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IBET_Módulo_IV_Seminário_III

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IBET – INSTITUTO BRASILEIRO DE ESTUDOS TRIBUTÁRIOS
Módulo: Controle da Incidência Tributária
Seminário III: Sistema, Competência e Princípios
Aluna: Muryelle Reguengo Leite e Silva
1.	Que é sistema? Há diferença entre sistema e ordenamento jurídico? Pode-se dizer que o direito positivo se caracteriza como um sistema?
R: A palavra “sistema” pode ser utilizada com o significado de conjunto formado por elementos que se relacionam segundo certos padrões de racionalidade, composição de coisas pertencentes ao mesmo gênero. Nas palavras de Paulo de Barros Carvalho “o sistema aparece como objeto formado de porções que se vinculam debaixo de um princípio unitário ou composição de partes orientadas por um vetor comum” (CARVALHO, 2011. P. 170). 
Diante desta definição, é possível concluir que o sistema jurídico é um conjunto de normas jurídicas, uma vez que estas se relacionam de várias formas (inclusive hierarquicamente), de acordo com o princípio unificador. (CARVALHO, 2011. P. 175). 
Apesar de haver uma correlação entre os conceitos de sistema e ordenamento jurídico e, muitas vezes serem utilizados como sinônimos, existe diferença na essência destas significações. O sistema é o resultado da elaboração doutrinária ou científica do texto bruto do ordenamento; implica na ordenação do material jurídico e sua interpretação; é a apresentação do direito de uma maneira sistemática, conceitualmente refinada, livre de contradições e ambiguidades (MORCHON, 2013. P. 111). 
Assim, o ordenamento seria apenas a aglutinação dos textos brutos da legislação (normas positivadas), carecendo da contribuição do cientista, a atividade do jurista, para alcançar o status de sistema (CARVALHO, 2011. P. 179).
Portanto, é possível concluir que o direito positivo não pode ser caracterizado como um sistema, uma vez que a interpretação da norma é o ponto diferencial para a identificação do conceito de sistema. 
2.	Que se entende por “sistema constitucional tributário”? Qual sua função no direito tributário?
	R: Após a conceituação de “sistema jurídico”, é possível vislumbrar a relevância da hierarquia das normas e, no Brasil, a Constituição da República Federativa é o último elemento de validade semântica desta pirâmide. 
	Portanto, pode-se compreender o sistema constitucional como aquele que fundamenta toda a ordem jurídica, considerando a sua posição de superioridade hierárquica (princípios e regras), referências para todo o ordenamento.
O sistema constitucional tributário encontra-se disposto no capítulo I, do título VI, da CRFB/88 e, representa um verdadeiro subsistema, que trata dos aspectos da imposição tributária pelo Estado, dos poderes exercidos por este na esfera tributária e das garantias dos contribuintes perante estes poderes.
Nas palavras de Paulo de Barros Carvalho (2011, p. 190):
Pertencendo ao estrato mesmo da Constituição, da qual se destaca por mero expediente lógico de cunho didático, o subsistema constitucional tributário realiza as funções do todo, dispondo sobre os poderes capitais do Estado, no campo da tributação, ao lado de medidas que asseguram as garantias imprescindíveis à liberdade das pessoas, diante daqueles poderes.(...)
Ressalte-se que, a Carta Magna Brasileira, no que diz respeito à matéria tributária, é rígida e analítica, pormenorizando o tema em diversos artigos, atribuindo competências às pessoas políticas de direito público para instituir tributos, definindo as espécies tributárias e estabelecendo os princípios e as imunidades, fazendo-o com o desígnio de limitar o exercício da respectiva competência (limitação ao poder de tributar). Geraldo Ataliba afirmava, resumidamente, que “Direito Tributário no Brasil é Direito Constitucional”.
3. Que é princípio, como é e para que serve? Há diferença entre regras e princípios? No caso de conflito, qual deve prevalecer? E no caso de conflito entre princípios, qual critério deve informar a solução? (Vide anexos I e II).
R: O legislador constituinte conferiu o poder de instituir tributos às pessoas políticas de direito público no âmbito do Sistema Constitucional Tributário. Por sua vez, como um dos recursos para limitar o exercício de tal prerrogativa, estabeleceu os princípios. 
Nas palavras de Antonio Carrazza (2019, p. 32):
Princípio jurídico é um enunciado lógico, implícito ou explicito, que, por sua grande generalidade, ocupa posição de preeminência nos vastos quadrantes do Direito e, por isso mesmo, vincula, de modo inexorável, o entendimento e a aplicação das normas jurídicas que com ele se conectam.
Celso Antonio Bandeira de Mello também aduz (2019, p. 547):
(...) é, por definição, mandamento nuclear de um sistema, verdadeiro alicerce dele, disposição fundamental que se irradia sobre diferentes normas compondo-lhe o espírito e servindo de critério para sua exata compreensão e inteligência, exatamente por definir a lógica e a racionalidade do sistema normativo, no que lhe confere a tônica e lhe dá sentido harmônico. É o conhecimento dos princípios que preside a intelecção das diferentes partes componentes do todo unitário que há por nome sistema jurídico positivo. (...)"
Assim, compreende-se que os princípios jurídicos são comandos ordenadores, cujo objetivo é inspirar a compreensão das normas jurídicas. 
Vale acrescentar que há diferença entre princípios e regras, uma vez que estas, ordinariamente, possuem um grau de concretização maior, pois regula o fenômeno jurídico com um nível menor de abstração. Por sua vez, os princípios constituem pautas de comportamentos, de valores a serem adotadas no bom emprego das regras em geral, sendo elementos informadores destas.
Canotilho indica que, por vezes, é uma tarefa complexa diferenciar princípios e regras e, indica sobre alguns critérios que podem ser observados:
a) Grau de abstração: os princípios são normas com um grau de abstração relativamente elevado; de modo diverso, as regras possuem uma abstração relativamente reduzida.
b) Grau de determinabilidade na aplicação do caso concreto: os princípios, por serem vagos e indeterminados, carecem de mediações concretizadoras, enquanto as regras são suscetíveis de aplicação direta.
c) Caráter de fundamentalidade no sistema das fontes de direito: os princípios são normas de natureza ou com um papel fundamental no ordenamento jurídico devido à sua posição hierárquica no sistema das fontes (ex: princípios constitucionais) ou à sua importância estruturante dentro do sistema jurídico (ex: princípio do Estado de Direito).
d) Proximidade da ideia de direito: os princípios são standards juridicamente vinculantes radicados nas exigências de justiça (Dworkin) ou na ideia de direito (Larenz); as regras podem ser normas vinculativas com um conteúdo meramente funcional.
e) Natureza normogenética: os princípios são fundamentais de regras, isto é, são normas que estão na base ou constituem a ratio de regras jurídicas, desempenhando, por isso, uma função normogenética fundamentante.
Portanto, conclui-se que o Sistema Constitucional contempla normas sem carga valorativa, ou com carga valorativa incipiente e outras que assumem posição privilegiada no Sistema Constitucional Tributário, possuindo elevada carga de valores. As primeiras veiculam regras e as demais princípios.
Os princípios podem ser expressos ou implícitos, já as regras só podem ser expressas; não permitem exceções as regras, enquanto aos princípios sim; as regras, quando confrontadas entre si, podem expressar antinomias, por sua vez os princípios não. 
Quando ocorrer o confronto entre princípio e regra, a regra deverá ser interpretada de acordo com o princípio. Não sendo possível, prevalecerá o princípio, uma vez que este que é norteador para interpretação da norma. 
No caso de haver confronto entre dois princípios deverá ser procedido o necessário equilíbrio de valores, para que se possa harmonizar a aplicação dos princípios ao caso concreto e regular sua convivência no sistema. 
4.	Identificar, nas situações a seguir, se algum princípio foi desrespeitado e, em caso afirmativo, indicar qual:
	a) instituiçãoe regulamentação de dever instrumental por meio de instrução normativa (vide anexo III);
		R: Apenas a criação de dever instrumental por meio de instrução normativa não viola o princípio da legalidade. Este limite regulamentar somente seria extrapolado caso a referida instrução dispusesse acerca de novas regras em seu conteúdo. 
	b) estipulação de graus de risco da atividade laborativa (para o SAT) por meio de decreto (vide anexo IV);
		R: O STF entendeu que não fere o princípio da legalidade a estipulação de graus de risco da atividade laborativa (para o SAT) por meio de decreto. 
		Estabelecer o grau de risco de acordo com a atividade preponderante de cada empresa não excede os limites legais do poder regulamentar do Executivo. Por esse motivo, a fixação do grau de risco da atividade empresarial via decreto é legal.
	
	c) multas sancionatórias na percentagem de 75% (vide anexos V e VI);
		R: Há necessidade de avaliação do caso concreto. Se a multa for isolada entende-se que há caráter confiscatório, ferindo assim o Princípio da Vedação ao Confisco (art. 150, IV da CRFB/88). 
	d) imposto de importação com alíquota de 150%;
		R: O teto estabelecido para o imposto de importação é de 150%. Entende-se, inicialmente, que não há ferimento a nenhum princípio. Porém, é possível interpretar que a alíquota demasiadamente alta violaria o Princípio da Vedação ao Confisco. 
	e) lei municipal ou distrital que institui responsabilidade pelo crédito tributário a terceira pessoa;
		R: Não viola o princípio da legalidade, pois a LC 116/2003 permite que os Municípios e o Distrito Federal, mediante lei, poderão atribuir de modo expresso a responsabilidade pelo crédito tributário a terceira pessoa, vinculada ao fato gerador da respectiva obrigação, excluindo a responsabilidade do contribuinte ou atribuindo-a a este em caráter supletivo do cumprimento total ou parcial da referida obrigação, inclusive no que se refere à multa e aos acréscimos legais. 
	f) elaboração, pelo CONFAZ, de lista de produtos semielaborados sujeitos à incidência do ICMS (vide anexo VII);
		R: Nos termos do entendimento jurisprudencial, o legislador complementar permitiu apenas a possibilidade de relacionar os produtos semielaborados, não havendo delegação de competência normativa. Não fere nenhum princípio. 
	g) penhora, em execução fiscal, de automóvel de pequeno valor utilizado para transportar portador de necessidades especiais (vide anexo VIII).
 		R: Neste caso, apesar de não haver normal legal que vede expressamente tal penhora, há violação ao princípio da dignidade da pessoa humana, devendo o bem ser considerado impenhorável. 
	h) quebra do sigilo bancário em favor da fiscalização.
		R: A quebra do sigilo vai de encontro com o princípio da privacidade, que está diretamente ligado ao princípio da dignidade da pessoa humana. Porém, o STF compreendeu que não caracteriza quebra do sigilo, mas sim transferência de informações entre bancos e o Fisco, ambos protegidos contra o acesso de terceiros.
	i) a imposição da desistência das discussões judiciais e administrativas para adesão a parcelamento de débitos.
		R: Poderia se considerar que fere o princípio da inafastabilidade da jurisdição. Porém, se a empresa se habilita ao parcelamento de sua dívida, em condições especiais, presume-se que admite a pertinência do débito, o que torna razoável a imposição de desistência das ações judiciais em curso, da renúncia ao direito invocado nas mesmas e da confissão irretratável e irrevogável do débito. Se a contribuinte deseja discutir a legitimidade da cobrança, seria contraditório postular o seu pagamento em parcelas. O entendimento jurisprudencial segue neste sentido. 
	j) desconsideração de negócio jurídico realizado pelo contribuinte mediante planejamento tributário em razão de ausência de propósito negocial nos atos praticados pelo contribuinte.
		R: Há interpretação divergente sobre esta questão. O entendimento majoritário é de que não há violação aos princípios, uma vez que qualquer negócio jurídico deve perseguir uma finalidade econômica (função social do contrato), tendo como objetivo principal otimizar os negócios da empresa. Se a única finalidade for a redução da carga tributária, o planejamento é considerado ilegal. 
		Porém, há também o entendimento de que a única finalidade de economia de tributos é por si só propósito negocial, sendo a desconsideração uma violação do princípio é o da livre iniciativa e da legalidade. 
5. Que é, como é e para que serve a competência tributária? Quais as características da competência tributária? Há relevância na distinção dentre tipos e conceitos no tocante a competência tributária no Sistema Jurídico Brasileiro? Qual a diferença entre competência tributária e capacidade tributária? Analisar a facultatividade do seu exercício relativamente à Lei de Responsabilidade Fiscal (LC n. 101/00), que veda a transferência voluntária de receitas a entes que tenham deixado de instituir algum tributo de sua competência. (vide anexo IX)
R: A competência tributária é o poder dado pela Constituição Federal aos entes federativos para criar, modificar e extinguir tributos por meio de leis, respeitados os limites por ela impostos.	
Paulo de Barros indica que a competência tributária, em resumo, é uma das parcelas entre as prerrogativas legiferantes de que são portadoras as pessoas políticas, consubstanciada na possibilidade de legislar para a produção de normas jurídicas sobre tributos (CARVALHO, 2011.P. 270).
A a competência tributária integra o rol das prerrogativas de índole legislativa atribuídas às pessoas políticas de direito público em matéria tributária e possui características que lhes são próprias, quais sejam: a irrenunciabilidade, a incaducabilidade e a indelegabilidade.
Alguns doutrinadores, incluindo Paulo de Barros afirmam que a privatividade, a facultatividade e a alterabilidade não seriam, em sua concepção, características da competência tributária. 
No que tange à privatividade, indica que só se pode admitir tal atributo em relação à competência impositiva da União, fundamentando tal entendimento na compreensão de que, no eventual exercício da competência extraordinária, a União pode criar e cobrar tributos que são da competência dos Estados-Membros e Municípios, circunstância esta que isoladamente não afasta a privatividade como uma das características da competência tributária.
Por sua vez, a doutrina diverge sobre a possiblidade da facultatividade ser ou não arrolada como uma das características da competência tributária.
Paulo de Barros Carvalho aduz sobre a impossibilidade de se afirmar decididamente que a facultatividade integra o rol das características da competência tributária. Para tal conclusão, fundamenta-se na vedação constitucional, dirigida aos Estados-Membros, de concessão de incentivos e benefícios ficais, sem aprovação unânime no âmbito do CONFAZ, e outrossim na exigência de que criem por lei o citado imposto. 
No entanto, embora não arrole a facultatividade como característica da competência tributária pelo motivo exposto, reconhece que, à exceção da hipótese descrita, que a competência tributária é facultativa, exemplificando tal entendimento com imposto sobre grandes fortunas – que até hoje não foi criado pela União – e com os impostos municipais, quando não criados pelos Municípios, muitos dos quais se contentam com a participação na receita do ICMS.
Apesar de na regra geral, a competência seja realmente facultativa, a exceção em relação ao ICMS é bastante em si mesma para impedir que a facultatividade seja arrolada como uma das características da competência tributária. 
Além das divergências doutrinárias, no que se refere ao ICMS há linearidade entre os autores de que a competência tributária é facultativa. As pessoas políticas podem ou não, por seus respectivos Poderes Legislativos, atendendo a razões de conveniência e oportunidade, exercê-las, editando as normas padrão de incidência dos tributos de sua competência.
A opção de criar ou não tributos é uma decisão discricionáriados titulares da atividade legislativa. 
Há relevância na distinção dentre tipos e conceitos no tocante a competência tributária no Sistema Jurídico Brasileiro, uma vez que cada ente político é responsável pela criação de determinado tributo e não poderá ultrapassar a competência de outrem.
A competência tributária alude à possibilidade de criação de tributos. Já a capacidade tributária é decorrente da competência tributária e possui natureza administrativa e também se refere as funções de arrecadação e fiscalização de tributos, além a execução de leis, serviços, atos ou decisões administrativas em matéria tributária.
Entendo que a Lei de Responsabilidade Fiscal (LC m. 101/00), que veda a transferência voluntária de receitas a entes que tenham deixado de instituir algum tributo de sua competência não fere a característica da facultatividade da competência tributária de um ente federativo, visto que esta faculta a criação ou não de um tributo em um determinado momento.
6. Proposta de Reforma Tributária Nacional que substitua os impostos estaduais e municipais sobre bens e serviços, por um imposto único de competência da União por emenda constitucional viola os Princípios do Pacto Federativo e do Federalismo Fiscal? E se esta emenda prever expressamente o repasse obrigatório da integralidade ou parte do produto da arrecadação desse imposto único para os estados e municípios?
R: A proposta de reforma tributária que substitui os impostos estaduais e municipais sobre bens e serviços, pode ser considerada inconstitucional, uma vez que ofende ao princípio federativo, sendo uma das cláusulas pétreas de nosso sistema constitucional. 
Assim, no modelo político adotado pelo Brasil em sua norma constituinte, qual seja o federalismo, os entes federados possuem autonomia financeira, política e administrativa, havendo repartição de competência entre as esferas de Governo, que compreendem a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios.
O pacto federativo consente que os municípios possam instituir e arrecadar seus próprios tributos, podendo destinar tais verbas da melhor forma que lhes aprouver. Retirar esta capacidade dos entes os tornam dependentes.
É possível interpretar que a autonomia não se limita à competência tributária, uma vez que é composta de várias outras fontes de arrecadação. Já houve, em situação anterior, alterações de competência tributária, como ocorreu quando a Lei Complementar 87/96, conhecida como Lei Kandir, impediu os estados de cobrar ICMS na exportação, o que antes era permitido, não se tendo cogitado de violação à cláusula pétrea do federalismo. 
Outro exemplo se deu quando a Emenda Constitucional 3/93 extinguiu o Imposto sobre Venda a Varejo de Combustíveis (IVVC), que competia aos municípios, e o Adicional de Imposto sobre a Renda, que pertencia aos estados. Compreende-se que basta haver receita para que estados e municípios se mantenham autônomos, não sendo necessário que seja decorrente de competência tributária. 
Portanto, se atribuída quantidade de recursos para que estados e municípios sejam autônomos, será constitucional a proposta de emenda constitucional neste aspecto.
7.	A Emenda Constitucional n. 39/02 acrescentou à Constituição o art. 149-A e parágrafo único, dispondo:
“Art. 149-A. Os Municípios e o Distrito Federal poderão instituir contribuição, na forma das respectivas leis, para o custeio do serviço de iluminação pública, observado o disposto no art. 150, I e III.
Parágrafo único. É facultada a cobrança da contribuição a que se refere o caput, na fatura de consumo de energia elétrica”.
Com fundamento nesse dispositivo, a Prefeitura de Itambé instituiu o seguinte tributo:
Prefeitura Municipal de Itambé, Decreto Municipal 3.708 de 10/10/03 (DOM 13/10/03)
Art. 1º Fica instituída contribuição para o custeio do serviço municipal de energia elétrica que tem como fato gerador a prestação do serviço de energia elétrica pelo Município.
Art. 2º A base de cálculo é o valor da fatura de consumo de energia elétrica.
§ 1º A alíquota é de 0,5%.
§ 2º Os contribuintes que morarem na região central pagarão 50% a mais do valor devido.
Art. 3º Contribuinte é o consumidor de energia elétrica.
Art. 4º Compete à Secretaria de Finanças fiscalizar o abatimento realizado pela concessionária.
Art. 5º A importância devida a título dessa contribuição deve ser paga até o último dia do mês subsequente e recolhida pela concessionária de energia elétrica juntamente com a fatura mensal de consumo, ficando a concessionária responsável pelo abatimento do montante recolhido da fatura municipal.
Parágrafo único. O não-pagamento da contribuição, ou o não repasse, implica multa de 150 UFIRs.
Art. 6º Esta lei entra em vigor na data de sua publicação, devendo produzir todos os seus efeitos a partir do dia 01/11/03.
{...].
Pergunta-se:
a) O sistema constitucional tributário brasileiro admite alterações na faixa de competência tributária das pessoas políticas? Há alguma vedação à ampliação da competência tributária municipal por meio de emenda constitucional? Em caso afirmativo, qual(is)?
R: As limitações à competência tributária, previstas nos artigos 9º a 11 do CTN, consistem-se em princípios e normas jurídicas, consubstanciadas em vedações constitucionais, que têm por objetivo a garantia do cidadão contra o abuso do poder de tributar do Estado.
A alteração de competência apenas será admissível por meio de Emenda Constitucional, não se permitindo que o princípio da Federação seja abalado por modificações advindas da vontade do legislador infraconstitucional. Não pode um Ente político, por meio de lei ordinária, delegar ou transferir sua competência tributária para outro Ente político, já que quem conferiu a sua competência foi a Constituição. 
É irrenunciável, pois o não exercício da sua competência tributária não a faz perder, já que o exercício da competência tributária é considerado uma faculdade.
A questão, entretanto, é se uma emenda constitucional pode alterar competência tributária de uma unidade federativa para outra, por exemplo, competência antes dos Estados e Distrito Federal para a União, sem incorrer em violação aos preceitos da Federação.
Assim, até aqui, constata-se que não há, no art. 60, §4°, da CF/88, referência direta a limites expressos à proposta de emenda constitucional que pretenda alterar competência tributária. Também não há proteção pelos limites materiais implícitos, reconhecidos pela doutrina e jurisprudência. 
Esses são os argumentos utilizados para justificar que a alteração de competência tributária não violaria preceitos constitucionais, pois se a Constituição conferiu competências tributárias para determinados Entes federados, pode muito bem, por meio de emenda constitucional, alterar essas competências.
b) Os Municípios podem, na criação de tal contribuição, com fundamento no art. 149-A da CF, utilizar uma das materialidades que lhes foram atribuídas constitucionalmente para a instituição de impostos? E das materialidades atribuídas aos Estados, Distrito Federal e União por ocasião da repartição constitucional das competências para instituição de impostos? Há vedação constitucional quanto à materialidade eleita: “consumir energia”? Justifique (vide anexo X).
R: Na hipótese de criação, pela União, de determinada contribuição sobre materialidades atribuídas a impostos federais, não há que se falar em violação à competência atribuída aos outros entes federativos, uma vez que é incidente sobre matérias que não lhe foram afetadas. 
É vedado aos municípios, na criação da referida contribuição, aproveitarem-se de uma das materialidades que lhe foram atribuídas constitucionalmente para a instituição de impostos (art. 149-A da CRFB/88), bem como não podem se utilizar da competência de outro ente federativo. 
À União Federal é facultada a criação de imposto extraordinário nos termos do art. 134, II, CRFB/88, sobre hipóteses que sejam competência de outro ente federativo.
No que tange às operações de energia elétrica, diante do preceituado no art. 155  §3º da CRFB/88, apenashá previsão da incidência do ICMS.
A lei fictícia é inconstitucional, pois a materialidade eleita: “consumir energia” não está em linha com o art. 149-A da CRFB/88.
c) Quais princípios tributários não foram observados pela Prefeitura de Itumambé ao instituir esse tributo? A Prefeitura pode escolher quais princípios tributários quer aplicar e afastar os outros?
R: São princípios potencialmente violáveis na utilização de materialidades de impostos federais para criação de contribuições: legalidade (instituída de forma incorreta), anterioridade e nonagesimal (caso não haja prazo devido para início da vigência), capacidade contributiva (valor exorbitante), não-confisco (tributação confiscatória), segurança jurídica e isonomia (distinção no tratamento entre contribuintes).
A prefeitura não pode escolher os princípios tributários, porém em caso de conflito entre os princípios poderá pondera-los. 
	d) A alteração do prazo de pagamento deve respeitar o princípio da anterioridade? Em qual o critério da Regra-Matriz de Incidência figura o prazo para pagamento do tributo? (Vide anexo XI).
R: O prazo de recolhimento de tributos não foi submetido ao princípio da reserva legal. 
Obrigação tributária é elemento identificado no consequente da regra-matriz de incidência tributária que compreende o vínculo abstrato que se instaura entre os sujeitos que compõem essa relação jurídica de cunho patrimonial que é a tributária, em que a um deles (sujeito passivo) é acometido o dever de cumprir o objeto (a prestação tributária) e ao outro o direito subjetivo de vê-la cumprida (sujeito ativo).
Afirmar que o prazo de vencimento do tributo é elemento que compõe a obrigação tributária, fazendo parte desse vínculo porque delimita até que momento o dever de um dos sujeitos deve ser cumprido, bem como a partir de que instante o direito subjetivo do outro poderá ser exercido (pretensão) em função do descumprimento do dever jurídico contraposto, levará concluir que, por força do princípio da estrita legalidade previsto no artigo 150, I, CRFB/88, é inválida qualquer disposição infralegal que fixe o prazo de vencimento de tributos.
Não obstante, entender em sentido contrário, ou seja, no sentido de que o vencimento do tributo não é elemento da obrigação tributária, autoriza a conclusão de que instrumento normativo que não seja lei em sentido estrito é hábil para estatuir data do vencimento das diversas espécies tributárias. Compartilho deste último entendimento. 
BIBLIOGRAFIA
CARVALHO, Paulo de Barros. Curso de direito tributário, 23.ed. São Paulo: Saraiva, 2011.
CARRAZZA, Antonio Roque. Curso de direito tributário. 32 ed. São Paulo: Malheiros. 2019.
MELLO, Celso Antonio Bandeira de. Curso de Direito Administrativo. 34 ed. São Paulo: Malheiros. 2019
MORCHON, Gregório Robles. Teoría del derecho: fundamentos de teoria comunicacional del derecho. 2013.

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