência, como também a eliminação sumária de crianças que assim nasciam. O filme O corcunda de Notre-Dame foi baseado na obra Notre- Dame de Paris originário do romance de autoria do escritor Victor Hugo, publicado em 1831, retrata, de maneira brilhante, uma história que se desenvolve em Paris, no ano de 1482, tendo a catedral de Notre-Dame e seu entorno como cenário principal. As personagens que aparecem na obra são oriundas de todas as camadas sociais existentes em Paris na Idade Média, na sua maioria, membros do clero e fidalgos. No entanto, é possível encontrar também dentre os personagens: pobres, sem abrigo, mendigos e ciganos que vagavam pelas ruas. Um dos personagens principais aparece como um homem coxo e deformado que, recém-nascido, foi adotado pelo arcediago chamado Claudio Frollo. Vocabula rio Arcediago ou Arquidiácono, palavra derivada do grego, archidiákonos é um vigário-geral encarregado, pelo bispo, da administração de uma parte da diocese (região administrativa em algumas antigas províncias romanas). 7 A prática do extermínio era permitida entre nobres e plebeus na Roma Antiga. Os pais podiam sacrificar seus filhos que nasciam com algum tipo de deficiência. Também em Esparta, bebês e pessoas que adquiriam alguma deficiência, eram lançados ao mar ou em precipícios, sem que os responsáveis por esse ato sofressem qualquer tipo de punição, uma vez que era uma prática aceita e de consenso. Conforme, Licurgo, apud Silva (1987), os dados históricos indicam que a chegada de um recém-nascido nas famílias conhecidas como homoio, obrigava o pai a levar a criança, independentemente de ter ou não uma deficiência, a um Conselho de Espartanos, cuja comissão de sábios iria avaliar se esse bebê era considerado normal e forte ou era um bebê disforme e franzino. No primeiro caso o recém-nascido era devolvido à família de origem, que tinha por obrigação criá- lo até os sete anos. A partir dessa idade o Estado tornava-se responsável pela sua educação, a qual era voltada para a arte de guerrear. No segundo caso, principalmente se a criança apresentava sinais de algum tipo de limitação física, os anciãos tomavam-na para si e, em nome do Estado, a levavam para o Apothetai, mais precisamente abismo em que a mesma era jogada. O entendimento era de que deixar uma criança com limitações físicas viver não era bom nem para ela e nem para a república, por não se mostrar bem constituída para tornar-se forte, sã e rija para estar bem durante toda a sua vida. Vocabula rio Homoio: significava iguais. Apothetai: significava depósitos. 8 Ainda na antiguidade, a história apresenta a existência de pessoas com deficiência e a forma de tratamento que estasrecebiam, cujos dados foram encontrados nas múmias, nos papiros e na arte egípcia. Conforme Garcia (2011): Os remanescentes das múmias, os papiros e a arte dos egípcios apresentam-nos indícios muito claros não só da antiguidade de alguns “males incapacitantes”, como também das diferentes formas de tratamento que possibilitaram a vida de indivíduos com algum grau de limitação física, intelectual ou sensorial (GARCIA, 2011. S/p). Fonte: http://www.ampid.org.br/ampid/Imagens_PD_Historia/PapiroMedico.jpg Em Atenas, as pessoas com deficiência eram amparadas, comportamento que resultou das ideias de Aristóteles que pregava a injustiça do tratamento igual aos desiguais. Estudos com base em remanescentes biológicos, de aproximadamente 4.500 anos a.C. demonstram que pessoas com nanismo e sem qualquer impedimento físico, eram destinadas a ocupações que envolviam a dança e a música, sendo empregados em casa de altos funcionários e ao morrer tinham um funeral com honrarias. Superando a fase da rejeição, a história registra o período da proteção e do assistencialismo, que chega com o advento do Cristianismo, uma nova 9 concepção em relação as pessoas com deficiência. A doutrina cristã pregava a caridade, a humildade e o amor ao próximo, o que resultou em um olhar diferenciado para aqueles que apresentavam doenças crônicas, defeitos físicos ou problemas mentais. Esse aspecto resultou na criação de hospitais que tinham como finalidade o atendimento de pessoas pobres e marginalizadas, grupos compostos também por pessoas com algum tipo de deficiência. O período que perdurou entre os séculos V e XV, também conhecido como Idade Média, evidencia a continuidade de locais destinados ao atendimento de pessoas com doenças e com deficiências, mas predominavam, na época, as concepções místicas, mágicas e misteriosas sobre essas pessoas. Incapacidades físicas, problemas mentais e malformações congênitas eram considerados, na maioria das vezes, sinais da ira de Deus e dos castigos impostos por essa divindade. A Igreja Católica, passa a discriminar e perseguir aqueles que não se enquadravam no que se considerava normal para a época. Os que conseguiam sobreviver passavam o resto dos seus dias na marginalidade ou confinados, privados da convivência social. Os séculos XV a XVII, que integram o período do Renascimento, registram a fase em que os esclarecimentos da humanidade e das sociedades em geral esteve mais evidenciado, sendo que, a partir de uma filosofia humanista e do avanço da ciência, os direitos humanos foram reconhecidos como universais. Conforme Silva (1987): Entre os séculos XV e XVII, no mundo europeu cristão, ocorreu uma paulatina e inquestionável mudança sociocultural, cujas marcas principais foram o reconhecimento do valor humano, o avanço da ciência e a libertação quanto a dogmas e crendices típicas da Idade Média. De certa forma, o homem deixou de ser um escravo dos “poderes naturais” ou da ira divina. Esse novo modo de pensar, revolucionário sob muitos aspectos, “alteraria a vida do homem menos privilegiado também, ou seja, a imensa legião de pobres, dos enfermos, enfim, dos marginalizados. E dentre eles, sempre e sem sombra de dúvidas, os portadores de problemas físicos, sensoriais ou mentais (Silva, 1987. p. 226). O século XVI veio acompanhado de significativa melhora no atendimento à deficiência auditiva, superando a fase em que seus portadores eram entendidos como ineducáveis ou possuidores de maus espíritos, para a possibilidade de receber educação diferenciada. 10 PRIMEIROS APARELHOS AUDITIVOS Fonte:http://www.centroauditivoptv.com.br/media/1180/historia- aparelhos.jpg?width=980 Alguns países europeus constataram um princípio tímido de valorização das pessoas com deficiência e de pessoas idosas, as quais passam a ser entendidas como seres humanos. Simultaneamente, acontece a libertação dos dogmas e crendices próprios da Idade Média. Ocorre então a construção de locais com atendimentos específicos, numa proposta diferente dos até então conhecidos abrigos e/ou asilos. A Idade Moderna vem revestida de um grande avanço por conta, principalmente, da ciência, a qual começa a discutir e apresentar evidências das possibilidades e capacidades dos indivíduos. Dois grandes atores se apresentam neste cenário: os médicos e os pedagogos, os quais superam o paradigma da deficiência, entendida como doença, e passam a acreditar nas pessoas com necessidades especiais como capazes de serem educadas. Nessa dimensão aparece John Locke, importante filósofo inglês, que dá ênfase na experiência sensorial, com base na prática pedagógica e na importância do uso de objetos concretos na busca da aquisição das noções. Para John Locke, segundo a Portugal (2002): 11 [...] a experiência é dúplice: externa e interna. A primeira realiza-se através da sensação, e nos proporciona a representação dos objetos (chamados) externos: cores, sons, odores, sabores, extensão, forma, movimento, etc. A segunda realiza-se através da reflexão, que nos proporciona a representação das próprias operações exercidas pelo espírito sobre os objetos da sensação, como: conhecer, crer, lembrar, duvidar, querer, etc. [...] (PORTUGAL, 2002. p. 06). Ainda no período da Idade Moderna surge, em Paris (França), a primeira escola pública para o atendimento de alunos surdos, a qual foi fundada, em 1760, por Charles-Michel de l'Épée, que acreditava na capacidade da pessoa surda possuir linguagem. Então, começou a desenvolver um sistema de instrução da língua francesa e da religião, por meio de sinais. Em 1828, nasce o 1º Instituto Nacional dos Jovens Cegos. Louis Braille faz uma adaptação de um código militar de comunicação noturna, criado por Charles Barbier de La Serre e chega ao Braille, um alfabeto convencional que, por meio de seis pontos em alto relevo, possibilita a combinação de 63 caracteres, que representam as letras simples, as letras acentuadas, as pontuações, os números, os sinais matemáticos e as notas musicais. Com o tato, o Braille permite que a palavra escrita seja disponibilizada a milhões de pessoas com deficiência visual. Fonte: http://camaradeparaguacu.mg.gov.br/escola/cursos/braille-basico/ Saiba Mais Para saber mais sobre o Sistema Braille leia o artigo: A Leitura do Deficiente Visual e o Sistema Braille de autoria de Liziane Fernandes Sandez. O mesmo registra uma pesquisa 12 qualitativa e exploratória que tem por objetivo discutir e analisar como é realizada a leitura pelo cego e quais as potencialidades e limitações das técnicas utilizadas, com destaque para o sistema Braille. Link: http://www.uneb.br/salvador/dedc/files/2011/05/Monografia- LIZIANE-FERNANDES-SANDES.pdf Continuando na evolução histórica, evidencia-se a médica italiana Maria Montessori, a qual desenvolveu um programa de treinamento para crianças com Deficiência Mental, que frequentavam os internatos de Roma. A ênfase de sua metodologia estava na autoaprendizagem, com o uso, em larga escala, de materiais didáticos, entre eles: blocos, encaixes, recortes, objetos coloridos e letras em relevo. O Método Montessori está presente, ainda hoje, em várias escolas brasileiras. 1.2 A história da Educação Especial no Brasil A história da Educação Especial no Brasil passa também, pelas ideias liberais que envolvem a defesa dos direitos e da liberdade, bem como registra o surgimento da educação para crianças com deficiência e das Santas Casasde Misericórdia, as quais atendiam pessoas pobres e pessoas doentes, além de oferecer educação para pessoas com deficiência. Seguindo a mesma trajetória dos países europeus e dos Estados Unidos, no Brasil são criados os Asilos dos Expostos (Casa da Roda ou Roda dos Expostos) em 1825. Em 1854 ocorre a inauguração do Imperial Instituto dos Meninos Cegos e em 1857, a criação do Imperial Instituto de Surdos-Mudos. 13 Fonte: http://www.artigonal.com/literatura-artigos/origem-da-santa-casa-de- misericordia-de-sao-paulo-6538837.html O Século XX, chega trazendo o desenvolvimento de várias especialidades, bem como de programas de reabilitação específicos em vários países mesmo que o objetivo fosse o treinamento e a reabilitação de veteranos de guerra. No Brasil, na década de 30, tem início a institucionalização por parte das organizações sociais, com a criação de associações e instituições filantrópicas. Tem início então, ações governamentais voltadas ao atendimento à criança com deficiência. Em 1926, foi criado o primeiro Instituto Pestalozzi do Brasil, em Porto Alegre/RS, que posteriormente se expande pelo país. Em 1935, criou-se o Instituto Pestalozzi em Minas Gerais, com a participação da psicóloga e pedagoga Helena Antipoff, de origem russa, que havia se instalado no país a partir de 1929, a convite do governo do Estado de Minas Gerais. Em 1954, ocorre a criação da 1ª Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE), no Rio de Janeiro. Até a década de 60, a maioria dos serviços educacionais oferecidos aos estudantes com deficiências era privada. Com a participação da educação pública surgem as Classes Especiais em algumas redes públicas. Os anos de 60 e 70 registram a ocorrência de um intenso atendimento educacional, principalmente no que se refere à Deficiência Mental, hoje chamada de Deficiência Intelectual. Por meio da Organização das Nações Unidas (ONU), as pessoas com deficiência passam a ser objeto do debate público e de ações políticas, o que trouxe, como resultado, importantes conferências que culminaram com a elaboração de documentos mundialmente significativos para a educação, lançados a partir da realização da Conferência de Jomtien, na Tailândia, em 1990, e que resultaram na Declaração Mundial sobre Educação Para Todos. Em 1994 o Brasil foi signatário da Declaração de Salamanca, a qual aconteceu na Conferência Mundial sobre Necessidades Educacionais Especiais, realizada de 7 e 10 de junho de 1994, em Salamanca, na Espanha. Essa declaração trata dos 14 princípios, das políticas e das práticas na área das necessidades educativas especiais e da inclusão de crianças, jovens e adultos com necessidades educacionais especiais (NEE) no sistema regular de ensino, em todos os níveis e modalidades de ensino, ou seja, desde a Educação Infantil até a Educação Superior. Esses documentos foram fundamentais para a elaboração dos princípios que constam do Plano Nacional de Educação/2014. Os anos 90 constituem um marco no que se refere aos movimentos inclusivistas para estudantes com NEE. Com o avanço das ciências a inclusão ganha vida, surgem novas concepções que migram para os livros, para os textos, para as publicações e para a mídia em geral. No entanto, a educação inclusiva ainda tropeça em vários obstáculos em função da forma como as escolas estão organizadas, em função da formação deficitária dos professores para esse atendimento, devido à concepções equivocadas por parte dos pais de estudantes com e sem NEE a respeito da deficiência, por parte de profissionais da educação, da sociedade em geral e, além de outros aspectos, da possibilidade de atendimento as políticas públicas e ações que levem a real inclusão dessas pessoas, não só na educação como na sociedade em geral. Para concluir, é importante realçar, com base no descrito no Seminário Internacional do Consórcio da Deficiência e do Desenvolvimento, que a Educação, para ser de fato Inclusiva, requer: Sistemas escolares com ciclos, currículos individuais, progressão continuada, avaliações contínuas e autoavaliações. Pautas de cooperação, criatividade, reflexão crítica, solidariedade e educação libertária e emancipadora. Reconhecimento de que todas as crianças podem aprender. Reconhecimento e respeito as diferenças nas crianças: idade, sexo, etnia, língua, deficiência/inabilidade, classe social, estado de saúde. Estruturas, sistemas e metodologias de ensino atendendo as necessidades de todas as crianças. Estratégias mais abrangentes para promover uma sociedade inclusiva; Processo dinâmico e em evolução constante. 15 A não restrição ou limitação de uma boa educação devido a salas de aula numerosas, a falta de professores com a formação adequada e necessária, ou ainda a falta de recursos materiais e de acessibilidade. Segundo Pablo Pineda (2012. S/p), ator e pedagogo espanhol, sendo o primeiro portador de síndrome de Down que obteve um diploma universitário na Europa, “Não existem pessoas não-capacitadas, mas sim pessoas com capacidades distintas”. Reforçando a ideia de Pineda é necessário acreditar e investir na capacidade de cada ser humano que chega até nós. Resumo Aula 1 Nesta aula foram abordados os registros históricos referentes às deficiências no mundo, desde a antiguidade. Evidenciando a trajetória das deficiências no Brasil e seus aspectos históricos, políticos, sociais, psicológicos e pedagógicos, demonstrando que essas pessoas saíram da eliminação e da invisibilidade para a condição de cidadãos de direito e do atendimento educacional às NEE. Atividade de Aprendizagem Com base no Seminário Internacional do Consórcio da Deficiência e do Desenvolvimento, apresentamos oito itens que são indicativos para que a Educação seja, de fato, Inclusiva. Escolha um desses itens, pesquise e discorra sobre o tema. Aula 2 - Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva, o trabalho pedagógico e a identificação de necessidades educacionais Apresentação Aula 2 16 Nesta aula será reforçada a necessidade de criar-se um novo olhar para as pessoas com qualquer tipo de deficiência, ver além das aparências, melhorar o olhos para descobrir as suas capacidades e potencialidades e melhorar os olhos para que se possa identificar, no ato pedagógico, o ser humano que está diante de nós, sem o véu do preconceito, da discriminação, da invisibilidade, da dúvida e do ceticismo, objetivando apresentar o papel da Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva. Serão abordados também assuntos relacionados a compreensão e legislação do Atendimento Educacional Especializado enquanto organização da Educação Especial, a importância da formação de professores e a acessibilidade. 2.1 Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva Para começar a falar a respeito da legislação que respalda a educação inclusiva, enquanto paradigma de sustentação do atendimento às pessoas com Necessidades Educacionais Especiais (NEE), com qualidade e respeito, precisaremos conceituar a educação inclusiva: Parafraseando o MEC, Educação Inclusiva é aquela que não elege, não classifica e não segrega os indivíduos, mas que modifica o ambiente escolar, as atitudes e as estruturas desse ambiente, para que o mesmo se torne acessível a todos. Para o Alonso (2013): Educação inclusiva, portanto, significa educar todas as crianças em um mesmo contexto escolar. A opção por este tipo de Educação não significa negar as dificuldadesdos estudantes. Pelo contrário. Com a inclusão, as diferenças não são vistas como problemas, mas como diversidade. É essa variedade, a partir da realidade social, que pode ampliar a visão de mundo e desenvolver oportunidades de convivência a todas as crianças (ALONSO, 2013. S/p). A Educação Inclusiva, enquanto paradigma educacional, vem se consolidando a partir de um movimento que se configura como um ato político, cultural, social e pedagógico e que surge, mundialmente, em defesa dos direitos que todos os estudantes têm de participar das mesmas salas de aula, das mesmas atividades, das mesmas propostas pedagógicas, com os mesmos 17 professores e ao mesmo tempo, ou seja, o direito de aprender e de participar do processo educacional junto a todos os seus colegas que compõem faixas etárias e/ou experiências similares. Direito de estar, participar e aprender juntos, sem nenhum tipo de preconceito, invisibilidade ou qualquer outra atitude discriminatória. É uma proposta que extrapola os muros da escola, uma vez que leva também ao paradigma da inclusão social e que vem fundamentada na concepção de direitos humanos, a qual respeita a igualdade e a diferença como valores indissociáveis, que têm por meta a eliminação de todo e qualquer tipo de exclusão escolar ou social. Para tanto, se faz necessário que a escola, enquanto instituição promotora da educação inclusiva, se encontre em condições, não só de enfrentar os problemas que impedem que esta educação de qualidade aconteça, como também tenha instrumentos que lhe permitam superar os obstáculos evidenciados. A legislação brasileira, desde a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN), Lei nº 4.024/61, de 1961, vem privilegiando o atendimento educacional às pessoas com deficiência, preferencialmente, dentro do sistema geral de ensino. O termo preferencialmente não privilegiava a educação inclusiva, uma vez que não determinava o atendimento de todas as crianças no ensino regular. Na sequência, a Lei nº 5.692/71 modifica a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional de 1961, ao destinar, aos estudantes com deficiência, um tratamento entendido como especial, principalmente aqueles acometidos de deficiências físicas, deficiências mentais, estudantes que se encontram em atraso considerável em relação à idade regular de matrícula e também aos superdotados. No entanto, mesmo com um significativo avanço em relação a Lei nº 4024/61, essa nova Lei não primava pela organização de um sistema de ensino que fosse capaz de se modificar a ponto de atender às necessidades educacionais especiais dos seus estudantes, aqui entendidos como detentores desses direitos. Por continuar trabalhando da mesma forma, sem considerar a diversidade, a escola se tornava reforçadora das diferenças, não trabalhava em prol do sucesso desses estudantes e acabava por encaminhá-los às classes e escolas especiais. 18 Classe especial é uma sala de aula diferenciada, que funciona em escola do Ensino Regular, com espaço físico e modulação adequados, com a presença de um professor especializado na área da deficiência mental, que se vale do uso de métodos, técnicas, procedimentos didáticos e recursos pedagógicos especializados além de, sempre que necessário, recorrer a equipamentos e materiais didáticos distintos. No entanto, mesmo funcionado nas dependências de uma escola regular, a classe especial não privilegiava a inclusão de estudantes com NEE, uma vez os estudantes com NEE tinham todas as suas atividades pedagógicas separados dos demais alunos da escola e não seguiam os mesmos paradigmas quando se tratava de avanços e promoção. Portanto, era uma modalidade segregadora e não inclusiva. Da mesma forma, a Escola Especial, mesmo pertencendo à Educação, é uma instituição especializada que atende as pessoas com deficiência em espaços físicos separados do ensino regular, significativamente mais distante do conceito de educação inclusiva. Com a criação do Centro Nacional de Educação Especial (CENESP), em 1973, ao qual o MEC destinou a Gerência da Educação Especial no Brasil, passamos a ter como paradigma, o conceito de integração, com atos educacionais destinados às pessoas com deficiência e com superdotação. Este conceito ainda era sustentado por campanhas assistencialistas que aconteciam de forma isolada. Não se caracterizava como uma política que priorizasse a todos os estudantes, o acesso universal à educação. Ainda vigorava a concepção de tratamento diferenciado, gerador de políticas especiais que se referiam ao atendimento educacional de pessoas com deficiência. Quanto aos estudantes com superdotação, mesmo com o direito a frequentar o ensino regular, não tinham o direito de receber um atendimento especializado que levasse em consideração as suas singularidades e os diferentes estilos de aprendizagem. Nessa trajetória, alguns documentos representam avanços no trato das pessoas com deficiência. Conforme a Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva: A Constituição Federal de 1988 traz como um dos seus objetivos fundamentais “promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação” (art.3º, inciso IV). Define, no artigo 205, a educação como um direito de todos, garantindo o pleno desenvolvimento da pessoa, o exercício da cidadania e a qualificação para o trabalho. No seu artigo 206, inciso 19 I, estabelece a “igualdade de condições de acesso e permanência na escola” como um dos princípios para o ensino e garante, como dever do Estado, a oferta do atendimento educacional especializado, preferencialmente na rede regular de ensino (art. 208) (MEC, 2007. S/p). Dois anos depois do advento da Constituição Federal de 1988, o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), Lei nº 8.069/90, em seu artigo 55, vem reforçar os dispositivos legais já citados, ao determinar que: [...] os pais ou responsáveis têm a obrigação de matricular seus filhos ou pupilos na rede regular de ensino. Também nessa década, documentos como a Declaração Mundial de Educação para Todos (1990) e a Declaração de Salamanca (1994) passam a influenciar a formulação das políticas públicas da educação inclusiva (MEC, 2007). Vocabula rio Pupilos: Termo derivado do latim "pupillu" cujo significado é criança órfã. Faz referência a uma criança ou adolescente órfã que se encontra sob os cuidados de um tutor. A expressão foi generalizada para designar uma criança ou jovem que é escolhida por alguém para ser protegida de alguma forma. Nestes casos, uma criança adotada, enteada, ou mesmo um afilhado ou um sobrinho podem ser chamados de pupilo. A publicação da Política Nacional de Educação Especial, que se deu em 1994, teve por função orientar todo o processo de integração instrucional para acesso às classes comuns do ensino regular, aos estudantes que se encontravam em condições de acompanhar e desenvolver as atividades curriculares programadas pelo ensino comum, no mesmo ritmo que os estudantes considerados “normais”, conforme o texto da Lei. Mais uma vez é possível perceber os aspectos não inclusivos, uma vez que o texto determina que cabe ao estudante com deficiência se enquadrar em um sistema que não se modifica para recebê-lo e espera que o mesmo se enquadre, acompanhe e desenvolva as mesmas atividades desenvolvidas pelos estudantes sem deficiência, ao mesmo tempo e no mesmo ritmo, isso tudo com base em padrões 20 homogêneos de participação e aprendizagem. As práticas educacionais permanecem inalteradas e a educação dos estudantes comnecessidades especiais continua sendo entendida como responsabilidade da educação especial. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei nº 9.394/96, em seu artigo nº 59: [...] preconiza que os sistemas de ensino devem assegurar aos alunos currículo, métodos, recursos e organização específicos para atender às suas necessidades; assegura a terminalidade específica àqueles que não atingiram o nível exigido para a conclusão do ensino fundamental, em virtude de suas deficiências; e assegura a aceleração de estudos aos superdotados para conclusão do programa escolar. Também define, dentre as normas para a organização da educação básica, a “possibilidade de avanço nos cursos e nas séries mediante verificação do aprendizado” (art. 24, inciso V) e “[...] oportunidades educacionais apropriadas, consideradas as características do alunado, seus interesses, condições de vida e de trabalho, mediante cursos e exames” (art. 37). O Decreto nº 3.298, de 1999, regulamenta a Lei nº 7.853/89, dispõe sobre a Política Nacional para a Integração da Pessoa Portadora de Deficiência e define a educação especial como sendo uma modalidade transversal a todos os níveis e modalidades de ensino, enfatizando a atuação complementar da educação especial ao ensino regular. Fonte: http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/cadernocoordenador.pdf 21 2.2 O trabalho pedagógico A concepção de trabalho pedagógico deixa claro que a Educação Especial deve estar presente, apoiando o atendimento de estudantes com NEE no ensino regular, desde a Educação Infantil até a Educação Superior, passando pelo Ensino Médio e Ensino Fundamental, incluindo a Educação Indígena e a Educação Quilombola. A transversalidade pressupõe que todos os estudantes estudem juntos, no ensino regular, e também que ocorra, em todos os níveis e modalidades de ensino, a presença da Educação Especial dando suporte ao processo pedagógico do ensino regular. Essa mesma proposta prevê a garantia do Atendimento Educacional Especializado (AEE), a todos os estudantes com NEE que dele necessitem. O atendimento tem como pressupostos fundamentais: Integrar a proposta pedagógica da escola; Envolver a participação da família, no sentido de garantir o pleno acesso e a participação dos estudantes; Organizar os recursos pedagógicos e de acessibilidade que são necessários para eliminar as barreiras e que se configurem como meios para o acesso ao currículo, visando a independência para a realização das tarefas e a construção da autonomia. A oferta do AEE é obrigatória. Esse deve ocorrer de maneira diferenciada das atividades que acontecem na sala de aula comum, no turno contrário ao do ensino regular, atendendo as necessidades específicas das pessoas que são público-alvo da educação especial, em articulação com as demais políticas públicas. De acordo com as Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica, a Resolução CNE/CEB nº 2/2001, em seu artigo 2º, determina que: Os sistemas de ensino devem matricular todos os alunos, cabendo às escolas organizarem-se para o atendimento aos educandos com necessidades educacionais especiais, assegurando as condições necessárias para uma educação de qualidade para todos (MEC/SEESP, 2001). 22 Portanto, cabe aos sistemas de ensino, matricular estudantes com Deficiência, Transtornos Globais do Desenvolvimento (TGD) e Altas Habilidades ou Superdotação (AHSD) nas classes comuns do ensino regular, com a oferta do Atendimento Educacional Especializado (AEE), o qual pode acontecer em Salas de Recursos Multifuncionais (SRM), em Centros de Atendimento Educacional Especializado ou em instituições comunitárias, confessionais ou filantrópicas, sem fins lucrativos. Conforme Gomes (2012): O AEE é uma forma de garantir que sejam reconhecidas e atendidas as particularidades de cada aluno com Necessidades Educativas Especiais. Este pode ser em uma Sala de Recursos Multifuncionais, ou seja, um espaço organizado com materiais didáticos, pedagógicos, equipamentos e profissionais com formação para o atendimento às necessidades educacionais especiais, projetadas para oferecer suporte necessário às necessidades educacionais especiais dos alunos, favorecendo seu acesso ao conhecimento. [...]. Uma mesma sala de recursos, conforme cronograma e horários pode atender alunos com altas habilidades/superdotação, dislexia, hiperatividade, déficit de atenção ou outras necessidades educacionais especiais (GOMES, 2012. S/p.). A escola não deve entender que o AEE substitui a escolarização que ocorre na sala de aula comum, uma vez que o mesmo funciona de maneira complementar à formação dos estudantes com Deficiência ou com TGD e suplementar no caso de estudantes com AHSD. Curiosidade Os TGD, agora definidos pelo DSM-V (Manual de Diagnóstico e Estatística dos Transtornos Mentais, 5.ª edição), como Transtorno do Espectro Autista, englobam transtornos caracterizados por grave comprometimento em inúmeras áreas do desenvolvimento, com severas dificuldades nas interações sociais e com manifestação desde a primeira infância. Para dar suporte as ações educacionais do ensino comum, com ênfase na educação inclusiva, a educação especial disponibiliza os recursos e serviços necessários e orienta quanto a utilização desses recursos no processo de ensino 23 e aprendizagem nas turmas comuns do ensino regular. Ao primar pela educação de qualidade, enquanto direito de todos, tem dois grandes objetivos: Modificar a estrutura tradicional existente nas escolas que têm, como fundamento, padrões de ensino homogêneo e critérios de seleção e classificação; Ver a educação enquanto direito de todos os estudantes, com o sem qualquer tipo de NEE, uma vez que o paradigma traçado com base na valorização das diferenças permeia todos os atos, sejam eles legislativos, pedagógicos, de atendimento especializado ou referentes a qualquer outro aspecto que tenha como princípio, o respeito a diferença e à dignidade humana. Nessa dimensão, o trabalho pedagógico na Educação Infantil prima pelo desenvolvimento de rotinas, pela educação e cuidado, pelas práticas pedagógicas demarcadas pelas características da faixa etária atendida, pela visibilidade das concepções e posicionamentos dos adultos, que devem ser expressos nos espaços educativos de crianças pequenas e pela brincadeira. Essas atividades são de fundamental importância para o desenvolvimento cognitivo e emocional das crianças. Para tanto, é fundamental que a criança: Aprenda a brincar com as outras crianças; Tenha acesso a brinquedos e a brincadeiras; Aprenda a respeitar os limites; Aprenda a se relacionar com os adultos; Aprenda sobre si e sobre seus amigos; Adquira sentimento de pertencimento. Aprenda a controlar comportamentos inadequados. Viva em ambiente livre mas com princípio pedagógico; Tenha liberdade para locomoção; Tenha oportunidade para desenvolver sua autonomia. 24 Esse trabalho deve ter por base um currículo inclusivo, que parta do cotidiano dos estudantes mas que se estenda para o conhecimento formal. O envolvimento da afetividade e da emoção é fundamental para o desenvolvimento da autoestima da criança pequena, tenha ela ou não alguma deficiência. 2.3 Identificação de necessidades educacionais No que se refere a identificação e avaliação de NEE, essa requer muitos cuidados e critérios bem específicos, uma vez que vai tratar da avaliação das condições físicas, mentais, psicossociais e educacionaisda criança. Deve analisar sinais e sintomas, buscando localizar os problemas ou obstáculos e fazer encaminhamentos conforme os respectivos quadros identificados. 2.3 Acessibilidades Ao falar sobre NEE torna-se necessário abordar a questão da acessibilidade, a qual diz respeito a mobilidade da pessoa com deficiência, a qual tem direito de acesso a todos os lugares, a todos os serviços e a todos os recursos que a educação e a comunidade podem lhe oferecer. A acessibilidade permite que não só as pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida participem de atividades que incluam o uso de produtos, serviços e informação, mas também a inclusão, com vistas a sua adaptação e locomoção, eliminação de barreiras e o acesso a materiais em diferentes mídias, com as adequações que a tecnologia possa permitir. A acessibilidade envolve ainda os recursos referentes a arquitetura e urbanismo, com construções de prédios adequados, adaptações de edifícios antigos e adequação de espaços públicos, com o objetivo da eliminação de obstáculos que possam impedir o cidadão com qualquer tipo de NEE de ir, vir e estar. Resumo Aula 2 Nesta aula abordou-se sobre a legislação que protege, orienta e destina recursos para o atendimento educacional aos estudantes com NEE e também sobre as práticas pedagógicas e a identificação das NEE. 25 Finalizando evidenciaram-se as situações de acessibilidade e do direito de todo e qualquer cidadão de ir, vir e estar. Atividade de Aprendizagem Com base na Norma Brasileira - ABNT NBR 9050, edição de 2015, sobre acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos, pesquise outras possibilidades de acessibilidade que esta LEI destina às pessoas com necessidades especiais. Você encontra no link: http://www.pessoacomdeficiencia.gov.br/app/sites/default/files/ arquivos/%5Bfield_generico_imagens-filefield- description%5D_164.pdf Aula 3 - Prevenção de defasagens no desenvolvimento infantil. Especificidades, necessidades e possibilidades da criança com necessidades educacionais especiais e seu atendimento Apresentação Aula 3 O foco desta aula será a prevenção de defasagens no desenvolvimento infantil, evidenciando as necessidades especiais e possibilidades de auxílio em seu atendimento em seu atendimento, apresentando as intercorrências que podem fazer parte do desenvolvimento infantil, as circunstâncias destes fatos e as possibilidades de atendimento e de superação dos obstáculos ou minimização de seus efeitos. 3.1 Prevenção de defasagens no desenvolvimento infantil A prevenção de defasagens no desenvolvimento infantil, necessita de esclarecimento, identificando quais os seus objetivos, os quais são detectar a presença de possíveis riscos para atrasos do desenvolvimento. Para tanto, se faz necessário discutir as causas pré, peri e pós-natais que podem ser responsáveis por uma deficiência ou uma Necessidade Educacional 26 Especial (NEE). Enquanto fatores de risco de causas pré-natais encontram-se aquelas que acontecem, desde antes da concepção, até o parto propriamente dito, e que são originárias da desnutrição materna, as resultantes da má assistência à gestante e aquelas que dizem respeito a doenças infecciosas como a sífilis, a rubéola, a toxoplasmose, a poluição ambiental, o tabagismo, o uso de drogas ilícitas e o efeitos colaterais de determinados medicamentos, conhecidos como teratogênicos, muitas vezes causados pela automedicação ou até mesmo por medicamentos prescritos pelos médicos. Esses medicamentos podem afetar a estrutura e o desenvolvimento da anatomia do bebê, entre outros fatores. Um exemplo desse fato é o uso da talidomida, um medicamento desenvolvido na Alemanha, em 1954, que é utilizado como sedativo, anti- inflamatório e hipnótico. Quando usado na gestação pode ter, como resultado, uma síndrome chamada de Focomelia, caracterizada pela aproximação ou encurtamento dos membros junto ao tronco do feto, deixando-os semelhantes aos de uma foca. Esse medicamento ultrapassa a barreira placentária e interfere na formação do feto. Pode ainda causar graves defeitos visuais, auditivos e da coluna vertebral, entre outros problemas. Vocabula rio Teratogênicos: Agentes teratogênicos referem-se a tudo o que é capaz de produzir danos ao embrião ou feto durante o período de gravidez. Esses danos podem resultar na perda do bebe ou, diante da sua sobrevivência, o mesmo pode ser atingido por malformações ou alterações funcionais, como, por exemplo, retardo de crescimento, ou ainda, ser acometido por distúrbios neurocomportamentais, como o retardo mental. Automedicação: Conforme o Dicionário Houaiss, automedicação tem como definição o consumo de medicamentos sem prescrição médica, prática difundida em vários países, inclusive no Brasil, constituindo um dos principais problemas na gestação. 27 Existem também as causas de origem genéticas, resultantes de alterações cromossômicas, como a síndrome de Down, a fenilcetonúria e os erros inatos do metabolismo. Causas perinatais são entendidas como aquelas que acontecem durante o trabalho de parto, se estendendo até o 30° dia de vida do bebê. É possível encontrar registros que dizem respeito a má assistência ao parto, aos traumas causados durante o mesmo e as causas originárias da hipóxia ou da anóxia, referentes a oxigenação do cérebro de forma insuficiente. Fazem parte desse grupo a prematuridade, também conhecida como pré-termo, situação em que o bebê nasce com menos de 37 semanas de gestação, ou então o termo bebê de baixo peso, considerado um bebê PIG (Pequeno para Idade Gestacional) que são aqueles bebês que nascem com peso inferior a 2,5 Kg, ou bebês de muito baixo peso, que nascem com menos de 1,5 Kg. Importante As causas mais comuns de prematuridade são causas maternas. Infecção urinária, pressão alta, descolamento prematuro de placenta, diabetes, alterações de tireoide, infecções congênitas (toxoplasmose, citomegalovírus, sífilis, HIV) uso de bebidas alcoólicas e drogas ilícitas estão entre as causas comuns de prematuridade. O bebê também pode ser acometido de outras causas que levem a prematuridade como síndrome genética e mal formações. Poder também ocorrer a icterícia grave do recém-nascido. Saiba Mais Icterícia é uma condição comum em recém-nascidos. Refere-se à cor amarela da pele e do branco dos olhos que é causada pelo excesso de bilirrubina no sangue. A bilirrubina é um pigmento normal, amarelo, gerado pelo metabolismo das células vermelhas do sangue. A criança fica ictérica quando a formação de bilirrubina é maior do que a capacidade do seu fígado de metabolizá-la. O acúmulo deste pigmento acima de certos limites é extremamente tóxico para 28 o sistema nervoso, podendo causar lesões graves e irreversíveis. Alguns testes devem ser realizados logo após o nascimento dos bebês, sendo esses testes obrigatórios, os quais se destinam a identificar, precocemente, uma série de doenças. Esses testes compreendem a tipagem sanguínea, o teste do pezinho, o teste do olhinho e teste da orelhinha. Pesquise Pesquise a respeito dos testes que devem ser feitos logo após o nascimento dos bebês. Saiba o que pode ser identificado com esses testes e que programas de estimulação existem para minimizar ou, até mesmo sanar, possíveis intercorrências identificadas. Pesquise também sobre efeitos quando da ausência desses testes ou de seu uso em momento tardio. Entre as causas pós-natais, entendidas como aquelas que acontecem do 30° dia de vida dobebê, se estendendo até o final da adolescência, vamos encontrar a desnutrição, a desidratação grave, a carência de estimulação global, as infecções como a meningoencefalite e o sarampo, entre outras, as intoxicações exógenas, causadas por envenenamento (remédios, inseticidas, produtos químicos, chumbo, mercúrio, etc.), os acidentes de trânsito, os afogamentos, os choques elétricos, a asfixia, as quedas, etc., e as infestações resultantes, por exemplo, da neurocisticircose (larva da Taenia Solium). 3.2 Especificidades, necessidades e possibilidades da criança com necessidades educacionais especiais e seu atendimento Enquanto prevenção de problemas no desenvolvimento neuropsicomotor, deve-se realizar uma investigação, o mais precocemente possível. Quando da 29 ausência de um diagnóstico precoce e a presença de sinais de alerta, ou seja, um desenvolvimento neuropsicomotor que acontece em descompasso com o esperado para cada fase do desenvolvimento infantil, é possível e importante realizar esta investigação na própria Educação Infantil, por meio de uma Triagem, a qual se efetiva como um dos recursos que nos ajudam a identificar possíveis problemas que a criança possa apresentar. Esta triagem é uma investigação rápida, que tem por objetivo, conforme Crepaldi et al, 2006, em Sigolo (2011), identificar problemas no processo evolutivo, almejando ações para promover o desenvolvimento saudável, imprimindo assim uma relação dinâmica entre avaliação e estimulação (SIGOLO, 2011). A triagem do desenvolvimento infantil, conforme Costa et. al, 2015, tem como funções: identificar crianças que podem necessitar de avaliação mais completa, informar sobre o desenvolvimento da mesma e levar ao diagnóstico definitivo e à formulação de um atendimento interdisciplinar. O avaliador, a partir de seu conhecimento, deve selecionar o instrumento que melhor se adequa à criança ou ao grupo ao qual a triagem se destina. Também é fundamental, além do conhecimento necessário para o uso do instrumento selecionado, usá-lo com rigoroso critério, seguindo as normas e as regras estabelecidas e tendo clareza quanto a sua aplicação, quanto a interpretação dos resultados e quanto a melhor forma para o repasse dos resultados. Conforme o Committee on Children with Disabilities - American Academy of Pediatrics (AAP) (2001), uma boa triagem permite a escolha de estratégias de estimulação e o encaminhamento para uma avaliação mais completa e precisa, quando necessária. É importante ressaltar que o diagnóstico para a identificação precoce de fatores de risco para o desenvolvimento infantil ou constatação de possíveis intercorrências nesse desenvolvimento, é clínico, ou seja, realizado por médicos neuropediatras ou psiquiatras infantis, apontando para encaminhamento mais adequado e para o atendimento interdisciplinar necessário. Na estrutura da Educação Infantil, um bom programa de estimulação infantil prevê desenvolvimento integral dos aspectos físicos, psicológicos, sociais e culturais, priorizando a construção harmônica do desenvolvimento da primeira infância. 30 Para tanto, é possível utilizar uma metodologia que priorize: A repetição de diferentes exercícios sensoriais; A ampliação dos aspectos emocionais; A promoção de sensação, de segurança e de prazer; A estimulação de habilidades cognitivas; O uso do lúdico na aprendizagem; O desenvolvimento da curiosidade e da imaginação; O trabalho com as áreas cognitiva, motora, linguagem, socioemocional e de autocuidado; A estimulação de movimentos voluntários; As mudanças de posição e postura; A coordenação motora fina e global; A apropriação da imagem corporal; O desenvolvimento do esquema corporal e da linguagem expressiva e compreensiva; Os movimentos orofaciais; A noção de espaço-temporal; As percepções tátil, auditiva, visual, gustativa e olfativa; A socialização e interação, de forma lúdica; O respeito ao nível de desenvolvimento e da idade da criança; O desenvolvimento de Atividades da Vida Diária, conhecidas como (AVD); Os atendimentos terapêuticos, sejam eles, individuais ou grupais; A organização didático-pedagógica; Os procedimentos de intervenção, orientados pela equipe multiprofissional, conforme as individualidades e necessidades de cada criança; A avaliação da criança por equipe multiprofissional; O histórico da criança e da família sempre presente, com os devidos registros; A participação da família enquanto parte integrante do próprio programa, com as devidas orientações para continuidade dos procedimentos em casa. 31 No trabalho com crianças com NEE é possível utilizar, conforme o Comitê de Ajudas Técnicas (CAT/2007), as Tecnologias Assistivas, as quais permitem a atenção à habilidade de preensão da criança, a atenção ao seu controle motor, os cuidados com crianças que apresentam tremores e movimentos involuntários, além de outros aspectos. Sendo assim é importante que o professor, no exercício de sua função de mediador do conhecimento deve proporcionar os recursos para que esse ato aconteça, orientando e encorajando o aluno. Ví deo Assista o vídeo Convivendo com as diferenças-Deficientes Intelectuais (2013) de autoria da TV Câmara para a sua programação de comemorações ao Dia da Acessibilidade. Link: https://www.youtube.com/watch?v=DP2xOWsF4Uc Resumo Aula 3 Nesta aula abordaram-se os temas relacionados à prevenção das deficiências e as possíveis defasagens que podem ocorrer no desenvolvimento infantil. Ressaltaram-se as deficiências, e possíveis síndromes e/ou transtornos, passando pelas causas pré, peri e pós natais, abordando os testes que devem ser feitos, obrigatoriamente, logo após o nascimento do bebê (tipagem sanguínea, teste do pezinho, teste do olhinho e teste da orelhinha), discutindo as especificidades e as necessidades da criança com NEE, bem como as possibilidades destinadas ao seu atendimento. Atividade de Aprendizagem Efetue uma pesquisa para o maior aprofundamento sobre as Tecnologias Assistivas, como e quando elas podem ser aplicadas 32 na Educação Infantil. Discorra sobre o tema. Para auxiliar em sua pesquisa leia o texto que fala sobre a Tecnologia Assistiva e a Educação, o qual encontra-se disponível no acesso abaixo. Link: http://www.assistiva.com.br/tassistiva.html Aula 4 - Os diferentes espaços institucionais em que se encontram as crianças com necessidades educacionais especiais Apresentação Aula 4 Esta aula fará um breve retrato dos diferentes espaços de atendimento às crianças com NEE, passando por aqueles definidos em legislação, até chegar no ambiente educacional formado por diferentes tempos, recursos, propósitos e espaços educacionais. 4.1 Os diferentes espaços institucionais em que se encontram as crianças com necessidades educacionais especiais A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) nº. 9394/96, que define a Educação infantil como primeira etapa da educação básica, devendo esta ser oferecida em creches (0 a 3 anos) e pré-escolas (4 a 6 anos). No entanto, para 2016, por meio da Lei 12.796 de 4 de abril de 2013, o MEC altera a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) n°. 9394/96, no que diz respeito às crianças com 4 anos, as quais, obrigatoriamente, deverão ser matriculadas na Educação Infantil, parte integrante da educação básica. A partir de 2016, todas as crianças deverão ser matriculadas na educação básica a partir dos quatro anos de idade. É o quedetermina A Lei 12.796, sancionada pela presidenta Dilma Rousseff [...]. A lei também ajusta a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), tornando obrigatória a oferta gratuita de educação básica a partir desta mesma idade. Para atender a essa obrigatoriedade de pais e responsáveis, as redes municipais e estaduais deverão se adequar, dentro do mesmo prazo, para acolher alunos de quatro a 17 anos. O fornecimento de transporte, alimentação e material didático também será estendido a todas as etapas da educação básica. A nova lei 33 estabelece, ainda, que a educação infantil - que contemplará crianças de quatro e cinco anos na pré-escola - seja organizada com carga horária mínima anual de 800 horas, distribuída por no mínimo 200 dias letivos. O atendimento ao estudante deve ser, no mínimo, de quatro horas diárias para o turno parcial e de sete para a jornada integral, medida que já valia para os ensinos fundamental e médio (MEC, 2013. S/p). A partir de 2016 um número maior de crianças fará parte da Educação Infantil, principalmente e obrigatoriamente, aquelas que compreendem a faixa etária de 4 a 6 anos de idade. Desta forma, teremos também uma aumento significativo de crianças com NEE nesta fase da educação básica, tornando-se este também um espaço de educação inclusiva para todas as crianças. As alterações nos artigos da LDB também englobam a educação especial que, de acordo com a lei, é a modalidade de educação escolar oferecida, preferencialmente, na rede regular de ensino para pessoas com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação. O texto também garante que o poder público adotará, como alternativa preferencial, a ampliação do atendimento aos educandos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação na própria rede pública. Também foi incluída na lei sancionada a consideração com a diversidade étnico-racial entre as bases nas quais o ensino será baseado (MEC, 2013. S/p). A Lei Federal 12.796/2013 estabelece como marco, para as crianças que completam 4 anos e têm direito à matrícula na educação básica, a data de 31 de março. Esta mesma Lei garante a ampliação do atendimento aos estudantes com Deficiência, TGD e AHSD dessa faixa etária. Com a obrigatoriedade, os estados e municípios organizarão a sua educação básica de forma a cumprir com o determinado em Lei, permitindo a cada criança (incluindo as com NEE) que receberá essa atenção, uma grande contribuição no seu desenvolvimento físico, psicológico, intelectual e social, o que terá como complemento, as ações advindas da família e da sua comunidade de inserção. De acordo com o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil, organizado pelo Ministério da Educação (MEC), as creches e pré-escolas devem educar, cuidar e proporcionar brincadeiras, contribuindo para o desenvolvimento da personalidade, da linguagem e para a inclusão social da criança. (MEC, 2009. S/p.). 34 Sendo assim, todo o trabalho que envolve o brincar, a contação de histórias, as oficinas de desenho, pintura e música e os cuidados com o corpo, são fundamentais para o desenvolvimento das crianças que frequentam a escola nesta etapa. Fonte: http://revistaguiainfantil.uol.com.br/professores- atividades/89/imagens/i207631.jpg Amplie Seus Estudos Amplie seus estudos e conhecimentos em relação às atividades que contribuem, fundamentalmente, para O desenvolvimento infantil, pesquisando no Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil - volume I, II e III. Link (volume I): http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/rcnei_vol1.pdf 35 Link (volume II): http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/volume2.pdf Link (volume III): http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/volume3.pdf Uma vez garantida a presença da Educação Especial na Educação Básica, sendo que a primeira realiza-se em todos os níveis, etapas e modalidades de ensino, se faz necessária uma boa articulação entre educação especial e educação infantil. Ví deo Assista o vídeo Referenciais Curriculares Nacionais para a Educação Infantil, exibido na TV Escola, o qual evidencia de forma clara como é o trabalho do professor em sala de aula, dando uma ideia como seria o trabalho pedagógico de uma creche. Link: https://www.youtube.com/watch?v=8sTl2Qjxhjg Essa articulação tem por objetivo, a garantia de oportunidades socioeducacionais à criança, promovendo o seu desenvolvimento e aprendizagem, com ampliação de suas experiências, conhecimento e participação social, inclusive às crianças com NEE. Conforme as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Básica (2013), o capítulo que trata das Diretrizes Operacionais para o Atendimento Educacional Especializado na Educação Básica, modalidade a Educação Especial, define os procedimentos da seguinte forma: Artigo 3º A Educação Especial se realiza em todos os níveis, etapas e modalidades de ensino, tendo o AEE como parte integrante do processo educacional. Art. 4º Para fins destas Diretrizes, considera-se público-alvo do AEE: I – Alunos com deficiência: aqueles que têm impedimentos de longo prazo de natureza física, intelectual, mental ou sensorial. II – Alunos com transtornos globais do desenvolvimento: aqueles que apresentam um quadro de alterações no desenvolvimento neuropsicomotor, comprometimento nas relações sociais, na comunicação ou estereotipias motoras. Incluem-se nessa definição alunos com autismo clássico, síndrome de Asperger, síndrome de Rett, 36 transtorno desintegrativo da infância (psicoses) e transtornos invasivos sem outra especificação. III – Alunos com altas habilidades/superdotação: aqueles que apresentam um potencial elevado e grande envolvimento com as áreas do conhecimento humano, isoladas ou combinadas: intelectual, liderança, psicomotora, artes e criatividade (Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação Básica. Brasília, 2013). Saiba Mais Para saber mais a respeito do Atendimento Educacional Especializado quanto a: Salas de Recursos Multifuncionais; Atendimento Hospitalar; Atendimento aos estudantes com AHSD; Matrícula quanto aos parâmetros do FUNDEB; Elaboração do Plano de AEE; Projeto pedagógico da escola do ensino regular; Proposta do AEE; Orientações para a atuação; Atribuições do professor do AEE, nas Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação Básica (2013). Link: http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&vie w=download&alias=13677-diretrizes-educacao-basica- 2013-pdf&Itemid=30192 4.2 Rotina na Educação Infantil A Rotina na Educação Infantil compreende uma estrutura básica que é a “espinha dorsal” no que diz respeito às atividades realizadas durante o dia. Importante 37 Rotina diária é o desenvolvimento prático do planejamento. É também a sequência de diferentes atividades que acontecem no dia a dia da creche e é essa sequência que vai possibilitar que a criança se oriente na relação tempo-espaço e se desenvolva. Uma rotina adequada é um instrumento construtivo para a criança, pois permite que ela estruture sua independência e autonomia, além de estimular a sua socialização. Na organização das ações de rotinas, faz-se necessária maior atenção aos aspectos que envolvem a organização do dia: a destinação do tempo para cada atividade, respeitando o tempo próprio de cada estudante; a escolha dos espaços em que as atividades serão realizadas e as concepções pedagógicas que respaldam o planejamento; a organização do professor; a organização das próprias crianças e a forma de estabelecer a orientação controlada no desenvolvimento pedagógico com elas; a concepção que a escola tem de criança e de infância; o conceito de escola; o respeito a autonomia; a sintetização do Projeto Político Pedagógico da instituição; a ação educativa. No dia a dia de uma turma que tem estudantes com NEE, a elaboração do documento de planejamento das atividades deve respeitar alguns aspectos importantes: Conhecer o estudante enquanto sua realidade familiar e social; Conhecer suas características pessoais e seus interesses e peculiaridades; Conhecer o seu processo de aprender e seu estilo de aprendizagem; Identificar suas necessidades no ato do aprender; Ter clareza sobre o que este estudante já sabe e o que está em vias de aprender. 38 As atividades cotidianas organizadas por meio das rotinas pressupõem: Aprendizagens numa perspectiva relacional; A co-construção do conhecimento; A imagem de criança ativa, criança que é protagonista e autônoma; A organização do espaço; Os sistemas perceptivos, motores, de comunicação, cognitivos e emocionais; A estimulação das inter-relações com outras crianças. O ambiente deve ser organizado de maneira a se tornar desafiador, para que as propostas ultrapassem o que já é dominado pela criança. Deve ser um ambiente que diga respeito à história dessa e do grupo, que registre experiências que permitam a exploração e as aventuras, que promova o bem-estar para que a criança sinta confiança no professor e com este estabeleça relacionamentos seguros e de boa aprendizagem. O cuidado com o mobiliário deve ser adequado às NEE da criança que dele necessita, estando disposto de forma a garantir a boa circulação. Prioriza-se um ambiente natural, de fácil acesso, rico em elementos, que oriente a construção de cantos temáticos e esconderijos, uma vez que esses espaços favorecem o trabalho em pequenos grupos, os quais promovem interações entre crianças de mesma idade e de idades diferentes, aspecto fundamental para aquela com NEE. A proposta deve garantir a participação das famílias e uma boa relação com a comunidade, bem como a promoção de acessibilidade a espaços e materiais destinados a todas as crianças, sejam elas com alguma necessidade especial ou não. Na inserção da brincadeira no contexto escolar e no planejamento da Educação Infantil, quando destinada a todas as crianças, inclusive aquelas com NEE, é fundamental que se preserve o tempo destinado ao brincar. O aprender pelo lúdico é de fundamental importância para o desenvolvimento infantil, uma vez que atua nos aspectos relacionados às sensações e as emoções. Ao brincar a criança forma sua personalidade e aprende a lidar com o mundo à sua volta. Conforme (Costa et al, 2015): O brincar permite à criança, por livre escolha e sem um objetivo determinado, assimilar habilidades que são importantes na aquisição 39 de determinadas funções consideradas primordiais ao processo de aprendizagem (COSTA et al, 2015. S/p). Com a criança com NEE não é diferente, uma vez que por meio do brinquedo e da brincadeira, ela passa a conviver com uma série de situações que são fundamentais ao processo de apropriação do conhecimento. Conforme Antoniuk e Marques, em Costa (2015): [...] a atividade lúdica é uma ação desprovida de todo e qualquer interesse material, sendo que parte da livre escolha do sujeito. Ela se inicia através da imitação, mas permite que a criança possa desenvolver sua imaginação e fantasia. Parte do real para um mundo fantástico, que só ela é capaz de criar (COSTA et al, 2015. S/p). As brincadeiras e interações auxiliam a criança com ou sem NEE, a desenvolver aspectos importantes no contexto educacional e de desenvolvimento. Conforme Horn & Fochi (2012), eles são: O conhecimento de si e do mundo. A experimentação de distintas linguagens. A experimentação e audição de distintas narrativas. A vivência de práticas cotidianas matemáticas. O estabelecimento de relações entre pares e com outras crianças. O conhecimento de diferentes grupos e de diferentes contextos culturais. A ação autônoma. A curiosidade pelo mundo social e natural. A relação entre as linguagens artísticas e tecnológicas. A promoção de ambiente de cuidados de si, do outro e do espaço em que vive. Para Refletir Ser criança é viver a infância em toda a sua inteireza. Ser professor é fotografar a infância em todos os seus “agoras”, 40 vendo essa infância de muitas e todas as formas possíveis e visíveis. Reflita sobre isto. Resumo Aula 4 Nesta aula abordaram-se a respeito dos diferentes espaços institucionais em que se encontram as crianças com necessidades educacionais especiais e os espaços da educação infantil em que essas crianças são acolhidas, abordando também as questões relacionadas à Lei Federal 12.796/2013 e, para finalizar elucidou-se sobre a rotina diária na educação Infantil e sua importância Atividade Faça uma leitura das Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Básica, nos aspectos que se referem às Diretrizes Operacionais para o atendimento educacional especializado na Educação Básica, modalidade Educação Especial. Discorra sobre os pontos que você considera mais importantes. Link de acesso para a leitura das Diretrizes: http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view =download&alias=15547-diretrizes-curiculares-nacionais- 2013-pdf-1&Itemid=30192. 41 Resumo da disciplina Esta disciplina permitiu o entendimento de que ao longo do tempo, pessoas com deficiência passaram do extermínio, da invisibilidade e da incapacidade, para o mundo dos direitos humanos, do direito à educação de qualidade, do respeito a diversidade e do respeito as habilidades individuais de cada um. Atualmente, acredita-se estar no patamar da credibilidade, e se acreditamos, apostamos também na nossa capacidade de ultrapassar as fronteiras da incapacidade para o mundo da capacidade, da competência e do empoderamento. Discutiu-se a promoção do acesso, a participação e a aprendizagem de estudantes com Deficiência, Transtornos Globais do Desenvolvimento (TGD) e Altas Habilidades ou Superdotação (AHSD), nas escolas comuns, discutindo sobre a continuidade da escolarização nos níveis mais elevados do ensino, enfatizando a importância da formação de professores e o quanto é positivo a participação da família e da comunidade nesse processo. Abordou-se também sobre as questões relacionadas à Lei Federal 12.796/2013, que altera a entrada obrigatória da criança na educação básica e ao Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil. Finalizado com a importância da rotina diária na Educação Infantil, a qual compreende uma estrutura básica dos espaços e tempos, criando um ambiente organizado de maneira a se tornar desafiador, para que as propostas ultrapassem o que já é dominado pela criança auxiliando em seu desenvolvimento. 42 REFERÊNCIAS ALMEIDA, M.S.R. 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