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Plano de Aula: Linguagem e Público Alvo JORNALISMO ESPECIALIZADO - CCA0242 Título Linguagem e Público Alvo Número de Aulas por Semana Número de Semana de Aula 4 Tema O texto especializado para o público segmentado Objetivos Ao final da aula o aluno será capaz de: Gerais - Compreender o discurso especializado no jornalismo como um texto diferenciado, mas essencialmente jornalístico - Descrever as características do texto no jornalismo especializado - Entender as funções do texto no Jornalismo Especializado Compreender a natureza específica da relação que se estabelece entre público e veículo no Jornalismo Especializado Específicos - Diferenciar o texto jornalístico especializado do texto no jornalismo generalista - Relacionar a reportagem à produção de conteúdo jornalístico especializado - Identificar o caráter de mediação no texto no jornalismo especializado - Demonstrar a importância da identificação do perfil do público para a construção de conteúdo especializado Estrutura do Conteúdo ü Após apresentação das equipes de suas análises de conteúdos das editorias em jornais diários (conforme previsto no Plano de Aula 3), e tomando por base observações feitas pelos alunos e/ou ressaltadas pelo professor a respeito das especificidades das diversas seções, introduzir o tema do estatuto da notícia no jornalismo especializado. ü Como visto na aula 2, o jornalismo formatou um discurso próprio e, nesse sentido, é também uma especialização. Entretanto, até o final do século XX o jornalismo se especializou em falar a um público amplo e disperso, o que implicava embalar seu produto - a notícia - de um modo adequado para o consumo genérico. Esta notícia era definida basicamente pelo caráter de relevância e interesse do assunto para toda a sociedade. ü Essa situação mudou com o surgimento de públicos de interesses específicos e a emergência de tecnologias de informação capazes de se dirigir diretamente a esses nichos sociais. Trata-se de um movimento que participa da fragmentação de identidades na chamada pós- modernidade, tal como é diagnosticada por Stuart Hall - em que antigas referências identitárias, como a classe social, já não constituem ancoragem única do sujeito. Uma multiplicidade de referenciais se oferece hoje ao cidadão, com seus interesses bastante específicos. ü A segmentação dos mercados, de que participa a indústria da informação, surge então como parte de um processo de fragmentação da sociedade que instaura uma nova ordem econômica mundial não mais pautada na homogeneização ou na padronização e, sim, na diferenciação e na personalização do consumo. ü Uma nova realidade se impõe e reconfigura as relações entre mídia, público e informação. A cobertura jornalística de caráter generalista tem pouco a oferecer a leitores-espectadores com interesses tão diferenciados e já nem tão engajados em um debate sobre questões e problemas da coletividade. O jornalismo especializado surge e se desenvolve a partir de uma demanda por informações dirigidas para essas audiências específicas, isto é, informações capazes de atender às necessidades, expectativas e exigências do público-alvo. ü Na prática, isso significa que a notícia adquire um outro estatuto no jornalismo especializado. Ela se descola do factual, uma vez que seu referente deixa de ser o acontecimento em geral inesperado que irrompe como uma disfunção no cotidiano da sociedade, isto é, o fato novo e impactante de interesse geral para uma comunidade. O jornalismo especializado abre-se a temas e problemas de outra ordem. ü Como vimos na aula 2, Nilson Lage define esse material que se desprega do factual como informação jornalística. Ela não é conteúdo privilegiado do jornalismo especializado, mas encontra nesse a 'mínima heterogeneidade possível em jornalismo' (LAGE, 2008, p.113) quando voltada para o público-alvo de publicações hipersegmentadas no mercado editorial ou na internet. ü As comunidades reunidas sob nichos tão específicos são motivadas por outros interesses que não o meramente jornalístico (no tradicional sentido de fato inédito e relevante). Assim, os veículos que a elas se dirigem devem se pautar por outros critérios de seleção e hierarquização do conteúdo. Uma publicação não especializada tenderá a limitar sua abordagem de uma descoberta científica aos aspectos de sua repercussão e aplicação mais imediata na sociedade, ao relato breve da pesquisa que a envolveu e à síntese de seu significado para a ciência. Uma publicação de jornalismo científico, por sua vez, estará menos preocupada com a circunstância de novidade dessa notícia e mais interessada em detalhar o processo da pesquisa, dimensionando todos os seus aspectos técnicos e seu alcance social. ü Em contraste com o tratamento simplesmente noticioso de um tema, o jornalismo especializado se esmera na contextualização, no aprofundamento e no tratamento técnico-profissional do assunto. A tendência é que isso se amplifique na medida mesma da especialização do veículo, isto é, da delimitação cada vez mais precisa de seu público-alvo: uma revista de música direcionada a leitores com interesses profissionais na área difere daquela voltada para apaixonados por essa arte na escolha e no tratamento de seus temas. ü O objetivo do jornalismo especializado vai muito além de manter seu público informado do que acontece em sua área de interesse. Ao oferecer análise, reflexão e contextualização, colabora para que seu público se situe, se identifique e se reconheça. A mídia especializada exerce assim um papel na constituição de processos identitários, pois atua nas subculturas, categorizando, rotulando e legitimando grupos sociais distintos. O próprio veículo se empenha em estabelecer uma identidade clara com o seu público, falando intimamente e em condição de igualdade com ele. No jornalismo especializado, o receptor é valorizado por seu próprio conhecimento do assunto. ü A especificidade do estatuto da notícia no jornalismo especializado - entendida no sentido mais amplo de informação jornalística - viabiliza a abordagem de temas que não encontrariam lugar no jornalismo generalista. Assim, podemos considerar o jornalismo especializado como espaço democrático e aberto às mais diversas experiências sociais. Aplicação Prática Teórica Leituras recomendadas: SANTAELLA, Lucia. Da convivência à convergência das mídias. In Culturas e artes do pós-humano. São Paulo: Paulus, 2003.
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