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IBET_Módulo_IV_Seminário_VI

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IBET – INSTITUTO BRASILEIRO DE ESTUDOS TRIBUTÁRIOS
Módulo: Controle da Incidência Tributária
Seminário VI: IPTU, ITR e IPVA
Aluna: Muryelle Reguengo Leite e Silva
1. Construa as regras-matrizes de incidência do IPTU, ITR e IPVA.
R: - IPTU - Hipótese: Critério Material: Ser (verbo) proprietário de bem imóvel urbano (complemento); Critério Espacial: O imóvel tem de estar situado em área considerada como urbana; Critério Temporal: Primeiro dia do exercício fiscal. Para imóveis novos, no momento da aquisição (proporcional).
 - Consequente: Critério Pessoal: Sujeito Ativo: Municípios ou Distrito Federal; e Sujeito Passivo: Proprietário do bem imóvel; Critério Quantitativo: Base de Cálculo: O valor venal do bem imóvel; e Alíquota: Percentual poderá variar de acordo com a localização ou destinação dada ao bem, dependendo ainda da legislação local.
- ITR - Hipótese: Critério material: ser (verbo) proprietário, ter o domínio útil ou a posse de bem imóvel (complemento); Critério espacial: localizado fora da zona urbana do município (zona rural); Critério temporal: primeiro dia do exercício fiscal.
 - Consequente: Critério pessoal: Sujeito ativo: União ou municípios; e Sujeito passivo: o proprietário ou aquele que tiver o domínio útil ou a posse do bem imóvel rural; Critério quantitativo: Base de cálculo: o valor da terra nua tributável (VTNt); e Alíquota: estabelecida em função da área total do imóvel, levando-se em conta o grau de sua utilização (GU).
- IPVA - Hipótese: Critério Material: ser (verbo) proprietário de veículo automotor (complemento); Critério Espacial: Limite territorial do ente tributante; Critério Temporal: instante fixado em lei, a partir do momento em que a propriedade é adquirida e se mantém (por exemplo, 1º de janeiro de cada ano; ou, se veículo novo, o instante da aquisição; ou, se veículo importado, o átimo de sua entrada no território nacional).
- Consequente: Critério pessoal: Sujeito Ativo: Estado ou Distrito Federal em que for exercida a propriedade do veículo automotor; e Sujeito passivo: proprietário do veículo automotor; Critério quantitativo: Base de cálculo: valor venal do veículo automotor; e Alíquota: percentual fixado em lei estadual, com observância ao art. 155, § 6º, I e II, da Constituição.
2.	Diferençar os conceitos de propriedade, domínio útil e posse do art. 1º da Lei n. 9.393/96, correlacionando-os com o de propriedade do art. 153, VI, da CF. Há competência da União para instituir como critério material do ITR o domínio útil e a posse (vide anexos I, II e III)?
R: No que se refere ao conceito de propriedade, importa indicar o conteúdo do art. 1.228 do Código Civil: 
Art. 1.228. O proprietário tem a faculdade de usar, gozar e dispor da coisa, e o direito de reavê-la do poder de quem quer que injustamente a possua ou detenha.
	Portanto, a propriedade é direito real que garante ao proprietário, o uso, gozo e disposição do bem de forma plena. Assim entende Clóvis Beviláqua:
Juridicamente, a propriedade é o poder assegurado pelo grupo social à utilização dos bens da vida psíquica e moral, havendo o poder de ocupar a coisa, e dela tirar todos os proveitos, todos os produtos, periódicos ou não, todos os acréscimos, poder de modificá-la, de dividi-la, de aliená-la, de destruí-la, mesmo, salvo as restrições legais; enfim, de reivindica-las das mãos de terceiros (sequela). 
Cabe destacar que somente é plena a propriedade quando todos os seus elementos constitutivos se acham reunidos formando um direito único sem carga ou limitações dentro da sua ampla compreensão.
Por sua vez, o domínio útil é uma das manifestações do direito de propriedade em relação às coisas materiais ou corpóreas. Diz respeito ao desfrute da coisa, cujo exercício se opera de forma ampla, sujeito, porém, a limitações decorrentes da propriedade. Exprime uma das condutas que integram a hipótese de incidência do imposto sobre a propriedade territorial rural e do imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana, conforme artigos 29 e 32 do Código Tributário Nacional. 
	Por fim, a posse exterioriza expressão do direito de propriedade e se cristaliza no poder material sobre a coisa. Na compreensão de Washington de Barros (MONTEIRO; 2014 – p. 20), a posse é o exercício de fato dos poderes constitutivos do domínio, ou propriedade, ou de algum deles somente, como no caso de propriedade alheia. Ela constitui o sinal exterior da propriedade, é o jus possidendi, o direito de possuir, e pelo qual o proprietário, de modo geral, afirma seu poder sobre aquilo que lhe pertence.
Por outro lado, a exemplo do quanto ocorre com o domínio útil, traduz uma das condutas que integram a hipótese de incidência tributária do imposto sobre a propriedade territorial rural e do imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana, de acordo com os artigos. 29 e 32 do Código Tributário Nacional.
	Assim, ainda que a Constituição Federal expresse somente o termo “propriedade”, não se pode levar em conta a sua interpretação literal. A Magna Carta tem o condão de estabelecer certas coordenadas aos textos legais que vêm abaixo dela, apontando um norte a ser seguido. Logo, no caso do ITR, o termo “propriedade” não deve ser interpretado no seu sentido técnico-jurídico, mas sim na acepção de imóvel – que no caso situa-se em local rural.
	Por este motivo, as descrições do critério material do ITR não se restringem ao conceito puro de propriedade, abarcando também o entendimento acerca da posse e do domínio útil, mesmo que estes possuam significados diferentes perante a classe de direitos reais.
Destaque para os trechos das jurisprudências em anexo: 
A jurisprudência desta Corte Superior é no sentido de que tanto o promitente comprador (possuidor a qualquer título) do imóvel quanto seu proprietário/promitente vendedor (aquele que tem propriedade registrada no Registro de Imóveis) são contribuintes responsáveis pelo pagamento do IPTU.
(Recurso Especial nº 1.110.055 - SP)
O Superior Tribunal de Justiça tem entendido que a posse apta a gerar a obrigação tributária é aquela qualificada pelo animus domini, ou seja, a que efetivamente esteja em vias de ser transformada em venda, seja por meio de promessa de compra e venda, seja pela posse ad usucapionem. Assim, a incidência do tributo deve ser afastada nos casos em que a posse é exercida precariamente, bem como nas demais situações em que, embora envolvam direitos reais, não estejam relacionadas com a aquisição da propriedade. 
(AgRg no Agravo em Recurso Especial nº 691.946 – RJ)
	Inclusive, não há nem que dispor ofensa ao art. 110 do CTN, pois na análise do critério material do ITR, percebemos que “propriedade” vem a ser um complemento do verbo, não resultando numa concepção jurídica advinda do direito civil.
	Não só a Lei 9393/96 dispõe sobre o domínio útil e a posse. O Código Tributário Nacional também elenca, no seu art. 29, tais concepções. Relevante notar que o CTN, mesmo diante de suas peculiaridades, é considerado lei complementar. Não foi a União como ente federado que dispôs acerca do imposto, mas sim a União no seu valor federativo, exprimindo uma lei complementar nacional, e não federal. Neste norte, é notório que a mesma possui competência para instituir tais critérios.
	
4.	A quem compete definir as zonas urbana e rural? Qual o veículo legislativo adequado para tanto? Os imóveis industriais, comerciais e prestadores de serviços situados fora dos núcleos urbanos municipais estão sujeitos à incidência do IPTU? (vide anexo IV). E os de exploração vegetal, agrícola, pecuária ou agroindustrial, quando situados dentro dos núcleos urbanos municipais? (vide anexos V, VI e VII).
R: É competência da União instituir imposto sobre propriedade territorial rural (ITR), conforme art. 153, V, CRFB/88. Por sua vez, compete ao Município instituir o imposto sobre propriedade predial e territorial urbana, com base no art. 156, I do mesmo ordenamento jurídico.
Na mesma lógica, o Código Tributário Nacional (CTN), em seu art. 29, determina como fator gerador do ITR a propriedade, o domínioútil ou a posse de imóvel por natureza, como definido na lei civil, localizado fora da zona urbana do Município.
O artigo 32 do mesmo diploma jurídico prepara que o fato gerador do IPTU será a propriedade, o domínio útil ou a posse de bem imóvel por natureza ou por acessão física, como definido na lei civil, localizado na zona urbana do Município.
Observa-se que o legislador indicou o critério geográfico para determinar a competência tributária do ente federativo: se "fora da zona urbana do Município", será ITR; se "localizado na zona urbana do Município", será IPTU.
O ponto é a definição o que é "zona urbana", e o que é "zona rural". Depara-se que o critério legal da zona rural é por exclusão, logo, é aquela localizada fora do perímetro urbano do município. De acordo com o §1º do art. 32 do CTN, percebe-se como zona urbana a definida em lei municipal, desde que observadas pelo menos duas das melhorias listadas em seus incisos. E considera-se, ainda, nessa situação, o imóvel localizado em área de expansão urbana, constante de loteamento aprovado pelos órgãos competentes, nos termos do §2º do art. 32.
Seguindo ainda as disposições do CTN, compete ao Município definir as zonas urbana e rural, por meio de lei municipal. Tal posicionamento foi ratificado pelo STJ, súmula 399: "Cabe à legislação municipal estabelecer o sujeito passivo do IPTU."
Pelo critério adotado (topográfico), bastaria o imóvel estar na zona urbana para incidir o IPTU; caso estivesse fora do perímetro urbano, seria cobrado o ITR.
Entretanto, a discussão a respeito da incidência do IPTU ou do ITR é um caso clássico de conflito de competência e cabe à lei complementar solucionar o impasse, como determina a Constituição em seu art. 146, I.
Em que pese o respeito posicionamentos diversos, além da localização geográfica do imóvel, é relevante notar a destinação do imóvel para definir qual imposto incidirá ao contribuinte que possui imóvel localizado em área urbana destinado para atividade rural.
O critério espacial definido no artigo 32 do CTN não é o único a ser considerado, uma vez que o Dec.-Lei 57/66 foi recepcionado pela nossa Constituição Federal como lei complementar, e o seu art. 15 acrescentou o critério da destinação do imóvel para delimitação da incidência do IPTU.
O art. 15 do Dec.-Lei n. 57/66 exclui da incidência do IPTU imóveis que, "comprovadamente, seja utilizado em exploração extrativa vegetal, agrícola, pecuária ou agroindustrial, incidindo assim, sobre o mesmo, o ITR e demais tributos com o mesmo cobrados".
Igualmente, o Dec.-Lei é de 18/11/1966 enquanto o CTN é de 25/10/1966 (Lei n. 5.172/66), ou seja, o Dec.-Lei n. 57/66 é posterior e trouxe uma alteração ao enunciado previsto no art. 32 do CTN com o escopo de dirimir os conflitos entre as competências municipal e federal acrescentando o critério da destinação e da utilização do imóvel.
Nesse sentido, sobre esses tipos de imóveis deve incidir o ITR, tributo de competência da União.
Para solucionar o conflito de interesses, o Município deveria ou isentar esses proprietários ou adequar o plano diretor para excluir do perímetro urbano essas áreas.
Uma alternativa mais rentável ao Município seria fiscalizar e cobrar o ITR, de modo que ficaria com a totalidade do seu produto da arrecadação, conforme previsão do art. 153, §4º, III c/c art. 158, II, ambos da CRFB/88. 
5.	A modificação da planta genérica, que determina a base de cálculo do IPTU, deve ser veiculada por lei, ou pode ser por meio de decreto? Há necessidade de publicação no diário oficial? (vide anexo VIII).
R: Como propriamente dito no enunciado da questão, a planta genérica é utilizada na composição da base de cálculo do IPTU. É sobre ela que incide a alíquota expressada em lei competente, exprimindo o valor do tributo a ser pago.
	Trata-se, então, de um dos elementos intrínsecos ao critério quantitativo do consequente da regra-matriz tributária. 
	Portanto, é necessária lei em sentido formal para a publicação de mapas de valores genéricos, uma vez que implica em atualização do valor venal do imóvel. 
O STF solidificou o entendimento de que a veiculação de planta genérica de valores por meio de portaria e a cobrança do tributo incidente sobre base de cálculo majorada com fundamento em lei publicada no mesmo exercício é inconstitucional. 
Além disso, o STJ deliberou sobre a matéria com a Súmula nº 160, a qual indica que “é defeso, ao município, atualizar o IPTU mediante decreto, em percentual superior ao índice oficial de correção monetária.”. Os municípios não podem majorar o tributo, apenas atualizar valor pela correção monetária, já que não constitui aumento de tributo e não se submete a exigência de reserva legal.
6. Quanto ao ITR pergunta-se:
a) O art. 11 da Lei n. 9.393/96 fixou as alíquotas do ITR em percentuais que variam de 0,03% a 20%, conforme a área total do imóvel e o grau de utilização. No seu entender, referida progressividade atende ao disposto no art. 153, § 4º, da Constituição Federal? A alíquota de 20%, neste caso é confiscatória? Em caso negativo quando ter-se-ia caracterizado o efeito confiscatório? Justificar.
R: Apesar da legislação ordinária vigente (Lei nº 9.393/96) prever progressividade em função do tamanho do imóvel, a Constituição Federal somente autoriza a tributação progressiva de propriedades rurais com o fim de desestimular a manutenção de propriedades improdutivas.
Assim dispõe o parágrafo § 4º, do artigo 153:
Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre:
(...)
VI - propriedade territorial rural;
(...)   
4º O imposto previsto no inciso VI terá suas alíquotas fixadas de forma a desestimular a manutenção de propriedades improdutivas e não incidirá sobre pequenas glebas rurais, definidas em lei, quando as explore, só com sua família, o proprietário que não possua outro imóvel.
   	Enquanto o artigo 11, da Lei nº 9393/96:
Art. 11. O valor do imposto será apurado aplicando-se sobre o Valor da Terra Nua Tributável - VTNt a alíquota correspondente, prevista no Anexo desta Lei, considerados a área total do imóvel e o Grau de Utilização - GU.
Na prática, isto impede que a alíquota do imposto objeto de estudo varia e de 0,03% até 20% em função da área do imóvel e do grau de sua utilização. Nos termos da Lei nº 9.393/96, para um imóvel com área superior a 5.000 hectares, com até trinta por cento utilizada, o imposto tem alíquota de 20%, o que significa dizer que em cinco anos, se persistente a situação, estará confiscado.
Alguns doutrinadores, como Hugo de Brito Machado, entendem que com essa alíquota, assim tão elevada, "o tributo teria inescondível efeito confiscatório, suscitando, pois, a questão de sua constitucionalidade em face do art. 150, inciso IV, da CF, que veda à União, aos Estados e aos Municípios utilizar tributo com efeito de confisco".
Portanto, observa-se que a progressividade em questão colide com a progressividade prevista constitucionalmente, que autoriza a aplicação de diferentes alíquotas tão somente com o fim de desestimular a manutenção de propriedades improdutivas.
Logo, o tamanho da propriedade não é um fator preponderante na correta utilização do imóvel, fugindo ao modelo diagramado pelo legislador constituinte para a aplicação da progressividade deste tributo.
Do exposto, pode-se concluir que existem duas hipóteses de progressividade, uma fiscal, que visa atingir a capacidade contributiva e é aplicável ao IR (e atualmente ao IPTU diante da alteração da Constituição), e outra extrafiscal, aplicável ao ITR e ao IPTU antes da Emenda Constitucional nº 29/00.
O valor ou o tamanho do imóvel são critérios de progressividade fiscal, que visam atingir a capacidade contributiva do contribuinte, e não podem ser aplicados aos impostos reais por ser absolutamente antagônico à progressividade extrafiscal aplicável ao ITR por força do §4º, do artigo 153, da Constituição Federal.
    Diante da posição adotada pelo Supremo Tribunal Federal de que os impostos reais se submetem apenas à progressividade extrafiscal (salvo expressa ressalva no texto da Constituição Federal)e, sendo o tamanho do imóvel um critério de progressividade fiscal na medida em que não guarda relação com a forma de utilização da propriedade, mas sim com seu valor, é de se concluir que progressividade instituída pela Lei nº 9.393/96 não encontra amparo na Constituição Federal vigente.
Não existe uma regra que determine que uma propriedade é melhor utilizada que outra por ser menor, ou que uma grande propriedade é, necessariamente, subutilizada.
Diante do exposto, resta reconhecer que a progressividade aplicável seria a que utiliza como critério de aplicação o grau de utilização do imóvel.
b) A que tipo de lançamento está sujeito o ITR? A exclusão da base de cálculo do ITR da área de reserva legal depende de sua averbação na matrícula? Pressupõe o protocolo de Ato Declaratório Ambiental (ADA) do IBAMA, ou do Cadastro Ambiental Rural (CAR - Lei nº 12.651/12)? (vide anexos IX, X e XI).
R: O ITR está submetido ao lançamento por homologação, ao contrário do ITPU, típico lançamento de ofício. O artigo 8°, § 2°, da Lei 9.393/96prescreve que o VTN deve corresponder ao preço de mercado das terras apurados no 1° dia do ano a que se referir o Documento de Informação e Apuração do ITR (DIAT), que deve trazer as características do imóvel, inclusive, no que se refere às áreas de preservação permanente, reserva legal, entre outras.
O art. 10 da Lei 9.393/96 apresenta a base de cálculo do ITR, estabelecendo isenções em relação às áreas de preservação ambiental. Por outro lado, não cabe à legislação tributária definir o que seria área de preservação permanente, de reserva legal ou de florestas nativas, entre outros conceitos que são típicos de direito ambiental, mas que se refletem no direito tributário.
Assim, o legislador tributário se reporta à Lei 12.651/2012, norma geral de Direito Ambiental que prescreve o que pode ser considerado áreas de preservação permanente e de interesse ecológico. Portanto, na prática, não basta inserir na DIAT que existe área de preservação no imóvel rural, mas deve atentar para as normas de Direito Ambiental, para que se possa incidir a isenção no caso concreto.
A norma geral de Direito Ambiental que deve ser analisada é a antiga Lei 6.938/81, diversas vezes alterada, inclusive para poder se adequar à Constituição de 1988. Em seu art. 17-O, trata indiretamente do ITR, apesar de ser norma de direito ambiental ao ser interpretada em conjunto com o art. 10 da Lei nº 9.393/96, indica que para obter a isenção do ITR em relação às áreas reguladas por normas ambientais, é obrigatória a apresentação do Ato Declaratório Ambiental – ADA, mediante o pagamento de taxa, de poder de polícia, ao IBAMA.
Por outro lado, o CARF vem admitindo a isenção do ITR, mesmo sem a apresentação da ADA quando a área de reserva legal, objeto de isenção, está devidamente averbada na matrícula do imóvel. No judiciário, o entendimento jurisprudencial indica que para as áreas de preservação ambiental permanente e reserva legal é inexigível a apresentação de ato declaratório do IBAMA ou da averbação desta condição à margem do registro do imóvel para efeito de isenção do ITR, com base na invalidade desta exigência frente ao disposto no artigo já mencionado artigo 10. 
7.	Com relação ao IPVA pergunta-se:
a) Que é “veículo automotor”? Embarcações e aeronaves enquadram-se no conceito de “veículo automotor”, sujeitando-se à incidência do IPVA?
R: O termo “veículo” vem do latim, vehere e significa: transportar por terra ou mar, por meio de qualquer veículo. É o “instrumento ou aparelho que, dotado de certos requisitos, serve ao transporte de coisas ou pessoas, de um para outro lugar”. 
Contudo, o termo “automotor” acaba por restringir seu precedente – veículo – não havendo qualquer menção ao significado do substantivo na legislação nacional, além do previsto no Código de Trânsito. Os dicionários de língua portuguesa trazem a seguinte definição: “1. adj. Que produz por si próprio o movimento”. 
Há muitos juristas que entendem pela possibilidade do imposto abranger os veículos aéreos e aquáticos, em razão do conceito de automotores, que compreende veículos movidos a motor de propulsão que circulam por seus próprios meios e que servem normalmente para o transporte viário de pessoas ou coisas, conforme o anexo I do Código Brasileiro de Trânsito. Porém, a própria legislação estabelece que os termos ali utilizados estão ligados apenas às leis de trânsito.
Portanto, a ausência de lei regulamentando o tema gera interpretações distintas acerca do mesmo tópico. Kiyoshi Harada, sobre a analogia em matéria tributária, nos ensina que: 
A integração da legislação tributária outra coisa não é senão a busca de outro preceito, aplicável, por adaptação, ao caso concreto, na ausência de preceito específico. (...) Só no caso de ausência de disposição expressa cabe o processo de integração. Advirta-se, desde logo, que devido à natureza da obrigação tributária (obrigação ex lege) o campo de atuação do processo de integração da legislação tributária é bem restrito. (...) Embora a analogia figure em primeiro lugar, não quer dizer que ela tenha maior relevância ou aplicação no campo tributário. Por força do princípio da legalidade tributária, ela só tem aplicação na área do direito processual; não poderá ter aplicação no âmbito do direito material, ou seja, em relação aos elementos constitutivos da obrigação tributária como, alias, está dito no parágrafo primeiro supratranscrito. (HARADA; 2018 - p. 411/412).
Da mesma forma alude Hugo de Brito Machado: 
Cuida-se, aqui, de integração, e não de interpretação. O aplicador da lei só recorrerá a um dos meios acima indicados na ausência de disposição expressa e específica. A integração preenche essa ausência, isto é, a lacuna existente na legislação. Porque constitui desempenho da atividade excepcional, tendo em vista que a valoração, como atividade política, é predominantemente, e em princípio, exercida pelo legislador, a integração sofre as restrições impostas pelos §§ 1o e 2o do mencionado art. 108, que a doutrina geralmente diz decorrentes do princípio da legalidade. Em virtude de tais restrições é que “o emprego da analogia não poderá resultar na exigência de tributo não previsto em lei” (§ 1o)” (MACHADO; 2015 - p. 89).
Em análises jurisprudenciais notou-se que o posicionamento majoritário dos ministros é de que os conceitos de aeronaves, embarcações e veículos automotores são distintos entre si, e o IPVA refere-se exclusivamente a veículos automotores, não sendo possível utilizar a analogia para estender a cobrança do IPVA sobre aeronaves e embarcações.
	Ao redigir a norma constitucional, o legislador talvez não tenha percebido a riqueza representada por aqueles que possuem, para uso particular e de lazer, aeronaves e/ou embarcações, o que, atualmente, pode ser visto como injusto com aqueles que pagam impostos pois possuem um veículo utilitário de baixíssimo valor comparado ao valor de uma aeronave ou embarcação.
b) A Constituição Federal definiu o critério espacial da regra matriz de incidência tributária do IPVA? Caso a pessoa (física ou jurídica) tenha domicílios em diferentes Estados, nos termos dos arts. 71 e §1º do art. 75, do Código Civil Brasileiro, qual será o Estado competente para cobrança do IPVA? E se o veículo for registrado em um Estado, mas utilizado em outros? (vide anexos XII e XIII)
R: Possui repercussão geral a controvérsia acerca do local a ser pago o IPVA, se em favor do estado no qual se encontra sediado ou domiciliado o contribuinte ou onde registrado e licenciado o veículo automotor cuja propriedade constitui fato gerador do tributo (ARE 784682 RG / MG).
	Por sua vez, havendo pluralidade de domicílios comprovada, o contribuinte, proprietário de veículo automotor tem livre escolha do local onde pretende registrar e licenciar o automóvel (Apelação Cível nº 0148012-2010.8.26.0100).
	Por fim, com relação ao último questionamento, o imposto é devido no local em que circula regularmente. Havendo mais de um local, ficará a critério do contribuinte. 
c) É possível a exigênciado imposto em relação ao domínio útil ou posse do veículo? Identificar, justificando sua resposta, quem pode integrar a relação jurídica tributária do IPVA, na qualidade de sujeito passivo, caso o veículo seja objeto das operações de: i) locação; ii) arrendamento mercantil (leasing); iii) alienação fiduciária (XIV, XV e XVI). 
R: O sujeito passivo precisa estar intimamente relacionado à prática do fato jurídico, não podendo ser, por isso mesmo, pessoa diversa do proprietário do veículo automotor. 
A tributação do IPVA somente poderá recair sobre a pessoa que age como titular do domínio e da posse, na qualidade de elementos inerentes à propriedade. 
Na alienação fiduciária, tomada a coisa pelo credor em virtude do não pagamento do débito, este não pode com ela permanecer, conforme estabelecido nos artigos 1.364 e 1.365 do Código do Civil. 
Assim, o entendimento jurisprudencial indica que a propriedade é transmitida ao credor fiduciário em garantia da obrigação contratada, sendo o devedor tão somente o possuidor direto da coisa. Sendo o credor fiduciário o proprietário do veículo, o reconhecimento da solidariedade se impõe, pois reveste-se da qualidade de possuidor indireto do veículo. 
No que se refere à locação e ao arrendamento mercantil, o proprietário é o locador ou o arrendador, não surgindo o ponto polêmico da questão anterior, pois inexiste o animus domini, não se caracterizando a posse plena por parte do locatário ou do locatário. 
	d) Qual o critério temporal do imposto no caso de (i) veículo novo; e (ii) veículo usado? Pode um Estado cobrar o imposto já pago em outra unidade federada no caso de transferência do veículo usado durante o exercício? Sendo o veículo objeto de roubo, furto ou perda total durante o exercício, pode o contribuinte pedir a restituição proporcional do valor já pago a título de IPVA? 
R: O IPVA é um imposto cobrado anualmente, durante o exercício fiscal, dispondo a lei uma data limite para a realização do recolhimento pelo contribuinte. 
Desta feita, havendo operação de venda de veículo após a quitação do imposto, o comprador não realizará novo pagamento do imposto, estando este quitado. Por sua vez, caso exista pagamento parcelado do tributo, o adquirente assume as parcelas pendentes a partir da aquisição do bem. 
No que tange às operações de compra de veículo novo, o adquirente deverá realizar o pagamento proporcional do imposto de acordo com a data da compra.
A respeito da cobrança do IPVA do estado que recebe o veículo em transferência durante o exercício, mantem-se a aplicação da regra geral, se o IPVA já tiver sido pago não haverá nova cobrança, apenas no próximo exercício.
Por fim, caso o veículo tenha sido objeto de roubo, furto ou perda total durante o exercício, constata-se a perda do critério material da arrecadação. Portando, ocorrendo alguma destas situações, o estado deverá restituir o valor proporcional aos período que ainda resta para finalizar o período.
BIBLIOGRAFIA
MONTEIRO Washington de Barros. Curso de Direito Civil, Ed. Saraiva. São Paulo.
MAMEDE, Gladston, 2002 apud GARCIA, R. O. F. O fato gerador do IPVA: breve defesa da incidência sobre veículos aéreos e náuticos. Conteudo Júridico. Disponível em: <http://www.conteudojuridico.com.br/?artigos&ver=2.41842&seo=1>. 
RIOS, Dermival Ribeiro. Minidicionário Escolar: Língua Portuguesa. DCL: São Paulo, 2010.
HARADA, Kiyoshi. Direito Financeiro e Tributário, Ed. Atlas, 8a ed.
MACHADO, Hugo de Brito. Curso de Direito Tributário, Ed. Malheiros, 18ª ed.

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