Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
NO INSTAGRAM @jc_pe NO TWITTER @jc_pe NO FACEBOOK jornaldocommercioPE NOSSAS OUTRASMÍDIAS JC NAWEB www.jc.com.br NOMOBILE jc.com.br CENTRALDE ATENDIMENTOAO LEITOR (081) 3413.6100 E, no final,E, no final, foi mais dofoi mais do que apenasque apenas uma diversãouma diversão COMERCIAL (081) 3413-6800 / www.comercialjc.com.br ““ BBB que terminou com vitóriaBBB que terminou com vitória de Thelma (foto) foi o que maisde Thelma (foto) foi o que mais engajou públicoengajou público JC+1, Social1 3 Fisco à espera Pontapé inicial Donald Trump mira voos que saem do Brasil Omapa dos leitos Jornal do Commercio QUARTA-FEIRA Corrida é contra o impeachment Jair Bolsonaro, ao ser perguntado sobre o dia em que o País bateu o recorde de 474mortes por covid-19 em 24 horas. Brasil 4 Pandemia provoca atraso de 48% no número de declarações do IR entregues. Economia 8 CBF libera treinos de clubes de futebol para começar já na próxima sexta-feira. Esportes 15 Com governador da Flórida, presidente alerta para “grande surto” da covid no Brasil e sugere suspender voos. Internacional 8 Após superar 500 mortes e mais de 5,7 mil infectados em 40 dias, Estado corre para abrir novos leitos para casos confirmados e suspeitos da doença. Missão é evitar colapso com pico previsto para início de maio. Saiba os municípios e em que unidades de saúde se encontram as vagas destinadas a pacientes com covid. Cidades 2 e 3 JAILTON JR/JC IMAGEM D ID A SA M PA IO /E ST A D Ã O Aproximação com Centrão pode dar a Bolsonaro apoio de um grupo decisivo para seu futuro no cargo. Política 6 e 7 RE PR O D U ÇÃ O E daí? Lamento. Quer que eu faça o quê?” CORONAVÍRUS Recife, 29 de abril de 2020 ● Ano 102 ● Número 120 ● R$ 2,50 Cidades CINTHYA LEITE cinthyaleite@casasaudavel.com.br A pós superar ontem a marca de 500 mortes pela co-vid-19 e mais de 5,7 mil pessoas infectadas ao longodos últimos 40 dias, Pernambuco corre para abrir no- vos leitos exclusivos para casos confirmados e suspeitos da doença. A missão do Estado é evitar ser engolido pelo apogeu do novo coronavírus, previsto para a primeira quinzena de maio. A corrida retrata uma disputa entre o trabalho de abertu- ra de vagas de unidade de terapia intensiva (UTI) e a avassala- dora ação do vírus. De tão veloz, ele não dá folga a um só leito desocupado. A subida da taxa de ocupação não dá trégua nem mesmo quando se abremmais vagas. Só ontem, quando o Esta- do anunciou a abertura de seis leitos de UTI noHospital das Clí- nicas da Universidade Federal de Pernambuco e outros dez no Real Hospital Português (RHP), operados pelo Sistema Único de Saúde (SUS), a taxa de ocupação subiu um ponto percen- tual (ficou em 97%), em comparação com o dia anterior, com 16 vagas a menos. O secretário Estadual de Saúde, André Longo, não fala ainda em esgotamento total, pois reconhece que a rede ainda tem ca- pacidade para colocar mais leitos de UTI em funcionamento. Só o Hospital Nossa Senhora das Graças (antigo Alfa), em Boa Via- gem, Zona Sul do Recife, ainda tem como receber mais vagas. A unidade, que estava fechada desde 2018 e foi requisitada pelo governo de Pernambuco, tem 38 vagas de UTI abertas para ca- sos suspeitos e confirmados de covid-19, entre as cem que fo- ram anunciadas. “Omomento hoje é decisivo para o nosso siste- ma de saúde. Estamos nos estruturando dentro do nosso limite para ampliar a capacidade do sistema. Estamos na luta para co- locar todos os dias respiradores e equipes em operação para mais pessoas terem acesso a enfermaria e UTI”, destaca Longo. A Prefeitura do Recife e o Estado disponibilizam, em parce- ria, 1.132 novos leitos para o tratamento dos pacientes com sin- tomas da infecção pelo novo coronavírus. Desses, 677 são va- gas de enfermaria e outras 455 de UTI. Elas também foram criadas emmais 12 municípios da RegiãoMetropolitana do Re- cife e do interior. No Gran- de Recife, esses leitos es- tão nas cidades de More- no, Cabo de Santo Agosti- nho, Paulista e Olinda. Além disso, há vagas em Palmares (Zona da Mata Sul); Caruaru e Garanhuns (Agreste); Arcoverde, Ser- ra Talhada, Afogados da Ingazeira, Salgueiro e Pe- trolina (Sertão). Ainda no mês de maio, segundo o governo do Estado, os mu- nicípios de Caruaru, Serra Talhada e Petrolina recebe- rão reforços, com a entre- ga de novos leitos e a inau- guração de três hospitais de campanha. A responsabilidade de abertura de leitos de enfer- maria e UTI para pacientes com infecção respiratória sugesti- va de infecção pelo novo coronavírus também é de responsa- bilidade dos municípios, especialmente dos que compõem o Grande Recife e assistem agora à escalada de casos. Muitas dessas prefeituras anunciaram projetos de implementação de vagas, mas ainda não tiraram do papel. É o caso de Jaboatão dos Guararapes, que tem 374 casos graves de covid-19, e de Paulista, com 250 registros de pacientes na mesma condição. Os 131 leitos do Centro de Triagem e Tratamento para o Coro- navírus, em Jaboatão, estarão em funcionamento em maio, mas ainda não há data definida para abertura dessas vagas. A unidade, segundo a prefeitura, terá respiradores e concentra- dores de oxigênio, mas não será um espaço para operar com leitos de UTI. Já em Paulista, está marcada para 5 de maio a abertura de 60 leitos de enfermaria no ClubeMunicipal do No- bre. Não há previsão de inauguração de vagas de UTI. Tambémno Grande Recife, outromunicípio que opera no li- mite é Camaragibe, que colocou 14 leitos de terapia intensiva em funcionamento no Hospital Municipal Dr. Aristeu Chaves. Atualmente todos permanecem ocupados por pacientes em condição grave. Até o fim de semana, segundo a prefeitura, es- tá prevista a operação de aproximadamente mais 20 vagas na unidade de saúde. Já em Caruaru, no Agreste de Pernambuco, a prefeitura abriu 73 leitos de enfermaria para pacientes com suspeita de covid-19 e com diagnóstico confirmado. As vagas estão no Hospital Municipal Manoel Afonso, que também tem sala ver- melha para estabilização, e apenas quatro pacientes estão in- ternados na unidade. Em Petrolina, no Sertão, os leitos abertos pela prefeitura es- tão vazios. Já estão disponibilizadas oito vagas de UTI no Hos- pital Universitário da Universidade Federal do Vale do São Francisco e, no momento, não há pacientes em atendimento. O investimento foi de aproximadamente R$ 1,2 milhão na aquisição de insumos hospitalares e na locação de uma cen- tral de oxigênio, exclusiva para pacientes com covid-19. Os re- cursos fazem parte do custeio do hospital, repassado pelo go- verno federal. A viabilização dos leitos de terapia intensiva foi possibilitada através da contratação de profissionais pela Pre- feitura de Petrolina (quatro médicos, seis enfermeiros, seis fi- sioterapeutas e 20 técnicos em enfermagem). Pernambuco totaliza 508 mortes e 5.724 casos confirmados de covid-19 (3.858 casos graves e 1.866 casos leves). Até agora, os pacientes infectados e que apresentam sintomas severos es- tão distribuídos por 112 municípios, além do Arquipélago de Fernando de Noronha. Seis leitos de UTI para pacientes com a covid-19 começaram a funcionar ontem no Hospital das Clínicas da UFPE e outros dez, no Real Hospital Português Novos leitos abertos e CORONAVÍRUS Só ontem, quando o Estado anunciou 16 novas vagas de UTI, operadas pelo SUS em dois hospitais, a taxa de JC2 Jornal do Commercio Recife, 29 de abril de 2020 quarta-feira PEREIRA_NETO Destacar PEREIRA_NETO Destacar PEREIRA_NETO Destacar Cidades “ pessoas com diagnóstico confirmado de covid estão internadas em unidades de terapia intensiva do Estado 01h36 ...................... 0,8m 07h58 ...................... 1,9m 14h17 ....................... 0,7m 20h49 ...................... 1,8m MAYRA CAVALCANTI mcmelo@ne10.com.br Mesmo com o anúncio de novos leitos ontem, a capital pernambucana segue com mais ventiladores pulmonares disponíveis do que vagas de UTI. De acordo com a gestão municipal, foram adquiridos e recebidos, desde o início da pandemia, 122 equipamentos, mas existem atualmente 91 vagasde UTI. Outros dez dispositivos estão em salas de estabilização de pacientes, o que resulta em 21 aparelhos sem utilização. Sobre os ventiladores disponíveis, a prefeitura diz que eles serão destinados a vagas a serem abertas nos próximos dias e que não foram cedidos para leitos já em funcionamento do Estado. Na última sexta-feira (24), o secretário de saúde do Recife, Jailson Correia, atrelou a ausência de mais leitos de UTI funcionando à falta de profissionais de saúde capacitados. Ao todo, 1.346 profissionais foram contratados desde a decretação da pandemia no Recife, dos quais 925 foram pela prefeitura e 421 pelas entidades que administram os hospitais de campanha: o Hospital de Câncer e o Imip. Além dos 91 em leitos de UTI, outros dez aparelhos estão nas Policlínicas Amaury Coutinho, Barros Lima, Agamenon Magalhães e Professor Arnaldo Marques e nos Hospitais Provisórios Recife 1 e 2, em salas de estabilização de pacientes. META O secretário de saúde conta que a prefeitura tem como meta adquirir 370 ventiladores e 500 foram encomendados. Os dispositivos são importantes no atendimento a pacientes com a covid-19, principalmente para casos mais graves. O aparelho, inclusive, foi alvo de disputa na Justiça que, na última quinta-feira (23), determinou que os respiradores comprados pelo governo do Estado fossem entregues com urgência. “O respirador é um componente muito importante do leito de UTI, mas não é o único. Existem outros equipamentos, que nós já temos na casa, mas existe a necessidade de formação das equipes de trabalho e do seu mínimo treinamento, para que se possa encarar o enfrentamento à covid-19”, explica Jailson Correia. O Recife possui 947 leitos construídos, dentre os quais 233 são de UTI e 714 de enfermaria. O número de vagas abertas, ou seja, que já estão prontas para receber pacientes, é de 382, sendo 91 de UTI e 291 de enfermaria. Até ontem, 69 pessoas ocupavam os leitos de UTI da rede municipal de saúde e 152, de enfermaria. No Plano de Contingência do Recife estão previstos 1.200 leitos (400 de UTI e 800 de enfermaria). “ Os números do Recife nos mostram que estamos no período que antecede os piores dias de epidemia. Já são 197 mortes na cidade”, ressalta o secretário de Saúde da capital pernambucana, Jailson Correia 181 ESTRUTURA Recife dispõe de 21 equipamentos para uso emUTIs a serem criadas nos próximos dias rapidamente ocupados Aparelhos à espera deUTI Isolamento salva vidas AMANDA RAINHERI amanda_rainheri@hotmail.com Asmedidas de isolamento social recomendadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) já ajudaram a salvar mais de duas mil vidas na capital pernambucana. A informação é do secretário de saúde da capital Jailson Correia, que voltou a defender ontem que as pessoas permaneçam em suas casas para evitar a disseminação da doença. Segundo ele, o cálculo é feito de acordo com a projeção de crescimento da curva de mortes de outras localidades do mundo, que relaxaram ou adotaram as medidas de isolamento de forma tardia. “São 197 mortes no Recife, mas poderiam ser mais de duas mil mortes se não houvéssemos seguido a recomendação (da OMS). Quanto maior o isolamento social, menos mortes”, argumentou durante a coletiva de imprensa online. A capital registrou, entre segunda (27) e ontem (28) 250 novos casos de covid-19. Com as confirmações, subiu para 2.972 o número de pessoas infectadas. O secretário de Saúde lembrou aos recifenses que estamos vivendo o período que antecede aquele que deve ser o mais preocupante em número de casos. “Não tenhamos dúvidas de que este mês de maio será o mais difícil da era até aqui, considerando todos os impactos. Maio será ummês duríssimo e a única forma de diminuir isso é tomando as medidas de isolamento”, afirmou. “Existe uma aparente incongruência, porque quanto mais efetivo é o isolamento, menos ele parece necessário”, refletiu, destacando que cada semana que se ganha no combate à doença faz com que o poder público consiga trabalhar para abrir novos leitos. Jailson Correia lembrou ainda que os serviços de atendimento à saúde da atenção básica continuam em pleno funcionamento, para garantir que pessoas, principalmente dos grupos de risco, tenham acesso aos atendimentos de saúde. “Os nossos postos continuam funcionando, para que pessoas que tenham diabetes, hipertensão e tuberculose, por exemplo, possam continuar fazendo os seus tratamentos com remédios. Estão mantidoas para que se possa prevenir quadros mais graves.” AMANDA RAINHERI amanda_rainheri@jc.com.br Desde quinta-feira, saber notícias do irmão tem sido um desafio para a dona de casa Vânia Maria Ortiz, 61 anos. O homem de 62 anos deu entrada na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Engenho Velho, em Jaboatão dos Guararapes, Grande Recife, naquele dia com sintomas do novo coronavírus. De lá pra cá, os dias têm sido de agonia. Assim como ela, parentes de pessoas com suspeita ou confirmação laboratorial da doença lidam com a falta de informações em unidades de saúde do Estado. O irmão da dona de casa, que é diabético, hipertenso e tem problemas cardíacos, procurou a UPA após sentir febre e falta de ar. Na unidade, apresentou piora e ficou o fim de semana à espera de ambulância com suporte para ser transferido a um leito de UTI. “No início, a gente falava com ele pelo celular, mas descarregou. Foi quando a gente começou a ficar sem informações. No domingo à noite, ele foi transferido para o (antigo) Hospital Alfa, sem ninguém nos avisar. A gente só soube porque minha filha ligou para a UPA atrás de notícias.” Na segunda-feira (27), Vânia foi ao hospital, em Boa Viagem, Zona Sul, para saber do irmão. O antigo Alfa, hoje Hospital Nossa Senhora das Graças, estava desativado e foi adquirido administrativamente pelo Estado para atender casos de coronavírus. “Cheguei cedo, falei com a assistente social e pedi notícias. Uma pessoa ligou para a médica e informou que o quadro era estável. Ficaram de ligar à tarde para dar informações, e nada.” Sem notícias, ela voltou à unidade de saúde ontem. “Novamente me disseram que iriam ligar, mas não fizeram. É uma falta de respeito com as famílias. Temmuita gente lá querendo saber dos parentes. Encontrei uma família que está desde domingo atrás do corpo de uma senhora que faleceu e ninguém sabe dizer onde está, para que seja liberado”, relata. Em coletiva de imprensa, o secretário de Saúde do Estado, André Longo, afirmou que existe recomendação de que informações sejam repassadas às famílias, mas que a dinâmica é própria de cada unidade. Segundo Longo, o Estado distribuirá tablets para melhorar esse processo, mas não detalhou como funcionará a comunicação. “Hoje pedimos auxílio ao Conselho Regional de Medicina para fazermos da melhor forma, passando informações essenciais às famílias. Esperamos que todos nas redes estadual e municipal tenham orientações adequadas dos parentes.” Secretário de Saúde do Recife, Jailson Correia explicou a impossibilidade de um paciente com sintomas de covid-19 ficar acompanhado. “Esse ambiente do hospital exige mais do que o uso de EPIs (equipamentos de proteção individual); exige treino que só profissionais de saúde têm. Isso cria um grande desafio de comunicação, mas temos feito esforços para que as pessoas possam se comunicar com seus entes queridos.” 1.508 1.601 Tábua deMarés HOJE AMANHÃ A N D RÉ A RÊ G O BA RR O S/ D IV U LG A ÇÃ O Recife estima que ação tenha evitado 2 mil mortes desde início da pandemia RE PR O D U ÇÃ O JC pacientes em Pernambuco estavam ontem em isolamento domiciliar; outros 899, internados casos foram confirmados entre profissionais de saúde das redes pública e privada do Estado, de acordo com o boletim divulgado ontem ocupação subiu um ponto percentual (ficou em 97%), em comparação com o dia anterior, quando esses leitos não existiam BO BB Y FA BI SA K/ JC IM A G EM QUEIXA Paciente foi levado para o antigo Alfa sem família saber Famílias penam por informações A N D RÉ A RÊ G O BA RR O S/ D IV U LG A ÇÃ O ESPAÇO Recife tem 947 leitos:233 de UTI e outros 714 de enfermaria Omês de maio poderá ser o ápice da epidemia de covid-19 no Estado. Hoje, então, não temos segurança para diminuir medidas de isolamento”, destaca o secretário de Saúde de Pernambuco, André Longo 02h49 ..................... 0,9m 09h08 ...................... 1,8m 15h45 ...................... 0,7m 22h08 ...................... 1,7m Recife, 29 de abril de 2020 quarta-feira Jornal do Commercio 3 PEREIRA_NETO Destacar PEREIRA_NETO Destacar PEREIRA_NETO Destacar PEREIRA_NETO Destacar PEREIRA_NETO Destacar PEREIRA_NETO Destacar PEREIRA_NETO Destacar PEREIRA_NETO Destacar PEREIRA_NETO Destacar PEREIRA_NETO Destacar BrasilColuna doEstadão ALBERTO BOMBIG E-mails: colunadoestadao@estadao.com.br politica.estadao.com.br/blogs/coluna-do-estadao Bola de cristal “E daí? Lamento... Não faço milagre” Resta, porém, na equipe que deixa a Justiça, uma dúvida pra lá de pertinente: Mendonça será suscetível às eventuais pressões do chefe relativas à Polícia Federal? Difícil prever. A equipe deMoro arrisca um palpite: em algummomento, Mendonça terá de dizer a famosa frase: "Opa, espere, aí, não!" para o clã Bolsonaro. AAgência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou ontem uma proposta que autoriza a aplicação de testes rápidos em farmácias e drogarias para detectar o novo coronavírus. Amedida deve valer durante o período de emergência em saúde pública devido à pandemia. Em geral, os testes rápidos, também chamados de sorológicos, usam uma pequena amostra de sangue, que é inserida em uma plataforma, para detecção de anticorpos para o Sars-Cov-2. O resultado leva em torno de 10 a 30minutos. Especialistas e a própria Anvisa, porém, têm apontado limitações nesse tipo de teste, como o risco de resultado falso negativo. Protocolo adotado pelo Ministério da Saúde para uso desses testes emprofissionais de saúde, por exemplo, prevê que esse tipo de exame seja usado apenas após o oitavo dia de sintomas e como ferramenta complementar de diagnóstico, sem que ele seja definitivo. Outro tipo de teste, mais preciso, usa a técnica de RT-PCR, voltado à análise dematerial genético do vírus, mas seu resultado demora mais tempo. Ao defender a proposta, o diretor-presidente substituto da agência, Antonio Barra, frisou que resultados negativos de testes rápidos não excluem a infecção e que resultados positivos não devem ser usados como evidência absoluta. Ele defendeu, porém, a aprovação da medida como forma de ampliar o acesso à testagem no País e diminuir a procura por serviços de saúde na rede pública. Para Barra, a aplicação recente desse tipo de exame em alguns municípios por meio de postos volantes, como em sistema drive-thru, abre espaço também para aplicação em farmácias. Ele citou leis atuais que trazem regras para farmácias no País, como necessidade de haver a presença de farmacêutico no estabelecimento em todo o horário de funcionamento. Barra não detalhou, no entanto, quais devem ser os requisitos mínimos para aplicação dos testes nesses locais e quais medidas devem ser adotadas para evitar o risco de transmissão. Questionada, a Anvisa informou que publicará duas notas técnicas com orientações às farmácias. A ideia é organizar um fluxo específico para atendimento desses casos. O diretor nega riscos. “Fazemos hoje testes em via pública, portanto não há que se considerar riscos de fazer testes em ambiente protegido e sobre regramento sanitário”, disse. Após a aprovação damedida, associações que representam laboratórios privados e especialistas em diagnóstico divulgaramuma nota em que afirmam ver o aval com preocupação. No documento, as entidades dizem que os testes rápidos apresentam grande variação de qualidade e desempenho e questionam a falta de condições estabelecidas pela agência para oferta desses produtos. “Não verificamos durante análise da proposta citações sobre condicionantes ou mesmo a preocupação com a garantia de qualidade dos testes rápidos”, apontam. O Brasil bateu um novo re-corde de mortes registra-das em 24 horas, com 474 óbitos. Com isso, o total ofi- cial de vítimas da covid-19 che- gou a 5.017, superando os núme- ros daChina,marco zero da doen- ça, que teve 4.633. O agravamen- to tambémacontece comos casos confirmados – que subiu de 66.501 para 71.886 ontem. Apesar da tragédia, o presidente da Repú- blica, Jair Bolsonaro, continua a pressionar pelo fim da quarente- na nos Estados e ontem usou de sarcasmo ao ser perguntado so- bre o recorde funesto. “E daí? La- mento. Quer que eu faça o quê? Eu souMessias, mas não faço mi- lagre”, afirmou, arrancando risos de seus apoiadores. Ementrevista na porta do Palá- cio da Alvorada, Bolsonaro disse que cabe ao ministro da Saúde, Nelson Teich, explicar os dados. “Eu tenho que falar com o minis- tro, ele que fala de número. Eu não falo sobre a questão da saú- de. Talvez eu leve na quinta-feira para fazer uma live aqui. Nin- guém nunca negou que teríamos mortes.” O ministro da Saúde, Nelson Teich, silenciou sobre a campa- nha permanente de Jair Bolsona- ro para acabar com medidas de isolamento social – ontemopresi- dente repetiu a apoiadores, na frente do Palácio da Alvorada, que deseja o fim das quarente- nas. “É o que eu digo para vocês: o vírus vai atingir 70%dapopula- ção, infelizmente é a realidade. Mortes vão haver. Ninguém nun- ca negou que haveria mortes”, disse o presidente. Depois de questionar e ouvir que sua entrevista estava sendo transmitida ao vivo em redes de televisão, Bolsonaro buscou dar umaumadeclaraçãomais amena sobre o assunto. “Lamento a situa- ção que nós atravessamos com o vírus. Nos solidarizamos com as famílias que perderam seus entes queridos, que a grande parte eram pessoas idosas, mas é a vi- da. Amanhã vou eu. Logicamente que a gente quer, se um dia mor- rer, ter uma morte digna, né? E deixar uma boa história para trás”, disse o presidente. Apesar de não ter falado sobre nenhuma proposta para conter a transmissão do coronavírus, Bol- sonaro voltou a dizer que está preocupado com a situação eco- nômica e o aumento do desem- prego no País. Ele disse que con- versou ontem com um grupo de 200 empresários do Rio de Janei- ro sobre a reabertura das ativida- des econômicas. O presidente dis- se que o assunto já havia sido dis- cutido com a Federação das In- dústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e afirmou ainda que pediu aoMinistério da Saúde que elabo- re um parecer sobre a retomada de campeonatos de futebol emes- tádios sem torcidas e com portão fechado. O presidente ainda foi questio- nado sobre decisão judicial que garantiu ao jornal O Estado de S.Paulo acesso ao resultado de seus exames para Covid-19. Ele afirmou que a lei garante o anoni- mato dos exames e repetiu que não teve coronavírus. “Vocês não meviram rastejando aqui, comco- riza, eu não tive (covid-19)”, dis- se. “Quero mostrar que eu tenho o direito de não mostrar (os exa- mes)”, continuou Bolsonaro. A Secretaria Especial de Comu- nicação Social da Presidência sol- tou um panfleto ontem. Intitula- do “Placar da Vida”, a peça igno- ra o número de mortes. O mate- rial dá destaque ao número de pessoas recuperadas (32.544). “Enquanto muitos falam de mor- te, nós falamos de vida” diz a mensagem acompanhada pela hashtag #NinguémFicaPraTrás. AGRAVAMENTO Enquanto isso, várias cidades do País anunciam planos de rea- bertura do comércio, a exemplo dos dois maiores municípios de São Paulo, Campinas e Ribeirão Preto, e tambémde Florianópolis, quedesde a semanapassada flexi- bilizou as regras de isolamento. Nelson Teich admitiu o agrava- mento da crise do coronavírus, com a escalada de casos e mortes em diversas regiões. “Há alguns dias eu coloquei que (o número demortos e contaminações) pode- ria ser um acúmulo de casos de dias anteriores que foi simples- mente resgatado, mas como te- mos manutenção desses núme- ros elevados e crescentes, temos queabordar isso comoumproble- ma, como uma curva que vem crescendo, como um agravamen- to da situação”, disse. Ele foi co- brado ontem por governadores doNorte sobre atrasospara entre- ga de produtos contra a covid-19 e disse que omomento “é difícil”. No Brasil, os casos confirma- dos também estão mais concen- trados em uma região, a Sudeste. Ao mesmo tempo, estados de ou- tras regiões já apresentam alta in- cidência da doença, que é a pro- porção de casos pela população – as maiores são registradas no Amazonas, Amapá, Ceará, Rorai- ma e Pernambuco. Em números absolutos, São Paulo ainda lidera em número de registros, com24.041 casos confir- mados. Em seguida, está o Rio de Janeiro (8.504), Ceará (6.918) e Pernambuco (5.724). O estado paulista também tem omaior nú- mero de mortes confirmadas, com 2.049 até o momento. De- pois, vem o Rio de Janeiro, com 738, e Pernambuco, com 508. Também de saída da Justiça, a equipe de Sérgio Moro viu com certo alívio escolha de André Mendonça. Ao menos em termos de projetos em andamento, é pouco provável ocorrer grande ruptura. Mendonça foi descrito por um auxiliar de Moro como "equilibrado, de boa formação e bem-intencionado". Não há dúvida, contudo, de que o novo ministro, diferentemente do antecessor, deverá ter menos resistência à agenda armamentista. Os aliados deMendonça confirmam: sim, ele pretende manter as linhas gerais no combate à corrupção e na Segurança. Total oficial de vítimas da covid-19 chegou a 5.017 no País A LE XA N D RE SE V ER O / JC IM A G EM Sem tempo... Até no grupo de WhatsApp dos ministros, a saída de Sérgio Moro pegou todo mundo de surpresa. O ex-juiz da Lava Jato simplesmente saiu. ...irmão Alguns ex-colegas dele na Esplanada, que outrora o tietaram, ficaram espantados e acharam falta de educação da parte do agora ex-ministro. Com calma Após ter sido confirmado no cargo, André Mendonça teve uma agenda cheia no Planalto. Por isso, deve reunir somente hoje sua equipe para começar a desenhar a gestão. Espaços Ele pediu o levantamento de todos os cargos vagos na pasta. Com a saída de Sérgio Moro, alguns secretários também pediram demissão. Aff O clima entre Rogério Marinho e Paulo Guedes anda tão azedo que eles nem sequer se cumprimentaram na reunião de ministros no Conselho de Governo. Stop Aliados de Rodrigo Maia afirmam que ele diminuiu o tom de suas críticas ao governo por ter percebido que, se continuasse a esticar a corda, fortaleceria a relação do Centrão com o presidente Jair Bolsonaro. Xi... O presidente da Câmara vê seu poder diminuir na Casa. É hora de frear. Na frente As últimas movimentações do governo e do Centrão fortaleceram Arthur Lira (AL), líder do PP, para a presidência da Casa. A leitura é de que, neste momento, ele está bem posicionado com o Planalto para a disputa. Muita água ainda vai rolar... Ação... José Serra (PSDB-SP) encaminhou ofícios a Jair Bolsonaro, Paulo Guedes e ao BNDES: solicita reavaliação do pedido de crédito da Desenvolve SP (R$ 1,5 bilhão) para atender demandas das micro e pequenas empresas do Estado, solicitação negada pelo banco de fomento federal. ...por SP "Os recursos aprovados pelo Congresso para financiar empresas durante a crise somam R$ 100 bilhões. Ou seja, a Desenvolve SP está pedindo menos de 1,5% disso para financiar negócios de um Estado que responde por 40% da economia brasileira", afirma o senador José Serra. Ideia O deputado João Henrique Caldas (PSB-AL) apresentou projeto criando o Título Verde e Amarelo: o Tesouro faz leilões de títulos da dívida pública e doa o dinheiro para o combate à pandemia de covid-19. FARMÁCIASAnvisa autoriza a aplicação de testes rápidos Teste rápido e pouco confiável BOLSONARO Presidente repetiu a apoiadores, na frente do Alvorada, que deseja o fim das quarentenas COVID-19 Brasil supera China em número demortes e presidente faz pouco caso da tragédia Equipe deMoro não vê ruptura total na Justiça M A RC O S O LI V EI RA /A G ÊN CI A SE N A D O JC D ID A SA M PA IO /E ST A D Ã O CO N TE Ú D O 4 Jornal do Commercio Recife, 29 de abril de 2020 quarta-feira PEREIRA_NETO Destacar PEREIRA_NETO Destacar PEREIRA_NETO Destacar Política Folhapress O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) nomeou nesta terça-feira (28) André de Almeida Mendonça, 47, para o comando do Ministério da Justiça e Segurança Pública. O advogado agora deixa a Advocacia-Geral da União (AGU) e ocupa a vaga deixada por Sergio Moro. O novo ministro da Justiça, que também é pastor da Igreja Presbiteriana Esperança de Brasília, integrava a AGU desde 2000, quando encerrou sua atividade como advogado concursado da Petrobras (1997-2000). Horas depois de sua nomeação, ele fez uma publicação nas redes sociais em aceno ao presidente. “Agradeço ao presidente Jair Bolsonaro por confiar a mim amissão de conduzir as políticas públicas de Justiça e Segurança do nosso País”, escreveu. O novo ministro da Justiça afirmou que seu compromisso “é continuar desenvolvendo o trabalho técnico que tem pautado minha vida”. Mendonça foi corregedor da AGU na gestão de Fabio Medina Osório, no governo Michel Temer (MDB). Ele chegou ao governo Bolsonaro por indicação do ministro da Controladoria Geral da União (CGU), Wagner Rosário, com o apoio da bancada evangélica. A sua transferência para a Justiça teve o apoio da cúpula militar e a articulação do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), José Dias Toffoli. A expectativa agora é a de que ele melhore a relação de Bolsonaro com o Poder Judiciário. A transferência de Mendonça fortalece a indicação de seu nome para uma das duas vagas a que Bolsonaro terá direito de preencher no STF. O presidente da OAB, Felipe Santa Cruz, elogiou a escolha para a pasta da Justiça. Segundo ele, o novo ministro “é muito técnico e deve ser, no cargo, um elemento de diálogo para o qual a OAB sempre esteve aberta”. Santa Cruz elogiou também a escolha de José Levi, que comandava a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional, para comandar a AGU. “Os dois têm currículo e capacidade técnica”, diz o presidente da OAB. Mendonça e Levi foram elogiados publicamente também pelo ministro Gilmar Mendes, do STF. Omagistrado postou umamensagem no Twitter dizendo que “se notabilizaram pelo trabalho técnico, pela integridade e pelo zelo às instituições. São símbolos maiores da excelência da Advocacia Pública Federal Brasileira”. O ministro Ricardo Lewandowski, do STF, também se pronunciou sobre a indicação de Mendonça. Segundo ele, Mendonça é “o homem certo, no lugar certo, no momento certo”. Folhapress O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) nomeou, nesta terça-feira (28), o delegado Alexandre Ramagem, 48, para o comando da Polícia Federal. A troca na direção-geral da PF foi o estopim para o pedido de demissão do ex-juiz da Lava Jato Sergio Moro do Ministério da Justiça, na semana passada. Ramagem era diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e é homem de confiança do presidente e de seus filhos. Delegado de carreira da PF, ele se aproximou da família Bolsonaro durante a campanha de 2018, quando comandou a segurança do então candidato a presidente. Carlos Bolsonaro é um dos seus principais fiadores e esteve diretamente à frente da decisão que o levou ao comando da Abin em junho passado. Neste domingo (26), o presidente respondeu a uma seguidora nas redes sociais que questionou a relação de amizade de Ramagem com os filhos. “E daí? Antes de conhecer meus filhos eu conheci o Ramagem. Por isso, deve ser vetado? Devo escolher alguém amigo de quem?”, escreveu Bolsonaro. Delegado da Polícia Federal desde 2005, Ramagem comandou, de 2013 a 2014, a Divisão de Administração de Recursos Humanos e a de Estudos, Legislações e Pareceres, de 2016 a 2017. Atuou ainda na coordenação de grandes eventos realizados no País nos últimos anos, como a Conferência das Nações Unidas Rio+20 (2012), a Copa das Confederações (2013), a Copa do Mundo (2014) e a Olimpíada do Rio (2016). Em 2017, Ramagem integrou a equipe responsável pela investigação e inteligência de polícia judiciária na Operação Lava Jato. Ações na Justiça, contudo, tentam impedir a sua posse. Os pedidos feitos por partidos e movimentos políticos alegam“abuso de poder” e “desvio de finalidade” na escolha do novo chefe da corporação. A base dos pedidos é a denúncia do ex-ministro da Justiça Sergio Moro, que pediu demissão na última sexta-feira (24) alegando interferência do presidente da República na Polícia Federal. Após a oficialização do seu nome, a Associação Nacional dos Delegados da Polícia Federal (ADPF) divulgou nota solicitando ao presidente Bolsonaro que garanta “total autonomia” para o novo diretor-geral da instituição. Nesta terça-feira, as diversas associações e entidades das categorias da PF enviaram manifestações em privado a Ramagem lhe desejando sucesso e colocando à disposição para dialogar. A sinalização busca evitar um clima de confronto e iniciar uma pacificação interna dentro da corporação. M A RC O S O LI V EI RA /A G ÊN CI A SE N A D O Ações na Justiça tentam impedir a posse de Alexandre Ramagem na PF INTELIGÊNCIA FrankMárcio passará por sabatina no Senado O dia da dança das cadeiras Ida deMendonça para a Justiça teve apoio da cúpula militar do governo A pós a turbulenta saída de Sergio MorodoMinistério da Justiça e Segurança Pública, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) teve que fazer um redesenho em vários órgãos, a começar pela Polícia Federal – cuja mudança foi o pivô da demissão do ex-juiz da Lava Jato. Na madrugada desta terça-feira (28), o DOU confirmava Alexandre Ramagem (D) para a direção-geral da instituição. No seu lugar na Abin, foi nomeado Frank Márcio de Oliveira, que integra a Agência de Inteligência desde 1999. Na vaga deixada por Moro, assume André Mendonça (E), que estava na Advocacia-Geral da União. Por fim, na AGU, ficará José Levi, que comandava a PGFN. “Terrivelmente evangélico” Amigo da família Bolsonaro ADVOCACIA José Levi, 43 anos, é procurador da Fazenda Nacional W IL SO N D IA S/ A G ÊN CI A BR A SI L Novo AGU é gaúcho e discreto Agência O Globo Tido como “muito discreto” e respeitado pelos colegas, José Levi Mello do Amaral Junior, o novo advogado-geral da União, foi indicado para o cargo por André Mendonça, novo ministro da Justiça, e pelo ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência, Jorge Oliveira. Gaúcho, ele tem 43 anos e é procurador da Fazenda Nacional desde o ano 2000. No início do governo Bolsonaro, José Levi foi escolhido pelo novo ministro da Justiça para comandar a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN), ligada à AGU, apesar de os dois não se conhecerem pessoalmente. Nesta terça, em conversa com servidores da instituição, Mendonça “se derreteu em elogios” ao sucessor, segundo uma testemunha da cena. José Levi já havia sido consultor-geral da União e secretário-executivo do Ministério da Justiça no governo de Michel Temer (MDB). Na ocasião, chegou a assumir interinamente a pasta por um mês, após a saída do ministro Alexandre de Moraes para assumir uma cadeira no Supremo Tribunal Federal (STF). A formação acadêmica de José Levi tem desde um mestrado em direito do Estado e teoria do direito pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) a um doutorado pela USP, onde atua como professor livre-docente em direito constitucional. Ele também leciona na pós-graduação no Centro Universitário de Brasília (Uniceub). Fora do Brasil, cumpriu estágio de pós-doutorado nas universidade de Coimbra (Portugal) e de Granada (Espanha). M A RC O S O LI V EI RA /A G ÊN CI A SE N A D O A BI N /D IV U LG A ÇÃ ONúmero 2 na chefia da Abin Agência O Globo Oministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Augusto Heleno, informou nesta terça-feira (28) que levou ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido) o nome do atual diretor-adjunto da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Frank Márcio de Oliveira, para ser o novo diretor-geral do órgão. Ele foi indicado para substituir Alexandre Ramagem, nomeado para assumir o comando da Polícia Federal. Agora, Oliveira tem que passar por uma sabatina na Comissão de Relações Exteriores (CRE) do Senado para assumir o cargo. “(Frank) é oficial de inteligência, commais de 20 anos de carreira e ampla experiência na atividade. Tenho convicção de que a Agência seguirá em boas mãos”, escreveu Heleno no Twitter. O ministro também agradeceu a Ramagem, que tomou posse em julho do ano passado, pelo “excelente trabalho” na chefia da Abin. Segundo Heleno, o ex-diretor-geral da agência conseguiu “uma saudável aproximação com a Polícia Federal e incentivou uma inteligência mais ágil, como exige a era digital”. Oliveira é bacharel em segurança pública pela Academia de Polícia Militar de Minas Gerais e é oficial e integra a Abin desde 1999, quando entrou por concurso. Na carreira dentro da agência, foi coordenador de operações, coordenador-geral de contraespionagem, adido de inteligência junto à Embaixada do Brasil na Colômbia e superintendente estadual do Rio de Janeiro até se tornar diretor-adjunto, o número 2 da instituição, em 2016. CRISE NO PLANALTODiário Oficial da União desta terça trouxe a nomeação dos novos comandantes da Justiça, Polícia Federal, Abin e AGU JCRecife, 29 de abril de 2020 quarta-feira Jornal do Commercio 5 Política Da redação com agências A estratégia de Jair Bolso-naro (sem partido) dese aproximar do Centrão pode dar ao presidente o apoio de um grupo decisivo para seu futuro no cargo. Se ti- ver de barrar eventual processo de impeachment na Câmara, Bolsonaro precisará de 172 vo- tos. Hoje, ele não tem uma ba- se no Congresso, mas, com a distribuição de cargos, pode reunir 173 parlamentares – um voto a mais do que o número necessário para impedir a aber- tura de processo. Dirigentes de partidos que es- tiveram com Bolsonaro, recen- temente, observaram que, com a mudança de tratamento e oferta de cadeiras nos segundo e terceiro escalões, ele conquis- tou siglas de bancadas médias do Centrão. Com isso, rachou o bloco que dava sustentação ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), a quem passou a atacar como principal adver- sário no Congresso. Com o movimento para so- breviver, Bolsonaro está de olho nos votos do Progressistas (40 deputados), partido que abrigou dois de seus filhos, PL (39), PSD (37), Republicanos (31), Solidariedade (14) e PTB (12). A soma dá 173, sem levar em conta eventuais defecções. Além disso, o presidente teria pelo menos metade dos votos da bancada do PSL, formada por 53 deputados, com a dissi- dência de seu antigo partido, que poderámigrar para o Alian- ça pelo Brasil. Bolsonaro tem, ainda, parce- la de apoio no MDB (34), na bancada da bíblia, nas frentes evangélica e católica, e adesões individuais em partidos como Podemos, Patriota, PSC e ou- tras siglas nanicas. O presidente, em 16 meses de mandato, é alvo de 31 pedi- dos de impeachment na Câma- ra. O número é superior ao de seus antecessores e cresceu após o ex-ministro da Justiça SergioMoro acusá-lo de interfe- rência política na Polícia Fede- ral. Em outra frente, parlamen- tares também tentam tirar do papel uma CPI para apurar as denúncias. Ontem, Maia disse que o mo- mento é de cautela. “Temos uma CPI das Fake News que vai avançar, um inquérito do ministro Celso de Mello (do Su- premo Tribunal Federal) que vai avançar e nós vamos focar nas pautas de combate ao coro- navírus”, afirmou ele. Na prática, o Centrão coman- da a Mesa Diretora da Câmara desde 2015, ano em que o então deputado Eduardo Cunha (MDB-RJ) foi eleito para a presi- dência da Casa. Cunha acabou preso e condenado por Moro em processo da Lava Jato. Em- bora a saída do superministro tenha desgastado Bolsonaro na relação com seu eleitorado, lí- deres do Centrão – bloco do qual o próprio presidente fez parte no passado, quando era deputado – comemoraram a queda. Moro e Maurício Valeixo, seu braço direito na Polícia Fede- ral, simbolizavam a herança da Lava Jato, uma operação que atingiu dezenas de parlamenta- res e partidos do Centrão. Bolso- naro se elegeu rechaçando a “velha política” e, com isso, Maia seguia como interlocutor oficial do grupo no Planalto. Não será mais assim. Diante das crises política e econômica e comoagravamento da pande- mia do coronavírus, Bolsonaro decidiu mudar o modelo de ne- gociação com o Congresso e procura cada vez mais isolar Maia. Há dúvidas sobre qual será o comportamento dos partidos de esquerda, principalmente do PT (53), em relação às de- núncias de Moro. A oposição quer remover Bolsonaro do Pla- nalto, mas sem beneficiar o ex- juiz da Lava Jato. Moro é algoz do ex-presidente Lula, a quem prendeu e condenou por cor- rupção passiva e lavagemde di- nheiro. Não bastassem essas variá- veis – os votos pró-Bolsonaro no Centrão e a má vontade da oposição comMoro –, ainda há as dificuldades impostas pela covid-19. Com o isolamento so- cial, o impedimento do presi- dente dependeria de uma con- vocação para reunião presen- cial por parte de Maia e do pre- sidente do Senado, Davi Alco- lumbre (DEM-AP). BITES Levantamento feito pela con- sultoria Bitesmostra que 143 de- putados querem o impeach- ment de Bolsonaro, enquanto 23 são contrários, segundo infor- mações do sábado (25). A em- presa utilizou ametodologia ba- tizada Indicador de Governabili- dade, também usada em 16 de dezembro de 2015 – em uma das primeiras medições sobre a tendência da Câmara dos Depu- tados na discussão sobre o im- pedimento da então presidente Dilma Rousseff (PT). Na época, Eduardo Cunha já tinha aceita- do a abertura do processo. Há algumas semelhanças en- tre o processo de impeachment de Dilma e os pedidos de impe- dimento de Bolsonaro. No caso da petista, Eduardo Cunha ao receber o pedido de impedi- mento afirmou: “Não há espa- ço para discutir o impeach- ment de Dilma”. A mesma pos- tura moderada vem tendo Ro- drigo Maia: “Processos de im- peachment precisam ser pensa- dos commuito cuidado”. “Semelhanças não querem dizer iguais. Há diferenças en- tre Bolsonaro e Dilma. O im- peachment resulta numa com- binação de fatores, como a pres- são da opinião pública, o apoio político, entre outros. Bolsona- ro continua com uma base de apoio de 30% da população. Dilma tinha 9%. A pandemia vai segurar em casa os seus crí- ticos, sem o mesmo êxito para os seguidores que costumam quebrar as regras da quarente- na. Dilma também não possuía umamilitância – principalmen- te digital – aguerrida nem a ca- pacidade de comunicação que Bolsonaro tem”, comenta o di- retor da Bites consultoria, Ma- noel Fernandes. Ele também ar- gumenta que o auxílio emer- gencial, que já foi pago a 40mi- lhões de pessoas, pode elevar a “popularidade do presidente entre os mais pobres”. Pelas pesquisas da Bites, o pedido de impeachment ainda é um sentimento restrito ao Congresso Nacional. E, ainda assim, difícil. Na Câmara, são necessários 342 votos para a ad- missibilidade do processo. No Senado, 54. O que chama mais a atenção é que os pedidos vêm também de antigos aliados, como os pro- tocolados pela deputada fede- ral Joice Halssemann (PSL-SP) e pelo coordenador do Movi- mento Brasil Livre (MBL), o de- putado federal Kim Kataguiri (DEM-SP). Ontem, o PSB também en- trou com mais um pedido. “O foco deve ser as ações de com- bate a pandemia. Mas há neces- sidade de aprofundar as denún- cias graves feitas pelo ex-minis- tro Sergio Moro. A apuração dos fatos e o agravamento da si- tuação social levará uma pres- são maior pelo impeachment no Congresso Nacional”, ava- liou o deputado federal Danilo Cabral (PSB-PE). A legenda so- cialista – assim como outros partidos da oposição, como o PDT – também deu entrada nu- ma denúncia no STF que pode resultar no afastamento de Bol- sonaro. “A principal diferença entre o impeachment deDilma e o pe- dido do impedimento de Bolso- naro é que agora há uma de- núncia pública de um ex-minis- tro que pode abrir várias lacu- nas para crime de responsabili- dade. E essa denúncia tem que ser investigada”, argumenta a cientista política e professora de Ciência Política do Centro Universitário Tiradentes (Unit), Maria Carmen Chaves. IGORMACIEL imaciel@sjcc.com.br Twitter:@jc_pe Telefone: (81) 3413.6288 Cena Política Impressiona que estejamos há um mês e dez dias na fase mais crítica da crise e ninguém tenha qualquer tipo de plano para uma retomada. É difícil ter certezas sobre o futuro agora, mas nossos políticos aparentam não ter ideia do que vai acontecer daqui a uma semana. 172 31 PSOL iria seguir o PT, mas não deu Quer explicaçõesministeriais, logo É preciso planejar cenários Quais os cenários e qual o plano? A sombra O PTmontou sua estratégia: quer garantir que Jair Bolsonaro sangre até 2022 e deixe o País em frangalhos, para poder aparecer como salvador, repetindo um sonoro “eu avisei” a todos e acolhendo seus antigos detratores com um abraço paternal que traduza algo como “todo mundo erra e eu perdoo você”. Ao menos esse é o enredo do sonho. Se observar bem, dá pra perceber que os petistas insistem em bater mais em Sergio Moro do que em Bolsonaro. Tratam Bolsonaro como se fosse um peso nulo na Presidência e Moro como bandido. Há petistas que já falam até em legitimidade dos 57 milhões de votos de Bolsonaro, fazendo analogia com omandato de Dilma que terminou em impeachment. Algo como: não merecíamos, ele também não merece. Receber o apoio do PT é algo muito ruim para alguém como Bolsonaro, mas se esse apoio contra um processo de impedimento parte da maior bancada da Câmara, isso se torna muito bom. Lula até ensaia discurso pedindo o impeachment, mas na Câmara, aos colegas, Gleisi Hoffmann (PT) comenta que o partido não vai apoiar. Querem que Bolsonaro termine o mandato. E termine mal. Essa estratégia de deixar o governo sangrar para ser a salvação depois causou uma confusão interna no PSOL também. Uma ala mais radical do partido se adiantou e apresentou processo de impeachment contra Bolsonaro. O presidente nacional da sigla ficou chateado e abandonou o grupo do partido noWhatsapp. O interesse... ...particular O deputado Danilo Cabral (PSB) anda indignado com a exposição de brasileiros em filas para recebimento da renda emergencial básica. “Chega a ser um crime”, critica. Ele quer que os ministros Paulo Guedes e Onyx Lorenzoni se expliquem na Câmara. Pauta Sem descanso é o mínimo de votos na Câmara que Bolsonaro precisa ter para barrar o impeachment, caso o processo seja aberto pedidos de impeachment já foram protocolados na Câmara, em 16meses de gestão de Bolsonaro no Planalto Pinga-Fogo É o “quanto pior, melhor” É verdade que o Brasil está vivendo três crises simultâneas (saúde, economia e política) e um processo de impeachment, agora, seria traumático por demais. O problema é que o motivo deles não é esse. O plano, curiosamente, é muito parecido com o que Aécio Neves (PSDB) tinha para Dilma Rousseff (PT) em 2015/2016. Depois de o PSDB fomentar o processo, ele tentou atrasar pra garantir que ela fosse até 2018. Deu errado. Quando a sessão acontece, alguns vereadores apresentam projetos e salvam. Mas, se dependesse da Ordem do Dia, na Câmara do Recife, em plena pandemia os assuntos apresentados ignorariam totalmente a realidade atual. Ontem, a presidência da CâmaraMunicipal colocou para votação, por exemplo, nome de rua e homenagens no calendário municipal. Enquanto isso, as UTIs do Recife lotam, por causa da covid-19 que não dá trégua. N A JA RA A RA Ú JO /C Â M A RA D O S D EP U TA D O S COMANDO Processo inicia na Câmara e depende do aval de Maia CRISE NO PLANALTO Para barrar uma possível abertura de processo de impedimento JC EV A RI ST O SA /A FP ED M A R M EL O /A CE RV O JC IM A G EM 6 Jornal do Commercio Recife, 29 de abril de 2020 quarta-feira Política MIRELLA ARAÚJO msaraujo@jc.com.br O papel do Partido dos Trabalhadores (PT) diante da crise política enfrentada pelo governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e, com a iminência de uma possível abertura do processo de impeachment contra o chefe do Executivo, será o ponto central da reunião do Diretório Nacional da sigla, nesta quarta-feira (29). Ao contrário do que se esperava, a legenda tem optado por adotar uma postura mais cautelosa, a pedido do ex-presidente Lula, ao defender a saída deBolsonaro do poder. Na Câmara dos Deputados, há cerca de 30 pedidos de impeachment – três deles foram apresentados após as declarações do ex-ministro da Justiça, Sergio Moro, envolvendo crime de responsabilidade fiscal. “O PT já está fazendo claramente uma denúncia de que com Bolsonaro não dá mais, nós já assumimos a palavra de ordem do ‘fora Bolsonaro’. Agora, o impeachment é algo que se vier a acontecer depende de uma série de fatores, inclusive de mobilização social, de uma perda maior de sustentação do próprio Bolsonaro”, afirma o senador Humberto Costa. Apesar de não encabeçar diretamente os pedidos de impeachment do presidente da República, o PT tem centrado forças no Congresso Nacional para que sejam debatidas as propostas de emenda constitucional que determinem a realização de eleições diretas. Existem três PECs – apresentadas pelos parlamentares Henrique Fontana (PT-RS), Paulo Teixeira (PT-SP) e Miro Teixeira, ex-deputado pela Rede (RJ) –, que caminham neste sentido, propondo eleições diretas em 90 dias em caso de afastamento definitivo tanto de Bolsonaro, como de governadores e prefeitos. “A crise é grande demais para que uma solução para o caos institucional em que vivemos seja resolvida longe do povo e sem a participação democrática”, defende a presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann (PR). A deputada federal Marília Arraes, que participou na semana passada de uma reunião de bancada com Lula, endossa que é preciso ter embasamento ao pedir a saída do presidente da República, e descarta qualquer tipo de revanchismo pelo episódio que culminou no impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff. “Nós precisamos defender a saída de Bolsonaro com um embasamento preciso, esclarecendo o porquê que estamos pedindo isso, até porque tem subsídios mais do que suficientes para a saída de Bolsonaro. Como iremos defender essa saída, se por um processo de impeachment, e aí como o Congresso iria discutir esse processo”, explica. Marília afirma que essa questão se torna mais complexa por causa das sessões do Congresso Nacional, que com a pandemia do novo coronavírus vêm acontecendo de forma remota. “É muito difícil articular um processo de impeachment remotamente, acredito que recebendo esse processo o Congresso teria que voltar aos trabalhos ao trabalho presencial”, diz a deputada. Sobre as expectativas de uma postura mais aguerrida por líderes e parlamentares do PT, Marília explica que, neste momento, “o partido está certo em não tomar atitudes mais açodadas, mas de firmar posição de que Bolsonaro não tem condições de continuar presidindo o País, principalmente sobre a saída do ex-ministro Sergio Moro, que foi cheia de confissões e de denúncias contra ele próprio, quando pede pensão vitalícia para família dele para deixar o cargo de juiz. Então, é coerente pedirmos a saída do presidente, mas também é prudente manter a cautela de como se daria essa saída”. Na visão dos especialistas ouvidos pelo JC, a falta de um movimento mais enérgico sobre o impeachment de Bolsonaro, o que seria natural dado ao espaço de oposição, pode ser encarado com uma estratégia a longo prazo. De acordo com o cientista político Vanuccio Pimentel, os desdobramentos da crise entre Bolsonaro e Sergio Moro podem ser muito mais interessante para o PT, do que encarar de frente a proposta de impeachment. “Essa crise é fundamental para o partido, que entende Moro como inimigo a longo prazo. O PT deveria liderar no plano legislativo, como principal força interna, por possuir a maior bancada de oposição individual de partido, e também porque o PT foi para o segundo turno com o Bolsonaro. Mas ele se vê na possibilidade de também ajudar a atacar Sergio Moro”. Para a cientista política Priscila Lapa, esse lado “moderado” dos petistas é uma estratégia de não invalidar o argumento utilizado durante o processo de impeachment de Dilma. “O partido colocou que o impeachment só é cabível quando houver motivos juridicamente claros, e que qualquer movimento sem essa base se colocaria como golpe”. O cientista político Ernani Carvalho explica que, neste momento, é mais fácil enxergar que as forças de ataque do PT estão mais voltadas ao ex-juiz da Lava Jato. “A motivação por trás disso é uma leitura de que Sergio Moro seria um potencial candidato a presidente em 2022, muito mais forte do que o presidente Jair Bolsonaro. O que pode ser tratado por alguns como vingança política”, diz. SÉ RG IO BE RN A RD O /A CE RV O JC IM A G EM LE O M O TT A /J C IM A G EM do impeachment D ID A SA M PA IO /E ST A D Ã O CO N TE Ú D O Agência O Globo Líderes de partidos do Centrão já começaram a manifestar insatisfação com a demora do governo em nomear os indicados para uma série de cargos oferecidos pelo governo federal nas últimas semanas. Os nomes aguardam uma análise de currículo no momento. As negociações envolvem quatro partidos: PP, PL, Republicanos e PSD. Entre eles, definiram quem iria pedir o quê. O PP ficou com as presidências do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) e do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs). O PL teria direito a indicar o presidente do Banco do Nordeste, e o Republicanos, uma secretaria no Ministério do Desenvolvimento Regional. Já o PSD negocia superintendências da Funasa nos Estados. Os nomes foram enviados ainda no início da semana passada. Na sexta-feira, lideranças desses partidos protegeram Jair Bolsonaro na repercussão das acusações do ex-ministro Sergio Moro. O ex-juiz da Lava Jato disse que o presidente tentou interferir na Polícia Federal e tomar conhecimento de investigações sigilosas sobre ele e seus filhos. Líderes do Centrão esperavam, porém, que as nomeações saíssem na última sexta-feira. Mesmo considerando o dia conturbado com o pedido de demissão de Sergio Moro, não estão contentes com a ausência de indicações no Diário Oficial até esta terça-feira (28). O líder do PP, Arthur Lira (AL), disse em entrevista à CNN na segunda-feira (27), que o ministro da Economia, Paulo Guedes, está mais preocupado com “bancos, commercado financeiro e bolsa de valores” do que com o País. Entre os demais líderes, a provocação foi entendida como um recado de que, se o PP não conseguir o que pediu, continuará a bater no governo. Nas tratativas de partidos do Centrão com o governo que se estendem há duas semanas, líderes e dirigentes sinalizaram que não iriam se contentar com cargos de segundo escalão e voltaram a pressionar por ministérios no governo de Jair Bolsonaro. Vislumbrando um enfraquecimento da ministra da Agricultura, Teresa Cristina (DEM), na base bolsonarista nas redes sociais, o PP demonstrou interesse no espaço. Já o PL sinalizou que queria voltar a controlar o Ministério da Infraestrutura, onde está abrigado o DNIT, órgão que por muitos anos foi controlado pelo partido. Em ambos os casos, a sinalização do Palácio do Planalto foi negativa. Não foi a única tratativa que deu errado. O presidente do Solidariedade, Paulinho da Força (SP), tem dito aos colegas que recusou a proposta do governo de indicar um nome para o Porto de Santos. NOALVO Desdobramentos da crise entre Bolsonaro e Sergio Moro, ex-juiz que condenou Lula, podem ser mais interessante para o PT PETISTASHumberto e Marília dizem que não émomento de decisões açodadas, embora defendam a saída de Bolsonaro. Cenário nacional será o ponto central de reunião hoje da legenda CONTAS Com omovimento para sobreviver, Bolsonaro está de olho nos votos do Progressistas, PL, PSD, Republicanos, Solidariedade e PTB Centrão cobra o preço do apoio M A RC O S O LI V EI RA /A G ÊN CI A SE N A D O PT adota cautela na crise noCongresso, Jair Bolsonaro já iniciou ofensivas para reforçar sua base no Parlamento. A principal investida vem sendo noCentrão JCRecife, 29 de abril de 2020 quarta-feira Jornal do Commercio 7 Internacional AFP WASHINGTON – A América Latina está como a “Europa há seis semanas” em relação ao avanço da covid-19, portanto se espera um crescimento do número de casos nas próximas semanas, alertouontem o vice-diretor da Organização Panamericana de Saúde (Opas), Jarbas Barbosa. Barbosa indicou que “o que se pode esperar para as próximas semanas é o crescimento do número de casos”, em ummomento em que há cerca de 8.900 mortes na região pelo coronavírus e mais de 176.000 casos confirmados, segundo um balanço da AFP que não inclui Estados Unidos nem Canadá. “Por isso é importante que os Ministérios da Saúde dos governos sigam com as medidas de distanciamento sem baixar a guarda”, acrescentou Barbosa. De acordo com a Opas, os países mais afetados com novos casos na semana passada foram - além dos EUA - Brasil, Canadá, Equador e México. A diretora da Opas, Carissa F. Etienne, indicou que o aumento dos testes permitiram ter um melhor diagnóstico da situação. “À medida em que aumentam os testes, os países começam a atualizar seus números para confirmar o que esperávamos hámuito tempo: a carga de COVID-19 em nossa região é maior do que as autoridades de saúde puderam informar nas semanas anteriores”, afirmou Etienne. Em ummomento em que a campanha de vacinação foi interrompida emmuitos países devido à covid-19, Etienne fez um apelo para não atrasar essas intervenções. “Devemos vacinar para proteger os funcionários da saúde, os idosos e as populações vulneráveis de outras infecções respiratórias, como a gripe e o pneumococo, que podem levar a mais internações”, acrescentou. Etienne destacou que essas duas doenças também podem ser “mais difíceis de diagnosticar dentro do contexto”. Em relação à chegada do inverno no Hemisfério Sul e seu impacto sobre o avanço da epidemia, Barbosa afirmou que a covid-19 pode “produzir grandes surtos em qualquer país, a qualquer temperatura”. O médico esclareceu, no entanto, que “durante o período de inverno há uma transmissão mais forte dos vírus respiratórios” e isso pode acelerar a transmissão do coronavírus. Se espera crescimento dos casos nas próximas semanas Agência Estado BRASÍLIA – O governo brasileiro decidiu estender por mais 30 dias as restrições para ingresso de estrangeiros no Brasil por voos internacionais, independentemente da nacionalidade, comomedida para tentar conter o avanço do novo coronavírus no País. A decisão consta de Portaria Interministerial da Casa Civil, ministérios da Justiça, Infraestrutura e Saúde, publicada em edição extra do Diário Oficial da União de ontem. A medida restritiva tinha sido adotada em 27 de março pelo prazo de 30 dias, o que agora é prorrogado por igual período. Segundo o texto, a medida atende à recomendação técnica e fundamentada da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). A restrição não se aplica a brasileiro, nato ou naturalizado; imigrante com residência de caráter definitivo, por prazo determinado ou indeterminado, no território brasileiro; profissional estrangeiro emmissão a serviço de organismo internacional, desde que devidamente identificado; funcionário estrangeiro acreditado junto ao Governo brasileiro; estrangeiro que seja cônjuge, companheiro, filho, pai ou curador de brasileiro; cujo ingresso seja autorizado especificamente pelo Governo brasileiro em vista do interesse público; e portador de Registro Nacional Migratório; ao transporte de cargas; passageiro em trânsito internacional, desde que não saia da área internacional do aeroporto e que o país de destino admita o seu ingresso; e pouso técnico para reabastecer, quando não houver necessidade de desembarque de passageiros das nacionalidades com restrição. O veto não impede ainda o ingresso e permanência da tripulação e dos funcionários de empresas aéreas no País para fins operacionais, ainda que estrangeira. DESCUMPRIMENTO O descumprimento das medidas restritivas implicará ao agente infrator: responsabilização civil, administrativa e penal; repatriação ou deportação imediata; e inabilitação de pedido de refúgio. A portaria abre exceção ao estrangeiro que estiver em um dos países de fronteira terrestre e precisar atravessá-la para embarcar em voo de retorno a seu país de residência, desde que seja dada autorização da Polícia Federal. Cláudio Humberto País heterodoxo Boa expectativa Frase CLÁUDIO HUMBERTO claudiohumberto@odianet.com.br Twitter:@colunaCH O presidente da Federação Nacional dos Policiais Federais (Fenapef), Luís Antônio Boudens, elogiou a escolha de Alexandre Ramagem para a direção-geral da PF, que a entidade considera "perfeitamente qualificado para o cargo e tem o respeito da categoria", e demoliu a fantasia de muitos políticos e jornalistas hostis ao governo: "até agora, não houve interferências nas investigações em andamento", garante. Porque seria crime, sem chance de não ser levado a termo, denunciado à Justiça. Boudens lembrou que nomear diretor da PF é prerrogativa do presidente e lei não fala em "mandato" e nem o obriga a explicar essa escolha. Para Boudens, se havia "interferência", o então ministro Sergio Moro tinha o dever de denunciar no ato, sob pena de crime de prevaricação. Reação corporativista A capitais São Paulo, Rio de Janeiro, Recife, Fortaleza e Manaus são as que "mais chamam atenção", dizWanderson Oliveira, secretário Nacional de Vigilância em Saúde. Frank Marcio de Oliveira, escolhido para a Agência Brasileira de Inteligência, é tido como "bom profissional, calmo, que sabe escolher equipe". Cansados de diretores que não são da carreira, servidores gostaram. Entre R$ 80 bilhões e 100 bilhões de economia" Secretário do Tesouro Nacional, Mansueto Almeida, calcula a economia aos cofres públicos se o governo não der 'reajustes' a funcionários públicos por apenas um ano Voos do Brasil sob a mira de Trump A Fenapef lamentou que várias críticas a Ramagem sejam de setores meramente corporativistas que desprezam os interesses nacionais. A Fenapef tem histórico de divergências com a entidade dos delegados, cujas questões corporativistas são motivo de críticas dos agentes. Agência O Globo W ASHINGTON–Opresi-dente americano, Do-nald Trump, afirmou ontem que o Brasil enfrenta um “grande surto” do novo corona- vírus e sugeriu que pode proibir voos de países latino-americanos aos Estados Unidos. As declara- ções foram feitas durante um en- contro na Casa Branca com o go- vernador da Flórida, Ron DeSan- tis, que disse estar preocupado com o avanço no vírus no Brasil e em outros países da região, todos com grandes conexões com Mia- mi e outras cidades do estado. Até omomento, os Estados Uni- dos são o país mais afetado, com mais de um milhão de infectados pela doença e mais de 57,2 mil mortos. O Brasil registra 71.886 pessoas infectadas e 5.017 víti- mas fatais. Questionado por um jornalista sobre os voos entre esses países e a Flórida, DeSantis disse que as companhias aéreas devem testar os passageiros antes de eles em- barcarem. Trump então interrom- peu a resposta e questionou se o governador gostaria que ele proi- bisse a chegada de voos do Brasil ao Estado. “Não necessariamente”, res- pondeu o governador, sugerindo a adoção da tecnologia para mo- nitorar os passageiros. O presidente insistiu no ques- tionamento e pediu que DeSantis avisasse ao governo federal caso esses voos se tornem um proble- ma para a Flórida.“Se eles estive- rem trazendo (o vírus) para os Es- tados Unidos, com certeza”, ga- rantiu o governador. Na entrevista, Trump afirmou que o governo federal está traba- lhando com as companhias aé- reas para que elas testem os pas- sageiros antes do embarque. O se- tor é um dos mais afetados pela pandemia. Ao ser questionado se iria implantar um esquema de checagempara a covid-19 para vi- sitantes internacionais, o presi- dente americano afirmou que fa- ria isso e que está analisando ce- nários. “Nós vamos fazer isso provavel- mente. O Brasil tem um surto, co- mo você sabe. Mas, nós vamos to- mar a decisãomuito em breve. Es- tamos olhando para isso muito de perto”, disse aos jornalistas. Segundo Trump, o governo está em contato com vários governa- dores para discutir a questão, es- pecialmente, sobre os voos que partem da América Latina. “Nós estamos conversando comoutros estados que têm mui- tos voos vindo da América do Sul, da América Latina, e vamos publicar uma determinação em breve.” No dia 31 demarço, ao ser ques- tionado durante uma coletiva de imprensa na Casa Branca, Trump deixou a questão em aberto, di- zendo que estava “acompanhan- do o posicionamento de muitos países que não tinham nenhum problema até pouco tempo” e que poderia determinar um “bani- mento” caso os números aumen- tassem. A pergunta ocorreu um dia após o presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, ter feito um pro- nunciamento em que minimiza- va a covid-19 e que defendia o fim do isolamento social. Trump, que vem sendo ampla- mente criticado por sua postura errática nas aparições ao vivo, de- fendeu as manifestações que aconteceram no fim de semana contra asmedidas de restrição pa- ra conter a propagação da doen- ça. Várias cidades registraram protestos no sábado e no domin- go, em geral reunindo algumas centenas de participantes pedin- do o fim da quarentena e a reaber- tura de lojas e do comércio. Restrições aos estrangeiros Elogio aonovodiretor daPF M A RC O S O LI V EI RA /A G ÊN CI A SE N A D O Errou Em sua coletiva de imprensa de 20 de março, o ex-ministro da Saúde Luiz Mandetta conquistou as manchetes dos veículos de comunicação do Brasil (e alguns do exterior) prevendo que "em final de abril nosso sistema [DE SAÚDE]entra em colapso", garantiu o ex-deputado federal. Segundo o boletim do Ministério da Saúde desta terça-feira (28), o Brasil ultrapassou ontem a marca de 5 mil óbitos em 71 mil casos. Contagia Mandetta previu aumento rápido de casos emmarço, e que só haveria desaceleração em junho e redução em agosto. Conta semanal Segundo dados da Saúde, óbitos e casos confirmados do coronavírus cresceram até a 17ª semana epidemiológica. Na 18ª, caíram. Mascarado O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, usa máscara, durante sessões virtuais, mas é um indisciplinado. Prefere usar a máscara para encobrir a papada, sobre o queixo, contrariando as recomendações sanitárias. Foco é Bolsonaro Aomandar abrir inquérito para investigar supostos crimes denunciados pelo ex-ministro da Justiça, o ministro do STF Celso de Mello cita Sérgio Moro seis vezes. Já o presidente Bolsonaro, que detesta, mais de 30. Data para acabar Pesquisa de Singapura fez sucesso nas redes ao prever o fim do surto de Covid-19. O estudo diz que 99% da pandemia terá passado até 12 de junho no Brasil. No mundo, 16 de junho. Aqui, 100% só em 23 de agosto. América Latina está como Europa JC D O U G M IL LS /T H E N EW YO RK TI M ES /A FP SALÃOOVAL Governador da Flórida (e.) disse estar preocupado com o avanço no vírus no Brasil CORONAVÍRUSAmericano sugere restrição de voos devido a “grande surto” no Brasil “ 8 Jornal do Commercio Recife, 29 de abril de 2020 quarta-feira PEREIRA_NETO Destacar PEREIRA_NETO Destacar PEREIRA_NETO Destacar PEREIRA_NETO Destacar PEREIRA_NETO Destacar Economia Omedo de perder o emprego disparou entre os brasileiros. Pelo menos é o que indica o conteúdo publicado em redes sociais. Nos 25 primeiros dias de abril, os brasileiros fizeram mais de 1,4 milhão de menções a termos como “desemprego” ou “perder o meu emprego” em páginas de redes sociais, segundo a BrandWatch, uma plataforma digital que faz rastreamento do teor das conversas em redes sociais no país. É um recorde para a BrandWatch, que monitora o assunto desde 2018. O resultado parcial de abril chega perto do total de menções feitas em todo o mês de março (1,5 milhão) e é praticamente o dobro do registrado em fevereiro: 800 mil. Além disso, é um patamar duas vezes acima do normal para o mesmo período do ano passado. O presidente da Polis, empresa de consultoria gestora da BrandWatch, Alexander Schmitz-Kohlitzo, diz que o medo do desemprego é o maior gerador de discussões nas redes. “Aparece commais frequência do que omedo de infecções por covid-19 em alguém na família ou de faltar comida”, diz. Para especialistas, o temor é justificável em virtude das projeções ruins para o emprego no Brasil nos próximos meses. Na avaliação de Marcela Rocha, economista-chefe da Claritas Investimentos, o desemprego deve fechar o ano em 14,1%, mas o cenário ainda pode piorar. “A falta de trabalho é maior nos setores de serviços e comércio e atinge de maneira mais significativa o trabalhador informal. Algumas classes têmmaior proteção, como o serviço público”, concorda a economista-chefe do Banco Inter, Rafaela Vitória, que vê espaço para o início da queda na taxa de desemprego no país a partir do segundo semestre. AJUDA PARA SEGURO Para quem ficar sem emprego e precisar de ajuda, em Pernambuco, desde o dia 14/4, as Agências do Trabalho foram reabertas exclusivamente para atender pessoas que precisam dar entrada no seguro-desemprego. A reabertura parcial se deu para atender quem tem dificuldade de acesso à internet. Apesar disso, para ser atendido nesses locais, os interessados precisam agendar o atendimento por meio do Portal PE Cidadão (www.pecidadao.pe.gov.br). Emprego de 5milhões afetado MARCELO APRÍGIO maprigio@sjcc.com.br C erca de 5 milhões de tra-balhadores formais doBrasil tiveram seu em- prego afetado pela pandemia do novo coronavírus, seja por demissão, seja por suspensão de contrato ou corte de jorna- das e salários. O número, apre- sentado ontem pelo Ministério da Economia, corresponde a quase 15% do total de trabalha- dores com carteira assinada no País. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatís- tica (IBGE), o Brasil tinha 33,6 milhões de empregados no regi- me da CLT em fevereiro deste ano. A equipe econômica do go- verno federal revelou que entre 1º março e 15 de abril, mais de 804 mil pessoas pediram o se- guro-desemprego no País. Em Pernambuco, 26.272 solicita- ram o seguro no mesmo perío- do. Com o resultado, o Estado fi- cou na 9ª posição nacional e 2ª no Nordeste. Oficialmente, os dados do País apontam um recuo nas so- licitações do auxílio em relação a 2019 (866 mil), mas o secretá- rio especial de Previdência e Trabalho do Ministério da Eco- nomia, Bruno Bianco, esclare- ceu que isso ocorre porque hou- ve um represamento de aproxi- madamente 200 mil pedidos após o início da pandemia. Tra- ta-se de pessoas que foram de- mitidas, mas ainda não conse- guiram acessar o benefício. “Te- mos uma pequena fila, que es- tamos dando conta rapidamen- te. Essa demanda reprimida não passa de 200 mil emmarço e abril”, disse. Dessa forma, somando o nú- mero de pedidos já realizados e aqueles que estão represados, ao menos 1 milhão de pessoas já foram demitidas no período da crise e passaram a ter direito ao benefício, 138 mil a mais do que no mesmo período do ano passado, uma alta de aproxima- damente 16%. O secretário explica que o fe- chamento das agências do Sis- tema Nacional de Emprego (Si- ne) de Estados e municípios por causa do coronavírus con- tribuiu para o represamento das solicitações. Segundo ele, antes da crise, esses postos res- pondiam por cerca de 80% dos requerimentos. Com a suspen- são das atividades nessas agên- cias, mais de 90% dos pedidos estão sendo feitos pela virtual- mente, no entanto, a ferramen- ta ainda é pouco usual. No ano passado, apenas 1,5% das soli- citações foram feitas pela inter- net. “Tínhamos preocupação com uma explosão do desem- prego. Nós não verificamos is- so”, declarou o secretário-exe- cutivo do Ministério da Econo- mia, Marcelo Guaranys, para quem, os dados demonstram que a situação está parecida com o ano passado. “Isso é uma notícia muito boa”, com- pletou. A pasta também informou que 4,3 milhões de pessoas já assinaram acordos de redução de jornada ou suspensão de contrato de trabalho e estão com os empregos preservados. A maior parte teve contrato in- tegralmente suspenso, confor- me parcial apresentada na últi- ma semana. O governo não atualizou esse detalhamento e afirma que ainda planeja divul- gações periódicas para o dado. A Medida Provisória nº 936, de 1º de abril de 2020, instituiu o Benefício Emergencial de Pre- servaçãodo Emprego e da Ren- da (Bem), por meio do qual o empregador reduz a jornada com redução proporcional de salário e o governo faz uma compensação ao trabalhador. 1º INDICADORDA CRISE Os números divulgados on- tem são o primeiro indicador oficial sobre o mercado de tra- balho divulgado após o agrava- mento da crise da covid-19. Até então, o Brasil não tinha estatís- tica para medir os impactos da doença nessa área. O Cadastro Geral de Empregados e Desem- pregados (Caged), com os da- dos sobre carteira assinada, por exemplo, não é divulgado desde dezembro, porque o go- verno alterou critérios de cadas- tro dessas informações. Além disso, com a pandemia, diver- sas empresas encontram difi- culdades para informar sobre demissões ao ministério, visto quemuitos escritórios de conta- bilidade estão fechados, dificul- tando a remessa dos dados. De acordo com o secretário de Trabalho do Ministério da Economia, Bruno Dalcolmo, diante desse apagão estatísti- co, os dados do seguro-desem- prego são os melhores para analisar o cenário atual. “Que- ríamos ter divulgação do Caged todos os meses, mas o dado tem que ser fidedigno. Não é ra- zoável que tenhamos essa di- vulgação agora”, explicou ele, ressaltando que outras institui- ções, como FGV, Ipea e IBGE, estão coletando dados, enquan- to o ministério está atuando junto ao Conselho Federal de Contabilidade (CFC) e à Federa- ção Nacional das Empresas de Serviços Contábeis e das Empre- sas de Assessoramento, Perí- cias, Informações e Pesquisas (Fenacon) para sensibilizar con- tadores da necessidade de re- portar dados. PERNAMBUCO Quem precisa de ajuda para requerer benefício no Estado deve agendar atendimento Número de pedidos do seguro representa alta de quase 16% ante 2019 POST Em abril: 1,4milhão demenções a termos como “desemprego” JC LE O M O TT A /J C IM A G EM CORONAVÍRUSMais de 1milhão solicitou ou está apto a receber o seguro-desemprego e outros 4milhões tiveram contrato suspenso ou salário reduzido M A RC EL LO CA SA L JR /A G ÊN CI A BR A SI L Medo de ser demitido domina as redes sociais Recife, 29 de abril de 2020 quarta-feira Jornal do Commercio 9 PEREIRA_NETO Destacar PEREIRA_NETO Destacar Economia MEI: 10milhõesde empreendedores Face Shields Transparência Tarifa social No Brasil A divulgação, ontem, pelo Banco Central, da movimentação de março nas estatísticas de crédito revela que, já no primeiro mês da covid-19, quando as empresas formam obrigadas a fechar suas portas, elas conseguiram tomar crédito, ainda que muito distante do desejável. Constata-se que no mês tomou-se 28,2%mais crédito. Nas linhas com recursos livres, mais 33,5% e nas do direcionado, mais 16,7% sobre fevereiro Não é nada de extraordinário como o governo e os bancos dizem na publicidade. Na verdade, passam a sensação de estaremmais interessados no marketing do que em chegar junto. Mas temos dados interessantes. O desconto de duplicatas cresceu 12,8% e a antecipação de faturas de cartão de crédito, 17,7%; o dinheiro para capital de giro, 18,5% e a conta garantida, 6,6%. A primeira leitura é que as empresas tenham usado as linhas de crédito pré-aprovadas. Até porque o crédito rotativo (92,2%) quase dobrou no mês. O Banco Central diz que o saldo das operações de crédito do SFN totalizou R$ 3,6 trilhões emmarço, crescendo 2,9% nomês. Também aponta que o crédito livre para pessoas jurídicas alcançou R$ 979 bilhões e que a taxa média de juros caiu 0,4 p.p. Mas o diabo é que elas ficaram 22,7% a.a. Se numa situação normal já eram altas, imagina numa situação de faturamento zero? Aguardemos abril. OMicroempreendedor Individual, figura jurídica criada há menos de 10 anos e considerada a maior política pública de formalização da economia do mundo, alcançou a marca de 10 milhões de inscritos nesta segunda-feira. Podem aderir ao programa os negócios que faturam até R$ 81 mil por ano (ou R$ 6,7 mil por mês) e têm no máximo um funcionário. Big em casa Preço da cana O Sistema Fiepe entregou mais 6,5 mil protetores faciais (face shields) a hospitais públicos e privados sem fins lucrativos do Estado. Foram produzidas no Senai Santo Amaro, com a participação de empresas e de colaboradores. O Portal da Transparência lançou painel com os dados dos empenhos realizados pela administração estadual em março e abril, como as contratações de fornecimento e locação de bens e prestação de serviços para a covid-19. AI no RHP Dia dasMães JUSTIÇA Cesta mais cara no isolamento A CâmaraMunicipal do Recife deve votar, hoje, o projeto da Prefeitura, que amplia de 80 KWh para 220 KWh/mês a isenção de impostos na conta de energia elétrica entre 1˚ de abril e 30 de junho. A Basf iniciou a produção no Complexo Químico de Guaratinguetá, do Luviset 360, matéria-prima espessante usada na fabricação de álcool em gel e até então importada da Alemanha. FERNANDO CASTILHO castilho@jc.com.br Twitter: jc_jcnegocios Telefone: (81) 3413.6536 JC Negócios A partir de segunda-feira, o Grupo Big antecipa o projeto Big em Casa, em parceria com o iFood e a Cornershop no Recife, nas lojas do Big Bompreço, Super Bompreço (Bompreço em Casa) e Sam’s Club (Sam’s em Casa). O valor referencial do quilo do ATR (Taxa de Açúcar Recuperável) para abril é de R$ 0,8167 (R$ 97,19 por tonelada padrão), uma queda de 8,5 % em relação ao mês de março, que foi R$ 106,22. O Real Hospital Português adotou o uso da Inteligência Artificial na leitura dos laudos de raios-X de tórax. A ferramenta ajuda nas decisões clínicas e o cuidado oferecido aos pacientes com sintomas respiratórios. A Fecomércio-SP estima queda de 31% nas vendas da temporada do Dia das Mães, o que significa R$ 3,7 bilhões a menos que em 2019. O faturamento deve ser de R$ 19,3 bilhões, menor patamar já observado em 10 anos. Consignado volta a ser cobrado Agência Globo R IO – Com o avanço da co-vi-19 no País e o cresci-mento das refeições em casa, os preços dos alimentos da cesta básica estão mais caros. Le- vantamento feito pelo Instituto Brasileiro de Economia da Funda- ção Getúlio Vargas (Ibre-FGV) aponta aumento médio de 1,8% entre os principais produtos no período de 23 de março e 22 de abril. Entre 8 de fevereiro e 7 de mar- ço, antes das recomendações de isolamento social, o avanço dos produtos da cesta básica havia si- do de apenas 0,06%, segundo a coleta do Ibre. Em abril, a inflação para ali- mentos e bebidas medida pelo IP- CA-15 (que vai de 17 demarço a 14 de abril) foi de 2,46%. A inflação geral, que considera habitação, energia e outros, foi de 0,94%, se- gundo o IBGE. O dado fechado de abril ainda não está disponível. O feijão carioca foi um dos itens quemais tiveramalta de pre- ço entre o fim de março e fim de abril, segundo a FGV: ficou 8,6% mais caro. Já a batata inglesa re- gistrou aumento de 13,68%. Itens como leite (7,55%), ovos (6,57%) e arroz (2,77%) também tiveram for- te reajuste. “As famílias passaram a fazer todas as refeições em casa – café, almoço e jantar. E pedir co- mida em restaurante custa mais caro. Então, a melhor opção é comprar nomercado, mesmo que se pague um pouco mais nesse momento”, explicou Braz. Além do crescimento da ali- mentação domiciliar, o especialis- ta explica que a alta do dólar e efeitos sazonais do cultivo dos produtos também ajudaram a ele- var o preço desses itens. “Tive- mosuma safra de feijãomenos ex- pressiva. Por isso os preços avan- çaram tanto. Já os ovos, que já ha- viam subido 7,21%, continuaram subindo 6,57%, pois há um au- mento do consumo desse item no período da quaresma. Adesvalori- zação cambial também colabo- rou, pois atua sobre o preço das commodities. Se o trigo fica mais caro, por exemplo, aumenta o pre- ço dos derivados como opão fran- cês”, analisou. Se por um lado o preço dos ali- mentos avança, a conta de gás fi- cará mais barata em maio. De acordo com a Naturgy, o percen- tual de redução vai variar entre 2,5% e 3,6% nas residências e até 5,4%emestabelecimentos comer- ciais. No próximomês, a conta de luz também terá bandeira verde, não havendo cobrança
Compartilhar