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RANICULTURA COMERCIAL

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RANICULTURA COMERCIAL
Rana catesbeiana
Características Gerais 
Os anfíbios (Amphibia) são animais que possuem duas fases distintas de vida, vivendo na água, de forma similar aos peixes, e depois de sofrerem uma verdadeira metamorfose na anatomia e fisiologia de seu corpo, passam a viver fora da água. São assim classificados: 
Filo: Chordata (possue notocorda); 
Sub filo: Vertebrata (vertebras); 
Grupo: Gnatostomata (mandíbula); 
Super classe: Tetrapoda (quatro patas); 
Classe: Amphibia 
Super ordem: Salientia (vagaroso); 
Ordem: Anura (sem cauda); 
Família: várias (dezoito no Brasil) 
As rãs possuem importância econômica por possuírem carne muito apreciada pelo homem, além de serem historicamente empregadas nas pesquisas biológicas, farmacêuticas e medicinais como cobaias. 
Diferente dos sapos, que pertencem a família dos Bufonidae, as rãs comestíveis são aquelas espécies que possuem peso acima de 50 gramas quando adultas. No Brasil, existem várias espécies de rãs de grande porte, que pertencem a família Leptodactylidae (rã-manteiga, rã-pimenta, gia, etc.). No Peru existe a famosa rã do lago Titicaca, que pertence a família Pipidae. A maior rã do mundo Rana Goliath vive exclusivamente nas florestas da Mauritânia (África), pertence a família Ranidae. 
  
	
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	 Leptodactylus labyrinthicus (rã pimenta ou gia)
Para conhecer um pouco mais sobre as características das rãs, descreveremos a Rana catesbeiana: 
Família: Ranidae; 
Gênero: Rana; 
Espécie: catesbeiana; 
Nome comum: rã-touro. 
As espécies da família Ranidae (inclusive a rã-touro),  se diferenciam das espécies da família Leptodactylidae (dedos terminados em ponta) por possuírem membranas natatórias entre os dedos, (tipo pé-de-pato). A Rana catesbeiana é originária da América do Norte, mas foi introduzida no Brasil por empreendedores que viram nesta espécie grandes potencialidades comerciais pelas qualidades nutricionais e sabor delicado de sua carne. 
  
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	Rana catesbeiana 
O corpo da rã é coberto por um tecido epitelial fino e flexível (pele),  responsável, não só pela barreira contra organismos infectantes, mas também pela absorção de água (não bebem) e complementa na respiração (cutânea). Na rã-touro existe o dimorfismo sexual (diferenças morfológicas entre machos e fêmeas), o tipo de gônada presente no animal (testículo ou ovário) é a sua característica sexual primária e a secundária é aquela que indica, externamente, qual é o seu sexo. 
Os caracteres secundários podem variar de intensidade quando se aproxima o período reprodutivo, tornando-se mais conspícuas quando a rã está apta para o acasalamento. Os machos da rã-touro possuem uma esponja ou calo nupcial no polegar, a região gular com tonalidade amarelada mais forte e um diâmetro do tímpano maior do que as fêmeas. 
  
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	Dimorfismo sexual
Em rãs adultas o esqueleto é ossificado; as extremidades de alguns ossos mantêm a cartilagem da fase larval (quando o esqueleto era cartilaginoso). A estrutura óssea contribui com 6,5% do peso vivo do animal. 
  
  
O Ciclo de Vida 
O ciclo de vida das rãs, como na maioria dos anfíbios, inicia-se na água; esses animais mantêm uma estreita relação com o ambiente aquático durante boa parte de sua vida. Para se reproduzirem preferem pequenas lagoas ou poças d'água, onde darão origem aos girinos. Para que as rãs reproduzam, deverão atingir a maturidade sexual e estar em ambiente com condições propícias. De um modo simplificado, o ciclo de vida das rãs pode ser assim representado: 
  
	
  
Fonte: LIMA, S.L., & AGOSTINHO, C. A.  A Tecnologia de criação de Rãs. Imprensa Universitária/UFV, 1992. 168p.:il.
Quando as rãs atingem a maturidade sexual, inicia-se o cortejo nupcial, isto é, o macho delimita o seu território e canta para atrair a fêmea.  Durante a reprodução da rã-touro, o acasalamento ocorre com o casal semi-submerso, algumas vezes apoiando-se no fundo ou na vegetação, mantendo as narinas e os olhos na superfície. O macho abraça a fêmea pelas costas, fixando-se na região axilar e comprimindo-a. Simultaneamente e em ritmos compassados, o casal libera os gametas e distendem as patas para espalhar a desova pela superfície. Neste momento, ocorre a fecundação dos óvulos pelos espermatozóides. 
Após a fecundação, o ovo inicia seu desenvolvimento de embrião para larva que apresenta botão caudal, batimentos cardíacos e brânquias externas (início). Gradativamente, começa a crescer e a se modificar; as brânquias passam a funcionar dentro do corpo, permanecendo a abertura do sifao lateral, por onde ocorre o fluxo da água, que entra pela boca e passa pelas brânquias, possibilitando a respiração. Nesta oportunidade, a larva modifica a forma do corpo e ganha a denominação de girino. O girino passa então por um processo fisiológico contínuo, denominado metamorfose, que consiste na modificação da morfologia e fisiologia das rãs, para possibilitar a sua sobrevivência no ambiente terrestre. É subdividida nas fases pro-metamorfose, pré-metamorfose e clímax. Entretanto, pode ser dividida nos seguintes estádios: 
G0- Primeiros dias de vida (até 1 grama), se alimenta de microorganismos (bactérias, fungos, algas) flutantes (planctônicos) ou aderidos na vegetação e outros substratos (perifiton). Nos ranários passam a receber gradativamente ração em pó. 
G1- fase de crescimento onde ainda não se iniciou a metamorfose. Neste estádio, em algumas espécies de rãs, já ocorre o desenvolvimento do pulmão, o que possibilita ao girino respirar quando vem á superfície. 
G2- Inicia-se a metamorfose: os membros se desenvolvem e já podem ser observados como dois pequenos apêndices na parte posterior do corpo. 
G3- As patas posteriores agora já se exteriorizam quase totalmente, mas ainda não estão completamente formadas. Inicia-se a pré-metamorfose. 
G4- Os girinos aproximam-se do clímax da metamorfose. As quatro patas estão totalmente prontas, as posteriores já têm a forma das pernas do adulto. 
G5- É o clímax da metamorfose. Nesta fase, as patas anteriores exteriorizam-se. A cauda, ainda grande, afila-se, e vai sendo absorvida, gradativamente, fornecendo energia para o animal que, enquanto isto, não se alimenta. As principais modificações que ocorrem durante o clímax da metamorfose estão relacionadas com a respiração, a circulação, a digestão, os órgãos dos sentidos (olfato, visão) e com os membros. 
  
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	 G1, G3 e G5 da esquerda para a direita
O imago deixa o ambiente aquático para viver no terrestre, trata-se de rãzinha recém-metamorfoseada, que apresenta a forma do corpo totalmente semelhante à do adulto, porém imatura sexualmente. As modificações são intensas. Enquanto na fase aquática a respiração era branquial e o coração semelhante ao dos peixes, com duas cavidades, na fase terrestre o coração terá três cavidades e a respiração, além de pulmonar e cutânea, dá-se na região gular (papo), onde ocorre a hematose, graças à grande vascularização nesta região e aos movimentos oscilatórios quando a rã infla e esvazia o papo periodicamente. 
O aparelho digestivo também irá se modificar porque o alimento que o girino consome, no ambiente aquático, geralmente é constituído de algas, bactérias, fungos e outros microrganismos, que são encontrados nos substratos e no meio aquático. Na fase terrestre, alimentam-se de insetos, crustáceos, anelídeos, moluscos e pequenos vertebrados. 
Texto: Samuel Lopes Lima; Onofre Maurício de Moura; Eduardo Mendes Ramos. 
O Processo de Produção 
A produção de rãs em cativeiro (ranicultura) é uma atividade relativamente nova. A cadeia produtiva compreende: a criação de rãs (ranários), a indústria de abate e processamento e a comercialização dos produtos oriundos da ranicultura. A Figura 1 ilustra todas as etapas da cadeia produtiva, que pode ser assim resumida: Inicia-se no ranário, onde se processam todas as fases do ciclo de vida das rãs: a desova, a fase de desenvolvimento do girino até a metamorfosee a recria (processo de engorda dos animais). Concluída a recria, as rãs são levadas para o abate nas indústrias de processamento especializadas (abatedouros),  seguindo rigorosamente as normas higiênico-sanitárias definidas pelos organismos de saúde pública. Processada e embalada, a carne é enviada para o mercado consumidor. 
  
	
 
 FIGURA 1 – Cadeia produtiva da ranicultura ilustrada com as instalações de um ranário.
Fonte: LIMA, S. L.., AGOSTINHO, C. A.   A Tecnologia da Criação de Rãs. Viçosa - MG: UFV, 1992. 166p.
Histórico da Ranicultura 
Degustar a carne de rã é um hábito tão saudável quanto antigo. Já era citado por Heródoto em seus escritos como fina iguaria que os gregos serviam aos comensais em comemorações da mais distinta e elevada sociedade. Consta que na China a rã é considerada como alimento a mais de quarenta séculos. 
Nas migrações européias do século XIX, italianos, franceses, alemães, suíços, belgas e outros povos difundiram o hábito do consumo da carne de rã como alimento nos Estados Unidos, Canadá, Venezuela, Chile e Argentina. No Brasil o costume de comer carne de rã não se deve exclusivamente ao imigrante europeu, de vez que nossos índios já utilizavam os anfíbios em sua alimentação. 
Ao contrário de outros países que praticam a caça ou cultivo extensivo, o Brasil, por sua vez, procurou desenvolver a tecnologia de criação em cativeiro, primeiramente através dos esforços isolados de criadores independentes, mais tarde com a efetiva participação de Instituições de Pesquisas, como Universidades e outros. 
A ranicultura no Brasil, teve início na década de 30 com a introdução em 1935 da rã-touro (bullfrog), Rana catesbeiana, por Tom Cyrill Harrison técnico canadense em ranicultura. É citado como primeiro registro histórico a implantação do Ranário Aurora, no Estado do Rio de Janeiro, que consistia de uma área cercada com chapas de zinco, rica em vegetação e com água abundante. 
Na década de 70, novos modelos de ranários foram propostos. Baseado na experiência de criadores, surgiu o modelo chamado Tanque-ilha, escavado no solo e contendo no centro da escavação uma ilha onde se colocavam carcaças ou outros restos que atraiam insetos para a alimentação dos animais. 
A tecnologia de criação de rã teve seu maior avanço a partir da década de 80, quando pesquisadores da Universidade Federal de Uberlândia propuseram as baias de recria denominada de “Confinamento” forçando o abandono do Tanque-ilha, tipo de instalação até então utilizada. Esse tipo de ranário era constituído por compartimentos com formato retangular, cercados por placas pré-moldadas de argamassa armada e cobertos com telhas de fibrocimento e telas de náilon, piso em cimento e, piscina que ocupa cerca de 25% da área da baia. 
A partir daí, outras propostas de instalações para ranário surgiram, resultando em melhorias consideráveis nos índices zootécnicos na fase de recria. Entre essas destaca-se: o “Sistema Anfigranja”. 
Compreende um conjunto de instalações, associadas a técnicas de manejo especialmente desenvolvidas para cada um dos setores da criação. A padronização das instalações e a sistematização do manejo de rotina, tem possibilitado uma evolução gradativa dessa tecnologia. A exemplo de outras atividades da produção animal, o sucesso da criação de rãs passou a ter um desenvolvimento efetivo depois que construções mais adequadas foram associadas às técnicas de manejo sistematizado, possibilitando um bom desempenho no crescimento do plantel aliado à baixa mortalidade. Tal premissa é contemplada pelo sistema anfigranja, onde a rã-touro tem apresentado níveis de produtividade comparáveis às criações tradicionais como a piscicultura, avicultura, etc. 
  
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	Construções do Sistema Anfigranja
No processo de desenvolvimento tecnológico do Sistema Anfigranja, inicialmente os pesquisadores contemplaram o setor de recria, onde os elementos básicos do piso (cocho, abrigo e piscina) se dispõem linearmente em área proporcional ao número de rãs que são alojadas em cada baia (Lima & Agostinho, 1988);  recentemente inovações foram introduzidas, com pequenas modificações no perfil do cocho e centralização da piscina, mantendo-se a mesma disposição linear (Lima, 1997). O setor de reprodução possue uma baia de mantença com piso semelhante ao da recria, com baias de acasalamento em anexo (Lima & Agostinho, 1992).   O setor de girinos se caracteriza pela padronização das instalações (tanque circular ou retangular) e sistematização do manejo associado a um mecanismo auto-limpante, composto de uma rede hidráulica em alta pressão e fundo com uma moega (tipo funil) acoplada a um tubo em cotovelo para o escoamento dos resíduos (fezes, restos de ração e gases) como indicado em Lima (1997). 
Um ranário que adota o Sistema Anfigranja pode ser, resumidamente, assim descrito: 
O Setor de Reprodução é constituído de duas áreas distintas: as baias de mantença e as de acasalamento. Na primeira, as rãs reprodutoras são mantidas confortavelmente durante todo o ano, sendo transferidas para as baias de acasalamento quandoo ranicultor necessita de desovas. Essas baias de acasalamento podem ser para apenas um casal de cada vez (individualizadas), ou para vários casais (baias coletivas). Após a reprodução, a desova é transferida para o setor de girinos, e o casal retorna para a baia de mantença. Apesar dessa baia ser semelhante às do setor de recria, seus elementos básicos estão em número e dimensões proporcionais ao porte dos reprodutores, que são alojados em uma densidade bem inferior (Lima & Agostinho, 1992). 
  
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	 Detalhes do Setor de Reprodução
O Setor de Girinos é formado por um conjunto de tanques, construidos em tamanho e número proporcional ao porte do empreendimento. A desova é depositada em uma incubadeira, onde ocorrerá o desenvolvimento embrionário até a saída das larvas, as quais, decorridos alguns dias, darão origem aos girinos propriamente ditos. Nos tanques, os animais vão se desenvolver até a metamorfose (Lima, 1997, 1998). 
  
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	 Tanques do Setor de Girinos
No Setor de Recria, constituído de baias de recria inicial e baias de terminação. Essas baias consistem de abrigos, cochos e piscinas dispostos linearmente e adequados ao tamanho dos animais. 
As baias de recria inicial, recebem os imagos após a metamorfose, oriundos ou não de uma mesma desova. Quando as rãs alojadas nessas baias alcançam de 30 a 40 g, são triadas e transferidas para as baias de crescimento e terminação. As baias de crescimento e terminação, são destinadas a receberem lotes uniformes de rãs oriundas das baias de recria inicial, onde permanecem até atingirem o peso de abate. Nesse momento, são enviadas para a industria de abate e processamento. 
  
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	 Fotos do Setor de Recria
Texto: Samuel Lopes Lima. 
O Processo de Abate 
O sucesso na exploração da ranicultura depende não só do manejo, mas também da atenção com relação às condições de higiene em que o animal é criado e posteriormente abatido e processado. A obtenção de uma matéria-prima dentro dos padrões higiênico-sanitários é mais que uma garantia de qualidade do produto. 
O abatedouro de rãs é constituído essencialmente pelas áreas de: recepção (área suja); evisceração (área limpa); embalagem; congelamento, estocagem e expedição. Quando elabora outros produtos além da carne “in natura”, possui também uma sala de processamento. Pela legislação brasileira, a rã é conceituada como “pescado” e além de abatedouros exclusivos para rãs, existem plantas em operação atuando também com o abate e processamento de peixes, caracterizando-se como verdadeiros entrepostos de pescados. 
Os abatedouros, como qualquer empresa regularizada, passam pela fiscalização dos órgãos competentes, sendo necessária a satisfação de uma série de pré requisitos previamente estabelecidos quanto ao projeto a ser executado, de acordo com a esfera de competência segundo as características da planta industrial.Pela legislação brasileira o sistema de fiscalização pode ser municipal, para comercialização dentro do município, estadual quando a comercialização se dá dentro do estado e federal para comércio nacional e internacional. No último caso, deve-se atender também à legislação do país importador. 
É necessário frisar que o projeto de um abatedouro deve satisfazer à legislação competente ao setor à que se relaciona, ao impacto ambiental e, também de viabilidade econômica que envolve a produção de matéria prima, o mercado, os produtos, etc. As fotografias a seguir, ilustram rotinas em plantas de abate. 
  
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	 Fotos ilustrativas da recepção, evisceração
e embalagem
As rotinas operacionais em um abatedouro após o recebimento e pré-seleção dos animais ocorre da seguinte forma: após um período de no mínimo 24 horas de jejum e dieta hídrica (para o esvaziamento intestinal e recuperação do estresse de transporte), o animal segue para a linha de abate. Na área suja, é insensibilizado e sofre a sangria. Na área limpa, procede-se à retirada da pele, a evisceração e limpeza final da carcaça. Em seguida procede-se aos cortes e ao processamento se for o caso, e então os produtos são acondicionados em embalagens próprias, rapidamente congelados e armazenados nas câmaras frias, onde permanecem até a expedição. A Figura 1, ilustra a seqüência geral de operações, não se prendendo a detalhes que podem variar entre abatedouros. 
  
	
  
Figura 1 – Fluxograma ilustrativo de uma linha de abate
Atualmente os abatedouros em operação abatem diáriamente em média, de 1.500 a 4.000 animais (peso médio de 180-200 g) por jornada de trabalho de 8-10 horas, empregando cerca de 10 funcionários na linha, com aproveitamento somente da carne. A concentração do abate em instalações específicas, viabiliza economicamente o aproveitamento de todo o animal; o fígado pode ser aproveitado para consumo humano na forma de patê, a pele para fins diversos, o óleo para aplicação na indústria de perfumaria ou outras, e os rejeitos para reciclagem na forma de ração, com a conseqüente redução dos preços do produto principal. A carne (carcaça completa), em termos percentuais pode atingir 55% do peso do animal vivo. 
  
  
Produtos e Subprodutos da Rã 
A Carne 
Carne, é definida como os tecidos animais que são convenientes para o uso como alimentos, obtidos de animais sadios, respeitando técnicas higiênico sanitárias durante o abate e manuseio posterior. Em nosso meio, para conceito assim amplo, é freqüentemente empregado o termo no plural – carnes – envolvendo inclusive as vísceras. Todos os produtos processados ou manufaturados que podem ser preparados desses tecidos estão incluídos nessa definição. Embora quase todas as espécies de animais possam ser usadas para a produção de carnes, a maioria das carnes consumidas por humanos provêm de animais domesticados e organismos aquáticos. Estes últimos denominados genericamente de “pescado”, compreendem os peixes, crustáceos, moluscos, anfíbios, quelônios e mamíferos de água doce ou salgada, usados na alimentação humana. 
A rã (anfíbio), utilizada nos criatórios comerciais para a obtenção de carne, é a Rana catesbeiana, um animal exótico, originário da América do Norte. A carne de rã é comercializada no Brasil na forma de carcaças inteiras ou de coxas congeladas. O rendimento médio (entre sexos) da carcaça é de aproximadamente 52,0% e das pernas (coxas) de 27,4% em relação ao peso vivo, dependente ainda da idade, do sexo e da faixa de peso do animal. 
No exterior o consumo é essencialmente das pernas (coxas) que representam (entre sexos) 52,7% da carcaça. Entretanto o dorso, região da carcaça que não tem valor no mercado internacional, pode ser processado e comercializado na forma de outros produtos de maior valor agregado através do desenvolvimento da tecnologia de Carne Mecanicamente Separada (CMS) de rã. É importante ressaltar que o dorso, incluindo os braços, representa 47,3% da carcaça, dos quais 87% é músculo. 
  
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	 Carcaças de rãs,
embaladas,inteiras
A carne de rã, uma carne definida como branca, é indiscutivelmente um alimento muito apreciado pelo sabor, sendo rica em proteínas de alto valor biológico. A carne de rã tem composição protéica semelhante às de outras carnes brancas magras apresentando em média, 16 a 19% de proteínas, teor de lipídeos 0,3 a 0,7% e valor calórico 69 Kcal/100 g. O baixo teor em lipídeos da carne de rã torna sua utilização promissora em dietas de restrição calórica e/ou lipidica, como ocorre na prescrição dietoterápica para obesos, hipertensos e/ou hipercolesterolêmicos. A carne de rã vem sendo indicada nos tratamentos de doenças gastrointestinais e alérgicas de várias origens, nesse sentido existem relatos de seu uso no tratamento de pessoas idosas e de crianças e, em hospitais por administração de homogeneizado por cateteres intestinais para alimentar pacientes que se encontram mais susceptíveis às infecções. Possui ainda baixo teor de colesterol (cerca de 40 mg/100 g) quando comparada a outras carnes, tais como a de boi (120 a 200 mg/100 g), porco (100 a 300 mg/100 g) e frango (100 a 150 mg/100 g); contribui ainda na dieta, com cálcio (75 mg/100 g), ferro (1 mg/100 g), fósforo (200 mg/100 g), magnésio (22 mg/ 100 g), potássio (242 mg/100 g) e niacina (2,7 mg/100 g). Os valores reportados são relativos à carne crua. Em suma, a carne de rã apresenta grande versatilidade quanto ao seu uso em culinária, podendo ser empregada numa grande variedade de pratos, sendo um alimento de sabor agradável com excelente potencial de aceitação e muito apreciado. 
O Fígado 
O fígado (5% do peso vivo do animal), castanho-avermelhado, é um órgão formado por três lóbulos situado na cavidade visceral posterior ao coração. O fígado é um órgão filtrante e de armazenamento. Pode ser utilizado para a fabricação de patês, assim preparado é uma fina iguaria, apreciada por seu sabor e aroma delicados. 
A Pele 
A pele (11 % do peso vivo do animal) curtida, é empregada como matéria prima na produção de inúmeros objetos, como cintos, pulseiras, ornamentos do vestuário, bijuterias, carteiras, bolsas, sapatos e luvas. Pode ainda ser empregada em encadernações, revestimento de porta jóias e outras embalagens industriais requintadas. Com tratamento adequado para promover sua limpeza e esterilização, tem-se notícia da iniciativa por alguns médicos, de sua aplicação no tratamento de queimados. 
O Corpo Gorduroso 
Extraído do corpo gorduroso, órgão específico para a deposição de gordura na rã-touro, o óleo vem sendo estudado como ingrediente para a indústria de cosméticos. Seu percentual em relação ao peso vivo dos animais varia em decorrência da época do ano e do estágio de maturação reprodutiva. Atinge em média 4,6% do peso vivo em animais adultos. 
O Oviduto 
Os ovidutos, de coloração esbranquiçada, são enovelados como uma serpentina, sendo ricos em um certo tipo de albumina, substância com expressiva capacidade de retenção de água e aparente efeito germicida pois permanece estável na água por vários dias agregando os ovos após a postura. Os ovidutos variam muito de tamanho dependendo do ciclo reprodutivo do animal, durante a maturação reprodutiva eles estão grandemente intumescidos e ocupam uma grande porção da cavidade abdominal juntamente com os ovários. Os ovidutos, por conterem essa mucilagem, podem vir a ser ingredientes importantes na indústria de alimentos para o fabrico de produtos especiais. 
Os Ovários 
Os ovários como os ovidutos variam grandemente dependendo das estações do ano. Durante a maturação reprodutiva eles estão grandemente distendidos e ocupam uma grande porção da cavidade abdominal, aumentando o volume aparente deste. Os ovos apresentam duas faces, uma branca e outra negra, são de forma esférica, visíveis imediatamente após a abertura da cavidade toráxica. Fora do período reprodutivo os ovários e os ovidutos são insignificantes em tamanho, na maturação reprodutiva alcançar10% do peso vivo. 
  
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	Da esquerda, fígado, pele, corpo gorduroso, oviduto, ovário
Rejeitos 
Os rejeitos, são constituídos pela cabeça, pontas das patas, vísceras brancas (sistema digestivo) e os líquidos (sangue) perdidos durante o abate. Os rejeitos, com exceção da parte líquida, podem ser reciclados na forma de ração animal, estes representam em média 22,7% do animal vivo. 
O potencial de aproveitamento da rã-touro é praticamente 100%, apesar de na atualidade somente sua carne ter aproveitamento comercial. A médio prazo vislumbra-se a possibilidade de seu aproveitamento integral devido ao volume gerado pela concentração dos abates em plantas específicas, sendo mais lucrativo para o empresário a agregação de valor na produção industrial de subprodutos do que no investimento para o tratamento de resíduos. 
Texto: Onofre Maurício de Moura; Eduardo Mendes Ramos. 
Canais de Comercialização 
No que concerne à comercialização, existe um amplo conjunto de produtos e subprodutos da ranicultura com potencial econômico, envolvendo animais vivos e/ou abatidos. É pratica comum entre os ranicultores o fornecimento mútuo de girinos e imagos para a respectiva cria e recria, havendo contudo uma tendência à especialização. Em breve, a reprodução (para obtenção das desovas) e criação de girinos ficarão restritas aos grandes ranários, que fornecerão os imagos para ranicultores que possuirão apenas as instalações de recria (recriadores). 
A rã viva tem sido exportada para os Estados Unidos, onde os restaurantes especializados na cozinha oriental absorvem grande quantidade do produto. Além disso existe demanda de animais vivos para estudos e experiências laboratoriais, e para compor o plantel de reprodutores de novos criatórios. 
O principal produto da atividade é a carne de rã, que é comercializada fresca, congelada ou processada, cujo excelente sabor e qualidades nutricionais, tem propiciado crescimento considerável do seu consumo, não obstante às restrições de preço. A coxa é a parte de maior aceitação, embora no Brasil esta preferencia não seja tão acentuada como no mercado internacional, onde praticamente não se consome o restante da carcaça. 
A distribuição da produção se faz conforme esquematizado na Figura 1. O ranário completo possui basicamente três produtos: girinos, imagos e rãs. Os dois primeiros são vendidos a outros ranicultores que darão continuidade ao processo produtivo. As rãs são entregues aos abatedouros (industria de abate) que por sua vez, fornecem a carne aos varejistas que as venderão ao consumidor final. Certamente este procedimento pode ser alterado quando o fornecimento se faz diretamente ao consumidor ou ao varejista, ou mesmo do abatedouro para o consumidor, conforme ilustram as setas pontilhadas. 
  
	
  
FIGURA – 1:  Canais de comercialização da ranicultura de acordo com LIMA & CRUZ, (1998).
O fornecimento direto do produtor ao consumidor é explicado pela tentativa de se evitar a intermediação freqüentemente prejudicial ao produtor. No entanto, as condições inadequadas de abate, comprometendo a qualidade do produto, e o desvio da atenção do ranicultor para outras tarefas tem, via de regra, levado esta tentativa ao fracasso. O problema da intermediação tem sido superado via associação de produtores para constituir sua própria unidade de processamento e comercialização. 
  
  
Condições do Mercado 
Estudos realizados sobre o mercado interno da carne de rã demonstraram existir, no Brasil, por demanda expontânea, um mercado potencial cerca de três vezes superior à oferta. Um dos fatores limitantes desse mercado é o preço que o produto tem chegado aos pontos de venda. Atualmente, a carne de rã é encontrada no varejo, a preços que oscilam entre 15 e 25 reais o quilo. A nível do produtor, a rã tem sido comercializada a preços que variam de 4,50 a 5,0 reais por quilo de rã viva, o que eqüivale ao valor de 9 a 10 reais para cada quilo de carne. Provavelmente, a curto prazo estes preços retornarão aos valores históricos praticados antes do plano real quando o preço médio eqüivalia a 6,00 dólares. Esta tendência de queda se deve ao aumento da oferta e aos efeitos da recente crise econômica promovida pela especulação financeira. 
No mercado internacional, que tradicionalmente é abastecido pelo extrativismo, países que permitem a caça, fornecem à Europa e à América do Norte, o quilo de coxa de rã ao preço de 6 a 8 dólares. O caráter predatório da captura naqueles países têm provocado reação dos movimentos ambientalistas. Existem perspectivas de que, em breve, hajam restrições às importações deste produto por parte dos países consumidores. 
Esse cenário coloca o Brasil em posição favorável, uma vez que, é detentor de tecnologia avançada de produção de rãs em cativeiro, além de possuir condições climáticas favoráveis em grande parte de seu território. Ressalta-se contudo que, vários países têm realizado investimentos na ranicultura, indicando que estarão competindo pelo mercado Europeu e Norte Americano, quando a proibição de produtos oriundo da caça se efetivar. Terá sucesso aquele que além da qualidade apresentar preço competitivo. 
Nos últimos 3 anos, o ranicultor perdeu motivação para vender no mercado externo, pois com o advento do plano real, o preço interno tem estado superior ao internacional pela sobrevalorização da nossa moeda em relação ao dólar americano. Com o aumento da oferta no mercado interno, a exportação deverá tornar-se novamente interessante. 
Texto: Samuel Lopes Lima; Tancredo Almada Cruz

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