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Febre Maculosa Histórico Em São Paulo as primeiras descrições da FMB ocorreram no ano de 1929 Doença reemergente e relevante problema de saúde pública no Brasil a partir da década de 1980 Atualmente é conhecida a ocorrência da FMB em uma grande extensão das Américas, incluindo o Canadá, Estados Unidos, México, Panamá, Costa Rica, Colômbia, Brasil e, mais recentemente a Argentina. Histórico O aumento do número de casos observado em território paulista pode ser decorrente da adoção de uma vigilância específica para a FMB e a incorporação de sua notificação compulsória nas regiões de Campinas e São João da Boa Vista, entre os anos de 1995 e 1996 De 2003 a 2018, foram registrados mais de 2.000 casos de FM, com maior frequência na região Sudeste, seguida da Sul. Para as regiões Sudeste e Sul, os casos são apresentados na tabela 1. a letalidade da doença é em média de 40%, podendo chegar a 80% nos casos graves, no período de 2003 a 2018. Histórico Agente Etiológico Rickettsia rickettsii A Rickettsia rickettsii, bactérias Gram negativas, pleomórficas, pequenas, com 0,3 a 0,5µm de diâmetro e 0,8 a 2,0µm de comprimento. São parasitas intracelulares obrigatórios, Infectam principalmente células endoteliais do hospedeiro humano e podem ser encontradas nas glândulas salivares e ovários dos artrópodes transmissores. São apontados como ambientes de maior risco áreas de pastagens, matas ciliares e proximidades de coleções hídricas, principalmente se houver a presença de animais como equinos e capivaras Vetores e reservatórios: carrapato Amblyomma sculptum (A. cajennense) AMBIENTE https://www.embrapa.br/gado-de-corte/busca-de-publicacoes/-/publicacao/1030760/carrapato-estrela-amblyomma-sculptum-ecologia-biologia-controle-e-importancia A manutenção do carrapato numa área depende da existência de alguns fatores: 1. Presença de hospedeiro. predominantemente, as capivaras e os cavalos (chamados hospedeiros primários). Também são encontrados em hospedeiros secundários: bovinos, cabra, cachorro, porco, coelho, cotia, tatu, tamanduá, galinha, peru, seriema, roedores diversos, etc. 2. Vegetação, predominantemente em áreas de pasto, capoeiras, vegetação ciliar, matas e beira de lagos e córregos (incluindo áreas com folhas secas). 3. Temperatura e umidade adequadas. Vetor Amblyomma sp Na região Sudeste do Brasil a maior incidência da FMB ocorre no período de sazonalidade do vetor, que compreende o período de junho a setembro Hematófagos obrigatório, infectam-se ao sugarem animais silvestres, são reservatórios uma vez que ocorre transmissão transovariana e transestadial entre os carrapatos mantendo a transmissão da doença. Estudos mostram que a capivara, embora não seja um reservatório, amplifica e dissemina a bactéria entre os carrapatos. O carrapato estrela apresenta quatro fases de desenvolvimento ao longo da vida: 1. ovo 2. larva (conhecida como “micuim”). 3. ninfa (conhecida como “vermelhinho”) 4. adulto Atenção: Em três fases do desenvolvimento – larva (micuim), ninfa (vermelhinho) e adulto - o carrapato pode transmitir a FMB! Observa-se durante o ano que: as larvas (micuins) são naturalmente encontradas em maior quantidade nos meses de março a junho. Já as ninfas (vermelhinhos) são encontradas em maior quantidade de junho a novembro e os carrapatos adultos de novembro a março (Figura 3): ACESSO MATAS Amblyomma spp Você sabia? Na região metropolitana de São Paulo uma espécie de carrapato, com nome científico Amblyomma aureolatum, é encontrado em cães. Essa espécie também pode transmitir a FMB naquela região. A FMB pode ser confundida com muitas doenças bastante comuns como dengue, leptospirose e infecções respiratórias como gripe. a) Quando são poucos carrapatos e maiores - na fase adulta: USAR UMA PINÇA, prendendo o carrapato próximo à pele e realizando uma leve torção. Nunca aperte a pinça no meio do corpo do carrapato b) Quando são muitos carrapatos ou carrapatos ainda muito pequenos – fase ninfa ou micuim: TOMAR BANHO COM BUCHA VEGETAL, fazendo movimentos circulares e utilizar o sabonete acaricida. • Nunca esmague o carrapato! Com o esmagamento, pode haver liberação das bactérias que estão na saliva do carrapato, as quais têm capacidade de penetrar através de microlesões na pele. • Nunca queime o carrapato nem use, álcool, vinagre, ou qualquer substância abrasiva. O estresse sofrido pelo carrapato faz com que ele libere grande quantidade de saliva, o que aumenta as chances de transmissão da FMB. .A principal forma de proteção é evitar contato com carrapatos. É fundamental o uso de vestimentas, calçados e EPI’s adequados com especial atenção às técnicas recomendadas (descritas abaixo) que aumentam significativamente a proteção: • Calça comprida; meia (preferencialmente de cano longo); bota (se possível, de cano longo. A bota pode ser substituída por perneira de tecido com elástico); camiseta (se possível, de manga longa); fita adesiva larga; repelente. • Para o trabalho de maior exposição o uso de macacão com punhos e barras com elástico (tipo apicultor) oferece maior proteção. OBS 1: a roupa de cor clara facilita a visualização do carrapato que fica aderido ao tecido Orientação: ANTES DE ENTRAR NAS ÁREAS DE RISCO: • Passo 1: Colocar a camiseta por dentro da calça. • Passo 2: Vestir as meias por cima da barra da calça. • Passo 3: Passar a fita adesiva larga entre a boca da meia e pernas da calça. • Passo 4: Vestir as botas e passar outra camada de fita adesiva, entre a bota e a calça. • Passo 5: Passar o repelente sobre a roupa e sapato. • Passo 6: A cada duas horas, verifique se há algum carrapato preso ao seu corpo. Quanto mais depressa ele for retirado, menores os riscos de infecção. • Passo 7: Ao término do trabalho, ainda no campo, vistoriar as roupas e remover os carrapatos utilizando fita adesiva ou uma escova com cerdas de nylon. Recentemente tem se descrito uma nova riquetsiose do GFM no território brasileiro, cuja manifestações clinicas tendem a ser menos graves ao quadro clinico da R. rickettis Rickettsia parkeri cepa Mata Atlântica Ocorre predominantemente em área de Mata atlântica nas regiões Sul, sudeste e Nordeste, o agente etiológico, associado, principalmente, ao carrapato Amblyomma ovale. Caracteriza-se por ser uma doença febril aguda autolimitante de evolução leve ou moderada, sem cronicidade nem manifestações graves letais BORRELIOSE DE LYME DOENÇA DE LYME Doença multisistêmica causada pela espiroqueta Borrelia burgdorferi. Foi descrita na cidade de Lyme, Connecticut em 1975. Carrapatos do gênero Ixodes Acomete principalmete mamíferos, como cães, equinos, bovinos e o homem Manifestações clínicas: Rash cutâneo; Cardiopatias; Sintomatologia nervosa; Lesões renais; Artrite. 3 ESTÁGIOS DA DOENÇA DE LYME: 1) 2-30 dias após a picada do carrapato – sintomas gripais e lesão de pele (ERITEMA MIGRATÓRIO RECIDIVANTE). 2) 1 - 4 meses – alterações cardíacas e neurológicas. 3) Anos após a infecção – artrites e alterações neurológicas crônicas. Os estágios podem se sobrepor ou ocorres isoladamente. Radiology: Volume 253: Number 1—October 2009 AJNR Am J Neuroradiol 30:1079–87 Jun-Jul 2009 Eritema migratório com típica aparência em alvo. DOENÇA DE LYME Patogenia Penetração na pele (eritema crônico migratório) Via linfática (linfonodos regionais) Órgãos e tecidos manifestações clínicas Radiology: Volume 253: Number 1—October 2009 AJNR Am J Neuroradiol 30:1079–87 Jun-Jul 2009 Eritema migratório com típica aparência em alvo. DOENÇA DE LYME DOENÇA DE LYME No cão: Assintomático Sintomático Letargia, rigidez muscular, anorexia, vômitos, linfadenomegalia Lesões renais Artrites Paresia ou claudicação com fraqueza dos membros posteriors Diagnóstico Antígeno IgG IgG IgG DOENÇA DE LYME Transmitida por carrapatos. Transmitida ao homem e animais pela picada de carrapatos Ixodideos, Ixodes sp DOENÇA DE LYME Transmitida por carrapatos. BORRELIOSE DE LYME SÍMILE (síndrome de Baggio-Yoshinari ) DOENÇA DE LYME SÍMILE NO BRASIL No Brasil deve ser referida como borreliose de Lyme símile. O eritema migratório recidivante é a principal manifestação clínica da borreliose existente tanto no Brasil como nos demais países. O agente etiológico no Brasil ainda não foi isolado . Carrapatos do gênero Amblyomma. Síndrome Baggio-Yoshinari Rev Assoc Med Bras 2010; 56(3): 363-9
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